24 de dezembro de 2014
Leituras
Isaias 9,1-6
Salmo 95/96,1-3.11-13
Tito 2,11-14
Lucas 2,1-14
“HOJE NASCEU PARA VÓS UM SALVADOR, QUE É
O MESSIAS, O SENHOR!”
1- PONTO DE PARTIDA
É Natal! Que
bom estarmos reunidos neste instante em torno do Mistério do Deus pobre no meio
dos pobres. Sentimos este Deus bem pertinho de nós, bem do nosso jeito, menos
no pecado. Valeu a pena termos nos preparado para esta noite.
Durante o
Tempo do Advento, meditamos a Palavra de Deus, avaliamos nossa caminhada de
discípulos e discípulas missionários do Senhor rumo ao futuro,
penitenciando-nos de nossas falhas, fizemos nossa novena de Natal, buscamos
aperfeiçoar nosso espírito de solidariedade. Feliz de quem aproveitou bem o
tempo do Advento para viver esta noite, de fato, como uma “noite feliz”.
A Palavra
proclamada nos transmite esta Boa-Nova. A Eucaristia celebrada faz-nos viver em
Mistério. “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por
ele amados!”
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Primeira leitura – Isaias 9,1-6. O
texto é uma das profecias messiânicas mais famosas do profeta Isaias e faz
parte do assim chamado “Livro de Emanuel” (Isaias 7,12). A vocação de Isaias
aconteceu no ano 740 antes de Cristo, quando os pequenos reinos, entre eles os
Estados de Israel e Judá, estavam ameaçados pela expansão do Império Assírio.
No meio da ameaça e da desgraça iminente, Deus faz surgir o profeta Isaias.
Quando tudo parece levar ao desespero, aparece o profeta anunciando luz para
quem vivia nas trevas. Nasce nova esperança para o povo de Israel, oprimido
pelos assírios. Deus vai agir. Ele virá para salvar e haverá novamente a
alegria para todo o povo. A esperança encontra-se na chegada de um novo rei, um
menino que recebe títulos messiânicos: Conselheiro admirável (na linha da
sabedoria de Salomão); Deus forte (na linha da bravura de Davi) Pai dos tempos
futuros e Príncipe da paz (seguindo Moisés e os patriarcas).
Depois dessas
afirmações o profeta desenvolve em três “porquês” (versículos 3, 4 e 5) os
motivos da alegria. Juntos eles explicam como o profeta no seu tempo conseguiu
ver a salvação divina e como ele imaginara o futuro rei de Deus.
Primeiro porque (versículo 3): terminou
a dominação estrangeira. Como no passado, “na jornada de Madian” (cf. Juízes capítulos
7-8), Deus intervirá de novo em favor de seu povo. A intervenção de Deus no
passado é o penhor da intervenção futura. A vitória está garantida. No
“perfeito profético” Isaias declara o inimigo já por derrotado.
Segundo porque (versículo 4): terminou a
guerra. Todo sinal de luta armada, tudo que lembra guerra, derramamento de
sangue e forças armadas em marcha, desaparecerá do palco da história. Todo
equipamento de guerra é jogado de lado para sempre, não serve mais (cf. 2,4).
Terceiro porque (versículo 5-6):
nasceu-nos um menino que, uma vez entronizado como rei, nos trará paz e
justiça.
Salmo responsorial 95/96,1-3.11-13. Com o Salmo 95/96, resposta à Palavra de
Deus, mesmo sendo um salmo de realeza, é também um hino de louvor. Israel tem
por ofício louvar a Deus, e com este louvor leva todos os povos a conhecer a
Deus. A eleição de Israel é missionária, seu louvor é testemunho. A ação
criadora demonstra o poder de Deus.
O rosto de
Deus no salmo. O Senhor sempre merece um canto novo porque é Criador,
libertador universal. Canto novo, a todo momento porque a sua Criação não é
coisa do passado, ela se renova em cada ser humano, animal e planta que nasce.
A Criação também se renova através do nosso trabalho. Além de Criador, Deus é
Libertador universal, (as “maravilhas” do versículo 3b recordam a saída do
Egito) e, sobretudo, o Rei universal O seu governo e administração se
caracterizam pela retidão,(versículo
10b), justiça e fidelidade (13b). O Senhor é um aliado da humanidade,
soberano do universo e da história. Devemos proclamar isto, desmascarando tudo
o que pretende ocupar o lugar de Deus. A criação inteira é convidada a festejar
nosso Deus que sempre vem!
O tema da
realeza de Jesus está presente em todos os evangelhos. Mateus mostra que Jesus
traz uma nova prática da justiça para todos, e isso faz acontecer o reinado de
Deus na história. Os contatos de Jesus com os não judeus demonstram que seu
Reino não tem fronteiras e que seu projeto é o de um mundo cheio de vida para
todos.
Por Ele,
bendizemos nosso Deus e nos alegremos. Expressemos também nossa confiança, pois
sabemos que Ele virá “julgar a terra inteira” e seu julgamento será justo.
Cantemos ao Senhor nosso Deus porque Ele se revela na humanidade de Jesus e se
faz presente em nossas vidas.
R:
RESPLANDECEU A LUZ SOBRE NÓS,
PORQUE NASCEU CRISTO, O SALVADOR.
Segunda leitura – Tito 2,11-14. O
nascimento de Jesus de Nazaré marca o início da era cristã, isto é, da era
messiânica. A partir dele a história de salvação iniciada no Primeiro Testamento
desenrola-se entre duas grandes manifestações. A primeira é a “manifestação da
graça de Deus que traz a salvação a todas as pessoas” (versículo 11). A segunda
é a “manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo”
(versículo 13), por ocasião da segunda vinda.
Conforme a
leitura de hoje, a graça de Deus não traz somente o perdão dos pecados já
cometidos que, depois de repetidos, serão de novo perdoados, e assim por
diante... “para que haja abundância da graça” (cf. Romanos 6,1). O que Deus
quer não é uma “repetição do perdão”... e tudo fica como era; mas uma verdadeira história de salvação que
renove a face da terra. Deus quer libertar as pessoas do pecado e de suas
conseqüências (versículo 11). Como Deus quer alcançar isso? Por meio dos
cristãos, “ensinando ou educando-os pela graça” (versículo 12a) e fazendo deles
um “povo puro, que pertence somente a Ele, e que se dedica a fazer o bem”
(versículo 14b).
“A graça de
Deus se manifestou trazendo a salvação pra toda a humanidade”. Escrevendo a
Tito, Paulo dá uma série de conselhos para ele coordenar bem a comunidade de
Creta que lhe foi confiada. Na leitura que vamos ouvir nesta noite, Paulo
apresenta o fato fundamental da vida e missão de Tito e de todos os cristãos. A
leitura propõe o ideal de viver com equilíbrio,
justiça e piedade. Essas são três qualidades a serem cultivadas por todo
aquele que deseja conhecer a salvação e se tornar participante da obra
salvadora do Pai. Com equilíbrio significa, provavelmente, compreender que as desigualdades
sociais não podem mais persistir.
Vivendo em
meio a uma sociedade corrupta, os cristãos são convocados a viver a novidade do
Evangelho de Jesus Cristo. Por um lado é necessário romper com as atitudes e
paixões do mundo, modo de viver contrário ao que Deus nos revelou no Messias;
por outro lado somos convocados a viver no “tempo presente com equilíbrio,
moderação, justiça e piedade à espera da bem-aventurada esperança” – a
manifestação gloriosa de Jesus Cristo, que se entregou totalmente para nos
resgatar e purificar.
O discípulo e
a discípula de Jesus vivem nessa tensão: romper com a impiedade e viver a
justiça. Ser cristão é dedicar-se à prática do bem, atualizando as ações
libertadoras do Salvador.
Evangelho – Lucas 2,1-14. Lucas não somente narra o acontecimento do
nascimento de Jesus como historiador, mas também como teólogo manifestando seu
sentido salvador. Por isso coloca este fato no pano de fundo da história geral,
referindo-se ai imperador César Augusto e ao governador Quirino. Também nos
informa o lugar onde Jesus nasceu, a saber: “em Belém, a cidade de Davi”
(versículos 4 e 11). Por esta informação situa-se o fato dentro da história da
salvação: Jesus, o Messias, é o novo Davi.
O Messias
Jesus não nasceu no centro do Império Romano, que era a cidade de Roma, nem nos
palácios dos poderosos, mas em um canto muito afastado do império e em um
abrigo de gado. Os primeiros homens a quem foi revelada a vinda do Salvador não
foram altos funcionários do governo, nem autoridades religiosas, nem ricos e
poderosos representantes da alta sociedade, mas
simples pastores. Eles eram pessoas marginalizadas pela sociedade da época.
Os fatos são
narrados de maneira bem simples: o trajeto de José e Maria para Belém e o
nascimento de Jesus na pobreza. A tradição, que narra esses fatos, faz questão
de exaltar o “maravilhoso”: a aparição dos anjos, o tema da glória divina que
anuncia os últimos tempos e, especialmente, a realização das profecias do
profeta Miquéias.
A primeira
dessas profecias (Miquéias 3,1-4) inspira Lucas 2,6.8.9.14 e mostra que Cristo
é, de fato, o rei davídico esperado.
A segunda profecia (Miquéias 4,7-10) influencia Lucas 2,4.8.11, onde a realeza
anunciada não é mais somente a de Davi, mas a realeza do próprio Deus.
Percebe-se o desejo do evangelista Lucas de anunciar um acontecimento tão
divino quanto humano: a própria realeza de Deus, ultrapassando-a, responderá à
expectativa judaica de uma realeza davídica. Devemos ver nesta narração a
oposição que se manifesta na narrativa entre a comunidade dos pobres de Belém e
a cidade de Jerusalém. Surge Maria como a nova “filha de Sião” (Miquéias 4,10;
5,2) e os pobres que a cercam são envoltos daquela “glória” que era, até então,
o privilégio da antiga Sião (Ezequiel 40,35).
O pequeno hino
“Glória...” consiste em duas frases paralelas. As três partes destas frases
correspondem uma à outra. A “glória” corresponde “paz”; a “no mais alto dos
céus” corresponde “na terra”; a “Deus” corresponde “homens”. As duas frases não
devem ser entendidas como desejos humanos (“louvado seja Deus, etc.”; “a paz
esteja com os homens...”), mas como afirmações. O hino é um anúncio do sentido
salvador do nascimento do Messias. Deus é
glorificado no céu porque, agindo no mundo, revela aos anjos um Mistério de Sua
glória até então desconhecido. Este Mistério consiste na entrada na
história do mundo do “príncipe da paz”, que revela aos anjos que a humanidade é
atingida pela salvação. O hino é, portanto, a Boa-Nova ou o Evangelho, proclamado
pelos Coros Celestes e motivo de alegria para todo mo povo (versículo 10b).
O toque
pessoal de Lucas faz-se notar, principalmente, na escolha de um vocabulário pascal (salvador,
primogênito, Senhor). A criança já é o Senhor universal, sua pobreza é a da cruz, e a frase com que
Lucas diz que “Maria guardava todas essas coisas no coração” (cf. ainda Lucas
2,51) exprime exatamente, que Maria considera os acontecimentos de Belém como
sinais proféticos de um mistério mais profundo: o Mistério Pascal.
Se não fosse a
Páscoa, o Natal não seria o que é: tão importante para os cristãos. Nem mesmo
Maria seria o que é: tão importante para a humanidade como Mãe do Salvador e
nossa Mãe.
São Lucas nos
ajuda a passar do fato ao Mistério, da história à doutrina que exorta. A
reflexão da comunidade primitiva e a de São Lucas concentram-se no caráter
humano, senhorial e divino do recém-nascido de Belém. Convida-nos a manter, com
firmeza, a nossa fé nas duas naturezas do Homem-Deus. A festa do Natal foi
precisamente instaurada para lutar contra as heresias que alteravam a
personalidade de Cristo e pretendiam reduzir Cristo a uma pessoa humana, o
Evangelho a um sistema humanístico, a Igreja a uma instituição humana, política
ou social. Ou então consideravam apenas a natureza divina de Cristo, professando
um desprezo absoluto da criação, da natureza humana e mesmo de todo o esforço
humano.
Ora, toda a
liturgia do Natal se elaborou nas épocas em que a Igreja lutava contra as
heresias que davam tudo a Deus ou, pelo contrário, tudo ao ser humano. Nossa Pastoral de Natal corre hoje o risco de inclinar-se para um ou
outro desses excessos, seja considerando nessa época somente os problemas
humanos de paz ou os da pobreza com as soluções humanas apresentadas; seja
também considerando a divindade de Cristo a ponto de esquecer sua trajetória
humana engajando na realidade social e o os longos discursos da fé.
Uma exata
visão da personalidade de Cristo permite-nos, aliás, renovar, por ocasião do
Natal a nossa maneira de celebrar e Eucaristia, tomando maior consciência de
que ela não é um rito mágico caído do céu, mas um encontro da pessoa humana e
de Deus, preparado e celebrado pela mediação do padre.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Celebramos o
Natal do Senhor. A liturgia do Natal recorda todo o realismo da encarnação
terrestre do Verbo. O Filho de Deus não se disfarça em homem, mais,
permanecendo Deus, é também real e concretamente homem; e se manifesta na
realidade humana. Tão humano assim só Deus, como dizia o teólogo.
Com a
Encarnação do Filho de Deus, teve início a era cristã, a era messiânica. Nós
vivemos no tempo intermediário entre a primeira e a segunda vinda de Cristo. É
tempo da graça, isto é, da salvação, do perdão, da conversão, da penitência. É
tempo da Igreja, tempo da pregação, da missão, da semeadura, do plantio, da
pesca, do trabalho apostólico, do pastoreio. Tempo em que deus tem paciência
para conosco. É o tempo entre o nosso primeiro Natal (batismo) e o nosso
segundo e derradeiro Natal (morte e ressurreição). Tempo em que somos provocados,
desafiados pelo amor e pela bondade do nosso Deus.
Hoje, uma luz
brilhou para nós. Nesta noite a esperança é renovada. É possível um mundo de
paz, justiça, amor e fraternidade. Com a encarnação, Jesus uniu todas as
pessoas. Deus se fez solidário com todos. Emerge a vida, alegria e encontro.
Todo o cosmo é atingido pelo mistério da encarnação. O Verbo entrou na
história, recriando todas as coisas. O sol nascente veio nos visitar e guiar
nossos passos no caminho da paz.
“Não pode haver tristeza quando
nasce a vida”, dizia o papa Leão, no século V. Ouçamos a palavra do anjo: “não
tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo:
Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é Cristo Senhor” (vv.
10-11).
Viver a espiritualidade
do Natal significa reconciliar-se totalmente com nossa realidade humana,
pessoal e social. Reconhecer Jesus “deitado nas palhas da manjedoura” nos chama
a reencontrar o nosso jeito de ser, nossas fragilidades e problemas, unindo a
ele o mais profundo da nossa condição humana.
Com o coração
agradecido pela opção que Deus fez por nós, retomamos a mística da luta e do
compromisso pela paz, pela justiça. São muitas as iniciativas, organizações ou
associações que promovem a paz no mundo. Ser seguidor ou seguidora de Jesus
Cristo e ser capaz de se comprometer com um Natal sem fome; uma vida sem dor,
sem miséria, sem doenças, sem guerras, sem dominadores e dominados, sem
violência, sem armas, sem corrupção... Santo Irineu dizia: “A glória de Deus é
o homem vivo” afirmando a vida como o maior dom de Deus para a humanidade. Com
o nascimento de Jesus podemos afirmar: A glória de Deus é a pessoa humana viva
e solidária com seus irmãos. Que se torne realidade o anúncio pascal desta
noite. Somos co-responsáveis por isso.
“Hoje, na
cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Cristo Senhor”, diz o
Evangelho. Cristo Senhor é o título que foi dado a Jesus depois que ele morreu
e ressuscitou. A partir da Páscoa, os cristãos se deram conta da importância
daquela criança nascida pobre entre os pobres: ela tem origem divina. A parti
da sua morte e ressurreição, nos convencemos de ser Ele de fato o Salvador. É a
partir da Páscoa que a festa do Natal tem toda sua razão de ser como verdadeira
festa da Luz que vem iluminar as trevas da nossa história.
Em outras
palavras, “o Salvador é pobre e se comunica a seu povo como pobre: Vocês
encontrarão um recém-nascido envolto em faixas e deitado na manjedoura”. Deus
utiliza a linguagem dos empobrecidos (faixas, manjedoura), dos migrantes e
rejeitados da sociedade. A salvação entra na história com as características do
povo pobre, longe dos palácios e dos becos de ouro.
Depois, à luz
da Páscoa, podemos finalmente ver o Menino pobre entre os pobres como sendo o
verdadeiro “Conselheiro admirável” (mais sábio que Salomão), o “Deus forte”
(mais forte que o rei Davi), “Pai dos tempos futuros” (mais líder que o líder
Moisés), “Príncipe da paz” (mediante sua liderança, fazendo justiça e
defendendo o povo, criará a verdadeira paz), vislumbrado pelo profeta Isaias.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
Ouvir a sabedoria de Deus no “hoje” da vida
Ouvimos
repetidas vezes na liturgia do Natal a palavra “hoje”: “hoje sabereis que o Senhor vem e nos salva”: “és meu Filho, eu hoje te gerei”; “hoje nasceu o Salvador do mundo, desceu do céu a verdadeira paz”;
“fizestes resplandecer esta noite santa com a claridade da vossa luz”; “hoje surgiu a luz para o mundo”; “por
ele, realiza-se hoje o maravilhoso
encontro que nos dá vida nova em plenitude”. Também, depois, na Epifania: “hoje revelastes o vosso Filho às nações,
guiando-as pela estrela”; revelastes hoje
o mistério de vosso Filho como luz para iluminar todos os povos no caminho da
salvação.
“Este “hoje”
quer significar que o que celebramos no Natal não é um aniversário, mas um ‘sacramento’,
ou uma atualização do fato salvífico do nascimento humano do Filho de Deus.
Nesta festa Deus nos comunica a graça de um ‘novo nascimento’ como filhos na
família de Deus. O Natal é a comemoração do ‘ontem’ de Belém e do ‘amanhã’ da
última vinda do Senhor no ‘hoje’ da celebração deste ano, que é um
acontecimento sempre novo, não só recordado afetivamente.”
Quando a
Igreja celebra o Natal do Senhor, não o faz como se recordasse somente o
nascimento histórico de Jesus, que teve lugar num passado remoto e que, no
presente atualizamos. Não é portanto “aniversário” de Jesus como costumamos
celebrar os “aniversários” de nossos estes queridos. A celebração do Natal do
Senhor tem a ver com um evento que nos alcança e não está preso ao passado.
Enquanto fato histórico sim, mas enquanto Mistério, não.
Diz Santo
Agostinho que esse Mistério diz respeito à “Sabedoria de Deus (que) se
manifestou como criança e a Palavra de Deus, sem Palavras, fez ouvir a voz da carne.”
A mesma luz que iluminou o povo no dia do nascimento de Jesus, brilha novamente
hoje. Isso porque o mesmo Espírito que gerou o Verbo no seio da Virgem hoje
gera no seio da Igreja a Palavra do Senhor. Mediante a proclamação e a vida dos
discípulos e discípulas, o mundo ouve “hoje” a sabedoria de Deus.
Iluminados na paz que vem da Eucaristia
No versículo
14 do Evangelho os anjos cantam “glória a Deus nas alturas e paz na terra aos
homens por ele amados”. A paz aqui exaltada é também uma das nomeações da
Eucaristia. Nela está presente a paz de Cristo. Sua celebração difunde a paz no
mundo. Quando celebramos a Eucaristia é como se estivéssemos em Belém, cujo
sentido em hebraico é “Casa do Pão”. Nascido em Belém, Jesus dirá de si “eu sou
o pão da vida” (João 6,35.48). A casa do pão hoje é a Igreja. Nela Cristo nos
ilumina na Eucaristia. Recebemos sua luz, para que abramos clareiras de bondade
num mundo envolto em
trevas. Por isso a Igreja primitiva chamava os recém
batizados de “iluminados”.
Assim, no cristão
reluz a Luz de Cristo, para que torne o mundo mais luminoso. Prossiga o caminho
do Menino nascido em Belém e saiba cuidar e amparar quem só tem em Deus essa
esperança. É para esse sentido que convergem tanto as leituras, como as orações
da liturgia da missa de hoje.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Em outras
palavras, a liturgia que celebramos no Natal “é a comunicação do Deus que optou
pelos pobres, falando a linguagem deles, resgatando-nos definitivamente, para
que ninguém venha de novo oprimi-los. Nasce para nós o Salvador. Hoje é dia de
boas notícias, pois a história toma rumo novo, manifestando a solidariedade do
Deus fiel. Glória a Deus no mais alto dos céus! Sua glória é ação concreta
repercutindo na terra, trazendo a paz para todos. Envolto em faixas a e
colocando na manjedoura; envolto num lençol e colocado num sepulcro; fe3ito pão
e vinho e posto a serviço dos que ele ama: assim é o nosso Salvador, o Messias,
o Senhor, aquele que não reservou para si sua vida, mas a entregou a fim de nos
resgatar e purificar, tornando-nos seu povo, dedicado a praticar a justiça”.
Eis a grande Luz que a todos ilumina!
Daqui a pouco
vamos iniciar a liturgia eucarística. Celebrando a eucaristia, nós louvamos e
bendizemos a Deus pelo mistério da encarnação de seu filho em nossa história:
nova luz da glória de Deus brilhou para nós; na pessoa de Jesus (visível aos
nossos olhos), aprendemos a amar a divindade que não vemos (cf. Prefácio do
Natal I); o eterno e invisível entrou na história visível da humanidade para
erguer o mundo decaído; restaurando a integridade do universo, ele introduziu
no Reino dos Céus, o ser humano libertado (cf. Prefácio do Natal II); é o
maravilhoso encontro dando-nos vida nova e plena que hoje se realiza; pois no
momento em que o Filho de Deus assume nossa fraqueza, “a natureza humana recebe
uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos
eternos” (Prefácio do Natal II).
Por tudo isso
louvamos nosso Deus. Mas louvamos principalmente pela morte, ressurreição e dom
do Espírito que deu pleno sentido ao mistério desta noite santa de Natal.
Fazendo memória da Páscoa do Senhor, anunciamos o verdadeiro sentido do Natal
como presença solidária do Pobre entre os pobres, Corpo entregue e sangue
derramado em favor da vida para todos. Participando deste corpo e deste sangue,
entrando em comunhão com ele, nós assimilamos tudo o que ele significa em
termos de solidariedade com os pobres, para que também nós assim vivamos e, dessa maneira, com ele convivamos sempre. Sendo assim, após a
comunhão, o sacerdote reza em nome de todos: “Senhor nosso Deus, ao celebrarmos
com alegria o Natal de nosso Salvador, dai-nos alcançar por uma vida santa seu eterno convívio” Que assim seja!
6- ORIENTAÇÕES GERAIS
1. As cores
das vestes litúrgicas normalmente é o branco, porém, talvez seja bom lembrar
que nos dias festivos a Introdução Geral do Missal Romano nº 309 prevê o uso de
“vestes litúrgicas mais nobres, mesmo que não sejam da cor do dia”. Seria o
caso de se usar vestes festivas, estampadas, coloridas. Algumas comunidades
usam cores festivas como expressão de nossa cultura.
2. Natal é a
festa da Luz. Valorizar nesta Missa da Noite o Círio Pascal. Isso ligará mais a
festa do Natal à festa da Páscoa. Fazer um bonito Lucernário antes da
celebração eucarística
3. A festa do
Natal do Senhor tem uma profunda e importante ligação com a Páscoa, podendo até
dizer que as duas são inseparáveis. Neste pequeno tempo litúrgico se celebra o
Nascimento de Jesus, sua entrega total até a morte na cruz e sua vitória sobre
o mal e a morte. Com o Natal, damos início ao ciclo da nossa fé cristã, onde
celebramos o Nascimento do Senhor e recordamos a sua paixão, morte e
ressurreição. Ao mesmo tempo, com a Epifania (manifestação) o Natal é um dos
dois pólos do Ano Litúrgico. O Natal é a Santa Páscoa em germe. Pois a
Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo a carne, é o início da Páscoa.
Encarnação e Ressurreição são inseparáveis
4. Os cantos
desta celebração devem manifestar o mistério que estamos celebrando: é preciso
cantar “o Natal” e não “cantar no Natal”. O Hinário Litúrgico I da CNBB –
publicado em CD pela Paulus, no volume “Liturgia V” – traz excelente repertório
musical para celebra o mistério da Encarnação do Verbo na nossa história. Para
que há uma comunhão litúrgica é importante que os cantos da celebração sejam
escolhidos pela equipe de liturgia e pela equipe de canto.
5.
Valorizar hoje: presépio, flores, luzes, estrelas, vestes brancas ou coloridas,
dança e onde for possível uma alegre confraternização, depois da celebração,
com a toda a comunidade.
6. A
celebração do Natal não é comemoração de um aniversário. É, antes de tudo, um
“sacramento” (presença “hoje” da Luz que nasceu e brilhou definitivamente na
Páscoa). Por isso, pedagogicamente, é bom evitar qualquer identificação simples
do Natal com aniversário.
7. No dia 26
de dezembro é a festa de Santo Estevão, primeiro mártir da Igreja; no dia 27,
São João Apóstolo e evangelista; no dia 28 os Santos Inocentes Mártires. Nesses
três dias celebra-se Festa dos Amigos
de Jesus, assim chamado pela Liturgia.
7-
MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada Domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo do Natal, é
preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser
cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado. A função da equipe de canto não é
simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste Tempo
do Natal. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico, com a Palavra
proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que toda liturgia
é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral
ou de um movimento.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, “inseri-la no mistério celebrado” (IGMR nº 47). Nesse
sentido o Hinário Litúrgico I da CNBB nos oferece uma ótima opção, que muitos
estão gravados no CD: Liturgia V.
1. Canto de abertura. “Tu és meu filho, hoje te gerei” (Salmo 2,7).
“O Senhor me disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei”, Salmo 2, Hinário Litúrgico
I, página 6. “Reis e nações...,” Salmo 2, CD Liturgia V, melodia da faixa 1.
Como canto de abertura, não podemos deixar de entoar o Salmo 2, em que se
canta: “Tu és meu Filho, meu Filho a ti
hoje eu gerei.”
2. Ato penitencial. Muito oportuno
a primeira fórmula do Missal Romano, página 395.
3. Anúncio Natalino. CD: Cristo
clarão do Pai, melodia da faixa 4.
4. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo
Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas, Partes fixas do Ordinário da
Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por
Irmã Miria e outros compositores.
O Hino de
Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é,
voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho.
O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de
Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo,
exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o
Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou
nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da
assembléia.
5. Salmo responsorial 95/96. “Canta
ao Senhor um canto novo”. “Resplandeceu a luz sobre nós...” CD: Liturgia V melodia
da faixa 2.
O Salmo
responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura.
Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura
para a comunidade celebrante. Primeira leitura, Palavra proposta e o salmo
Palavra resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser
Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista.
6. O canto ritual do Aleluia. “Nasceu-vos
hoje o Salvador” (Lucas 2,10-11). “Aleluia, eu vos trago a boa nova de uma
grande alegria”, CD: Liturgia V, melodia da faixa 3. O canto de aclamação ao
evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical página 391.
A aclamação ao
Evangelho é um grito do povo reunido, expressando seu consentimento, aplauso e
voto. É um louvor vibrante ao Cristo, que nos vem relatar Deus e seu Reino no
meio das pessoas. Ele é cantado enquanto todos se preparam para ouvir o Evangelho
(todos se levantam, quem está presidindo vai até ao Ambão).
7. Apresentação dos dons. O
canto de apresentação das oferendas, conforme orientamos em outras ocasiões,
não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério que se celebra
acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração na Noite de Natal. “Cristãos, vinde todos,” CD: Liturgia V, melodia
da faixa 4.
8. Canto de comunhão. “Hoje, na
cidade de Davi, nasceu para vós o salvador, que é o Cristo Senhor” (Lucas 2,11.
“Nasceu em Belém e Belém quer dizer: a casa do pão”, Hinário Litúrgico I,
página 80; “Nasceu a flor formosa da tribo de Jessé”, Hinário Litúrgico I,
pagina 79; “Da cepa brotou a rama”, CD: Liturgia V, melodia da faixa 5. Estes três cantos retomam o Evangelho na
comunhão de maneira autentica. Veja orientação abaixo.
O fato de a
Antífona da Comunhão, em geral, retomar um texto do Evangelho do dia revela a
profunda unidade entre a Liturgia da Palavra e a Liturgia, Eucarística e
evidencia que a participação na Ceia do Senhor, mediante a Comunhão, implica um
compromisso de realizar, no dia-a-dia da vida, aquela mesma entrega do Corpo e
do Sangue de Cristo, oferecidos uma vez por todas (Hebreus 7,27).
9- Canto final. “Noite feliz, noite feliz”,
Hinário Litúrgico I da CNBB página 83; “Vinde Cristãos, vinde à porfia...,
Hinário Litúrgico I, página 90. Todos se aproximam do presépio para um momento
de adoração durante o canto final.
8- ESPAÇO CELEBRATIVO
1. Uma
orientação para o Tempo do Natal: Usar o recurso da iluminação na igreja e
também no presépio, com foco de luz sobre a imagem do Menino na manjedoura. Evite-se,
no máximo, o uso de pisca-piscas, tanto no presépio como em árvores de Natal
dentro do espaço da celebração como em muitas comunidades se faz! É que o show de pisca-piscas durante a missa
transforma-se em “ruído”, “rouba a cena”, pois distrai as pessoas do verdadeiro
centro de atenção, que é o mistério celebrado na mesa da Palavra e na mesa da Eucaristia.
. São símbolos da onda consumista das festas natalinas e de final de ano que
invade as mentes e os corações das pessoas já desde o mês de outubro. Não se
deixem influenciar por esta onda consumista que queima etapas e deturpa o
Mistério do Natal. Evitem-se também músicas comercias de Natal.
2. Sem
dúvidas, a celebração do Natal do Senhor deve fazer-se notar pela ornamentação
do espaço e por sua iluminação. Estamos muito acostumados em nossos templos, à
iluminação direta e exagerada, o que causa dispersão na assembléia. A
experiência das trevas nos ajuda a perceber a força da importância da luz.
Sugerimos que, na celebração da noite, o templo esteja na penumbra. Pelo
espaço, podem ser espalhadas diversas velas coloridas, que deverão ser acesas
no momento oportuno. Em destaque esteja o Círio Pascal.
3. O espaço
litúrgico deve ser preparado para exprimir a alegria desse tempo tão especial
para a Igreja: flores; cor branca e dourada; presépio, em lugar acessível e à
parte do presbitério; incenso. Iluminação e decoração natalinas fora da Igreja,
na entrada ou no jardim.
9. AÇÃO RITUAL
Um pouco antes
da celebração, a comunidade pode cantar um refrão meditativo convidando para o
Lucernário.
Ritos
Iniciais
1. Levar na
procissão de entrada a imagem do Menino Jesus. A equipe de celebração entra com
a cruz e o Evangeliário. Outras pessoas representando determinados grupos da
comunidade ou paróquia também poderão fazer parte do cortejo com o Menino (por
exemplo, os coordenadores da novena do Natal). Em alguns lugares é o padre quem
carrega o Menino Jesus; em outros, é um casal, ou uma pessoa escolhida pelos
grupos de novena, significando o esforço que foi feito para que o Cristo
pudesse nascer na comunidade. Esta
sugestão também vale para a Missa da Dia.
2. Para
saudação presidencial poderá ser inspirada em Gálatas 4,4:
O Deus que, na plenitude dos tempos, enviou
o seu Filho nascido de uma mulher, pela ação do Espírito Santo, esteja
convosco.
Todos: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de
Cristo.
3. A pós a saudação,
o presidente, ou o diácono ou animador propõe o sentido litúrgico:
Irmãos e
irmãs, nesta noite santa, a luz de Deus brilhou para toda a humanidade na
pessoa do seu Filho. Nele, nossa humana história foi amada e elevada por Deus à
condição filial. Celebrando a Eucaristia, reunidos pelo Espírito Santo em torno
da Palavra, do Pão e do Vinho, elevamos nossa imensa gratidão a Deus que nos
salvou a partir da nossa natureza humana. Fortalecidos pela esperança e alegria
que o Natal gera em nós, sejamos testemunhas da solidariedade divina e da
amizade que Deus nos tem.
4. O Ato
penitencial pode ser feito conforme a primeira fórmula do Missal Romano, página
395:
Senhor, Filho de Deus, que nascendo da
Virgem Maria, vos fizestes nosso irmão, tende piedade de nós.
5. Anúncio
natalino (a ser proclamado na primeira
missa [“da noite”] após o sinal-da-cruz e a saudação presidencial, antes da
entoação do Glória). Página 39 do Diretório da Liturgia.
Transcorridos muitos séculos
desde que Deus criou o mundo e fez o homem à sua imagem;
Séculos depois de haver cessado o
dilúvio, quando o Altíssimo fez resplandecer o arco-íris, sinal de aliança e de
paz;
Vinte e um séculos depois do
nascimento de Abraão, nosso pai;
Treze séculos depois da saída de
Israel do Egito sob a guia de Moisés;
Cerca de mil anos depois da unção
de Davi como rei de Israel;
Na septuagésima quinta semana da
profecia de Daniel;
Na nonagésima quarta Olimpíada de
Atenas;
No ano 752 da fundação de Roma;
No ano 538 do edito de Ciro rei
da Pérsia autorizando a volta do exílio e a reconstrução de Jerusalém;
No quadragésimo segundo ano do
império de César Otaviano Augusto, enquanto reinava a paz sobre a terra, na
sexta idade de mundo.
Jesus Cristo, Deus Eterno e Filho
do Eterno Pai, querendo santificar o mundo com a sua vinda, foi concebido por
obra do Espírito Santo e se fez homem; transcorridos nove meses, nasceu da
Virgem Maria em Belém de Judá. Eis o Natal de nosso Senhor Jesus Cristo segundo
a natureza humana. Venham, adoremos o Salvador! Ele é Emanuel, Deus-Conosco!
Entoemos com muita alegria nessa noite santa o Hino de louvor.
O anúncio natalino está musicado no CD:
Cristo Clarão do Pai, melodia da faixa 4.
5. O Hino de
Louvor (Glória) é, sem dúvida, um dos momentos altos da celebração desta noite.
Deve ser cantado solenemente por toda a assembléia e não apenas pela equipe de
canto. Deve-se estar atento na escolha dos cantos para o momento do glória.
Ideal seria cantar o texto mesmo, tal como nos foi transmitido desde a
antiguidade, que se encontra no Missal Romano, ou, pelo menos, o mesmo texto em
linguagem mais adaptada para o nosso meio e também a versão da CNBB musicado
por Irmã Miria e outros compositores (como já existe!). Evitem-se, portanto, os
“glórinhas” trinitários! O hino de louvor (glória) não de caráter Trinitário e
sim Cristológico. Pode ser acompanhado de uma coreografia feita por um grupo de crianças
e ao som de sinos, onde houver.
6. Na oração
do dia suplicamos a Deus que nos faça contemplar a claridade da verdadeira luz
para que possamos sentir o mistério vislumbrado na terra.
Rito da Palavra
1.
As leituras devem ser bem proclamadas com solenidade e excelente dicção e
pronúncia. Os leitores sejam previamente preparados com ensaios e uma Leitura
Orante dos textos, para exprimirem, pela voz, postura e entonação, o sentido do
Mistério oculto nas Escrituras.
2. O Salmo
responsorial cantado dará maior solenidade ao rito da Palavra.
3. O Evangeliário
pode ser acompanhado de tochas e incenso. E a proclamação deve ser feita de tal
maneira que a comunidade viva e experiência da Encarnação de Jesus o Verbo
(Palavra) que se fez carne e habitou entre nós. Palavra que é o próprio Cristo,
recebendo acolhida na assembléia reunida, seu Corpo. A Palavra é realçada
também por momentos de silêncio, por
exemplo. Após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo a atitude de
acolhida à Palavra de Deus. No silêncio, o Espírito torna fecunda a Palavra no
coração da comunidade e de cada pessoa.
4. Depois da
proclamação do Santo Evangelho, a imagem do Menino Jesus é introduzida por um
casal ou uma pessoa escolhida, acompanhada por duas pessoas com velas. O
presidente da incensa a imagem e todos cantam:
HOJE,UMA LUZ BRILHOU
PARA NÓS.
HOJE NASCEU,NOSSO DEUS
O SENHOR.
5. Depois coloca a
imagem do Menino num lugar do presbitério e junto o Evangeliário simbolizando
que a Palavra se fez carne. Pode ser feita também uma oferta de flores, por
crianças, à imagem do Menino Jesus.
6.
Na Profissão de fé (Creio), usar o “Símbolo de Nicéia- Constantinopla” é mais
extenso e mais completo que o “símbolo apostólico” que se costuma usar todos os
domingos. No Natal, como em outros dias festivos, é interessante usar o
primeiro, que fala mais sobre a Encarnação do Filho de Deus: “Creio em um só
Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito do Pai, nascido do Pai antes de todos os
séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado
não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por
nós homens e para a nossa salvação, desceu dos céus; e se encarnou pelo
Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem (...)”. Durante as
palavras “e se encarnou”, todos se ajoelham em sinal de adoração.
Rito
da Eucaristia
1. Para o Canto de apresentação dos dons, é muito oportuno
canta o belíssimo e tradicional canto que está na alma do povo: “Cristãos,
vinde todos, com alegres cantos”, (Adeste Fideles). Ver acima em Música Ritual.
2. Na oração sobre o
pão e o vinho, peçamos a Deus que possamos participar da divindade do Filho de
Deus. Céu e terra trocam seus dons.
3. A escolha do
prefácio. No Prefácio I contemplamos o Cristo luz do mundo, que o povo que
andava nas trevas viu uma grande luz. No Prefácio III contemplamos o
intercambio no mistério da Encarnação.
4. A Oração
Eucarística I (ou Cânon romano) é um pouco mais longa, mas tem a vantagem de
oferecer uma parte própria para o Natal: “Em comunhão com toda a Igreja,
celebramos o dia santo (a noite santa) em que a Virgem Maria deu ao mundo o
Salvador. Veneramos também a mesma Virgem Maria e seu esposo São José”.
5. Na
celebração da Palavra, onde não houver Missa, após o rito da Palavra, cantar a
Louvação do Natal sugerida no Hinário Litúrgico I, CNBB, página 74.
6. Dar maior
destaque ao rito eucarístico: cantar o prefácio escolhido, o Santo, as
aclamações da Prece Eucarística, amém final, e o Cordeiro de Deus que acompanha
a fração do Pão.
7. É oportuno
que a comunhão seja feita sob as duas espécies para toda a assembléia. “A
comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas
espécies. Sob essa forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete
eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova
e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete
eucarístico e o banquete escatológico no Reino do Pai” (IGMR, nº 240).
Ritos
Finais
1. Na oração após a
comunhão somos chamados a viver uma vida santa do Natal para alcançarmos o
eterno convívio.
2. Bênção especial
para as crianças e solene, para todo o povo, como sugere o Missal Romano,
página 520. O Ritual de Bênçãos traz uma Bênção para as crianças, na página 59.
3. A bênção final,
em sua forma solene, pode ser dada do presbitério ou mesmo do presépio, caso o
povo tenha acompanhado o presidente na deposição da imagem do Menino Jesus na
manjedoura.
4. As palavras do
rito de envio podem estar em consonância como mistério celebrado: Hoje nasceu
para vós o Salvador do mundo. Ide e anunciai a todos a paz. Ide em paz e que o
Senhor vos acompanhe.
5.
No final, seguir em procissão com as crianças até o presépio e convidar a todos
a se aproximarem do mesmo, símbolo do Natal. Um casal pode levar o Menino Jesus
ao presépio. Fazer um gesto de adoração se colocando de joelhos e cantar:
“Noite feliz, noite feliz” ou “Vinde Cristãos, vinde à porfia”, Hinário
Litúrgico I, página 90. Nesse momento
seria interessante reacender as velas dos fiéis.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Natal é a
presença transformadora de Deus na vida e na história das pessoas. Na festa do
natal, desfrutamos desta presença de Deus. Mas também somos responsáveis por
sua difusão no mundo das pessoas.
Quando assim
celebramos o Natal, não será somente o nascimento do Menino Jesus; será o
nascimento de um mundo novo, do mundo como Deus o quer: cheio de bondade, de
amor, de justiça, de paz. Então “Deus será tudo em todos” (cf. 1Coríntios
15,28).
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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