24 de agosto de 2014
Leituras
Isaias 22,19-23
Salmo 137/138,1-3.6.8
Romanos 11,33-36
Mateus 16,13-20
“TU ÉS O MESSIAS, O FILHO DO DEUS VIVO”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo da
profissão de fé de Pedro. A celebração de hoje nos traz uma pergunta
fundamental. Quem é Jesus Cristo para nós? A resposta de Pedro deve ser também
a nossa resposta cheia de convicção. A reflexão sobre a Palavra de Deus
experimentada nos atos litúrgicos deve nos conduzir à edificação do Reino do
céu. Neste domingo, somos convidados a refletir sobre duas realidades que se
interpenetram: Quem é Cristo para o mundo de hoje e qual o modelo de Igreja que
temos e vivenciamos. Ao longo do evangelho de Mateus, percebemos que Jesus
manifesta o Reino de Deus, por suas palavras e pelas obras que faz.
Hoje também é
o Dia dos Catequistas educadores da fé. Nossos parabéns a todos os nossos
catequistas que ensinam os valores do Reino do céu para crianças, adolescentes
e adultos. Como discípulos missionários são chamados a seguir o Mestre e
apontar o Reino do céu para os catequizandos.
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os
textos
Primeira leitura – Isaias 22,19-23. Isaias
22,19-23 pertence à unidade literária 22,15-25. É muito oportuno estudar o
contexto a unidade literária. Esta profecia consiste em denúncias, ameaças e
promessas dirigidas, como poucas vezes acontece, a indivíduos mencionados pelo
nome a saber: Sobna e Eliaquim. Em 22,15-19 anuncia-se que Sobna será demitido
de um alto cargo na corte real de Jerusalém; nos versículos 20-24 que será substituído
por Eliaquim; no versículo 25 prediz a ruína seja de Eliaquim, seja de Sobna.
Sobna caiu em desgraça por dois motivos: uma política externa errada,
recomendando um pacto com o Egito e a Filistéia contra a Assíria, que em 711
antes de Cristo se apoderou da importante cidade filistéia Asdod, vizinha de Jerusalém; e por causa de
enriquecimento ilícito ou desvio de bens públicos para fins particulares, construindo
para si mesmo um sepulcro suntuoso.
A leitura foi
escolhida por causa dos versículos 21-23 em que se descreve a dignidade de que
Eliaquim será empossado. O profeta atribui a escolha de Eliaquim para
substituir Sobna, ao próprio Deus. Pela boca do profeta Deus fala na primeira
pessoa do singular. Este procedimento não deixa de ser uma intromissão do
profeta na composição do governo do país. Usando de sua autoridade profética
para fins políticos, Isaias se opõe em nome de Deus à manutenção de Sobna no
seu cargo e lança a candidatura de Eliaquim. Propõe Eliaquim como candidato
indicado por de Deus.
A túnica, o
cinto e a chave são as insígnias do cargo de que Eliaquim vai tomar posse. Este
cargo no governo talvez se pode comparar com o ministro do interior. O
versículo 22 é citado no Apocalipse 3,7 e aplicado a Jesus ressuscitado “que
tem a chave de Davi”. No judaísmo não se conhecia semelhante interpretação
direta do Messias de 22,22. Para Isaias a “casa de Davi” era a corte real de
Jerusalém. Para o autor do Apocalipse “a casa de Davi” era a dinastia davídica.
Seu representante máximo é o Messias, no caso de Jesus Cristo (cf. Apocalipse
22,16). A “chave de Davi” é, portanto, de hoje em diante a chave de Cristo. Ele
dispõe dela como filho prometido de Davi. Em outras palavras: Cristo é o Senhor
plenipotenciário do mundo que vem. Ele decide de maneira soberana sobre a graça
e desgraça, sobre quem alcança a salvação eterna e quem permanece excluído
dela.
Conforme
Mateus 16,19 o Cristo faz Pedro compartilhar deste poder plenipotenciário. Na
arte religiosa ocidental é frequente ver a imagem de São Pedro que segura uma
ou duas chaves: é uma referencia muito direta ao Evangelho deste Domingo, no
qual o Apóstolo recebe simbolicamente “as chaves do reino dos céus”, com o
poder de perdoar pecados (cf. Mateus 16,19).
Como mostra o
texto de Isaias, este símbolo tem uma história muito mais antiga e tive na
origem um significado diferente. Recebendo a “chave da casa de Davi” (versículo
22), o novo governador de Jerusalém era investido da autoridade sobre todo o
palácio real e detinha o poder de levar à presença do rei todos os que pediam
audiência. Desempenhava assim uma tarefa importante de mediador entre o povo e
o rei.
Segundo a fé
cristã, o único que possui esse poder sobre a casa de Deus Pai é Jesus. Por
isso, entregando a Pedro as “chaves do reino” e unindo a elas o poder de
perdoar os pecados, o Evangelho mostra que a salvação está confiada à Igreja, a
qual torna possível, com o seu perdão, o acesso a Deus.
Salmo responsorial – 137/138,1-3.6.8. O
Salmo 137/138 é uma ação de graças individual e não individualista. Uma pessoa
(“eu te agradeço”, “eu me prostro”, “quando eu gritei”) passou por maus
momentos, clamou a Deus e foi atendida. Agora agradece, ampliando o círculo de
pessoas ao convidar os reis a participar dessa ação de graças.
O salmista
mostra que a ação de graças pessoal não basta, o convite se estende aos reis da
terra, que escutam a Palavra de Deus. O motivo do canto se torna mais concreto,
e tem um cunho de advertência para os grandes da terra.
O rosto de
Deus neste salmo é muito interessante. Em primeiro lugar as expressões “amor e
fidelidade” (versículo 2b) e “amor para sempre” (versículo 8a). Amor e
fidelidade são as duas garantias oferecidas por Deus ao aliar-se com o seu
povo. Aqui está o rosto de Deus estampado no Salmo: amor e fidelidade.
A mãe de Jesus
reconhece que Deus olha para a sua humilhação, derruba do trono os poderosos e
eleva os humildes (Lucas 1,48.52). O filho dela e Filho de Deus viveu e
conviveu com os humildes, denunciou a arrogância dos soberbos e confiou o Reino
aos pobres (Mateus 4,3; Lucas 6,20). Ele foi o amor fiel de Deus (João 1,117),
conservando a vida das pessoas além das expectativas, como quando ressuscitou
mortos...
A Eucaristia,
isto é, ação de graças sai do coração, e vai se expressando para fora: nas palavras,
no canto, no acompanhamento com instrumentos, no gesto corporal. Assim o culto
é sincero e íntimo. Isto acontece no Templo, símbolo da presença do Senhor,
onde assiste sua corte de “anjos”. Com as palavras do Salmo, demos graças ao
Senhor:
Ó SENHOR,
VOSSA BONDADE É PARA SEMPRE!
COMPLETAI EM
MIM A OBRA COMEÇADA!
Segunda leitura – Romanos 11,33-36. Com
este texto continua a meditação de Paulo sobre o destino de Israel. O Apóstolo
tem grande confiança de que um dia o povo eleito encontrará finalmente o seu
lugar na Igreja; por isso pode terminar a sua reflexão com um hino a Deus,
cheio de gratidão. Acolhe com gratidão o desígnio salvífico do Senhor, diante
do qual não pode deixar de inclinar-se, convidando todos os cristãos a
imitá-lo.
Paulo confessa
toda a sua admiração perante a “sabedoria de Deus” (versículo 23). Um fato
inexplicável, como foi a recusa do Evangelho por parte de Israel, tornou-se
claro ao fazer um ato de confiança no poder divino. Este, de fato, não pode
permitir que o mal aconteça senão em vista da realização de um bem maior. À luz
desta convicção, Paulo compreende que o Senhor concedeu o endurecimento de
Israel como advertência para que os cristãos não caiam no mesmo erro. A
sobrevivência de Israel é um contrapeso providencial à nova tentação de
privilégio, na qual facilmente as novas comunidades cristãs poderiam cair. Um
ecumenismo excessivamente unitário não seria por isso muito desejável. Os
grupos religiosos estarão sempre expostos à tentação de se considerarem únicos,
e por consequência, a exercer uma verdadeira ditadura espiritual sobre outras
consciências humanas.
Evangelho – Mateus 16,13-20. Esta
passagem chamada como a “confissão de Cesaréia”, constitui um dos pontos
centrais do Evangelho de Mateus. Pela primeira vez, Jesus interroga os seus
discípulos a sobre a sua pessoa (Mateus 16,13-19); pela primeira vez nos
versículos que seguem, Jesus anuncia a sua paixão e ressurreição (Mateus
16,21-23); e aos sofrimentos de Cristo são associados os seus seguidores: eles,
por sua vez, terão que carregar a sua cruz (Mateus 16,24-28).
A narração do
Evangelho está construída sobre uma troca de títulos entre Jesus e Pedro. Pedro
confere a Jesus o título de Messias; Jesus responde outorgando ao Apóstolo o
título de Pedro e o poder das chaves. Pedro recusa em ver no Cristo o Servo
Sofredor; Cristo o acusa de ser uma pedra de tropeço.
Para a
pergunta de Jesus: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem”, segue uma
surpreendente variedade de respostas. Nessa variedade transparece as diversas
doutrinas apocalípticas judaicas em destaque na época. Todos esperavam uma
intervenção decisiva de Deus na história, intervenção esta que seria, a um
tempo, juízo e salvação. Esta expectativa se voltava para o passado e para o
futuro; as figuras do passado seriam a garantia da salvação esperada. Não que
seria uma mentalidade de reencarnação, mas o Messias viria com a mesma força de
Elias, de Jeremias e dos profetas.
O texto de
Mateus contém três categorias de respostas. Alguns se perguntavam, a exemplo de
Herodes, se Jesus não seria o Batista ressuscitado (Mateus 14,2); outros o
consideravam como Elias, isto é, uma das figuras clássicas da apocalíptica
judaica (Mateus 17,3; 17,9-13); outros enfim viam Nele um dos grandes profetas.
Mateus menciona aqui Jeremias, o homem das dores. Isto seria devido à mistura
de poder e sofrimento já percebido na vida terrestre de Cristo?
Jesus não
comenta as opiniões que circulavam entre o povo a seu respeito. Introduz
diretamente a pergunta: “E vós que dizeis que eu sou?” A resposta de Pedro: “Tu
és o Messias o Filho do Deus vivo” é essencialmente messiânica, isto, constitui
uma afirmação da missão histórica de Jesus em relação ao povo eleito. A
resposta de Pedro corrige a imagem distorcida que circulava na sociedade judaica
a respeito de Jesus. Para Pedro, Jesus é o Emanuel, o salvador, o realizador
das expectativas messiânicas. Sua missão é conservar, apesar dos conflitos, a
convicção de que o poder da morte não vai vencer o projeto de Deus.
Jesus e seus
discípulos estão em Cesaréia de Filipe, cidade construída junto às margens do
rio Jordão, região periférica habitada por pagãos. Longe de Jerusalém, o centro
do poder político, econômico e ideológico, os discípulos são estimulados a dar
uma resposta plena de quem é Jesus.
Circulava uma
imagem distorcida de Jesus, exatamente por causa de sua humanidade. Ele se
apresenta com a expressão semita “Filho do Homem”, título que o situa no chão
da vida de todos os mortais: Ele é carne e osso como qualquer um de nós. Viveu
em tudo a condição humana, menos o pecado. Alguns identificavam essa expressão
com a palavra de Ezequiel: o homem que sou, o humano (cf. Ezequiel 2,1.3).
Vendo Jesus tão humano, as pessoas têm dificuldade de aceitar sua messianidade.
Jesus
interpela diretamente os discípulos que haviam visto sua luta para implantar a
justiça do Reino: “Para vocês, quem sou eu?” Pedro responde que Ele é o
Messias, o Filho do Deus vivo. Jesus é a realização das expectativas
messiânicas, o portador da justiça que cria sociedade e história novas.
Ao confessar
que Jesus é o Messias, Filho de Deus, Pedro é elogiado e recebe a
responsabilidade de confirmar os irmãos na fé: “Feliz és tu, porque recebeste
uma revelação especial de Deus Pai!”.
Simão, filho
de João, passa a ser Pedro – no grego, pétros,
palavra que designa uma pedra ou pedregulho que se pode pegar e lançar; pétra representa uma rocha onde se
assenta qualquer edifício. Jesus é o fundamento do edifício da comunidade que
vem em seguimento à comunidade sagrada qahalYhwh ou qahal Yisrael (cf.
Deuteronômio 23,2; 1Reis 8,22).
Simão terá uma
missão especial na nova comunidade por adesão a Cristo, não como pétra, mas como pétros na mão do Senhor, único capaz de lançar a trajetória da
comunidade.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Este diálogo
de Jesus com os discípulos se situa num momento difícil do seu caminho e é um
convite aos discípulos para fazerem uma avaliação da sua vida e da missão. A
resposta dos discípulos revela que o povo não compreende a proposta de Jesus.
Pedro compreendeu que Jesus não cabe nas categorias que se aplicam a João
Batista ou aos profetas antigos. Aplicando-Lhe o título de Messias, Pedro
confessa que vê em Jesus não apenas uma revelação provisória , mas definitiva e
total de Deus.
Esta profissão
de fé é uma bem-aventurança: “Feliz és tu, Simão filho de Jonas, porque não foi
um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu”. Ao mesmo
tempo, não é obra humana, mas ação de graça: foi o Pai quem revelou. A pedra da
Igreja é o Cristo. Mas Simão, que quer dizer “ouvinte” e “obediente”, vai se
chamar “Pedro”, para ser apoio, a pedra que deve dar segurança, alguém que
constrói a sua casa sobre a rocha (pétra) que é Cristo. É sobre essa pedra da
fé de Pedro que a Igreja existe.
Esta palavra
vem chamar a nossa atenção para o ministério daqueles que têm por missão
coordenar e garantir a unidade da Igreja: papa, bispos, presbíteros, diáconos
ou coordenadores e coordenadoras leigos(as) que animam comunidades. De todos
eles se requer uma vivência profunda da fé, que se expresse na capacidade de
guiar cada pessoa e a comunidade na busca de Deus e no seguimento de Jesus.
Enfim que, como autoridade espiritual, guias de comunidades, procedam como
Jesus nesta passagem, dialogando com a comunidade no nível profundo das
motivações da fé.
Na divina
liturgia, este diálogo de Jesus com a sua comunidade é continuado. A celebração
litúrgica é toda ela estruturada como um grande diálogo, onde Deus fala e a
comunidade responde, e vice-versa. A pergunta, vocês quem sou eu? nos é
dirigida pelo Senhor em cada celebração. E em cada celebração damos e
encontramos a resposta. Ali reconhecemos e afirmamos Cristo como o Filho de
Deus, aquele que o mundo esperava como libertador e salvador. Nela, nós O
acolhamos como pão vivo descido do céu para saciar nossa fome de justiça e O
colocamos como centro de nossas vidas.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
Pela fé nos entregamos a Deus
A comunidade,
representada na figura oscilante de Pedro, é capaz de captar a revelação de
Deus, mesmo que tudo ainda não se faça claro, em meio à caminhada. Por
primeiro, Deus quis que esta revelação fosse possível: Ele cria e dá condições
ao ser humano de compreendê-lo. Por isso “manifesta-se e comunica-se a si mesmo
e os decretos eternos de Sua vontade acerca da salvação dos homens” (Dei
Verbum, nº 6). Em Jesus Cristo, Deus não apenas comunicou informações; comunicou-se
a si mesmo. A resposta pessoal à comunicação que Deus faz de si mesmo e de sua
vontade, chamase fé. “Pela fé, o homem livremente se entrega todo a Deus,
prestando ‘ao Deus revelador o obséquio pleno do seu intelecto e da sua
vontade’, e dando voluntário assentimento à revelação feita por Ele” (Dei
Verbum, nº 5). Portanto, a afirmação de Pedro não é mérito, mas um dom de Deus:
“Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te
revelou isso, mas o meu Pai que está no céu” (Evangelho, v. 17). Pedro quis
permanecer próximo a Jesus. Ele representa, nesse texto, a categoria dos
“pobres”, dos “simples”, dos abertos à novidade de Deus, que têm um coração
disponível para acolher os dons e as propostas divinos.
Autoridade é serviço
Jesus dá a
Pedro o poder de atar e desatar. A expressão “atar e desatar” designava, na
cultura judaica, o poder para interpretar a Lei com autoridade, para declarar o
que era ou não permitido, para excluir ou reintroduzir alguém na comunidade do
Povo de Deus. Assim, Jesus concede a Pedro a autoridade para “administrar” e
supervisionar a Igreja. Pedro recebe a autoridade para interpretar as palavras
de Jesus, para adaptar os ensinamentos de Jesus às novas necessidades e
situações, e para acolher ou não os novos membros na comunidade dos discípulos
do Reino. Mas, em meio a isso, uma questão salta aos olhos: a da tentação do
poder. A autoridade conferida a Pedro e, por isso, à comunidade, é a autoridade
do serviço, tal como a vida inteira de Jesus nos ensina. Por isso o cristão
precisa trilhar o mesmo caminho de seu Mestre e Senhor. A responsabilidade
assumida por Pedro, nesse caso, diz respeito à vocação de todo cristão. O mês
vocacional quer nos chamar à reflexão para a importância de nossa vocação, a
fim de que possamos descobrir o nosso papel e o nosso compromisso com a Igreja
e como Igreja. Ser um vocacionado para a santidade, fazendo a experiência de
ser Igreja nas diversas dimensões de nossa vida. E é o Espírito de Jesus que
nos anima nessa missão. É ele quem nos congrega como Igreja, a fim de que
tenhamos um único desejo: amar o que o Senhor nos ordena e esperar pelo que nos
promete. Só assim conseguiremos fixar “nossos corações onde se encontram as
verdadeiras alegrias”, mesmo em meio à instabilidade deste mundo (Oração do
dia).
6- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
É muito bom
louvar a Deus hoje pela confissão de Pedro, diante do Senhor e dos Apóstolos,
de ajudar as pessoas a entender o projeto de Jesus Cristo confiado a Pedro e a
todos nós. Como Pedro devemos corrigir as distorções a respeito de Jesus
Cristo.
Nesta
celebração de hoje, na Oração Eucarística, vamos dar graças ao Pai pelo
banquete que o Filho, o Cordeiro Imolado nos oferece gratuitamente. Vamos
repartir entre nós o Pão Consagrado, o Pão partido para um mundo melhor,
memória viva do Corpo do Senhor. Que esta comunhão firme nossa amizade com Ele
e com todas as pessoas e criaturas do universo e nos fortaleça na busca de Seu
reino de paz e de justiça.
A Igreja é
chamada a prestar menor atenção aos “muitos”, que já estão ou não estão
presentes, e uma atenção maior a “todos”, vivam eles perto ou longe, que são
chamados para o banquete do Reino do céu.
7. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Acolher de
maneira fraterna as pessoas que vão chegando para a celebração.
2. Dia 27 de
agosto, celebramos a memória de santa Mônica, exemplo de mãe, que, com muita
fé, orou durante trinta anos pela conversão do filho, Santo Agostinho.
3. Dia 28 de
agosto, celebramos a memória de Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja.
Agostinho converte-se ao Cristianismo graças às pregações de Santo Ambrósio de
Milão, após uma juventude conturbada deixando numerosos e significativos
escritos para a fé católica.
4. Dia 29 de
agosto, a Igreja faz memória do martírio de São João Batista. Precursor de
Jesus, anunciou sua vinda e foi martirizado por denúncias que desagradaram o
rei Herodes, sua amante Herodiades, sua filha e outros poderosos.
8- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo do Tempo
Comum, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não
basta só saber que os cantos são do 21º Domingo do Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude
espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade
tenha o direito de cantar o mistério celebrado. Jamais os cantos devem
ser escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um movimento ou de uma
pastoral. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja
corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.
Dar uma
passada nos cantos (refrão e uma estrofe), seguido de um momento de silêncio e
oração pessoal, ajuda a criar um clima alegre e orante para a celebração. É
fundamental uns momentos de silêncio antes da celebração. O repertório bem
ensaiado previamente e com o povo, minutos antes da celebração, irá colaborar
para a participação de todos.
1. Canto de abertura. Prece
confiante a Deus (Salmo 85/86,1-3). “Vem escutar-me, ó Senhor!”, CD: Liturgia VII, mesma melodia da faixa1.
Como Igreja
peregrina, somos chamados a praticar a justiça do Reino dos céus. Nessa
perspectiva, a Igreja oferece outra opção para o canto de abertura. “Vimos
aqui, ó Senhor, pra cantar tua bondade,”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão,
melodia da faixa 7.
2. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo
Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas I.
O Hino de
Louvor é chamado de “doxologia maior” em contraposição com a “doxologia menor”
que é o “Glória ao Pai...”. Trata-se de um hino antiqüíssimo, iniciando com o
louvor dos anjos na noite do Natal do Senhor (Lucas 2,14), desenvolveu-se
antigamente no Oriente, como homenagem a Jesus Cristo. Não constitui uma aclamação
à Santíssima Trindade, mas um hino Cristológico, isto é, os louvores se
concentram no Filho Jesus. É um hino pelo qual, a Igreja reunida no Espírito
Santo entoa louvores ao Pai e dirige súplicas ao Filho, Cordeiro e Mediador.
3. Salmo responsorial 137/138. Deus
é fiel para sempre. “Ó Senhor, vossa bondade é para sempre! Completai em mim a
obra começada”, CD: Liturgia VII, melodia igual a faixa 2.
Para que
cumpra sua função litúrgica, não pode ser reduzido a simples leitura. É parte
constitutiva da liturgia da Palavra e tem exigências musicais, litúrgicas e
pastorais.
4. Aclamação ao Evangelho. “Tu
és Pedro (Mateus 16,18). “Aleluia... Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei
a minha Igreja”, CD: Liturgia VII, música igual 6. O canto de aclamação ao evangelho
acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.
Esta aclamação
é quase sempre “AELUIA” (menos nas missas da Quaresma por seu um tempo
penitencial). É uma aclamação pascal a Cristo que é o Verbo de Deus. É um
vibrante viva Deus. Os versos que acompanham o refrão devem ser tirados do
Lecionário.
5. Apresentação dos dons. Momento de partilha para com as necessidades
do culto e da Igreja. Devemos ser oferendas com as nossas oferendas para
socorrer os necessitados. “A mesa santa que preparamos”, CD: Liturgia VI,
melodia da faixa 23.
6. Canto de comunhão. Neste
Domingo um canto que ajudará a assembleia perceber que a dinâmica do Reino do
céu, por mais que desponte em nossa história, sempre aponta para uma promessa.
Assim, percebemos que devemos esperar pelas verdadeiras alegrias. Jesus Cristo,
esperança do mundo: “Um pouco além do presente, alegre, o futuro anuncia”, CD:
Cantos de Abertura e Comunhão, música da faixa 5.
O canto de
comunhão deve retomar o sentido do Evangelho do dia. Esta é a sua função
ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na
Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se
dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos
bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade
entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia.
9- ESPAÇO CELEBRATIVO
1. A mesa da
Palavra receba também destaque semelhante à mesa eucarística: toalhas, cor
litúrgica (verde). Os enfeites não podem ofuscar as duas mesas principais: mesa
da Palavra e o Altar.
2. O Altar,
portanto, não é em absoluto um móvel, mas sim, um símbolo. E por ser símbolo,
deve ocupar um espaço que lhe seja próprio, ou seja, que nenhum outro objeto
esteja muito próximo do Altar, diminuindo sua importância. Assim, evitem-se
pedestais com flores e grandes arranjos muito próximos do Altar, que podem ser
obstáculos à visibilidade e distrair a atenção dos símbolos do pão e do vinho
que estão sobre ele. Convém lembrar que as flores devem destacar o Altar e não
encobri-lo. Mesmo as velas, preferentemente o Círio Pascal, símbolo da luz do
Cristo ressuscitado, devem estar em pedestais separados do Altar.
3. Desde modo,
durante todo o tempo da Liturgia da Palavra, o Altar permanece sem nada em
cima: nem livros, microfones ou galhetas. O Altar recebe o livro (missal) e os
vasos sagrados, o pão e o vinho, que são trazidos na procissão das oferendas,
para serem apresentados pelo presidente da celebração (cf. IGMR, n. 100).
10. AÇÃO RITUAL
A equipe de
acolhida, incluindo quem preside, recebe as pessoas que vão chegando de maneira
afetuosa, saudando-as cordialmente.
Valorizar a
presença e a participação dos(as) catequistas nos vários momentos da
celebração, sobretudo na liturgia da Palavra.
Ritos Iniciais
1. A celebração
tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto de abertura
começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a assembléia no
Mistério celebrado.
2. O sentido
litúrgico, após a saudação do presidente, pode ser feito por quem preside, pelo
diácono ou um ministro devidamente preparado com palavras semelhantes às que
seguem:
Domingo da profissão de fé de Pedro.
Contemplando a presença do Senhor ressuscitado em nossa caminhada, renovamos a
nossa profissão de fé e recordamos o sentido da nossa missão. Celebremos a
Páscoa de Jesus Cristo que se manifestas em todas as pessoas e grupos que
confessam sua fé profunda em Jesus e se tornam testemunhas do Reino.
3. Em seguida
fazer a “recordação da vida” trazendo os fatos que são as manifestações da
Páscoa do Senhor na vida da comunidade, do país e do mundo, mas de forma orante
e não como noticiário. Deve ter presente
a realidade dos(das) catequistas.
4. Sugerimos
que a motivação para o Ato Penitencial seja a fórmula I da página 390 do Missal
Romano levando em conta que somente Cristo tem palavras de vida eterna.
O Senhor Jesus, que nos convida à mesa da
Palavra e da Eucaristia, nos chama à conversão.
5. Após uns
momentos de silêncio rezar ou cantar o Ato Penitencial da formula 5, para os
domingos do Tempo Comum na página 394 do Missal Romano, que destaca Cristo como
plenitude da verdade e da graça.
- Senhor, que sois a plenitude
da verdade e da graça, tende piedade de nós.
- Cristo, que vos tornastes
pobre para nos enriquecer, tende piedade de nós.
- Senhor, que viestes para
fazer de nós o vosso povo santo, tende piedade de nós.
6. Cada
Domingo do Tempo Comum é Páscoa semanal. Cantar de maneira festiva o Hino de
louvor (glória).
7. A Oração do
Dia deste Domingo apresenta bem a questão principal da liturgia, quando nos
conclama a reconhecer onde encontrar a “verdadeira alegria”, ou seja, onde
encontrar nosso terreno sólido, nossa segurança e salvação.
Rito da Palavra
1. Os leitores
devem ser bem preparados para a proclamação das leituras. Seria uma boa ocasião
de ter os catequistas como leitores, nessa celebração.
2. A homilia
ter um tom de conversa familiar a que ela se propõe. Sejam evitados tons
moralistas.
3. No momento
da Profissão de Fé, o grupo de catequistas renove juntamente com toda a
comunidade o seu compromisso na tarefa evangelizadora. Fazer a Profissão de Fé diante
da Bíblia ou do Evangeliário abertos com velas acesas.
Rito da Eucaristia
1. Valorizar
nesse dia a procissão das oferendas levadas pelos próprios fiéis, pois “embora
os fiéis já não tragam de casa, como outrora, o pão e o vinho destinados à
liturgia, o rito de levá-los ao altar conserva a mesma força e significado
espiritual” (IGMR, nº 73).
2. Neste
domingo por ser Dia do Catequista, convidar os catequistas para levar o pão e o
vinho até o Altar.
3. Na Oração
sobre o pão e o vinho destaca que o sacrifício de Cristo através da Cruz,
trouxe paz e unidade para o povo. Igreja povo conquistado por Deus.
4. Se for
escolhida as Orações Eucarísticas I, II e III, quer admitem troca de Prefácio,
sugerimos o Prefácio para os Domingos do Tempo Comum VI, o qual destaca
“conquistar um povo santo”. Muito oportuno também é o Prefácio dos Apóstolos
II: “Igreja construída sobre o alicerce dos Apóstolos”.
5. A comunhão em duas espécies manifestará o caráter
de banquete escatológico do Reino (Lucas 13,29-30). Também De acordo com as
orientações em vigor, a comunhão pode ser sob as duas espécies para toda a
assembléia. “A comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando
sob as duas espécies. Sob essa forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do
banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de
realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação
entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico no Reino do Pai” (IGMR,
nº 240). Quando bem orientada, a comunidade aprende fácil esse rito
que é resposta obediente ao mandamento do Senhor “tomai e bebei”.
Ritos Finais
1. A Oração
depois da comunhão destaca que a Eucaristia como sacramento do amor, nos
transforma para agradar a Deus
2. Os avisos
da comunidade devem reforçar a importância da missão cristã no mundo, como
anúncio do amor e da salvação, que se revelam de forma mais plena no testemunho
de vida de todos os homens e mulheres de fé comprometida.
3. É importante valorizar os
formulários propostos no Missal Romano, para os diversos momentos da
celebração, escolhendo-os de acordo com o Mistério celebrado de cada Domingo.
Assim, recomendamos a bênção final IV do Tempo Comum para que possam viver
praticando o bem e chegar à vida eterna.
4. As palavras
do rito de envio devem estar em consonância com o mistério celebrado: “Buscai
em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça”. Ide em paz e o Senhor vos
acompanhe!
11- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os povos e a s
nações, os cristãos e os não-cristãos precisam estar atentos. Os que fazem a
vontade de Deus estão plena ou implicitamente no Reino. Importa que essa
resposta seja a mais clara possível. Os últimos serão os primeiros e os
primeiros serão os últimos.
Celebremos a
Páscoa semanal do Senhor valorizando os que assumem a sua missão em nossa
diocese e no mundo inteiro, levando Jesus Cristo o “Santo de Deus” para a
salvação de todos.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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