quinta-feira, 8 de outubro de 2015

28º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

11 de outubro de 2015

Leituras

         Sabedoria 7,7-11
         Salmo 89/90,12-17
         Hebreus 4,12-13
         Marcos 10,17-27


“COMO É DIFÍCIL PARA OS RICOS ENTRAR NO REINO DE DEUS”


1- PONTO DE PARTIDA

Domingo do despojamento. Neste domingo, recordando o episódio do jovem rico, recebemos de Jesus um apelo para deixar tudo e seguir seus passos. Ele nos convida a viver evangelicamente com os bens da terra. Na Eucaristia, Jesus nos alimenta e restabelece a nossa esperança, principalmente diante das inquietações e angústias da vida.

Celebramos a Páscoa de Jesus Cristo que se manifesta na vida e na luta dos pobres por justiça social e por melhores dias em suas vidas.

Cumprir os mandamentos não é suficiente para ganhar a vida eterna. É preciso abandonar tudo, como fizeram os discípulos e muitos missionários que, a exemplo de São Francisco Xavier, Bem-Aventurada Madre Teresa de Calcutá e tantos outros, partiram para anunciar o Evangelho em terras distantes, deixando para trás familiares, amigos e os próprios bens. Eles renunciaram a tudo, cruzaram fronteiras, navegaram mares, percorreram estradas, atravessaram desertos, penetraram matas, armaram tendas nas cidades e ao longo dos caminhos, movidos por uma grande paixão: “Sereis minhas testemunhas até os confins do mundo” (Atos 1,8).

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

Primeira leitura – Sabedoria 7,7-11. Ao lembrar de que o jovem rei Salomão pedira a Deus a sabedoria (que era, na época, a habilidade política), o autor pensa nas resoluções que o rei tomou na presença de Deus sem deixar, por vezes, de contrariar a história (1Reis 3,6-12; 5,9-14).

O Livro da Sabedoria, escrito um século antes de Cristo, é resultado da sabedoria do povo de Israel. Reflete a síntese das experiências vitais que as pessoas realizam. Salomão foi considerado modelo da pessoa sábia. O texto da liturgia de hoje revela o discernimento e a súplica de Salomão a Deus pedindo sabedoria para governar o povo que lhe fora confiado. O rei Salomão constata que a busca do poder e da riqueza, mais do que segurança e realização, criam subjugação.  Comparadas à verdadeira sabedoria, o poder, as riquezas e as honrarias são como um punhado de areia.

O autor não se limita, como seus predecessores em sabedoria, somente no horizonte familiar. Para ele, o ideal não é mais o pai de família transmitindo sua experiência da vida a seus filhos, mas o rei proporcionando o bem de seu povo, aceitando a intervenção da sabedoria divina em sua vida. Aos olhos do autor, a sabedoria garante a felicidade de todos.

Por isso, o autor da leitura pensa que a conquista do mundo visível e seu conhecimento só podem realizar-se perfeitamente com a ajuda da sabedoria de Deus. A seus olhos, com efeito, a sabedoria de Deus revela ao homem seu lugar no universo e o introduz nas atitudes queridas de abertura e de disponibilidade para levar ao bom termo seu projeto de conquista do mundo. Assim, a verdade da relação da pessoa humana com Deus é essencial para a verdade da relação da pessoa humana como universo.

A “sabedoria” pode ser a ciência especulativa, a “prudência”, a inteligência bem aplicada, a ciência prática, que ensina a todos o caminho para alcançar a legitima sabedoria. No versículo 8 indica o hino de louvor à sabedoria, conferindo mais originalidade e inspiração poética à prece elevada por Salomão, em Gabaon (1Reis 3,9-14), com um lirismo especial. Foi preferida a sabedoria do que a beleza, tão instável e vã. As conseqüências e os frutos da sabedoria são duradouros, um tesouro inesgotável.

Em Gabon, Deus ofereceu em sonho a Salomão tudo o que desejasse. Ele não pediu nem vida longa nem riquezas, apenas um coração sábio para governar seu povo (cf. 1Reis 3,9). Para a pessoa humana consciente, ouro e prata são valores; saúde e beleza, ainda mais. Mas acima de tudo está a sabedoria.

Com efeito, a sabedoria é mais luminosa do que o sol, comparada com a luz, é mais clara (7,29). Deus fez a luz (Gênesis 1,3) e Deus é luz (1João 1,5; João 8,12). São João (João 1,9) diz que a sabedoria, feita homem em Jesus Cristo, é a verdadeira luz que ilumina todas as pessoas. Nesta passagem de hoje o sábio nos fornece um critério excelente para julgar se, de fato, possuímos o espírito de sabedoria e de Deus, que nos habilita a constatar se amamos, se desejamos a Deus, que nos habilita a constatar se amamos, se desejamos a Deus mais do que as outras coisas, se depositamos nele nossas esperanças e grandeza.

Salmo responsorial 89/90,12-17. O Salmo 89/90 é uma meditação com sabor sapiencial. O Salmo mistura os tipos sapiencial (1b-12 e súplica. Por causa da série de pedidos (12-17), nós o consideramos súplica coletiva O povo está passando por sérias dificuldades, e por isso clama a Deus. O Salmo começa com uma súplica a Deus, ensinando a contar os anos. Aceitar essa limitação com coração resignado já é uma sabedoria que pedimos a Deus e que, de certo modo, vence a tristeza. Mas não basta. A manhã é a hora propícia em que Deus ouve, em seu templo. Ele pode preencher a vida breve de alegria e de júbilo, compensando assim os anos maus e tristes.

O que se pede a Deus? Basicamente quatro coisas. A primeira é um coração sensato (versículo 12). Em outras palavras, aceitar que a vida humana é frágil e passageira, temendo a Deus, que possui a eternidade. Fazendo isso, as pessoas adquirem sabedoria, ou seja, o sentido da vida. Depois volta-se para Deus, pedindo compaixão (versículo 13). Todas as coisas saíram de Deus. Será que não terá compaixão daquilo que gerou e pôs no mundo? Em terceiro lugar, pede-se poder usufruir a vida para compensar as perdas (versículo 14-16). Finalmente, pede-se que o trabalho realizado pelo povo seja fecundo: “Que a bondade do Senhor venha sobre nós e confirme a obra de nossas mãos” (versículo 17).

A vida humana é capaz de outra plenitude: contemplar a revelação de Deus no tempo. O tempo permanece grávido da ação de Deus, e quem o contempla enche de mistério. Cheios dessa plenitude divina, nossos trabalhos e nossos dias parecem superar o tempo, e nós saímos da meditação com esperança.

O rosto de Deus de Deus no Salmo. Deus é apresentado sob vários ângulos. É o eterno que, quando invocado, tem compaixão dos seus servos (versículo 13); aquele que, pela manhã, sacia o povo com amor, fazendo-o viver alegremente o dia inteiro (versículo 14) ele quer que o ser humano desfrute do trabalho das próprias mãos; é aquele que dá às pessoas um coração sensato, para descobrir a sabedoria da vida...

Jesus mostrou que Deus não quer a morte, mas a vida. Foi refúgio de todos os que clamaram a Ele; teve compaixão de todos; denunciou as explorações, sobretudo as que são feitas em nome da fé e da religião (Marcos 12; Mateus 23). Mostrou que Deus é Pai e tem cuidado e carinho para com todas as coisas criadas, sobretudo o ser humano (Mateus 6,25-34; 10,29-31).

Cantando este salmo na celebração de hoje, peçamos a Deus a graça de saber contar bem os nossos dias, com sabedoria e discernimento.

R: SACIAI-NOS, Ó SENHOR, COM VOSSO AMOR,
    E EXULTAREMOS DE ALEGRIA!

Segunda leitura – Hebreus 4,12-13. O texto da leitura de hoje está como que deslocado dentro do capitulo 4, pois é colocado pelo autor como prova de que Cristo é superior a Moisés. No fundo os versículos lidos hoje pertencem a uma seção maior da Carta aos Hebreus (3,7-4,14). Todo o capítulo 3 e a maior parte do capítulo 4 abordam o tema da fidelidade: primeiro a fidelidade do Filho Jesus, comparado com Moisés (3,1-6); em seguida, e fidelidade exigida dos israelitas na caminhada pelo deserto (3,7-9; depois da fidelidade exigida dos cristãos 4,1-11) e, de maneira implícita, a fidelidade de Deus á sua Palavra na Escritura.

Na seção, o autor começa lembrando Moisés e Josué e chega a Jesus, sinal de vitória e salvação.

Trata-se da Palavra de Deus, não tanto enquanto Logos, mas como revelação que manifesta sua vontade, promessas e castigos. Essa Palavra, transmitida pelos Profetas e por Cristo, é viva e operante nos cristãos (cf. Hebreus 12,13, é a Palavra que não volta a sem ter produzido seu efeito (Isaias 55,11). Essa Palavra não é imponente como a humana, é como um ser vivo. O próprio Deus atua nela e por ela enquanto cria e ordena o universo (cf. Gênesis 1,3; Isaias 40,26). Em resumo, é viva porque eficaz.

A Palavra penetra no oculto da pessoa humana, isto é, no seu íntimo, como uma espada. Para exprimir essa realidade, o autor usa os termos alma e espírito, significando princípio da vida físico-psíquica e espiritual respectivamente. Em outras palavras ele questiona o coração, o profundo da pessoa humana, pois o conhece, e manifesta o Deus interlocutor pessoal da pessoa. Para a Palavra de Deus não existe segredo no nosso íntimo.

Essas frases da carta aos Hebreus não é, estranho, mas comum no Primeiro Testamento, onde Isaias 49,2 e Sabedoria 18,14 comparam a Palavra de Deus a uma espada que corta, e Sabedoria 7,22 a apresenta como onisciente. No Novo Testamento, Gálatas 3,8.22 fala da Escritura como se fosse uma pessoa que atua, como um ser vivente (cf. Pedro 1,23;) Efésios 6,17 compara a Palavra de Deus á “espada do Espírito” e Apocalipse 1,16 fala da “espada  de duplo talho” que sai da boca do Filho do Homem

Essa Palavra então, julga a pessoa humana (cf. João 12,48; Apocalipse 19,13) nos seus maiores segredos, assume uma função judicial. Seremos julgados num confronto direto com a Palavra de Deus. Nossa trajetória depende da nossa atitude de docilidade ou não a essa Palavra.

O versículo 13, fala que a Palavra de Deus esmiuçaria a pessoa humana que compareceria para o julgamento, como que nu diante de Deus. Em suma, ninguém pode escapar da sentença de Deus.

A pessoa humana na sua liberdade pode desprezar ou aceitar essa Palavra, mas, quando ele menos esperar, essa Palavra transcurada e desprezada chamará a pessoa humana a prestar contas.                                                                                                                                                                            

Evangelho – Marcos 10,17-30. Jesus está a caminho. O homem – somente Mateus o chama de “jovem”! – ajoelhando-se diante de Jesus, O saúda como “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (versículo 17). O homem coloca a questão da salvação, a única questão importante na vida: Jesus replica: “Por que me chamas bom? Só Deus é bom”. Mas a coloca mal, dirigindo-se a um “bom mestre”, a um rabino entre outros. Ele busca apenas uma opinião de escola, entre outras... e como haverá outras opiniões diferentes, ele se reserva de antemão o direito de escolher entre elas ou mesmo de não escolher. Jesus recusa imediatamente esta maneira de proceder, lembrando ao homem que apenas Deus é bom (versículo 28). Com isso, deixa entender que sua resposta não será uma opinião de escola rabínica, mas uma ordem divina que obriga a agir ao invés de perder-se nas discussões sem fim.

Jesus lembra ao homem o essencial da Lei (versículo 19). Mas o homem levanta uma outra questão, não para obedecer melhor, mas para prolongar a discussão e, assim, retardar o prazo da obediência (mesma atitude em Lucas 10,29).

A decepção do homem rico exprime-se na resposta: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude!” e retirou-se desiludido. A resposta traz presente a lembrança de Paulo: “quanto à lei fui fariseu... vivia irrepreensivelmente” (Filipenses 3,5-6).

Jesus parece ter apreciado a franqueza ingênua do homem. Ele mostra-se um idealista verdadeiro, que não está satisfeito com o caminho muito batido da costumeira observância piedosa das leis judaicas: “não matei, não roubei, não... etc. Jesus simpatizou com ele e lhe respondeu com a mesma franqueza, sem rodeios. “Só te falta uma coisa: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me”.   Com isso Jesus não quis dizer que, para herdar a vida eterna, faltava somente um ato a mais a fazer, que estaria na mesma linha das demais observâncias. Era dever tradicional dos ricos dar esmolas de suas posses e socorrer os pobres em suas necessidades. Jesus propõe mais. À ordem para dispor de tudo que ele tem e para doá-lo aos pobres, Ele acrescenta: “depois vem e segue-me”.  É este “seguir”  que conduz à vida eterna. A renúncia das riquezas e o socorro aos pobres são condições antes de mais nada indispensáveis para poder seguir Jesus.

Jesus lhe revela que não é suficiente não ter feito o mal ou prejudicado alguém. É preciso ir além. Jesus lhe diz que a verdadeira e a segurança definitiva só são encontradas em Deus. Ele esperava uma palavra que tranqüilizasse sua consciência, permitindo-lhe entrar no seguimento de Jesus, isto é, ser cristão mesmo convivendo com as riquezas de maneira egoísta.

Em clima confidencial, Jesus revela aos discípulos o perigo das riquezas e o mistério do Reino. Ele garante que as riquezas são um risco, quando acumuladas de forma injusta, impedindo que as pessoas se abrem à nova justiça, ao serviço da nova sociedade e ao Reino de Deus.

O homem rico que chamou Jesus de Divino Mestre encontra aqui a resposta para a sua pergunta. Está aqui a novidade que o homem procurava. A aceitação desta novidade, porém, desestruturaria a sua vida. Ele não dá conta do recado. Seguir Jesus, no entanto, implica abandonar ambas as seguranças, tanto as espirituais (segurança da lei judaica) como as materiais. Em outras palavras, a novidade que Jesus propõe supõe um homem novo.

Os primeiros cristãos, principalmente em Jerusalém, muitas vezes confundiram o Reino de Deus com a classe social dos pobres, enquanto que a congregação operada por Cristo não leva em conta nenhuma filiação social, cultural ou nacional.

Na realidade, a verdadeira pobreza do rico não significa que “não deve possuir nada”, mas em comprometer-se com os pobres a exemplo do próprio Jesus e, especialmente, com aqueles que não conseguem organizar-se, defender-se e libertar-se. Semelhante compromisso é eminentemente exigido daqueles, entre os cristãos, que abandonam livremente os bens materiais e fazem votos de pobreza...

Hoje em dia, engajar-se mo caminho da pobreza evangélica supõe que se analise muito bem de maneira sociológica as causas da miséria, que se lance mão dos meios que permitirão efetivamente melhorar a vida de cada um. Somente nestas condições, a pobreza terá chance de ser evangélica! Hoje em dia temos em nossa diocese, em todo o Brasil e no mundo a CÁRITAS,  que conscientiza as pessoas a se organizarem e para se libertarem.....

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

Jesus continua revelando aos seus discípulos, de ontem e da atualidade, a conduta sábia de quem deseja seguir seus passos. No domingo de hoje sugere o total desapego dos bens terrenos em vista da liberdade completa para entrar no seu seguimento. A proposta de Jesus representa um alerta para o nosso tempo em que tudo é condicionado pelo econômico. Os projetos e anseios pessoais e comunitários têm espaço caso se adaptem ao esquema do mercado globalizado.

Neste mundo há pessoas que têm tudo, nada lhes falta, a exemplo do homem rico do Evangelho; mas são carentes de realidades essenciais. O que importa é satisfazer o desejo de possuir, de usufruir, de gozar. O que importa é o “ter” e não o “ser”. Incentiva nas pessoas o desejo de possuir, de acumular. Mas, de possuir, de acumular dinheiro, riquezas materiais, ter lucro, ganhar dinheiro mesmo na base da exploração, da mentira, gozar a vida a qualquer custo. Enxurradas de propagandas comerciais inundam a cidade, o rádio, a televisão, principalmente na época do Natal e Páscoa. É preciso comprar presente. É preciso comprar brinquedo para as crianças. Quanto mais caro, melhor. É preciso comprar, gastar. E quem não tem dinheiro, nem mesmo pra comprar leite para as crianças, como faz?! Sente-se envergonhado(a), culpado(a)... O que os filhos vão pensar? Então, compra presentes a prestação, fazendo dívidas que não pode pagar e nome vai para o SPC. A propaganda brinca com os sentimentos dos pais, com os sentimentos dos filhos... Os ricos compram tudo adiantado antes dos preços subirem: presentes, uísque, vinhos estrangeiros, peru, castanha... E seu coração continua vazio, solitário e infeliz, pois continua carente de verdadeira comunicação de verdadeiros valores.

Não possuem “uma coisa” decisiva: pensar de maneira nova a própria vida. O homem rico, que angustiado interpelou a Jesus, manifestou boa capacidade de pensar, porém em uma única direção: acumular, defender e consolidar suas propriedades, suas riquezas. Por fixar-se em perpetuar e qualificar sua atual situação, não foi capaz de raciocinar de outra maneira, de articular e planejar um modo original de imprimir nova direção em sua vida.

Para abrir novos horizontes na vida, faz-se necessária aquela sabedoria que o rei Salomão suplica ao Senhor, conferindo-lhe total primazia sobre as demais realidades, como o poder, as riquezas e as honras.

Precisamos entender que a sabedoria não é algo mais, um elemento “decorativo”, que se acrescenta na vida na qual o “ter e o possuir” ocupam o primado; nem é objeto de luxo, que se pode outorgar como um suplemento de prestígio a algumas pessoas.

Somente a Palavra de Deus, viva e eficaz, é portadora da sabedoria necessária para viver, ante a qual tudo se torna relativo. O ouro não passa de “um punhado de areia” e a “prata vale o mesmo que um punhado de barro”. Importa deixar-se questionar por esta Palavra viva e eficaz. A salvação reside precisamente em não se defender, mas aceitar ser ferido, dilacerado, esvaziado em nossas auto-suficiências, pela espada cortante de dois gumes. Mais do que esquivar-se, é necessário ter coragem de despojar-se (desnudar-se) diante dessa Palavra. Permitir que ela sonde (julgue) os desejos e intenções do coração, pois só nos sentiremos seguros quando estivermos por completo diante dos olhos do Senhor.

Em cada celebração o Senhor vem nos analisar com o ultra som, a tomografia ou a ressonância magnética de sua Palavra. Como aceitamos que elas nos analisam por dentro, e revelam que tipo de doença temos, também devemos permitir que a Palavra de Deus analise a nossa vida. e coloque tudo às claras.
Nosso Senhor não ensina o desprezo aos bens e às riquezas terrenas. Simplesmente adverte para o perigo de deixar-se dominar por eles, isto é, não devemos deixar os bens materiais tomar posse da nossa vida. As riquezas tornam um mal quando aprisionam o coração, impedindo a prática da solidariedade, e quando aprisionam o cérebro, não permitindo que se articule uma forma nova e criativa de viver. Os bens se transformam em perigo quando passam a ser um obstáculo, um peso, negando às pessoas a liberdade indispensável para seguir um caminho diferente. Na perspectiva das riquezas acumuladas, enquadram-se os detentores do poder das ciências, os manipuladores do pensamento e das consciências. Para esses também vale o mandamento de Jesus: “È mais fácil passar um camelo pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus”. Agulha aqui não significa agulha de costura, mas a fenda (agulha) aberta na rocha onde mal cabia uma pessoa para passar.

Jesus não excluiu o homem rico e angustiado. Teve um olhar de compaixão por ele. Deixou que tomasse uma posição. A missão não exclui ninguém. Como também não força ninguém. Jesus salva não graças à sua Onipotência, mas sim graças à sua compaixão, ao seu sofrimento, ao seu abandono e à morte na cruz.

A celebração litúrgica é momento de escuta e de aprofundar nossa relação com Jesus e, Nele, com o Pai. Ao esforço da comunidade de se colocar sob o apelo da Palavra de Deus, há o misterioso trabalho do Espírito de Deus, que realiza a transformação dos nossos corações.

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

A liturgia de hoje nos propõe um canto de comunhão que se harmoniza perfeitamente com o Evangelho: “os ricos empobrecem, passam fome, mas os que buscam ao Senhor, não faltam nada”. Trata-se do salmo 33/34,11 que provavelmente é o canto de comunhão mais antigo da Igreja. Outro versículo do mesmo salmo, incorporado ao rito e apresentação do pão e do vinho, deixa entrever o apreço da Igreja por esse salmo como canto de comunhão: “provai e vede como o Senhor é bom; feliz de quem nele encontra seu refúgio”.

A antífona de comunhão por sua vez, oferece uma clara ligação entre o Evangelho que ouvimos e meditamos e o rito eucarístico. Aquela pessoa rica que procurou Jesus, mas não o seguiu porque não queria abrir mão de suas riquezas, “foi embora cheio de tristeza”. Sua riqueza se transformou em sua prisão.

Diante do amor que Jesus lhe devotou e que podia lhe nutrir o coração, ele optou pelas grades de suas fortunas, que continuava deixando-lhe faminto e triste... “os ricos empobrecem e passam fome”.

Pelo rito somos levados a fazer o caminho contrário daquela pessoa rica e infeliz. Dispomo-nos a deixar para trás nossas casas e compromissos – quantos são os que não abrem mão das missas aos domingos, nem mesmo com a chegada de visitas! – para fazer, na assembléia reunida, na mesa da Palavra da Eucaristia, um encontro profundo com Jesus Cristo.

Ele mesmo nos alimenta e consola, dando-nos a coragem de aprofundarmos nossa adesão ao Evangelho e ao Reino. Fazemos isto porque sabemos do imenso amor com que o Senhor nos olha. Convidando-nos sempre a algo mais: a solidariedade com os mais necessitados, a doação de tudo o que somos e temos como aprofundamento da vivência do mandamento de Deus.

O caminho em procissão até a comunhão revela: algo fica para trás, algo nos espera em nossa frente. O que deixamos é infinitamente menor do que a segurança que encontramos em Deus. Sem medo vamos ao encontro do Mestre: “provai e vede como o Senhor é bom, feliz de quem nele encontra seu refúgio”.


5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

A liturgia é o grande encontro do Pai com seus filhos e filhas. Como o salmista, hoje nós, em meio às angústias deste mundo, nos dirigimos a Deus e suplicamos: “Dai ao nosso coração sabedoria”; “Tende piedade e compaixão de vossos servos”; “Saciai-nos com vosso amor” (Salmo Responsorial).

Pela participação na celebração eucarística, memorial da Páscoa, o Senhor nos acolhe, transfigura, salva e nos envia a comunicar a todos as razões de nossa fé e de nossa esperança.

Celebrar a eucaristia pressupõe uma atitude de querer partilhar solidariamente tempo, esforço, bens, conhecimentos para fazer avançar o projeto do Reino de Deus. A partilha solidária nos conduz a celebrar autenticamente a eucaristia, e esta, bem celebrada e vivida, nos impulsiona à compaixão e à solidariedade.

6- ORIENTAÇÕES GERAIS

1. A narrativa da instituição da eucaristia não é uma imitação da última ceia; por isso não se parte o pão neste momento como algumas vezes acontece. A liturgia eucarística, como se disse, é fazer o que Jesus fez: tomou o pão e o vinho, deus graças, partiu o pão e o deu (comer e beber). O partir o pão, como Jesus fez, corresponde à fração do pão em vista da comunhão. Por isso, a Redemptionis Sacramentum, número 55, considera um abuso partir o pão durante o relato da instituição.

2. Dia 12, celebramos a Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do Brasil e dia da criança.

3. Dia 15, celebramos a memória de Santa Tereza de Ávila e é Dia do Professor.

4. Dia 16, celebramos a memória de Santa Edviges, que viveu os três estados femininos da virgem, da esposa e da viúva. Celebramos também a memória de Santa Margarida Maria Alacoque. É Dia Mundial da Alimentação, fazer uma coleta de alimentos para os necessitados.

5. Dia 17, fazemos memória de um grande santo da Igreja: Santo Inácio de Antioquia.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. A função da equipe de canto não é simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 28º Domingo do Tempo Comum. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico, com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento. Jamais os cantos devem ser escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um movimento ou de uma pastoral.

“Não tem sentido, por exemplo, escolher os cantos de uma celebração em função de alguns que se apegam a um repertório tradicionalista, ou ainda de outros que cantam somente as músicas próprias de seu grupo ou movimento, nem de outros que querem cantar exclusivamente cantos ligados à realidade sócio-política, ou cantos concentrados em certos temas, se isto vai provocar rejeição da parte da assembléia” (A música Litúrgica no Brasil, estudos da CNBB, página 78).

2. Canto de abertura. Deus perdoa nossas faltas (Salmo 129/130,2). “Exulte de alegria quem busca a Deus”, articulado com o mesmo Salmo 129/130, CD: Liturgia VII, melodia da faixa 14. Outra opção é o canto

Como canto de abertura da celebração, sugere-se o canto proposto pelas Antífonas do Missal Romano e ricamente musicadas pelo Hinário Litúrgico III da CNBB. Isso não significa rigidez. Mas a equipe de liturgia, a equipe de celebração, a equipe de canto juntamente com o padre têm a liberdade de variar sua escolha, desde que isso manifeste o Mistério celebrado e seja fiel aos princípios que regem a escolha de uma música adequada para a celebração. Uma sugestão, para entender bem o que significa isto, seria o canto: O canto de abertura desse domingo poderá ser: “Aqui chegando, Senhor” gravado no CD: da CF 2004 e também no CD: Cantos de Abertura ABC, melodia da faixa 3. O canto já apresenta o Mistério celebrado e proclamado no Evangelho: diante de Deus não valem nossas riquezas, só o nosso despojamento e a confiança em sua graça.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão gravados no CD Liturgia VI, VII e CD: Cantos de Abertura e Comunhão ABC.

3. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria e outros compositores.

O Hino de Louvor é chamado de “doxologia maior” em contraposição com a “doxologia menor” que é o “Glória ao Pai...”. Trata-se de um hino antiqüíssimo, iniciando com o louvor dos anjos na noite do Natal do Senhor (Lucas 2,14), desenvolveu-se antigamente no Oriente, como homenagem a Jesus Cristo. Não constitui uma aclamação à Santíssima Trindade, mas um hino Cristológico, isto é, os louvores se concentram no Filho Jesus. É um hino pelo qual, a Igreja reunida no Espírito Santo entoa louvores ao Pai e dirige súplicas ao Filho, Cordeiro e Mediador.

4. Salmo responsorial. Desejo de alcançar a sabedoria do coração. “Saciai-nos, ó Senhor, com vosso amor, e exultaremos de alegria!”, CD: Liturgia IX, melodia da faixa 12.

O Salmo responsorial, ao mesmo tempo resposta da Igreja e proclamação da Palavra, tomou importância na reforma litúrgica. Trata-se do texto colocado após a primeira leitura bíblica e retirado da própria Sagrada Escritura, isto é, um Salmo.

Para que cumpra sua função litúrgica, não pode ser reduzido a uma simples leitura. É parte constitutiva da liturgia da Palavra e tem exigências musicais, litúrgicas e pastorais.

5. O canto ritual do Aleluia. “Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação [...] Que ilumine os olhos dos vossos corações... (Efésios 1,17-18). “Que o Pai do Senhor Jesus Cristo nos dê do saber o espírito”, CD: Liturgia VI, melodia e estrofes iguais à faixa 20.

Aleluia é uma palavra hebraica “Hallelu-Jah” (“Louvai ao Senhor!”), que tem sua origem na liturgia judaica, ocupa lugar de destaque na tradição cristã. Mais do que ornamentar a procissão do Evangeliário, sempre foi a expressão de acolhimento solene de Cristo, que vem a nós por sua Palavra viva, sendo assim manifestação da fé presença atuante do Senhor.

Por ser diferente do Salmo Responsorial, o verso é uma citação do Evangelho que se segue.

Mais do que qualquer outra aclamação (Amém ou Hosana), o Aleluia é expressão de pura alegria de êxtase. É o júbilo, a que Santo Agostinho se referia como “a voz de pura alegria, sem palavra”. Este júbilo nos ensina que não podemos racionalizar muito o mistério da Palavra. A Palavra deve tocar não nosso intelecto, mas o coração.

7. Apresentação dos dons. Momento de partilha para com as necessidades do culto e da Igreja. A verdadeira sabedoria nos leva a partilhar e não acumular. Devemos ser oferendas com as nossas oferendas para socorrer os necessitados. “Bendito seja Deus Pai, do universo criador”, CD: Liturgia VII, melodia da faixa 12.

8. Canto de comunhão. “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem  e segue-me!” (Marcos 10,21). “Uma coisa te falta, irmão: vai vende as riquezas que tens”, articulado com o Salmo 112/113, CD: Liturgia IX, mesma melodia da faixa 13, exceto o refrão.

O que orientamos a respeito do canto de abertura, vale também para o canto de comunhão, não se trata de rigidez. Sugerimos outro canto de comunhão para se retomar o Evangelho: Salmo 34/33, “Quem é rico empobrece e tem fome...” Ofício Divino das Comunidades, página 58-59; “Ai de vós, ó ricos, ai de vós...”, Hinário Litúrgico III, página 325; Estes três cantos são os mais apropriados para retomar o Evangelho neste domingo. Veja orientação abaixo.

O canto de comunhão deve retomar o sentido do Evangelho do dia. Esta é a sua função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Isto significa que comungar o corpo e sangue de Cristo é compromisso com o Evangelho proclamado. Portanto, o mesmo Senhor que nos falou no Evangelho, nós o comungamos no pão e no vinho. É de se lamentar que muitas vezes são escolhidos cantos individualistas de acordo com a espiritualidade de certos movimentos, descaracterizando a missionariedade da liturgia. Toda liturgia é uma celebração da Igreja e não existem ritos para cada movimento e nem para cada pastoral.

8- ESPAÇO CELEBRATIVO

1. Neste domingo, o ambão seja enfeitado com flores e com dez velas em seu entorno indicando que os mandamentos encontram no Cristo-Palavra a plenitude que lhe falta.

9- REDESCOBRINDO O MISSAL ROMANO

Antes do Concílio Vaticano II, usava-se uma patena pequena somente para colocar a hóstia para o padre. As partículas eram colocadas separadas. Dava-se a impressão de que o padre era um príncipe. A reforma do Concílio pede somente uma patena maior para colocar a hóstia grande e as partículas juntas. “Para consagrar as hóstias, é conveniente usar uma única patena de maior dimensão, onde se coloca tanto o pão para o sacerdote como para os ministros e os fiéis” (Introdução Geral ao Missal Romano, nº 293).

10. AÇÃO RITUAL

2. Evitar correria, agitação antes da celebração. O clima orante no início da celebração favorece que as pessoas clamem por uma palavra de sabedoria.

1. Neste domingo em que Deus nos torna participantes da sua sabedoria, a equipe de liturgia, ao preparar a celebração da comunidade, fará uma acolhida carinhosa a todas as pessoas: quantos “homens e mulheres ricos”, ou melhor, pessoas angustiadas vêm para a celebração da comunidade em busca de uma palavra iluminadora para determinada situação difícil que estão vivendo. A acolhida fraterna constituirá um encontro com o Senhor. Não deixar também de acolher os fracos, sem vez, marginalizados.

Ritos Iniciais

1. A celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a assembléia no Mistério celebrado. Além do canto indicado, sugerimos para o canto de abertura “Aqui chegando, Senhor” gravado no CD: da CF 2004 e também no CD: Cantos de Abertura e Comunhão. O canto já apresenta o Mistério celebrado e proclamado no Evangelho: diante de Deus não valem nossas riquezas, só o nosso despojamento e a confiança em sua graça.

2. Logo após o beijo do Altar e terminado o canto de abertura, sugerimos que a saudação do presidente seja a fórmula “f” inspirada na Primeira Carta de Pedro 1,1-2:

“Irmãos eleitos segundo a presciência de Deus Pai, pela santificação do Espírito para obedecer a Jesus Cristo e participar da bênção da aspersão do seu sangue, graça e paz vos sejam concedidos abundantemente.”.

3. O sentido litúrgico, proposto por quem preside ou pelo animador da celebração, após a saudação, respeitará a lógica ritual que manifesta, pela precedente saudação, que Deus toma a iniciativa, reúne e constitui o seu povo. Tal sentido da celebração pode ser proposto com palavras semelhantes às que seguem:

Domingo do desprendimento. O encontro com Jesus nos coloca diante da escolha radical pelo Evangelho, como nosso absoluto. O apego às riquezas nos torna incapazes de discernir e fazer e escolha pelo caminho de Jesus. A nós, que fomos escolhidos pelo imenso amor de Deus, cabe a sabedoria e o despojamento de seguir os passos de Jesus, que se esvaziou para nos conquistar.

4. Seria muito conveniente um ato penitencial, conforme algum dos formulários propostos pelo Missal Romano. Vale a pena uma leitura atenta dessas propostas que exaltam a misericórdia de Deus acima dos nossos pecados. A fórmula 5, para o Tempo Comum, página 394 do Missal Romano, lembra o despojamento de Cristo que nos salva.


5. Cada Domingo do Tempo Comum é Páscoa semanal. Cantar de maneira festiva o Hino de louvor (glória).

6. Na Oração do Dia deste domingo nos convida a “estarmos sempre atentos ao bem que devemos fazer”. De fato, além do bem praticado em conseqüência à obediência e da prática dos mandamentos (cf. Marcos 10,19-20) é preciso partilhar.

Rito da Palavra

1. Dar especial atenção a toda a Liturgia da Palavra como sinal da Aliança entre Deus e a humanidade.
2. Após a homilia e o silencio que a segue, a equipe de canto entoa um refrão meditativo de Taizé, como refrão pós-homilético: “Coração confiante, fonte de riqueza. Jesus dá-nos coração de pobre”, gravado no CD: “Coração Confiante”, da Editora Paulinas. Outra opção após a homilia é o canto: “Ai de vós, ó ricos”, Hinário Litúrgico III, página 325.

3. Nas preces, baseadas na Palavra de Deus e feitas do Ambão, recorde-se os pobres que só têm a Deus para se apoiar. Que seu exemplo nos evangelize, conforme se deixavam fazer os santos que tinham os pobres por modelo. 

Rito da Eucaristia

1. A preparação dos dons tem uma finalidade prática, expressa na procissão com que o pão e o vinho são trazidos ao altar. Segundo o costume das refeições judaicas, bendiz-se a Deus pelo alimento básico, o pão, e pela bebida mais significativa, o vinho. Evitar chamar este momento de “ofertório”, pois ele acontece após a narrativa da ceia (consagração).

2. Na Oração sobre o pão e o vinho suplicamos a Deus que acolha nossas ofertas e preces, para que alcancemos a glória eterna.

3. É muito oportuno para esta celebração a Oração Eucarística VI-B. Nela, a Igreja dá graças ao Pai porque, em Cristo, Ele vem habitar no meio de nós, para nos guiar pelos caminhos que conduzem à felicidade.

4. Se for escolhida outra oração eucarística sugerimos o Prefácio dos Domingos do Tempo Comum I que expressa de maneira clara o despojamento de Cristo por nós, página 428 do Missal Romano. Seguindo esta lógica, cujo embolismo reza: “Por ele, vós nos chamastes das trevas à vossa luz incomparável, fazendo-nos passar do pecado e da morte à glória de sermos o vosso povo, sacerdócio régio e nação santa, para anunciar, por todo o mundo, as vossas maravilhas”. Outra opção é o Prefácio dos Domingos do Tempo Comum VI que expressa Cristo, penhor da Páscoa eterna. O grifo no texto identifica aqueles elementos em maior consonância com o Mistério celebrado neste Domingo e que pode ser aproveitado na celebração, ao modo de mistagogia. Usando estes prefácios, o presidente deve escolher a I, II ou a III Oração Eucarística. A II admite troca de prefácio. As demais não admitem um prefácio diferente. As demais não podem ter os prefácios substituídos sem grave prejuízo para a unidade teológica e literária da eucologia. Para este Domingo sugerimos a Oração Eucarística II.

5. Dar maior atenção a toda a liturgia eucarística como ação de graças – dom gratuito que Jesus Cristo faz de sua vida ao Pai pela libertação da Humanidade: cantar o prefácio (ou a louvação da celebração da Palavra), o santo as aclamações e o Amém final da Oração Eucarística. Evitem-se cantos e gestos devocionais e individualistas (“Bendito, louvado seja”, “Deus está aqui”, “Eu te adoro, hóstia divina” etc.).

6. No momento do convite à comunhão, quando se apresenta o Pão consagrado e o cálice com o sangue de Cristo, é muito oportuno o texto bíblico de João 8,12, que é a fórmula “b” do Missal Romano:

“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”.

Ritos Finais

1. Na oração pós-comunhão pedimos a Deus que a comunhão eucarística como corpo e sangue de Cristo nos torne participantes de sua divindade.

2. Dia 16, é Dia Mundial da Alimentação, a comunidade poderia assumir um compromisso concreto, colaborando para a erradicação da fome. Poderia fazer uma coleta de alimentos para uma ou mais famílias necessitadas.


3. Nos ritos finais, muito adequada a oração sobre o povo n. 2 do Missal Romano, página 531 que reza:

“Concedei, ó Deus, aos vossos filhos e filhas, vossa assistência e vossa graça: saúde de alma e corpo, fazei que se amem como irmãos e estejam sempre a vosso serviço. Por Cristo, nosso Senhor. Amém

4. Na bênção e envio missionário somos todos enviados em missão para revelar a sabedoria de Deus e a Palavra que aponta para um novo sentido da vida, nas inquietudes de nosso tempo.

5. As palavras do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: Vai, tenha compaixão dos necessitados, e leve a sabedoria de Deus a todos. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

12- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pedagogia de Jesus, descrita no Evangelho de Marcos hoje, mostra a grande dificuldade do ser humano em libertar-se das riquezas, o que tanto lhe consome e pesa. A questão de fundo da narrativa evangélica não é apontar o que é melhor: ser pobre ou rico, como em primeiro momento se pode pensar. Mas é levar a reflexão de como se posicionar diante das riquezas no mundo. Para assim, compreender pelo seguimento de Jesus, podemos contemplar qual é a verdadeira herança a nós reservada.

Celebremos a Páscoa semanal do Senhor valorizando os que assumem a sua missão em nossa diocese e no mundo inteiro, a missão de levar para as pessoas os verdadeiros valores do Reino de Deus libertando-as das falsas seguranças.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
           
Pe. Benedito Mazeti

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