1-
O que é o ano Litúrgico
O ciclo do Ano
Litúrgico é o ritmo fundamental da vida de oração e de celebração da fé dos
Cristãos. Estudar o Ano Litúrgico é
entrar no mistério do tempo, em especial Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida.
O Ano Litúrgico é
luni-solar (sol e lua), Páscoa ligada com a lua cheia e Natal com a questão do
sol (solstício de inverno) no hemisfério norte. Ele é santificado pelo Mistério
Pascal de Cristo e estruturado para ser celebrado, mediante o ordenamento da
liturgia cristã, em diversos tempos e festas; é marco temporal no qual se
desenvolve o único e fundamental conteúdo celebrativo da Igreja, que é o
mistério de Cristo: sua vida, morte e ressurreição, ápice da história da
salvação. É preciso entender que apesar do Ano Litúrgico acontecer dentro do
“ano civil” ele não é um concorrente do mesmo, porque Jesus Cristo entrou firme
na história para fazer dela uma história de salvação. Ele acompanha o ano
civil, mas não depende dele.
A definição da Constituição
Dogmática do Concílio Vaticano II sobre a liturgia Sacrosanctum Concilium: é a
celebração do mistério de Cristo e da obra da salvação ao longo de um ano.
Segundo Odo Casel, o Ano Litúrgico é o mistério de Cristo. Portanto o Ano
Litúrgico é uma realidade teológica.
Pode-se
perceber claramente que o Ano Litúrgico não é uma idéia, um conceito
antropológico ou uma simples explicação de uma maneira diferente de viver o
ciclo de um ano, estas podem até constituir dimensões do mesmo, mas não pode
defini-lo com tal. Ele não é um calendário que colocamos na parede da sacristia
ou na secretaria da casa paroquial. O Ano
Litúrgico é uma pessoa: Jesus Cristo. O tempo da liturgia é o tempo de hoje
onde se torna sagrada a presença de Deus nele, novamente se encarnando sob
novas formas e dimensões e o tornado vivo e eficaz no meio da humanidade. O Ano
Litúrgico é o mistério de Cristo celebrado e vivido na história da Igreja como “memória”, “presença” e “profecia”.
2-
Os nomes do Ano Litúrgico
Dentre tantos nomes
tem-se usado outras denominações como: Ano cristão, Ano do Senhor, Ano
eclesiástico ou da Igreja e ciclo Litúrgico. No século XIX, Próspero Guéranger
é o primeiro a usar o nome Ano Litúrgico.
3-
O ano B de Marcos, Jesus, o Messias
Se o Ano A foi, em
certo sentido, o ano eclesiológico (pela presença da teologia de Mateus sobre a
Igreja como verdadeiro Israel), podemos dizer que o Ano B é, principalmente,
cristológico, pois é caraterizado pela meditação de Marcos sobre o caráter
messiânico de Jesus e do reino que Ele inaugura, ainda que de modo inesperado e
não manifesto. Marcos também é chamado o Evangelho querigmático, porque nele
transparece claramente a estrutura do querigma ou anúncio da atualização, morte
e ressurreição do Cristo, como era proclamado no início da pregação cristã.
4-
Tempo do Advento
O Advento do Ano B é
caraterizado, sobretudo, pela ideia do encontro com Deus, a realização da
promessa de sua irrestrita presença junto a nós. O Primeiro Domingo sugere uma
atitude de preparação geral para o encontro com o Senhor, no fim dos tempos, no
“último dia”. Isso, porém, nada tem de trágico. Pelo contrário, a liturgia
transborda de confiante esperança: “Se rasgasses os céus!” A vinda do Juiz e
Senhor da História não é, para os cristãos, a destruição da História, mas seu
arremate. Os cristãos estão vigiando para, por sua dedicação aqui e agora,
participarem do Reino transcendente.
O segundo passo do
encontro é a conversão, ou seja, a transformação da vida, com objetivo ao
grande encontro final. A liturgia traz presente aqui a pregação escatológica de
João Batista e as imagens do profeta Isaias da terraplenagem do caminho para o
Deus libertador. No Terceiro Domingo já ressoa a alegria por causa da presença
de Deus, testemunhada por João Batista e pelo arauto de Isaias 61, que anuncia
a boa-nova aos pobres. No Quarto Domingo – o Domingo de Maria grávida – são
confrontados o “sim” de Deus (promessa) e o “sim” da pessoa humana (Maria,
“fiat”). Realiza-se a promessa do Messias da descendência de Davi, graças à
disponibilidade da Serva do Senhor.
5-
A Palavra de Deus no Ano B
No Ano B, as
leituras nos alertam para ficarmos prontos para o encontro com Deus que se
aproxima; ambos fazem um convite à conversão, à alegria e à esperança.
Os quatro domingos
querem convidar à vigilância e á conversão, na espera jubilosa e perseverante
de uma vinda que, se for destruidora no tocante à injustiça e à impiedade, será
de salvação para quem crê. A vinda encontrou já uma das suas primeiras
realizações em Jesus: em Jesus e no seu acontecimento a salvação de Deus já se
tornou presente na História das pessoas, e no mistério litúrgico é tornada
acessível ao cristão que a celebra. Às atitudes da vigilância (primeiro
domingo) e da conversão (segundo domingo) junta-se o da alegria (já pela
primeira vinda) e da espera confiante e paciente (terceiro domingo). Pelas
leituras da Missa, o Quarto Domingo do Advento aparece como o Domingo dos
Patriarcas do Primeiro Testamento e da Bem-Aventurada Virgem Maria, na
expectativa do Natal do Senhor.
No Primeiro Domingo
dos Anos A, B e C, prevalecem as imagens do “fim do mundo”, não como ameaça ou
destruição do mundo, mas como arremate da História, como alerta para que
ninguém seja tomado de surpresa. No Segundo e no Terceiro Domingo do Advento,
os dois personagens que mais se destacam são o profeta Isaias que traz
esperança e João Batista que anuncia a necessidade da “conversão”. Eles
anunciam que a salvação está próxima e que virá com absoluta certeza. Nesse
contexto alegria e conversão se misturam na preparação da vinda do Salvador. No
Quarto Domingo dos três anos, sem sombra de dúvida, a personagem central é a
Virgem Maria grávida.
6-
Orientações para celebrar bem o Tempo do Advento
Mais um final
de ano se aproxima. Percebe-se claramente que a propaganda comercial “natalina”
começa a agitar por todo lado desde o mês de outubro, prometendo muita alegria
e felicidade, ilusoriamente “embutidas” nos produtos de consumo.
De nossa
parte, como comunidade cristã, iniciamos hoje nosso tempo de preparação para o
Natal. Chamamos esse tempo de Advento: tempo de espera, de expectativa, de
esperança. “Quando virá, Senhor, o dia?... Expectativa de que, afinal? A
Palavra de Deus proclamada no tempo do Advento vai nos dar a resposta.
No ciclo do Natal,
fazemos memória da manifestação do Senhor Jesus em sua encarnação e em nossa
história atual, enquanto aguardamos a sua nova vinda. O ciclo do Natal
engloba o tempo do Advento, as festas do Natal e o tempo do Natal.
Com a
celebração do Advento, iniciamos não só um novo tempo litúrgico, mas também um “novo
ano litúrgico.” Somos convocados a percorrer com Jesus Cristo um itinerário
pascal. Nesse caminho, passamos pela espera ardente do Advento da definitiva
vinda do Senhor, pela divinização, encarnação e manifestação do Filho de Deus
em nossa humanidade, celebrada no Natal e Epifania; pelo deserto da Quaresma;
pela paixão da cruz e a vitória da ressurreição; pelo fogo de Pentecostes. É a
Páscoa de Cristo na nossa páscoa e a nossa páscoa na Páscoa de Cristo; ou seja,
a lenta e perseverante identificação com o Cristo Jesus ao longo do tempo ou
festa do Ano Litúrgico revela, realça, manifesta, nomeia as experiências
pascais (na vida pessoal, comunitária, familiar e social...) feitas no dia a
dia, à luz da Páscoa de Cristo.
O Tempo do
Advento abre para a Igreja a grande celebração da manifestação do Salvador em
nossa humanidade. O Advento é um tempo de preparação para as festas epifânicas;
tem como tarefa preparar-nos para receber o Senhor que vem e se manifesta a
nós. Sendo assim, a manifestação do Senhor tem dois aspectos: a manifestação em
nossa carne, que constitui sua primeira vinda; e a manifestação em glória e
majestade no final dos tempos, que constitui sua segunda vinda.
O Advento
manifesta as duas fisionomias da vida do Senhor: nas duas primeiras semanas, o
“Advento Escatológico”, ou seja, sua vinda definitiva, e, nas duas últimas
semanas, o “Advento Natalício”, ou seja, sua primeira vinda – o Natal. “Abre as
portas, deixa entrar o rei da Glória. É o tempo, ele vem orientar a nossa
História (Salmo 23). Com o profeta Isaias e com João Batista, acolhemos o apelo
à conversão para que seja superadas todas as formas de dominação, exclusão e
miséria, para que se realize uma sociedade com liberdade e dignidade para todos.
Com Maria, vivemos a alegria e a confiança. “A Virgem, Mãe será, um Filho à luz
dará. Seu nome, Emanuel: conosco Deus do céu; o mal desprezará, o bem acolherá”
(Salmo 147). Com José, o justo, não deixemos a dúvida dominar a nossa vida. A
dúvida deve ser vencida pela obediência da fé.
A comunidade reunida
é sinal da espera do Advento do Senhor. Dar atenção especial aos ritos
iniciais, cuja finalidade é de constituir a assembléia, formando o Corpo vivo
do Senhor. Fazer uma acolhida afetuosa às pessoas, reconhecendo em cada uma
delas a presença do Senhor que chega entre nós.
Como tempo especial
de escuta e atenção à Palavra de Deus, dar destaque especial a todo o rito da
Palavra. Cuidar de preparar bem a proclamação dos vários textos bíblicos, da
homilia, do canto do salmo.
Escolher com cuidado
os cantos de modo que a assembléia cante o mistério de Cristo, celebrado neste
tempo de espera vigilante. As equipes de canto não devem colocar o seu gosto
pessoal, é um direito da assembléia cantar o mistério celebrado. O melhor
instrumento musical que temos é a nossa voz já dizia Santo Agostinho. É um
direito da assembléia saber quais são os cantos da celebração para que possa
participar de maneira ativa e consciente. É dever da equipe de canto ensinar a
assembléia os cantos, ela tem o direito de ter a letra dos cantos nas mãos. O Hinário Litúrgico I, da CNBB, oferece ótimas
sugestões, assim como o Ofício Divino das Comunidades, onde encontramos salmos,
hinos e refrões. Existe um CD publicado pela Paulus com as músicas do Hinário
adequadas pra este Ano A: o volume “Liturgia IV”.
Embora o Advento
insista em nossa conversão, não tem aquele acentuado caráter penitencial da
Quaresma. A conversão consiste em prepararmos alegres e rápidos, cheios de
esperança, o caminho do Senhor que vem. O Diretório Litúrgico indica a cor roxa
própria do Tempo do Advento, o silêncio dos instrumentos musicais quando não
acompanham o canto, isto é, a música instrumental. Lembra-nos que é período de
recolhimento, de alegria discreta, de expectativa e preparação. No Terceiro
Domingo do Advento usa-se tradicionalmente o Róseo no lugar do roxo, porque
antigamente era um momento de pausa no jejum que se fazia rigorosamente em
preparação à festa do Natal. Não cantaremos o Hino de Louvor (a não ser nas
solenidades e festas, e em alguma celebração especial); fica reservado para a
noite de Natal, quando juntamos nossa voz à dos anjos para dar glória a Deus
pela salvação que realiza em nosso meio. Também não se canta o Te Deum, isto é,
o canto de louvor a Deus após a comunhão. O Aleluia..., no entanto, continua
ressoando. Usar os instrumentos musicais com moderação para não antecipar a
alegria do Natal do Senhor.
Dentro desse clima
de piedosa espera do Salvador, os instrumentos musicais (órgãos, violão,
teclado e outros) sejam usados com moderação, conveniente ao caráter próprio
deste tempo, de modo a não antecipar a plena alegria do Natal do Senhor. O
mesmo vale para as ornamentações com flores: discrição, comedimento,
expressando o tempo de espera por algo bom que vai chegar.
Nos dois primeiros
domingos temos os prefácios I, IA, II, IIA. O prefácio I contempla as duas vindas de Cristo. O prefácio IA,
contempla Cristo como Senhor e Juiz da História. Estes dois prefácios
podem ser escolhidos nas Missas do Advento e em todas as outras, desde o primeiro
domingo até 16 de dezembro, exceto nas Missas com prefácio próprio. O prefácio mais
indicado para o Primeiro Domingo é o Advento I que realça a primeira vinda de
Cristo para nos abrir o caminho da salvação e nos coloca em estado de
“vigilância” para a segunda vinda de Cristo. O Prefácio II contempla as duas
esperas de Cristo pelos profetas e pela Virgem Maria e nos convida a alegrar
com a proximidade do Senhor. Este prefácio nos coloca em clima de preparação
para o Natal. É indicado nas Missas do Advento e em todas as outras, de 17 a 24 de dezembro, exceto
nas Missas com prefácio próprio. O Prefácio IIA contempla Maria, a nova Eva.
Ela nos devolve a graça que Eva por Eva tínhamos perdido. É indicado nas Missas
do Advento e em todas as outras, de 17 a 24 de dezembro, exceto nas Missas com
prefácio próprio. O Hinário Litúrgico I da CNBB, página 73, apresenta para este
domingo a louvação, em melodia popular, própria do Advento, muito apropriada
para o eito de Ação de graças na Celebração da Palavra.
É necessário fazer
do Advento um tempo de aprofundar e melhorar nossas relações na família, na
comunidade, na vizinhança, como sinal visível da chegada do Reino entre nós.
O tempo do Advento é
marcado de grande riqueza espiritual, alimentando a esperança dos cristãos.
Para aproveitar bem toda sua riqueza, convém que se cuide com o maior carinho
de todos os detalhes externos deste tempo (cantos, espaço litúrgico, os
diferentes enfoques das leituras e das orações, principalmente dos Prefácios).
Para este tempo, é
costume decorar o local da celebração com uma Coroa de Advento (ou “coroa de
luzes de Advento”). Trata-se de um suporte em forma circular, revestido de
ramagem verde amarrada (adornada) com uma fita colorida. Na coroa se colocam
quatro velas. Pode-se colocar a coroa junto ao altar ou próximo ao ambão (mesa
de onde se proclama a Palavra). Mas não deve “roubar a cena” do altar e da mesa
da Palavra! As velas vão sendo acesas, gradativamente, nas quatro semanas do
Advento: no primeiro domingo, uma; no segundo domingo, duas; no terceiro, três,
e no quarto, todas. No segundo domingo do Advento a primeira vela deve estar
acesa deste o início da celebração. Após a saudação do presidente acende-se a
segunda vela e assim também nos outros domingos. Estão presentes na coroa três
simbologias significativas: a luz como salvação, o verde como a vida que
esperamos, a forma arredondada como símbolo da eternidade. Ela expressa muito
bem (como o fazem as leituras, as orações e os cantos) a espera de Cristo como
Luz e Vida para todos.
As quatro velas que
progressivamente vão sendo acesas, retoma o costume judaico de celebrar a vinda
da luz na humanidade dispersa pelos quatro pontos cardeais, mostrando que Jesus
veio para todos os povos. Portanto as velas recordam que Jesus Cristo é a luz
do mundo. Nos quatro domingos do Advento as velas acesas convidam-nos a uma
atitude crescente de vigilância, de prontidão e abertura ao Salvador que vem, e
marcam o ritmo de espera deste tempo. Nós o aguardamos acordados e vamos a Ele
com lâmpadas acesas. É preciso estar sempre acordados. Em cada domingo,
acendemos uma vela. Com a aproximação do Natal cresce, portanto, a luz na
coroa. Lembre-se que as velas não são símbolo, mas a luz que elas irradiam,
sim. Portanto, a cor das velas não interfere no significado da Coroa do
Advento, podendo, pois, utilizar quatro velas brancas.
Observação:
evidentemente a Coroa do Advento perde sua força simbólica se já nela
antecipamos o Natal, seja através de um material que não seja folhas verdes
naturais, seja por enfeites e decorações de muitas cores brilhantes que
lembrariam, antes, o brilho da plena luz do Natal do que a alegre espera do
Senhor, cuja vinda esperamos no Natal e no fim da nossa vida e da história. Não
podemos queimar etapas, isto é, atropelar o Advento para celebrar o Natal antes
do tempo. Nunca usar na Coroa folhas verdes artificiais ou material seco.
Evitar a todo custo colocar bolas da árvore de Natal ou outros enfeites
natalinos na Coroa, senão vira coroa de Natal e não Coroa do Advento.
O tempo do Advento é
próprio para um bom “balanço” da caminhada cristã, pessoal, familiar e
comunitária, em direção ao reino definitivo. Por isso, trata-se de um tempo
muito adequado para a celebração do sacramento da Penitência. As equipes de
liturgia devem organizar neste sentido a celebração.
Nesta dinâmica de preparação, muitas comunidades gostam de celebrar
também a reconciliação, o “perdão e a penitência”, como sinal de conversão e
mudança para uma vida nova. É sempre necessário que uma equipe prepare com
carinho estas celebrações, levando em conta o tempo litúrgico do Advento para a
escolha dos textos bíblicos, cantos, orações e símbolos.
“Antes do Natal, muita gente quer se confessar para estar preparada
para a festa do Natal de nosso Senhor. Sabemos que, quando a pessoa tem
consciência de pecado grave, deve recorrer à confissão individual para se
reconciliar com Deus e com a Igreja e, assim, poder participar dos sacramentos.
É preciso pensar nisso com muito carinho e organizar o tempo necessário, seja
para confissões individuais, seja para as celebrações comunitárias nas quais
estão inseridas as confissões e absolvições individuais. Existe também a
possibilidade de confissão e absolvição coletivas, em casos excepcionais e de
grave necessidade, a serem definidos pelo bispo diocesano” (Carta Apostólica de
João Paulo II sob forma de ‘Motu Próprio’, A Misericórdia de Deus; sobre alguns
aspectos da celebração do sacramento da penitência). São Paulo, Paulinas,
(Coleção a Voz do Papa, 182).
A celebração de reconciliação e de penitência que ajuda as comunidades
no caminho de conversão. É importante que se faça uma celebração antes do
atendimento individual para que todos possam perceber o apelo de Deus.
Assumir como gesto
litúrgico a participação da mulher principalmente a partir do dia 17 de
dezembro ou do 3º Domingo do Advento, nos diversos ministérios litúrgicos e
acolher as mulheres grávidas por meio de algum serviço que elas exerçam. No
Quarto Domingo do Advento, convidar uma mulher grávida para aceder a quarta
vela da Coroa do Advento.
Descobrir, através
do Advento o Mistério de Cristo em cada página da Escritura. Alimentando-nos da
esperança profética de Isaias, no seu contundente anúncio de expectativa no
futuro e de que Deus cumpre as suas promessas. Buscamos a atitude austera,
humilde e simples de João Batista, o qual tem a missão de preparar os caminhos
do Senhor. Acreditamos, com Zacarias e Isabel, nas promessas de Deus;
deixando-nos fecundar, como Maria, pela Palavra; e acolhemos o Senhor no mais
íntimo de nossa vida. A leitura e meditação da Palavra de Deus conduzem-nos dia
a dia na experiência do resplandecer da luz do Sol nascente que nos visita.
Perceber como a
Maria coopera no mistério da redenção, aceitando ser a mãe do Filho de Deus. O
Filho de Deus entra no mundo como “nascido de mulher”. Ela une o Salvador ao
ser humano. O Advento, principalmente a partir do dia 17 de dezembro, insere
Maria na vivência e celebração do Mistério Pascal. Como fazer que Maria seja
inserida na celebração do Advento? No final da celebração, cantar um hino
mariano. Celebrar bem as duas festas marianas que ocorrem no Advento: dia 8
Imaculada Conceição e dia 12, Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira principal
da América Latina.
O melhor da festa é
esperar por ela, diz um ditado popular. A espera e a preparação de um
acontecimento são, do ponto de vista humano, tão importante quanto o evento.
Daí a necessidade de fazermos uma avaliação do que significa e de como vivenciamos
o tempo do Advento em nossas comunidades. Seria oportuno se as equipes de
liturgia, ao prepararem as celebrações desse tempo, pudessem se fazer a
seguinte questão: que importância damos ao tempo do Advento?
Vale aqui também
lembrar o que escreve o liturgista Frei José Ariovaldo da Silva, na revista
Mundo e Missão, de dezembro de 2004: “Atualmente, muitas comunidades eclesiais,
influenciadas pela onda consumista por ocasião das festas natalinas e de final
de ano, estão assumindo o costume de enfeitar suas igrejas já bem antes de o
Natal chegar. Em pleno tempo do Advento, que é um tempo de piedosa espera e
alegre expectativa, já ornamentam suas igrejas com flores, pisca-piscas,
árvores de Natal e outros motivos natalinos, como já se fosse Natal. Posso dar
uma sugestão? Não sejam tão apressadas. Não entrem na onda dos símbolos
consumistas da nossa sociedade. Evitem enfeitar a igreja com motivos natalinos
durante o Advento. Deixem o Advento ser Advento e o Natal ser Natal. Enfeites
natalinos dentro da igreja, só quando o Natal chegar. Então, a festa com
certeza será melhor. Sobretudo se houver na comunidade uma boa preparação
espiritual”. Precisamos silenciar o nosso coração e contemplar a beleza da
espera do Advento, contemplar também a figura de Maria grávida e esperar com
calma e sem atropelamentos o Natal do Senhor.
Como muitas
comunidades já armam o presépio no primeiro domingo do Advento e colocam o
Menino Jesus no presépio. A esse respeito Frei José Ariovaldo da Silva disse
num curso diocesano: “Então no Advento já é Natal. Para que então Advento? Qual
a diferença entre Advento e tempo do Natal? Na composição do Ano Litúrgico, tem
que aprender a marcar as diferenças de tempo para tempo, não misturar as
coisas, portanto. Nós brasileiros temos a mania de misturar as coisas. Acho que
é por causa da feijoada que comemos...” Seria muito significativo armar o
presépio a partir do 3º Domingo do Advento, onde iniciamos a preparação direta
para o Natal.
É preciso tomar o
cuidado de não abortar o Advento ou de celebrá-lo superficialmente. Esse
cuidado nos levará a não antecipar o Natal, seja fazendo celebrações natalinas
antes do previsto, seja usando ritos próprios da festa. Se cantamos “Noite
Feliz” no dia 15 de dezembro, o que iremos cantar na noite do dia 24 para 25?
Mas também não podemos celebrar o Advento como se Cristo ainda não tivesse
nascido. A longa noite da espera terminou. O mundo já foi redimido, embora a
história da salvação continue...
É importante
lembrarmos às comunidades a Coleta Campanha para a Evangelização, que é realizada
no 3º Domingo do Advento. A Campanha para a Evangelização 2014, com o lema:
“Cristo é a nossa paz” (Efésios 2,14), inicia-se na Solenidade de Jesus Cristo
Rei do Universo, e se entende até o 3º Domingo do Tempo do Advento, quando é
realizada a Coleta Nacional para a Evangelização. As coletas realizadas nas
paróquias e comunidades deste dia são para as obras de evangelização da Igreja
Católica no Brasil. A Campanha para a Evangelização é, na Igreja do Brasil, uma
resposta firme e significativa de todos aqueles que acreditam e assumem a
responsabilidade evangelizadora. A Boa-Nova da salvação deve chegar a todos os
cantos de nosso país: das grandes cidades às pequenas aldeias, das periferias
às comunidades rurais, alcançando as crianças, os jovens, os adultos, os ricos
e os pobres, de modo especial a todos aqueles que sofrem. Nossa generosidade
seja uma oferta viva ao Cristo, que por nós se encarnou no ventre da Virgem
Maria.
Revitalizar na
Igreja, através do Advento, o espírito missionário de anúncio do Messias a
todos os povos e a consciência de ser sinal concreto de esperança. Desafia-nos
a um amor concreto por todos, preferencialmente pelos pobres, através de
práticas solidárias e ações sócio-transformadoras.
Pe. Benedito Mazeti
Assessor diocesano
de Liturgia
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