19 de julho de 2015
Leituras
Jeremias 23,23,1-6
Salmo 22/23,1-6
Efésios 2,13-18
Marcos 6,30-34
“JESUS VIU UMA NUMEROSA MULTIDÃO E TEVE
COMPAIXÃO PORQUE ERAM COMO OVELHAS SEM PASTOR”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo da
volta dos Doze. Em cada celebração fazemos memória da Páscoa de Jesus
ressuscitado e vivo no meio de nós. Hoje nós o contemplamos como Mestre que se revela muito próximo e íntimo dos
discípulos e se comove diante da multidão faminta e desamparada que o cerca.
Como Bom Pastor,
Ele se compadece de nossos sofrimentos, guia-nos, fortalece-nos e defende nossa
vida.
Hoje, a Páscoa
de Jesus se prolonga na vida de tantas pessoas que são movidas em missão, em
seu trabalho pastoral, pela mística da compaixão, da ternura e da doação,
vencendo todo o tipo de autoritarismo, esnobismo e exploração interesseira.
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Primeira leitura – Jeremias 23,1-6. Os
profetas do Primeiro Testamento criticaram o presente (cf. versículos 1-2a) à
luz da ação de Deus no passado (cf. versículos 5.7-8) e prometeram um futuro
melhor da parte de Deus (versículos 2b.6). Nas suas denúncias os profetas
responsabilizaram antes de tudo as classes que exerciam a liderança política,
judicial, econômica, militar e religiosa, aqui todas indicadas como a palavra
“os pastores” (versículos 1-2a). Do povo em geral denunciam-se especialmente as
crenças e práticas heterodoxas e cheias de superstições, junto com os desvios
morais etc. Essas doutrinas práticas religiosas erradas e morais junto com os
fracassos e desgraças nas gestões políticas, econômicas e militares são
denunciadas como conseqüências da falta de responsabilidade, de omissão e de
exploração das classes dominantes. O povo em geral é visto como vítima e como
rebanho por elas transviado e traído.
Essa
interpretação profética da realidade, aponta que os lideres são responsáveis
pela má situação do povo, os profetas dirigem geralmente a eles e contra eles
suas profecias que, neste contexto, assumem a forma e o conteúdo de denúncias e
ameaças. Poucas vezes os profetas apelaram à responsabilidade do povo.
Proclamam que Deus mesmo intervirá. Ele destruirá os lideres e lideranças
erradas, salvará o povo e lhe dará novos líderes que guiarão o povo com justiça
(cf. versículos 3-4).
A primeira
leitura e o Evangelho trazem presente a figura do pastor, como no 4º Domingo da
Páscoa. O profeta Jeremias faz uma acusação contundente aos pastores que
traíram as esperanças do povo, especialmente o rei Sedecias, cujo nome
significa “Justiça de Deus”, mas na prática impunha sua justiça contra o povo,
em nome de Deus.
Jeremias
garante ao povo que nem tudo está perdido. Deus mesmo vai cuidar de seu povo e
lhe dará um pastor segundo o seu coração, um Messias que se chamará “O Senhor é
nossa justiça”. A justiça e o direito expressam a vontade de Deus.
Salmo responsorial 22,1-3a.3b-4.5-6. É
um Salmo de confiança em Deus.
A solicitude divina para com os justos, descrita com a dupla
imagem do pastor (versículos 1-4) e do hospedeiro que oferece o festim
messiânico (versículos 5-6). Este salmo é tradicionalmente aplicado à vida
sacramental, especialmente ao Batismo e à Eucaristia.
É um dos
salmos mais conhecidos e belos do saltério, aplica ao próprio Deus a humilde
imagem do “pastor” como expressão de terno cuidado e guia segura que Ele tem
para com um rebanho amado e protegido (versículos 2-4). Além disso, recupera o
tema da “unção” do fiel como sinal de predileção e de dignidade (versículos
5-6).
Nos versículos
de 1-4, o tema pastoril fornece algumas imagens fundamentais: verde, água,
caminho. A última imagem conjura o grande perigo, a escuridão temerosa
plenamente superada. Na segunda parte versículos 5-6 adianta-se o plano real,
imediato: a experiência religiosa tem lugar no Templo de Jerusalém. Ali a
pessoa humana encontra asilo frente ao opressor, participa na mesa do banquete
sagrado, recebe a unção que o consagra. A experiência religiosa intensa
converte-se em esperança e desejo para toda a vida.
O rosto de
Deus no Salmo 22. Sem dúvida é uma das imagens mais bonitas do Primeiro
Testamento que mostra Deus como pastor. Outras imagens também mostram o rosto
de Deus como hospedeiro, libertador e aliado. Jesus no Evangelho de João,
assume as características de Javé pastor, libertador e aliado (João 10). Jesus
é esse pastor que se compadece do povo explorado. Ele caminha à frente de seu
rebanho, tanto para chegar ao pasto e à água, como para voltar ao curral de
repouso, já na escuridão da noite. Este salmo é tradicionalmente aplicado à
vida sacramental, especialmente ao Batismo e à Eucaristia.
Por este
salmo, peçamos ao Senhor que restaure as nossas forças, que derrame sobre nós o
óleo do seu amor e faça de nós instrumentos de salvação, no meio de nossas
comunidades.
O SENHOR É O PASTOR QUE ME CONDUZ:
FELICIDADE E TODO O BEM HÃO DE SEGUIR-ME!
Segunda leitura – Efésios 2,13-18. Este
trecho da carta aos efésios pode ser considerado o centro teológico da carta.
Paulo mostra a Igreja como o lugar onde as pessoas das mais diferentes
condições estão juntas. A Igreja não nasce do acordo ou da decisão dos seus
membros, é anterior a eles, é fruto do sangue de Cristo derramado na cruz.
Portanto, a Igreja não é uma invenção humana.
O sangue de
Cristo trouxe paz ao mundo, paz que inclui em si a destruição dos muros que
dividiam as pessoas, dos quais o muro do Templo de Jerusalém que separava o
átrio dos pagãos era um sinal vivo e concreto; e das leis de morte, das quais a
judaica da pureza e impureza se tornara um modelo, por exigir sem dar condições
de observância.
Cristo estabeleceu
a paz entre as pessoas e entre as pessoas e Deus. Destruiu os muros que
separavam as pessoas, e de uma vez por todas cumpriu a lei pela morte de cruz
(Colossesnses 2,14). A paz messiânica prometida pelos profetas, tornou-se uma
realidade pela morte de Cristo (Colossesnses 1,22) e na fundação da Igreja (1Coríntios 12,12). O próprio Cristo, pela
sua boca e dos apóstolos, anunciou a paz realizada, congregando as pessoas ao
redor do único Espírito. Em outras palavras, o Espírito que vivifica a Igreja é
o motivo da união entre as pessoas.
O apóstolo
Paulo conclui, nesta passagem, uma exposição sobre um dos frutos mais
importantes da obra redentora de Cristo: a reunião dos judeus e dos pagãos na
única Igreja de Deus.
Cristo é a paz
em duplo sentido: porque inaugura um novo modelo de humanidade, no qual
esfumam-se as diferenças entre judeus e pagãos (versículos 14-16), e porque
edificou a paz entre Deus e a humanidade, por sua morte na cruz (versículo 16)
e pelo dom do Espírito (versículo 18).
Deste modo, Cristo
proclamou e realizou a paz anunciada e pregada pelos profetas (Isaias 57,19),
instaurando relações normais com as pessoas, e entre elas e Deus, com tanta
competência que os mais afastados ouvem e aceitam sua mensagem, assim como as
pessoas que estão próximas.
A fé em
Cristo-paz entre Deus e as pessoas e entre as próprias pessoas reflete
automaticamente na participação que tem o cristão nos esforços da humanidade
por uma paz maior no mundo.
Esta leitura é
um hino cristológico. Cristo é a paz e quem nos traz a paz; Ele derruba a
parede divisória entre judeus e pagãos, que eram desconsiderados pelos
primeiros. Como pastor, Cristo reúne a todos como um só rebanho. Não há mais
discriminação e Deus nos chama para participar de seu Reino.
No Senhor
ressuscitado desaparecem antagonismos e injustiças que fazem com que os homens
e mulheres não se entendam entre si. O Evangelho é uma mensagem de caráter
universal, derruba os muros sociais, políticos, econômicos, culturais e irmana
todos numa fraterna comunhão.
Evangelho – Marcos 6,30-34. Esta
passagem inaugura um conjunto que podemos chamar com o nome de “seção dos pães”
(Marcos 6,31-8,26), que gira em torno da narrativa das duas multiplicações dos
pães. Dos três evangelistas, Marcos foi o que melhor redigiu esta seção.
Na passagem
lida hoje na liturgia, Marcos se preocupa em conduzir Jesus ao
deserto por uma série de acontecimentos que parecem ter apenas um simples
relato com poucas palavras, episódios encarregados de operar a transição entre
as duas partes do Evangelho. Fala da volta dos apóstolos (versículo 30), de seu
repouso (versículo 31) e das multidões que vão atrás de Jesus.
O tema do
rebanho sem pastor é tomado de Números 27,17 onde ele reflete a preocupação de
Moisés em encontrar para si um sucessor, a fim de não deixar o povo sem direção
(Ezequiel 34,5). Cristo se apresenta assim como esse sucessor de Moisés, capaz
de retomar em suas mãos o rebanho, de nutri-lo com alimentos de vida e de
conduzi-lo às pastagens definitivas. Toda a seção dos pães é formada de tal
maneira que Cristo apareça efetivamente como o este “Novo Moisés” oferecendo o
verdadeiro maná (Marcos 6,35-44; 8,1-10), triunfando, por sua vez, sobre as
águas do mar (Marcos 6,45-52), libertando o povo do legalismo ao qual os
fariseus tinham levado a lei de Moisés (Marcos 7,1-13) e abrindo aos próprios
pagãos o acesso à Terra Prometida (Marcos 7,24-37).
Cristo pode
reivindicar o título de “Novo Moisés” porque, em sua vida pessoal, restabeleceu
a obediência à lei, no regime da fé e da íntima ligação com o Pai. Ele realizou
em sua própria carne a fidelidade requerida pela verdadeira aliança. Sendo
assim Ele pode propor-se como exemplo para toda a humanidade.
Não é pelo
“bom exemplo” moral dos cristãos que Cristo se manifesta ao mundo, pois a ética
pode ser reivindicada tanto pelos ateus quanto pelos cristãos. O verdadeiro
sinal da presença de Jesus Cristo no mundo está na fé com a qual o cristão se
prende a Deus que é o “Todo-Outro”, na defrontação das provações quotidianas,
dos desafios da morte e do pecado pelos grandes problemas da guerra, do
terrorismo, da crise mundial, da fome e da injustiça social.
Precisamos
entender que o Evangelho nos apresenta duas cenas. Na primeira aparecem os
apóstolos cansados, mas felizes e cheios de entusiasmo pelo bom êxito da missão
e por tudo o que tinham conseguido realizar. Jesus os convida amigavelmente a
se retirarem para um lugar sossegado, à
solidão do deserto, a fim de refazerem suas forças e buscarem maior
intimidade com o Pai, pela oração. No Evangelho de Marcos e em outros textos
bíblicos, o deserto é o lugar onde Deus fala a seu povo.
É
indispensável para a missão o espaço da oração, o cultivo da relação íntima e
pessoal com Deus. É Ele quem anima e dá forças para enfrentar todas as
dificuldades que apóstolos e apóstolas de todos os tempos vão encontrar.
A segunda cena
apresenta a chegada da multidão: povo abandonado e desprezado pelos maus
governantes, maus pastores que, pela corrupção, abuso do poder, busca de
interesses pessoais e total descaso pelo povo, provocavam o triste drama da
miséria cada vez maior das multidões de miseráveis, excluídas do sistema do
Império Romano que só beneficiava uma minoria de privilegiados.
Diante dessa
multidão sofrida, Jesus moveu-se de compaixão, um traço característico de Deus.
Deixa-se estremecer por dentro, tem um sentimento profundo como dores de parto,
escuta o gemido e suas entranhas comovem-se porque os pastores haviam
abandonado seu povo nas mãos de estranhos e exploradores.
A eucaristia é
o lugar por excelência do renascimento desta moral, porque ela une novamente,
de maneira viva, o cristão ao acontecimento máximo no qual Jesus Cristo
expressou sua fidelidade ao desígnio misterioso de seu Pai.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Pastor ou pastora
é quem tem responsabilidade pelo bem de outras pessoas. A atitude de Jesus nos
lembra que esta é a forma de ser de Deus e também deve caracterizar a
comunidade cristã. No seguimento de Jesus, somos ovelhas e pastores, convocados
a viver a “compaixão/sentir com” os pobres, ser “pastores amorosos”,
responsáveis pela sorte, pela vida, pela paz, pela felicidade dos irmãos e
irmãs.
O que
significa ser pastor hoje? O que é um mau pastor? As lideranças políticas,
religiosas, sindicais, dos movimentos sociais agem como bons pastores? Que tipo
de pastor você e na sua família, na comunidade em seu local de trabalho? São
perguntas que freqüentemente precisamos nos fazer para não cairmos no ativismo.
Ser pastor e
pastora hoje é desenvolver a ética do cuidado, da compaixão, da ternura. É
perceber que o outro é o meu semelhante, meu irmão. Todo o nosso culto a Deus,
todo rito, todo sacramento deve ter como centro o seguimento de Jesus, caminho,
verdade e vida. Ser pastor é ser presença solidária junto dos esquecidos, que
estão dentro do coração de Deus. É cuidar do planeta Terra, assumindo, no
respeito ilimitado a todo ser, a responsabilidade diante do futuro do nosso
planeta.
Ser pastor é
se fazer escutar pelas ovelhas, despertar no coração do povo confiança e esperança.
Não se trata de palavras vazias, superficiais, fora do tempo. Trata-se de tocar
o coração do povo com o amor e a compaixão de Jesus, para construir
alternativas de vida e sobrevivência.
Jesus traz a
paz a todos sem exceção, porque vem da parte de Deus, e Deus nos tem por filhos
e filhas. A divisão entre judeus e pagãos, crentes e não-crentes, brancos e
negros, homem e mulher, ou qualquer outra oposição, não pode ser aceita por
nós.
O convite de
Jesus para ir a um lugar tranqüilo e descansar um pouco não é detalhe que
destoa do resto do Evangelho. É importante que em nossas comunidades criemos
espaço para o descanso, o lazer, a convivência prazerosa. A vida cristã não se
reduz a preceitos, normas, pecados, obrigações, orações, devoções, abstinências,
jejuns, esmolas, apenas... mas é bom caprichar na gratuidade, no aconchego, no
convívio alegre e fraterno.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
O Bom Pastor não desampara
O conhecido e
apreciado Salmo 22/23, também chamado de “salmo do Bom Pastor” é de fato uma
das “pérolas” do livro dos salmos. A sua beleza poética e riqueza de imagens
encantam cristãos, judeus e até pessoas de outras religiões. O mais belo deste
salmo talvez seja a forma de tratamento que reconhecemos receber de Deus: “mesa
farta”, “águas tranqüilas”, segurança, bem-estar... é a imagem do “Deus
protetor”. Aquele que não desampara sua criação, provendo-lhe vida e
salvação...
Mas nos
salmos, como ensina santo Agostinho no comentário do Salmo 98, devemos procurar
Cristo. E com esse mesmo olhar e inteligência que cantamos o salmo 22/23. Pois
Cristo é o Pastor que nos conduz à vida plena com sua Ressurreição. É Ele quem
nos conduziu à fé, fruto da Palavra que nutre e dá sentido à nossa vida, qual
prado verdejante para o rebanho. Assim nutridos, passamos pelas “águas
repousantes e tranqüilas” do Batismo e nos saciamos nas delícias da mesa
eucarística, onde participamos do banquete do Reino, preparado para nós.
Jesus Pastor e Guia
Jesus, o
Pastor escatológico, prenunciado pelo profeta Jeremias, tem cuidado agregador
na condução do rebanho do Pai. Com seu
sangue, “traz-nos para perto”de si, a
nós que andávamos distanciados Dele e de seu projeto. Sob seu comando, caem todos
os muros que separam “judeus e gentios”. Pasto e Guia, Ele não se distancia de
nós, mas se senta à mesa conosco para cear, conforme rezamos na antífona de
comunhão: “Eis que estou à porta e bato, diz o Senhor: se alguém ouvir a minha
voz e abrir, eu entrarei e cearemos juntos” (Apocalipse 3,20). O cuidado do Bom
Pastor nos “cura” de todo sentimento de discriminação e exclusão, que nos torna
racistas, classistas e preconceituosos. Quanto a nos, sendo também bons
pastores uns para com os outros, nossas forças pastorais não de dispersarão.
Viveremos uma prática pastoral forjada na compaixão e no zelo missionário.
Nossa ação evangelizadora e nossas liturgias terão “vida”, vida e conteúdo e
viveremos na paz o dom da unidade, sob o olhar compassivo daquele que nos
governa com prudência: nosso rei-pastor Jesus Cristo, o “Senhor nossa justiça”.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Como rebanho,
encontramo-nos no regaço de nosso Pastor para refazer as forças e ouvir a
Palavra. A celebração nos afasta da correria dos afazeres da vida e da missão
para permanecermos na intimidade do Senhor e prosseguirmos mais animados em
nossa caminhada pascal.
Somos tocados
pelo seu olhar compassivo. Sua presença amorosa se faz sentir na comunidade de
irmãos que juntos celebram o sacramento da sua Palavra, a qual ecoa dos
acontecimentos, dos textos bíblicos, da homilia, dos cantos e do silêncio. E,
num diálogo de aliança e compromisso, respondemos, professando nossa fé e
suplicando, desejosos que seu Reino venha logo.
Mas é no rito
eucarístico que vivemos plena comunhão de aliança com o Senhor. Agradecidos,
oferecemos com Ele nossa vida ao Pai que nos brinda com a ceia, sacramento da
entrega de seu Filho na cruz.
Na comunhão de
sua aliança, deixamo-nos tomar de compaixão pela multidão faminta, sofrida e
desesperançada ao nosso redor. Pela força do Espírito, como bons pastores,
assumimos doar nossa vida para que o mundo tenha vida e alegria.
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Valorizemos
os momentos de silêncio e oração durante a celebração.
2. Na
celebração de hoje, referimos dois importantes elementos que se entrelaçam: a
unidade da Igreja e os sacerdotes, pastores do povo de Deus. Diz o Catecismo da
Igreja Católica, 815: “a unidade da Igreja peregrinante é também assegurada por
vínculos visíveis de comunhão” e cita entre eles “a sucessão apostólica, por meio
do sacramento da Ordem, que mantém a concórdia fraterna da família de Deus.” É
oportuno, pois, na Oração dos Fiéis desta celebração, formular preces tanto
pelos presbíteros quanto pela unidade da Igreja.
3. Lembrar que
no dia 25, sábado a Igreja celebra a festa de São Tiago Maior Apóstolo. Ele era
irmão do Apóstolo João e esteve presente nos principais milagres realizados por
Jesus e também na Transfiguração. É venerado com grande devoção em Compostela,
Espanha, onde há uma basílica dedicada a seu nome, que atrai a cada ano
milhares e milhares de peregrinos. Informar também sobre a festa dos motoristas
e dos agricultores, comemorada no dia 25 de julho, e se, for oportuno, dar uma
bênção especial para os motoristas e seus veículos na celebração deste dia
assim como aos agricultores presentes. Lembrar também que no dia 26 é dia dos
Santos Joaquim e Ana pais de Maria. Neste dia dos avós, rezemos por todos eles
e busquemos neles a sabedoria de vida.
4. O
repertório litúrgico para este domingo está no CD “Litúrgico IX”, produzido
pela Paulus.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo Comum, é
preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser
cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado. A função da equipe de canto não é
simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 15º
Domingo do Tempo Comum. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico,
com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que
toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de
uma pastoral ou de um movimento.
A celebração
tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto de abertura
começa tendo em conta essa realidade eclesial. O Evangelho deste Domingo
ressalta a compaixão do Bom Pastor pelo seu rebanho. A antífona de entrada
realiza, de antemão, o que o Evangelho proclama. Convém, portanto, cantar a
antífona “É Deus quem me abriga”, conforme propõe o Missal Romano e o Hinário
1. Canto de abertura. Agradecimento a Deus que nos defende (Salmo 53/54,6.8).
Para o canto de abertura, sugerimos este Salmo. “É Deus quem me abriga”, CD:
Liturgia VI, mesma melodia da faixa 19. As estrofes são do Salmo 32/33, nos
convida a alegrar-nos no Senhor que é bom, que cumpre o que promete.
Como canto de
abertura da celebração, sugere-se o canto proposto pelas Antífonas do Missal
Romano e ricamente musicadas pelo Hinário Litúrgico III da CNBB. Isso não
significa rigidez. Mas a equipe de liturgia, a equipe de celebração, a equipe
de canto juntamente com o padre têm a liberdade de variar sua escolha, desde
que isso manifeste o Mistério celebrado e seja fiel aos princípios que regem a
escolha de uma música adequada para a celebração. Uma sugestão, para entender
bem o que significa isto, seria “a tua Igreja vem feliz e unida agradecer-te a
ti, ó Deus da vida”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão – “As Mais Belas
Parábolas, CNBB/Paulus), melodia da faixa 6 é uma boa opção para iniciar a
celebração
2. Ato penitencial. “Senhor,
servo de Deus, que libertastes a nossa fraqueza”, CD: Partes Fixas Ordinário da
Missa, melodia da faixa 2. A letra é muito oportuna para este 15º Domingo do
Tempo Comum
3. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo
Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas, Partes fixas do Ordinário da
Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã
Miria e outros compositores.
O Hino de
louvor “Glória a Deus nas alturas” é antiqüíssimo e venerável, com ele a
Igreja, congrega no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus e ao Cordeiro.
Não é permitido substituir o texto desse hino por outro (cf. IGMR n. 53). O CD:
Festas Litúrgicas I propõe, na faixa 2, uma melodia para esse hino que pode ser
cantado de forma bem festivo, solista e assembléia. Ver também nos outros CDs
que citamos acima.
4. Salmo responsorial 22/23. “O
Senhor é meu Pastor”. “O Senhor é o pastor que me conduz: felicidade e todo bem
hão de seguir-me!”, mesma melodia da faixa 7 do CD: Liturgia IX.
A função do
salmista é de suma importância. Sua função ministerial corresponde à função dos
leitores e leitoras, pois o salmo é também Palavra de Deus posta em nossa boca
para respondermos à sua revelação. Por isso, o salmo dever ser proclamado do
Ambão e, se possível, cantado.
5. Aclamação ao Evangelho. As
ovelhas seguem o Bom Pastor (João 10,27). “Aleluia... Minhas ovelhas escutam
minha voz”, CD: Liturgia VII, mesma melodia da faixa 7. O canto de aclamação ao
evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.
Preserve-se a
aclamação ao Evangelho cantando o texto proposto pelo Lecionário Dominical. Ele
ajudará a manifestar o sentido litúrgico da celebração, conforme orientações da
Igreja na sua caminhada litúrgica.
6. Canto de Apresentação dos dons.
O canto de apresentação das oferendas, conforme orientamos em outras ocasiões,
não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério que se celebra
acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração, neste 16º Domingo do
Tempo Comum mostrando a compaixão do Bom Pastor pelas ovelhas. Devemos ser
oferendas com nossas oferendas. Expressemos nossa compaixão com os mais necessitados.
“Sou Bom Pastor, ovelhas guardarei”, CD: Liturgia X, melodia da faixa 10.
7. Canto de comunhão. “Ao
desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como
ovelhas sem pastor. (Marcos 6,34). “Como ovelhas que vão sem pastor, nós
queremos por ti ser cuidados”, CD: Liturgia VI, mesma melodia da faixa 16.
O Evangelho de
hoje é contexto de deserto, onde Jesus se depara com a multidão desamparada e
também nos introduz para a multiplicação dos pães no próximo Domingo. Outra ótima
opção para o canto de comunhão seria “O pão da vida, a comunhão, nos une a
Cristo e aos irmãos”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 16.
Oferecemos ainda uma terceira opção: “Naquelas estradas empoeiradas da
Galiléia”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão – As Mais Belas Parábolas, melodia
da faixa 16. Estes cantos também permitem estabelecer e experimentar a unidade
das duas mesas, considerando a Liturgia um único ato de culto. O canto de
comunhão deve retomar o sentido do Evangelho do dia. Esta é a sua função
ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na
Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se
dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos bíblico-litúrgicos,
garantindo ainda mais a unidade entre a
mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia.
8- ESPAÇO CELEBRATIVO
1.
Preparar o espaço da celebração bem festivo, porque cada domingo é Páscoa
semanal. Os enfeites não podem ofuscar as duas mesas principais: mesa da
Palavra e o altar.
2. Um ícone do
Bom Pastor pode ficar em destaque no espaço celebrativo.
3.
A cor litúrgica é o verde nos paramentos no ambão. Pode-se também destacar com
um detalhe o verde na mesa do altar.
9. AÇÃO RITUAL
Acolher de modo
bem fraterno e alegre as pessoas presentes. Que todas possam experimentar a
certeza e a satisfação de serem “rebanho de Cristo, o Bom Pastor”.
Ritos Iniciais
1. A
celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto
de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a
assembleia no Mistério celebrado.
2. A opção
“c”, do Missal Romano para a saudação presidencial é muito oportuna para
iluminar o sentido litúrgico deste domingo:
“O Senhor, que encaminha os nossos corações
para o amor de Deus e a constância de Cristo, esteja convosco” (Romanos 15,13).
3. O sentido
litúrgico, após a saudação do presidente, pode ser feito por quem preside, pelo
diácono ou um ministro devidamente preparado com palavras semelhantes às que
seguem:
Domingo da volta dos Doze Apóstolos. Jesus é
o Bom Pastor, Aquele que ama e cuida do seu povo. Todos aqueles que recebem a
tarefa de velar sobre o povo de Deus é servidor deste mesmo povo. O Bom Pastor
traz a felicidade e todo bem ao mundo, gera a união, faz acontecer a verdadeira
unidade.
4. Em seguida
fazer a “recordação da vida” trazendo os fatos que são as manifestações da
Páscoa do Senhor na vida da comunidade, do país e do mundo, mas de forma orante
e não como noticiário. Deve ter presente
a realidade de sofrimento em que vive hoje a multidão de empobrecidos, a grande
massa sobrante e excluída do processo de desenvolvimento social, econômico e
político em nosso país e no mundo usando alguns símbolos. A primeira leitura sugere
forte ligação com o momento político atual e ano de eleições.
5. Se a opção
é rezar o ato penitencial, sugerimos que a motivação para o Ato Penitencial
seja a fórmula I da página 390 do Missal Romano:
O Senhor Jesus, que nos convida à mesa da
Palavra e da Eucaristia, nos chama à conversão.
Após uns
momentos de silêncio cantar:
Senhor, servo de Deus, que libertastes a
nossa vida, tende piedade de nós!
(CD: Partes
Fixas, Ordinário da Missa, melodia da faixa 2)
Outra opção
para o Ato Penitencial é a formula 4, para os domingos do Tempo Comum na página
394 do Missal Romano, que evidencia a preocupação de Deus para com os
excluídos.
Senhor, que vieste procurar quem estava
perdido, tende piedade de nós.
6. Cada
Domingo do Tempo Comum é Páscoa semanal. Cantar de maneira festiva o Hino de
louvor (glória).
7. Na Oração
do Dia supliquemos a Deus que é generoso para com todos que sejamos repletos de
fé, esperança e caridade possamos cumprir a vontade do Pai.
Rito da Palavra
1. As
leituras, bem preparadas e proclamadas pelos ministros leitores, ajudarão as
comunidades a se desprenderem dos folhetos e a acolher a Palavra de Deus como
discípulos atentos que ouvem o próprio Cristo que lhes fala ao coração.
2. O Salmo
responsorial, muito caro à piedade do povo, seja cantado, de tal forma que a
assembléia responda à primeira leitura de forma orante e piedosa.
3. As preces,
como ressonância da Palavra proclamada, sejam elevadas do Ambão, evitando-se
formas indiretas: “para que...”, “pela nossa...”, “a fim de que...”. recordem o
aspecto memorial e a suplica seja feita com base no que foi recordado. São
formas de se valorizar a Palavra na celebração. Nas preces, a comunidade se
recorde de incluir pedidos, em forma de ladainha:
- pela unidade
e pela paz.
- pelos “pastores”
do povo de Deus, inclusive pelas vocações...
- pelo tema da
compaixão.
- que, de
forma dinâmica, lembrem as várias pessoas que ao longo de nossa vida
desempenharam o serviço de
pastores da comunidade, daqueles que deram a
vida pela causa de
Cristo, tanto de dentro da comunidade, como de fora.
- que enfatizem a ação do Espírito
Santo, especialmente a partir da 2ª leitura,
como ação geradora da paz e da
unidade.
Rito da Eucaristia
1. Na Oração
sobre o pão e o vinho suplicamos a Deus que santifique o nosso sacrifício para
que os dons de cada um sirvam para a salvação de todos.
2. Se for
escolhida outra oração eucarística sugerimos o Prefácio dos Domingos do Tempo
Comum VIII, página 435 do Missal Romano o qual evidencia o qual evidencia a
reunião escatológica em Cristo. Seguindo esta lógica, cujo embolismo reza “Quisestes
reunir de novo, pelo sangue do vosso Filho e pela graça do Espírito Santo, os
filhos dispersos pelo pecado. Vossa Igreja, reunida pela unidade da Trindade, é
para o mundo o Corpo de Cristo e o Templo do Espírito Santo para a glória da
vossa sabedoria”. O grifo no texto identifica aqueles elementos em maior
consonância com o Mistério celebrado neste Domingo e que pode ser aproveitado
na própria, ao modo de mistagogia. Usando este prefácio, o presidente deve
escolher a I, II ou a III Oração Eucarística. A II admite troca de prefácio. As
demais não admitem um prefácio diferente. As demais não podem ter os prefácios
substituídos sem grave prejuízo para a unidade teológica e literária da
eucologia.
3. No momento
do convite à comunhão, quando se apresenta o Pão consagrado e o cálice com o
sangue de Cristo, é muito oportuno o texto bíblico de João 8,12, que é a
fórmula “b” do Missal Romano:
“Eu sou a luz do mundo; quem me
segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”.
4. A comunhão
expressa mais nitidamente o mistério da Eucaristia quando distribuída em duas
espécies, como ordenou Jesus na última ceia, “tomai comei, tomai bebei”. Vale
todo esforço e tentativa no sentido de se recuperar a comunhão no Corpo e
Sangue do Senhor para todos, conforme autoriza e incentiva a Igreja. “A
comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas
espécies. Sob essa forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete
eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova
e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete
eucarístico e o banquete escatológico no Reino do Pai” (IGMR, nº 240).
Ritos Finais
1. Na Oração
depois da comunhão suplicamos que a Deus que fique conosco para que passemos a
uma vida nova.
2. Pode-se
explorar o tema do envio, da missão, nos avisos ao final da celebração, mas sem
longos discursos. Disponha-se, pois, os avisos da comunidade na perspectiva da
missão da semana, missão da comunidade de Cristo que queremos ser.
3. Dar uma
bênção especial para os avós.
4. As palavras
do rito de envio devem estar em consonância com o mistério celebrado: “Tendes
em vós os mesmos sentimentos que haviam em Cristo Jesus”. Ide em paz e o Senhor
vos acompanhe!”.
5. É comum
além, de entrar em procissão no início da celebração guiados pela cruz, também
retirar-se do espaço sagrado em procissão, igualmente guiados pela cruz.
6. No final da
celebração, fazer um envio missionário.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A celebração
de hoje nos convida a ter “compaixão da multidão”, do povo de Deus, mas de modo
inteligente, crítico evangélico, organizado. Enfim: exercer uma “caridade
política”, isto é, de transformação segundo as exigências do momento histórico.
Celebremos a
Páscoa semanal do Senhor valorizando os que assumem a sua missão em nossa
diocese e no mundo inteiro aliviando os sofrimentos das pessoas.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
Nenhum comentário:
Postar um comentário