Leituras
Êxodo34,4b-6.8-9
Daniel
3,52-56
2Coríntioss
13,11-13
João 3,16-18
“QUEM ACREDITA NELE NÃO É JULGADO”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo da
Santíssima Trindade. Com a festa de Pentecostes, encerramos a Tempo Pascal e,
no domingo seguinte, celebramos a festa da Santíssima Trindade. É uma festa
relativamente recente. Entrou no calendário da liturgia romana em 1334 e, com o
Concílio Vaticano II, deixou de ser temática, recebendo uma tonalidade mais
bíblica.
A
liturgia sempre celebra a Páscoa do Senhor, o Salvador, e por Ele dá graças ao
Pai, o Criador, no Espírito de Amor, o Santificador. Portanto, toda celebração
é Trinitária e a Páscoa, celebrada o ano inteiro, nos faz mergulhar no mistério
inefável da Trindade Santa, fonte, modelo e meta do peregrinar da humanidade.
Portanto, depois de celebrarmos as festas pascais, contemplamos o mistério de
amor do nosso Deus que se revela como Pai, Filho e Espírito Santo.
Com
isso, a festa de hoje faz uma síntese, juntando o sentido da “encarnação e da redenção” realizados na história,
onde o Deus Vivo, a Comunhão Trinitária, é protagonista. Não é a festa para
desenvolver a doutrina sobre a Santíssima Trindade, mas para renovação da
Aliança com o Pai que nos criou e nos libertou, entregando-nos o dom da vida
plena em Jesus Cristo ,
seu Filho amado, o Verbo encarnado que, por sua vez, nos confiou com sua morte
e ressurreição o dom do seu Espírito.
A
celebração de hoje nos ajuda a compreender e descobrir que Deus não é solidão
infinita, mas comunhão de luz e de amor, vida doada e recebida num eterno
diálogo entre o Pai e o Filho, no Espírito Santo Amante, Amado e Amor, como
dizia Santo Agostinho.
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os textos
Primeira leitura – Êxodo 34,4b-6.8-9.
Esta passagem faz parte dos capítulos 32 a 34 do Livro do Êxodo, onde se fala
de ruptura e de renovação da Aliança. De fato, enquanto Moisés recebia as
tábuas Lei no Monte Sinai, o povo adorava o bezerro de ouro. Moisés, ao
retornar, constata a infidelidade e quebra as tábuas de pedra, simbolizando a
ruptura da Aliança. Era necessário, renovar a Aliança violada e tornar a
escrever a Lei em novas pedras. É disso que trata Êxodo 34.
Moisés sobe à
montanha com as tábuas de pedra ao encontro do Senhor e este lhe apresenta como
antes lhe havia prometido (Êxodo 33,19-23), pronunciando o seu nome: “Javé,
Javé, Deus compassivo e rico em misericórdia, lento para a cólera, rico em
bondade e fidelidade” (versículo 6). Esta frase corresponde à auto-apresentação
de Javé no início do Decálogo: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair do
Egito, da casa da servidão” (Êxodo 20,2). Ambas as frases têm saber litúrgico,
e mostram como Israel percebeu a presença salvadora de Deus por ocasião do
êxodo do Egito e em toda a sua história: como um Deus fiel, paciente e bondoso.
Moisés sobe à
montanha em busca de Deus, mas não pode captar a “essência” divina (cf. Êxodo
33,20-23). É Deus que vem ao encontro de Moisés para revelar o seu nome Javé.
Deus se apresenta como alguém se pôs ao lado de Israel (sentido possível do
nome Javé) e permanece fiel a esta decisão, apesar da infidelidade deu seu
povo. Deus é, pois, percebido pelo ser humano enquanto presença que salva, ou
libertadora, como diríamos hoje.
Esta passagem
manifesta o desejo de Moisés de conhecer mais profundamente algo de Deus do que
aquilo que pode perceber Dele na nuvem. Deus consente neste desejo, revelando a
Moisés o lugar onde poderá ser encontrado.
Para além do
mundo sensível não há meio de se ver Deus. Aquilo que o ser humano pode
conhecer de Deus é sua bondade (Êxodo 33,19), bondade para o ser humano ao qual
não cessa de “transmitir graças”.
Moisés aborda
Deus como termo de religião, como caução de uma moral. Ele é remetido à fé.
Procurava Deus na sua pura transcendência. Mas descobre-O voltado para a pessoa
humana. Ele pensava num mundo distinto do mundo terreno. É remetido a um Deus
que é exatamente o inesperado e o totalmente Outro, na medida em que é “para” o
mundo, esperado sofrer por ele em Jesus Cristo. Moisés pensava num Deus
moralista. Descobre um Deus de ternura.
Diante deste
Deus Moisés se prostra em oração. Ao suplicar-Lhe a misericórdia reafirma as
verdades da fé. No último pedido Moisés pede para que Javé torne a tratar
Israel como sua propriedade (nahalâ), como povo eleito entre todos os povos.
Diante do
mesmo Deus, que assim se manifesta a Israel, também o cristão se curva em
adoração (cf. Salmo 94/95, 6-7). Agradecido por tê-lo criado para Si e chamado
em Cristo a ser Sua propriedade e Seu filho, o cristão procura ser fiel às
exigências amorosas do mesmo Deus.
Salmo Responsorial – Daniel 3,52-56.
Este texto é cântico dos três jovens. É um louvor universal a Deus. Estas
estrofes da liturgia de hoje pertencem à primeira parte do hino dos três jovens
lançados na fornalha acesa, permanecendo ilesos do fogo. Embora com menos
rigor, imita a estrutura literária e o artifício litânico dos salmos 136 e 148:
um salmista canta uma estrofe e o povo repete um refrão. A primeira parte
(versículos 52-56) é uma doxologia, isto é, uma glorificação de Deus. A segunda
(versículos 57-90) é um convite a todas as criaturas de Deus para que O
exaltem.
O cântico todo
é de bendição a Deus. Primeiro bendiz a Deus através das pessoas humanas “Sede
bendito, Senhor Deus de nossos pais” (versículo 52). Em seguida bendiz o a Deus
no Seu próprio nome, no templo santo, em Seu trono, nos abismos e no celeste
firmamento.
Neste Domingo
da Santíssima Trindade, com todas as criaturas, bendigamos ao Senhor, Deus de
nossos pais no firmamento do céu. Bendigamos ao Senhor, Deus de ternura e
misericórdia que nos salvou em Cristo
Segunda leitura – 2Coríntios 13,11-13. Encerrando
a segunda Carta aos Coríntios, o Apóstolo Paulo faz as últimas estimulações
(exortações) àquela comunidade e apresenta o fundamento do amor e da comunhão
dos cristãos.
A leitura
merece atenção especial porque 2Coríntios 13,13 é usada como saudação inicial
da Missa e porque se reintroduziu nela o ósculo da paz entre todos os fiéis
(cf. 13,12a). O fim de 2Coríntios (= 13,11-13) divide-se em quatro partes: uma estimulação (versículo 11a), um voto
(versículo 11b), uma saudação de despedida (versículo 12) e uma bênção final
(versículo 13). Esta estrutura encontra-se no fim de várias outras cartas de
Paulo.
O conteúdo
deste conjunto pode-se resumir nas palavras “paz e amor”, que ambas são usadas
duas vezes. Na estimulação acumulam-se cinco imperativos. Neles se refletem
preocupações de Paulo para com a situação e o destino da comunidade a que ele
dirigiu a carta, já não são meras fórmulas. Ora, o conjunto desses imperativos
“vivam alegres, procurem ser perfeitos, consolem-se uns aos outros, tenham os
mesmos sentimentos, guardem a paz...”. Não são apelos ou ordens morais, cujo
cumprimento ou não-cumprimento dependeria unicamente da boa ou má vontade dos
cristãos e levaria a uma auto-realização individual e social mais ou menos
sucedida. Muito mais que imperativos, as estimulações são recordações –
memórias das atitudes e ações salvadoras com que Deus contemplou a comunidade de
Corinto e os seus membros.
A carta
termina com uma bênção final. Trata-se de uma fórmula litúrgica ternária. Nesta
fórmula descreve-se a obra da salvação divina em três momentos. “A graça do
Senhor Jesus Cristo” atingiu o mundo na morte de Jesus. Esta missão de Jesus no
mundo é a revelação do amor do Pai pelo mundo. A atuação salvadora de Deus que
em Cristo atingiu o mundo, se atualiza sempre de novo pela presença afetiva e
dinâmica do Espírito Santo no mundo que – autocomunica-se a Si mesmo – comunica
aos cristãos e às comunidades cristãs todos os bens da salvação. Felizmente
essa fórmula de 2Coríntios 13,13 lembra que se deve ao Pai a iniciativa do
amor, ao Filho sua concretização na obra da salvação e da graça, e ao Espírito
Santo a possibilidade de se vivê-la na comunhão
de todos.
A graça do
Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo. O Mistério de Cristo na
Igreja só se entende considerando a atuação das Três Pessoas Divinas; o amor de
Deus que se manifesta na graça (no dom) de Jesus Cristo e opera na comunhão do
Espírito, que anima a Igreja desde a Ressurreição. O resultado é: alegria.
Neste final da carta Paulo condensa toda sua teologia. O Mistério da Santíssima
não está longe. Estamos envolvidos Nele (cf. Filipenses 3; 4,4 Romanos 16,16;
2Coríntios 6,11; Filipenses 2,1-2; Efésios 4,4-6).
Paulo revela
que o Mistério de Jesus na comunidade só é entendido na relação das Três
Pessoas da Trindade. Assim, o amor do Pai comunica-se na graça de Cristo e age
na comunhão do Espírito Santo. O resultado desta atuação é a paz e a alegria.
Assim, ao
desejar aos cristãos de Corinto a graça, o amor e a comunhão, Paulo faz que
eles compreendam que, viver destes dons, é necessariamente viver a própria vida
de Deus (cf. versículo 11b) e participar de seu mais profundo Mistério.
Em suma, é uma
teologia da Igreja que aparece nessa fórmula Trinitária. Com efeito, a Igreja é
a família do Pai, pois reúne os filhos de seu amor na herança da vida eterna. É
o Corpo de Cristo cujos membros vivem da graça que somente o Mediador Único
pode distribuir a cada um. Enfim, a Igreja é a comunhão do Espírito Santo, isto
é, o lugar do encontro perfeito entre Deus e a pessoa humana, o lugar em que a
pessoa humana desempenha plenamente seu papel de companheiro de Deus e comunga,
assim, com todos aqueles que são chamados à mesma vocação.
Evangelho – João 3,16-18. A Boa-Nova de
hoje nos insere no contexto do diálogo entre Jesus e Nicodemos. Os versículos
14-15 refletem a inquietação de todo ser humano: “Como alguém pode ver o Reino
de Deus”. Jesus revela que vê o Reino de Deus quem nascer do alto, mediante a
efusão do Espírito. Todavia, essa efusão do Espírito não é obra das mãos
humanas. Ela é uma virtude que vem do alto. Isto é, só Jesus, o Filho do Homem,
o único que veio do céu, torna possível, aos que Nele crêem, nascerem do alto.
Os versículos 16-18, deste Domingo, revelam que Deus toma a iniciativa da
salvação, intervindo na história. A obra da salvação é fruto do amor do Pai,
que enviou seu Filho Único ao mundo: “Deus amou de tal forma o mundo, que
entregou o Seu Filho Único”. Jesus é o dom do amor de Deus à humanidade que
livremente se entregou pela salvação do universo. Por isso, sendo elevado na
cruz, revelou o imenso amor do Pai ao mundo.
No versículo
16 encontram-se Deus, seu Filho e o mundo. Afirma-se que a atitude de Deus a
respeito do mundo é uma atitude de amor. Como sinal ou revelação deste amor
para com o mundo Deus “dá” o seu Filho. O verbo “dar” abrange toda a carreira
do Filho no mundo, da Encarnação até a paixão e a morte inclusive (cf.
versículo 14, onde “levantar” tem a conotação de “levantar na cruz”; versículo
16, onde “dar” evoca o “entregar à morte”; e o sentido do verbo “enviar” do
versículo 17 encontra exegese em 1João 4,10: “Nisto consiste o amor: não somos
nós que temos amado a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou seu Filho, para
que, por meio dele, os nossos pecados fossem perdoados.
É preciso
entender que o conceito “mundo”, que se usa para indicar o alvo do divino amor,
significa a humanidade. A vontade salvadora de Deus é universal. Deus não envia
seu Filho para salvar a alguns e condenar a outros, mas para salvar a todos e,
portanto, não para condenar. Que mesmo assim haverá pessoas que se perdem não
depende de Deus mas deles mesmos.
O amor do Pai
pelo mundo foi revelado na missão do Filho Único ao mundo e tem como objetivo a
salvação do mundo e de todos neste mundo por meio da fé Naquele Filho
Único. Por mais que o ser humano anseie
escapar das garras da vida passageira de se livrar do extermínio e do
aniquilamento, por si mesmo não pode fazer nada. Somente Deus pode salvar o ser
humano da corrupção e do pecado e dar-lhe a vida eterna. Ora, Deus revelou que
quer fazer isso. Revelou esta vontade na missão do Filho. Nele, Deus fez a
oferta. Mas não obriga ninguém aceitar.
Jesus não veio
ao mundo com uma missão judicial de julgar e condenar. Ele é dom, graça e prova
de amor do Pai, o qual deseja que todos se salvem. Ele veio para que “todo o
que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna”. O projeto de Deus não
tem privilégios, em que uns se salvam e outros se condenam. A proposta da
salvação é destinada a todos os que acreditam, isto é, que aderem à Boa-Nova de
seu Filho. Salvar-se significa passar da morte à vida, por meio de Jesus Cristo
e do Espírito Santo.
A proposta
salvadora de Deus exige discernimento e adesão da parte dos seres humanos.
“Quem acredita nele não está condenado”. Em seu amor, Deus não faz exceções. O
ser humano é também agente ativo de sua salvação. Diante da oferta do amor de
Deus, não há espaço para a atitude da indiferença. Melhor dizendo, da parte de
Deus, tudo está disposto; cabe, portanto, ao ser humano tomar a decisão:
aceitar, aderindo, ou negar. Quem recusa a oferta que o Pai faz por meio de Seu
Filho Único exclui-se da salvação. Todavia, Deus nunca age como juiz, e sim
como doador da vida. A fé ou a descrença já contém uma antecipação do
julgamento definitivo de Deus: salvação ou condenação, respectivamente.
Deus abre seu
coração e se revela como Deus da compaixão e da piedade, isto é, um Deus
apaixonado pelo ser humano. Da graça e da verdade, lento para a cólera e cheio
de “amor” e “fidelidade”, palavras que destacam a natureza benévola e afetuosa
do Senhor. Moisés demonstra ter compreendido a revelação de Deus e tenta apelar
para que o povo, apesar de sua infidelidade (pecados), seja reconhecido como
sua herança particular. Foi o que aconteceu com a Aliança (primeira leitura).
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
A celebração
litúrgica da Santíssima Trindade, depois das celebrações do Tempo Pascal
encerradas com a Solenidade de Pentecostes, convida-nos a considerar o
Mistério, a história de nossa salvação e, mais uma vez, tomar consciência da
dimensão de nossa vida de batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. O Mistério da Santíssima Trindade é o Mistério central da fé e da vida
cristã. “O primeiro conteúdo da fé eucarística é o próprio Mistério de Deus,
amor trinitário” (Sacramentum Caritatis, 7).
O projeto de
nossa vida humana e cristã está profundamente enraizado na experiência de Deus
que nos foi passada e que cultivamos. Muitas pessoas assimilaram e vivem a
partir de uma experiência equivocada de Deus. Por isso, para muita gente, Deus
é um problema ou, ao contrário, um simples “solucionador de casos difíceis”, ou
seja, o Deus “supermercado”, ao qual a gente recorre nas horas da necessidade.
Há quem imagina Deus como um bom velho de barbas brancas, sentado em seu trono,
contemplando o universo, ouvindo e resolvendo os pedidos de todos quantos a Ele
se dirigem. O Mistério de Deus que celebramos não é tanto Mistério para ser
especulado quanto para ser vivido. “A experiência de um Deus Uno e Trino, que é
unidade e comunhão inseparável, permite-nos superar o egoísmo para nos
encontrarmos plenamente no serviço para com os outros” (Documento de Aparecida,
240).
O Mistério de
um Deus Uno na comunhão das Três Pessoas é essencialmente diálogo, comunicação
de amor. Alegra-nos descobrir que nossa vida de batizados não se fundamenta em
idéias abstratas, mas na Aliança de pessoas em comunhão. Nosso Deus não é
solidão. É um Deus que ama e é amado. Ele é comunhão, unidade e diversidade.
Ele é oferta de vida e salvação.
A Santíssima
Trindade não é um quebra cabeça. Professar a fé na trindade é dizer “acredito”,
sem a pretensão de compreender seu Mistério segundo a lógica humana.
O discípulo de
Jesus descobre que Deus é oferta, intercambio, participação, amor
inconfundível, relação e movimento em relação ao outro. Deus entrega o que tem
de melhor, Seu Filho Unigênito e amado, para a salvação do mundo. “Na
Eucaristia, Jesus não dá ‘alguma coisa’, mas dá-se a si mesmo, entrega o seu
corpo e derrama o seu sangue. Desse modo dá a totalidade de Sua própria vida,
manifestando a fonte originária desse amor: ele é o Filho eterno que o Pai
entregou por nós” (Sacramentum Caritatis, 7).
Quanto mais
nos empenharmos no aperfeiçoamento pessoal dos irmãos, quanto mais cultivarmos
a fraternidade e vivermos na paz, mais próximos estaremos da comunhão que há
entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A comunhão dos batizados e das
comunidades cristãs do Povo de Deus se sustenta na comunhão com a Trindade (cf.
Documento de Aparecida, 155). Como batizados, somos chamados a viver e a
transmitir a comunhão com a Trindade, pois a evangelização é um chamado à
participação da comunhão Trinitária (cf. Documento de Aparecida, 157).
“A graça do
Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo esteja com
todos vós” é a saudação proposta por Paulo aos cristãos de Corinto que revela
que a Trindade nos confere a plenitude dos dons e dos bens necessários para
nossa vida: a graça, o amor e a comunhão.
Alegremo-nos
por tão grande amor de Deus Pai, Filho e Espírito Santo. “Cultivai a concórdia,
vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco” (2Coríntios 13,11b).
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
A oração do
dia reza que o Pai, enviando ao mundo a Palavra da verdade e o Espírito
santificador, revela ao mundo seu mistério encantador, isto é, que não se
exprime. Eis uma afirmação paradoxal, porque o Senhor se faz “acontecimento” no
interior da história humana, como dádiva solidária, mas ao mesmo tempo este
acontecimento se expande e se mostra maior. O maior símbolo deste mistério que
nos fora revelado é a Páscoa de Jesus, sua morte
e ressurreição que nos dizem que “Deus é mais”, conforme um ditado popular
nordestino.
Quando dizemos
Páscoa, dizemos “passo, passagem”. Cada celebração desse mistério é a
oportunidade de marcar no tempo e no espaço a visita da eternidade. O ressuscitado
nos encontra e, mediante a cruz que o conduziu à glória, somos inseridos na
vida de Deus.
Ritualmente
isto se desdobra já no início da divina liturgia quando nos marcamos com o
sinal de Cristo Salvador, a cruz: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!
O sinal da Cruz em nome da Trindade
Criou-se uma
confusão em torno do sinal da cruz, no início da celebração. Muitas comunidades
guiadas por seus ministros (ordenados e leigos) iniciam a celebração convidando
a assembléia a invocar a Santíssima Trindade. É uma compreensão totalmente
errada.
De fato, se
estivermos atentos ao que fazemos e dizemos na celebração, constataremos, no
caso do sinal da cruz, que não se trata de invocação. Até porque não somos nós
que convocamos a Deus, mas é Ele quem nos chama para tomar parte em seu
Mistério, constituindo-nos assembléia.
Daí vem o próprio nome que nos designa: assembléia dos convocados.
Segundo a
Instrução Geral do Missal Romano, os ritos iniciais têm a finalidade de
realizar a comunhão entre a comunidade e o Senhor, tornando-a assembléia dos
convocados, disposta à escuta da Palavra e a tomar parte na Ceia Pascal (n.
50). É neste contexto ritual que o sinal da cruz deve ser compreendido: “Pelo
mistério pascal (cruz e ressurreição) fomos (e somos) tocados pelo amor da
Trindade
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Em
toda a liturgia participamos mais intimamente da comunhão trinitária. Louvamos,
agradecemos e suplicamos ao Pai, por Cristo no Espírito Santo, e somos
renovados na certeza de sermos filhos e filhas e não escravos, promotores da
vida e não destinados à destruição e à morte.
Iniciamos
a celebração em nome da Trindade que nos convoca, acolhe-nos e nos reúne como
seu povo santo, consagrado ao seu louvor, corpo de Cristo e templo do Espírito
Santo.
Na
Profissão de Fé, renovamos nossa adesão, nossa fé em Deus Pai Criador ,
em Jesus seu Filho, nascido pelo Espírito Santo do seio de Maria, como
Redentor, e no Espírito Santo, animador e santificador da comunidade até a
plena realização do Reino.
Na
Oração Eucarística, entoamos com Cristo nossa ação de graças ao Pai e somos
santificados pelo Espírito Santo é um grande exemplo da dimensão trinitária da
nossa oração. Com Cristo nos oferecemos ao Pai e na força do seu Espírito
suplicamos para sermos perfeitos no amor e assumimos ser fiéis aprendizes e
comunicadores da salvação a todos os povos, nações e culturas.
O
Prefácio da Santíssima Trindade, que é uma síntese breve e precisa da teologia
clássica sobre a Trindade, pode também ajudar a rezar o mistério: “... é nosso
dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo,
Deus eterno e todo-poderoso. Com vosso Filho único e o Espírito Santo sois um
só Deus e um só Senhor. Não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus.
Tudo o que revelastes e nós cremos a respeito de vossa glória, atribuímos
igualmente ao Filho e ao Espírito Santo. E, proclamando que sois o Deus eterno
e verdadeiro, adoramos cada uma das pessoas, na mesma natureza e igual
majestade...”. Porém, o Prefácio VIII, proposto para os domingos do Tempo
Comum, explicita mais a dinâmica salvífica do mistério trinitário: “Na verdade,
é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo
o lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor
nosso. Quisestes reunir de novo, pelo sangue do vosso Filho e pela graça do
Espírito Santo, os filhos dispersos pelo pecado. Vossa Igreja unificada pela
unidade da Trindade é para o mundo o Corpo de Cristo e o Templo do Espírito
Santo, para a glória da vossa sabedoria...”
Com
a bênção da Trindade somos enviados em missão no mundo, como testemunhas da
Páscoa, instrumentos de comunhão.
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Preparar
bem a celebração. A preparação feita por uma equipe que tenha formação
litúrgica adequada pode assegurar uma celebração mais autêntica do mistério
pascal do Senhor, assim como a ligação como os acontecimentos da vida,
inseridos neste mesmo mistério de Cristo (cf. Doc. da CNBB 43, n. 211).
Garantir que o povo de Deus exerça o direito e o dever de participar segundo a
diversidade de ministérios, funções e ofícios de cada pessoa (Doc. da CNBB 43,
n. 212; Sacrosanctum Concilium, n.14).
3.
O sinal-da-cruz é a primeira ação
litúrgica do povo de Deus reunido para celebrar a Eucaristia. A assembléia
litúrgica se constitui em nome da Trindade – Pai e Filho e Espírito Santo.
Torna-se, pois, significativo hoje solenizar esta ação inicial, através do
sinal-da-cruz bem feito e cantado.
4. O
persignar-se (sinal da Cruz) é o que temos de mais antigo da expressão da fé
cristã no mistério da Santíssima Trindade. É a maneira condensada da profissão
da fé e de todo o dinamismo da economia da salvação.
5.
A bênção da água e a aspersão renovando o batismo serão ritos muito
significativos nesta festa. Somos batizados em nome da Santíssima Trindade.
6.
O conjunto dos textos bíblicos merece uma boa preparação por parte dos leitores
e salmista para que sejam proclamados de “coração” e todo o rito da Palavra
simbolize diálogo de Aliança da Trindade com a assembléia celebrante,
sacramento da Páscoa do Senhor, acontecimento de salvação.
7. A homilia
(conversa familiar) interpreta as leituras bíblicas a partir da realidade
atual, tendo o mistério de Cristo como centro do anúncio e fazendo a ligação
com a liturgia eucarística (dimensão mistagógica) e com a vida (compromisso e
missão).
8. Dia 19 é a
Solenidade do Corpo e Sangue de Jesus Cristo.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são da Solenidade da
Santíssima Trindade, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha
dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar
o mistério celebrado.
A equipe de
canto faz parte da assembléia. Não deve ser um grupo que se coloca à frente da
assembléia, como se estivesse apresentando um show. A ação litúrgica se dirige
ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Portanto, a equipe de canto deve se
colocar entre o presbitério e a assembléia e estar voltada para o altar, para a
presidência e para a Mesa da Palavra.
A função da
equipe de canto não é simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da
liturgia deste domingo da Ascensão do Senhor, “cantar a liturgia”, e não “na
liturgia”. Os cantos devem estar em sintonia com o ano litúrgico, com a Palavra
proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que a “equipe de
canto” faz parte da equipe de liturgia.
1. Canto de abertura. Bendito
sejas o Deus Uno e Trino. “Bendito
sejas tu, Senhor...”, CD Festas
Litúrgicas I, melodia da faixa 15. Seu texto explica a comunhão do mistério da
Trindade, que é “comunhão perfeita”.
A função do
canto de abertura, inserido nos ritos iniciais, cumpre antes de tudo o papel de
criar comunhão. Seu mérito é de convocar a assembléia e, pela fusão das vozes,
juntar os corações no encontro com o Ressuscitado, na certeza de que onde dois
ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles (Mateus
18,20). Este canto tem que deixar a assembléia num estado de ânimo apropriado
para a escuta da Palavra de Deus.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse
sentido o CD: Festas Litúrgicas I, oferece um excelente reprtório.
2. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas.” Vejam o CD: Tríduo Pascal I e II e também no CD:
Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico
III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso
e outros compositores.
O Hino de
Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é,
voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho.
O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de
Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo,
exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o
Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou
nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da
assembléia.
3. Salmo responsorial Daniel 3.
É um louvor universal a Deus. Grandeza
de Deus em suas obras. “Ó Senhor,
nosso Deus, como é grande Vosso nome por todo o universo!”, CD: Festas
Litúrgicas I, faixa 17.
O Salmo
responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura. É
uma resposta que damos a Deus. Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e
ele também atualiza e leitura para a comunidade celebrante. Primeira leitura,
Palavra proposta e salmo Palavra resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da
Palavra (Ambão) por ser Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do
salmista.
4. Aclamação ao Evangelho.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito (Apocalipse 1,8). “Glória ao Pai, ao
Filho e ao Espírito Divino...”, CD: Festas Litúrgicas I, melodia da faixa 18. O
canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário
Dominical, página ....
5. Apresentação dos dons. Nossa
unidade na Trindade deve manifestar-se também na partilha. Devemos ser oferenda
com nossas oferendas. O canto de apresentação das oferendas, conforme
orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema
é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em
oração, na Solenidade da Trindade. “Ó Trindade imensa e una”, CD: Festas
Litúrgicas I, melodia faixa 19.
6. Canto de comunhão. O Espírito
de Cristo que clama: Aba, Pai! (Gálatas 4,6). “Deus eterno, a vós louvor...”,
CD: Festas Litúrgicas I, melodia da faixa 20. Outra ótima opção é o canto “Ó
Trindade, vos louvamos, vos louvamos pela vossa comunhão”, Hinário Litúrgico
III da CNBB, pag. 295
O canto de
comunhão deve retomar o sentido do Evangelho do dia. Esta é a sua função
ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na
Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se
dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos
bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a “unidade entre a mesa da Palavra e
a mesa da Eucaristia”. Isto significa que comungar o corpo e sangue de Cristo é
compromisso com o Evangelho proclamado. Portanto, o mesmo Senhor que nos falou
no Evangelho, nós o comungamos no pão e no vinho. É de se lamentar que muitas
vezes são escolhidos cantos individualistas de acordo com a espiritualidade de
certos movimentos, descaracterizando a missionariedade da liturgia. Toda
liturgia é uma celebração da Igreja e não existem ritos para cada movimento e
nem para cada pastoral.
8- O ESPAÇO CELEBRATIVO
1. Preparar o
espaço celebrativo de forma festiva usando a cor branca ou o dourado.
2. Junto à
Mesa da Palavra ou num outro lugar de destaque colocar um “ikebana” ladeado por
três velas unidas entre si pelo pavio gerando uma única chama.
Tradicionalmente, esta tem sido uma bela imagem da Trindade.
3. Onde for
possível, colocar o conhecido ícone da Trindade de Andrey Rublev que é bem
conhecido entre nós e que podemos encontrar nas livrarias. Realçar a dimensão
Trinitária de toda a celebração.
4. O espaço da
celebração deve recordar para nós a Jerusalém celeste. Portanto, o lugar da
celebração deve ser preparado para as núpcias do Cordeiro. Deve ser belo, sem
ser luxuoso; deve ser simples, sem ser desleixado; deve ser aconchegante para
que todos se sintam participantes do banquete. A mesa da Eucaristia é o lugar
de convergência de toda a ação litúrgica. Assim o altar não pode ser
“escondido” por imensas toalhas, arranjos de flores e outros objetos. O altar é
Cristo. É ele o ator principal da liturgia. “As flores, por exemplo, não são
mais importantes que o altar, o ambão e outros lugares simbólicos. Nem a toalha
é mais importante que o altar. Os excessos desvalorizam os sinais principais. A
sobriedade da decoração favorece a concentração no mistério celebrado” (Guia
Litúrgico Pastoral, página 110).
9. AÇÃO RITUAL
Celebramos a
Solenidade da Santíssima Solenidade. Deus Uno, que é comunidade de Três. No
espelho da Liturgia contemplamos a nosso Deus que nos reúne para que, a seu
exemplo e por seu convite, sejamos Nele unidos e manifestemos ao mundo seu amor
realizado em Jesus Cristo.
Enquanto as
pessoas vão chegando canta-se: “Louvarei a Deus, seu nome bendizendo! Louvarei
a Deus, à vida nos conduz”. (Orações e cantos de Taizé, n. 71).
Ritos Iniciais
1. Na
procissão de entrada, convidar para participar pessoas batizadas e crismadas
recentemente na comunidade.
2. Antes do
sinal da cruz acender três velas unidas
entre si pelo pavio, mencionadas acima, formando uma só chama. Depois de
uns instantes de contemplação, o presidente da celebração convida a assembléia
a traçar o sinal da Cruz saudando a Trindade em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo.
3. Fazer com
especial atenção o sinal da cruz e a saudação inicial em nome da Trindade,
aproveitando uma das várias opções cantadas. Outra alternativa é a saudação “f”
(cf. 1Pd 1,1-2) proposta pelo Missal Romano, página 390.
4.
Quando cantamos “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo...” devemos
escolher cantos que respeitem a linguagem teológica e litúrgica. A título de exemplo, comparem os seguintes
textos:
a) Em algumas
celebrações costuma-se cantar: “Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do
Espírito Santo, estamos aqui. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar,
estamos aqui Senhor...”.
b) Em outras
celebrações costuma-se ainda cantar: “Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome
do Espírito Santo. Amém! Todos os meus dias eu vou recomeçar; em nome do Pai,
vou recomeçar em nome do Filho...”. Não tem sentido porque é uma linguagem
explicativa e não contem a densidade do mistério.
c)
Escolher um canto adequado para o sinal-da-cruz inicial. Um canto que reproduza
a fórmula ritual “em nome do pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.” E nunca
em nome do Pai em nome do Filho em nome do Espírito Santo, porque trata-se de um só Deus. Quando
afirmamos em nome do Pai em nome do Filho e em nome do Espírito Santo, podemos
cair no erro de dividir a Trindade. Pior ainda quando faz repetição e
acrescenta: “para louvar e agradecer, bendizer e adorar...” que é uma linguagem
explicativa.
d) Em vez
disso, podemos cantar os versos oficiais que são: “Em nome do Pai, e do Filho e
do Espírito Santo. Amém!”.
5. Temos
muitas músicas para o sinal da cruz e também para a saudação que vem em
seguida, (cf. entre outras, Hinário Litúrgico III, página 17 e também no Missal
Romano, página 1043). Reginaldo Veloso e Irmã Miria Kolling também oferecem
música para o sinal da cruz e também para a saudação.
6. Sei que as
pessoas fazem com a maior boa intenção cantando o sinal da cruz, mas a prática
não está correta do ponto de vista teológico eclesiológico e litúrgico. É
preciso rever sempre nossas práticas litúrgicas para que possamos celebrar com
autenticidade o Mistério Pascal de Cristo. Para isto nossa diocese oferece
muitos cursos de formação.
7. Quem deve
dar início ao sinal da cruz com as palavras cantando ou não “Em nome do Pai, e
do Filho e do Espírito Santo no início da celebração?
8. Compete ao
presidente da celebração (bispo, presbítero, diácono ou leigo/a presidindo a
celebração da Palavra) pronunciar as palavras do sinal do cruz e não a equipe
de canto como muitas vezes acontece. O presidente da celebração se apóia em sua
condição de instrumento, na autoridade recebida contemplando o sacramento da
Ordem e o sacerdócio comum dos fiéis. Ele age em nome do seu Senhor para dar
início à celebração e fazer tudo o que faz.
9. Seria muito
oportuno a saudação inicial de 2Coríntios 13,13, que expressa bem o sentido da
Trindade:
A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor
do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco.
10. O sentido
litúrgico pode ser proposto, através das seguintes palavras, ou outras
semelhantes:
Deus, comunidade de amor, convida-nos, neste
Domingo, a fazer de nossa própria comunidade uma experiência do
amor-comunicação entre as três Pessoas da trindade: Pai, Filho e Espírito
Santo. A partir dessa experiência, somos também enviados, pelo próprio Senhor,
a fazer novos discípulos em nome da Comunidade Divina.
11. No ato
penitencial, realizar a aspersão da assembléia, recordando que somos batizados
em nome da Santíssima Trindade. Outra opção seria fazer esta ação ritual após a
homilia como está mais à frente no Rito da Palavra.
12. Hino de
louvor “Glória a Deus nas alturas” é antiqüíssimo e venerável, com ele a
Igreja, congrega no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus e ao Cordeiro.
Não é permitido substituir o texto desse hino por outro (cf. IGMR n. 53). O CD:
Festas Litúrgicas I propõe, na faixa 2, uma melodia para esse hino que pode ser
cantado de forma bem festivo, solista e assembléia.
13. Na Oração
do Dia, suplicamos ao Pai que sejamos perseverantes na verdadeira fé.
Rito da Palavra
1. Em todo o
rito, a Palavra se conjuga com o silêncio.
Momentos de silêncio após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecem a
atitude de acolhida da Palavra. O silêncio é o momento em que o Espírito Santo
torna fecunda a Palavra no coração da comunidade. Nem tudo cabe em palavras.
2. Dar
destaque maior à proclamação do Evangelho, que hoje pode ser cantado e o livro,
incensado.
3.
A homilia, introduzindo ao mistério celebrado, poderá, após um silêncio orante,
ser concluída com um refrão que ligue a mesa da Palavra com a mesa da
eucaristia. Por exemplo: “Ó Trindade, vos louvamos (...) que esta mesa favoreça
nossa comunicação!” (Hinário Litúrgico III, página 295).
4. Onde for
possível após a homilia todos tocar no ícone da Trindade traçando o sinal da
cruz.
5. Seria muito
oportuno usar na Profissão de fé o Símbolo Niceno-constantinopolitano, que fala
mais sobre a Encarnação do Filho de Deus e Sua divindade: “Creio em um só
Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito do Pai, nascido do Pai antes de todos os
séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado,
não criado, consubstancial ao Pai”, isto é, da mesma substancia do Pai. Por ele
todas as coisas foram feitas... Após a Profissão de fé realizar a aspersão da
assembléia. Nas pequenas comunidades, cada um toca na água e traça o sinal da
cruz. O esquema é este:
- Bênção da
água
- Profissão de
fé
- Aspersão da
assembléia
6. Pode-se
também fazer a aspersão no lugar do ato penitencial.
Rito da Eucarística
1. Na Oração
sobre as Oferendas invocamos o nome de Deus sobre o pão e o vinho, a oferenda
de nós mesmos, com os dons que oferecemos.
2. Quanto ao
prefácio: se não for cantado, quem preside procure proclamá-lo com ênfase, mas
ao mesmo tempo calmamente, de forma serena e orante. Frase por frase. Cada
frase é importante, anunciadora do mistério que hoje celebramos. Basta prestar
bem atenção nelas! A boa proclamação do Prefácio, como abertura solene da
grande oração eucarística (bem proclamada também), tem um profundo sentido
evangelizador, pois, por seu conteúdo e, sobretudo, por ser oração, toca fundo
no coração da assembléia.
3. O Prefácio
é próprio da Solenidade de hoje que evidencia a atribuição da mesma glória às
Três Pessoas Divinas. Outra ótima opção é o Prefácio VIII, proposto para os
domingos do Tempo Comum, explicita mais a dinâmica salvífica do mistério
Trinitário, a Igreja unificada pela unidade da Santíssima Trindade.
4. Proclamar
com vibração a ação de graças (Oração Eucarística). Na Oração Eucarística,
“compete a quem preside, pelo seu tom de voz, pela atitude orante, pelos
gestos, pelo semblante e pela autenticidade, elevar ao Pai o louvor e a
oferenda pascal de todo o povo sacerdotal, por Cristo, no Espírito”. Cantar com
vibração o “Amém” conclusivo da Oração Eucarística. Se for proclamada outra
Oração Eucarística, temos o prefácio próprio: atribuição da mesma glória às
Três Pessoas Divinas.
Ritos Finais
1. A bênção
final, sempre feita em nome da Trindade, poderá ser cantada.
2. As palavras
do rito de envio estejam em consonância com o mistério celebrado: Quem crê no
Filho tem a vida eterna. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Três
realidades distintas: o Pai, fonte inacessível de amor; o Filho, cujo caminho
histórico destrói os ídolos; o Espírito Santo que leva a outros pelo caminho do
Filho. E, no entanto, uma só realidade: Deus ao encontro das pessoas.
É nossa vida
que está em questão ao professarmos a Trindade: ou somos cristãos e seguimos a
Jesus (e isto é viver a vida da trindade), ou não somos cristãos.
Celebremos a festa da Santíssima
Trindade, na unidade e na santidade.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço fraterno a todos
Pe. Benedito Mazeti
Assessor diocesano de Liturgia
Bispado de São José do Rio Preto
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