sábado, 23 de agosto de 2014

21º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A

24 de agosto de 2014

Leituras

         Isaias 22,19-23
         Salmo 137/138,1-3.6.8
         Romanos 11,33-36
         Mateus 16,13-20


“TU ÉS O MESSIAS, O FILHO DO DEUS VIVO”


1- PONTO DE PARTIDA

Domingo da profissão de fé de Pedro. A celebração de hoje nos traz uma pergunta fundamental. Quem é Jesus Cristo para nós? A resposta de Pedro deve ser também a nossa resposta cheia de convicção. A reflexão sobre a Palavra de Deus experimentada nos atos litúrgicos deve nos conduzir à edificação do Reino do céu. Neste domingo, somos convidados a refletir sobre duas realidades que se interpenetram: Quem é Cristo para o mundo de hoje e qual o modelo de Igreja que temos e vivenciamos. Ao longo do evangelho de Mateus, percebemos que Jesus manifesta o Reino de Deus, por suas palavras e pelas obras que faz.

Hoje também é o Dia dos Catequistas educadores da fé. Nossos parabéns a todos os nossos catequistas que ensinam os valores do Reino do céu para crianças, adolescentes e adultos. Como discípulos missionários são chamados a seguir o Mestre e apontar o Reino do céu para os catequizandos.

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

Primeira leitura – Isaias 22,19-23. Isaias 22,19-23 pertence à unidade literária 22,15-25. É muito oportuno estudar o contexto a unidade literária. Esta profecia consiste em denúncias, ameaças e promessas dirigidas, como poucas vezes acontece, a indivíduos mencionados pelo nome a saber: Sobna e Eliaquim. Em 22,15-19 anuncia-se que Sobna será demitido de um alto cargo na corte real de Jerusalém; nos versículos 20-24 que será substituído por Eliaquim; no versículo 25 prediz a ruína seja de Eliaquim, seja de Sobna. Sobna caiu em desgraça por dois motivos: uma política externa errada, recomendando um pacto com o Egito e a Filistéia contra a Assíria, que em 711 antes de Cristo se apoderou da importante cidade filistéia  Asdod, vizinha de Jerusalém; e por causa de enriquecimento ilícito ou desvio de bens públicos para fins particulares, construindo para si mesmo um sepulcro suntuoso.

A leitura foi escolhida por causa dos versículos 21-23 em que se descreve a dignidade de que Eliaquim será empossado. O profeta atribui a escolha de Eliaquim para substituir Sobna, ao próprio Deus. Pela boca do profeta Deus fala na primeira pessoa do singular. Este procedimento não deixa de ser uma intromissão do profeta na composição do governo do país. Usando de sua autoridade profética para fins políticos, Isaias se opõe em nome de Deus à manutenção de Sobna no seu cargo e lança a candidatura de Eliaquim. Propõe Eliaquim como candidato indicado por de Deus.

A túnica, o cinto e a chave são as insígnias do cargo de que Eliaquim vai tomar posse. Este cargo no governo talvez se pode comparar com o ministro do interior. O versículo 22 é citado no Apocalipse 3,7 e aplicado a Jesus ressuscitado “que tem a chave de Davi”. No judaísmo não se conhecia semelhante interpretação direta do Messias de 22,22. Para Isaias a “casa de Davi” era a corte real de Jerusalém. Para o autor do Apocalipse “a casa de Davi” era a dinastia davídica. Seu representante máximo é o Messias, no caso de Jesus Cristo (cf. Apocalipse 22,16). A “chave de Davi” é, portanto, de hoje em diante a chave de Cristo. Ele dispõe dela como filho prometido de Davi. Em outras palavras: Cristo é o Senhor plenipotenciário do mundo que vem. Ele decide de maneira soberana sobre a graça e desgraça, sobre quem alcança a salvação eterna e quem permanece excluído dela.

Conforme Mateus 16,19 o Cristo faz Pedro compartilhar deste poder plenipotenciário. Na arte religiosa ocidental é frequente ver a imagem de São Pedro que segura uma ou duas chaves: é uma referencia muito direta ao Evangelho deste Domingo, no qual o Apóstolo recebe simbolicamente “as chaves do reino dos céus”, com o poder de perdoar pecados (cf. Mateus 16,19).

Como mostra o texto de Isaias, este símbolo tem uma história muito mais antiga e tive na origem um significado diferente. Recebendo a “chave da casa de Davi” (versículo 22), o novo governador de Jerusalém era investido da autoridade sobre todo o palácio real e detinha o poder de levar à presença do rei todos os que pediam audiência. Desempenhava assim uma tarefa importante de mediador entre o povo e o rei.

Segundo a fé cristã, o único que possui esse poder sobre a casa de Deus Pai é Jesus. Por isso, entregando a Pedro as “chaves do reino” e unindo a elas o poder de perdoar os pecados, o Evangelho mostra que a salvação está confiada à Igreja, a qual torna possível, com o seu perdão, o acesso a Deus.

Salmo responsorial – 137/138,1-3.6.8. O Salmo 137/138 é uma ação de graças individual e não individualista. Uma pessoa (“eu te agradeço”, “eu me prostro”, “quando eu gritei”) passou por maus momentos, clamou a Deus e foi atendida. Agora agradece, ampliando o círculo de pessoas ao convidar os reis a participar dessa ação de graças.

O salmista mostra que a ação de graças pessoal não basta, o convite se estende aos reis da terra, que escutam a Palavra de Deus. O motivo do canto se torna mais concreto, e tem um cunho de advertência para os grandes da terra.

O rosto de Deus neste salmo é muito interessante. Em primeiro lugar as expressões “amor e fidelidade” (versículo 2b) e “amor para sempre” (versículo 8a). Amor e fidelidade são as duas garantias oferecidas por Deus ao aliar-se com o seu povo. Aqui está o rosto de Deus estampado no Salmo: amor e fidelidade.

A mãe de Jesus reconhece que Deus olha para a sua humilhação, derruba do trono os poderosos e eleva os humildes (Lucas 1,48.52). O filho dela e Filho de Deus viveu e conviveu com os humildes, denunciou a arrogância dos soberbos e confiou o Reino aos pobres (Mateus 4,3; Lucas 6,20). Ele foi o amor fiel de Deus (João 1,117), conservando a vida das pessoas além das expectativas, como quando ressuscitou mortos...

A Eucaristia, isto é, ação de graças sai do coração, e vai se expressando para fora: nas palavras, no canto, no acompanhamento com instrumentos, no gesto corporal. Assim o culto é sincero e íntimo. Isto acontece no Templo, símbolo da presença do Senhor, onde assiste sua corte de “anjos”. Com as palavras do Salmo, demos graças ao Senhor:

Ó SENHOR, VOSSA BONDADE É PARA SEMPRE!
COMPLETAI EM MIM A OBRA COMEÇADA!

Segunda leitura – Romanos 11,33-36. Com este texto continua a meditação de Paulo sobre o destino de Israel. O Apóstolo tem grande confiança de que um dia o povo eleito encontrará finalmente o seu lugar na Igreja; por isso pode terminar a sua reflexão com um hino a Deus, cheio de gratidão. Acolhe com gratidão o desígnio salvífico do Senhor, diante do qual não pode deixar de inclinar-se, convidando todos os cristãos a imitá-lo.

Paulo confessa toda a sua admiração perante a “sabedoria de Deus” (versículo 23). Um fato inexplicável, como foi a recusa do Evangelho por parte de Israel, tornou-se claro ao fazer um ato de confiança no poder divino. Este, de fato, não pode permitir que o mal aconteça senão em vista da realização de um bem maior. À luz desta convicção, Paulo compreende que o Senhor concedeu o endurecimento de Israel como advertência para que os cristãos não caiam no mesmo erro. A sobrevivência de Israel é um contrapeso providencial à nova tentação de privilégio, na qual facilmente as novas comunidades cristãs poderiam cair. Um ecumenismo excessivamente unitário não seria por isso muito desejável. Os grupos religiosos estarão sempre expostos à tentação de se considerarem únicos, e por consequência, a exercer uma verdadeira ditadura espiritual sobre outras consciências humanas.

Evangelho – Mateus 16,13-20. Esta passagem chamada como a “confissão de Cesaréia”, constitui um dos pontos centrais do Evangelho de Mateus. Pela primeira vez, Jesus interroga os seus discípulos a sobre a sua pessoa (Mateus 16,13-19); pela primeira vez nos versículos que seguem, Jesus anuncia a sua paixão e ressurreição (Mateus 16,21-23); e aos sofrimentos de Cristo são associados os seus seguidores: eles, por sua vez, terão que carregar a sua cruz (Mateus 16,24-28).

A narração do Evangelho está construída sobre uma troca de títulos entre Jesus e Pedro. Pedro confere a Jesus o título de Messias; Jesus responde outorgando ao Apóstolo o título de Pedro e o poder das chaves. Pedro recusa em ver no Cristo o Servo Sofredor; Cristo o acusa de ser uma pedra de tropeço.

Para a pergunta de Jesus: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem”, segue uma surpreendente variedade de respostas. Nessa variedade transparece as diversas doutrinas apocalípticas judaicas em destaque na época. Todos esperavam uma intervenção decisiva de Deus na história, intervenção esta que seria, a um tempo, juízo e salvação. Esta expectativa se voltava para o passado e para o futuro; as figuras do passado seriam a garantia da salvação esperada. Não que seria uma mentalidade de reencarnação, mas o Messias viria com a mesma força de Elias, de Jeremias e dos profetas.

O texto de Mateus contém três categorias de respostas. Alguns se perguntavam, a exemplo de Herodes, se Jesus não seria o Batista ressuscitado (Mateus 14,2); outros o consideravam como Elias, isto é, uma das figuras clássicas da apocalíptica judaica (Mateus 17,3; 17,9-13); outros enfim viam Nele um dos grandes profetas. Mateus menciona aqui Jeremias, o homem das dores. Isto seria devido à mistura de poder e sofrimento já percebido na vida terrestre de Cristo?

Jesus não comenta as opiniões que circulavam entre o povo a seu respeito. Introduz diretamente a pergunta: “E vós que dizeis que eu sou?” A resposta de Pedro: “Tu és o Messias o Filho do Deus vivo” é essencialmente messiânica, isto, constitui uma afirmação da missão histórica de Jesus em relação ao povo eleito. A resposta de Pedro corrige a imagem distorcida que circulava na sociedade judaica a respeito de Jesus. Para Pedro, Jesus é o Emanuel, o salvador, o realizador das expectativas messiânicas. Sua missão é conservar, apesar dos conflitos, a convicção de que o poder da morte não vai vencer o projeto de Deus.

Jesus e seus discípulos estão em Cesaréia de Filipe, cidade construída junto às margens do rio Jordão, região periférica habitada por pagãos. Longe de Jerusalém, o centro do poder político, econômico e ideológico, os discípulos são estimulados a dar uma resposta plena de quem é Jesus.

Circulava uma imagem distorcida de Jesus, exatamente por causa de sua humanidade. Ele se apresenta com a expressão semita “Filho do Homem”, título que o situa no chão da vida de todos os mortais: Ele é carne e osso como qualquer um de nós. Viveu em tudo a condição humana, menos o pecado. Alguns identificavam essa expressão com a palavra de Ezequiel: o homem que sou, o humano (cf. Ezequiel 2,1.3). Vendo Jesus tão humano, as pessoas têm dificuldade de aceitar sua messianidade.

Jesus interpela diretamente os discípulos que haviam visto sua luta para implantar a justiça do Reino: “Para vocês, quem sou eu?” Pedro responde que Ele é o Messias, o Filho do Deus vivo. Jesus é a realização das expectativas messiânicas, o portador da justiça que cria sociedade e história novas.

Ao confessar que Jesus é o Messias, Filho de Deus, Pedro é elogiado e recebe a responsabilidade de confirmar os irmãos na fé: “Feliz és tu, porque recebeste uma revelação especial de Deus Pai!”.

Simão, filho de João, passa a ser Pedro – no grego, pétros, palavra que designa uma pedra ou pedregulho que se pode pegar e lançar; pétra representa uma rocha onde se assenta qualquer edifício. Jesus é o fundamento do edifício da comunidade que vem em seguimento à comunidade sagrada qahalYhwh ou qahal Yisrael (cf. Deuteronômio 23,2; 1Reis 8,22).

Simão terá uma missão especial na nova comunidade por adesão a Cristo, não como pétra, mas como pétros na mão do Senhor, único capaz de lançar a trajetória da comunidade.

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

Este diálogo de Jesus com os discípulos se situa num momento difícil do seu caminho e é um convite aos discípulos para fazerem uma avaliação da sua vida e da missão. A resposta dos discípulos revela que o povo não compreende a proposta de Jesus. Pedro compreendeu que Jesus não cabe nas categorias que se aplicam a João Batista ou aos profetas antigos. Aplicando-Lhe o título de Messias, Pedro confessa que vê em Jesus não apenas uma revelação provisória , mas definitiva e total de Deus.

Esta profissão de fé é uma bem-aventurança: “Feliz és tu, Simão filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu”. Ao mesmo tempo, não é obra humana, mas ação de graça: foi o Pai quem revelou. A pedra da Igreja é o Cristo. Mas Simão, que quer dizer “ouvinte” e “obediente”, vai se chamar “Pedro”, para ser apoio, a pedra que deve dar segurança, alguém que constrói a sua casa sobre a rocha (pétra) que é Cristo. É sobre essa pedra da fé de Pedro que a Igreja existe.

Esta palavra vem chamar a nossa atenção para o ministério daqueles que têm por missão coordenar e garantir a unidade da Igreja: papa, bispos, presbíteros, diáconos ou coordenadores e coordenadoras leigos(as) que animam comunidades. De todos eles se requer uma vivência profunda da fé, que se expresse na capacidade de guiar cada pessoa e a comunidade na busca de Deus e no seguimento de Jesus. Enfim que, como autoridade espiritual, guias de comunidades, procedam como Jesus nesta passagem, dialogando com a comunidade no nível profundo das motivações da fé.

Na divina liturgia, este diálogo de Jesus com a sua comunidade é continuado. A celebração litúrgica é toda ela estruturada como um grande diálogo, onde Deus fala e a comunidade responde, e vice-versa. A pergunta, vocês quem sou eu? nos é dirigida pelo Senhor em cada celebração. E em cada celebração damos e encontramos a resposta. Ali reconhecemos e afirmamos Cristo como o Filho de Deus, aquele que o mundo esperava como libertador e salvador. Nela, nós O acolhamos como pão vivo descido do céu para saciar nossa fome de justiça e O colocamos como centro de nossas vidas.

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

Pela fé nos entregamos a Deus

A comunidade, representada na figura oscilante de Pedro, é capaz de captar a revelação de Deus, mesmo que tudo ainda não se faça claro, em meio à caminhada. Por primeiro, Deus quis que esta revelação fosse possível: Ele cria e dá condições ao ser humano de compreendê-lo. Por isso “manifesta-se e comunica-se a si mesmo e os decretos eternos de Sua vontade acerca da salvação dos homens” (Dei Verbum, nº 6). Em Jesus Cristo, Deus não apenas comunicou informações; comunicou-se a si mesmo. A resposta pessoal à comunicação que Deus faz de si mesmo e de sua vontade, chama­se fé. “Pela fé, o homem livremente se entrega todo a Deus, prestando ‘ao Deus revelador o obséquio pleno do seu intelecto e da sua vontade’, e dando voluntário assentimento à revelação feita por Ele” (Dei Verbum, nº 5). Portanto, a afirmação de Pedro não é mérito, mas um dom de Deus: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu” (Evangelho, v. 17). Pedro quis permanecer próximo a Jesus. Ele representa, nesse texto, a categoria dos “pobres”, dos “simples”, dos abertos à novidade de Deus, que têm um coração disponível para acolher os dons e as propostas divinos.

Autoridade é serviço

Jesus dá a Pedro o poder de atar e desatar. A expressão “atar e desatar” designava, na cultura judaica, o poder para interpretar a Lei com autoridade, para declarar o que era ou não permitido, para excluir ou reintroduzir alguém na comunidade do Povo de Deus. Assim, Jesus concede a Pedro a autoridade para “administrar” e supervisionar a Igreja. Pedro recebe a autoridade para interpretar as palavras de Jesus, para adaptar os ensinamentos de Jesus às novas necessidades e situações, e para acolher ou não os novos membros na comunidade dos discípulos do Reino. Mas, em meio a isso, uma questão salta aos olhos: a da tentação do poder. A autoridade conferida a Pedro e, por isso, à comunidade, é a autoridade do serviço, tal como a vida inteira de Jesus nos ensina. Por isso o cristão precisa trilhar o mesmo caminho de seu Mestre e Senhor. A responsabilidade assumida por Pedro, nesse caso, diz respeito à vocação de todo cristão. O mês vocacional quer nos chamar à reflexão para a importância de nossa vocação, a fim de que possamos descobrir o nosso papel e o nosso compromisso com a Igreja e como Igreja. Ser um vocacionado para a santidade, fazendo a experiência de ser Igreja nas diversas dimensões de nossa vida. E é o Espírito de Jesus que nos anima nessa missão. É ele quem nos congrega como Igreja, a fim de que tenhamos um único desejo: amar o que o Senhor nos ordena e esperar pelo que nos promete. Só assim conseguiremos fixar “nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias”, mesmo em meio à instabilidade deste mundo (Oração do dia).

6- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

É muito bom louvar a Deus hoje pela confissão de Pedro, diante do Senhor e dos Apóstolos, de ajudar as pessoas a entender o projeto de Jesus Cristo confiado a Pedro e a todos nós. Como Pedro devemos corrigir as distorções a respeito de Jesus Cristo.

Nesta celebração de hoje, na Oração Eucarística, vamos dar graças ao Pai pelo banquete que o Filho, o Cordeiro Imolado nos oferece gratuitamente. Vamos repartir entre nós o Pão Consagrado, o Pão partido para um mundo melhor, memória viva do Corpo do Senhor. Que esta comunhão firme nossa amizade com Ele e com todas as pessoas e criaturas do universo e nos fortaleça na busca de Seu reino de paz e de justiça.

A Igreja é chamada a prestar menor atenção aos “muitos”, que já estão ou não estão presentes, e uma atenção maior a “todos”, vivam eles perto ou longe, que são chamados para o banquete do Reino do céu.

7. ORIENTAÇÕES GERAIS

1. Acolher de maneira fraterna as pessoas que vão chegando para a celebração.

2. Dia 27 de agosto, celebramos a memória de santa Mônica, exemplo de mãe, que, com muita fé, orou durante trinta anos pela conversão do filho, Santo Agostinho.

3. Dia 28 de agosto, celebramos a memória de Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja. Agostinho converte-se ao Cristianismo graças às pregações de Santo Ambrósio de Milão, após uma juventude conturbada deixando numerosos e significativos escritos para a fé católica.

4. Dia 29 de agosto, a Igreja faz memória do martírio de São João Batista. Precursor de Jesus, anunciou sua vinda e foi martirizado por denúncias que desagradaram o rei Herodes, sua amante Herodiades, sua filha e outros poderosos.

8- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo do Tempo Comum, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do 21º Domingo do Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. Jamais os cantos devem ser escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um movimento ou de uma pastoral. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.

Dar uma passada nos cantos (refrão e uma estrofe), seguido de um momento de silêncio e oração pessoal, ajuda a criar um clima alegre e orante para a celebração. É fundamental uns momentos de silêncio antes da celebração. O repertório bem ensaiado previamente e com o povo, minutos antes da celebração, irá colaborar para a participação de todos.

1. Canto de abertura. Prece confiante a Deus (Salmo 85/86,1-3). “Vem escutar-me, ó Senhor!”, CD: Liturgia VII, mesma melodia da faixa1.

Como Igreja peregrina, somos chamados a praticar a justiça do Reino dos céus. Nessa perspectiva, a Igreja oferece outra opção para o canto de abertura. “Vimos aqui, ó Senhor, pra cantar tua bondade,”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 7.

2. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas I.

O Hino de Louvor é chamado de “doxologia maior” em contraposição com a “doxologia menor” que é o “Glória ao Pai...”. Trata-se de um hino antiqüíssimo, iniciando com o louvor dos anjos na noite do Natal do Senhor (Lucas 2,14), desenvolveu-se antigamente no Oriente, como homenagem a Jesus Cristo. Não constitui uma aclamação à Santíssima Trindade, mas um hino Cristológico, isto é, os louvores se concentram no Filho Jesus. É um hino pelo qual, a Igreja reunida no Espírito Santo entoa louvores ao Pai e dirige súplicas ao Filho, Cordeiro e Mediador.

3. Salmo responsorial 137/138. Deus é fiel para sempre. “Ó Senhor, vossa bondade é para sempre! Completai em mim a obra começada”, CD: Liturgia VII, melodia igual a faixa 2.

Para que cumpra sua função litúrgica, não pode ser reduzido a simples leitura. É parte constitutiva da liturgia da Palavra e tem exigências musicais, litúrgicas e pastorais.

4. Aclamação ao Evangelho. “Tu és Pedro (Mateus 16,18). “Aleluia... Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”, CD: Liturgia VII, música igual 6. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.

Esta aclamação é quase sempre “AELUIA” (menos nas missas da Quaresma por seu um tempo penitencial). É uma aclamação pascal a Cristo que é o Verbo de Deus. É um vibrante viva Deus. Os versos que acompanham o refrão devem ser tirados do Lecionário.

5. Apresentação dos dons.  Momento de partilha para com as necessidades do culto e da Igreja. Devemos ser oferendas com as nossas oferendas para socorrer os necessitados. “A mesa santa que preparamos”, CD: Liturgia VI, melodia da faixa 23.

6. Canto de comunhão. Neste Domingo um canto que ajudará a assembleia perceber que a dinâmica do Reino do céu, por mais que desponte em nossa história, sempre aponta para uma promessa. Assim, percebemos que devemos esperar pelas verdadeiras alegrias. Jesus Cristo, esperança do mundo: “Um pouco além do presente, alegre, o futuro anuncia”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, música da faixa 5.

O canto de comunhão deve retomar o sentido do Evangelho do dia. Esta é a sua função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia.

9- ESPAÇO CELEBRATIVO

1. A mesa da Palavra receba também destaque semelhante à mesa eucarística: toalhas, cor litúrgica (verde). Os enfeites não podem ofuscar as duas mesas principais: mesa da Palavra e o Altar.

2. O Altar, portanto, não é em absoluto um móvel, mas sim, um símbolo. E por ser símbolo, deve ocupar um espaço que lhe seja próprio, ou seja, que nenhum outro objeto esteja muito próximo do Altar, diminuindo sua importância. Assim, evitem-se pedestais com flores e grandes arranjos muito próximos do Altar, que podem ser obstáculos à visibilidade e distrair a atenção dos símbolos do pão e do vinho que estão sobre ele. Convém lembrar que as flores devem destacar o Altar e não encobri-lo. Mesmo as velas, preferentemente o Círio Pascal, símbolo da luz do Cristo ressuscitado, devem estar em pedestais separados do Altar.

3. Desde modo, durante todo o tempo da Liturgia da Palavra, o Altar permanece sem nada em cima: nem livros, microfones ou galhetas. O Altar recebe o livro (missal) e os vasos sagrados, o pão e o vinho, que são trazidos na procissão das oferendas, para serem apresentados pelo presidente da celebração (cf. IGMR, n. 100).

10. AÇÃO RITUAL

A equipe de acolhida, incluindo quem preside, recebe as pessoas que vão chegando de maneira afetuosa, saudando-as cordialmente.

Valorizar a presença e a participação dos(as) catequistas nos vários momentos da celebração, sobretudo na liturgia da Palavra.

Ritos Iniciais

1. A celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a assembléia no Mistério celebrado.

2. O sentido litúrgico, após a saudação do presidente, pode ser feito por quem preside, pelo diácono ou um ministro devidamente preparado com palavras semelhantes às que seguem:

Domingo da profissão de fé de Pedro. Contemplando a presença do Senhor ressuscitado em nossa caminhada, renovamos a nossa profissão de fé e recordamos o sentido da nossa missão. Celebremos a Páscoa de Jesus Cristo que se manifestas em todas as pessoas e grupos que confessam sua fé profunda em Jesus e se tornam testemunhas do Reino.

3. Em seguida fazer a “recordação da vida” trazendo os fatos que são as manifestações da Páscoa do Senhor na vida da comunidade, do país e do mundo, mas de forma orante e não como noticiário.  Deve ter presente a realidade dos(das) catequistas.

4. Sugerimos que a motivação para o Ato Penitencial seja a fórmula I da página 390 do Missal Romano levando em conta que somente Cristo tem palavras de vida eterna.

O Senhor Jesus, que nos convida à mesa da Palavra e da Eucaristia, nos chama à conversão.

5. Após uns momentos de silêncio rezar ou cantar o Ato Penitencial da formula 5, para os domingos do Tempo Comum na página 394 do Missal Romano, que destaca Cristo como plenitude da verdade e da graça.

   - Senhor, que sois a plenitude da verdade e da graça, tende piedade de nós.
   - Cristo, que vos tornastes pobre para nos enriquecer, tende piedade de nós.
   - Senhor, que viestes para fazer de nós o vosso povo santo, tende piedade de nós.

6. Cada Domingo do Tempo Comum é Páscoa semanal. Cantar de maneira festiva o Hino de louvor (glória).

7. A Oração do Dia deste Domingo apresenta bem a questão principal da liturgia, quando nos conclama a reconhecer onde encontrar a “verdadeira alegria”, ou seja, onde encontrar nosso terreno sólido, nossa segurança e salvação.

Rito da Palavra

1. Os leitores devem ser bem preparados para a proclamação das leituras. Seria uma boa ocasião de ter os catequistas como leitores, nessa celebração.

2. A homilia ter um tom de conversa familiar a que ela se propõe. Sejam evitados tons moralistas.

3. No momento da Profissão de Fé, o grupo de catequistas renove juntamente com toda a comunidade o seu compromisso na tarefa evangelizadora. Fazer a Profissão de Fé diante da Bíblia ou do Evangeliário abertos com velas acesas.

Rito da Eucaristia

1. Valorizar nesse dia a procissão das oferendas levadas pelos próprios fiéis, pois “embora os fiéis já não tragam de casa, como outrora, o pão e o vinho destinados à liturgia, o rito de levá-los ao altar conserva a mesma força e significado espiritual” (IGMR, nº 73).

2. Neste domingo por ser Dia do Catequista, convidar os catequistas para levar o pão e o vinho até o Altar.

3. Na Oração sobre o pão e o vinho destaca que o sacrifício de Cristo através da Cruz, trouxe paz e unidade para o povo. Igreja povo conquistado por Deus.

4. Se for escolhida as Orações Eucarísticas I, II e III, quer admitem troca de Prefácio, sugerimos o Prefácio para os Domingos do Tempo Comum VI, o qual destaca “conquistar um povo santo”. Muito oportuno também é o Prefácio dos Apóstolos II: “Igreja construída sobre o alicerce dos Apóstolos”.

5. A comunhão em duas espécies manifestará o caráter de banquete escatológico do Reino (Lucas 13,29-30). Também De acordo com as orientações em vigor, a comunhão pode ser sob as duas espécies para toda a assembléia. “A comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas espécies. Sob essa forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico no Reino do Pai” (IGMR, nº 240). Quando bem orientada, a comunidade aprende fácil esse rito que é resposta obediente ao mandamento do Senhor “tomai e bebei”.

Ritos Finais

1. A Oração depois da comunhão destaca que a Eucaristia como sacramento do amor, nos transforma para agradar a Deus

2. Os avisos da comunidade devem reforçar a importância da missão cristã no mundo, como anúncio do amor e da salvação, que se revelam de forma mais plena no testemunho de vida de todos os homens e mulheres de fé comprometida.

3. É importante valorizar os formulários propostos no Missal Romano, para os diversos momentos da celebração, escolhendo-os de acordo com o Mistério celebrado de cada Domingo. Assim, recomendamos a bênção final IV do Tempo Comum para que possam viver praticando o bem e chegar à vida eterna.

4. As palavras do rito de envio devem estar em consonância com o mistério celebrado: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça”. Ide em paz e o Senhor vos acompanhe!

11- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os povos e a s nações, os cristãos e os não-cristãos precisam estar atentos. Os que fazem a vontade de Deus estão plena ou implicitamente no Reino. Importa que essa resposta seja a mais clara possível. Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos.

Celebremos a Páscoa semanal do Senhor valorizando os que assumem a sua missão em nossa diocese e no mundo inteiro, levando Jesus Cristo o “Santo de Deus” para a salvação de todos.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
           
Pe. Benedito Mazeti


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