Leituras
Gênesis 9,8-15
Salmo 24/25,4-9
1Pedro 3,18-22
Marcos 1,12-15
“CONVERTEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo do
deserto de Jesus. Deus faz Aliança conosco em Jesus Cristo. Estamos no início
da quaresma e da Campanha da Fraternidade, tempo de forte de conversão.
Quaresma é caminho marcado pela conversão através da oração, da escuta da
Palavra de Deus, do jejum, da esmola e de gestos concretos de caridade. Neste
domingo, vamos com Jesus ao deserto, conduzidos pelo Espírito e aprenderemos a
enfrentar as situações do mundo.
Diante das
tentações renovamos nossa fidelidade ao Deus vivo e verdadeiro, sustentados por
sua Palavra. Fazendo memória da Páscoa de Cristo, proclamamos a vida que vence
a morte e renovamos nosso compromisso de fidelidade a Jesus Cristo e seu
projeto de salvação.
Estamos na
Quaresma e Campanha da Fraternidade. Ela tem como tema: “Fraternidade: Igreja e
sociedade”, e o lema: “Eu vim para servir” (cf. Marcos 10,45).
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os textos bíblicos
Primeira leitura – Gênesis 9,8-15. O
tema central do texto litúrgico de hoje é o da Aliança. Esta leitura propõe a
narração do dilúvio que destrói o mal e constrói um novo povo de Deus na
Aliança. A leitura nos diz que Deus sempre tem uma proposta de amor para a
humanidade, apesar de nossas resistências e teimosias. A Bíblia nos apresenta
várias dessas, propostas, que ela chama de alianças, isto é, acordo. O texto
desse primeiro domingo narra a primeira delas com toda a humanidade, depois da
catástrofe do dilúvio. Através dessa Aliança, simbolizada no arco-íris, Deus
garante a vida para toda a Criação, a não ser que as pessoas não aceitem Deus.
Deus nos ama e quer fazer uma Aliança de amor conosco.
Noé torna-se o
pai da humanidade, a mesmo título que Adão: Deus faz, pois, Aliança com ele,
como fizera com Adão (Gênesis 1) e o abençoa da mesma forma que abençoou a
primeira humanidade.
Para o homem
da Antiguidade, qualquer fenômeno atmosférico que provinha do Céu, da esfera do
divino, enquanto sinal de benevolência ou, mais freqüentemente, de castigo da
parte da divindade irada pelos pecados do povo (cf. Deuteronômio 28,15-46). O
mito de um dilúvio capaz de eliminar toda a forma de vida era conhecido em todo
o Oriente. O autor sagrado baseia-se nessa crença para corrigir e afirmar de
modo decisivo que o Senhor não ameaça nem castiga a Humanidade (cf. Isaias
54,9-10).
É a primeira
Aliança que a Bíblia apresenta de forma explícita. Nela estão presentes alguns
elementos sobre os quais é interessante refletir. Esta Aliança, situada pelo
autor sagrado no fim do dilúvio, manifesta o amor que Deus tem pela Humanidade
e por todas as demais criaturas. Esta primeira Aliança de Deus não é somente
com a Humanidade, mas com toda a Criação, representada por “todos os seres
vivos que estão convosco: aves, animais domésticos e selvagens, enfim, com
todos os animais da terra, que saíram convosco da arca” (cf. versículo 10).
Fala-se muitas vezes da Aliança com as pessoas, mas aqui é a única vez que se
fala de uma Aliança de Deus com os animais. Certamente é porque juntamente com
o homem, os animais também foram atingidos pelo castigo do dilúvio. Deus, o
“Criador fiel” (1Pedro 4,19), o “Senhor amante da vida” (Sabedoria 11,26),
assegura que não comunicará morte e destruição, mas vida e fecundidade.
Como prova
dessas Suas intenções, Deus “faz aparecer o seu arco” (cf. versículo 130): o
instrumento que servia para lançar as flechas e punir as pessoas (cf. Abdias
3,9-10) é definitivamente abandonado. Assim o arco-íris, que era um fenômeno
natural, assume, aos olhos dos hebreus, um valor e um sentido religioso. Daqui
em diante não servirá para dar a morte às pessoas, mas para lhes recordar que
toda a Criação está sob o desígnio da bondade de Deus, e que nenhum pecado
jamais poderá comprometer a fidelidade de Deus à Aliança com a Humanidade. “E a
Criação interpela impaciente os homens, esperando o cumprimento dessa Aliança
para ser libertada da corrupção e entrar também ela na liberdade da glória dos
filhos de Deus” (Romanos 8,21).
O dilúvio é o
símbolo do juízo de Deus sobre esse mundo. Mas repousa sobre este também sua
misericórdia, simbolizada pelo arco-íris. Deus faz Alianças com Noé e sua
descendência, isto é, a Humanidade inteira. É significativo que esta mensagem
foi codificada no tempo do declínio do reino de Judá! A fidelidade de Deus dura
para sempre – Gênesis 9,8-11 cf. Gênesis 6,18; Oséias 2,20; Isaias 11,5-9;
54,9-10; Eclesiástico 44,17b-18; Romanos 12,29 – 9,12-15 cf. Ezequiel 1,28;
Apocalipse 4,3.
Salmo responsorial 24/24,4-9. Este
salmo nos diz que Deus é fiel, que seu amor é fiel, que tudo o que Deus faz é
amor e fidelidade, que em
sua Aliança está a sabedoria para a nossa vida.
O Salmo é uma
mistura de súplica individual com temas dos salmos sapienciais (veja Salmo 1).
Mas predomina a súplica. Uma pessoa – na terceira idade pede duas coisas a
Deus: o perdão dos desvios (pecados) de sua juventude e a libertação das mãos
dos inimigos. Recupera a religiosidade popular, o sentido das caminhadas, das
procissões. Faz pensar na liturgia enquanto celebração da vida e expressão da
fé. Ajuda a superar o ritualismo e uma religião de aparências.
O rosto de
Deus. O Salmo tem muitas palavras que recordam a Aliança: caminho (versículos
8.9), direito (versículo 9). O Deus deste Salmo é, mais uma vez o aliado do
pobre explorado e oprimido, o mesmo Javé que, no passado, libertou os hebreus
da escravidão do Egito, aliou-se a eles e os conduziu para a terra da promessa.
É por isso que o salmista tem tanta coragem em pedir e tanta confiança em ser
atendido, evitando a vergonha e a confusão de um Deus neutro, surdo e
indiferente.
No Novo
Testamento Jesus proclamou felizes os mansos (os oprimidos) porque possuirão a
terra (Mateus 5,5) perdoou pecados (Lucas 7,36-50; João 8,1-11) e advertiu os
gananciosos que acumulam bens (Lucas 12,15).
Manifestemos
nossa alegria pela fidelidade do nosso Deus e peçamos que Ele nos ajude a
sermos fiéis à sua Aliança.
Segunda leitura – 1Pd 3,18-22. Também a
arca de que fala essa leitura e que apresenta como figura do batismo que salva,
propõe de novo de certo modo o “motivo da
Aliança”. A carta de Pedro nos fala que aquela água do dilúvio, da qual foram
salvos Noé e sua família, é símbolo do Batismo. O apóstolo Pedro, escrevendo
aos cristãos que viviam longe de sua terra natal, aprofunda o sentido do
batismo, fazendo seu comentário sobre a leitura do Gênesis (1ª leitura).
Mergulhando-nos na “morte e ressurreição de
Cristo”, o batismo nos faz renascer para a vida nova de filhos e filhas de
Deus. A salvação das águas do dilúvio marca para Noé e sua família o “começo de
uma nova criação”.
Esta leitura
provavelmente se inspira num antigo hino batismal que os primeiros cristãos
cantavam durante a Vigília Pascal. Podemos reconstituí-lo da seguinte maneira:
(Cristo)
(conhecido
desde antes da criação)
manifestado no
fim dos tempos
(1Pedro 3,18)
morto pela
carne
(1Pedro 3,18)
vivificado
pelo Espírito
(1Pedro 3,18)
pregou aos
mortos
(1Pedro 3,19)
subiu ao
céu (1Pedro
3,22)
subordinando
potências e dominações (1Pedro
3,22)
Aliás, este
hino inspira outras passagens do Novo Testamento (Efésios 3,7.11; 2 Timóteo
1,9-11).
Devemos
observar que estes versículos se agrupam aos pares. Os dois primeiros cantam o
senhorio de Cristo sobre o tempo; do qual é o Alfa e o Ômega. Os dois seguintes
descrevem sua vida sobre a terra, sua passagem da morte à vida e seu Mistério
de homem vivificado pelo Espírito. Os dois últimos definem seu senhorio sobre o
cosmos, da morada dos mortos até o céu.
O autor da
carta inseriu nesta aclamação uma breve profissão de fé:
(Creio em
Cristo)
que
morreu
(1Pedro 3,18a)
que
ressuscitou
(1Pedro 3,21b)
que está à
direita de Deus
(1Pedro 3,22 )
A forma do
Credo Apostólico se proclama que Jesus Cristo “foi crucificado, morto e
sepultado: desceu à mansão dos mortos” quer afirmar que a salvação e a vida
eterna foram comunicadas também aos que morreram antes Dele. É o triunfo da
misericórdia divina que, segundo o autor da Carta de Pedro, se estende aos que
“tinham sido outrora desobedientes” (versículo 20). Aos incrédulos e aos
injustos a salvação é concedida não pelos seus méritos, mas como dom gratuito
de Deus.
Jesus derrotou
definitivamente todos os elementos que condicionavam a vida das pessoas: os
“anjos” rebeldes, as “Dominações” e as “Potestades” (versículo 22), forças
cósmicas hostis a Deus e que Cristo submeteu (cf. Hebreus 6,12). O cristão não
tem nada a temer do mundo invisível porque, diz Paulo na Carta aos Romanos: nem
os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes nem as
forças das alturas ou das profundidades nem qualquer outra criatura, nada nos
poderá separar do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo, Nosso Senhor
(Romanos 8,38-39).
Nem mesmo o
pecado consegue separar a pessoa do amor de Cristo que morreu “o Justo pelos
injustos” (versículo 18). Com o Batismo, sinal de conversão e de acolhimento da
Boa Notícia (cf. Marcos 1,15), o cristão abre-se a uma nova relação com Deus
que não se baseia em ritos exteriores de purificação (“da imundície corporal”
versículo 21), mas no acolhimento do amor gratuito do Pai.
Evangelho – Marcos 1,12-15. Jesus vence
a tentação e o pecado, para poder dar início à reconstrução da Aliança. De
forma bem resumida, o evangelista nos apresenta o começo da vida pública de
Jesus a partir das “tentações no deserto”. Marcos relata de maneira muito breve
a permanência de Jesus no deserto (vv. 12-13). Mas é interessante ver como ele
faz desta permanência o ponto central entre o Batismo (vv. 9-11) e a
inauguração do ministério de Jesus (vv. 14-15). Marcos é, de fato, o único
evangelista que manteve o Batismo de Jesus como fato que inaugura o seu Evangelho;
nisso ele foi fiel à pregação apostólica primitiva (Atos 10,37). O rito se
desenrola numa série de acontecimentos que precisam ser analisados em si
mesmos: a abertura dos céus (v.10), a descida do Espírito (v. 10) e a voz
celeste (v. 11).
Jesus tinha
vindo de Nazaré e já havia sido batizado por João Batista no rio Jordão. Agora
ele é levado para o deserto, onde enfrenta as mesmas tentações que o Povo de
Deus no tempo da libertação do Egito. O evangelista Marcos, ao contrário de
Mateus e Lucas, não descreve as tentações de Jesus no deserto, nem se quer fala
do jejum. É bom, no entanto, tomarmos consciência de que as três tentações
estão na mente de Marcos apesar de não serem expressas, são como que pano de
fundo da experiência de Jesus no deserto, antes de iniciar sua vida pública.
O Espírito que
Jesus recebeu no batismo impulsionou-O para o deserto. Em Marcos o deserto é o lugar onde nos
encontramos com Deus (1,35; 6,31). Na Bíblia é o lugar onde se tomam as “grandes
decisões”. Este aspecto é acentuado pelo número 40. A permanência de Jesus no
deserto tem um significado particular: o Êxodo é verdadeiramente engajado:
Jesus passa quarenta dias no deserto como o povo aí permaneceu quarenta anos;
Ele aí é conduzido pelo Espírito, como o povo foi conduzido pela nuvem; é
tentado, como o povo foi (Deuteronômio 8,1-4; Salmo 95/94). Mas, sendo também
Messias, Jesus também é servido pelos anjos (Salmo 91/90,10-12) e vence os
animais selvagens (Deuteronômio 8,15; Salmo 91/90,13), como queria uma
interpretação messiânica do Salmo 91/90.
Ser batizado
é, fundamentalmente, deixar-se imergir na água e, sobretudo, na condição humana
(com a morte) que a água representa. Quando Jesus se faz batizar, aceita sua
condição humana com suas ambigüidades e seus sofrimentos, com a morte na cruz
em seu fim para nos salvar. Mas logo após o batismo a tentação vem assediar
Jesus a fim de ajudá-Lo a verificar se sua decisão é firme e está profundamente
inserida em sua vida.
Depois do
deserto Jesus vai para a Galiléia para inaugurar seu ministério público,
proclamando o sentido de sua Encarnação na história: o anúncio do “Evangelho de
Deus” (Marcos 1,14).
“Depois que
João Batista foi preso, Jesus foi para a Galiléia, pregando o Evangelho de
Deus...” (Marcos 1,14). Apesar desta prisão continua a pregação de uma nova
aurora de intervenção de Deus na história da humanidade. A atuação de Jesus não
se reduz, porém, a uma mera continuação daquilo que João Batista iniciou. Sua
atuação traz a plenitude Boa-Nova. O tempo da preparação iniciado pelo Batista
é agora substituído “pelo tempo da plena realização ou da plenitude”: “O tempo
já se cumpriu e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e creiam no
Evangelho” (Mc 1,15) Antífona do Canto de comunhão na Quarta-Feira de Cinzas e
articulado com o Salmo 1.
O cenário
desta realização é a Galiléia e não a Judéia; é o interior ao redor do Lago de
Tiberíades e não a capital Jerusalém. Mas também para Marcos esta indicação
provavelmente já se vestiu de um sentido teológico e não somente geográfico.
Galiléia não é somente o cenário do ministério terrestre de Jesus, mas também o
lugar de encontro dos discípulos com o Senhor ressuscitado (Marcos 14,28;
16,7). A grande decisão toma-se longe dos “centros de decisão” e, está bem
claro logo na vocação dos primeiros discípulos (Marcos 1,16-20), não junto aos
que tem “poder decisório”, mas a simples pescadores do mar da Galiléia (Marcos
1,14-20).
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Nosso Deus é
um Deus de amor e de fidelidade (Salmo 24/25). A Palavra de Deus nos ensina que
Ele sempre nos amou com amor eterno, propondo-nos Aliança.
Sua primeira
Aliança foi com Noé (Gênesis 9,18-15), representando toda a humanidade. Depois,
Deus fez de maneira específica essa Aliança com o povo de Israel, iniciada na
promessa feita a Abraão, nosso pai na fé (Gênesis 12,15). Essa Aliança foi
depois renovada com todo o seu povo do Primeiro Testamento ao pé do monte Sinai
(Êxodo 19-24). E finalmente ela fez a Aliança definitiva com Jesus Cristo, no
Segundo Testamento (Lucas 22,20; Mateus 26,28; Mc 14,24).
A contrapartida
dessa proposta de Deus é nossa conversão. Ou seja, somos convidados a deixar as
tentações das alianças falsas do mundo do pecado (a tentação do ter, do poder e
da manipulação de Deus, superada por Jesus nas três tentações). Somos
convidados a viver o batismo, que nos coloca dentro do mistério da morte e
ressurreição de Jesus Cristo (com o simbolismo do mergulho na água). Quem vive
o batismo em comunidade morre para o pecado e ressuscita para a vida nova de
filho de Deus. Quem vive o batismo assume o projeto de Jesus, o mesmo Êxodo:
sair da casa da escravidão, aprender a partilhar os bens econômicos (cf. Êxodo
16), aprender a partilhar o poder (cf. Êxodo 18), e viver uma religião de
compromisso com a vida, não fabricando para si falsos deuses (cf. Êxodo 32).
Um grande
problema do nosso mundo são essas tentações (que o antigo povo de Deus teve e
que Jesus também teve): “do ter, do poder e da manipulação de Deus”. Por isso
falta fraternidade no mundo. Por isso se multiplicam os pobres no mundo. Por
isso se excluem os deficientes, os doentes, os pobres, os idosos. Por isso se
multiplicam as seitas religiosas feitas de deuses pequenos (fabricados à nossa
imagem e semelhança), descompromissados com a verdadeira Aliança e muito distante
do Deus da libertação (Êxodo 3).
A Igreja
também é tentada a ser “milagreira”, sem buscar a justiça para haja paz; é
tentada a um “espiritualismo desencarnado”, sem atender aos sofrimentos do
povo; é tentada pela “ambição política”, usando a religião em proveito da
instituição.
O apóstolo Pedro ainda nos
lembra que “o batismo não serve para limpar o corpo da imundície, mas é um
pedido a Deus para obter uma boa consciência, em virtude da ressurreição de
Jesus Cristo” (3,21). O batismo não é um banho de purificação semelhante às
abluções dos judeus. Muitos ainda hoje pensam que o batismo é para purificar a
criança dos pecados dos pais. O que Pedro nos orienta é que o batismo nos faz
mergulhar no mistério da morte e ressurreição de Cristo.
Se a vida
cristã é estar sempre a caminho, tem que ter um objetivo ou finalidade que dê
sentido à nossa caminhada. Este objetivo é morrer com Cristo para o pecado e
ressuscitar com ele para a vida de Deus, isto é, viver a “Aliança de amor” e
eleição que o Senhor realizou um dia com cada um de nós, pelo Batismo.
A Quaresma é
um chamamento gratuito de Deus, “oportunidade feliz” de renovar a nossa Aliança
batismal com Ele por meio da “conversão e da reconciliação” com Deus e com os irmãos e irmãs.
Para assegurar
a nossa “renovação batismal” devemos apontar, com realismo, metas pessoais e
comunitárias de conversão e progresso. Como demonstrar que estamos seguindo a
ordem de Jesus: “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”? Sinais que expressem
e meios que reafirmam a conversão são, entre outros: a penitência quaresmal e a
prática penitencial (cinzas, jejum, abstinência): participação na celebração do
sacramento da reconciliação; oração como diálogo com Deus; escuta e meditação
da Palavra de Deus (celebrações, encontros, caminhadas penitenciais, exercícios,
via sacra); a caridade, o amor aos irmãos e irmãs como expressão da nossa
mudança do egoísmo, da soberba e da avareza à partilha dos nossos bens e do
nosso tempo com os outros; etc.
Seguindo o
estilo, o desejo e as atitudes de Jesus no deserto, renasceremos para a vida
nova e para a Aliança de filhos e filhas com Deus iniciada no Batismo. Quaresma
é estar com Jesus no deserto. Caímos em tentação quando idolatramos a nós
mesmos e não damos a Deus o que é de Deus: seu Reino e seu povo.
A Campanha da
Fraternidade deste ano, evidencia de maneira clara o binômio, Igreja-Sociedade,
nos exorta a aprofundar a compreensão da dignidade da pessoa humana. Já
descobrimos quais são as tentações mais frequentes, hoje em nosso mundo? Já
refletimos sobre os tipos de aliança que fazemos em nosso dia a dia, na
prática? Com que projeto de sociedade sonhamos?
A Quaresma e a
Campanha da Fraternidade são um convite forte para a volta ao projeto de Deus,
à sua Aliança. (Ver outras indicações para homilia no Manual da Campanha da
Fraternidade).
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
Conversão do Coração
Um dos
enfoques que a liturgia quaresmal do Ano B nos apresenta é a conversão do
coração ao Deus que faz Aliança conosco em Jesus Cristo. Conversão do coração
que coincide com metanóia (conversão)
da mentalidade e do modo de agir, já que, para as Escrituras, o coração é a
sede da inteligência e do discernimento. A oração sobre as oferendas insiste
neste aspecto ao suplicar “que o nosso coração corresponda a estas oferendas
com as quais iniciamos disposição e abertura para acolher a Palavra de Deus,
deixando que ela nos guie para a Páscoa de Jesus. Ser como o pão e vinho
apresentados na abertura da liturgia eucarística, corresponde a, como eles,
permitir que a Palavra os habite e os transforme.
Comer e beber o Verbo
Atanásio de
Alexandria, em pleno século IV, nos inícios ao surgimento da quaresma,
portanto, elucida a importância de comer a Palavra do Pai em suas Cartas Pascais
o que coaduna com a Antífona de Comunhão: “Não só de Pão vive o homem, mas de
toda a Palavra que sai da boca de Deus”. É preciso que o ser humano se torne
Palavra de Deus como falara Inácio de Antioquia por ocasião de sua prisão, para
que o Evangelho vença o pecado e a morte. Nesse sentido, tomar parte na refeição
do Mistério significa consumir a Palavra de Deus. Orígenes muito bem sintetiza
isto ao afirmar que “O Deus Verbo não chamou seu Corpo aquele pão visível que
tinha em suas mãos, mas à Palavra em cujo mistério devia partir-se o pão. Nem
chamou seu Sangue àquela bebida visível, mas à Palavra, em cujo mistério
derramaria esta bebida. De fato, que outra coisa pode ser o Corpo e Sangue do
Deus Verbo, senão a Palavra que alimenta e alegra os corações?”
A Eucaristia como
sacramento da vitória pascal
A participação
na mesa eucarística, seguindo a lógica das Escrituras e dos Santos Padres nos
faz vencer as tentações do caminho, que consistem em reduzir o Reinado de Deus
ao nosso governo nos três âmbitos: o fazer, o ter e o ser. A Eucaristia
esclarece e realiza em nós o trabalho de Deus (fazer), através do qual
participamos do seu reinado, que consiste em partilhar com o cosmos inteiro o
que é fruto de Sua Benção (ter-com-os-demais), o que por sua vez manifesta de
fato nossa identidade, como ressonância de sua Palavra (ser). O primeiro
domingo da Quaresma, portanto, nos indica claramente o horizonte de vitória
pascal da qual já participamos, e ao qual, constantemente, devemos converter o
coração, isto é, os interesses.
5. LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Na liturgia
deste domingo fazemos a memória de Jesus, que não se deixou levar pelas
tentações do poder, do acúmulo e do prestígio. Sua obediência ao Pai até o fim
trouxe para nós a justificação. Jesus Cristo é a nova árvore da vida que o Pai
plantou para a salvação de toda a humanidade. Pelo batismo, com Ele nascemos
para uma vida nova, baseada na partilha e fraternidade. A Quaresma é um tempo
especial para renovarmos o batismo, o qual é participação na reconciliação do
sacrifício realizado por Cristo. Por isso rezamos na oração inicial para que
“possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor
por uma vida santa”. Fazemos isso através da confiança em Deus retribuindo o
seu amor por nós.
A vitória de
Jesus sobre todo o mal é o grande motivo de louvor e ação de graças ao Senhor,
nosso Deus. Por isso, presidente da celebração, em nome de toda a assembléia,
reza no prefácio: “Jejuando quarenta dias no deserto, Jesus consagrou a
observância quaresmal. Desarmando as ciladas do antigo inimigo, ensinou-nos a
vencer o fermento da maldade. Celebrando agora o mistério pascal, nós nos
preparamos para a Páscoa definitiva”.
Na celebração
eucarística oferecemos Cristo ao Pai e o recebemos em comunhão. Ele é o
“pão vivo e verdadeiro que nutre a fé, incentiva a esperança e fortalece a
caridade” (oração final).
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. O ensaio de
canto e um momento de silêncio e oração pessoal ajudam a criar um clima alegre
e orante para a celebração.
2. Fazer a
experiência do vazio, da reserva simbólica (ausência de flores, cantos como o
glória e os aleluias, moderação nos instrumentos musicais). A pedagogia da
liturgia, em sua simplicidade e despojamento manifestados na Quaresma, há de
nos ensinar, por si, a adentrar no mistério da Quaresma.
3. O bom uso do Lecionário. O ciclo A é ligado com o
Batismo. O ciclo B deste ano, com a Aliança. Na época em que foi preparado o
Lecionário Dominical, diversos peritos julgavam que, para a Quaresma, seria
suficiente só o ciclo A, porque seu alcance doutrinal é fundamental. Mas
prevaleceu o parecer dos biblistas. Afinal chegou-se a uma decisão equilibrada.
Nas comunidades onde há adultos que se preparam para os sacramentos da
iniciação cristã (Batismo, Eucaristia e Crisma) na noite da Páscoa, deve-se
utilizar o ciclo A, o qual, no entanto, quando se julgar oportuno, pode ser
usado sempre como indica o próprio Lecionário Dominical, nas páginas 438, 442,
446, 752, 756 e 760. Mas, onde não houver adultos preparando-se para os
sacramentos, poderão ser usados, conforme os anos, os ciclos B e C, porque a
linha do ciclo A é fundamentalmente batismal.
7. MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo da Quaresma,
é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser
cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado. A função da equipe de canto não é
simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 1º
Domingo da Quaresma. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico, com
a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que
toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de
uma pastoral ou de um movimento.
A regra da
reserva simbólica vale para todos. A liturgia nos ensina a reservar os
elementos festivos para a festa da Páscoa. Assim, os grupos são chamados a
serem mais moderados na execução dos instrumentos, evitando “solos
instrumentais”, deixando de tocar algum instrumento, ou mesmo cantando algo “à
capela” (sem acompanhamentos musicais). É tempo também de escutar, de ser
“obediente”, de aguçar o discipulado: uma boa forma de manifestar isso seria
assumir o repertório da CNBB para as celebrações.
1. Canto de abertura: Deus
atende o clamor de seu servo (Salmo 90/91,15-16). “Lembra, Senhor, o teu amor
fiel para sempre!”, articulado com o Salmo 24: “Senhor, meu Deus, a ti elevo a
minha alma”, CD: CF-2015, melodia da faixa 3. A Igreja também oferece outras
duas ótimas opções, para o povo de Deus, que se reúne em assembléia buscando o
coração de Deus para uma verdadeira reconciliação. “Senhor, eis aqui o teu
povo”, CD: Liturgia XIII, melodia da faixa 1; “Reconcilia-vos com Deus”;
Hinário Litúrgico da CNBB, II, pág. 290. O canto de abertura deve nos
introduzir no mistério celebrado.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse sentido
o Hinário Litúrgico II da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão gravados
no CD: Liturgia XIII, CD: Liturgia XIV e CD: CF-2015.
2. Ato penitencial. Nesse
domingo seria oportuno rezar a fórmula “Confesso a Deus todo-poderoso... do
Missal Romano, pag. 391. Todos se coloquem de joelhos. Outra opção é substituir
o Ato penitencial pela aspersão da assembleia. “Aspergi-me, Senhor, e serei
purificado”, CD: Nossa Senhora da Conceição Aparecida e Cantar a Liturgia,
melodia da faixa 8; “Lavai-me, Senhor, lavai-me” do Hinário III da CNBB, pág.
89.
3- Salmo responsorial 24/25. Fidelidade
de Deus a seu amor. “Verdade e amor são os caminhos do Senhor!”, CD: CF-2015,
melodia da faixa 6.
4- Aclamação ao Santo Evangelho. “Não
só de pão vive o homem” (Mateus 4,4b). “Glória a vós, ó Cristo, Verbo de Deus.
O homem não vive somente de pão...”, CD: CF-2015, melodia da faixa 9.
6. Canto após a homilia. Onde
for oportuno, após a homilia e uns momentos de silêncio, entoar o Hino da
CF-2015. “Em meio às angústias, vitórias e lidas”, melodia da faixa 1. Seria
oportuno entoar este hino após a homilia, para facilitar a vinculação da
Liturgia da Palavra com a vida e o tema da CF.
7. Apresentação dos dons. O
canto de apresentação das oferendas, conforme orientamos em outras ocasiões,
não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério que se celebra
acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração no Tempo da Quaresma.
Podemos entoar, “Aceita, Senhor, com prazer o que vimos te oferecer”, CD:
CF-2015, melodia da faixa 10. A Igreja oferece outros cantos quaresmais: “Eis o
tempo de conversão”, CD: CF-2012, melodia da faixa 12; CD: Liturgia XIV,
melodia da faixa 6, e Hinário Litúrgico da CNBB, II, pág. 217; “Recebe este
canto do chão”, CD: Liturgia XIV; “O vosso coração de pedra”, CD: Liturgia XIII,
melodia da faixa5. Outra opção é o hino da CF-2015, se não for entoado após a
homilia.
8. Canto de comunhão: “Não só de
pão vive o homem”, (Mateus 4,4). “Nós vivemos de toda palavra que procede da
boca de Deus”, CD: CF-2015, melodia da faixa da faixa 12.
O canto de
comunhão deve retomar o Evangelho do 1º Domingo do Tempo Quaresma. Esta é a sua
função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é
dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o
Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes
conteúdos bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Isto
significa que comungar o corpo e sangue de Cristo é compromisso com o Evangelho
proclamado. Portanto, o mesmo Senhor que nos falou no Evangelho, nós o
comungamos no pão e no vinho. No primeiro domingo da Quaresma, somos convidados
a entrar no deserto com Jesus. A exemplo do Divino Mestre, devemos resistir a
toda e qualquer tentação. Devido o espírito de confiança que anima a liturgia
de hoje e certos, da proteção dele, sugerimos outros cantos no rito da
comunhão. Podemos cantar o Salmo 90/91: “Quando invocar, eu atenderei, na
aflição com ele estarei”, CD: Liturgia XIII, melodia da faixa 7. Vamos também
com Ele pregar o Evangelho de Deus. Podemos também cantar Marcos 1,15 “Agora o
tempo se cumpriu, o já chegou”, articulado com o salmo 1, CD: Liturgia XIV,
melodia da faixa 3 que se encontra também no Hinário Litúrgico da CNBB, Vol II,
pág. 17.
8. O ESPAÇO CELEBRATIVO
1. Se há um
elemento, que, sem palavras, cumpre a função mistagógica, isto é, de conduzir
para dentro do mistério celebrado, este é o Espaço Sagrado. Por isso, devemos
dedicar-lhe todo o nosso cuidado.
2. Como tempo
preparatório para a Páscoa anual, a Quaresma nos convida a uma intensa revisão
de vida. Os elementos simbólicos festivos serão reservados. O espaço
celebrativo expressa essa “reserva simbólica” através da retirada das flores,
do despojamento e austeridade que convém a este tempo. Também a cor roxa da
estola (ou casula) e na mesa da Palavra as ajudará a sinalizar o tom
penitencial característico desse tempo.
4. A Mesa da
Palavra pode conter alguns ornamentos discretos e sóbrios. Um ikebana com
alguns galhos verdes e secos. Pode-se também fazer o ornamento com um tronco de
árvore. Importante não utilizar nada que seja artificial.
5. Para o
tempo quaresmal, já é de praxe, o uso da cor roxa nas vestes, velas e
paramentos. Mas temos que ir além. Redescobrir, a cada vez, o sentido da
chamada “reserva simbólica”: Durante este tempo (a Quaresma) é proibido ornar o
altar com flores, cantar o aleluia ou o hino de louvor, o canto de louvor a
Deus após a comunhão, com exceção das solenidades e festas.
6. Isso nos
ajuda a preparar o espaço celebrativo levando em conta o tempo quaresmal. O
ambiente deve estar “despojado a austero”. Isso vale também para outros tempos
litúrgicos. Devemos “fazer uma limpeza” de tudo o que é supérfluo no espaço
celebrativo, como cartazes, folhagens, fitas, adornos, faixas, muitas imagens,
etc. Os exageros de enfeites causam uma verdadeira “poluição visual”, e é
preciso achar um lugar “para pousar o olhar
e contemplar”. Por outro lado, devemos valorizar e destacar o que é realmente
essencial para a celebração do Mistério de Cristo, isto é, o Altar, a mesa da
Palavra, a cadeira presidencial e a pia batismal. Durante a Quaresma outros
símbolos fortes são importantes, como a cruz, a cor roxa e outros próprios para
cada celebração.
7. A equipe
procure caracterizar o ambiente e organizar toda a celebração dentro de uma
certa sobriedade (cor roxa, sem flores, sem glória, sem aleluia e sem o canto
de louvor a Deus após a comunhão. Isso não quer dizer que o ambiente seja de tristeza.
A fé cristã une numa mesma celebração “a dor e a alegria, a luta e a festa”. Na
Quaresma se retoma o silêncio, as celebrações são mais silenciosas, sóbrias,
simples, austera. Não se enfeita o espaço celebrativo com flores. Os
instrumentos apenas acompanham o canto. Não deve ter baterias e instrumentos de
percussão fazendo aquele barulho como se fosse uma boate. É o silêncio que
predomina. O espaço da celebração, a partir da Quarta-feira de Cinzas, deve ser
organizado e permanecer por toda a Quaresma.
8. O cartaz da
Campanha da Fraternidade e outras gravuras afins sejam colocados no mural ou
noutro espaço cuja finalidade é informar os fiéis dos acontecimentos
comunitários. Não é oportuno afixá-lo, por exemplo, no Altar ou na Mesa da
Palavra. Caso seja apresentado na procissão de abertura, ou na homilia, deve
ser reconduzido a um lugar oportuno.
9. AÇÃO RITUAL
Iniciamos o
tempo da quaresma entrando no deserto para enfrentar as tentações e o pecado
que desfiguram as feições divinas em nós. Jesus nos inicia neste caminho: com ele
fazemos a travessia rumo à páscoa, à ressurreição.
Ritos iniciais
1. A
celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto
de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a
assembleia no Mistério celebrado.
Seria muito
oportuno a saudação inicial de 2Tessalonicensses 3,5:
“O Senhor, que encaminha os nossos corações
para o amor de Deus e a constância de Cristo, esteja convosco”.
2. Em seguida
quem preside, ou o diácono ou um leigo ou leiga preparado, dar o sentido da
celebração com estas palavras ou outras semelhantes:
No primeiro Domingo da Quaresma o Senhor nos
conduz ao deserto. É o próprio Espírito que nos conduz com Jesus e esse tempo
de jejum, oração e solidariedade. Fortalecidos por Ele, seremos capazes de
enfrentar nossas fragilidades e combater toda espécie de mal que nos afasta de
nossa vocação de filhos de Deus.
3. Em seguida
fazer uma recordação da vida tornando presentes as realidades que hoje precisam
ser transfiguradas, transformadas. Trazer os fatos da vida de maneira orante e
não como noticiário.
4. Reunida em
torno da cruz, a comunidade pode fazer, de joelhos ou inclinada, o Ato Penitencial e ser motivada a
expressar o desejo de viver a Quaresma, indicando aspectos nos quais é chamada
à conversão do coração. Outra opção é substituir o Ato penitencial pela
aspersão com água.
5. A Oração do
Dia nos convida a acompanhar o Cristo de perto e corresponder a seu amor.
Rito da Palavra
1. Na liturgia
da Palavra, Deus chama e propõe as condições da Aliança, enquanto o povo as
ouve e aceita. Na liturgia eucarística a Aliança é “selada” no sangue do
Cordeiro que tira o pecado mundo. Agora o Cristo, em seu mistério pascal
(Evangelho), é a chave da leitura da revelação bíblica (demais leituras) e dos
acontecimentos dos dias de hoje (a vida que trazemos para a Eucaristia).
2. Em todo o
rito, a Palavra se conjuga com o silêncio.
Momentos de silêncio após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecem a
atitude de acolhida da Palavra. O silêncio é o momento em que o Espírito Santo
torna fecunda a Palavra no coração da comunidade. Nem tudo cabe em palavras.
3. Cuidar para
que o creio não se torne apenas a recitação decorada, mas a renovação da fé e
da adesão ao projeto de Deus que a comunidade, sustentada pela Palavra que
ouviu da boca de Deus, é motivada a fazer diante de tantas tentações que
enfrenta para lutar pela dignidade humana e pela paz.
4. Como os
sacramentos de “iniciação cristã” devem ser celebrados nas solenidades pascais
e sua preparação imediata é a própria Quaresma, realiza-se habitualmente “o
rito de eleição” no primeiro domingo da Quaresma. Depois da Profissão de fé,
faz-se o Rito de acolhida, através do qual a comunidade acolhe as pessoas que irão receber o Batismo. A
última preparação dos “eleitos” coincida com o tempo quaresmal (Ritual da
Iniciação Cristã dos Adultos pág. 63, nº 139).
5. Nas preces
não se esqueça de incluir pedidos pela humanidade que tantas vezes sucumbe ao
pecado que lhe desfigura a face de filhos de Deus. A resposta pode ser: “Conduza-nos o vosso Espírito ao deserto”.
Rito da Eucaristia
1. Na Oração
sobre as Oferendas, peçamos a Deus que as oferendas que trazemos ao Altar lavem
os nossos pecados para que sejamos santificados.
2. É tempo de
usar os Prefácios do Tempo da Quaresma, que são muito bonitos e trazem uma boa
síntese teológica desse tempo litúrgico. Usando estes prefácios, o presidente
deve escolher a I ou a III Oração Eucarística. A II admite troca de prefácio.
As demais não admitem um prefácio diferente.
Ritos finais
1. Na Oração
depois da Comunhão, suplicamos a Deus que depois de comungar o mistério da
glória, nos ajude aqui na terra, já participarmos da realidade eterna de Deus.
2. Nos avisos
se recorde que os exercícios quaresmais são importantes armas na luta contra as
tentações e o mal. A paróquia promova momentos de oração, sugestões de jejum
para os fiéis e gestos de solidariedade que reúna os esforços de todos.
3. Bênção
solene, para todo o povo, como sugere o Missal Romano, página 521 ou a também a
oração sobre o povo, número 6, página 531:
Ó Deus, fazei que o vosso povo se volte para
vós de todo o coração, pois se protegeis mesmo quando erra, com mais amor o
guardais quando vos serve.
4. As palavras do rito de envio podem estar em consonância como
mistério celebrado: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Ide em paz e que o
Senhor vos acompanhe.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A liturgia é
a fonte e o cume da vida da Igreja. É o momento privilegiado da revelação de
Deus. É a salvação acontecendo na vida das pessoas. Participando da liturgia
santificamos o nome de Deus e ao mesmo tempo somos santificados.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Pe. Benedito
Mazeti
Assessor Diocesano de Liturgia
Bispado de São José do Rio Preto
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