Domingo na Oitava do Natal
30 de dezembro de 2018
Leituras
Eclesiástico,3,3-7.14-17a. Quem teme o
Senhor, honra seus pais.
Salmo 127/128,1-5. Será assim abençoado
todo homem que teme o Senhor.
Colossenses 1,12-21. O amor é o vínculo
da perfeição
Lucas 2,41-52. Estava sentado no meio
dos mestres.
“SUA MÃE CONSERVAVA NO CORAÇÃO TODAS
ESSAS COISAS”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo as
Sagrada Família. A festa que celebramos hoje leva-nos a contemplar a família de
Jesus e, nela a nossa família e todas as famílias cristãs. Estamos no tempo do
Natal, chamado também “tempo da manifestação”. O Verbo Eterno do Pai torna-se
humano, vem morar entre nós e, desse modo, passa a nos manifestar de que jeito
Deus é: amor sem medida, justiça, misericórdia, paz.
Ao olharmos a
família de Nazaré, vemos a importância do lar, especialmente do lar cristão,
mas não há como deixar de perceber seu contraste com tantas comunidades
familiares desestruturadas, tantos lares arruinados.
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os textos
Primeira leitura – Eclesiástico
3,3-7.14-17a. Esta leitura nos
mostra que para agradar a Deus não basta rezar, oferecer-lhe sacrifícios,
cumprir as leis religiosas e celebrar o culto. É preciso colocar em prática.
Esta leitura
do Eclesiástico que trata dos deveres dos filhos com seus pais abrange os
versículos 1 a 18. As idéias ai desenvolvidas podem ser sintetizadas assim:
aquele que honra seus pais receberá as bênçãos prometidas; este dever de honrar
os pais continua também quando eles ficam idosos e doentes; quem cumpre este
dever recebe o perdão de sues pecados; agir ao contrário é blasfemar contra
Deus.
E um dever
elementar de toda pessoa humana honrar e respeitar os pais. O sábio inspirado
por Deus recorda esse dever e o liga diretamente a Deus. O texto refere-se ao
pai e à mãe separadamente, mas é apenas uma questão de gênero literário. Tanto
um como outro merecem igualmente o amor, a honra e o respeito dos filhos.
Cumprir bem os
deveres para com os pais é, certamente, muito mais que dar esmolas. Praticar o
amor, a paciência, o respeito para com os pais até a sua velhice é uma obra das
mais louváveis diante de Deus. A tal ponto que chega a descontar nossos pecados
diante de Deus e merecer o perdão.
Este dever
para com os pais não se esgota na infância ou na adolescência. O autor do
Eclesiástico recorda-o de modo claro. É justamente na velhice que mais
necessitam do amor e do cuidado de seus filhos. O texto lembra especialmente
duas circunstâncias em que o filho deve mostrar seu amor e respeito para com
seus pais: nos dias da velhice e quando falham suas faculdades mentais. Da mesma forma que os filhos necessitam do amor
e cuidado de seus pais quando são pequenos, assim na sua velhice necessitam os
pais dos cuidados de seus filhos.
É tão
necessário insistir nesse dever que a Palavra de Deus nos recorda! Quantos
exemplos tristes nós presenciamos em nossos dias! A nossa sociedade consumista
e hedonista vê como um estorvo as pessoas idosas que já nada mais produzem.
Então a tendência de livrar-se dos “idosos”, mandando-os para algum asilo ou
casa de repouso, quando poderiam e deveriam ter o acolhimento e o carinho dos
filhos e netos! A Bíblia tem uma palavra terrível para os que não cumprem como
esse dever: quem abandona seus pais nessas circunstâncias é como um blasfemador
(a blasfêmia era um dos maiores pecados na Bíblia e para os judeus) e será
amaldiçoado por Deus!
O segredo,
isto é, a fonte, é o próprio Deus. “Deus honra o pai nos filhos e confirma,
sobre eles, a autoridade da mãe”. Quem teme o Senhor, honra seus pais. É a
partir de Deus que surgem as melhores relações de honradez, respeito, amparo e
compreensão no âmbito familiar. É a partir de Deus que a família melhor se
constitui e vai bem pelos caminhos da vida.
Salmo responsorial 127/128,1-5. O
começo do Salmo é de bem-aventurança: “Feliz”. Temer a Deus tem aqui um sentido
bastante genérico, de fidelidade e reverência; manifesta-se em seguir o caminho
de Deus, isto é, em cumprir os mandamentos.
A bem-aventurança
refere-se à vida cotidiana, do trabalho e da família: bens simples e
fundamentais. A imagem vegetal descreve a fecundidade, a mesa reúne ao seu
redor a família, que come o fruto do trabalho. Deste modo torna-se experiência
profunda e símbolo superior.
A bênção
familiar realiza num círculo perfeito e limitado a bênção mais ampla sobre o
povo: sai de Sião, onde Deus reside, estende-se a toda a cidade santa, abarca
todo Israel, em suas gerações. A bênção do simples e do pleno tem outro nome:
paz.
O rosto de
Deus no Salmo. Por duas vezes se diz que o Senhor é temido (versículos 1b.4) e
uma vez se diz que abençoa. Três vezes, portanto, se fala dele. Temer a Deus
não significa sentir medo, mas respeitá-lo e respeitar seus mandamentos com
fonte de felicidade e de bênção. O Senhor deseja que o ser humano seja feliz e
abençoado, e isso está vinculado aos mandamentos, condições que Israel, como
aliado do Senhor. O rosto de Deus neste Salmo é abençoador do seu povo.
Cantando este
Salmo, peçamos que o Senhor nos ensine o caminho da unidade e da partilha. É a
partir de Deus que a família melhor se constitui. Dessa forma, cantamos com o
salmo 127/128:
FELIZES OS QUE
TEMEM O SENHOR E TRILHAM SEUS CAMINHOS.
Segunda leitura – Colossenses 3,12-21. A
comunidade de Colossos esta vivendo uma situação difícil no caminho da fé. Como
os cristãos dessa comunidade vinham do paganismo, estava havendo uma confusão
na compreensão da fé. Misturavam elementos do paganismo, do Judaísmo e do
Cristianismo, como conseqüências sérias na vida de cada dia. Paulo então
escreve da prisão uma carta, lembrando aos irmãos e irmãs em que consiste a
prática da fé em Jesus Cristo.
Paulo chama os
cristãos de “santos eleitos” e convida-os a “revestirem-se” de certos
sentimentos, até então era uma qualidade de Deus (versículos 12-15). A idéia de
santidade contém normalmente e idéia de separação: Deus era o Santo, no
Primeiro Testamento, porque nada tinha em comum com os homens, não participava
das injustiças e pecados dos homens, isto é, Deus era separado de tudo isso, e
o povo de Israel era santo, por sua vez, na medida em que se separava das
outras nações pagãs e seus costumes (Isaias 4,3; Deuteronômio 7,6). Mas em
Jesus Cristo a santidade de Deus se revelou, precisamente em comunicação, e sua
divindade manifestou-se nas criaturas.
Por isso São Paulo pode chamar os cristãos de “santos” na medida em que
compartilham do sentido da comunicação com os outros nas virtudes da bondade,
do perdão, da caridade, da compaixão, etc.
São Paulo fala
que a soberania de Cristo nas celebrações litúrgicas. Para isso Paulo consagra
os versículos 16-17, que revelam o esquema essencial das reuniões litúrgicas: a
proclamação e comentário da Palavra de Deus, o cântico dos salmos e dos hinos,
a ação de graças, finalmente (versículos 15b e 17). Mas a liturgia deve estar ligada com a vida cristã, e Paulo
preocupa-se tanto com a ressonância da Palavra, dos cânticos e da ação de
graças nos corações e nas atitudes da vida cotidiana, quanto com a própria
liturgia. Desse modo, ele não esquecerá que entre “liturgia e vida” há um relacionamento recíproco, isto é,
inseparáveis e que ambas devem ser uma constante ação de graças ao Senhor, por
seu perdão, sua escolha, sua graça e o dom de sua palavra.
Como Paulo
exige que “tudo que fizerdes... fazei em nome do Senhor Jesus” (versículo 17),
também a vida familiar deverá se orientar pela Palavra de Deus. A novidade,
porém, é que tudo deve ser feito “no Senhor”, o que modifica profundamente
qualquer lei ou preceito. O Cristianismo aperfeiçoa a lei humana, não a
destrói. Depois de Cristo tudo está sob sua influência. Paulo, então, exige que
os maridos amem suas esposas como aguais a si mesmos, imitando o Cristo
(Efésios 5,22ss). Ainda para os pais, lembra que o excesso de dureza conduz a
nada. Os pais são antes de tudo amigos, a quem os filhos devem amor e
obediência, não patrões e senhores. As obrigações são de ambos os lados.
Marido, mulher, pais e filhos, são todos iguais diante de Deus, e como tais
devem se relacionar, respeitar e amar. Apóstolo afirma que a família é lugar de
aprendizado. Os filhos aprendem com os pais e os pais aprendem com os filhos.
O apelo de
Paulo é nos revestirmos de Evangelho, de caridade, roupagem do seguimento de
Jesus: compaixão, bondade, humildade, mansidão, longanimidade, sendo suporte
para os irmãos com amor, perdão; como fomos perdoados devemos perdoar. Fomos
chamados a ser um só corpo, uma só família em Cristo Jesus. Paulo ensina que
para conviver com os outros requer humildade, acolhida mútua, paciência. O amor
é o vínculo que nos une.
Evangelho – Lucas 2,41-52. Diz o Santo Evangelho que os pais tinham o
costume de ir todo o ano celebrar a Páscoa em Jerusalém, o que aconteceu também
quando Jesus atingiu doze anos. Na
cultura judaica, “aos treze anos os meninos entram no mundo dos adultos: passa
a ser plenamente responsável diante de Deus e das pessoas”. Era a idade da
plena iniciação na Lei e a obrigação de observá-la. A caminhada para Jerusalém
por ocasião das grandes festas de Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos fazia
parte destas obrigações (cf. Êxodo 23,14-17; Deuteronômio 16,16-17). A primeira
romaria à capital da nação e ao Templo de Jerusalém era, pois, uma data
marcante e almejada na vida dos meninos, não somente do ponto de vista
religioso, mas também psicológico e social. Chegou sua maturidade religiosa e
civil. Os pais piedosos preparavam seus filhos com carinho a esta data e que os
filhos descontavam os dias que precediam à viagem. A narração supõe que Maria e
José tenham levado Jesus consigo já um ano antes da obrigação da Lei quando
tinha doze anos.
Ao voltarem
para casa, pensando que o Menino estivesse na caravana, Maria e José viajaram
tranqüilos por um dia inteiro. De repente, deram conta de que Ele não estava na
caravana. Procuraram-no por todo lado, entre parentes e conhecidos. E nada!
Retornaram então para Jerusalém. “No terceiro dia o encontraram no Templo
sentado no meio dos doutores, escutando-os e fazendo-lhes perguntas. O terceiro
dia é, na Bíblia, o dia da decisão
(cf. Êxodo 19,11.16; 1Reis 12,12; Ester 5,1; Atos 9,9) e de salvação (cf.
Gênesis 42,18; 2Reis 20,5.8; Oséias 6,2-3; João 11,17-39). Em vez de “sentado
aos pés dos doutores” por ser um menino, estava “sentado no meio dos doutores,
como, por exemplo, em Atos 22,3, onde Paulo afirma: Instruí-me aos pés de
Gamaliel”.
Todos os que O
ouviam estavam maravilhados de sua inteligência e de suas respostas. O Jesus do
versículo 46 que escutava e faz perguntas, no versículo 47 é quem fala e dá
respostas. Diante de Maria e José, angustiados e perplexos com o que aconteceu,
Jesus simplesmente responde: “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar
na casa de meu Pai?” Não entenderam nada! Então Jesus partiu com seus pais e,
como diz o Evangelho, “era-lhes obediente”. Maria, no entanto, “conservava no
coração todas essas coisas”. Quanto a Jesus, “crescia em sabedoria, estatura e
graça, diante de Deus e diante dos homens”.
Na verdade,
Jesus está mostrando em segredo, a saber, de onde podemos construir profundos
laços de amor familiar. O segredo já era apontado pelo Espírito bem antes de
Jesus vir ao mundo: no livro do Eclesiástico, como está na primeira leitura de
hoje.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Voltemos ao
Santo Evangelho. Temos de vê-lo não apenas como um relato de fatos corriqueiros
da infância de Jesus, mas como mensagem que nos é passada por Lucas à luz da
experiência pascal. Sabemos que este Evangelho foi escrito mais de quarenta
anos depois da ressurreição de Jesus. É à luz do mistério pascal que Lucas
constrói o relato que acabamos de ouvir. Todo ele está repleto de cores e
alusões pascais, que não vêm ao caso verificarmos em todos os detalhes.
Detenhamo-nos
apenas num detalhe fundamental, a saber: Jesus está no Templo e, nesse espaço
sagrado, ele faz a pergunta: “Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?”.
Trata-se de uma cena profundamente pascal. O que, à luz da Páscoa, a Palavra
quer nos dizer? E quais as conseqüências para nossa vida cristã e familiar?
À luz da morte e ressurreição de
Jesus aquilo que ele disse aos 12 anos de idade (“Não sabíeis que devo estar na
casa de meu Pai?”) Como que “antecipa” o futuro de sua história: revela-nos sua
condição de Ressuscitado e Glorificado na casa do pai. O Evangelho quer nos
mostrar que Jesus é “aquele que deve estar na casa do Pai”. Sempre! Como se
fosse a “trilha sonora” de toda a atividade de Jesus: em toda a trajetória do
seu agir, ele tem de estar no Templo, isto é, precisa estar em Deus, no
espírito do Pai. E tudo vai culminar com sua glorificação, narrada no fim do
Evangelho de Lucas: “Enquanto os abençoava, Jesus afastou-se dos apóstolos e
foi levado ao céu” (Lc 24,51).
Diz o Evangelho que Maria conservava
no coração todas essas coisas. Podemos dizer que “a mãe de Jesus é tipo do
verdadeiro discípulo: apesar de não entender plenamente, vai assimilando o
projeto de Jesus sem pôr obstáculos. Torna-se também um ponto de referência
para os pais de todos os tempos: ter um filho não é possuí-lo ou aprisioná-lo
na dependência, mas permitir que chegue a maturidade, desenvolvendo-se como ser
humano maduro e responsável”.
Diz também o Evangelho que “Jesus
desceu com os pais para Nazaré, e lhes era obediente...”. Fiel a seu projeto de
vida, isto é, de estar no Templo, ou melhor, de estar em Deus, ele se faz
obediente. Assim, “crescia em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos
homens”.
Note-se que “Jesus tinha duas ‘casas
do pai’: a de José, por enquanto; e a de Deus, para sempre. Esta última é a
casa decisiva. Essa história contém uma lição para os pais cristãos. ‘Teus
filhos não são teus filhos’, diz o profeta no livro de Kahlil Gibran. Os filhos
são filhos de Deus. É por isso que se batizam os filhos desde pequenos. Ora,
isso tem conseqüências: a casa, o sustento e a educação que os pais cristãos
proporcionam a seus filhos [...], tudo isso está a serviço daquela ‘casa’ mais
importante e destina-se a um encaminhamento superior, o plano de Deus. Os pais
não educam seus filhos para si, mas para Deus. A pais ricos pode assim
acontecer que paguem estudos de médico, para depois ver seu filho se dedicar,
quase de graça, ao serviço de saúde da Prefeitura ou do Estado, para atender
gente sem renda [...]. A pais pobres – como foram José e Maria – acontece que o
filho que lhes poderia facilitar a vida começa, num determinado momento, a
empenhar todos os seus recursos nos projetos e nas lutas da comunidade. Nem por
isso, tais filhos são desobedientes ou ingratos. Apenas manifestam que a casa
de Deus é maior que a casa da gente”.
“Já sei onde
está minha casa!”, proclama o jovem apaixonado pelo trabalho social, mergulhado
no serviço aos pobres. “Um pai de família se queixa ao pároco que seu filho,
líder de jovens, nunca está em casa”. Talvez os pais de tais filhos estejam
passando pela aflição que assolou José. O consolo é: ler o Evangelho até o fim
[...].
Mas ficamos com outra preocupação
ainda. A grande maioria dos filhos hoje não ‘se perde’ no templo da comunidade,
na ‘casa do Pai’, e sim, nos templos do consumo, nos shopping centers, danceterias etc. E o caminho que aprendem
naqueles palácios da satisfação imediata e ilimitada não está no Evangelho de
Lucas ( a não ser na parábola do filho pródigo...)
Por isso hoje pedimos: Deus, “pela
intercessão da Virgem Mãe de Deus e do bem-aventurado São José, firmeis nossas
famílias na vossa graça, conservando-as na vossa paz” (oração sobre as
oferendas).
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
A imagem da família
na experiência do Mistério
Não é novidade que a liturgia utilize
termos relacionados à vida matrimonial e familiar para aludir à relação entre
Deus e seu povo. Durante todo o tempo do natal essas imagens fixam-se em nossos
corações, de modo a confirmar que o Natal do senhor é fruto das núpcias de Deus
com a humanidade, simbolizada em Maria de Nazaré.
No caso da celebração desse domingo,
às vezes costumamos “estrangular” o sentido fundamental da imagem da família de
Nazaré, fazendo-se notar somente seu sentido puramente humano, e na pior das
hipóteses, moral: a família de Nazaré como modelo “histórico” de estruturação
familiar. A condição idealizada, empobrece e romantiza a interpretação dos
textos e ritos nesse dia. Os textos evangélicos devem conduzir nosso olhar para
Cristo Jesus e sua relação com a Igreja e o mundo, na qual ela existe. Embora a
vida familiar seja importante, ela não deve ofuscar o centro da celebração.
O sentido da família
de Nazaré
É bem verdade que os textos eucológicos
nos apresentam uma linguagem ambígua, que, aos mais desavisados, pode levar a
uma leitura reducente do significado desta celebração. A Oração do Dia, por
exemplo, fala em exemplo e virtudes da Sagrada Família, mas não evidencia quais
são. O mesmo se diga da oração depois da comunhão. Já a oração sobre as
oferendas nos dá um viés interessante: firmeis as nossas famílias na vossa
graça.
Aqui temos a chance de nos aproximar do
aspecto do mistério da celebração, isto é, da possibilidade de nossa
participação: Jesus habita no seio da família de Nazaré, revelando como lugar
de manifestação da glória de Deus. Ela, a família de Nazaré, é ícone primeiro
da comunidade dos fiéis e depois da humanidade inteira, que se deixa conduzir
pela vontade do Senhor e se põe a seu serviço. O casal, Maria e José, acolhem
em seu seio familiar, o Verbo de Deus. É portanto, a Palavra de Deus núcleo
gerador daquela família e por decorrência, de toda família que se entenda
cristã. Sua existência está vinculada à atuação da graça divina. Todos são
Filhos do Mandamento, em Jesus.
Em Jesus, Deus relaciona a família
humana com a divina. O terceiro prefácio do Natal é oportuno para esta liturgia
e nos fornece a chave com a qual devemos celebrar: “Por ele (Cristo)
realizou-se neste dia o maravilhoso encontro que nos faz renascer, pois,
enquanto vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma
incomparável dignidade; torna-se de tal modo um de nós que nos tornamos
eternos.”
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Celebramos
hoje o mistério de Jesus no Templo, como fonte de vida familiar. “Somente em sua dimensão pascal, só no Templo
é que Jesus pode ser encontrado. Não adianta procurá-lo fora do Templo. O que
significa isso? O Templo significa habitação de Deus, o lugar onde se encontra
Deus. Jesus encontra-se em Deus: ‘Não sabíeis que devo estar na casa de meu
Pai?’. Estar na casa de seu Pai, fazer a sua vontade, viver na dimensão pascal,
significa para Jesus a mesma coisa. Também hoje Jesus poderá ser encontrado
somente no Templo, isto é, na Casa do Pai, ou seja, a partir de Deus, em Deus.
Até Maria e José tiveram dificuldade de entender mistério[...]. À luz dessa
realidade Jesus podia descer com eles para Nazaré e ser-lhes submisso. E sua
mãe conservava a lembrança de todos esses fatos em seu coração. Aos poucos ela
foi compreendendo a dimensão pascal e divina da vocação de seu Filho.
O mesmo mistério manifesta-se na
família humana, Somente no Templo, somente na casa de Deus, isto é, a partir de
Deus, os membros que compõem a família poderão perceber a vocação de cada um.
Somente em Deus, [...] os esposos hão de conhecer-se e amar-se mutuamente,
sendo um para o outro comunicação de facetas diferentes do próprio Deus. Somente
quando a família for um templo de Deus, pequena Igreja, os pais acolherão e
guiarão os filhos, respeitando sua personalidade na vocação de cada um. Somente
quando todos se sentirem acolhidos na Casa do Pai, isto é, em Deus, os filhos
retribuirão ao amor dos pais com amor e carinho [...].
Este domingo bem pode ser chamado
de Dia da Família. “Celebremos, pois, os valores da família na missa e na
intimidade de nossos lares.”
Na liturgia eucarística louvamos a
Deus pela encarnação de seu Filho no seio de uma família humana. Louvamos a
Deus, sobretudo porque, estando no Templo, isto é, totalmente imerso o âmbito
sagrado da vontade do Pai, ele veio restaurar o universo e libertar o ser
humano: “Ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos”. Nós nos
tornamos eternos em virtude de sua morte e ressurreição, cuja memória
celebramos na eucaristia. Ao participarmos deste memorial, recebendo o corpo
entregue e o sangue derramado de Jesus, em meio a tantas dificuldades da vida,
nós assimilamos o exemplo da Sagrada Família para que, com ela, possamos um dia
cantar a vitória final no pleno convívio familiar em Deus. Por isso que, após a
comunhão, o sacerdote reza em nome de todos: “Concedei-nos, ó Pai, na vossa
bondade, que, refeitos com o vosso sacramento, imitemos continuamente a Sagrada
Família, e após as dificuldades desta vida, convivamos com ela no céu”. Que
assim seja, meus irmãos!
6- ORIENTAÇÕES GERAIS
1. As cores
das vestes litúrgicas normalmente é o branco, porém, talvez seja bom lembrar
que nos dias festivos a Introdução Geral do Missal Romano nº 309 prevê o uso de
“vestes litúrgicas mais nobres, mesmo que não sejam da cor do dia”. Seria o caso
de se usar vestes festivas. Algumas comunidades usam cores festivas como
expressão de nossa cultura.
2. Não podemos
esquecer que a Festa da Sagrada Família é uma festa natalina, não podemos fazer
da celebração uma missa temática sobre a família.
3. Nossa
comunidade é uma família. Quando se reúne em assembléia para ouvir a Palavra e
celebrar a ceia do Senhor, torna-se ela mesma lugar privilegiado da presença do
Senhor (Templo vivo do Espírito).
4. Cada pessoa
que chega deve sentir-se de fato na Casa aconchegante de Deus. Por isso, é de
suma importância que todos sejam bem acolhidos, num espaço também acolhedor.
Não de Maneira formal, artificial, como acontece muitas vezes em ambientes de
prestação de serviços públicos. Mas de maneira profundamente humana, carinhosa,
afetuosa, divinamente humana. Acolher na celebração é uma forma de oração!
5. Ao anunciar
os cantos, cuidado com alguns possíveis “cacoetes”. Por exemplo, “vamos acolher
o celebrante com o canto tal”, ou “vamos cantar o número tal”. Primeiro: a finalidade do canto inicial
não é acolher o celebrante, mas fazer com que a comunidade, cantando, já faça a
experiência de ser acolhida por Deus em sua casa. Segundo: celebrante é toda a assembléia, e a pessoa que normalmente
costumamos chamar de “celebrante” é o presidente
da assembléia celebrante. Terceiro:
nunca se canta o “número” e sim o canto, que tem letra e música próprias para o
momento celebrativo.
6.
Valorizar hoje: presépio, flores, luzes, estrelas, vestes brancas ou coloridas
e onde for possível, dança litúrgica.
7-
MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo do Tempo do
Natal, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não
basta só saber que os cantos são do Tempo do Natal, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve
ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. Jamais os cantos devem ser escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um
movimento ou de uma pastoral. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma
celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de
um movimento.
1 Canto de abertura. Maria, José
e os pastores junto ao presépio (Lucas 2,16). Sem dúvida, o canto de abertura
mais adequado pra esse dia é: “Nasceu-nos, hoje, um Menino”, Salmo 98, CD:
Liturgia V, melodia da faixa 6.
Não se trata
de rigidez. A Igreja oferece ainda duas outras opções. A primeira é o Salmo
67/66: “Tua bênção, Senhor, nos ilumine”. Destaque para a estrofe que fala:
“Deus se compadece e de nós se compraz, em nós resplandece seu rosto de paz”,
CD: Liturgia V, faixa 11. A segunda opção é o canto “Nasceu a flor formosa, da
tribo de Jessé”, Hinário Litúrgico I da CNBB, página 79. Como canto de
abertura, não podemos deixar de entoar um desses cantos que nos introduzem no
mistério a ser celebrado.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse
sentido o Hinário Litúrgico I da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão
gravados no CD: Liturgia V.
2. O Ato penitencial. pode ser
feito conforme a primeira fórmula do Missal Romano, página 395.
3. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo
Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas, Partes fixas do Ordinário da
Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por
Irmã Miria e outros compositores.
O Hino de
Louvor (Glória) é, sem dúvida, um dos momentos altos da celebração. Deve ser
cantado solenemente por toda a assembléia. Deve-se estar atento na escolha dos
cantos para o momento do glória. Ideal seria cantar o texto mesmo, tal como nos
foi transmitido desde a antiguidade, que se encontra no Missal Romano, ou, pelo
menos, o mesmo texto em linguagem mais adaptada para o nosso meio e também a
versão da CNBB musicado por Irmã Miria e outros compositores (como já existe!).
Evitem-se, portanto, os “glórinhas” trinitários! O hino de louvor (glória) não
de caráter Trinitário e sim Cristológico.
4. Salmo responsorial 127/128. Bênção
da família do justo. “Felizes os que
temem o Senhor e trilham seus caminhos!” CD: Liturgia V melodia da faixa 9.
Para a
Liturgia da Palavra ser mais rica e proveitosa, há séculos um salmo tem sido
cantado como prolongamento meditativo e orante da Palavra proclamada. Ele
reaviva o diálogo da Aliança entre Deus e seu povo, estreita os laços de amor e
fidelidade. A tradicional execução do Salmo responsorial é dialogal: o povo
responde com um refrão aos versos do Salmo, cantados um ou uma salmista. Deve
ser cantado da mesa da Palavra.
5. O canto ritual do Aleluia. A
paz de Cristo e sua Palavra habitem em vós (Colosseses 3,15a.16a). Aleluia...
que a paz de Cristo reine em vossos corações”, CD: Liturgia V, melodia da faixa
3. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no
Lecionário Dominical.
A aclamação ao
Evangelho é um grito do povo reunido, expressando seu consentimento, aplauso e
voto. É um louvor vibrante ao Cristo, que nos vem relatar Deus e seu Reino no
meio das pessoas. Ele é cantado enquanto todos se preparam para ouvir o
Evangelho (todos se levantam, quem está presidindo vai até ao Ambão).
6. Apresentação dos dons. O canto de apresentação das oferendas,
conforme orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho.
Seu tema é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja
reunida em oração no Tempo do Natal do Senhor. “Nas terras do Oriente, surgiu
dos céus uma luz”, CD: Liturgia V, melodia da faixa 10.
Para essa ação
ritual, a Igreja oferece outras opções: “Celebremos com alegria”, Hinário
Litúrgico I, página 63; “Belém é aqui, aqui é Natal”, Hinário Litúrgico I,
página 62.; “Chegou a hora de sonhar de novo...”, Hinário Litúrgico I, página
64; “Vinde, Cristãos, vinde à porfia...”, Hinário Litúrgico I, página 90.
7. Canto de comunhão. Deus
conviveu com a humanidade (Baruc 3,38). “Da
cepa brotou a rama”, CD: Liturgia 5, melodia da faixa 5. “Nasceu em Belém e
Belém quer dizer: a casa do pão”, Hinário Litúrgico I, página 80; “Nasceu a
flor formosa da tribo de Jessé” Hinário Litúrgico I, pagina 79. Outra ótima
opção é o canto: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós”, João 1,14 e
estrofes do Salmo 147, “Louva Jerusalém, louva o Senhor teu Deus”, Hinário
Litúrgico I, página 35. Estes quatro cantos retomam o Evangelho na comunhão de
maneira autentica. Veja orientação abaixo.
8. Canto de louvor a Deus após a
comunhão. Cantar o Magnificat que é o canto de Maria. “O senhor fez em
mim maravilhas”.
9- Canto final. “Vinde Cristãos, vinde à porfia”,
Hinário Litúrgico I, página 90. Todos se
aproximam do presépio para uma adoração durante o canto final.
8- ESPAÇO CELEBRATIVO
1. Uma
orientação para o Tempo do Natal: Usar o recurso da iluminação na igreja e
também no presépio, com foco de luz sobre a imagem do Menino na manjedoura. Evite-se,
no máximo, o uso de pisca-piscas, tanto no presépio como em árvores de Natal
dentro do espaço da celebração como em muitas comunidades se faz! É que o show de pisca-piscas durante a missa
transforma-se em “ruído”, “rouba a cena”, pois distrai as pessoas do verdadeiro
centro de atenção, que é o mistério celebrado na mesa da Palavra e na mesa da Eucaristia.
. São símbolos da onda consumista das festas natalinas e de final de ano que
invade as mentes e os corações das pessoas já desde o mês de outubro. Não se
deixem influenciar por esta onda consumista que queima etapas e deturpa o
Mistério do Natal. Evitem-se também músicas comercias de Natal.
2. Sem
dúvidas, a celebração do Natal do Senhor deve fazer-se notar pela ornamentação
do espaço e por sua iluminação. Estamos muito acostumados em nossos templos, à
iluminação direta e exagerada, o que causa dispersão na assembléia. A
experiência das trevas nos ajuda a perceber a força da importância da luz.
Sugerimos que, na celebração da noite, o templo esteja na penumbra. Pelo
espaço, podem ser espalhadas diversas velas coloridas, que deverão ser acesas
no momento oportuno. Em destaque esteja o Círio Pascal
9. AÇÃO RITUAL
Deus ao tomar
parte na família humana, revela-se não mais apenas como Criador, mas como
Redentor, no sentido de ser aquele que recupera a dignidade ferida do mundo e
da humanidade e paga um preço para isso: tornar-se humano e estar sujeito à
morte. Para garantir a vida, submete-se à morte. Por isso a vence. A celebração
da Sagrada Família nos faz participar deste mistério e abre nossa consciência
para a importância das relações familiares (não só consangüíneas) na construção
do Mundo de Deus.
Ritos Iniciais
1. Lembrando a
Sagrada Família de Jesus, Maria e José, sugere-se que uma família participe com
os ministros na procissão de entrada para a celebração levando a imagem da
Sagrada Família.
2. Entoe-se o
Canto de Abertura “Nasceu-nos hoje um Menino ou “Nasceu a flor formosa da tribo
de Jessé” e lembrando a Sagrada Família de Jesus, Maria e José, sugere-se que
uma família participe com os ministros na procissão de entrada para a
celebração levando a imagem da Sagrada Família.
3. Para saudação presidencial
poderá ser inspirada em Gálatas 4,4:
O Deus que, na plenitude dos tempos, enviou
o seu Filho nascido de uma mulher, pela ação do Espírito Santo, esteja
convosco.
Todos: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de
Cristo.
4. Em seguida,
dar o sentido litúrgico da celebração. O Missal deixa claro que o sentido
litúrgico da celebração pode ser feito pelo presidente, pelo diácono um leigo/a
devidamente preparado (Missal Romano página 390). Em seguida propõe o sentido
litúrgico:
Domingo da Sagrada Família de Mazaré. Com os
pastores, vamos a Belém encontrar o Menino Jesus com Maria e José. Demos graças
ao Pai por Jesus ter nascido numa família humana, trazendo esperança para todas
as famílias da terra.
5. Após a
saudação do altar e da assembleia, seguido ao sentido litúrgico onde for
possível sugerimos, o rito da Recordação da Vida. Conforme as circunstâncias,
pode-se ouvir as alegrias, as dificuldades e os sonhos das famílias presentes.
Pode ser preparado com antecipação ou feito de maneira espontânea (sendo que
este último caso é o mais apropriado para as comunidades pequenas e que já
tenham certo costume com o rito, para que não o transformem em um momento de
súplicas, ação de graças ou intercessão). A equipe pode criativamente ajudar a
comunidade a recordar acontecimentos e pessoas em que se reconhece hoje a
passagem libertadora de Deus. Nessa Recordação da Vida, pode-se escolher
acontecimentos da vida da comunidade, da Paróquia, da Diocese e da sociedade
como um todo que revelam a presença salvadora de Deus.
6. O Ato
penitencial pode ser feito conforme a primeira fórmula do Missal Romano, página
395.
Senhor, Filho de Deus, que nascendo da
Virgem Maria, vos fizestes nosso irmão, tende piedade de nós.
7. O Hino de
Louvor (Glória) é, sem dúvida, um dos momentos altos das celebrações natalinas.
Deve ser cantado solenemente por toda a assembleia. Deve-se estar atento na
escolha dos cantos para o momento do glória. Ideal seria cantar o texto mesmo,
tal como nos foi transmitido desde a antiguidade, que se encontra no Missal
Romano, ou, pelo menos, o mesmo texto em linguagem mais adaptada para o nosso
meio e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria e outros compositores
(como já existe!). Evitem-se, portanto, os “glórinhas” trinitários! O hino de
louvor (glória) não de caráter Trinitário e sim Cristológico. Pode
ser acompanhado de uma coreografia feita por um grupo de crianças e ao som de
sinos, onde houver.
8. Na Oração
do dia suplicamos ao Deus de bondade que nos ajude a imitar em nossos lares as
virtudes da Sagrada Família para que possamos ficar unidos pelos laços do amor.
Rito da Palavra
1. Dar destaque
especial à Liturgia da Palavra, proclamando bem as leituras, especialmente o
Evangelho. O Evangeliário pode ser acompanhado de tochas e incenso. E a
proclamação deve ser feita de tal maneira que a comunidade viva e experiência
da Encarnação de Jesus o Verbo (Palavra) que se fez carne e habitou entre nós.
Palavra que é o próprio Cristo, recebendo acolhida na assembléia reunida, seu
Corpo. Ao final da leitura e do Evangelho, nunca se deve dizer “Palavras do
Senhor” e “Palavras da Salvação”, mas “Palavra do Senhor” e “Palavra da
Salvação” (usa-se o singular, pois é Jesus, a Palavra do Pai, que acabou de
falar!). A Palavra é realçada também por
momentos de silêncio, por exemplo.
Após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo a atitude de acolhida à
Palavra de Deus. No silêncio, o Espírito torna fecunda a Palavra no coração da
comunidade e de cada pessoa. Nunca é demais insistir: proclamem-se bem as
leituras até mesmo fazendo um breve silêncio entre cada uma delas. Por exemplo,
após o salmo responsorial, não iniciar
logo a segunda leitura. Dar uma pequena pausa para assimilar-se a riqueza
do salmo.
2. Hoje a
primeira leitura poderia ser proclamada por um pai ou um jovem. Mas preparar
bem antes! A preparação prévia é de suma importância. Antes de ler, é preciso
primeiro mergulhar na Palavra, rezar a Palavra. Pois “na liturgia da Palavra,
Cristo está realmente presente e atuante no Espírito Santo. Daí decorre a
exigência para os leitores, ainda mais para quem proclama o Evangelho, de ter
uma atitude espiritual de quem está sendo porta-voz de Deus que fala ao seu
povo”.
3. Cuide-se para que
a homilia promova a família como sinal do amor de Deus no mundo. Evite-se,
portanto, um tom moralista, doutrinário e excludente.
4.
Na Profissão de fé (Creio), usar o “Símbolo de Nicéia- Constantinopla” é mais
extenso e mais completo que o “símbolo apostólico” que se costuma usar todos os
domingos. No Natal, como em outros dias festivos, é interessante usar o
primeiro, que fala mais sobre a Encarnação do Filho de Deus: “Creio em um só
Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito do Pai, nascido do Pai antes de todos os
séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado
não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por
nós homens e para a nossa salvação, desceu dos céus; e se encarnou pelo
Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem (...)”. Durante as
palavras “e se encarnou”, todos se ajoelham em sinal de adoração.
Rito
da Eucaristia
1. Uma ou mais
famílias – a depender do número de pessoas – pode ser convidada a entrar com os
dons do pão e do vinho, na procissão das ofertas.
2. Na Oração sobre o
pão e o vinho, suplicamos a Deus que confirme nossas famílias na Sua graça e
Sua paz.
3. Sugerimos o
Prefácio do Natal do Senhor, III que destaca a dignidade da existência humana e
o intercâmbio no mistério da Encarnação. Seguindo esta lógica, cujo embolismo
reza: “Por ele, realiza-se hoje o maravilhoso encontro que nos dá vida nova
em plenitude. No momento em que vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza
humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos
tornamos eternos”. O grifo no texto identifica aqueles elementos em maior
consonância com o Mistério celebrado neste Domingo e que pode ser aproveitado
na celebração, ao modo de mistagogia. Usando este prefácio, o presidente deve
escolher a I, II ou a III Oração Eucarística. A II admite troca de prefácio. As
demais não admitem um prefácio diferente. As demais não podem ter os prefácios
substituídos sem grave prejuízo para a unidade teológica e literária da
eucologia.
4.
A Oração Eucarística I (ou Cânon romano) é um pouco mais longa, mas tem a
vantagem de oferecer uma parte própria para o Natal: “Em comunhão com toda a
Igreja, celebramos o dia santo (a noite santa) em que a Virgem Maria deu ao
mundo o Salvador. Veneramos também a mesma Virgem Maria e seu esposo São
José”.
5. Onde for possível
antes da Oração Eucarística, isto é, antes do diálogo inicial, a comunidade
seja convidada a proclamar as esperanças que animam, hoje, a caminhada das
famílias.
6. Na
celebração da Palavra, onde não houver Missa, após o rito da Palavra, cantar a
Louvação do Natal sugerida no Hinário Litúrgico I, CNBB, página 74.
Ritos
Finais
1. Na Oração
após a comunhão suplicamos a Deus Pai de todos os dons, que nos ensine a
reconhecer os Seus benefícios e a importância da convivência eclesial.
2. Bênção especial, com
imposição das mãos sobre as famílias presentes e oração própria. Em seguida,
abençoar toda a comunidade com a fórmula solene, e própria do Tempo do Natal
(cf. Missal Romano, página 520).
3. Convidar todas as
famílias a se aproximarem da imagem ou ícone da Sagrada Família. Colocar um
braseiro nos pés da imagem. Um pai, ou numa mãe ou um filho se aproxima do braseiro
e coloque o incenso. Neste momento cantar a primeira parte e o refrão da Oração
da Família do Pe. Zezinho. Em seguida quem preside entende as mãos sobre as
famílias e faz a bênção:
Ò
Deus bendito, em Jesus, teu Filho e Senhor Nosso, vieste dignificar a família
humana. Nós vos bendizemos, Senhor nosso Deus, pois quisestes que o vosso Filho
feito homem participasse da família humana e crescesse em estrita intimidade
familiar, para conhecer as aflições a provar as alegrias de uma família.
Senhor,
nós vos rogamos humildemente por estas famílias; protegei-as e guardai-as, para
que confortadas com o dom de vossa graça, gozem de paz e harmonia e dêem no
mundo testemunho de vossa glória, agindo como verdadeira Igreja doméstica. Por
Cristo nosso Senhor. Amém!
4. As palavras do
rito de envio podem estar em consonância como mistério celebrado: A alegria do
Senhor seja a vossa força. Esposas, maridos e filhos, vivam no amor de Deus. Ide
em paz e que o Senhor vos acompanhe.
5.
Momento de adoração. No final, seguir em procissão até o presépio e convidar
todos a se aproximarem do mesmo, símbolo do Natal e cantar: “Belém é aqui, aqui
é Natal...”, Hinário Litúrgico I, página 62 “Celebremos com alegria o dia em
que Jesus nasceu...”, Hinário Litúrgico I, página 63; “Vinde Cristãos, vinde à
porfia...”, Hinário Litúrgico I, página 90. Onde houver “Folia de Reis”,
convidar para este momento com seus cantos populares para homenagear o Menino
Deus, uma espécie de auto de Natal (canto, dança no final da celebração).
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Natal é a
presença transformadora de Deus na vida e na história das pessoas. Na festa do
natal, desfrutamos desta presença de Deus. Mas também somos responsáveis por
sua difusão no mundo das pessoas.
Quando assim
celebramos o Natal, não será somente o nascimento do Menino Jesus; será o
nascimento de um mundo novo, do mundo como Deus o quer: cheio de bondade, de
amor, de justiça, de paz. Então “Deus será tudo em todos” (cf. 1Coríntios
15,28).
O objetivo da
Igreja é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas
outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor
o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti