quarta-feira, 16 de março de 2016

DOMINGO DE RAMOS DA PAIXÃO DO SENHOR - ANO C

20 de março de 2016

Leituras

     Lucas 19,28-40 (Evangelho da bênção)
     Isaias 50,4-7
     Salmo 21/22,8-9.17-20.23-24
     Filipenses 2,6-11
     Lucas 22,14--23,56 ou 23,1-49


“BENDITO O REI, QUE VEM EM NOME DO SENHOR!”


1- PONTO DE PARTIDA

Domingo de Ramos da Paixão do Senhor. O Domingo de Ramos é a porta de entrada da Semana Santa. Chegamos, finalmente, a Jerusalém. Com a celebração de hoje, entramos na “Grande Semana” ou mais conhecida “Semana Santa”. Para as comunidades cristãs, esta semana maior sempre será um conforto com o problema do mal no mundo. Muito sofrimento. Além das catástrofes naturais, há no mundo muita opção de morte, desde a violência da guerra, o terrorismo, a violência urbana, a morte pela fome e a falta de justiça e paz, até a violência contra a própria natureza.

Durante esta semana somos levados a rever e rememorar os acontecimentos finais da vida de Jesus Cristo. O auge da Semana Santa é o Tríduo Pascal: Quinta-Feira Santa, Sexta-Feira Santa (ou da Paixão e morte de Jesus) e Sábado Santo (ou Vigília Pascal.

Concluímos hoje, também, a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016. Nossa coleta de solidariedade é gesto de perdão e reconciliação.

Saudemos com Hosana o Filho de Davi, em sua entrada em Jerusalém. Vamos ao seu encontro com ramos nas mãos e o acolhamos em nossas vidas

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

Evangelho da bênção – Lucas 19,28-40. Neste domingo, temos dois textos do Evangelho: o primeiro é a entrada alegre de Jesus em Jerusalém; o segundo, a narrativa da Paixão.

Jesus, ao seguir para Jerusalém, faz três anúncios da sua Paixão. Ele chega a Jerusalém, Objetivo de sua longa viagem, “caminho” dos lavradores pobres começado na Galiléia e feito de ações e palavras que revelam o projeto do Pai e de seu reinado.

A frase “Dizei à filha de Sião” é tirada de Isaias 62,11, cujo assunto é o advento do Messias. “Filha de Sião” é um hebraísmo para indicar Jerusalém, edificada sobre o monte Sião.

A entrada de Jesus na cidade é profundamente simbólica. Sua atitude, ao montar em jumentinho, é sinal de seu projeto de vida, projeto de serviço. Ele monta um jumentinho que nem lhe pertencia, era emprestado. Ele é uma releitura do profeta Zacarias 9,9-10: “(...) teu rei está chegando, justo e vitorioso. (...) montando num jumento, num burrico”.  Esse animalzinho é símbolo de desarmamento, de humildade, entrega ao serviço e às vezes ao trabalho forçado. Não sem motivo, muitas vezes nos referimos a ele como “burro de carga”. Se Ele entrasse montado num cavalo ia se identificar com o poder romano.

Ele entra, não como simples peregrino, mas cavalgando um jumentinho, sem cavalos e carros de guerra (Zacarias 9,10: note-se o paralelismo – qual Messias universal e rei que vem reinar com humildade e mansidão. O jumento no Oriente não era depreciado como no Ocidente, antes, era cavalgadura nobre (Gênesis 22,3; Êxodo 4,20; Números 22,21; Juízes 5,10; 10,4; 2Samuel 17,23; 1 Reis 2,4; 13,13). Os rabinos teriam dito que, se Israel fosse puro, o Messias viria sobre as nuvens do céu (Daniel 7,13; por não ser puro virá sobre um asno (Zacarias 9,9).

Com a entrada triunfal atingimos a última fase da vida mortal de Jesus, que irá culminar com a morte na mesma, dias depois. O evangelista João assim compara os fatos: Jesus chegará com seus discípulos em Betânia (3 km de Jerusalém), 6 dias antes da Páscoa (Lucas 12,1-12, na véspera de sábado, quando descansou com Lázaro e suas irmãs Marta e Maria; esta por sinal o ungiu, e no dia seguinte – nosso domingo e primeiro da semana – partiu para Jerusalém, sendo acompanhado por muitas pessoas, cujo número foi se avolumando, empolgados com a ressurreição de Lázaro. Chegando em Betfajé ou mesmo Betânia (versículo 29), junto ao Monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos para buscar o jumentinho “em que nunca montou pessoa alguma” Marcos e Lucas), sinal de estima pelo Messias.

“Sobre o qual puseram seus mantos” (versículo 35): adornar os animais com mantos era sinal de honra. Mantos e ramos espalhados pelo caminho expressam homenagem, veneração e solenidade (cf. 2Reis 9,13: aclamação ao rei Jeú; 1Macabeus 13,51: entrada de Simão Macabeu em Jerusalém). Lucas não fala de ramos como (Mateus e Marcos) e de palmas (João); ramos e palmas eram símbolos de festa, de alegria e de triunfo nas aclamações (Judite 15,12; 1Macabeus 13,51; 2Macabeus 10,7); no Apocalipse a aclamação é orientada para Cristo-Rei (7,9s) as palmas eram distintivo da festa dos Tabernáculos.

A aclamação de Lucas é: “Bendito o rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!” Trata-se de um louvor a Deus por ter enviado o Messias, imitando o canto dos anjos em Belém (Lucas 2,14) com fórmula adaptada a cristãos que vinham do mundo pagão. O clássico “Hosana” de Mateus, Marcos e João, que não comparece em Lucas, equivale à nossa expressão de júbilo: viva. Era muito natural e freqüente em ambiente de multidão, em procissão com palmas, ramos, tapetes e flores – uso típico na festa dos Tabernáculos. Ao que tudo indica, o refrão teria sido: “Hosana ao filho de Davi! Viva o Messias!” – repetido vezes e vezes. Com essa aclamação trata-se de substituir o domínio romano pelo reinado de Davi que, muito esperado, se concretiza na pessoa do Messias, descendente de Davi.

Jesus entra em Jerusalém como um chefe tribal, lembrando o tempo em que os libertadores do povo montavam jumentos, não cavalos, como os reis (cf. Juízes 5,10; 10,4). É o projeto igualitário das tribos, da fidelidade à Aliança, em que só é Rei e Senhor, Deus; os demais estão ligados com o Senhor pelo compromisso de fé e entre si pela liga das tribos, formando um povo de iguais.

Jesus Messias demonstra que era contrário ao projeto da monarquia, o qual dividia o povo em categorias e classes de abastados e excluídos. Jesus, o Messias pobre, propõe uma vida segundo a justiça, o direito igualitário e o amor misericordioso.

A festa da entrada em Jerusalém ocorreu provavelmente na época da Festa das Tendas, quando o povo carregava ramos nas mãos, significando a esperança messiânica (cf. Levítico 23,39-41). Eram levados quatro espécie de plantas – uma cidra e ramos de tamareira, murta e salgueiro. Com os ramos na mão direita e a cidra na esquerda, rezavam uma bênção, a Hoshaná, e movimentavam os ramos para leste, sul, oeste e norte, para cima e para baixo.

Lucas evita a palavra semita, transliterada por Hosana, e acrescenta a palavra rei. Lucas não fala de ramos, mas de mantos e roupas estendidos sobre o jumentinho e na passagem de Jesus. Conta que gritavam “Bendito o rei-Messias!’.

O protesto ou conselho dos fariseus, que lemos no versículo 39, pode ser simplesmente oposição a Jesus ou medo da repressão dos romanos. Jesus responde baseado em Isaias 52,9: “Explodi, soltai aclamações, todas juntas ruínas de Jerusalém”, lembrando o grito triunfal das pedras. Ou lembra Habacuc 2,11-12, em que o grito é de acusação: a pedra da parede gritará e a vida do madeiramento lhe responderá Ai de quem constrói uma cidade sobre o sangue, funda uma capital sobre o crime!”. Poderá ser também, anúncio da destruição de Jerusalém, caso não haja mudança de quem a governa.

O relato da Paixão do Senhor e de sua ressurreição foi no primeiro a ser escrito como núcleo da fé, credo central da Igreja primitiva. A Paixão do Messias foi conseqüência de uma vida comprometida com a causa da justiça, da compaixão por quem é desprezado.

Primeira leitura – Isaias 50,4-7. O texto é do terceiro dos assim chamados “Cânticos do Servo de Javé”. Pertence a um profeta chamado Dêutero-Isaias que compôs Isaias 40-55 e exerceu sua missão em meados do século VI AC entre os exilados da Babilônia.  O poema abrange os versículos de 4-9. Nos versículos 5b-6 aparece a motivação típica (protesto de inocência) que prepara a súplica dos salmos de lamentação individual: “não fui rebelde, não me esquivei; aos que me feriam apresentei as minhas costas...” é preferível qualificar o poema como um salmo individual de confiança. De fato, a partir do versículo 7 se desenvolvem os dois motivos básicos de tais salmos: a afirmação de confiança e a certeza de ser atendido.

A lamentação individual no Antigo Testamento é própria de pessoa de bem em geral, que se consideram injustamente perseguidas. Entre elas aparecem sobretudo os mediadores, ou porta-vozes da Palavra de Deus, como Moisés (cf. Números 11,10-15; Deuteronômio 18,15-19), Elias (1Reis 19,1-18) e Jeremias (17,17-18;20,7-17). Eles sofrem precisamente em conseqüência da ingrata missão de mediadores.

Antes de tudo o profeta se apresenta como um discípulo (versículo 4a). Atento às palavras do Mestre, ele não guarda o conteúdo da mensagem para si, mas a transmite aos outros (cf. Jeremias 1,7; Ezequiel 2,3-3,4; Deuteronômio 18,18). Esta mensagem já não é uma palavra ameaçadora como nos profetas pré-exílicos, mas uma palavra libertadora, capaz de reconfortar os desanimados (cf. Isaias 40,6-11.27-31; 41,14; 42,1-7; Ezequiel 37,11). Como profeta ele está continuamente atento às palavras que recebe de Deus (cf. Jeremias 15,16: “Todas as manhãs ele desperta meus ouvidos para que escute como discípulo” (versículo 4b). somente assim torna capaz de levar sua missão em frente sem desfalecer (versículo 5). Como outros profetas (cf. Amós 7,10-17; Miquéias 2,6.10; Jeremias 20, 7-18) também o Dêutero-Isaias sofreu o desprezo e a perseguição (versículo 6) da parte de seus ouvintes no exílio, por causa da mensagem que proclamava. Presume-se que o motivo dessa reação da comunidade exílica contra o profeta tenha sido o seu universalismo, pois anunciava o reino messiânico também aos pagãos (cf. Isaias 45,14; 49,6). Mas como os justos perseguidos dos salmos de lamentação individual (cf. Salmo 5; 6; 22, etc.), ou como Jeremias (15,17, 17,13; 20,11), o profeta põe toda a sua confiança em Deus, que o fortifica (versículo 7) e frustrará os insultos dos adversários (versículo 8-9).

Também Jesus está animado da mesma confiança dos profetas que sofreram por causa da mensagem que deviam anunciar. Inspirado na figura do Servo Sofredor, Ele entra resolvido em Jerusalém para levar a sua missão até o fim. Ali enfrentará toda espécie de desonra por causa de sua doutrina, na certeza do apoio divino que o levaria à vitória final.

Qual é o personagem que se esconde atrás do título “servo”, tão rico de conteúdo para p pensamento cristão? É um dos problemas do Primeiro Testamento mais discutidos pelos entendidos. Tem-se formulado numerosas hipóteses de interpretação. Há três correntes maiores.

A primeira vê o Servo de Javé um indivíduo, distinto do povo (em Isaias 49,6 e 53,3-8 ele desempenha um papel junto ao povo, enquanto nas outras partes e Dêutero-Isaias a expressão “o Servo de Javé” indica o povo todo!). Mas não se chegou a um acordo a respeito desse personagem. Trata-se de uma figura do passado (Moisés; Davi ou um de seus descendentes); ou no futuro (o Messias; um rei glorioso dos fins dos tempos)? A dificuldade não vem de hoje. Ela já aparece no Novo Testamento: “De quem disse isto o profeta: de si mesmo ou de outro?” (Atos 8,32-35).

De qualquer modo unem-se na figura do Servo de Javé traços proféticos e reais. E ele é também salvador, sacerdote e vítima ao mesmo tempo que, pelos seus sofrimentos, “intercede pelos culpados” (Isaias 53,12). Ele tem uma missão missionária junto a todos os povos.

A segunda corrente dá à expressão “Servo de Javé” um sentido coletivo. Ele não vê no Servo um indivíduo, distinto do povo de Israel. É o povo que será luz das nações; que deverá sofrer a perseguição e a morte pela salvação dos povos. Admite-se que se trataria de um grupo pequeno de fiéis no meio do povo. Seria o pequeno resto que permanece fiel a Deus e que deve servir de testemunha aos demais membros do povo e às nações.

A terceira corrente as duas anteriores. Ele dá a expressão um sentido representativo. Usa-se o termo: personalidade corporativa. O Servo de Javé incorporaria na sua pessoa todo o povo, seu passado e o seu futuro. O profeta que escreveu os cantos teria projetado nele o verdadeiro Israel. O Novo Testamento proclama a realização destas expectativas em Jesus de Nazaré, na sua vida, paixão e morte, e ressurreição.

Salmo responsorial 21/22,8-9.17-20.23-24. O Salmo é uma súplica a Deus numa hora de sofrimento e abandono. Salmo de grande intensidade, expressa em imagens vigorosas, em pedidos insistentes, e também numa esperança triunfante.

O limite do sofrimento é sentir o abandono de Deus, que parece não ouvir a oração. A gozação das pessoas redobra a dor do salmista, seu sentimento de abandono; contudo, são também um argumento para mover a Deus, ao qual os insultos atingem. Do extremo da dor passa para o a segurança da esperança: a salvação é certa, próxima, e já pode convidar a comunidade a unir-se com ele no louvor a Deus.

A lamentação e a prece de um inocente perseguido terminam em ação de graças pela libertação esperada (versículos 23-27 e adaptam-se à liturgia nacional pelo versículo 24 e o final universalista (versículos 28-32, em que a vinda do Reino de Deus no mundo inteiro aparece logo após as provações do servo fiel. Próximo do poema do Servo Sofredor (Isaias 52,13-53,12), este salmo, cujo início Cristo pronunciou sobre a cruz e no qual os evangelistas viram descritos diversos episódios da Paixão, é, portanto, messiânico, ao menos em sentido típico. É a súplica de uma pessoa num momento de intenso sofrimento e abandono, retomada por Jesus no momento angustiante de sua cruz, entreguemos ao Pai a nossa vida e a vida de tantos irmãos e irmãs que passam pelo vale do sofrimento e da morte.

Segunda leitura – Filipenses 2,6-11. No contexto de uma exortação de Filipos Paulo cita um hino cristológico. Através desta citação sugere que as principais coordenadas da salvação operada através de Cristo marquem a existência cristã. Estas coordenadas aparecem na estrutura do hino. Seu tema central são a humildade e a disponibilidade do serviço do Messias Jesus. Ele não quis se beneficiar de privilégios de ser Filho de Deus, mas diminuiu-se para se tornar um de nós, como nós. E somos convidados a ter os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus.

Na glorificação (doxologia) “Jesus Cristo é o Senhor” em que culmina o hino, dirige-se a Jesus o nome que no Primeiro Testamento é reservado a Deus. Conforme o hino, Jesus, morto na cruz e depois exaltado, recebe de Deus e da comunidade o nome de “Javé”. Antes Ele não tinha este nome. Ele era Deus preexistente. Assumindo a natureza humana poderia ter-se valido desta igualdade com Deus Pai. Ma ao tornar-se homem e inaugurar a Sua missão preferia apresentar-se á humanidade como servo de Deus e não como senhor do universo. Esta preferência não era somente de ordem subjetiva, mas de ordem objetiva. Ele revela que a pessoa humana se realiza mais na submissão a Deus do que no senhorio sobre o mundo e o universo. A soberania da pessoa humana só será plenamente humana se e na medida que ela for serviço de Deus. O fato que Jesus recebe o senhorio sobre o universo depois de Sua obediência até a morte revela que nela não há nada de usurpação.
“Jesus é Javé”. Esta confissão de fé ou glorificação (doxologia) não é uma divinização ou deificação indevida que existia no mundo no mundo greco-romano, em que reis e imperadores se deixavam idolatrar como deuses. Não era uma blasfêmia para os primeiros cristãos e não o é para nós, porque nela se professa que se procura a salvação em alguém que deu honra a Deus e recebeu honra de Deus. “Esvaziou-se (ou: aniquilou-se) a si mesmo... feito obediente até a morte da cruz”. Na confissão de fé “Jesus é Javé” professamos que Deus deu razão a Jesus e que nós também Lhe damos razão. Isto não é blasfêmia, porque nisso também professamos que a realização plena da pessoa humana existe na dependência absoluta de Deus antes, durante e depois da morte; e que, por isso, pode-se arriscar a vida pela glória de Deus.

Evangelho – Lucas 22,14-23,56 ou 23,1-49 (mais breve). O trecho do Evangelho da Paixão começa com o desejo de comer especificamente aquela da Páscoa com os amigos e a memória da Páscoa antiga que se realizará no Reino. Lucas associa elementos da Páscoa antiga com a instituição da nova Páscoa. Menciona dois cálices: o primeiro remete à celebração judaica e o segundo, à Eucaristia cristã. Jesus usa o rito do pão e o terceiro cálice da Páscoa judaica e lhes dá um sentido totalmente novo. Lucas é o único evangelista que apresenta explicitamente a última ceia como refeição pascal, marcando assim uma intenção clara da parte de Jesus.

Conforme o Evangelho de Lucas, Jesus foi julgado por três tribunais: pelo sinédrio, tribunal religioso e jurídico dos judeus (versículo 66), pelo tribunal romano e pelo tribunal do rei Herodes Antipas. O sinédrio foi o primeiro a condenar Jesus sob as seguintes acusações: blasfêmia por se apresentar como Filho de Deus; fazer subversão entre o povo; proibir o pagamento do imposto a César; afirmar ser o Messias, Rei; e agitar a multidão.

O relato da Paixão vem acompanhado do terceiro cântico do Servo (cf. Isaias 50,4-7). O Senhor faz com que o enviado tenha os ouvidos bem abertos para escutar os lamentos e clamores dos abatidos. Os maus tratos que recebe por cumprir sua missão não o desviam dela. Ele não recua, porque sabe que o Senhor o apóia e não se sente humilhado, mas tem a cabeça erguida e confia. Jesus é o servo de Deus fiel, o justo que assumiu radicalmente as exigências de sua missão de consolar e libertar. Seus sofrimentos não o amedrontam. O Pai está com ele.

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

A paixão e morte de Jesus formam o núcleo de nossa fé cristã. Talvez por isso compreendamos e a assumamos tão pouco Não somos capazes de pensar a cruz como “pau-de-arara” do tempo da repressão militar, como a guilhotina na Idade Média ou como tantos outros instrumentos de tortura usados na história da humanidade. Espiritualizamos tanto a crus que não conseguimos compreender a profundidade e dureza da entrega de Jesus.

A partir da entrada de Jesus em Jerusalém, no Domingo de Ramos, os acontecimentos vão afunilando. Depois de três anos de missão, de anúncio do Reino de Deus, de muitos contatos, curas, milagres e pregações, o projeto de Jesus entra num confronto decisivo.

Por um lado, o povo que foi tantas vezes por ele ajudado, que percebeu nele uma saída de vida, aclama-O, cheio de profunda esperança, como aquele que haveria de cumprir as promessas de Deus, como aquele que seria o “vingador dos pobres”.

Por outro lado, as elites dominantes, em parceria com o Império Romano, cheias de privilégios, detentoras de altos rendimentos, donas de todo o poder político, econômico e religioso, não aceitam essa liderança e tramam a morte do Justo.

É o que percebemos no Domingos de Ramos da Paixão do Senhor, portal da Semana Santa: um processo rapidíssimo, uma traição, um beijo falso, um julgamento sob pressão, um juiz covarde, a condenação de Jesus à morte. O povo se frustra, desanima. Parece que não adianta lutar, que as coisas têm de ser assim mesmo. Parece que tudo termina por aí: os pobres sempre mais pobres, as violências crescendo, a injustiça aumentando e tirando a paz do mundo e os inocentes morrendo.

Mas não é bem assim. Com a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, o Bom Deus nos mostra o caminho da salvação, que passa pela cruz, porque Ele respeita a liberdade humana, gananciosa e cheia de pecados. Foi o caminho que Deus escolheu com a Encarnação de Jesus. Realizou um esvaziamento (kenose) de si mesmo no serviço, no lava-pés. Assumiu sobre si nossas dores. Enfrentou o sofrimento e a perseguição dos poderosos. Historicamente, essa opção de Deus também resultou em violência: a morte do Filho de Deus, o Justo e santo, numa cruz.

Contraditoriamente, porém, dessa cruz, instrumento de morte, brotou a vida, a ressurreição, a semente do novo, a proposta da Igreja das comunidades fraternas. No mundo em que vivemos, afundado na ganância e no pecado, a salvação passa por esse processo de morte-vida. O mistério do mal (do sofrimento do justo, do inocente; das traições das infidelidades e violências) só começa a ter um princípio de explicação quando se olha para a cruz de Jesus. Parece que até Deus fica impotente diante do grito do Justo, diante do sofrimento de Jó, diante do Cristo pendente da cruz (“Não é possível que passe de mim este cálice?”; “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”).

Seguir Jesus é nos colocarmos no caminho da busca pelo bem do próximo, de nos empenhar por tornar a economia mais solidária. Buscar maior paridade de distribuição de renda e, assim, procurar tornar o sistema econômico mais humano. A Paixão e Morte de Jesus é já a denúncia dessa estrutura econômica causadora de morte.

Hoje, ao contemplar a multidão de crucificados no mundo inteiro pela miséria e pela fome, diante da cruz do justo que morre, de que lado ficamos: dos que dão sua vida pelo projeto de Deus ou dos que se juntam e se tornam aliados para suprimir a justiça, como fizeram Pilatos e Herodes?

O que fazer diante dessa realidade? Qual nossa atitude como cristãos e cristãs?

·         Desistir? Desanimar? Devolver o troco com mais violência ainda?

·         Ou assumir esse caminha da cruz com Jesus, com senso de realidade e compromisso, formando comunidades, semeando o novo da ressurreição através de outra proposta do mundo que ai está?

·         É preciso crer que “um outro mundo é possível”.

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

Palmas: Sinais da Vitória

A tradição ortodoxa conhece, segundo a liturgia de São João Crisóstomo um tropário chamado de apolitikion, rezado logo após um pequeno refrão de abertura. Trata-se da Oração Principal da Festa. Para o Domingo de Ramos o tropário diz: ó Deus, antes da tua paixão, dando-nos uma garantia da ressurreição geral, ressuscitaste Lázaro dos mortos. Por isso, nós também, como filhos dos hebreus, levamos os símbolos da vitória, clamando: Ó vencedor da morte, Hosana nas alturas! Bendito o que vem em nome do Senhor!” Em nossa liturgia ocidental, o rito de Ramos começa com uma antífona que coincide com o final desse tropário oriental: Saudemos com hosanas o Filho de Davi! Bendito o que nos vem em nome do Senhor! Jesus, rei de Israel, Hosana nas alturas! A exortação que se segue, preparando a bênção dos ramos, articula a rememoração da entrada em Jerusalém com a nossa participação na ressurreição.
O tropário oriental, porém, nos apresenta este nexo de maneira mais clara e além disso nos dá a chave para celebrarmos os mistérios da Semana Santa, cujo Domingo de Ramos é abertura: “ó vencedor morte, Hosana nas alturas!” Com os olhos pascais é que a liturgia nos convida a adentrar nos ritos que se seguem durante esta semana. Nosso olhar atravessa o sofrimento e foca a atenção na Páscoa.

O sentido das palmas nas mãos, segundo, segundo este tropário, vai na mesma direção: “Levamos os símbolos da vitória”. A liturgia, portanto, já nos ritos iniciais, interpreta a paixão e ressurreição do Senhor e nela nos envolve como participantes desse mistério central da nossa fé. Um outro tropário, que vem logo em seguida diz: “Fomos sepultados contigo pelo batismo, ó Cristo Deus, e pela tua Ressurreição, merecemos a vida eterna. Por isso a ti cantamos em alta voz: Hosana nas alturas”.  Esta referencia ao batismo é interessantíssima se entendermos que a Quaresma tem forte conotação batismal e que a Vigília Pascal renova os iniciados as suas promessas de ser seguidores e seguidoras (e fiéis missionários e missionárias) do Servo Sofredor, recebido e proclamado hoje pelas multidões Rei e, ainda, segundo a liturgia Oriental manifestação de Deus que a nós se revelou.

5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

Seguindo os passos de Jesus, fazemos memória de sua entrada em Jerusalém para realizar o mistério de sua morte e ressurreição e que chamamos de “mistério pascal”. Fervorosos, caminhamos em procissão como nossos ramos nas mãos, aclamamos Jesus como o verdadeiro Messias, nos associamos à sua cruz para podermos participar de sua ressurreição e vida (exortação inicial). Demos graças, porque só assim nosso sofrimento e nossa morte têm sentido, e na comunhão do seu corpo glorioso já participamos da vida nova, ultrapassando a morte.

Damos graças ao Pai que hoje nos apresenta, em Jesus, o sentido que buscamos para nosso sofrimento e morte. Ao comungar seu corpo glorioso, participamos desde já da vida que vence definitivamente a morte.

6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. A estrutura da celebração deste dia se desenvolve em torno de três partes: memória da entrada triunfal do Senhor em Jerusalém; liturgia da Palavra com a leitura da Paixão do Senhor e liturgia eucarística. São três símbolos que não podem faltar.

            2. Os ritos iniciais desta celebração, nos quais se dá a bênção dos ramos, deveriam ser realizados a uma certa distância da igreja para que se possa depois fazer uma verdadeira procissão. Pode começar numa capela, na praça de um cemitério, se der uma distância boa, numa rua do bairro. Sendo capela rural, começar numa residência ou mesmo embaixo de uma árvore ou num outro lugar significativo. Deve ser um lugar mais ou menos distante da igreja. Se for uma comunidade de periferia, sair de um lugar significativo onde teve início algumas lutas populares por melhores condições de vida do bairro, ou de uma residência ou também de um ponto significativo.

3. Enquanto o povo vai chegando, criar um clima orante através de refrões meditativos preparando os corações para a celebração.

4. É bom que a procissão venha de uma capela para a matriz ou igreja maior. A unidade entre a procissão festiva e a missa marcada pela celebração da Paixão do Senhor pode ser feita através da cruz processional, que conduz a procissão e, na celebração eucarística, é colocada ao lado do altar.

5. Cada pessoa leve o seu ramo enfeitado para a procissão. A equipe de celebração deve providenciar ramos para quem não trouxe. Além dos ramos pode-se também trazer plantas medicinais.

6. A equipe cuide do visual, bonito, discreto, como forma de louvor a Deus.

7. A cor litúrgica deste dia é o vermelho, lembrando a realeza de Jesus.

8. Lembretes para a equipe de celebração: além das coisas costumeiras, é preciso preparar, no local onde começa a procissão, os seguintes objetos: ramos, mesinha para colocar os ramos, caldeira com água benta (se for o caso, incensório preparado com incenso), cruz para a procissão, castiçais e velas acessas, o Lecionário e o Missal Romano.

9. Na procissão com os ramos: Neste dia o mais importante não é a bênção, mas a procissão com os ramos. A bênção é feita por causa da procissão. Por isso, não tem sentido nenhum fazer primeiro a procissão e depois a oração de bênção sobre os ramos.

10. Deve-se conciliar a piedade popular, isto é, a devoção de muitas pessoas que vem mais para “benzer o ramo” com a exigência de maior aprofundamento da fé por parte daqueles que têm uma caminhada de comunidade.

11. Onde não tiver condições de celebrar a procissão nem a entrada solene, no caso de capelas rurais e capelas de periferia muito distantes da matriz, faça-se uma “Celebração da Palavra de Deus”, sábado à tarde ou domingo em um horário que favoreça a participação de todos. A comunidade pode estar impedida de ter a Missa, mas não de se reunir e celebrar.

12. Nos ritos finais: Na despedida, o presidente convida a assembléia a intensificar a oração e a vida comunitária nestes dias de preparação para a Páscoa. Lembrar aos que não trouxeram os envelopes da Campanha da Fraternidade, que tragam na Quinta-Feira Santa e entreguem no momento da procissão dos dons. O Missal prevê neste dia uma coleta para as pessoas necessitadas, página 249.

13. É sugerido que toda a ornamentação litúrgica, nesta celebração, seja voltada para a perspectiva da entrada em Jerusalém e a da paixão, por isso os ramos verdes e as alfaias vermelhas são parte fundamental, podendo substituir as flores e outros objetos.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a celebração. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com o tempo litúrgico, com cada domingo, com as festas ou com a liturgia de um dia especial, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Domingo de Ramos, é preciso executá-los com atitude espiritual, isto é, de maneira orante. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado e não cantos que um grupinho ou um movimento impõe.

1. Canto de abertura: “Hosana ao Filho de Davi!”, CD, Liturgia XIII; “Hosana, hosana e viva!”, CD Liturgia XIII; “Hosana hei, hosana há”, ensaiado no encontro diocesano de liturgia sobre a Quaresma, Semana Santa e Tempo Pascal e está na página 439 do Ofício Divino das comunidades.

2. Cantos durante a procissão: “Os filhos dos Hebreus com ramos de palmeira”, CD Liturgia XIII; “Glória, louvor e honra a ti”, CD Liturgia XIII; “Cristo vence, Cristo reina”, Hinário II, página 211; “Os filhos dos Hebreus, com ramos de oliveira”, Hinário II, pág. 29; “Os filhos dos Hebreus, com ramos de oliveira”, Hinário II, pág. 28.

Ao entrar na Igreja, cantem o salmo 24(23) com o refrão próprio para este dia: “Os filhos dos hebreus”.

3. Salmo responsorial 21/22: Oração da desolação. “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?”, CD Liturgia XIV, faixa 15

4. Aclamação ao Evangelho: A obediência de Cristo até a morte na cruz. “Salve, ó Cristo obediente”, CD Liturgia XIII, faixa 17.

5. Canto de apresentação dos dons: O canto de apresentação das oferendas, conforme orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração no Domingo de Ramos da Paixão do Senhor. “Ó morte, estás vencida”, CD: Liturgia XIII, melodia da faixa 18 ou no Hinário Litúrgico II da CNBB, página 267. Outro canto apropriado para esta ação ritual é: “Em Jerusalém, prenderam Jesus”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 173.
6. Canto de comunhão: O cálice de Jesus. “Oferecerei o seu sacrifício” Salmo 116/115, Hinário II da CNBB, página 63; “Pai, se este cálice”, CD Liturgia XIII faixa 19; “Eu vim para que todos tenham vida”, CD Liturgia XIII faixa 13; “Prova de amor maior não há”, CD Tríduo Pascal – I, faixa 18 ou Hinário II, pág. 286; “Eu me entrego, Senhor em tuas mãos”, CD Tríduo Pascal – I, faixa 11 ou Hinário II da CNBB pág. 34; “Se o grão de trigo não morrer”, Hinário II da CNBB, página 21.

A comunhão consuma a unidade de todos e manifesta que sua fonte é o corpo de Cristo “entregue por nós”, “por um Espírito eterno” (Hebreus 9,14). “Pela fração do pão e pela comunhão os fiéis, embora muitos, recebem o corpo e sangue do Senhor de um só pão e de só um cálice, do mesmo modo como os apóstolos, das mãos do próprio Cristo” (IGMR, 72,3).

8- O ESPAÇO CELEBRATIVO


            1. É costume em nossas Igrejas e Oratórios, as comunidades ornarem toda a construção com Ramos. Algo que pode ficar muito bonito e construir um “baldaquinho” com Ramos sobre a Mesa do Altar. Nada sofisticado, mas simples. O baldaquinho evoca a Tenda, lugar da presença e esteve presente em muitas construções sagradas do Cristianismo. Em Roma, é famoso o Baldaquinho de Bernini, arte barroca no centro da Basílica de São Pedro. É importante, porém, que o Baldaquinho não tire a visibilidade do Altar, dificulte o acesso ou “concorra” com ele, mas manifeste a sua dignidade e importância. O baldaquinho pode ser preparado com antecedência, ou pode ser levado ritualmente durante a celebração, conforme sugerimos abaixo em “Ação Ritual”. Veja o gráfico de sua representação.

2. Preparar o espaço da celebração levando em conta o Domingo de Ramos que ainda está dentro do “tempo da Quaresma”. O ambiente deve estar despojado e austero. Isso vale também para outros tempos litúrgicos. Devemos “fazer uma limpeza” de tudo o que é supérfluo no espaço celebrativo, como cartazes, folhagens, fitas, adornos, faixas, muitas imagens, etc. Os exageros de enfeites causam uma verdadeira poluição visual, e é preciso achar um lugar para pousar o olhar e contemplar. Por outro lado, devemos valorizar e destacar o que é realmente essencial para a celebração do Mistério de Cristo, isto é, o altar, a mesa da Palavra, a cadeira presidencial e a pia batismal.

3. Para simbolizar esta realidade da celebração, podemos fazer um arranjo especial para este dia que está no livro “Arte floral a serviço da liturgia”, página 78-79, Edições Paulinas.

9- AÇÃO RITUAL

Fazer uma acolhida muito fraterna e pessoal a quem chega para a celebração, principalmente os visitantes. Que todos possam sentir sua dignidade humana respeitada e sua identidade cristã reconhecida. Não devemos esquecer que os ritos iniciais, com o sentido de formar o Corpo vivo do Senhor, sejam bem valorizados neste domingo e sempre.

Jesus se aproxima da descida do monte das Oliveiras quando toda a multidão dos discípulos começaram, alegres puseram-se a louvar a Deus com voz forte por todos os milagres que tinham visto. Eles diziam: “Bendito seja aquele que vem, como rei, em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto dos céus!” (Lucas 19,37-38).

Enquanto o povo vai chegando, criar um clima orante através de refrões meditativos preparando os corações para a celebração.

Ritos Iniciais

1. A Liturgia de Ramos nos prepara também para a Paixão de Jesus. Agitando palmas, símbolo da vitória contra o mal, iniciamos nossa caminhada com Jesus em direção ao Reino definitivo.

2. O presidente introduz a procissão, dando-lhe o sentido de oração feita com os pés e todo o corpo para seguirmos Jesus hoje em nossa missão. Na Igreja Armênia, uma grande cruz processional representa o Senhor e vai na frente da procissão. O padre pega um ramo e o prende na haste da cruz.

3. Procurar envolver todas as crianças nesta celebração mesmo as que não estão na catequese. Incentivá-las durante a procissão a cantar ou recitar em voz alta o refrão: “Bendito o que vem em nome do Senhor, hosana nas alturas” (cf. Mateus 21,14-16).

4. Neste domingo, pode-se aproveitar a sugestão e imagem do Baldaquinho acima e, durante os dois ritos de introdução na Liturgia da Palavra e da Eucaristia, “montá-lo” primeiro sobre a Mesa da Palavra e depois sobre a Mesa da Eucaristia, o Altar, ou somente sobre a Mesa da Palavra.

5. Durante a procissão de Ramos, pode levar o Evangeliário em um andor, conforme a sugestão anterior. Quatro pessoas levam consigo grandes palmas de modo a formar um “baldaquinho peregrino”. Cada pessoa figura como uma das colunas e as palmas como a “cúpula”:

6. Ao entrar na igreja atrás da cruz e do presidente, a assembléia caminha com Cristo e deixa-se introduzir na celebração do mistério da sua paixão, morte e ressurreição.

7. Uma vez que se entra na Igreja, o Evangeliário é posto sobre a Mesa da Palavra, como de costume. As pessoas com as Palmas permanecem ao redor do Altar, “desmontando” o baldaquinho.

8. A celebração (de cunho estacional) não inclui ato penitencial. A procissão foi expressão ritual que substitui o ato penitencial.

9. Na Oração do Dia suplicamos a Deus que é todo poderoso que nos ajude a seguir o exemplo de Cristo que deu sua vida na cruz e possamos ressuscitar com Ele na sua glória.

Rito da Palavra

1. Após a Oração do Dia, enquanto se entoa um refrão apropriado, essas pessoas se dirigem à Mesa da Palavra e sobre ela montam a cobertura do baldaquinho.
2. Durante o canto de aclamação “Salve ó Cristo, obediente!” o Evangeliário deve ser levado até a Mesa da Palavra e de lá, feita a narrativa da Paixão, conforme o costume da comunidade. Se for dialogado conforme o “costume latino”, é preciso que se respeite a linguagem ritual que exige a presença do Livro (o Evangeliário) que é um dos sinais sensíveis da Palavra de Deus, de onde se fará a introdução do relato, sua narrativa e a conclusão.

3. Durante a homilia, o baldaquinho pode temporariamente ser desfeito, voltando a se formar sobre a Mesa do Altar, da seguinte forma: As pessoas entram na procissão de oferendas à frente ou depois daqueles que levam os dons do pão e do vinho e montam o baldaquinho sobre o Altar.

4. Se tiver dificuldade de ritualizar desse modo, pode-se montar o baldaquinho somente na Mesa da Palavra.

5. É bom lembrar que a leitura da Paixão merece uma boa preparação, com bastante antecedência, distribuindo os diversos papéis para tornar mais dinâmica a participação. Personagens que ocorrem no Evangelho deste domingo, texto mais longo: narrador(a), Judas, Simão Pedro, grupo dos discípulos, duas testemunhas, sumo sacerdote, o povo, uma criada que interroga a Pedro, outras pessoas além da criada, sumos sacerdotes e anciãos, Pilatos, os soldados de Pilatos. Para o texto mais curto: narrador(a), Pilatos, soldados de Pilatos, pessoas insultando e zombando de Jesus, o oficial e os soldados. Quem preside, diz as palavras de Jesus.

6. Na liturgia da Palavra: A leitura da Paixão do Senhor (sem as lanternas que acompanham a procissão do Evangeliário, sem o incenso, sem a saudação “O Senhor esteja convosco...” sem fazer o sinal da cruz sobre o livro e sobre si mesmo; no final, não se beija o livro nem se diz “Palavra da salvação...”). Cuidado que o folheto não traz esta orientação litúrgica.

7. Sobre a leitura do Evangelho da Paixão do Senhor, o Lecionário Dominical sugere o texto longo ou o mais breve. Quando optamos pelo texto longo, pode-se intercalar algum refrão meditativo, para facilitar a participação da assembleia. (Por exemplo: Prova de amor maior não há...). Também quanto ao texto longo ou mesmo o mais breve, as pessoas podem acompanhar a leitura sentadas. Quando o texto narrar a morte de Jesus, todos se ajoelham fazendo uma pausa e uns momentos de silêncio. No momento do silêncio pode-se cantar um canto próprio, mas não longo. (Por exemplo: “Morreu, meu Jesus, na cruz, na cruz...”, ensaiado num encontro diocesano sobre a Quaresma e Semana Santa; “Eu me entrego Senhor, em tuas mãos”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 34, ou o refrão “Prova de amor maior não há”, somente com a estrofe: “E chegando a minha Páscoa, vos amei até o fim...”.

8. A narração do Evangelho, caso seja acertado, pode ser acompanhada pela assembleia assentada. Feita em forma dialogal poderá também ajudar na participação.

9. A homilia não deve se alongar. O cansaço da assembleia pode comprometer a participação. O homiliasta deve ser claro e conciso, deixando que os ritos falem por si. Haja também tempo para o silêncio e a meditação.

Rito da Eucaristia
1. A oração sobre as oferendas destaca que pelo sofrimento de Cristo fomos reconciliados com o Pai.

2. Na preparação das oferendas, junto com os dons da Eucaristia, destacar a coleta da Campanha da Fraternidade como uma “ação ritual” a nível nacional.

3. Preparar a forma como será feita a coleta e um recipiente onde as pessoas poderão deixar sua oferta. Perto, também poderá ser colocado um cartaz da CF 2012. As pessoas irão em procissão até perto do altar. Neste momento poderá ser feita a Oração da CF ou cantar o Hino.

4. O Prefácio é próprio para o Domingo de Ramos e enfatiza o sofrimento do justo inocente pela salvação de todos. A Oração Eucarística pode ser a III que enfatiza “quatro” vezes a palavra sacrifício, isto é, fazer algo sagrado, que a nossa vida deve ser uma doação do nascer ao por do sol como foi a vida de Cristo.

5. A comunhão em duas espécies não é só desejável, bem como poderá evidenciar o que foi narrado no início do Evangelho: “o vinho novo no Reino de Deus” (versículo 25).

Ritos Finais

1. Na oração depois da comunhão, peçamos a Deus que pela morte e ressurreição de Cristo nos alcancemos a salvação.

2. A bênção final pode ser feita com a oração sobre o povo, número 17, página 533 do Missal Romano que contempla a entrega de Cristo na Cruz.

3. O rito do envio pode estar em consonância com o mistério celebrado: Irmãos e irmãs, a Paixão de Jesus Cristo nos abriu as portas do céu. Vão em paz e o Senhor vos acompanhe.

4. É comum além, de entrar em procissão no início da celebração guiados pela cruz, também retirar-se do espaço sagrado em procissão, igualmente guiados pela cruz.

10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Humanamente olhando a Cruz, ela revela a dor, sofrimento, desprezo, abandono, injustiça, tortura, manipulação da pessoa humana, morte. A Cruz iluminada pela fé fala de salvação, de comunhão, de misericórdia, de amor extremado, de Reino e de eternidade. Ressurreição já plantada em nós, que, nestes dias de oração e meditação, deve deitar raízes fundas em nós, para dar razão ao nosso viver, despido, por vezes, de razões válidas e fortes.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos

Pe. Benedito Mazeti

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