sexta-feira, 31 de outubro de 2014

COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS - ANO A

02 de novembro de 2014

Leituras

     Sabedoria 3,1-9
     Salmo 22/23,1-6
     1João 3,1-2
     João 14,1-6 

“EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA”


1- PONTO DE PARTIDA

Esta celebração é uma Missa por todos os fiéis defuntos. Reunimo-nos em uma recordação comunitária e eclesial de tosos os que nos precederam no encontro com Deus. É um dia de muita esperança para todos nós cristãos que professamos a nossa fé na ressurreição de Cristo.

A Igreja sempre rezou pelos mortos. A comemoração dos fiéis defuntos a 2 de novembro, contudo, teve origem no Mosteiro beneditino de Cluny na França, pelo ano 999. Roma admitiu essa celebração no século 16.

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

Primeira leitura – Sabedoria 3,1-9. Aos olhos do mundo, quem passa seu tempo fazendo a justiça, parece perder seu tempo, pois “não rende”. Aos olhos dos que não refletem, os justos parecem mortos, pois não aproveitam a vida... Mas o sábio do Primeiro Testamento sabe que não é bem assim. Ele sabe,  confusamente, que fazer a justiça de Deus é algo que permanece válido além do limite da vida física, confusamente, que fazer a justiça de Deus é algo que permanece válido além do limite da vida física (cf. Daniel 12,2-3).

Trata-se de uma fé, de uma maneira de traduzir o Mistério de Deus e da totalidade da existência. Já no Primeiro Testamento, o autor do livro da Sabedoria observa que as aparências enganam: a justiça dos justos não é um absurdo diante da morte (“ele não aproveitou nada na vida!”). Pelo contrário, é o começo do “estar na mão de Deus”, que não tem fim.

Salmo responsorial -22/23,1-6. É um Salmo de confiança em Deus. A solicitude divina para com os justos, descrita com a dupla imagem do pastor (versículos 1-4) e do hospedeiro que oferece o festim messiânico (versículos 5-6).

É um dos salmos mais conhecidos e belos do saltério, aplica ao próprio Deus a humilde imagem do “pastor” como expressão de terno cuidado e guia segura que Ele tem para com um rebanho amado e protegido (versículos 2-4). Além disso, recupera o tema da “unção” do fiel como sinal de predileção e de dignidade (versículos 5-6).

Nos versículos de 1-4, o tema pastoril fornece algumas imagens fundamentais: verde, água, caminho. A última imagem conjura o grande perigo, a escuridão temerosa plenamente superada. Na segunda parte versículos 5-6 adianta-se o plano real, imediato: a experiência religiosa tem lugar no Templo de Jerusalém. Ali a pessoa humana encontra asilo frente ao opressor, participa na mesa do banquete sagrado, recebe a unção que o consagra. A experiência religiosa intensa converte-se em esperança e desejo para toda a vida.

O rosto de Deus no Salmo 22. Sem dúvida é uma das imagens mais bonitas do Primeiro Testamento que mostra Deus como pastor. Outras imagens também mostram o rosto de Deus como hospedeiro, libertador e aliado. Jesus no Evangelho de João, assume as características de Javé pastor, libertador e aliado (João 10). Jesus é esse pastor que se compadece do povo explorado. Ele caminha à frente de seu rebanho, tanto para chegar ao pasto e à água, como para voltar ao curral de repouso, já na escuridão da noite. Este salmo é tradicionalmente aplicado à vida sacramental, especialmente ao Batismo e à Eucaristia.

Jesus é esse pastor que se compadece do povo explorado. Ele caminha à frente de seu rebanho, tanto para chegar ao pasto e à água, como para voltar ao curral de repouso, já na escuridão da noite. Este salmo é tradicionalmente aplicado à vida sacramental, especialmente ao Batismo e à Eucaristia.

Por este salmo, peçamos ao Senhor que restaure as nossas forças, que derrame sobre nós o óleo do seu amor e faça de nós instrumentos de salvação, no meio de nossas comunidades.

O SENHOR É O PASTOR QUE ME CONDUZ;
PARA AS ÁGUAS REPOUSANTES ME ENCAMINHA.

Segunda leitura – 1João 3,1-2. Estes versículos inauguram a segunda parte da carta de João, que, até aqui, falou sobretudo de comunhão e de conhecimento de Deus. Esta idéia é aqui retomada sob o ângulo da filiação.

            João insiste no fato de que o cristão é verdadeiramente filho de Deus porque participa realmente da vida divina quando afirma: “e nós o somos” (1João 3,1). A realidade da nossa filiação divina é certa, mas ainda está para vir. Eis porque o mundo não pode revelá-la. E como poderia, uma vez que se recusa a reconhecer a Deus (versículo 1b)?

            A filiação divina é uma realidade em devir, isto é, somente será plenamente conhecida na eternidade. Desconhecida do mundo, às vezes passa despercebida para o próprio cristão, porque sua vida é freqüentemente banal e difícil. Que o cristão saiba, então, que sua filiação, ainda não claramente manifestada, se realizará plenamente na vida eterna. Enquanto as religiões e as técnicas de adivinhação pretendem dar ao homem uma igualdade com Deus por processos orgulhosos, João ensina a seus aos cristãos de todos os tempos que o caminho que conduz à divinização (cf. Gênesis 5,4) passa pela purificação (versículo 3), pois somente os corações puros verão a Deus (Mateus 5,8) Hebreus 12,14. Passa também pela conversão, pelo perdão dos pecados e pelo arrependimento (Lucas 24,47; Atos 3,19).

            O cristão é filho de Deus não só por uma ficção jurídica, mas também no plano entitativo. A filiação adotiva humana só comunica externamente um direito entre o adotante e o adotado – ao passo que a divina consiste na participação da nova, da nova natureza, semelhante à de Deus, mediante um novo nascimento. Diante do mistério da filiação divina, João vibra de emoção e exclama maravilhado: “Vejam como é grande o amor que o Pai nos deu: Somos chamados filhos de Deus. E nós o somos” (1João 3,1). Deus, em seu amor, não só nos deu seu Filho. Também nos adotou como filhos e filhas, comunicando-nos sua própria natureza (1João 1,13; 2,29; João 3,16).

            Se tal é a dignidade do cristão, é óbvio que o mundo não o conheça, já que não aceitou o Cristo Senhor. Mundo assume aqui um termo desagradável: os inimigos de Deus (1João 2,15ss). Como a nossa dignidade sobrenatural é participação que não se explica por palavras da vida de Deus, os que não conhecem a Deus não poderão também conhecer os seus filhos.

O amor divino – ágape – é uma realidade espiritual que foge aos sentidos. Embora seja espiritual, é percebido em seus efeitos e é objeto de fé. “Ver” e “crer” freqüentemente vêm unidos (Mateus 21,32; Marcos 15,32; João 6,30; 20,8-29). O amor dá ao cristão possibilidade de estar em comunhão com Deus e conhecê-Lo.
           
            Em 1João 3,2 o apóstolo João volta a interpelar com carinho, isto é, com um diminutivo afetuoso (filhinhos) os fiéis que reflitam sobre a filiação divina, agora e no futuro, por isso que sua dignidade é desconhecida do mundo e, em parte, também dos próprios fiéis, uma vez que ainda não produziu todos os seus efeitos. Nessa vida os mistérios divinos só entendemos de maneira enigmática, indireta e imperfeita, como por um espelho que mal reflete a imagem (cf. 1Coríntios 13,12). Somente na eternidade aparecerá em plenitude o que serão os filhos de Deus, quando Ele se revelará tal como é. É verdade que o somos desde agora, pois a vida eterna já está em nós (1João 3,9; 4,13; João 3,16; 6,53). Se, somos filhos de Deus, devemos viver como tais.

Evangelho – João 14,1-6. O Evangelho de hoje é do discurso após a Ceia. O Evangelho de hoje pertence ao primeiro discurso. Depois que Jesus anunciou a traição de Judas e sua morte os Apóstolos manifestam sua inquietude e sua tristeza diante do abandono de Cristo. Jesus anuncia-lhes que se reencontrarão junto do Pai (João 14,1-3.19.28), e garante-lhes sua presença entre eles no amor (João 13,33-35; 14,21) e no conhecimento (João 14,4-10).

Na primeira parte (João 14,1-4) acontece a interpretação tradicional dos eventos da Páscoa. Morrendo, Jesus não permanecerá no túmulo, mas irá para o céu, “a casa do Pai”. Aí ele vai preparar um lugar para todos que Nele vierem a crer.

Esta passagem de João traz presente dois temas bíblicos importantes: o da casa e o do caminho. A casa de Deus indica o Templo de Jerusalém. Mas Jesus já havia declarado que a verdadeira morada do Pai não podia mais ser confundida com esta casa de comércio e de formalismo (João 2,17-20). Também fez compreender que Ele era esta casa de Deus (João 2,20-22), pois sua fidelidade ao Pai constitui o sacrifício definitivo e porque, Nele, todas as pessoas serão acolhidas de modo mais hospitaleiro que no Templo de Sião-Jerusalém.

Agora ele revela que a verdadeira casa do Pai é a glória na qual vai entrar e para onde podem acompanhá-Lo aqueles que ainda não venceram a morte e o pecado (versículos 1-3; cf. 2Coríntios 5,1). A casa torna-se, assim, de alguma forma, uma experiência: a de “viver” com o Senhor e com o Pai (versículo 3); ela não é mais um lugar, mas um modo de existir na vida divina e na comunhão com o Pai.

A imagem da casa traz presente muito espontaneamente a dos caminhos que a ela conduzem: êxodo que conduz à Terra Prometida, peregrinação que leva ao Templo, caminho de volta do exílio.

Este tema do caminho introduz a idéia da meditação de Cristo. Assim como a morada do Pai não é mais um lugar propriamente falando, mas a experiência de uma comunhão, da mesma forma o caminho que a ela conduz não é mais localizado, mas torna-se a própria pessoa daquele que foi o primeiro a fazer esta experiência e a comunicá-la a seus irmãos pelo ensino de sua “Verdade” e pela comunicação de sua “Vida” (versículo 6).

Jesus é Verdade porque é a perfeita revelação do Pai, segredo de todas as coisas. Ele é Vida porque, desde agora, faz o ser humano partilhar da comunhão com Deus vivo (João 3,36; 5,24; 6,47). Ele é, antes de tudo, o Caminho porque estas funções de verdade e de vida realizam-se num contexto escatológico cujo cumprimento está próximo.

Somente por meio de Jesus é possível chegar ao Pai (versículo 6). Jesus não é um homem de Deus igual a tantos outros, que indicam o caminho, que ensinam a verdade e prometem a vida. Ele mesmo em pessoa, em sua existência concreta, é a revelação de Deus por excelência, porque Nele entre Deus e a pessoa humana a distancia é eliminada, a verdade divina é revelada tornando-se realidade na Sua existência, e a vida divina e eterna é dada. Por tudo isso o Pai está presente Nele. “Pois nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Gálatas 2,9). Conhecer Jesus significa conhecer o Pai. Crer Nele é encontrar-se com o Pai. Em Jesus o Pai torna-se presente e transparente.
           
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

A meta da nossa caminhada pascal é a casa do Pai, seu abraço aconchegante que nos espera, seu rosto amoroso, benigno, confiável e, sobretudo a participação na sua intimidade que nos leva à saciedade e à plenitude de nossa identidade.
A casa do Pai, aberta a todos, tem lugar sobretudo para os mais pobres que nunca tiveram uma casa própria, para os filhos pródigos que desejam regressar, para quem é desprezado pelo sistema e para os fiéis que souberam carregar o peso do trabalhos e da vida.

Um caminho nos leva ao Pai! No Primeiro Testamento, o “caminho” traz presente a marcha do Êxodo em direção à Terra Prometida. O evangelho revela que Jesus é o Caminho, o meio, a porta para a vida, pois Ele é a revelação do Pai, no qual está a fonte e o horizonte de toda caminhada humana. Hoje existem muitos descaminhos oferecidos pelo consumismo, pelos meios de comunicação, e muita gente desencaminhada ou, até sem rumo na vida. Seguindo no caminho proposto por Jesus, a comunidade deve realizar o projeto de Deus, na vida, morte e ressurreição de Jesus.

Jesus é a verdade, porque é revelador do Pai. Ele é a revelação mais autentica do projeto de Deus. Ele tornou realidade visível o grande amor que o Pai tem por nós. Viver Jesus-Verdade é fazer concretamente em nossa vida a vontade do Pai:  construir Seu reino de amor e paz. É ser fiel, como Jesus, ao projeto de Deus e denunciar as mentiras enganosas do mundo atual.

Jesus é a Vida, porque o Pai, Senhor do sopro da vida, está Nele presente. Recebemos de Jesus a vida em abundância (João 10,10) e a função da comunidade é apontar para essa vida que está em Jesus e profeticamente ser uma voz contra todas as mentiras e mortes. Não é indicar onde a vida se encontra, mas vivê-la profundamente através do mandamento do amor, síntese do projeto de Deus. Ao se declarar Caminho, Verdade e Vida, Jesus resume todo o Seu Evangelho.

Quando Jesus diz que é o “caminho”, está declarando que é o único caminho e que fora Dele não há salvação. Até mesmo para as pessoas crentes de outras religiões, a salvação passa por Cristo. São os “cristãos anônimos”, como definia o teólogo Karl Rahner. Nas religiões não-cristãs, encontram-se sementes do Verbo. Por isso, não é de bom tom ter atitudes proselitistas diante de seus fiéis. O próprio Jesus valorizou a fé de outras pessoas crentes que não faziam parte do povo de Israel. É o caso do centurião romano que pertencia a um império pagão e suplicou a Jesus que curasse o seu empregado. Diante da fé daquele pagão Jesus respondeu. “Em verdade vos digo que, em Israel, não encontrei em Israel alguém que tivesse tal fé” (Mateus 8,10b). conhecendo a abertura ecumênica de Jesus, diante de crentes de outras religiões, somos convidados a testemunhar nossa fé e com eles colaborar na construção da paz e na defesa de toda a criação, realizando, desta forma, o projeto do Reino de Deus. Em nossa existência seguimos muitos caminhos, temos muitas verdades e buscamos a vida em muitos lugares; entretanto, Jesus se proclama o Caminho, a Verdade e a Vida para conhecer Deus como Pai.

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

A memória dos fiéis defuntos é momento mais que oportuno de oração por eles, e, sobretudo, tempo de meditação sobre a nossa vida e sobre o que estamos fazendo dela. A consciência da nossa finitude humana pode ser motivo de um despertar para uma vida mais intensa, mais responsável, mais solidária, que nos dê sentido e alegria.

Nesta celebração do Mistério Pascal de Cristo, trazemos presente os fiéis defuntos, na certeza da vitória sobre a morte. Professamos com toda confiança: “creio na ressurreição, e na vida eterna”. Temos a firme esperança de que o Senhor Jesus “transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso, com o poder que tem de sujeitar si todas as coisas” (Filipenses 3,21).

6. ORIENTAÇÕES GERAIS

1. A cor litúrgica para hoje é roxo ou preto.

2. O Missal oferece cinco Prefácios próprios para hoje. O Prefácio I, destaca a esperança da ressurreição de Cristo; o Prefácio II, destaca que a morte de Cristo é a vida do cristão; o Prefácio III destaca Cristo como salvação e vida; o Prefácio IV, destaca do vale de lágrimas à glória celeste; o Prefácio V destaca a nossa ressurreição pela vitória de Cristo.

3. O Lecionário Dominical volume I, a partir da página 1051, oferece várias opções de leituras a serem escolhidas para a Liturgia da Palavra, ou no Ritual das Exéquias.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. A função da equipe de canto não é simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste dia de Finados. Os cantos devem estar em sintonia com o ano litúrgico, com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.

1. Canto de abertura. “A ressurreição de todos em Cristo (1Tessalonicenses 4,14; 1Coríntios 15,22). Nesse dia de Finados é fundamental cantar cantos que expressa a Ressurreição de Cristo e a nossa ressurreição. “A morte já não mata mais”, CD: Liturgia IV, melodia da faixa 15 ou Hinário Litúrgico da CNBB, página 84 com partitura. A segunda estrofe desse canto é inspirada no Evangelho de João 1,25-28, onde contemplamos Cristo nos chamando a ressuscitar.

Não se trata de uma questão fixa. Como alternativa para este canto de abertura, preferível de antemão, mas não exclusivo, sugerimos “Cristo ressuscitou, aleluia, venceu a morte com amor! CD: Liturgia XV, melodia da faixa 8. O canto faz referência a Ressurreição de Cristo e a nossa Ressurreição também. Ressuscitado ficará para sempre entre nós, destacando também que nosso peregrinar neste mundo terá seu final na casa do Pai. Uma terceira opção importante é Romanos 8: “Quem nos separará, quem vai nos separar, do amor de Cristo”, CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa 19.

A função do canto de abertura, inserido nos ritos iniciais, cumpre antes de tudo o papel de criar comunhão. Seu mérito é de convocar a assembléia e, pela fusão das vozes, juntar os corações no encontro com o Ressuscitado, na certeza de que onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles (Mateus 18,20). Este canto tem que deixar a assembléia num estado de ânimo apropriado para a escuta da Palavra de Deus.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário IV da CNBB e o Ofício Divino das Comunidades nos oferecem uma ótima opção, que estão gravados em CDs.

2. Ato penitencial. O Ato Penitencial pode seguir a fórmula 1 do Missal Romano para o Tempo Pascal, página 397.


3. Salmo responsorial 22/23. “O Senhor é o pastor que me conduz; para as águas repousantes me encaminha”, CD: Liturgia XVI melodia da faixa 6.

4. Aclamação ao Evangelho. “Esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que me deu...”, (João 6,39,14). “Aleluia... Esta é a vontade de quem me enviou”, CD Liturgia IV, melodia da faixa 3. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical ou a versão do CD Liturgia IV.

5. Apresentação dos dons. O canto de apresentação das oferendas, conforme orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração, no dia de Todos os Féis Defuntos. “A vida dos justos está nas mãos de Deus”, CD: Liturgia IV, melodia da faixa 13.

6. Canto de comunhão. “Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o reino dos céus” (Mateus 5,3). O canto mais adequado para hoje a antífona das aventuranças: “Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o reino dos céus”, articulado com o Salmo 24/15, CD: Liturgia IV, melodia da faixa 14.

Outra ótima opção é o Canto “Quem habitará na tua casa, Senhor, quem repousará na tua santa montanha”?, CD: Liturgia IV, melodia da faixa 16.

O canto de comunhão deve retomar o sentido do Evangelho do Terceiro Domingo da Páscoa. Esta é a sua função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Isto significa que comungar o corpo e sangue de Cristo é compromisso com o Evangelho proclamado. Portanto, o mesmo Senhor que nos falou no Evangelho, nós o comungamos no pão e no vinho. É de se lamentar que muitas vezes são escolhidos cantos individualistas de acordo com a espiritualidade de certos movimentos, descaracterizando a missionariedade da liturgia. Toda liturgia é uma celebração da Igreja e não existem ritos para cada movimento e nem para cada pastoral.

8- ESPAÇO CELEBRATIVO

O espaço celebrativo de hoje deve ser sóbrio, deixando transparecer o despojamento da morte. Pode-se colocar um pequeno arranjo de flores roxas.

9. AÇÃO RITUAL

Celebramos O Cristo que com sua Ressurreição, conduz-nos à vida plena. Cristo morrendo e ressuscitando dos mortos conduz nossa humanidade pelo vale tenebroso, até a vida plena que Deus nos preparou em sua ressurreição.

Ritos Iniciais
1. A saudação presidencial, já predispondo a comunidade, pode ser a fórmula “d” do Missal Romano (Romanos 15,13). Depois disso é que se propõe o sentido litúrgico e não antes do canto de entrada.

O Deus da esperança, que nos cumula de toda alegria e paz em nossa fé, pela ação do Espírito Santo, esteja convosco.

2. Após o sinal da cruz e a saudação do presidente, as comunidades que já deixaram de fazer comentário antes do canto de abertura, porque entenderam o rito da Igreja e a primazia da saudação (Palavra de Deus que nos convoca), podem propor o sentido litúrgico com palavras semelhantes a estas:

Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos. A liturgia do dia de Finados pode ser chamada a liturgia da esperança. A vitória sobre a morte, isto é a ressurreição, é o critério da esperança dos cristãos. “A vida não é tirada, mas transformada”. Vivos ou mortos pertencemos ao Senhor.

3. O Ato Penitencial pode seguir a fórmula 1 do Missal Romano para o Tempo Pascal, Missal Romano página 397.

Senhor, nossa paz, tende piedade de nós.
SENHOR, TENDE PIEDADE DE NÓS.
Ó Cristo, nossa Páscoa, tende piedade de nós.
Ó CRISTO, TENDE PIEDADE DE NÓS.
Senhor, nossa vida, tende piedade de nós.
SENHOR, TENDE PIEDADE DE NÓS.

4. A oração do dia oferece um pensamento digno de meditação: “Fé na ressurreição de Cristo e esperança na ressurreição dos irmãos.

Rito da Palavra

1. Cada vez mais, cai em desuso os chamados “comentários” antes das leituras.. São, inclusive, dispensáveis, sendo preferível o silêncio ou um refrão meditativo que provoque na assembleia aquela atitude vigilante para a escuta e consequentemente acolhida da Palavra de Deus.  Para abrir a Liturgia da Palavra, seria oportuno um breve refrão meditativo. Sugerimos este refrão: “Senhor que a tua Palavra, transforme a nossa vida, queremos caminhar com retidão na tua luz”.

2. O Salmo responsorial seja preferencialmente cantado, bem como o Evangelho e se possível a resposta das preces.

3. Após as leituras, o salmo e a homilia, prever momentos de silêncio, para fortalecer a atitude de acolhida da Palavra em nossa vida e em nossa ação.

Rito da Eucaristia

1. A oração sobre as oferendas destaca que vivos e mortos estão unidos na glória de Cristo e no mistério do amor.
2. Os prefácios deveriam ser escolhidos sempre em consonância com o Mistério celebrado em cada ocasião, evitando a escolha dos textos genéricos. Para tanto, deve-se observar o conteúdo do embolismo, parte central do Prefácio. Além de ter o núcleo desta parte da Oração Eucarística, será aí que encontraremos maior ou menor sintonia com as outras partes da celebração, no que se refere aos focos do Mistério celebrado: leituras bíblico-litúrgicas, eucologia e demais elementos como hinos, antífonas, etc.

3. Seguindo esta lógica, sugerimos que se escolha o Prefácio dos Fiéis Defuntos I, cujo embolismo reza: “Nele brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição. E, aos que a tristeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola. Senhor, para os que creem em vós a vida não é tirada, mas transformada”. Outra opção é o Prefácio dos Fiéis Defuntos III, cujo embolismo reza: “Ele é a salvação do mundo. Ele é a vida dos homens e mulheres. Ele é a ressurreição dos mortos”. O grifo no texto identifica aqueles elementos em maior consonância com o Mistério celebrado neste Domingo e que pode ser aproveitado na própria, ao modo de mistagogia.

4. A Oração Eucarística com prefácio próprio. Não é demais recordar que somente a oração I, III, não têm prefácio próprio. A Oração Eucarística II, admite troca de prefácio.
              
            5. Dar realce ao gesto da “fração do pão”. Cristo nosso Páscoa, é o Cordeiro imolado, Pão Vivo e verdadeiro. Um (uma) solista canta: “Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo. A assembléia responde: Tende piedade nós...  Deve ser executado assim, para não perder o caráter de ladainha.
     
6. Distribuir a comunhão de maneira orante e sob as duas espécies, pois como diz a Instrução Geral do Missal Romano (IGMR): “A comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas espécies. Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal dom banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico do Reino do Pai” (n. 240). Assim estamos sendo coerentes e sensíveis com aquilo que o Senhor disse no momento da narrativa da Ceia: Ele não disse somente “tomai, todos e comei”, mas também “tomai todos e bebei...”.

Ritos Finais

1. Na Oração depois da Comunhão, suplicamos a Deus que o sacramento que celebramos, nos faça chegar à luz e à paz da casa celeste.

            2. Dar a bênção final própria para o para a Celebração dos fiéis defuntos, Missal Romano, página 530 que destaca a esperança da ressurreição, paz e a luz eterna aos que morreram e que vivamos eternamente com ele.

3. As palavras do rito de envio podem estar em consonância como mistério celebrado: “Bem-Aventurados sois vós que promovem a paz! Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A celebração dos fiéis falecidos é a celebração de nossa esperança e da comunidade dos santos, da “comunhão dos santos”, tanto quanto a festa de Todos os Santos.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
           
Pe. Benedito Mazeti

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