A primeira
parte do Tempo Comum ainda respira os “ares” da Natividade e Epifania do
Senhor. As notas festivas do Salmo 95 “Cantai ao Senhor Deus um canto novo”
(cf. Antífona de Abertura) nos recordam a Noite de Natal onde o mesmo texto é
entoado como Salmo Responsorial.
No Tempo
Comum, fazemos a leitura contínua da Sagrada Escritura, por meio da qual
revivemos, ao longo dos diversos domingos, os inesgotáveis aspectos do Mistério
Pascal de Cristo. Neste Ano B, o Segundo Domingo do Tempo Comum é denominado o
Domingo do Cordeiro de Deus, pois é uma continuidade do batismo do Senhor e
João Batista dá seu testemunho sobre Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo!”. No Ano A este domingo é denominado testemunho de João Batista;
No Ano C é o domingo das bodas de Caná. Mesmo já situado no Tempo Comum, dá
continuidade à festa da Epifania, pois faz memória do dia em que Jesus começou a
revelar sua identidade de Messias-esposo da nova humanidade. Por isso todo o
universo é convidado a adorar o Senhor.
Terminado o
Tempo do Natal, com a festa do Batismo do Senhor, até Quarta-Feira de Cinzas,
no dia 18 de fevereiro de 2015, temos a intercalação de seis domingos do Tempo
Comum para acompanharmos e vivermos o mistério da revelação do Senhor ao seu
povo. O batismo de Jesus foi celebrado no dia 11 de janeiro. Por isso o 2º
Domingo do Tempo Comum, celebrado hoje, está ainda no contexto da festa do
Batismo do Senhor, isto é, o Mistério que hoje celebramos é prolongamento da
manifestação de Jesus como Salvador da humanidade.
Concluído o
Tempo do Natal, iniciamos uma seqüência de “domingos comuns”, nos quais os
evangelhos descrevem a vida pública de Jesus, depois de seu batismo no rio
Jordão. No Brasil, o Primeiro Domingo Comum é substituído pela festa do Batismo
do Senhor. No Segundo Domingo, João Batista apresenta Jesus a seus discípulos,
chamando-o de Cordeiro de Deus. Esses domingos recebem sua força ou sua
espiritualidade de duas fontes: dos tempos fortes e dos próprios domingos.
Assim, o Tempo Comum é vivido como prolongamento do respectivo tempo forte.
Nesta primeira parte do Tempo Comum, partimos da vida que nasceu do Natal,
manifestou-se na Epifania e, para produzir frutos, necessita da ação do
Espírito Santo, o qual age no Batismo de Jesus. Batizados com o Espírito Santo,
como Igreja, produzimos bons frutos.
Neste sentido,
por exemplo, no período do Tempo Comum que segue o Ciclo do Natal, “o Cristo
que nasceu, o Cristo que se manifestou, deseja prolongar a ação de nascer e de
manifestar-se após as solenidades. O mistério do nascer, do aparecer e do
manifestar-se às pessoas deve prolongar-se no dia-a-dia de todos nós. Cristo
quer encarnar-se cada dia através dos tempos”. Estes primeiros domingos do
Tempo Comum, são marcados por um clima de epifania, de manifestação do Senhor,
do início de sua missão no mundo e da continuidade dessa missão na vida dos
seus seguidores.
Esta primeira
parte do Tempo Comum começa com a festa do Batismo do Senhor e vai até a terça-feira
de carnaval, inclusive. Esta primeira parte faz memória do discipulado de
Jesus, antes do Ciclo da Páscoa.
O terno “Tempo
Comum” leva facilmente a pensar que “comum” signifique algo como “sem
importância” ou “banal”. Evidentemente não é assim. O comum se distingue, sim,
do extraordinário. Em nosso caso, o Tempo Comum é visto como distinto dos
tempos fortes. Mas isso não implica que o Tempo Comum seja menos importante.
Pelo contrário. Não podemos viver continuamente em situações e atividades extraordinárias.
Nenhuma orquestra toca sempre fortíssimo. Do mesmo modo, é profundamente humano
que na liturgia se alternam tempos fortes e períodos ou comuns. A liturgia
segue nisso o ritmo da vida cuja celebração ela é.
Em geral o
Tempo Comum do Ano Litúrgico é o período de crescimento e maturação. Nos
períodos fortes do ano celebramos a Encarnação e a Páscoa do Senhor, sua
encarnação e Páscoa também dentro do seu povo hoje. As semanas depois do Tempo
do Natal e depois de Pentecostes oferecem-se, de modo especial, para celebrar a
realização do Reino de Deus entre nós. Não se trata aqui de exclusividades, mas
de acentuações. Já a Encarnação e a Páscoa são realizações do Reino,
e também no tempo comum celebramos cada domingo e cada dia a Morte e
Ressurreição de Cristo. Nos tempos fortes não contemplamos apenas o Cristo,
esquecendo-nos do seu povo, e no Tempo Comum não focalizamos exclusivamente as
comunidades e o mundo, sem nos lembrar do Senhor que caminha com seu povo e
transforma o mundo. Mas os acentos são diferentes.
No Tempo Comum nos é oferecido
em que somos especialmente convidados a celebrar a presença ativa de Cristo
entre nós e naquilo que fazemos. Evidentemente, a liturgia deve ser celebração
do Mistério de Cristo, vivido pelas pessoas.
O que caracteriza
quase unicamente os diversos domingos do Tempo Comum são as leituras bíblicas,
de modo particular o Evangelho. Cada no, num ciclo trienal, lemos um dos
evangelhos sinóticos, nos domingos comuns a parte do ensinamento e da atividade
pública de Jesus, sendo reservados os relatos da infância, da paixão e das
aparições do Ressuscitado para os respectivos tempos fortes. No Tempo comum,
estes evangelhos são lidos capítulo por capítulo, numa leitura quase contínua.
A primeira leitura para cada domingo é escolhida em harmonia com o Evangelho,
isto é, está ligada diretamente com o Evangelho, de maneira que apareça a
ligação entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento. As segundas leituras nos
proporciona, por sua vez, uma leitura semi-contínua das cartas de São Paulo e
de São Tiago. Sendo que os outros escritos do Novo Testamento, assim como
também o Evangelho de São João, são lidos nos tempos fortes.
Pe. Benedito Mazeti
Assessor Diocesano de Liturgia
Bispado de São José do Rio Preto
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