01 de novembro de 2014
Leituras
Apocalipse 7,2-4.9-14
Salmo 23/24/1-2.3-4ab.5-6
1João 3,1,1-3
Mateus 5,1-12a
“BEM-AVENTURADOS OS POBRES EM ESPÍRITO,
PORQUE DELES É O REINO DOS CÉUS”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo de
Todos os Santos. Na celebração de hoje, Senhor reforça os laços de comunhão
entre o céu e a terra e nos convida a viver a comunhão dos santos entre nós, na
esperança de sua revelação em nossa vida e no compromisso de assumirmos a
santidade de Deus. Alegremo-nos todos no Senhor, celebrando a festa de todos os
santos e justos de todas as raças e nações, cujos nomes estão inscritos no
livro da vida (cf. Apocalipse 20,12).
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os
textos
Primeira leitura – Apocalipse7, 2-4.9-14.
O autor do Apocalipse tentou interpretar os sinais dos tempos à luz da fé
cristã. Os sinais dos tempos resumiram nas grandes perseguições de que eram
vítimas os cristãos e as comunidades cristãs das últimas décadas do primeiro
século. Todo o peso do Império Romano parecia vingar seus instintos e poderes
frustrados mediante a humilhação e perseguição daquela minoria de cristãos
novos que se espalhavam em pequenas comunidades sobre o território imperial. Os
cristãos negaram terminantemente andar na onda de divinização do estado, de
suas instituições e líderes e, especialmente, do imperador romano.
Os adversários
principais desta luta são simbolizados por dois animais, a saber, por um dragão
e por um cordeiro. Em um contraste contínuo e paradoxal elabora-se a visão da
fé de que o dragão devorador será esmagado pelo Cordeiro Imolado. O dragão
representa ao mesmo tempo o Império Romano e o imperador, como também a soma de
forças humanas e sobre-humanas contrárias a Deus. O Cordeiro representa ao
mesmo tempo o Reino de Deus e seu Rei, Cristo; e ainda a Igreja militante,
sofredora e triunfante. Os que crêem na ressurreição e vivem segundo esta fé, têm
Deus a seu lado e não serão derrotados na perseguição (primeira visão: 7,2-4).
Espera-os o futuro daquela grande multidão que está em pé diante do trono e
diante do Cordeiro, os mártires na frente (segunda visão: 7,9-11).
Uma idéia cara
para o Apocalipse é o tema do “prazo” (versículo 2; cf. Apocalipse 6,11;
11,2.3.7; 12,6.14; 20,2-3). João vê os quatro ventos prontos a varrer a
humanidade, conforme a descrição de Zacarias 6,1-7.
A reunião diz
respeito primeiramente às 12 tribos (versículo 4). Essa presença das tribos
pode surpreender num contexto cristão. Não se trata de judeus convertidos, mas
de todo o Israel espiritual que é “a Igreja”: os 144 mil são, portanto,
cristãos, de origem judaica ou não, isto é, a todos os cristãos que é a
totalidade do povo de Deus. É preciso notar que no tempo de São João, as 12
tribos não existiam mais no povo judeus, ainda que a esperança messiânica
previsse seu restabelecimento.
Essa reunião
diz respeito, em seguida á totalidade das nações (versículo 9). De fato, João
mistura duas visões distintas da mesma realidade: a Igreja, ora considerada
como realização do Israel espiritual, ora representada como realização da
salvação do mundo inteiro. As duas imagens se misturam para elaborar uma visão
de Igreja completa. A multidão sem ter condições de contar mostra que a Igreja
é verdadeiramente universal, de forma alguma uma seita, um resto, um gueto de
separados; pelo contrário, a característica de universalidade se encontra muito
mais na imagem das 12 tribos. A idéia da multidão vem certamente de Daniel
3,4-7; 5,19.
Todos os
servos de Deus são marcados na fronte (versículo 3). Essa marca (imagem fornecida
por Ezequiel 9,3-6) traz presente a proteção, a salvação, mas uma proteção que
vem do próprio Deus. Pode-se ver nesse selo o símbolo dos sacramentos
(2Coríntios 1,22; Efésios 1,13; 4,30).
A Divina
Liturgia da Igreja descrita como a celebração de uma nova festa dos
Tabernáculos (versículos 9-10). Os motivos evocados (vestes brancas, palmas nas
mãos, aclamações, etc.), lembram, com efeito, o ritual da Festa das Tendas.
Ora, a Festa das Tendas era a da colheita e da messe, do fim dos tempos, da
plena realização.
Salmo responsorial - 23/24,1-2.3-4ab.5-6.
O início do Salmo 23/24 é de hino. Os primeiros versículos celebram a soberania
universal do Senhor sobre o mundo criado. Os últimos versículos descrevem a
procissão do Senhor, chegando triunfante ao Templo de Jerusalém.
Ao chegar à
porta, a procissão pergunta pelas condições para entrar no templo. Um sacerdote
responde, resumindo a preparação moral para a ação do culto em duas condições
positivas e duas negativas. “Quem tem as mãos puras e inocente o coração, quem
não dirige sua mente parta o crime”.
No versículo 6
é dirigida em segunda pessoa a Deus, equivale a uma apresentação do grupo dos
fiéis: realmente vêm buscando a Deus, no Templo, sua presença e sua companhia;
não é uma procissão formalista, mas uma busca sincera de Deus.
O rosto de
Deus no Salmo 23/24. Cada momento apresenta um traço característico de Deus. No
primeiro reforça-se a idéia de que Deus é o Criador da terra e o Senhor do
mundo. No segundo mostra-se Deus como aliado do Povo de Israel: para responder
ao compromisso da Aliança, o Povo de Deus tem que criar relações de justiça,
integridade e retidão. No terceiro, Deus é apresentado como Rei dos Exércitos,
valente. Em todos os momentos, trata-se sempre do Deus que caminha com o povo e
habita no meio dele.
Jesus
denunciou as liturgias vazias do seu tempo. Além disso, Ele entrou em Jerusalém
aclamado pelo Povo (Mateus 21,1-11; Marcos 11,1-11; Lucas 19,28-38; João
12,12-16) como aquele que trouxe a nova e definitiva Aliança entre Deus e a
humanidade. A Arca recordava Deus caminhando no meio do Povo. Ora, Jesus viveu
com e para o Povo, sobretudo os empobrecidos e excluídos da Galiléia.
O Templo de
Jerusalém e seus ritos eram apenas sombra, preparação e imagem de Cristo,
verdadeiro Templo de Deus, verdadeiro Rei da glória por sua gloriosa
ressurreição. Em Cristo, Deus se tornou presente para todos e, no ato
litúrgico, no sacrifício cotidiano, no ritmo do advento, Cristo torna a vir à
sua Igreja: a Igreja O leva com em procissão, e Ele vem até os seus. Os
cristãos também devem buscar Cristo sinceramente: “Bem-Aventurados os puros de
coração, porque verão a Deus” (Mateus 5,8).
Antigamente, o
povo cantava este salmo nas suas procissões para o Templo; hoje, nós o cantamos
meditando sobre a justiça que Deus pede de nós para vivermos em comunhão com
Ele.
É ASSIM A
GERAÇÃO DOS PROCURAM O SENHOR!
Segunda leitura – 1João 3,1-3. O texto
é muito oportuno para a celebração de Todos os santos, formando com seu
contexto uma meditação ao mesmo tempo contemplativa e prática, na qual João
vibra diante do “amor de Deus”.
Os versículos
1 e 2 inauguram a segunda parte da carta de João. O versículo 3 pertence à exposição da primeira condição: para
viver-se como filhos de Deus, tem que romper com o pecado.
Com o batismo
acontece um novo nascimento (versículo 1): o amor de Deus nos confere o nome e,
em certo modo, nos faz filhos de Deus. O cristão é filho de Deus não por uma
ficção jurídica e extrínseca, mas de fato. A filiação adotiva humana baseia
apenas na comunicação externa de um direito entre o “adotante e o adotado”, ao
passo que a adoção divina baseia na participação real de uma vida nova, de uma
nova natureza semelhante à de Deus, mediante um novo nascimento (cf. João
3,1-6).
Gerados desse
modo, os cristãos, portanto, podem ser chamados, de todo o direito, filhos de
Deus (versículo 1). Muitas religiões na época reivindicavam esse título para
seus membros: em particular, os próprios judeus o utilizavam (Deuteronômio
14,1). Nesses casos tratava-se apenas de metáforas. Por isso João insiste no
fato de que o cristão é verdadeiramente filho de Deus, porque ele participa
verdadeiramente da vida divina (“e nós o somos”: versículo 1).
A Carta de
João revela a comunidade em crise, devido à existência de um grupo de
dissidentes carismáticos, vazio e sem qualquer tipo de espiritualidade, nem de
uma verdadeira prática da vida cristã. Não estamos nos referindo à Renovação
Carismática Católica de hoje. Esses dissidentes propunham uma doutrina
gnóstica, que afirmava que a pessoa se salva graças a um conhecimento religioso
especial e pessoal sem a participação na comunidade cristã. Os gnósticos
negavam quer Jesus fosse o Messias (Cristo) e se gloriavam de conhecer a Deus,
de amá-lo e de estar em íntima comunhão com Ele; afirmavam ser iluminados,
livres do pecado e da baixeza do mundo; não davam importância ao amor ao
próximo e talvez até odiassem e hostilizavam a comunidade cristã... Não é
possível amar a Deus sem amar o próximo e sem formar autênticas comunidades. Se
Deus é Pai, todos somos seus filhos(as) e, conseqüentemente, todos nos devemos
amar como irmãos. Viver como filhos(as) de Deus implica a prática da justiça. O
amor do Pai é a grande força que sustenta a caminhada de seus filhos(as), das
comunidades que se empenham na implantação do projeto de Deus revelado por
Jesus Cristo.
Evangelho – Mateus 5,1-12a. O texto de
Mateus sobre as Bem-Aventuranças é sem dúvida um dos mais conhecidos dos
evangelhos. De fato, ser discípulo de Jesus significa ser santo como Deus,
nosso Pai (Mateus 5,48).
Esta lista de
Bem-Aventuranças proclamada por Jesus é uma plataforma do Reino de Deus no
sentido estrito da Palavra. Todos os chefes dos reinos do Oriente Médio, dos
faraós do Egito até os reis dos grandes impérios com Assíria e Babilônia ou
Turquia, se apresentaram aos seus povos como protetores dos pequenos e dos
pobres e como defensores dos injustiçados. Também os reis do Povo de Deus – de
Saul, Davi e Salomão em diante – pretendiam reinar com justiça e eqüidade e
providenciar a felicidade material ou espiritual para todos. Mas os profetas
viram e denunciaram que não conseguiam isto. Viram e denunciaram que nem os
reis dos povos pagãos, nem os reis do povo de Israel conseguiram controlar a
ganância dos ricos e a falsidade dos poderosos. A partir disso, os profetas vão
profetizar o que os reis humanos não conseguiram realizar nos seus reinos,
apesar de serem ou pretenderem ser os representantes de Deus na terra, Deus
mesmo vai fazer.
Uma leitura
crítica das profecias do Primeiro Testamento ensina que os profetas sempre mais
se tornaram conscientes e também tentaram conscientizar o povo e seus líderes,
de que o “reinado de Deus” não somente atingiria as conseqüências, mas também
as causas da falha política humana, conseguindo tanto uma libertação
(libertando os pobres da pobreza, os oprimidos da opressão, etc.), como uma
salvação (salvando os ricos da ganância, os opressores da arrogância, etc.), criando
pelo seu Espírito um homem novo uma sociedade e num mundo novos. “A palavra “justiça”
tem aqui (Mateus 5,6.10) toda a força de seu significado bíblico. A justiça
bíblica é precisamente a justiça que vem do Reino, adquirindo sentido social ou
interior, frente a Deus e frente às pessoas. É a justiça bíblica que nos leva à
justiça humana e social. E mais: a justiça bíblica é a soma de todos os valores
de fraternidade e de igualdade que representam o Reino.
A diferença é
que as Bem-Aventuranças se realizaram no próprio Jesus. Na sua vida terrestre
Ele vivia essas Bem-Aventuranças. Elas determinaram Seu comportamento e Suas
relações humanas. Ele mesmo era pobre, humilde e puro de coração. Ele era
faminto e sedento de justiça e cheio de misericórdia. Por isso Ele conseguia
curar os doentes, multiplicou os pães, perdoou os pecadores e convivia com
todos, mas de preferência com os pequenos; os pobres acorriam a Ele, os tristes
o procuravam. Ele em pessoa era as Bem-Aventuranças colocadas em prática. Sua
misericórdia, sua pureza de coração, que se confirmou na fidelidade à Sua
missão e na coerência consigo mesmo e com a sua mensagem, e a sua atitude
pacificadora, O fizeram romper barreiras e estruturas humanas contrárias à Sua
pessoa.
E lhe custou a
própria vida. Foi por causa disso que Ele foi o perseguido, injustiçado,
caluniado e torturado (cf. Mateus 5,11; Lucas 6,22). Jesus cumpre as Bem-Aventuranças com a sua
morte e ressurreição. Se Cristo não tivesse sido perseguido, julgado e morto na
cruz, esta Bem-Aventurança não teria sido anunciada. Por causa da ressurreição
as Bem-Aventuranças de Jesus são para Seus discípulos um programa de vida que
lhes inspira fé, esperança e amor. Estas virtudes os fazem fazer o que Ele fez
e proclamar a mensagem que Ele proclamou.
As oito
Bem-Aventuranças apresentam o ideal cristão, um programa de vida, traduzido nas
atitudes fundamentais de quem se propõe ser santo seguindo a Jesus Cristo. O
discípulo deve depositar sua confiança em Deus; ser solidário, compartilhando
os sofrimentos dos outros, como o Senhor; ter um relacionamento cordial com os
demais; desejar ardentemente saciar a fome e a sede de justiça neste mundo onde
reina a injustiça e a corrupção; possuir um coração íntegro e livre de toda a
ambigüidade; ser aberto e acolhedor; empenhar-se para que aconteça a paz como
conseqüência da justiça. O discípulo deve ter consciência das conseqüências de
seu modo de agir: será hostilizado por aqueles que se negam a reconhecer os
direitos dos outros, mas se alegrará com a promessa da posse do Reino dos céus.
As Bem-Aventuranças são um convite a todos os que se desejam participar do
reino de Deus que Jesus veio anunciar e realizar.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
A Palavra de
Deus é um apelo para sermos pobres em espírito e nos propõe o aspecto dinâmico
do ser humano: busca a inteireza do ser. Expressa muita exigência e não apenas
desprendimento dos bens materiais. Ser pobre “em espírito” nos leva a
transformar a referência de uma situação econômica e social em uma atitude para
aceitar a Palavra de Deus. Esse é um tema central das Sagradas Escrituras, o
qual nos convida a viver em total disponibilidade a vontade de Deus e fazer
dela nosso alimento. É uma atitude de filhos e filhas; irmãos e irmãs dos
demais filhos de Deus; ser pobre em espírito é ser discípulo de Cristo. O
discipulado exige abertura ao dom do amor de Deus e solidariedade preferencial
com os pobres e oprimidos.
As demais
bem-aventuranças referem-se a outras atitudes do discípulo, do pobre: bom
trato, aflição pela ausência do Senhor, fome e sede de justiça, misericórdia,
coerência de vida, construção da paz, perseguição por causa da justiça. Elas
enriquecem a aprofundam a primeira bem-aventurança.
Nós, hoje,
queremos fazer parte da geração dos que buscam o Senhor (Salmo 23,4)? Esta
geração não é identificada com um estilo de roupa, com preferência musical ou
com qualquer característica cultural humana relacionada com algum tempo ou
espaço. A geração dos que buscam o Senhor não tem tempo nem lugar determinados;
possui, sim, uma única e necessária identidade: a fidelidade à Palavra revelada
por Jesus Cristo.
Imperativos da
cultura e da sociedade em que vivemos podem, muitas vezes, levar-nos a esquecer
de que queremos fazer parte da geração que segue Jesus. É difícil nos mantermos
firmes, quando ridicularizados ou criticados à luz dos conceitos culturais
humanos. Temos, talvez, mais medo de ser excluídos da geração da nossa época do
que de nos afastar da geração que está a caminho da santidade, e que se
dirige ao encontro de Deus.
“A Igreja
inseriu no ciclo anual a memória dos mártires e de outros santos; tendo pela
graça multiforme de Deus atingido a perfeição e alcançado a salvação eterna,
cantam hoje a Deus no céu o louvor perfeito e intercedem por nós”, (SC 104). No
decorrer do ano, a Igreja as memórias dos mártires e dos outros Santos, que,
conduzidos pela multiforme graça de Deus e recompensados com a salvação eterna,
cantam nos céus o perfeito louvor de Deus e intercedem em nosso “favor (SC
104/696).
A celebração
de todos os Santos, num certo sentido, é também a festa da santidade anônima.
Da santidade entendida, em primeiro lugar, como dom de Deus e reposta fiel da
parte humana. O calendário da Igreja está pontilhado de grandes nomes dos
mestres da santidade. Todavia, torna-se impossível enumerar todos os santos,
tidos como sinais da manifestação maravilhosa da ação de Deus. A santidade
poderia ser comparada a um grande mosaico que reflete a grandeza da única
santidade: Deus. Cada santo ou santa é um exemplar único e exclusivo. Não
podemos pensar a santidade como um produto em série. A santidade emerge
da fantasia e é realizada singularmente pela mão do Artífice divino. A
comemoração de Todos os Santos nos abre à imprevisibilidade do Espírito Santo.
A multiplicidade de santos faz deles um modelo perfeito para a vivência dos
carismas pessoas e para a diversidade de opções no seguimento de Jesus Cristo e
no serviço à Igreja e à sociedade.
Muitas vezes,
quando veneramos ou falamos de um santo ou de uma santa de nossa devoção, somos
tentados a contemplá-lo(a) pela ótica da perfeição: “Ele foi perfeito!” “Um
super-humano.” “Alguém que a graça de Deus suprimiu todas as fraquezas.” Uns
dizem ainda: “Não tinha pecados.” Não! Os santos, antes de tudo, foram pessoas
normais. Eles fizeram sua caminhada de vida pautada no seguimento de Cristo. Como
tal, participaram da realidade do povo santo e pecador. Contudo, eles se
destacaram na vivência radical do ideal proposto pelas Bem-Aventuranças. Foram
pessoas que, por seu modo de viver o Evangelho de Jesus, marcaram
significativamente a sociedade de seu tempo e se transformaram em referenciais
atualizados para a história. A santidade é a realização plena do sentido
autêntico da vida, é alcançar a plenitude da vida.
Como aquela
multidão na montanha, e como os santos e santas, a assembléia, reunida no dia
do Senhor, recebe esta palavra como bênção que a confirma e pede novas
atitudes. O caminho das Bem-Aventuranças é certamente um programa de vida para
a comunidade, é um convite a sairmos de nossas fronteiras e dos nossos limites.
A Divina Liturgia tem a função de sempre nos lembrar disso, colocando-nos
diante do próprio Jesus, o Bem-Aventurado de Deus, aquele que ultrapassou todas
as barreiras e venceu a morte, amando.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
O Mérito dos santos
A oração do
Dia nos fala dos méritos de todos os santos, cuja celebração nos dá acesso à
misericórdia divina. Em que consiste tais méritos? Certamente, conforme ensina
São João Cassiano no século V, não seria a ausência de pecados; para ele a
santidade tem a ver, com nas Sagradas Escrituras, com a destinação ao culto
divino, no sentido de que santo é aquilo/aquele que pertence e serve a Deus,
aquilo/aquele que está em seu caminho, que participa de seu mundo e o comunica
aos outros. O mérito dos santos, portanto, segundo esta lógica, consiste na
permanência exemplar destes homens e mulheres no Mistério de Deus e na sua
capacidade de transmiti-lo aos outros. Sua felicidade ou bem-aventurança se
alicerça exatamente neste acontecimento: manter-se no caminho do Evangelho
dando a mão aos irmãos, lutando contra tudo oq eu puder desviá-los da meta de
encontrar Deus.
O eterno cântico de louvor dos santos
Seguindo,
ainda, com a imagem do culto divino para compreender a santidade, podemos
entender que os santos e santas são aqueles que, aqui na terra, já entoavam os
seus louvores celestes (cf. Prefácio de todos os santos). Aqui não estamos
falando da celebração ritual, mas, antes, da própria vida divina que esses
homens e mulheres em diversos tempos e lugares experimentaram e compartilharam
com seus irmãos e irmãs na terra. O “cântico novo” de que fala a Bíblia não é
outro senão a vida nova que se dá no interior do mundo, na fidelidade àquela
bondade e beleza para a qual foi criada e salva. Tal feito enraíza-se na
participação na Páscoa de Cristo, que a celebração cristã anuncia e dá acesso.
Por isso, se pode dizer que os santos do céu e da terra a cada Eucaristia se
dão as mãos e entoam juntos um só hino, a uma só voz e contemplam aquele que
continua a vir em nome de Deus para socorrer o mundo (cf. canto do Santo na
Missa). Os santos e santas são homens e mulheres que “aqui na terra” viviam
“como no céu” ao permitir que sua existência fosse permanente visita do
Salvador do mundo.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Na celebração
eucarística deste domingo de Todos os Santos, rendemos graças ao Senhor, Deus
Santo, que nos chama a viver em santidade de vida. Participando do memorial da
Páscoa de Jesus, alimentamos a certeza de que a vida vence as forças do mal e
de que somos santificados pela ação do Espírito que habita em nós.
Hoje, juntamos
à memória do sacrifício de Jesus a geração dos que procuram o Senhor. E
colocamos sobre o altar a disponibilidade de assumir o caminho de santidade que
eles percorreram. É o que rezamos no Prefácio: “Festejamos, hoje, a cidade do
céu, a Jerusalém do alto, nossa mãe, onde nossos irmãos, os santos, vos cercam
e cantam eternamente o vosso louvor. Para essa cidade caminhamos pressurosos,
peregrinando na penumbra da fé. Contemplamos alegres, na vossa luz, tantos
membros da Igreja, que nos dais como exemplo e intercessão”.
A celebração
deste dia antecipa nossa participação, não ainda de forma plena, na assembléia
do céu, onde nossos irmãos, os santos, cantam eternamente diante do Cordeiro
Imolado os louvores ao Pai. Contemplando alegres tantos membros da Igreja
transformados em exemplos e em intercessores, caminharemos com maior esperança
rumo ao Reino definitivo.
Que Deus Santo
e fonte de toda santidade renove em nós o dom de seu amor e da nossa resposta
fiel à sua iniciativa e à entrega ao seu Reino.
Entoamos o
“Santo” com os anjos e santos. E unidos a eles cantamos a uma só voz, ligando a
liturgia da terra à liturgia do céu (cf. Sacrosanctum Concilium, nº 8).
6- ORIENTAÇÕES GERAIS
1.
Nesta Solenidade de Todos os Santos, a equipe de liturgia, como um serviço
litúrgico em favor da comunidade de fé, ao preparar a celebração dará
particular atenção às partes e gestos da celebração.
2.
Na proclamação do Evangelho das Bem-Aventuranças, acentuar o programa de Cristo
para todos os que acolhem o convite: “Sede santos como o Pai é santo”.
3. Amanhã,
Domingo, Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos.
4. No dia 09
lembramos a Dedicação da Basílica de São João do Latrão em Roma, primeira
Catedral do mundo.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são da Solenidade de
Todos os Santos, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos
cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o
mistério celebrado. A função da equipe de
canto não é simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia
desta Solenidade. Os cantos devem estar em sintonia com o ano litúrgico, com a
Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que toda
liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma
pastoral ou de um movimento.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse
sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão
gravados no CD: Festas Litúrgicas IV e Ofício Divino das Comunidades.
Evitar
correria e barulho dos instrumentos, agitação antes da celebração. O clima
orante no início da celebração favorece que as pessoas clamem por uma palavra
de sabedoria.
1. Canto de abertura. “Vi uma
multidão imensa de gente de todas as nações... O louvor, a glória pertencem ao
nosso Deus para sempre” (Apocalipse 7,9.12). É muito oportuno dar início à
celebração com as palavras do Apocalipse de São João, cantando com a multidão
celeste louvando Àquele que está sentado no trono, o Cristo-Cordeiro. É muito
adequada a versão deste trecho bíblico oferecida pela CNBB: “Amém, aleluia!...
Vi cantar no céu a feliz multidão”, CD: Festas Litúrgicas IV, melodia da
faixa11.
A Igreja
oferece outras opções importantes. “Bem-aventurados são todos os santos”, CD:
Cantos de Abertura e Comunhão – As Mais Belas Parábolas, melodia da faixa 2; “Entoemos
hinos”, CD: Taizé Alegria em Deus, Paulinas-COMEP; “Vejo a multidão em vestes
brancas caminhando alegre, jubilosa...” Ofício Divino das Comunidades página
367.
2. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo
Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas e também a versão da CNBB
musicado por Irmã Miria e outros compositores.
O Hino de
Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é,
voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho.
O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de
Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo,
exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o
Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou
nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia.
3. Salmo responsorial 23/24. O
Senhor abençoa quem vive na sua presença. “Quem é digno de morar no seu santo
lugar? “É assim a geração dos
procuram o Senhor”! CD: Festas Litúrgicas IV, melodia da faixa 12.
O Salmo
responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura.
Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura
para a comunidade celebrante. Primeira leitura, Palavra proposta e salmo
Palavra resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser
Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista.
4. O canto ritual do Aleluia. . “Eu
vos darei repouso” (Mateus 11,28) “Aleluia! Vinde a mim, todos vós que estais
cansados”, CD: Liturgia IV, melodia e estrofes iguais à faixa 3 deste CD. O
canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário
Dominical, página 1049 ou Lecionário Santoral página 202.
Mais do que
qualquer outra aclamação (Amém ou Hosana), o Aleluia é expressão de pura
alegria de êxtase. É o júbilo, a que Santo Agostinho se referia como “a voz de
pura alegria, sem palavra”. Este júbilo nos ensina que não podemos racionalizar
muito o mistério da Palavra. A Palavra deve tocar não nosso intelecto, mas o
coração.
O canto ritual
do Aleluia (ou aclamação do Evangelho é executado de forma “responsorial”.
- Aleluia (por
um solista);
- Aleluia
(retomado por toda a assembléia);
- Versículo
(por um solista)
- Aleluia
(retomado por toda a assembléia).
Esta forma
responsorial só é completa, quando o versículo bíblico é cantado, pois, caso
contrário, a resposta não tem seu verdadeiro efeito. Por ser diferente do Salmo
Responsorial, o verso é uma citação do Evangelho que se segue.
5. Canto após a homilia. “Te Deum
laudamus”
No final da
homilia, onde for possível, quem preside convida a todos para entoar, de pé, o
“Te Deum laudamus”. O Ofício Divino das Comunidades oferece duas versões
populares “A ti, ó Deus, página 286 e uma segunda versão, “Deus infinito”,
página 287.
6. Apresentação dos dons. A santidade do nosso Deus, nos leva a
partilhar para que sejamos santos. O canto de apresentação das oferendas,
conforme orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho.
Seu tema é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja
reunida em oração, no Mistério celebrado nesta Solenidade. A melhor opção é o
canto: “A vida dos justos está nas mãos de Deus”, tirado do livro da Sabedoria
3,1-3, articulado com o Salmo 14/15: “Senhor quem morara em vossa casa” CD: Festas
Litúrgicas IV, melodia da faixa 13.
7. Canto de comunhão. “Bem-Aventurados
os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mateus 5,3). É muito
oportuno cantar durante o rito da distribuição da comunhão estas palavras de
Jesus, numa versão muito boa oferecida pela CNBB: “Bem-Aventurados os que têm
um coração de pobre, porque deles é o reino dos céus, porque deles ó o reino
dos céus!”, que está articulado com o salmo 24/25: “Senhor Deus, a vós elevo a
minha alma, em vós confio: que eu não seja envergonhado”, CD: Festas Litúrgicas
IV, melodia da faixa 14. Além de manter a idéia da antífona de comunhão
sugerida pelo Missal Romano, tornamos evidente aquela desejada sintonia entre a
Mesa da Palavra e a Mesa do Pão e Vinho consagrados.
8- ESPAÇO CELEBRATIVO
1.
Se oportuno, pode-se colocar sobriamente dentro do espaço litúrgico o ícone de
Todos os Santos, pois apresenta de forma bela a comunhão da Igreja e dos que
seguiram o caminho da santidade. Destacar também a imagem do(a) padroeiro(a), mas
fora do presbitério.
2. Neste dia,
para recordar que nós somos os santos que caminham rumo ao céu, em comunhão com
os que desfrutam da glória eterna de Deus, pode-se acender as doze velas que
estão afixadas na Igreja. Elas recordam as doze tribos de Israel e as doze
portas da Jerusalém celeste, bem como o novo povo simbolizado pelos doze
apóstolos. Nas comunidades onde não tem estas velas, doze jovens ou crianças
podem entrar carregando as doze velas na procissão de entrada e, onde for se
possível, circulando toda a assembléia durante o canto de abertura.
3. Fazer um
arranjo floral com flores brancas e vermelhas lembrando também os santos
mártires.
9. AÇÃO RITUAL
Valorizar os
momentos de “silêncio” durante a celebração (no início da celebração, após cada
leitura e o canto do salmo, após a homilia, após a comunhão...) para que o
louvor bote do coração e da vida, não só dos lábios. Privilegie-se o silêncio como expressão de intimidade pessoal e
comunitária com o mistério celebrado.
A cor branca
das alfaias, as flores e o incenso sejam usados para recordar a Solenidade
desta importante festa.
Ritos Iniciais
1. Organizar a
procissão de entrada com o Círio Pascal e com alguns ícones da Virgem Maria ou
de santos(as) padroeiros(as) da comunidade e região, evidenciando-se a relação
entre Mistério Pascal de Cristo e os santos. Ou podem também ser colocados no
espaço celebratico antes da procissão. Algumas pessoas podem entrar vestidas de
branco e segurando uma palma na mão, entoando o hino “Vejo a multidão em vestes
brancas, caminhando alegre, jubilosa...” (Oficio Divino das Comunidades, página
367). Ver orientação em Música Ritual.
2. A saudação
inicial seja aquela da Primeira carta de Pedro 1,1-2: “Irmãos eleitos segundo a
presciência de Deus Pai, para obedecer a Jesus Cristo e participar da bênção da
aspersão do seu sangue, graça e paz vos sejam concedidas abundantemente”, no
Missal Romano, corresponde à fórmula “f”.
3. Após o
sinal da cruz e a saudação do presidente, as comunidades que já deixaram de
fazer comentário antes do canto de abertura, porque entenderam o rito da Igreja
e a primazia da saudação (Palavra de Deus que nos convoca), podem propor o
sentido litúrgico com palavras semelhantes a estas:
Celebramos a Solenidade de Todos os Santos
fazendo memória Daquele que é totalmente Santo, o nosso Deus. Os santos todos
participam da sua santidade e nos indicam concretamente o caminho do Evangelho.
Ser santo é ser bom cristão. Santo é todo aquele que, recebendo o Espírito de
Deus no Batismo, se deixa conduzir por uma vida de testemunho e de fidelidade a
Deus.
4. Na
recordação da vida, lembrar pessoas que são testemunhas de santidade e serviço
em favor dos irmãos e irmãs, sobretudo os excluídos.
5. Os santos
fizeram valer o Batismo que receberam. O Rito da Recordação do Batismo é conveniente
neste Domingo, porque enfatiza aquele acontecimento que nos dá acesso à
santidade de Deus: a participação na morte e ressurreição de Cristo Jesus. A
aspersão com água batismal recorda o batismo que nos confere a santidade de
Deus e que nos incorpora na feliz multidão dos santos. Substituir o Ato
penitencial com a aspersão. A seguir uma fórmula de oração de bênção da água
contextualizada para a celebração de todos os santos e santas:
Senhor Deus,
criador e salvador do mundo,
Neste dia em
que celebramos vossas maravilhas
Na vida de
homens e mulheres, santos e santas
De todos os
lugares e de todos os tempos,
Louvemos a vós
porque viestes ao nosso encontro
Mediante a
vida de Jesus, estimado exemplo para nós.
Nascidos das
águas do batismo,
Que provêm de
vossas generosas mãos,
Assumiram em
seu corpo a vida de Cristo.
Com eles
irmanados, também nós,
Queremos
permanecer fiéis ao evangelho
E desfrutar da
verdadeira bem-aventurança
Que consiste
em participar de vossa vida
Por isso vos
pedimos,
Abençoai esta
água que recorda o nosso batismo
Para que
possamos continuamente viver
Aqui na terra
como viveis no céu,
Na companhia
dos santos e santas que hoje celebramos.
Por Cristo,
Senhor nosso. Amém.
Canta-se um
refrão apropriado, enquanto se dá a aspersão.
6. Onde for
possível, toda a assembléia tenha uma palma na mão, como sinal da sua comunhão
com a comunidade celeste.
7. A oração do
Dia pede a Deus que pela intercessão dos santos possamos obter a misericórdia
divina.
Rito da Palavra
1. Na liturgia
da Palavra as mesmas pessoas que entraram com as vestes brancas podem circundar
a mesa da Palavra e ali permanecer até o final da proclamação do Evangelho. Ou
fazer este gesto somente durante a primeira leitura do Apocalipse.
2. Na homilia,
quem preside a celebração, se for oportuno, pode abrir espaço para a recordação
de pessoas que vivem hoje a santidade de Deus, por seu testemunho de fé e
compromisso solidário com as pessoas. Também na homilia, esclarecer os fiéis a
diferença entre “adoração” (dirigida a Deus) e “veneração” (dirigida aos
santos), visto que há muitas dúvidas referentes a esse assunto. Muitos
católicos sentem dificuldade de dialogar com membros de outras igrejas e outras
religiões sobre o verdadeiro sentido da veneração aos santos. Como fonte para
reflexão, pode-se tomar os dois prefácios dos santos, que se encontram no
Missal Romano, páginas 451-452.
3. Após a
homilia, os fiéis se aproximam do Altar para a bênção de objetos devocionais:
imagens, medalhas, escapulários e outros objetos ligados à piedade dos santos.
O Ritual de Bênçãos oferece bênçãos da nossa Igreja para objetos destinados ao
uso da piedade dos fiéis.
4.
No lugar das preces, invocar as testemunhas fiéis, rezando ou cantando a
Ladainha de Todos os Santos. Lembrar os(as) santos(as) de devoção do povo da
região. O sentido, inclusive, pode ser esclarecido durante a homilia, de modo
que assembléia contemple a si mesma não só entre “Todos os Santos e Santas de
Deus”, que encerra a lista daqueles que foram oficialmente reconhecidos e podem
ser venerados, mas inclusive vendo-se ligados a esses últimos. Sugerimos o
texto da Ladainha que se encontra no subsídio de Marcelo Guimarães e Irmã Penha
Carpanedo: Dia do Senhor, Tempo Comum, Ano A. São Paulo, Paulinas e Apostolado
Litúrgico, páginas 333 a
335.
Rito da Eucaristia
1. A
preparação dos dons tem uma finalidade prática, expressa na procissão com que o
pão e o vinho são trazidos ao altar. Segundo o costume das refeições judaicas,
bendiz-se a Deus pelo alimento básico, o pão, e pela bebida mais significativa,
o vinho. Evitar chamar este momento de “ofertório”, pois ele acontece após a
narrativa da ceia (consagração).
2. A oração
sobre as oferendas destaca a importância da contínua intercessão dos santos que
alcançaram a imortalidade, para a nossa salvação.
3. Recomendamos
a Oração Eucarística I (Cânon Romano) que contempla o nome de muitos santos. No
momento da intercessão, quando lembramos santos e santas, se for oportuno, quem
preside pode recordar alguns nomes de santos e mártires.
4. Durante a
intercessão pelos mortos na Oração Eucarística, lembrar-se, de forma especial,
de todos os membros da comunidade paroquial que morreram e que, em vida,
marcaram com seu testemunho a vida da comunidade.
5. A
participação dos fiéis no cálice do Senhor ajudará a recuperar a dimensão de
comunhão com seu destino e sua missão. Os santos são aqueles que beberam no
cálice de Cristo, no sentido de prolongar sua entrega pela salvação do mundo.
Seria muito oportuno a comunhão nas duas espécies. A comunhão em duas espécies
manifestará a santidade, pela obediência da comunidade ao mandamento de Jesus
“Tomai e comei... Tomai e bebei...”.
Ritos Finais
1. Na oração
depois da comunhão destaca que celebrar a Solenidade de Todos os Santos é
adorar a Deus que nos santifica, e que “desta mesa de peregrinos, passemos ao
banquete do vosso reino”.
2. Os santos
são nossos companheiros. Seria muito interessante mostrar exemplos de uma sadia
piedade para com os santos, através de um breve testemunho antes da bênção.
3. Na bênção
final, enviar o povo com a Bênção Solene sugerida pelo Missal Romano, página
529.
4. No final da
celebração após a bênção, se for oportuno e de acordo com as manifestações da
piedade popular, pode haver alguma expressão de devoção ao santo(a)
padroeiro(a) com uma oração própria ou o hino do padroeiro(a).
5. As palavras
do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: Bem-Aventurados
sois vós que promovem a paz! Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.
11- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
ideal da vida do cristão é ser “perfeito como o Pai é perfeito”. Ideal ou
utopia? Não importa. Importa saber que estamos nos esforçando para essa
transparência de nosso viver. Fazendo assim, estaremos no número daqueles que
buscam o Senhor.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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