quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

1º DOMINGO DA QUARESMA - ANO B

22 de fevereiro de 2015

Leituras

         Gênesis 9,8-15
         Salmo 24/25,4-9
         1Pedro 3,18-22
         Marcos 1,12-15


“CONVERTEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO”


1- PONTO DE PARTIDA

Domingo do deserto de Jesus. Deus faz Aliança conosco em Jesus Cristo. Estamos no início da quaresma e da Campanha da Fraternidade, tempo de forte de conversão. Quaresma é caminho marcado pela conversão através da oração, da escuta da Palavra de Deus, do jejum, da esmola e de gestos concretos de caridade. Neste domingo, vamos com Jesus ao deserto, conduzidos pelo Espírito e aprenderemos a enfrentar as situações do mundo.

Diante das tentações renovamos nossa fidelidade ao Deus vivo e verdadeiro, sustentados por sua Palavra. Fazendo memória da Páscoa de Cristo, proclamamos a vida que vence a morte e renovamos nosso compromisso de fidelidade a Jesus Cristo e seu projeto de salvação.

Estamos na Quaresma e Campanha da Fraternidade. Ela tem como tema: “Fraternidade: Igreja e sociedade”, e o lema: “Eu vim para servir” (cf. Marcos 10,45).

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos bíblicos

Primeira leitura – Gênesis 9,8-15. O tema central do texto litúrgico de hoje é o da Aliança. Esta leitura propõe a narração do dilúvio que destrói o mal e constrói um novo povo de Deus na Aliança. A leitura nos diz que Deus sempre tem uma proposta de amor para a humanidade, apesar de nossas resistências e teimosias. A Bíblia nos apresenta várias dessas, propostas, que ela chama de alianças, isto é, acordo. O texto desse primeiro domingo narra a primeira delas com toda a humanidade, depois da catástrofe do dilúvio. Através dessa Aliança, simbolizada no arco-íris, Deus garante a vida para toda a Criação, a não ser que as pessoas não aceitem Deus. Deus nos ama e quer fazer uma Aliança de amor conosco.

Noé torna-se o pai da humanidade, a mesmo título que Adão: Deus faz, pois, Aliança com ele, como fizera com Adão (Gênesis 1) e o abençoa da mesma forma que abençoou a primeira humanidade.

Para o homem da Antiguidade, qualquer fenômeno atmosférico que provinha do Céu, da esfera do divino, enquanto sinal de benevolência ou, mais freqüentemente, de castigo da parte da divindade irada pelos pecados do povo (cf. Deuteronômio 28,15-46). O mito de um dilúvio capaz de eliminar toda a forma de vida era conhecido em todo o Oriente. O autor sagrado baseia-se nessa crença para corrigir e afirmar de modo decisivo que o Senhor não ameaça nem castiga a Humanidade (cf. Isaias 54,9-10).

É a primeira Aliança que a Bíblia apresenta de forma explícita. Nela estão presentes alguns elementos sobre os quais é interessante refletir. Esta Aliança, situada pelo autor sagrado no fim do dilúvio, manifesta o amor que Deus tem pela Humanidade e por todas as demais criaturas. Esta primeira Aliança de Deus não é somente com a Humanidade, mas com toda a Criação, representada por “todos os seres vivos que estão convosco: aves, animais domésticos e selvagens, enfim, com todos os animais da terra, que saíram convosco da arca” (cf. versículo 10). Fala-se muitas vezes da Aliança com as pessoas, mas aqui é a única vez que se fala de uma Aliança de Deus com os animais. Certamente é porque juntamente com o homem, os animais também foram atingidos pelo castigo do dilúvio. Deus, o “Criador fiel” (1Pedro 4,19), o “Senhor amante da vida” (Sabedoria 11,26), assegura que não comunicará morte e destruição, mas vida e fecundidade.

Como prova dessas Suas intenções, Deus “faz aparecer o seu arco” (cf. versículo 130): o instrumento que servia para lançar as flechas e punir as pessoas (cf. Abdias 3,9-10) é definitivamente abandonado. Assim o arco-íris, que era um fenômeno natural, assume, aos olhos dos hebreus, um valor e um sentido religioso. Daqui em diante não servirá para dar a morte às pessoas, mas para lhes recordar que toda a Criação está sob o desígnio da bondade de Deus, e que nenhum pecado jamais poderá comprometer a fidelidade de Deus à Aliança com a Humanidade. “E a Criação interpela impaciente os homens, esperando o cumprimento dessa Aliança para ser libertada da corrupção e entrar também ela na liberdade da glória dos filhos de Deus” (Romanos 8,21).

O dilúvio é o símbolo do juízo de Deus sobre esse mundo. Mas repousa sobre este também sua misericórdia, simbolizada pelo arco-íris. Deus faz Alianças com Noé e sua descendência, isto é, a Humanidade inteira. É significativo que esta mensagem foi codificada no tempo do declínio do reino de Judá! A fidelidade de Deus dura para sempre – Gênesis 9,8-11 cf. Gênesis 6,18; Oséias 2,20; Isaias 11,5-9; 54,9-10; Eclesiástico 44,17b-18; Romanos 12,29 – 9,12-15 cf. Ezequiel 1,28; Apocalipse 4,3.

Salmo responsorial 24/24,4-9. Este salmo nos diz que Deus é fiel, que seu amor é fiel, que tudo o que Deus faz é amor e fidelidade, que em sua Aliança está a sabedoria para a nossa vida.

O Salmo é uma mistura de súplica individual com temas dos salmos sapienciais (veja Salmo 1). Mas predomina a súplica. Uma pessoa – na terceira idade pede duas coisas a Deus: o perdão dos desvios (pecados) de sua juventude e a libertação das mãos dos inimigos. Recupera a religiosidade popular, o sentido das caminhadas, das procissões. Faz pensar na liturgia enquanto celebração da vida e expressão da fé. Ajuda a superar o ritualismo e uma religião de aparências.

O rosto de Deus. O Salmo tem muitas palavras que recordam a Aliança: caminho (versículos 8.9), direito (versículo 9). O Deus deste Salmo é, mais uma vez o aliado do pobre explorado e oprimido, o mesmo Javé que, no passado, libertou os hebreus da escravidão do Egito, aliou-se a eles e os conduziu para a terra da promessa. É por isso que o salmista tem tanta coragem em pedir e tanta confiança em ser atendido, evitando a vergonha e a confusão de um Deus neutro, surdo e indiferente.

No Novo Testamento Jesus proclamou felizes os mansos (os oprimidos) porque possuirão a terra (Mateus 5,5) perdoou pecados (Lucas 7,36-50; João 8,1-11) e advertiu os gananciosos que acumulam bens (Lucas 12,15).

Manifestemos nossa alegria pela fidelidade do nosso Deus e peçamos que Ele nos ajude a sermos fiéis à sua Aliança.

Segunda leitura – 1Pd 3,18-22. Também a arca de que fala essa leitura e que apresenta como figura do batismo que salva, propõe de novo de certo modo o “motivo da Aliança”. A carta de Pedro nos fala que aquela água do dilúvio, da qual foram salvos Noé e sua família, é símbolo do Batismo. O apóstolo Pedro, escrevendo aos cristãos que viviam longe de sua terra natal, aprofunda o sentido do batismo, fazendo seu comentário sobre a leitura do Gênesis (1ª leitura). Mergulhando-nos na “morte e ressurreição de Cristo”, o batismo nos faz renascer para a vida nova de filhos e filhas de Deus. A salvação das águas do dilúvio marca para Noé e sua família o “começo de uma nova criação”.

Esta leitura provavelmente se inspira num antigo hino batismal que os primeiros cristãos cantavam durante a Vigília Pascal. Podemos reconstituí-lo da seguinte maneira:

(Cristo)
(conhecido desde antes da criação)

manifestado no fim dos tempos                                                 (1Pedro 3,18)
morto pela carne                                                                         (1Pedro 3,18)
vivificado pelo Espírito                                                              (1Pedro 3,18)
pregou aos mortos                                                                       (1Pedro 3,19)
subiu ao céu                                                                                (1Pedro 3,22)
subordinando potências e dominações                                       (1Pedro 3,22)

Aliás, este hino inspira outras passagens do Novo Testamento (Efésios 3,7.11; 2 Timóteo 1,9-11).

Devemos observar que estes versículos se agrupam aos pares. Os dois primeiros cantam o senhorio de Cristo sobre o tempo; do qual é o Alfa e o Ômega. Os dois seguintes descrevem sua vida sobre a terra, sua passagem da morte à vida e seu Mistério de homem vivificado pelo Espírito. Os dois últimos definem seu senhorio sobre o cosmos, da morada dos mortos até o céu.

O autor da carta inseriu nesta aclamação uma breve profissão de fé:
(Creio em Cristo)
que morreu                                                                                 (1Pedro 3,18a)
que ressuscitou                                                                           (1Pedro 3,21b)
que está à direita de Deus                                                          (1Pedro 3,22  )

A forma do Credo Apostólico se proclama que Jesus Cristo “foi crucificado, morto e sepultado: desceu à mansão dos mortos” quer afirmar que a salvação e a vida eterna foram comunicadas também aos que morreram antes Dele. É o triunfo da misericórdia divina que, segundo o autor da Carta de Pedro, se estende aos que “tinham sido outrora desobedientes” (versículo 20). Aos incrédulos e aos injustos a salvação é concedida não pelos seus méritos, mas como dom gratuito de Deus.

Jesus derrotou definitivamente todos os elementos que condicionavam a vida das pessoas: os “anjos” rebeldes, as “Dominações” e as “Potestades” (versículo 22), forças cósmicas hostis a Deus e que Cristo submeteu (cf. Hebreus 6,12). O cristão não tem nada a temer do mundo invisível porque, diz Paulo na Carta aos Romanos: nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes nem as forças das alturas ou das profundidades nem qualquer outra criatura, nada nos poderá separar do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo, Nosso Senhor (Romanos 8,38-39).

Nem mesmo o pecado consegue separar a pessoa do amor de Cristo que morreu “o Justo pelos injustos” (versículo 18). Com o Batismo, sinal de conversão e de acolhimento da Boa Notícia (cf. Marcos 1,15), o cristão abre-se a uma nova relação com Deus que não se baseia em ritos exteriores de purificação (“da imundície corporal” versículo 21), mas no acolhimento do amor gratuito do Pai.

Evangelho – Marcos 1,12-15. Jesus vence a tentação e o pecado, para poder dar início à reconstrução da Aliança. De forma bem resumida, o evangelista nos apresenta o começo da vida pública de Jesus a partir das “tentações no deserto”. Marcos relata de maneira muito breve a permanência de Jesus no deserto (vv. 12-13). Mas é interessante ver como ele faz desta permanência o ponto central entre o Batismo (vv. 9-11) e a inauguração do ministério de Jesus (vv. 14-15). Marcos é, de fato, o único evangelista que manteve o Batismo de Jesus como fato que inaugura o seu Evangelho; nisso ele foi fiel à pregação apostólica primitiva (Atos 10,37). O rito se desenrola numa série de acontecimentos que precisam ser analisados em si mesmos: a abertura dos céus (v.10), a descida do Espírito (v. 10) e a voz celeste (v. 11). 

Jesus tinha vindo de Nazaré e já havia sido batizado por João Batista no rio Jordão. Agora ele é levado para o deserto, onde enfrenta as mesmas tentações que o Povo de Deus no tempo da libertação do Egito. O evangelista Marcos, ao contrário de Mateus e Lucas, não descreve as tentações de Jesus no deserto, nem se quer fala do jejum. É bom, no entanto, tomarmos consciência de que as três tentações estão na mente de Marcos apesar de não serem expressas, são como que pano de fundo da experiência de Jesus no deserto, antes de iniciar sua vida pública.

O Espírito que Jesus recebeu no batismo impulsionou-O para o deserto.  Em Marcos o deserto é o lugar onde nos encontramos com Deus (1,35; 6,31). Na Bíblia é o lugar onde se tomam as “grandes decisões”. Este aspecto é acentuado pelo número 40. A permanência de Jesus no deserto tem um significado particular: o Êxodo é verdadeiramente engajado: Jesus passa quarenta dias no deserto como o povo aí permaneceu quarenta anos; Ele aí é conduzido pelo Espírito, como o povo foi conduzido pela nuvem; é tentado, como o povo foi (Deuteronômio 8,1-4; Salmo 95/94). Mas, sendo também Messias, Jesus também é servido pelos anjos (Salmo 91/90,10-12) e vence os animais selvagens (Deuteronômio 8,15; Salmo 91/90,13), como queria uma interpretação messiânica do Salmo 91/90.
Ser batizado é, fundamentalmente, deixar-se imergir na água e, sobretudo, na condição humana (com a morte) que a água representa. Quando Jesus se faz batizar, aceita sua condição humana com suas ambigüidades e seus sofrimentos, com a morte na cruz em seu fim para nos salvar. Mas logo após o batismo a tentação vem assediar Jesus a fim de ajudá-Lo a verificar se sua decisão é firme e está profundamente inserida em sua vida.

Depois do deserto Jesus vai para a Galiléia para inaugurar seu ministério público, proclamando o sentido de sua Encarnação na história: o anúncio do “Evangelho de Deus” (Marcos 1,14).

“Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galiléia, pregando o Evangelho de Deus...” (Marcos 1,14). Apesar desta prisão continua a pregação de uma nova aurora de intervenção de Deus na história da humanidade. A atuação de Jesus não se reduz, porém, a uma mera continuação daquilo que João Batista iniciou. Sua atuação traz a plenitude Boa-Nova. O tempo da preparação iniciado pelo Batista é agora substituído “pelo tempo da plena realização ou da plenitude”: “O tempo já se cumpriu e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e creiam no Evangelho” (Mc 1,15) Antífona do Canto de comunhão na Quarta-Feira de Cinzas e articulado com o Salmo 1.

O cenário desta realização é a Galiléia e não a Judéia; é o interior ao redor do Lago de Tiberíades e não a capital Jerusalém. Mas também para Marcos esta indicação provavelmente já se vestiu de um sentido teológico e não somente geográfico. Galiléia não é somente o cenário do ministério terrestre de Jesus, mas também o lugar de encontro dos discípulos com o Senhor ressuscitado (Marcos 14,28; 16,7). A grande decisão toma-se longe dos “centros de decisão” e, está bem claro logo na vocação dos primeiros discípulos (Marcos 1,16-20), não junto aos que tem “poder decisório”, mas a simples pescadores do mar da Galiléia (Marcos 1,14-20).

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

Nosso Deus é um Deus de amor e de fidelidade (Salmo 24/25). A Palavra de Deus nos ensina que Ele sempre nos amou com amor eterno, propondo-nos Aliança.

Sua primeira Aliança foi com Noé (Gênesis 9,18-15), representando toda a humanidade. Depois, Deus fez de maneira específica essa Aliança com o povo de Israel, iniciada na promessa feita a Abraão, nosso pai na fé (Gênesis 12,15). Essa Aliança foi depois renovada com todo o seu povo do Primeiro Testamento ao pé do monte Sinai (Êxodo 19-24). E finalmente ela fez a Aliança definitiva com Jesus Cristo, no Segundo Testamento (Lucas 22,20; Mateus 26,28; Mc 14,24).

A contrapartida dessa proposta de Deus é nossa conversão. Ou seja, somos convidados a deixar as tentações das alianças falsas do mundo do pecado (a tentação do ter, do poder e da manipulação de Deus, superada por Jesus nas três tentações). Somos convidados a viver o batismo, que nos coloca dentro do mistério da morte e ressurreição de Jesus Cristo (com o simbolismo do mergulho na água). Quem vive o batismo em comunidade morre para o pecado e ressuscita para a vida nova de filho de Deus. Quem vive o batismo assume o projeto de Jesus, o mesmo Êxodo: sair da casa da escravidão, aprender a partilhar os bens econômicos (cf. Êxodo 16), aprender a partilhar o poder (cf. Êxodo 18), e viver uma religião de compromisso com a vida, não fabricando para si falsos deuses (cf. Êxodo 32).

Um grande problema do nosso mundo são essas tentações (que o antigo povo de Deus teve e que Jesus também teve): “do ter, do poder e da manipulação de Deus”. Por isso falta fraternidade no mundo. Por isso se multiplicam os pobres no mundo. Por isso se excluem os deficientes, os doentes, os pobres, os idosos. Por isso se multiplicam as seitas religiosas feitas de deuses pequenos (fabricados à nossa imagem e semelhança), descompromissados com a verdadeira Aliança e muito distante do Deus da libertação (Êxodo 3).

A Igreja também é tentada a ser “milagreira”, sem buscar a justiça para haja paz; é tentada a um “espiritualismo desencarnado”, sem atender aos sofrimentos do povo; é tentada pela “ambição política”, usando a religião em proveito da instituição.

O apóstolo Pedro ainda nos lembra que “o batismo não serve para limpar o corpo da imundície, mas é um pedido a Deus para obter uma boa consciência, em virtude da ressurreição de Jesus Cristo” (3,21). O batismo não é um banho de purificação semelhante às abluções dos judeus. Muitos ainda hoje pensam que o batismo é para purificar a criança dos pecados dos pais. O que Pedro nos orienta é que o batismo nos faz mergulhar no mistério da morte e ressurreição de Cristo.

Se a vida cristã é estar sempre a caminho, tem que ter um objetivo ou finalidade que dê sentido à nossa caminhada. Este objetivo é morrer com Cristo para o pecado e ressuscitar com ele para a vida de Deus, isto é, viver a “Aliança de amor” e eleição que o Senhor realizou um dia com cada um de nós, pelo Batismo.

A Quaresma é um chamamento gratuito de Deus, “oportunidade feliz” de renovar a nossa Aliança batismal com Ele por meio da “conversão e da reconciliação” com Deus e com os irmãos e irmãs.

Para assegurar a nossa “renovação batismal” devemos apontar, com realismo, metas pessoais e comunitárias de conversão e progresso. Como demonstrar que estamos seguindo a ordem de Jesus: “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”? Sinais que expressem e meios que reafirmam a conversão são, entre outros: a penitência quaresmal e a prática penitencial (cinzas, jejum, abstinência): participação na celebração do sacramento da reconciliação; oração como diálogo com Deus; escuta e meditação da Palavra de Deus (celebrações, encontros, caminhadas penitenciais, exercícios, via sacra); a caridade, o amor aos irmãos e irmãs como expressão da nossa mudança do egoísmo, da soberba e da avareza à partilha dos nossos bens e do nosso tempo com os outros; etc.

Seguindo o estilo, o desejo e as atitudes de Jesus no deserto, renasceremos para a vida nova e para a Aliança de filhos e filhas com Deus iniciada no Batismo. Quaresma é estar com Jesus no deserto. Caímos em tentação quando idolatramos a nós mesmos e não damos a Deus o que é de Deus: seu Reino e seu povo.

A Campanha da Fraternidade deste ano, evidencia de maneira clara o binômio, Igreja-Sociedade, nos exorta a aprofundar a compreensão da dignidade da pessoa humana. Já descobrimos quais são as tentações mais frequentes, hoje em nosso mundo? Já refletimos sobre os tipos de aliança que fazemos em nosso dia a dia, na prática? Com que projeto de sociedade sonhamos?

A Quaresma e a Campanha da Fraternidade são um convite forte para a volta ao projeto de Deus, à sua Aliança. (Ver outras indicações para homilia no Manual da Campanha da Fraternidade).

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

Conversão do Coração

Um dos enfoques que a liturgia quaresmal do Ano B nos apresenta é a conversão do coração ao Deus que faz Aliança conosco em Jesus Cristo. Conversão do coração que coincide com metanóia (conversão) da mentalidade e do modo de agir, já que, para as Escrituras, o coração é a sede da inteligência e do discernimento. A oração sobre as oferendas insiste neste aspecto ao suplicar “que o nosso coração corresponda a estas oferendas com as quais iniciamos disposição e abertura para acolher a Palavra de Deus, deixando que ela nos guie para a Páscoa de Jesus. Ser como o pão e vinho apresentados na abertura da liturgia eucarística, corresponde a, como eles, permitir que a Palavra os habite e os transforme.

Comer e beber o Verbo

Atanásio de Alexandria, em pleno século IV, nos inícios ao surgimento da quaresma, portanto, elucida a importância de comer a Palavra do Pai em suas Cartas Pascais o que coaduna com a Antífona de Comunhão: “Não só de Pão vive o homem, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus”. É preciso que o ser humano se torne Palavra de Deus como falara Inácio de Antioquia por ocasião de sua prisão, para que o Evangelho vença o pecado e a morte. Nesse sentido, tomar parte na refeição do Mistério significa consumir a Palavra de Deus. Orígenes muito bem sintetiza isto ao afirmar que “O Deus Verbo não chamou seu Corpo aquele pão visível que tinha em suas mãos, mas à Palavra em cujo mistério devia partir-se o pão. Nem chamou seu Sangue àquela bebida visível, mas à Palavra, em cujo mistério derramaria esta bebida. De fato, que outra coisa pode ser o Corpo e Sangue do Deus Verbo, senão a Palavra que alimenta e alegra os corações?”

A Eucaristia como sacramento da vitória pascal

A participação na mesa eucarística, seguindo a lógica das Escrituras e dos Santos Padres nos faz vencer as tentações do caminho, que consistem em reduzir o Reinado de Deus ao nosso governo nos três âmbitos: o fazer, o ter e o ser. A Eucaristia esclarece e realiza em nós o trabalho de Deus (fazer), através do qual participamos do seu reinado, que consiste em partilhar com o cosmos inteiro o que é fruto de Sua Benção (ter-com-os-demais), o que por sua vez manifesta de fato nossa identidade, como ressonância de sua Palavra (ser). O primeiro domingo da Quaresma, portanto, nos indica claramente o horizonte de vitória pascal da qual já participamos, e ao qual, constantemente, devemos converter o coração, isto é, os interesses.    

5. LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

Na liturgia deste domingo fazemos a memória de Jesus, que não se deixou levar pelas tentações do poder, do acúmulo e do prestígio. Sua obediência ao Pai até o fim trouxe para nós a justificação. Jesus Cristo é a nova árvore da vida que o Pai plantou para a salvação de toda a humanidade. Pelo batismo, com Ele nascemos para uma vida nova, baseada na partilha e fraternidade. A Quaresma é um tempo especial para renovarmos o batismo, o qual é participação na reconciliação do sacrifício realizado por Cristo. Por isso rezamos na oração inicial para que “possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa”. Fazemos isso através da confiança em Deus retribuindo o seu amor por nós.

A vitória de Jesus sobre todo o mal é o grande motivo de louvor e ação de graças ao Senhor, nosso Deus. Por isso, presidente da celebração, em nome de toda a assembléia, reza no prefácio: “Jejuando quarenta dias no deserto, Jesus consagrou a observância quaresmal. Desarmando as ciladas do antigo inimigo, ensinou-nos a vencer o fermento da maldade. Celebrando agora o mistério pascal, nós nos preparamos para a Páscoa definitiva”.

Na celebração eucarística oferecemos Cristo ao Pai e o recebemos em comunhão. Ele é o “pão vivo e verdadeiro que nutre a fé, incentiva a esperança e fortalece a caridade” (oração final).

6. ORIENTAÇÕES GERAIS

1. O ensaio de canto e um momento de silêncio e oração pessoal ajudam a criar um clima alegre e orante para a celebração.

2. Fazer a experiência do vazio, da reserva simbólica (ausência de flores, cantos como o glória e os aleluias, moderação nos instrumentos musicais). A pedagogia da liturgia, em sua simplicidade e despojamento manifestados na Quaresma, há de nos ensinar, por si, a adentrar no mistério da Quaresma.

3. O bom uso do Lecionário. O ciclo A é ligado com o Batismo. O ciclo B deste ano, com a Aliança. Na época em que foi preparado o Lecionário Dominical, diversos peritos julgavam que, para a Quaresma, seria suficiente só o ciclo A, porque seu alcance doutrinal é fundamental. Mas prevaleceu o parecer dos biblistas. Afinal chegou-se a uma decisão equilibrada. Nas comunidades onde há adultos que se preparam para os sacramentos da iniciação cristã (Batismo, Eucaristia e Crisma) na noite da Páscoa, deve-se utilizar o ciclo A, o qual, no entanto, quando se julgar oportuno, pode ser usado sempre como indica o próprio Lecionário Dominical, nas páginas 438, 442, 446, 752, 756 e 760. Mas, onde não houver adultos preparando-se para os sacramentos, poderão ser usados, conforme os anos, os ciclos B e C, porque a linha do ciclo A é fundamentalmente batismal.


7. MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo da Quaresma, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. A função da equipe de canto não é simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 1º Domingo da Quaresma. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico, com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.

A regra da reserva simbólica vale para todos. A liturgia nos ensina a reservar os elementos festivos para a festa da Páscoa. Assim, os grupos são chamados a serem mais moderados na execução dos instrumentos, evitando “solos instrumentais”, deixando de tocar algum instrumento, ou mesmo cantando algo “à capela” (sem acompanhamentos musicais). É tempo também de escutar, de ser “obediente”, de aguçar o discipulado: uma boa forma de manifestar isso seria assumir o repertório da CNBB para as celebrações.

1. Canto de abertura: Deus atende o clamor de seu servo (Salmo 90/91,15-16). “Lembra, Senhor, o teu amor fiel para sempre!”, articulado com o Salmo 24: “Senhor, meu Deus, a ti elevo a minha alma”, CD: CF-2015, melodia da faixa 3. A Igreja também oferece outras duas ótimas opções, para o povo de Deus, que se reúne em assembléia buscando o coração de Deus para uma verdadeira reconciliação. “Senhor, eis aqui o teu povo”, CD: Liturgia XIII, melodia da faixa 1; “Reconcilia-vos com Deus”; Hinário Litúrgico da CNBB, II, pág. 290. O canto de abertura deve nos introduzir no mistério celebrado.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico II da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão gravados no CD: Liturgia XIII, CD: Liturgia XIV e CD: CF-2015.

2. Ato penitencial. Nesse domingo seria oportuno rezar a fórmula “Confesso a Deus todo-poderoso... do Missal Romano, pag. 391. Todos se coloquem de joelhos. Outra opção é substituir o Ato penitencial pela aspersão da assembleia. “Aspergi-me, Senhor, e serei purificado”, CD: Nossa Senhora da Conceição Aparecida e Cantar a Liturgia, melodia da faixa 8; “Lavai-me, Senhor, lavai-me” do Hinário III da CNBB, pág. 89.

3- Salmo responsorial 24/25. Fidelidade de Deus a seu amor. “Verdade e amor são os caminhos do Senhor!”, CD: CF-2015, melodia da faixa 6.

4- Aclamação ao Santo Evangelho.Não só de pão vive o homem” (Mateus 4,4b). “Glória a vós, ó Cristo, Verbo de Deus. O homem não vive somente de pão...”, CD: CF-2015, melodia da faixa 9.

6. Canto após a homilia. Onde for oportuno, após a homilia e uns momentos de silêncio, entoar o Hino da CF-2015. “Em meio às angústias, vitórias e lidas”, melodia da faixa 1. Seria oportuno entoar este hino após a homilia, para facilitar a vinculação da Liturgia da Palavra com a vida e o tema da CF.

7. Apresentação dos dons. O canto de apresentação das oferendas, conforme orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração no Tempo da Quaresma. Podemos entoar, “Aceita, Senhor, com prazer o que vimos te oferecer”, CD: CF-2015, melodia da faixa 10. A Igreja oferece outros cantos quaresmais: “Eis o tempo de conversão”, CD: CF-2012, melodia da faixa 12; CD: Liturgia XIV, melodia da faixa 6, e Hinário Litúrgico da CNBB, II, pág. 217; “Recebe este canto do chão”, CD: Liturgia XIV; “O vosso coração de pedra”, CD: Liturgia XIII, melodia da faixa5. Outra opção é o hino da CF-2015, se não for entoado após a homilia.

8. Canto de comunhão: “Não só de pão vive o homem”, (Mateus 4,4). “Nós vivemos de toda palavra que procede da boca de Deus”, CD: CF-2015, melodia da faixa da faixa 12.

O canto de comunhão deve retomar o Evangelho do 1º Domingo do Tempo Quaresma. Esta é a sua função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Isto significa que comungar o corpo e sangue de Cristo é compromisso com o Evangelho proclamado. Portanto, o mesmo Senhor que nos falou no Evangelho, nós o comungamos no pão e no vinho. No primeiro domingo da Quaresma, somos convidados a entrar no deserto com Jesus. A exemplo do Divino Mestre, devemos resistir a toda e qualquer tentação. Devido o espírito de confiança que anima a liturgia de hoje e certos, da proteção dele, sugerimos outros cantos no rito da comunhão. Podemos cantar o Salmo 90/91: “Quando invocar, eu atenderei, na aflição com ele estarei”, CD: Liturgia XIII, melodia da faixa 7. Vamos também com Ele pregar o Evangelho de Deus. Podemos também cantar Marcos 1,15 “Agora o tempo se cumpriu, o já chegou”, articulado com o salmo 1, CD: Liturgia XIV, melodia da faixa 3 que se encontra também no Hinário Litúrgico da CNBB, Vol II, pág. 17.

8. O ESPAÇO CELEBRATIVO


1. Se há um elemento, que, sem palavras, cumpre a função mistagógica, isto é, de conduzir para dentro do mistério celebrado, este é o Espaço Sagrado. Por isso, devemos dedicar-lhe todo o nosso cuidado.

2. Como tempo preparatório para a Páscoa anual, a Quaresma nos convida a uma intensa revisão de vida. Os elementos simbólicos festivos serão reservados. O espaço celebrativo expressa essa “reserva simbólica” através da retirada das flores, do despojamento e austeridade que convém a este tempo. Também a cor roxa da estola (ou casula) e na mesa da Palavra as ajudará a sinalizar o tom penitencial característico desse tempo.

3. A cruz é elemento importante em qualquer tempo, mas na Quaresma é, sem dúvida, um sinal marcante da paixão de Cristo e da paixão do mundo. Colocar junto à cruz algumas pedras e um cacto saindo das pedras e galhos secos para lembrar a dureza do deserto.
4. A Mesa da Palavra pode conter alguns ornamentos discretos e sóbrios. Um ikebana com alguns galhos verdes e secos. Pode-se também fazer o ornamento com um tronco de árvore. Importante não utilizar nada que seja artificial.

5. Para o tempo quaresmal, já é de praxe, o uso da cor roxa nas vestes, velas e paramentos. Mas temos que ir além. Redescobrir, a cada vez, o sentido da chamada “reserva simbólica”: Durante este tempo (a Quaresma) é proibido ornar o altar com flores, cantar o aleluia ou o hino de louvor, o canto de louvor a Deus após a comunhão, com exceção das solenidades e festas.

6. Isso nos ajuda a preparar o espaço celebrativo levando em conta o tempo quaresmal. O ambiente deve estar “despojado a austero”. Isso vale também para outros tempos litúrgicos. Devemos “fazer uma limpeza” de tudo o que é supérfluo no espaço celebrativo, como cartazes, folhagens, fitas, adornos, faixas, muitas imagens, etc. Os exageros de enfeites causam uma verdadeira “poluição visual”, e é preciso achar um lugar “para pousar o olhar e contemplar”. Por outro lado, devemos valorizar e destacar o que é realmente essencial para a celebração do Mistério de Cristo, isto é, o Altar, a mesa da Palavra, a cadeira presidencial e a pia batismal. Durante a Quaresma outros símbolos fortes são importantes, como a cruz, a cor roxa e outros próprios para cada celebração.

7. A equipe procure caracterizar o ambiente e organizar toda a celebração dentro de uma certa sobriedade (cor roxa, sem flores, sem glória, sem aleluia e sem o canto de louvor a Deus após a comunhão. Isso não quer dizer que o ambiente seja de tristeza. A fé cristã une numa mesma celebração “a dor e a alegria, a luta e a festa”. Na Quaresma se retoma o silêncio, as celebrações são mais silenciosas, sóbrias, simples, austera. Não se enfeita o espaço celebrativo com flores. Os instrumentos apenas acompanham o canto. Não deve ter baterias e instrumentos de percussão fazendo aquele barulho como se fosse uma boate. É o silêncio que predomina. O espaço da celebração, a partir da Quarta-feira de Cinzas, deve ser organizado e permanecer por toda a Quaresma.

8. O cartaz da Campanha da Fraternidade e outras gravuras afins sejam colocados no mural ou noutro espaço cuja finalidade é informar os fiéis dos acontecimentos comunitários. Não é oportuno afixá-lo, por exemplo, no Altar ou na Mesa da Palavra. Caso seja apresentado na procissão de abertura, ou na homilia, deve ser reconduzido a um lugar oportuno.

9. AÇÃO RITUAL

Iniciamos o tempo da quaresma entrando no deserto para enfrentar as tentações e o pecado que desfiguram as feições divinas em nós. Jesus nos inicia neste caminho: com ele fazemos a travessia rumo à páscoa, à ressurreição.

Ritos iniciais

1. A celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a assembleia no Mistério celebrado.

Seria muito oportuno a saudação inicial de 2Tessalonicensses 3,5:
“O Senhor, que encaminha os nossos corações para o amor de Deus e a constância de Cristo, esteja convosco”.

2. Em seguida quem preside, ou o diácono ou um leigo ou leiga preparado, dar o sentido da celebração com estas palavras ou outras semelhantes:

No primeiro Domingo da Quaresma o Senhor nos conduz ao deserto. É o próprio Espírito que nos conduz com Jesus e esse tempo de jejum, oração e solidariedade. Fortalecidos por Ele, seremos capazes de enfrentar nossas fragilidades e combater toda espécie de mal que nos afasta de nossa vocação de filhos de Deus.

3. Em seguida fazer uma recordação da vida tornando presentes as realidades que hoje precisam ser transfiguradas, transformadas. Trazer os fatos da vida de maneira orante e não como noticiário.

4. Reunida em torno da cruz, a comunidade pode fazer, de joelhos ou inclinada, o Ato Penitencial e ser motivada a expressar o desejo de viver a Quaresma, indicando aspectos nos quais é chamada à conversão do coração. Outra opção é substituir o Ato penitencial pela aspersão com água.

5. A Oração do Dia nos convida a acompanhar o Cristo de perto e corresponder a seu amor.

Rito da Palavra

1. Na liturgia da Palavra, Deus chama e propõe as condições da Aliança, enquanto o povo as ouve e aceita. Na liturgia eucarística a Aliança é “selada” no sangue do Cordeiro que tira o pecado mundo. Agora o Cristo, em seu mistério pascal (Evangelho), é a chave da leitura da revelação bíblica (demais leituras) e dos acontecimentos dos dias de hoje (a vida que trazemos para a Eucaristia).

2. Em todo o rito, a Palavra se conjuga com o silêncio. Momentos de silêncio após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecem a atitude de acolhida da Palavra. O silêncio é o momento em que o Espírito Santo torna fecunda a Palavra no coração da comunidade. Nem tudo cabe em palavras.

3. Cuidar para que o creio não se torne apenas a recitação decorada, mas a renovação da fé e da adesão ao projeto de Deus que a comunidade, sustentada pela Palavra que ouviu da boca de Deus, é motivada a fazer diante de tantas tentações que enfrenta para lutar pela dignidade humana e pela paz.

4. Como os sacramentos de “iniciação cristã” devem ser celebrados nas solenidades pascais e sua preparação imediata é a própria Quaresma, realiza-se habitualmente “o rito de eleição” no primeiro domingo da Quaresma. Depois da Profissão de fé, faz-se o Rito de acolhida, através do qual a comunidade acolhe as pessoas que irão receber o Batismo. A última preparação dos “eleitos” coincida com o tempo quaresmal (Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos pág. 63, nº 139).

5. Nas preces não se esqueça de incluir pedidos pela humanidade que tantas vezes sucumbe ao pecado que lhe desfigura a face de filhos de Deus. A resposta pode ser: “Conduza-nos o vosso Espírito ao deserto”.

Rito da Eucaristia

1. Na Oração sobre as Oferendas, peçamos a Deus que as oferendas que trazemos ao Altar lavem os nossos pecados para que sejamos santificados.

2. É tempo de usar os Prefácios do Tempo da Quaresma, que são muito bonitos e trazem uma boa síntese teológica desse tempo litúrgico. Usando estes prefácios, o presidente deve escolher a I ou a III Oração Eucarística. A II admite troca de prefácio. As demais não admitem um prefácio diferente.

Ritos finais

1. Na Oração depois da Comunhão, suplicamos a Deus que depois de comungar o mistério da glória, nos ajude aqui na terra, já participarmos da realidade eterna de Deus.

2. Nos avisos se recorde que os exercícios quaresmais são importantes armas na luta contra as tentações e o mal. A paróquia promova momentos de oração, sugestões de jejum para os fiéis e gestos de solidariedade que reúna os esforços de todos.

3. Bênção solene, para todo o povo, como sugere o Missal Romano, página 521 ou a também a oração sobre o povo, número 6, página 531:

Ó Deus, fazei que o vosso povo se volte para vós de todo o coração, pois se protegeis mesmo quando erra, com mais amor o guardais quando vos serve.

4. As palavras do rito de envio podem estar em consonância como mistério celebrado: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A liturgia é a fonte e o cume da vida da Igreja. É o momento privilegiado da revelação de Deus. É a salvação acontecendo na vida das pessoas. Participando da liturgia santificamos o nome de Deus e ao mesmo tempo somos santificados.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Pe. Benedito Mazeti

Assessor Diocesano de Liturgia
Bispado de São José do Rio Preto

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