Leituras
Lucas 19,28-40 (Evangelho da bênção)
Isaias 50,4-7
Salmo 21/22,8-9.17-20.23-24
Filipenses 2,6-11
Lucas 22,14--23,56 ou 23,1-49
“BENDITO O REI, QUE VEM EM NOME DO
SENHOR!”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo de
Ramos da Paixão do Senhor. O Domingo de Ramos é a porta de entrada da Semana
Santa. Chegamos, finalmente, a Jerusalém. Com a celebração de hoje, entramos na
“Grande Semana” ou mais conhecida “Semana Santa”. Para as comunidades cristãs,
esta semana maior sempre será um conforto com o problema do mal no mundo. Muito
sofrimento. Além das catástrofes naturais, há no mundo muita opção de morte,
desde a violência da guerra, o terrorismo, a violência urbana, a morte pela
fome e a falta de justiça e paz, até a violência contra a própria natureza.
Durante esta
semana somos levados a rever e rememorar os acontecimentos finais da vida de
Jesus Cristo. O auge da Semana Santa é o Tríduo Pascal: Quinta-Feira Santa,
Sexta-Feira Santa (ou da Paixão e morte de Jesus) e Sábado Santo (ou Vigília Pascal.
Concluímos
hoje, também, a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016. Nossa coleta de
solidariedade é gesto de perdão e reconciliação.
Saudemos com
Hosana o Filho de Davi, em sua entrada em Jerusalém. Vamos ao seu encontro com
ramos nas mãos e o acolhamos em nossas vidas
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os textos
Evangelho da bênção – Lucas 19,28-40. Neste
domingo, temos dois textos do Evangelho: o primeiro é a entrada alegre de Jesus
em Jerusalém; o segundo, a narrativa da Paixão.
Jesus, ao
seguir para Jerusalém, faz três anúncios da sua Paixão. Ele chega a Jerusalém,
Objetivo de sua longa viagem, “caminho” dos lavradores pobres começado na
Galiléia e feito de ações e palavras que revelam o projeto do Pai e de seu
reinado.
A frase “Dizei
à filha de Sião” é tirada de Isaias 62,11, cujo assunto é o advento do Messias.
“Filha de Sião” é um hebraísmo para indicar Jerusalém, edificada sobre o monte
Sião.
A entrada de
Jesus na cidade é profundamente simbólica. Sua atitude, ao montar em
jumentinho, é sinal de seu projeto de vida, projeto de serviço. Ele monta um
jumentinho que nem lhe pertencia, era emprestado. Ele é uma releitura do
profeta Zacarias 9,9-10: “(...) teu rei está chegando, justo e vitorioso. (...)
montando num jumento, num burrico”. Esse
animalzinho é símbolo de desarmamento, de humildade, entrega ao serviço e às
vezes ao trabalho forçado. Não sem motivo, muitas vezes nos referimos a ele
como “burro de carga”. Se Ele entrasse montado num cavalo ia se identificar com
o poder romano.
Ele entra, não
como simples peregrino, mas cavalgando um jumentinho, sem cavalos e carros de
guerra (Zacarias 9,10: note-se o paralelismo – qual Messias universal e rei que
vem reinar com humildade e mansidão. O jumento no Oriente não era depreciado
como no Ocidente, antes, era cavalgadura nobre (Gênesis 22,3; Êxodo 4,20;
Números 22,21; Juízes 5,10; 10,4; 2Samuel 17,23; 1 Reis 2,4; 13,13). Os rabinos
teriam dito que, se Israel fosse puro, o Messias viria sobre as nuvens do céu
(Daniel 7,13; por não ser puro virá sobre um asno (Zacarias 9,9).
Com a entrada
triunfal atingimos a última fase da vida mortal de Jesus, que irá culminar com
a morte na mesma, dias depois. O evangelista João assim compara os fatos: Jesus
chegará com seus discípulos em Betânia (3 km de Jerusalém), 6 dias antes da
Páscoa (Lucas 12,1-12, na véspera de sábado, quando descansou com Lázaro e suas
irmãs Marta e Maria; esta por sinal o ungiu, e no dia seguinte – nosso domingo
e primeiro da semana – partiu para Jerusalém, sendo acompanhado por muitas
pessoas, cujo número foi se avolumando, empolgados com a ressurreição de
Lázaro. Chegando em Betfajé ou mesmo Betânia (versículo 29), junto ao Monte das
Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos para buscar o jumentinho “em que nunca
montou pessoa alguma” Marcos e Lucas), sinal de estima pelo Messias.
“Sobre o qual
puseram seus mantos” (versículo 35): adornar os animais com mantos era sinal de
honra. Mantos e ramos espalhados pelo caminho expressam homenagem, veneração e
solenidade (cf. 2Reis 9,13: aclamação ao rei Jeú; 1Macabeus 13,51: entrada de
Simão Macabeu em Jerusalém). Lucas não fala de ramos como (Mateus e Marcos) e
de palmas (João); ramos e palmas eram símbolos de festa, de alegria e de
triunfo nas aclamações (Judite 15,12; 1Macabeus 13,51; 2Macabeus 10,7); no
Apocalipse a aclamação é orientada para Cristo-Rei (7,9s) as palmas eram
distintivo da festa dos Tabernáculos.
A aclamação de
Lucas é: “Bendito o rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas
alturas!” Trata-se de um louvor a Deus por ter enviado o Messias, imitando o
canto dos anjos em Belém (Lucas 2,14) com fórmula adaptada a cristãos que
vinham do mundo pagão. O clássico “Hosana” de Mateus, Marcos e João, que não
comparece em Lucas, equivale à nossa expressão de júbilo: viva. Era muito
natural e freqüente em ambiente de multidão, em procissão com palmas, ramos,
tapetes e flores – uso típico na festa dos Tabernáculos. Ao que tudo indica, o
refrão teria sido: “Hosana ao filho de Davi! Viva o Messias!” – repetido vezes
e vezes. Com essa aclamação trata-se de substituir o domínio romano pelo reinado de Davi que, muito esperado, se
concretiza na pessoa do Messias, descendente de Davi.
Jesus entra em
Jerusalém como um chefe tribal, lembrando o tempo em que os libertadores do
povo montavam jumentos, não cavalos, como os reis (cf. Juízes 5,10; 10,4). É o
projeto igualitário das tribos, da fidelidade à Aliança, em que só é Rei e
Senhor, Deus; os demais estão ligados com o Senhor pelo compromisso de fé e
entre si pela liga das tribos, formando um povo de iguais.
Jesus Messias
demonstra que era contrário ao projeto da monarquia, o qual dividia o povo em
categorias e classes de abastados e excluídos. Jesus, o Messias pobre, propõe
uma vida segundo a justiça, o direito igualitário e o amor misericordioso.
A festa da
entrada em Jerusalém ocorreu provavelmente na época da Festa das Tendas, quando
o povo carregava ramos nas mãos, significando a esperança messiânica (cf.
Levítico 23,39-41). Eram levados quatro espécie de plantas – uma cidra e ramos de tamareira, murta e salgueiro. Com os
ramos na mão direita e a cidra na esquerda, rezavam uma bênção, a Hoshaná, e
movimentavam os ramos para leste, sul, oeste e norte, para cima e para baixo.
Lucas evita a
palavra semita, transliterada por Hosana, e acrescenta a palavra rei. Lucas não
fala de ramos, mas de mantos e roupas estendidos sobre o jumentinho e na
passagem de Jesus. Conta que gritavam “Bendito o rei-Messias!’.
O protesto ou
conselho dos fariseus, que lemos no versículo 39, pode ser simplesmente
oposição a Jesus ou medo da repressão dos romanos. Jesus responde baseado em
Isaias 52,9: “Explodi, soltai aclamações, todas juntas ruínas de Jerusalém”,
lembrando o grito triunfal das pedras. Ou lembra Habacuc 2,11-12, em que o
grito é de acusação: a pedra da parede gritará e a vida do madeiramento lhe
responderá Ai de quem constrói uma cidade sobre o sangue, funda uma capital
sobre o crime!”. Poderá ser também, anúncio da destruição de Jerusalém, caso
não haja mudança de quem a governa.
O relato da
Paixão do Senhor e de sua ressurreição foi no primeiro a ser escrito como
núcleo da fé, credo central da Igreja primitiva. A Paixão do Messias foi
conseqüência de uma vida comprometida com a causa da justiça, da compaixão por
quem é desprezado.
Primeira leitura – Isaias 50,4-7. O
texto é do terceiro dos assim chamados “Cânticos do Servo de Javé”. Pertence a
um profeta chamado Dêutero-Isaias que compôs Isaias 40-55 e exerceu sua missão
em meados do século VI AC entre os exilados da Babilônia. O poema abrange os versículos de 4-9. Nos
versículos 5b-6 aparece a motivação típica (protesto de inocência) que prepara
a súplica dos salmos de lamentação individual: “não fui rebelde, não me
esquivei; aos que me feriam apresentei as minhas costas...” é preferível
qualificar o poema como um salmo individual de confiança. De fato, a partir do
versículo 7 se desenvolvem os dois motivos básicos de tais salmos: a afirmação
de confiança e a certeza de ser atendido.
A lamentação
individual no Antigo Testamento é própria de pessoa de bem em geral, que se
consideram injustamente perseguidas. Entre elas aparecem sobretudo os
mediadores, ou porta-vozes da Palavra de Deus, como Moisés (cf. Números
11,10-15; Deuteronômio 18,15-19), Elias (1Reis 19,1-18) e Jeremias
(17,17-18;20,7-17). Eles sofrem precisamente em conseqüência da ingrata missão
de mediadores.
Antes de tudo
o profeta se apresenta como um discípulo (versículo 4a). Atento às palavras do
Mestre, ele não guarda o conteúdo da mensagem para si, mas a transmite aos
outros (cf. Jeremias 1,7; Ezequiel 2,3-3,4; Deuteronômio 18,18). Esta mensagem
já não é uma palavra ameaçadora como nos profetas pré-exílicos, mas uma palavra
libertadora, capaz de reconfortar os desanimados (cf. Isaias 40,6-11.27-31; 41,14;
42,1-7; Ezequiel 37,11). Como profeta ele está continuamente atento às palavras
que recebe de Deus (cf. Jeremias 15,16: “Todas as manhãs ele desperta meus
ouvidos para que escute como discípulo” (versículo 4b). somente assim torna
capaz de levar sua missão em frente sem desfalecer (versículo 5). Como outros
profetas (cf. Amós 7,10-17; Miquéias 2,6.10; Jeremias 20, 7-18) também o
Dêutero-Isaias sofreu o desprezo e a perseguição (versículo 6) da parte de seus
ouvintes no exílio, por causa da mensagem que proclamava. Presume-se que o
motivo dessa reação da comunidade exílica contra o profeta tenha sido o seu
universalismo, pois anunciava o reino messiânico também aos pagãos (cf. Isaias
45,14; 49,6). Mas como os justos perseguidos dos salmos de lamentação individual
(cf. Salmo 5; 6; 22, etc.), ou como Jeremias (15,17, 17,13; 20,11), o profeta
põe toda a sua confiança em Deus, que o fortifica (versículo 7) e frustrará os
insultos dos adversários (versículo 8-9).
Também Jesus
está animado da mesma confiança dos profetas que sofreram por causa da mensagem
que deviam anunciar. Inspirado na figura do Servo Sofredor, Ele entra resolvido
em Jerusalém para levar a sua missão até o fim. Ali enfrentará toda espécie de
desonra por causa de sua doutrina, na certeza do apoio divino que o levaria à
vitória final.
Qual é o
personagem que se esconde atrás do título “servo”, tão rico de conteúdo para p
pensamento cristão? É um dos problemas do Primeiro Testamento mais discutidos
pelos entendidos. Tem-se formulado numerosas hipóteses de interpretação. Há
três correntes maiores.
A primeira vê
o Servo de Javé um indivíduo, distinto do povo (em Isaias 49,6 e 53,3-8 ele
desempenha um papel junto ao povo, enquanto nas outras partes e Dêutero-Isaias
a expressão “o Servo de Javé” indica o povo todo!). Mas não se chegou a um
acordo a respeito desse personagem. Trata-se de uma figura do passado (Moisés;
Davi ou um de seus descendentes); ou no futuro (o Messias; um rei glorioso dos
fins dos tempos)? A dificuldade não vem de hoje. Ela já aparece no Novo
Testamento: “De quem disse isto o profeta: de si mesmo ou de outro?” (Atos
8,32-35).
De qualquer
modo unem-se na figura do Servo de Javé traços proféticos e reais. E ele é
também salvador, sacerdote e vítima ao mesmo tempo que, pelos seus sofrimentos,
“intercede pelos culpados” (Isaias 53,12). Ele tem uma missão missionária junto
a todos os povos.
A segunda
corrente dá à expressão “Servo de Javé” um sentido coletivo. Ele não vê no
Servo um indivíduo, distinto do povo de Israel. É o povo que será luz das
nações; que deverá sofrer a perseguição e a morte pela salvação dos povos.
Admite-se que se trataria de um grupo pequeno de fiéis no meio do povo. Seria o
pequeno resto que permanece fiel a
Deus e que deve servir de testemunha aos demais membros do povo e às nações.
A terceira
corrente as duas anteriores. Ele dá a expressão um sentido representativo.
Usa-se o termo: personalidade corporativa. O Servo de Javé incorporaria na sua
pessoa todo o povo, seu passado e o seu futuro. O profeta que escreveu os
cantos teria projetado nele o verdadeiro Israel. O Novo Testamento proclama a
realização destas expectativas em Jesus de Nazaré, na sua vida, paixão e morte,
e ressurreição.
Salmo responsorial 21/22,8-9.17-20.23-24. O
Salmo é uma súplica a Deus numa hora
de sofrimento e abandono. Salmo de
grande intensidade, expressa em imagens vigorosas, em pedidos insistentes, e
também numa esperança triunfante.
O limite do
sofrimento é sentir o abandono de Deus, que parece não ouvir a oração. A
gozação das pessoas redobra a dor do salmista, seu sentimento de abandono;
contudo, são também um argumento para mover a Deus, ao qual os insultos
atingem. Do extremo da dor passa para o a segurança da esperança: a salvação é
certa, próxima, e já pode convidar a comunidade a unir-se com ele no louvor a
Deus.
A lamentação e
a prece de um inocente perseguido terminam em ação de graças pela libertação
esperada (versículos 23-27 e adaptam-se à liturgia nacional pelo versículo 24 e
o final universalista (versículos 28-32, em que a vinda do Reino de Deus no
mundo inteiro aparece logo após as provações do servo fiel. Próximo do poema do
Servo Sofredor (Isaias 52,13-53,12), este salmo, cujo início Cristo pronunciou
sobre a cruz e no qual os evangelistas viram descritos diversos episódios da
Paixão, é, portanto, messiânico, ao menos em sentido típico. É a súplica de uma
pessoa num momento de intenso sofrimento e abandono, retomada por Jesus no
momento angustiante de sua cruz, entreguemos ao Pai a nossa vida e a vida de
tantos irmãos e irmãs que passam pelo vale do sofrimento e da morte.
Segunda leitura – Filipenses 2,6-11. No
contexto de uma exortação de Filipos Paulo cita um hino cristológico. Através
desta citação sugere que as principais coordenadas da salvação operada através
de Cristo marquem a existência cristã. Estas coordenadas aparecem na estrutura
do hino. Seu tema central são a humildade e a disponibilidade do serviço do
Messias Jesus. Ele não quis se beneficiar de privilégios de ser Filho de Deus,
mas diminuiu-se para se tornar um de nós, como nós. E somos convidados a ter os
mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus.
Na
glorificação (doxologia) “Jesus Cristo é o Senhor” em que culmina o hino,
dirige-se a Jesus o nome que no Primeiro Testamento é reservado a Deus. Conforme
o hino, Jesus, morto na cruz e depois exaltado, recebe de Deus e da comunidade
o nome de “Javé”. Antes Ele não tinha este nome. Ele era Deus preexistente.
Assumindo a natureza humana poderia ter-se valido desta igualdade com Deus Pai.
Ma ao tornar-se homem e inaugurar a Sua missão preferia apresentar-se á
humanidade como servo de Deus e não como senhor do universo. Esta preferência
não era somente de ordem subjetiva, mas de ordem objetiva. Ele revela que a
pessoa humana se realiza mais na submissão a Deus do que no senhorio sobre o
mundo e o universo. A soberania da pessoa humana só será plenamente humana se e
na medida que ela for serviço de Deus. O fato que Jesus recebe o senhorio sobre
o universo depois de Sua obediência até a morte revela que nela não há nada de
usurpação.
“Jesus é
Javé”. Esta confissão de fé ou glorificação (doxologia) não é uma divinização
ou deificação indevida que existia no mundo no mundo greco-romano, em que reis
e imperadores se deixavam idolatrar como deuses. Não era uma blasfêmia para os
primeiros cristãos e não o é para nós, porque nela se professa que se procura a
salvação em alguém que deu honra a Deus e recebeu honra de Deus. “Esvaziou-se
(ou: aniquilou-se) a si mesmo... feito obediente até a morte da cruz”. Na confissão
de fé “Jesus é Javé” professamos que Deus deu razão a Jesus e que nós também
Lhe damos razão. Isto não é blasfêmia, porque nisso também professamos que a
realização plena da pessoa humana existe na dependência absoluta de Deus antes,
durante e depois da morte; e que, por isso, pode-se arriscar a vida pela glória
de Deus.
Evangelho – Lucas 22,14-23,56 ou 23,1-49 (mais
breve). O trecho do Evangelho da Paixão começa com o desejo de comer
especificamente aquela da Páscoa com os amigos e a memória da Páscoa antiga que
se realizará no Reino. Lucas associa elementos da Páscoa antiga com a
instituição da nova Páscoa. Menciona dois cálices: o primeiro remete à
celebração judaica e o segundo, à Eucaristia cristã. Jesus usa o rito do pão e
o terceiro cálice da Páscoa judaica e lhes dá um sentido totalmente novo. Lucas
é o único evangelista que apresenta explicitamente a última ceia como refeição
pascal, marcando assim uma intenção clara da parte de Jesus.
Conforme o
Evangelho de Lucas, Jesus foi julgado por três tribunais: pelo sinédrio,
tribunal religioso e jurídico dos judeus (versículo 66), pelo tribunal romano e
pelo tribunal do rei Herodes Antipas. O sinédrio foi o primeiro a condenar
Jesus sob as seguintes acusações: blasfêmia por se apresentar como Filho de Deus;
fazer subversão entre o povo; proibir o pagamento do imposto a César; afirmar
ser o Messias, Rei; e agitar a multidão.
O relato da
Paixão vem acompanhado do terceiro cântico do Servo (cf. Isaias 50,4-7). O
Senhor faz com que o enviado tenha os ouvidos bem abertos para escutar os
lamentos e clamores dos abatidos. Os maus tratos que recebe por cumprir sua
missão não o desviam dela. Ele não recua, porque sabe que o Senhor o apóia e
não se sente humilhado, mas tem a cabeça erguida e confia. Jesus é o servo de
Deus fiel, o justo que assumiu radicalmente as exigências de sua missão de
consolar e libertar. Seus sofrimentos não o amedrontam. O Pai está com ele.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
A paixão e
morte de Jesus formam o núcleo de nossa fé cristã. Talvez por isso
compreendamos e a assumamos tão pouco Não somos capazes de pensar a cruz como
“pau-de-arara” do tempo da repressão militar, como a guilhotina na Idade Média
ou como tantos outros instrumentos de tortura usados na história da humanidade.
Espiritualizamos tanto a crus que não conseguimos compreender a profundidade e
dureza da entrega de Jesus.
A partir da
entrada de Jesus em Jerusalém, no Domingo de Ramos, os acontecimentos vão
afunilando. Depois de três anos de missão, de anúncio do Reino de Deus, de
muitos contatos, curas, milagres e pregações, o projeto de Jesus entra num
confronto decisivo.
Por um lado, o
povo que foi tantas vezes por ele ajudado, que percebeu nele uma saída de vida,
aclama-O, cheio de profunda esperança, como aquele que haveria de cumprir as
promessas de Deus, como aquele que seria o “vingador dos pobres”.
Por outro
lado, as elites dominantes, em parceria com o Império Romano, cheias de
privilégios, detentoras de altos rendimentos, donas de todo o poder político,
econômico e religioso, não aceitam essa liderança e tramam a morte do Justo.
É o que
percebemos no Domingos de Ramos da Paixão do Senhor, portal da Semana Santa: um
processo rapidíssimo, uma traição, um beijo falso, um julgamento sob pressão,
um juiz covarde, a condenação de Jesus à morte. O povo se frustra, desanima.
Parece que não adianta lutar, que as coisas têm de ser assim mesmo. Parece que
tudo termina por aí: os pobres sempre mais pobres, as violências crescendo, a
injustiça aumentando e tirando a paz do mundo e os inocentes morrendo.
Mas não é bem
assim. Com a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, o Bom Deus nos mostra o
caminho da salvação, que passa pela cruz, porque Ele respeita a liberdade
humana, gananciosa e cheia de pecados. Foi o caminho que Deus escolheu com a
Encarnação de Jesus. Realizou um esvaziamento (kenose) de si mesmo no serviço,
no lava-pés. Assumiu sobre si nossas dores. Enfrentou o sofrimento e a
perseguição dos poderosos. Historicamente, essa opção de Deus também resultou em
violência: a morte do Filho de Deus, o Justo e santo, numa cruz.
Contraditoriamente,
porém, dessa cruz, instrumento de morte, brotou a vida, a ressurreição, a
semente do novo, a proposta da Igreja das comunidades fraternas. No mundo em
que vivemos, afundado na ganância e no pecado, a salvação passa por esse
processo de morte-vida. O mistério do mal (do sofrimento do justo, do inocente;
das traições das infidelidades e violências) só começa a ter um princípio de
explicação quando se olha para a cruz de Jesus. Parece que até Deus fica
impotente diante do grito do Justo, diante do sofrimento de Jó, diante do
Cristo pendente da cruz (“Não é possível que passe de mim este cálice?”; “Meu
Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”).
Seguir Jesus é
nos colocarmos no caminho da busca pelo bem do próximo, de nos empenhar por
tornar a economia mais solidária. Buscar maior paridade de distribuição de
renda e, assim, procurar tornar o sistema econômico mais humano. A Paixão e
Morte de Jesus é já a denúncia dessa estrutura econômica causadora de morte.
Hoje, ao
contemplar a multidão de crucificados no mundo inteiro pela miséria e pela
fome, diante da cruz do justo que morre, de que lado ficamos: dos que dão sua
vida pelo projeto de Deus ou dos que se juntam e se tornam aliados para
suprimir a justiça, como fizeram Pilatos e Herodes?
O que fazer
diante dessa realidade? Qual nossa atitude como cristãos e cristãs?
·
Desistir? Desanimar? Devolver o troco com mais
violência ainda?
·
Ou assumir esse caminha da cruz com Jesus, com
senso de realidade e compromisso, formando comunidades, semeando o novo da
ressurreição através de outra proposta do mundo que ai está?
·
É preciso crer que “um outro mundo é possível”.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
Palmas: Sinais da Vitória
A tradição
ortodoxa conhece, segundo a liturgia de São João Crisóstomo um tropário chamado
de apolitikion, rezado logo após um
pequeno refrão de abertura. Trata-se da Oração Principal da Festa. Para o
Domingo de Ramos o tropário diz: ó Deus, antes da tua paixão, dando-nos uma
garantia da ressurreição geral, ressuscitaste Lázaro dos mortos. Por isso, nós
também, como filhos dos hebreus, levamos os símbolos da vitória, clamando: Ó
vencedor da morte, Hosana nas alturas! Bendito o que vem em nome do Senhor!” Em
nossa liturgia ocidental, o rito de Ramos começa com uma antífona que coincide
com o final desse tropário oriental: Saudemos com hosanas o Filho de Davi!
Bendito o que nos vem em nome do Senhor! Jesus, rei de Israel, Hosana nas
alturas! A exortação que se segue, preparando a bênção dos ramos, articula a
rememoração da entrada em Jerusalém com a nossa participação na ressurreição.
O tropário
oriental, porém, nos apresenta este nexo de maneira mais clara e além disso nos
dá a chave para celebrarmos os mistérios da Semana Santa, cujo Domingo de Ramos
é abertura: “ó vencedor morte, Hosana nas alturas!” Com os olhos pascais é que
a liturgia nos convida a adentrar nos ritos que se seguem durante esta semana.
Nosso olhar atravessa o sofrimento e foca a atenção na Páscoa.
O sentido das
palmas nas mãos, segundo, segundo este tropário, vai na mesma direção: “Levamos
os símbolos da vitória”. A liturgia, portanto, já nos ritos iniciais,
interpreta a paixão e ressurreição do Senhor e nela nos envolve como
participantes desse mistério central da nossa fé. Um outro tropário, que vem
logo em seguida diz: “Fomos sepultados contigo pelo batismo, ó Cristo Deus, e
pela tua Ressurreição, merecemos a vida eterna. Por isso a ti cantamos em alta
voz: Hosana nas alturas”. Esta
referencia ao batismo é interessantíssima se entendermos que a Quaresma tem
forte conotação batismal e que a Vigília Pascal renova os iniciados as suas
promessas de ser seguidores e seguidoras (e fiéis missionários e missionárias)
do Servo Sofredor, recebido e proclamado hoje pelas multidões Rei e, ainda,
segundo a liturgia Oriental manifestação de Deus que a nós se revelou.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Seguindo os
passos de Jesus, fazemos memória de sua entrada em Jerusalém para realizar o
mistério de sua morte e ressurreição e que chamamos de “mistério pascal”. Fervorosos,
caminhamos em procissão como nossos ramos nas mãos, aclamamos Jesus como o
verdadeiro Messias, nos associamos à sua cruz para podermos participar de sua
ressurreição e vida (exortação inicial). Demos graças, porque só assim nosso
sofrimento e nossa morte têm sentido, e na comunhão do seu corpo glorioso já
participamos da vida nova, ultrapassando a morte.
Damos graças
ao Pai que hoje nos apresenta, em Jesus, o sentido que buscamos para nosso
sofrimento e morte. Ao comungar seu corpo glorioso, participamos desde já da
vida que vence definitivamente a morte.
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. A estrutura da celebração
deste dia se desenvolve em torno de três partes: memória da entrada triunfal do
Senhor em Jerusalém; liturgia da Palavra com a leitura da Paixão do Senhor e
liturgia eucarística. São três símbolos que não podem faltar.
2. Os
ritos iniciais desta celebração, nos quais se dá a bênção dos ramos, deveriam
ser realizados a uma certa distância da igreja para que se possa depois fazer
uma verdadeira procissão. Pode começar numa capela, na praça de um cemitério,
se der uma distância boa, numa rua do bairro. Sendo capela rural, começar numa
residência ou mesmo embaixo de uma árvore ou num outro lugar significativo.
Deve ser um lugar mais ou menos distante da igreja. Se for uma comunidade de
periferia, sair de um lugar significativo onde teve início algumas lutas
populares por melhores condições de vida do bairro, ou de uma residência ou
também de um ponto significativo.
3. Enquanto o
povo vai chegando, criar um clima orante através de refrões meditativos
preparando os corações para a celebração.
4. É bom que a
procissão venha de uma capela para a matriz ou igreja maior. A unidade entre a
procissão festiva e a missa marcada pela celebração da Paixão do Senhor pode
ser feita através da cruz processional, que conduz a procissão e, na celebração
eucarística, é colocada ao lado do altar.
5. Cada pessoa leve o seu ramo
enfeitado para a procissão. A equipe de celebração deve providenciar ramos para
quem não trouxe. Além dos ramos pode-se também trazer plantas medicinais.
6. A equipe cuide do visual,
bonito, discreto, como forma de louvor a Deus.
7. A cor litúrgica deste dia é
o vermelho, lembrando a realeza de Jesus.
8. Lembretes para a equipe de celebração: além das coisas
costumeiras, é preciso preparar, no local onde começa a procissão, os seguintes
objetos: ramos, mesinha para colocar os ramos, caldeira com água benta (se for
o caso, incensório preparado com incenso), cruz para a procissão, castiçais e
velas acessas, o Lecionário e o Missal Romano.
9. Na procissão com os ramos: Neste dia o mais importante
não é a bênção, mas a procissão com os ramos. A bênção é feita por causa da procissão. Por isso, não tem sentido
nenhum fazer primeiro a procissão e depois a oração de bênção sobre os ramos.
10. Deve-se conciliar a piedade
popular, isto é, a devoção de muitas pessoas que vem mais para “benzer o ramo”
com a exigência de maior aprofundamento da fé por parte daqueles que têm uma
caminhada de comunidade.
11. Onde não tiver condições de
celebrar a procissão nem a entrada solene, no caso de capelas rurais e capelas
de periferia muito distantes da matriz, faça-se uma “Celebração da Palavra de
Deus”, sábado à tarde ou domingo em um horário que favoreça a participação de
todos. A comunidade pode estar impedida de ter a Missa, mas não de se reunir e
celebrar.
12. Nos ritos finais: Na despedida, o presidente convida a
assembléia a intensificar a oração e a vida comunitária nestes dias de
preparação para a Páscoa. Lembrar aos que não trouxeram os envelopes da
Campanha da Fraternidade, que tragam na Quinta-Feira Santa e entreguem no
momento da procissão dos dons. O Missal prevê neste dia uma coleta para as pessoas
necessitadas, página 249.
13. É sugerido que toda a ornamentação
litúrgica, nesta celebração, seja voltada para a perspectiva da entrada em
Jerusalém e a da paixão, por isso os ramos verdes e as alfaias vermelhas são
parte fundamental, podendo substituir as flores e outros objetos.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a celebração. Por isso devemos cantar a liturgia e não
cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e,
condizentes com o tempo litúrgico, com cada domingo, com as festas ou com a
liturgia de um dia especial, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Domingo de Ramos, é preciso executá-los com atitude
espiritual, isto é, de maneira orante. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa,
para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado e não
cantos que um grupinho ou um movimento impõe.
1. Canto de abertura:
“Hosana ao Filho de Davi!”, CD, Liturgia XIII; “Hosana, hosana e viva!”, CD
Liturgia XIII; “Hosana hei, hosana há”, ensaiado no encontro diocesano de
liturgia sobre a Quaresma, Semana Santa e Tempo Pascal e está na página 439 do
Ofício Divino das comunidades.
2. Cantos durante a
procissão: “Os filhos dos Hebreus com ramos de palmeira”, CD Liturgia
XIII; “Glória, louvor e honra a ti”, CD Liturgia XIII; “Cristo vence, Cristo
reina”, Hinário II, página 211; “Os filhos dos Hebreus, com ramos de oliveira”,
Hinário II, pág. 29; “Os filhos dos Hebreus, com ramos de oliveira”, Hinário
II, pág. 28.
Ao entrar na Igreja, cantem o
salmo 24(23) com o refrão próprio para este dia: “Os filhos dos hebreus”.
3. Salmo responsorial 21/22: Oração da desolação. “Meu
Deus, meu Deus, por que me abandonastes?”, CD Liturgia XIV, faixa 15
4. Aclamação ao Evangelho:
A obediência de Cristo até a
morte na cruz. “Salve, ó Cristo obediente”, CD Liturgia XIII, faixa 17.
5. Canto de apresentação
dos dons: O canto de apresentação das oferendas, conforme orientamos em
outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério
que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração no
Domingo de Ramos da Paixão do Senhor. “Ó morte, estás vencida”, CD: Liturgia
XIII, melodia da faixa 18 ou no Hinário Litúrgico II da CNBB, página 267. Outro
canto apropriado para esta ação ritual é: “Em Jerusalém, prenderam Jesus”,
Hinário Litúrgico II da CNBB, página 173.
6. Canto
de comunhão: O cálice de Jesus.
“Oferecerei o seu sacrifício” Salmo 116/115, Hinário II da CNBB, página 63;
“Pai, se este cálice”, CD Liturgia XIII faixa 19; “Eu vim para que todos tenham
vida”, CD Liturgia XIII faixa 13; “Prova de amor maior não há”, CD Tríduo
Pascal – I, faixa 18 ou Hinário II, pág. 286; “Eu me entrego, Senhor em tuas
mãos”, CD Tríduo Pascal – I, faixa 11 ou Hinário II da CNBB pág. 34; “Se o grão
de trigo não morrer”, Hinário II da CNBB, página 21.
A comunhão
consuma a unidade de todos e manifesta que sua fonte é o corpo de Cristo
“entregue por nós”, “por um Espírito eterno” (Hebreus 9,14). “Pela fração do
pão e pela comunhão os fiéis, embora muitos, recebem o corpo e sangue do Senhor
de um só pão e de só um cálice, do mesmo modo como os apóstolos, das mãos do
próprio Cristo” (IGMR, 72,3).
8- O ESPAÇO CELEBRATIVO
1.
É costume em nossas Igrejas e Oratórios, as comunidades ornarem toda a
construção com Ramos. Algo que pode ficar muito bonito e construir um
“baldaquinho” com Ramos sobre a Mesa do Altar. Nada sofisticado, mas simples. O
baldaquinho evoca a Tenda, lugar da presença e esteve presente em muitas
construções sagradas do Cristianismo. Em Roma, é famoso o Baldaquinho de
Bernini, arte barroca no centro da Basílica de São Pedro. É importante, porém,
que o Baldaquinho não tire a visibilidade do Altar, dificulte o acesso ou
“concorra” com ele, mas manifeste a sua dignidade e importância. O baldaquinho
pode ser preparado com antecedência, ou pode ser levado ritualmente durante a
celebração, conforme sugerimos abaixo em “Ação Ritual”. Veja o gráfico de sua
representação.
2. Preparar o
espaço da celebração levando em conta o Domingo de Ramos que ainda está dentro
do “tempo da Quaresma”. O ambiente deve estar despojado e austero. Isso vale também para outros tempos litúrgicos. Devemos
“fazer uma limpeza” de tudo o que é supérfluo no espaço celebrativo, como
cartazes, folhagens, fitas, adornos, faixas, muitas imagens, etc. Os exageros
de enfeites causam uma verdadeira poluição visual, e é preciso achar um lugar para
pousar o olhar e contemplar. Por outro lado, devemos valorizar e destacar o
que é realmente essencial para a celebração do Mistério de Cristo, isto é, o
altar, a mesa da Palavra, a cadeira presidencial e a pia batismal.
3. Para simbolizar esta
realidade da celebração, podemos fazer um arranjo especial para este dia que
está no livro “Arte floral a serviço da liturgia”, página 78-79, Edições
Paulinas.
9- AÇÃO RITUAL
Fazer uma
acolhida muito fraterna e pessoal a quem chega para a celebração,
principalmente os visitantes. Que todos possam sentir sua dignidade humana respeitada e sua identidade cristã
reconhecida. Não devemos esquecer
que os ritos iniciais, com o sentido de formar o Corpo vivo do Senhor, sejam
bem valorizados neste domingo e sempre.
Jesus se aproxima da descida do
monte das Oliveiras quando toda a multidão dos discípulos começaram, alegres
puseram-se a louvar a Deus com voz forte por todos os milagres que tinham
visto. Eles diziam: “Bendito seja aquele que vem, como rei, em nome do Senhor!
Paz no céu e glória no mais alto dos céus!” (Lucas 19,37-38).
Enquanto o
povo vai chegando, criar um clima orante através de refrões meditativos
preparando os corações para a celebração.
Ritos Iniciais
1. A Liturgia de Ramos nos
prepara também para a Paixão de Jesus. Agitando palmas, símbolo da vitória
contra o mal, iniciamos nossa caminhada com Jesus em direção ao Reino
definitivo.
2. O presidente introduz a
procissão, dando-lhe o sentido de oração feita com os pés e
todo o corpo para
seguirmos Jesus hoje em nossa missão. Na Igreja Armênia, uma grande cruz
processional representa o Senhor e vai na frente da procissão. O padre pega um
ramo e o prende na haste da cruz.
3. Procurar envolver todas as crianças nesta celebração mesmo
as que não estão na catequese. Incentivá-las durante a procissão a cantar ou
recitar em voz alta o refrão: “Bendito o que vem em nome do Senhor, hosana nas
alturas” (cf. Mateus 21,14-16).
4. Neste domingo, pode-se
aproveitar a sugestão e imagem do Baldaquinho acima e, durante os dois ritos de
introdução na Liturgia da Palavra e da Eucaristia, “montá-lo” primeiro sobre a
Mesa da Palavra e depois sobre a Mesa da Eucaristia, o Altar, ou somente sobre
a Mesa da Palavra.
5. Durante a procissão de
Ramos, pode levar o Evangeliário em um andor, conforme a sugestão anterior.
Quatro pessoas levam consigo grandes palmas de modo a formar um “baldaquinho
peregrino”. Cada pessoa figura como uma das colunas e as palmas como a
“cúpula”:
6. Ao entrar
na igreja atrás da cruz e do presidente, a assembléia caminha com Cristo e
deixa-se introduzir na celebração do mistério da sua paixão, morte e
ressurreição.
7. Uma vez que se entra na
Igreja, o Evangeliário é posto sobre a Mesa da Palavra, como de costume. As
pessoas com as Palmas permanecem ao redor do Altar, “desmontando” o
baldaquinho.
8. A celebração (de cunho
estacional) não inclui ato penitencial. A procissão foi expressão ritual que
substitui o ato penitencial.
9. Na Oração
do Dia suplicamos a Deus que é todo poderoso que nos ajude a seguir o exemplo
de Cristo que deu sua vida na cruz e possamos ressuscitar com Ele na sua
glória.
Rito da Palavra
1. Após a Oração do Dia,
enquanto se entoa um refrão apropriado, essas pessoas se dirigem à Mesa da
Palavra e sobre ela montam a cobertura do baldaquinho.
2. Durante o canto de aclamação
“Salve ó Cristo, obediente!” o Evangeliário deve ser levado até a Mesa da
Palavra e de lá, feita a narrativa da Paixão, conforme o costume da comunidade.
Se for dialogado conforme o “costume latino”, é preciso que se respeite a
linguagem ritual que exige a presença do Livro (o Evangeliário) que é um dos
sinais sensíveis da Palavra de Deus, de onde se fará a introdução do relato,
sua narrativa e a conclusão.
3. Durante a homilia, o
baldaquinho pode temporariamente ser desfeito, voltando a se formar sobre a
Mesa do Altar, da seguinte forma: As pessoas entram na procissão de oferendas à
frente ou depois daqueles que levam os dons do pão e do vinho e montam o
baldaquinho sobre o Altar.
4. Se tiver dificuldade de
ritualizar desse modo, pode-se montar o baldaquinho somente na Mesa da Palavra.
5. É bom lembrar que a leitura
da Paixão merece uma boa preparação, com bastante antecedência, distribuindo os
diversos papéis para tornar mais dinâmica a participação. Personagens que
ocorrem no Evangelho deste domingo, texto mais longo: narrador(a), Judas, Simão
Pedro, grupo dos discípulos, duas testemunhas, sumo sacerdote, o povo, uma
criada que interroga a Pedro, outras pessoas além da criada, sumos sacerdotes e
anciãos, Pilatos, os soldados de Pilatos. Para o texto mais curto: narrador(a),
Pilatos, soldados de Pilatos, pessoas insultando e zombando de Jesus, o oficial
e os soldados. Quem preside, diz as palavras de Jesus.
6. Na liturgia da Palavra: A leitura da Paixão do Senhor
(sem as lanternas que acompanham a procissão do Evangeliário, sem o incenso,
sem a saudação “O Senhor esteja convosco...” sem fazer o sinal da cruz sobre o
livro e sobre si mesmo; no final, não se beija o livro nem se diz “Palavra da
salvação...”). Cuidado que o folheto não traz esta orientação litúrgica.
7. Sobre a leitura do Evangelho
da Paixão do Senhor, o Lecionário Dominical sugere o texto longo ou o mais
breve. Quando optamos pelo texto longo, pode-se intercalar algum refrão
meditativo, para facilitar a participação da assembleia. (Por exemplo: Prova de
amor maior não há...). Também quanto ao texto longo ou mesmo o mais breve, as
pessoas podem acompanhar a leitura sentadas. Quando o texto narrar a morte de
Jesus, todos se ajoelham fazendo uma pausa e uns momentos de silêncio. No
momento do silêncio pode-se cantar um canto próprio, mas não longo. (Por
exemplo: “Morreu, meu Jesus, na cruz, na cruz...”, ensaiado num encontro
diocesano sobre a Quaresma e Semana Santa; “Eu me entrego Senhor, em tuas
mãos”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 34, ou o refrão “Prova de amor
maior não há”, somente com a estrofe: “E chegando a minha Páscoa, vos amei até
o fim...”.
8. A narração do Evangelho,
caso seja acertado, pode ser acompanhada pela assembleia assentada. Feita em forma
dialogal poderá também ajudar na participação.
9. A homilia não deve se
alongar. O cansaço da assembleia pode comprometer a participação. O homiliasta
deve ser claro e conciso, deixando que os ritos falem por si. Haja também tempo
para o silêncio e a meditação.
Rito da Eucaristia
1. A oração
sobre as oferendas destaca que pelo sofrimento de Cristo fomos reconciliados
com o Pai.
2. Na
preparação das oferendas, junto com os dons da Eucaristia, destacar a coleta da
Campanha da Fraternidade como uma “ação ritual” a nível nacional.
3. Preparar a
forma como será feita a coleta e um recipiente onde as pessoas poderão deixar
sua oferta. Perto, também poderá ser colocado um cartaz da CF 2012. As pessoas
irão em procissão até perto do altar. Neste momento poderá ser feita a Oração
da CF ou cantar o Hino.
4. O Prefácio
é próprio para o Domingo de Ramos e enfatiza o sofrimento do justo inocente
pela salvação de todos. A Oração Eucarística pode ser a III que enfatiza
“quatro” vezes a palavra sacrifício, isto é, fazer algo sagrado, que a nossa
vida deve ser uma doação do nascer ao por do sol como foi a vida de Cristo.
5. A comunhão
em duas espécies não é só desejável, bem como poderá evidenciar o que foi
narrado no início do Evangelho: “o vinho novo no Reino de Deus” (versículo 25).
Ritos Finais
1. Na oração
depois da comunhão, peçamos a Deus que pela morte e ressurreição de Cristo nos
alcancemos a salvação.
2. A bênção
final pode ser feita com a oração sobre o povo, número 17, página 533 do Missal
Romano que contempla a entrega de Cristo na Cruz.
3. O rito do envio pode estar
em consonância com o mistério celebrado: Irmãos e irmãs, a Paixão de Jesus
Cristo nos abriu as portas do céu. Vão em paz e o Senhor vos acompanhe.
4. É comum
além, de entrar em procissão no início da celebração guiados pela cruz, também
retirar-se do espaço sagrado em procissão, igualmente guiados pela cruz.
10- CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Humanamente
olhando a Cruz, ela revela a dor, sofrimento, desprezo, abandono, injustiça,
tortura, manipulação da pessoa humana, morte. A Cruz iluminada pela fé fala de
salvação, de comunhão, de misericórdia, de amor extremado, de Reino e de
eternidade. Ressurreição já plantada em nós, que, nestes dias de oração e
meditação, deve deitar raízes fundas em nós, para dar razão ao nosso viver,
despido, por vezes, de razões válidas e fortes.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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