sexta-feira, 21 de novembro de 2014

SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO - 34º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A

Leituras

         Ezequiel 34,11-12.15-17
         Salmo 22/23,1-3.5-6
         1Coríntios 15,20-26a.28
         Mateus 25,31-46
  

“TODOS OS POVOS DA TERRA SERÃO REUNIDOS DIANTE DELE”


1- PONTO DE PARTIDA

Domingo de Cristo, Rei do Universo. Estamos no último Domingo do Ano Litúrgico. Durante um ano percorremos o evangelista Mateus. É tempo das comunidades cristãs fazer uma parada e avaliar a caminhada deste Ano Litúrgico que chega ao fim, diante de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do universo.

Instituída pelo Papa Pio XI, em 1925, esta Solenidade surgiu, pelo contexto da época, com caráter marcadamente militante e social. Inspirada pela espiritualidade da Ação Católica, buscava a restauração do Reinado de Cristo para restabelecer e revigorar a paz no mundo.

A reforma litúrgica transferiu esta festa do último Domingo de outubro para o último Domingo do Tempo Comum, dando-lhe novo significado, em sintonia com a perspectiva própria do final do ano, imediatamente antes do Advento. Destacando a dimensão mais transcendente e escatológica do Reinado de Cristo, esta solenidade encerra o Ano Litúrgico, isto é, o Ano do Senhor. Jesus Cristo Rei surge então com a meta a que tendem o ano litúrgico e todo o peregrinar da humanidade, na linha da Gaudium Et Spes, n. 45.

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

Primeira leitura – Ezequiel 34,11-12.15-17.  O capítulo 34 trata dos pastores de Israel e da situação do povo de Deus à sombra de maus e bons pastores. O texto se coloca depois da queda de Jerusalém no ano 587 antes de Cristo, quando reinava anarquia na Judéia (cf. Jeremias 40-42) e havia temores entre os exilados a respeito do futuro da monarquia. O profeta escreve depois da queda de Jerusalém.

“Pastor” é a imagem para indicar os reis e sacerdotes de Israel; o proprietário do rebanho é o próprio Deus. Os pastores de Israel não serviram o povo; por isso veio o dia da catástrofe (destruição de Jerusalém). O proprietário mesmo conduzirá agora seu rebanho: Deus reconduzirá o povo disperso e cuidará e cuidará especialmente das ovelhas mais fracas.

A imagem do pastor é usada no Oriente Médio desde a época sumérica para caracterizar a função dos reis. No código de Hamurabi (1728-1686) antes de Cristo, na introdução do seu código de dizia: “para fazer justiça na terra, para eliminar o mau e o perverso, para que o forte não oprima o fraco... eu sou Hamurabi, o pastor”.

Em Israel a imagem do pastor era de fácil compreensão, pois a profissão de pastor fazia parte da vida diária da nação. Até mesmo Deus é chamado “pastor de Israel” Salmo 22/23; 76/77,21; 79/80,2; Isaias 40,11). Jeremias muitas vezes chama os reis de Israel de pastores (Jeremias 2,8; 3,15; 23-1-6; 25,34-36) e deve ter inspirado o tema a Ezequiel.

A glória e a dignidade do ofício de pastor, como descreve Ezequiel 34, tem como objetivo a dedicação total do bem-estar  do povo (rebanho), dando-lhe sustento, segurança e distribuindo justiça. Os pastores de Israel perderam essas virtudes inseparáveis da sua função, descuidando-se do bem-estar do povo e buscando unicamente o seu. Eles causaram a ruína de Judá e a dispersão das ovelhas no exílio. Eis por que, ao decidir tomar pessoalmente o cuidado das ovelhas, Deus promete reunir e reconduzir todas às belas pastagens da Terra Prometida (versículos 12-14).

Por um lado, Ezequiel pede que adoremos o Senhor na Sua glória imensa. Por outro lado, o ele anima-nos a acolher com amor reconhecido o Senhor que vem ao nosso encontro nas vestes de mãe e pai, e que não vacila em servir o ser humano com obras mais necessárias e ao mesmo tempo mais silenciosas (versículos 15-16): procurar e reconduzir o “perdido”; “tratar” e cuidar quem estiver “ferido”; com muita paciência, convencer o rico e o forte a cuidar dos mais fracos. A metáfora dos “carneiros” e dos “cabritos” (versículo 17) refere aos membros mais fortes e ricos do povo, que exercem violência contra os fracos, privando-os dos recursos vitais. O Senhor impedirá todas as prepotências e assegurará a todos espaço para viverem.

O texto serve para recordar de maneira inseparável a função dos governantes em geral, dos que detêm o poder na vida política e eclesiástica. Com razão a Igreja lê este texto na Solenidade de Cristo-Rei, enquanto vê em Cristo a realização da promessa de um novo Davi, que deveria governar o seu povo com justiça, inaugurando a Aliança de paz universal.

Salmo responsorial – Salmo 22/23,1-3.5-6.  É um Salmo de confiança em Deus. A solicitude divina para com os justos, descrita com a dupla imagem do pastor (versículos 1-4) e do hospedeiro que oferece o festim messiânico (versículos 5-6).

É um dos salmos mais conhecidos e belos do saltério, aplica ao próprio Deus a humilde imagem do “pastor” como expressão de terno cuidado e guia segura que Ele tem para com um rebanho amado e protegido (versículos 2-4). Além disso, recupera o tema da “unção” do fiel como sinal de predileção e de dignidade (versículos 5-6).

Nos versículos de 1-4, o tema pastoril fornece algumas imagens fundamentais: verde, água, caminho. A última imagem conjura o grande perigo, a escuridão temerosa plenamente superada. Na segunda parte versículos 5-6 adianta-se o plano real, imediato: a experiência religiosa tem lugar no Templo de Jerusalém. Ali a pessoa humana encontra asilo frente ao opressor, participa na mesa do banquete sagrado, recebe a unção que o consagra. A experiência religiosa intensa converte-se em esperança e desejo para toda a vida.

O rosto de Deus no Salmo 22. Sem dúvida é uma das imagens mais bonitas do Primeiro Testamento que mostra Deus como pastor. Outras imagens também mostram o rosto de Deus como hospedeiro, libertador e aliado. Jesus no Evangelho de João, assume as características de Javé pastor, libertador e aliado (João 10). Jesus é esse pastor que se compadece do povo explorado. Ele caminha à frente de seu rebanho, tanto para chegar ao pasto e à água, como para voltar ao curral de repouso, já na escuridão da noite. Este salmo é tradicionalmente aplicado à vida sacramental, especialmente ao Batismo e à Eucaristia.

Através do salmista dialogamos com Deus, como um amigo fala com o seu amigo e, ao louvá-Lo, saboreamos a Sua presença que se coloca ao nosso serviço como uma doçura, força e humildade, idênticas às que o profeta Ezequiel nos fez contemplar no seu oráculo de esperança aos exilados.

Por este Salmo, peçamos ao Senhor que restaure as nossas forças, que derrame sobre nós o óleo do seu amor e faça de nós instrumentos de salvação, no meio de nossas comunidades:

O SENHOR É O PASTOR QUE ME CONDUZ;
NÃO ME FALTA COISA ALGUMA.

Segunda leitura –1Coríntios 15,20-26ª,28. A comunidade de Corinto queria uma resposta para a questão da morte. Paulo com muita competência esclarece este problema aos cristãos de todos os tempos e nos ajuda a não ter medo da morte.

No final da Primeira Carta aos Coríntios está a figura dos grandes temas dogmáticos de suma importância: a nossa ressurreição. Saduceus e gregos o mistério da ressurreição dos mortos. Os gregos admitiam a imortalidade da alma, não a ressurreição do corpo.Esta passagem é uma das mais complexas do capítulo 15, onde Paulo elabora sua doutrina sobre a ressurreição dos mortos. O Apóstolo se dirige aos cristãos gregos que acreditavam na imortalidade da alma e consideravam a morte como libertação material e corruptível. Ele próprio defende a concepção judaica da unidade da pessoa: a pessoa humana não é composto de uma “alma e de um corpo”; é um ser pessoal, o único que, desde a ressurreição de Cristo, sabe que Deus lhe concederá a sobrevida, isto é, a vida após a morte.

Jubilante e seguro, Paulo nega a teoria da imortalidade da alma e confirma a ressurreição do corpo. Cristo ressuscitou (versículo 20). Além disso explicitará positivamente a reta doutrina a relação íntima entre a ressurreição de Cristo e a nossa narrada nos versículos 12-13. Apresenta não só o aspecto pessoal da ressurreição de Cristo, mas também a redenção da humanidade.

Nos versículos 20-22 trata-se do mesmo fato no plano sobrenatural: nossa incorporação em Cristo como cabeça exige também a ressurreição dos membros. Entretanto, o pensamento de Paulo sugere, mais do que a possibilidade, a necessidade desta ressurreição. Uma não se concebe sem a outra: se Cristo ressuscitou, também nós que estamos unidos a Ele devemos ressuscitar. Relacionando a nossa ressurreição com a de Cristo emprega a palavra “primícia”, usada para indicar os primeiros frutos da colheita, consagrados a Deus, nos quais se julgavam incluídos e abençoados os restantes (Êxodo 23,16; Levítico 23,10). Logo, “primícia” supõe outros frutos que vêm depois, conotando relação, solidariedade. Aplicando esse termo a Cristo, quer dizer que Ele não permanecerá só em sua glória, mas levará consigo os que morreram Nele (versículo 23). Quanto a ressurreição, Cristo surgiu agora – “primícia” – mais tarde se realizará também nos cristãos (versículo 23); Romanos 8,11; 1Tessalonicenses 4,14-17.

Nos versículos 24-26 Paulo descreve os últimos acontecimentos escatológicos: vencidos os inimigos, acabado este mundo, Cristo entregará seu Reino ao Pai, será o “fim”. Ele mostra que o Reino de Jesus terá vocação própria e disporá de uma duração eterna, para que Cristo abata todos os seus inimigos (Salmo 109/110,1), inclusive a morte (versículo 25). Aqui Paulo fala da ressurreição decorrente da união com Cristo: a ressurreição dos justos.

É necessário, segundo o plano de Deus, que o Cristo “reine” (versículo 25), exerça o poder messiânico de que está possuído (Filipenses 2,9ss; Efésios 1,20ss), até que o Pai lhe submeta e entregue todos os seus inimigos: as potências do mal, a morte (cf. Salmo 109/110,1). A morte, considerada como a última potência inimiga, será anulada pela ressurreição gloriosa de todos os justos.

“Para que Deus seja tudo em todos” (versículo 28) indicam o aspecto cósmico e universal da obra messiânica de Cristo. Não se trata de uma identificação panteísta de Deus com o mundo, isto é, dizer que as criaturas é Deus. É identificação virtual, moral. Deus é tudo no mundo, quando este mundo lhe submete em plenitude; o mundo assim submetido é elevado pelo próprio Deus, passando a receber toda vitalidade divina. Acontece uma espécie de divinização do mundo, enquanto este participa de atributos divinos: luz, verdade, vida, santidade, amor. O Prefácio da Ascensão do Senhor, II nos ajuda a entender essa questão quando rezamos: “Ele após a Ressurreição, apareceu aos discípulos e, à vista deles, subiu aos céus, a fim de nos tornar participantes da sua divindade”. Pelo mistério da sua morte, ressurreição e ascensão, participamos da divindade daquele que assumiu a nossa humanidade.

Deus será, “tudo em todos”. Paulo concentra nesta frase a revelação de que Deus é amor (cf. 1João 4,8; 1Coríntios 13) e as palavras dos profetas que anunciaram no futuro uma plenitude derramada pelo Senhor sobre o seu Povo e sobre todas as Suas criaturas (cf. Isaias 11,9; Abdias 2,14; Jeremias 31,33-34; Ezequiel 36,23-27). Já sem véus de sombras e de imagens, Deus será transparente em todas as coisas e em todos os acontecimentos. Cada criatura que tiver participado no mundo da ressurreição reconhecerá Cristo como luz própria e vida própria. Esta experiência já é possível saboreá-la na vida presente para quem vive no amor.

Evangelho – Mateus 25,31-46. O Evangelho deste Domingo nos traz um dos poucos textos do Novo Testamento que representam Jesus como Rei (os textos maiores encontram-se na narração da condenação de Jesus diante de Pilatos e do Sinédrio). Ele exerce a função do Rei, “Filho de Davi”. Pastor escatológico de Israel (cf. a primeira leitura, Ezequiel 34,15-17; seria bom incluir também os versículos 18-24). A segunda leitura trata do tema do reinado escatológico, que Cristo no fim, entregará ao Pai; será a plenitude de Deus em todos. A primeira leitura é escolhida especificamente em vista do Evangelho.

A descrição do Juízo Final é a conclusão do Sermão Escatológico de Mateus 24-25, e o último ensinamento de Jesus conforme o Evangelho de Mateus. Isso já mostra sua importância. O texto lido hoje não é um texto apocalíptico como alguns afirmam. Também não é uma parábola, como muitos a consideram; pois seu conteúdo não é uma imagem. É uma exortação profética à conversão, em forma de uma cena apocalíptica. O texto mostra as três imagens de Jesus: Pastor, Rei e Juiz.

A separação entre as ovelhas e os cabritos (versículos 32-33) é uma imagem tomada das práticas pastorais da Palestina, em virtude das quais os pastores separavam todas as tardes as ovelhas dos cabritos. É provável que esta parábola atribuía a Jesus a função judiciária de pastor de Ezequiel 34,17-22.

A parte inicial do texto faz-nos assistir às ações que se desenrolam no princípio: o “Filho do Homem” apresenta-Se com as feições da divindade e assume a posição não já de Mestre, mas sim de Rei, no pleno exercício das Suas funções.

A Palavra de Jesus transporta-nos, que escutamos, para o fim dos tempos. O Rei está presente para julgar os vivos e os mortos. Uma razão importante emerge, que revela mais uma vez a humanidade do nosso Deus. Para julgar o homem, antes de proferir uma sentença, decidiu vê-lo com olhos, coração e experiência de homem. É a beleza do Mistério da Encarnação.

Por quatro vezes são repetidas as seis obras cumpridas ou negadas (versículos 35-44). A repetição é necessária. Devem imprimir-se na memória, serem ditas uma a uma muitas vezes, para aprendermos e traduzirmos na vida a gramática da vida. Depois, cada pessoa necessitada, mencionada no Evangelho, resume e indica muitos mundos pobres, que sofrem outras fomes e outras sedes, outras nudez, estrangeiros sem nome e novos hóspedes, novos escravos e novas fragilidades que a sociedade de hoje gera. O discernimento da fé saberá descobrir seus rostos e a presença, para inspirar obras de amor.

A parte alta do diálogo e do juízo é a pergunta que será dirigida ao Senhor quer pelos justos, quer pelos ímpios: “Quando é que te vimos?” (versículos 37-39.44). A resposta de Jesus é idêntica: “Em verdade eu vos digo que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes! (versículo 45). Todos, sem exceção, justos e ímpios, ficarão surpreendidos. Nenhum deles disseram que reconheceram Jesus.

Ele identifica-se com cada necessitado, seu irmão. O Ressuscitado julgará “Todas as nações” sem distinção: os que creram serão julgados pelo cumprimento do Evangelho; os que não são cristãos, pela fidelidade à ética, à verdade e à justiça. O critério da separação é a pratica da justiça, do direito e da misericórdia. A lei maior é o amor ao próximo. A sentença faz-se em forma de bênção e de maldição; a aprovação será “herdar o Reino”. O castigo, o “fogo eterno”: lembrança do mal e de suas inevitáveis conseqüências.

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

A pergunta feita a Caim, no início da humanidade, retorna nessa página do Evangelho: “Onde está o teu irmão?”. Se já naquele tempo a resposta de Caim não foi aceita, muito menos hoje podemos dizer: “Acaso sou guarda do meu irmão?” (Gênesis 4,9). Por que? Porque, uma vez que Jesus se identificou com o sedento, com o faminto, com o nu, o estrangeiro... servir o irmão é servir a Deus. Não existe distinção entre esses dois serviços. “Não há teologia da libertação sem o louvor de Deus, e nenhum louvor de Deus sem a libertação dos oprimidos”.

Jesus fala das obras de misericórdia ensinadas pelo judaísmo: dar de comer aos famintos, dar de beber aos que têm sede, acolher o estrangeiro, vestir os nus, visitar os doentes, acrescentando a visita os prisioneiros; não mencionada, porém, a educação dos órfãos e o sepultamento dos mortos, que também faziam parte das recomendações. Quem não praticou essas obras perdeu a oportunidade de fazer isso ao próprio Jesus presente nos necessitados. Se Ele está nos irmãos, Ele está no meio de nós em todos os lugares e momentos.

O Reino de que Jesus fala é um Reino não de poder, mas sim de serviço: “O Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir” (Mateus 20,28). Esse é o critério do julgamento. Entrar no Reino supõe que os discípulos e discípulas tenham seguido os passos do Pastor, do Mestre a serviço de todos, especialmente dos mais necessitados, do Rei que vem para julgar os estão vivos e os que já morreram.

Neste Domingo, celebrando a realeza de Jesus, ressuscitado pela justiça e misericórdia de Deus, somos julgados pelos pobres mais pequeninos. É possível proclamar a realeza de Cristo enquanto seus prediletos são excluídos da liberdade e do direito à vida digna?  Chamá-lo de Cristo Rei e deixá-Lo com fome, com sede, sem casa, nu, doente, aprisionado, sem direito à educação em nosso meio? “Entre nós está, e não o conhecemos, entre nós está e nós o desprezamos”.

A presença de Cristo nos pobres, nos famintos, nos que estão sem roupa, nos enfermos, nos abandonados não é menos real do que a Sua presença na Palavra, no Pão e no Vinho da Eucaristia. É fácil reconhecer a sua presença na Palavra, no Pão e no Vinho da Eucaristia; difícil é reconhecê-Lo nos sofredores, nos excluídos...

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

Senhor Deus, Rei do Céu

O Hino de Louvor (Glória), venerável e antiquíssima poesia litúrgica nos diz que Deus é Rei todo-poderoso. Outro hino, desta vez proclamado como segunda leitura, diz que Jesus é a “imagem do Deus invisível”. Aqui se pode entender em que sentido anunciamos e celebramos o reinado de Jesus: Ele realiza no mundo o reinado de seu Pai. Ungido (Crismado; tornado Cristo) pelo Espírito representa-o no mundo e dele cuida em seu nome. Por isso é Rei e Messias. Mas, além disso, é Filho primogênito, o primeiro de toda a criação. A celebração de hoje, portanto, recorda Jesus Rei, Cristo (Ungido/Messias e Filho). Todas estas categorias com as quais compreendemos a pessoa e mistério de Jesus se aplicam aos cristãos, igualmente, no Batismo, porque mediante este sacramento ligamo-nos a Ele. Poderíamos dizer com a mesma figura evangélica, que assim entramos na dinâmica do Paraíso, onde Jesus exerce sua realeza, envolvendo-nos a todos, pois somos o Corpo e Ele a Cabeça. O que se aplica a Cristo, por derivação se aplica à Igreja, à comunidade dos fiéis.

Venha a nós o vosso Reino

O Ofício Divino, em seu Ofício de Leituras, lembra-nos pela boca de Orígenes: “Passeie, então, Deus em nós como um paraíso espiritual, e reine só Ele, junto com seu Cristo”. No final do Ano Litúrgico, depois que os cristãos e cristãs terem rezado o Pai Nosso tantas vezes, suplicando o Reinado de Deus – “Venha a nós o vosso Reino”, haveremos certamente de nos perguntar se, de fato, já o percebemos instalado entre nós (cf. Responsório II do Ofício das Leituras). Se nosso trato com as pessoas que nos cercam corresponde àquele que deve ser dispensado a um membro da realeza, uma vez em si mesmo, na sua pessoa, Cristo reúne toda a humanidade e, por menores que possam parecer, merecem ser tratados com o mesmo respeito: “tive fome e me deste de comer; tive sede e me deste de beber, estive nu e me vestiste. Obviamente, não para saber se quando morrermos iremos para o céu, mas para verificar se em nós se cumpre a oração dominical: “assim na terra como no céu”, que coincide com o que esperamos para esta Eucaristia, conforme afirmamos: obedecer na terra=viver no céu. Dilatamos o Reinado de Deus, como membros de Cristo, homens e mulheres nascidos de sua vitória sobre a morte, ou, reina ainda em nós o homem e mulher antigos. Vale, então, o aviso de Orígenes: “Se queremos que Deus reine em nós, de modo algum reine o pecado em nosso corpo mortal.”

5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

Em cada celebração litúrgica já participamos da plenitude desse Reino inaugurado por Jesus. Na liturgia, a Palavra nos revela esse Reino, julga-nos, purifica-nos e nos incentiva para construir esse Reino agora. O “Pão da imortalidade” (oração após a comunhão) nos sustenta nessa tarefa exigente.

No Prefácio para a Solenidade de Cristo, Rei do Universo estão muito bem elencados nos valores desse Reino de Cristo: é eterno e universal; Reino da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz. São os valores que nos conduzem ao banquete que Cristo nos preparou. “Vinde benditos de meu Pai!”

O Mistério de Cristo na Eucaristia ilumina o mistério de Cristo no irmão e na irmã. Nós que aprendemos a reconhecê-lo debaixo das aparências do pão e do vinho, não podemos deixar de identificá-lo nos irmãos necessitados.

6. ORIENTAÇÕES GERAIS

1. O ensaio de cantos com a assembleia, a acolhida fraterna, seguido de um momento de silêncio, de um refrão meditativo, no início da celebração, ajudam a criar um clima alegre e orante para a celebração.
2. Neste domingo da Solenidade de Cristo Rei e do Dia Nacional dos Leigos, a equipe de liturgia, como um serviço importante para a comunidade de fé, ao preparar a celebração, deve dar particular atenção às várias partes da celebração.

3. Receber de maneira fraterna a todas as pessoas que se reúnem para celebrar, pois elas esperam ser bem acolhidas na comunidade litúrgica.

4. Dia 24, fazemos memória de Santo André Dung-Lac e companheiro mártires no Vietnã. Dia 25 é o Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher. Dia 26, recordamos Tiago Alberione, fundador da Família Paulina. Dia 29, com as Vésperas (Ofício Divino) inicia-se o Tempo do Advento.

5. Hoje é o dia do lançamento da Campanha para a Evangelização, cuja coleta se realizará no 3º Domingo do Advento. A Campanha para a Evangelização 2014, com o lema: “Cristo é a nossa paz” (Efésios 2,14), inicia-se na Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, e se entende até o 3º Domingo do Tempo do Advento, quando é realizada a Coleta Nacional para a Evangelização. As coletas realizadas nas paróquias e comunidades deste dia são para as obras de evangelização da Igreja Católica no Brasil.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são da Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. A função da equipe de canto não é simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 34º Domingo do Tempo Comum. Os cantos devem estar em sintonia com o ano litúrgico, com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.

O canto de abertura não é para acolher o presidente da celebração nem os ministros. Ele tem a finalidade de congregar a assembléia para participar da ação litúrgica. Nunca dizer vamos acolher o presidente da celebração e seus ministros com o canto de abertura.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão gravados no CD: Liturgia VII e CD: Cantos de Abertura e Comunhão e Ofício Divino das Comunidades.

Canto de abertura. “Escuto o que diz Deus, o Senhor; ele diz: ‘Paz’, para o seu povo e para seus fiéis”, (Salmo 84/85,9.7). As estrofes são do Salmo 49/50. Como comunidade de fé reunida por convocação do Senhor para o seu serviço, para sua liturgia. O nosso valor como discípulos e discípulas de Jesus se exprime em nossa disposição de servir a Deus que dá vitória ao seu povo, com danças, cantos celebrando o seu Amor por nós. Por isso, é muito oportuno dar início à celebração com estes dois versículos do Salmo 84/85. É muito adequada a versão dos versículos 9 e 7 oferecida pela CNBB-Paulus: “O Senhor vai falar-nos de paz, a seu povo e a todos amigos, paz a quantos a ele se achegam e se alegre o teu povo contigo!, articulado como Salmo 149, CD: Liturgia VII, melodia da faixa 20. Este Salmo evidencia exatamente o perfil do discípulo e da discípula de Jesus que luta pela justiça e pela paz no mundo: “Bem-Aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”, (Mateus 5,9).

2. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas.” Vejam o CD: Tríduo Pascal I e II e também no CD: Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso e outros compositores.

O Hino de Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia.

3. Refrão para motivar a escuta da Palavra: “Deus é amor, arrisquemos viver por amor. Deus é amor, Ele afasta o medo”, da comunidade de Taizé, gravado no CD: “Coração confiante”, Editora Paulinas. Próprio para este Domingo. O medo faz com que escondemos os talentos. Pode ser retomado após o silêncio que segue a homilia.

4. Salmo responsorial 22/23. Deus nosso Pastor. “O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma”, CD: Liturgia VII, melodia da faixa 19.

O Salmo responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura. Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura para a comunidade celebrante. É um dos cantos mais importantes da liturgia da Palavra. É um tipo de leitura da Bíblia. Por isso, é melhor que não seja cantado por todos, mas cantado por uma só pessoa: o salmista. A comunidade toda deverá ouvir atentamente e responder com o refrão. Sendo um canto bíblico, não deverá ser substituído por outro canto. O salmo nos permite dar uma resposta (por isso responsorial) à proposta que Deus nos faz na primeira leitura.

5. Aclamação ao Evangelho. “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, Aquele que é, que era e que vem, o Todo-Poderoso.. Somente o que tendes, segurai-o firme arte que eu venha. (Apocalipse 1,8; 2,25). De maneira muito adequada e popular é a versão que a CNBB oferece: “Aleluia... O Princípio e o Fim sou eu, sou, o que é, o que era e o que virá...,”, CD: Liturgia VII melodia igual a faixa 21. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.

6. Apresentação dos dons. A escuta da Palavra e colocá-la em prática, deve despertar na assembléia a compaixão para com o próximo, sobretudo os mais necessitados e abandonados pela sociedade. A partilha nos torna sinal vivo do Senhor. “Bendito seja Deus Pai, do universo criador”, CD: Liturgia VII, melodia da faixa 12. Este canto coloca em evidencia a Solenidade de hoje quando cantamos que Deus é o criador “do universo, pelo pão e pelo vinho que nós recebemos, foi de graça e com amor”.
8. Canto de comunhão. “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os seus anjos [...] Todos os povos da terra serão reunidos diante dele”, Mateus 25,31-32. Somos benditos do Pai quando servimos Jesus Cristo nos sofredores. É muito interessante e adequada a versão destes versículos de Mateus oferecida pela CNBB-Paulus: “O Filho do Homem virá, virá, na sua glória virá, virá, para julgar virá, virá, todos os povos e reinará”, articulado com o Salmo 49/50, CD: Liturgia VII, melodia da faixa 22.

De fato de a Antífona da Comunhão, em geral, retomar um texto do Evangelho do dia revela a profunda unidade entre a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística e evidencia que a participação na Ceia do Senhor, mediante a Comunhão, implica um compromisso de realizar, no dia-a-dia da vida, aquela mesma entrega do Corpo e do Sangue de Cristo, oferecidos uma vez por todas (Hebreus 7,27).
O Missal oferece muita flexibilidade na organização da comunhão, não diz que se deve cansar a assembleia com muitos cantos. Também não tem sentido depois que os fiéis comungarem, continuar executando o canto até a última estrofe cansando a assembleia. É uma regra de bom senso.

8- O ESPAÇO CELEBRATIVO

1. Preparar o espaço da celebração, destacando o Círio Pascal, a fonte batismal, além da mesa da Palavra e da Eucaristia. A cor litúrgica desta festa é o branco.

2. Usar, no arranjo, flores coloridas, a fim de demonstrar a harmonia desejada para o Reino (evitar excessos, mas caprichar na harmonia). A alegria desta Solenidade deve estar bem evidente no espaço celebrativo onde o Povo de Deus se sinta feliz. Não podemos esquecer que o espaço celebrativo deve ser acolhedor.

9. AÇÃO RITUAL

Para criar um clima orante, reunindo os corações, enquanto se acende as velas do Altar cantar: “Onde reina o amor, fraterno amor, Deus aí está”.

O acendimento do Círio Pascal antes do canto de abertura, também pode ser seguido de uma aclamação a Cristo: Jesus Cristo ontem e hoje, e por toda a eternidade, e por toda a eternidade. Hinário Litúrgico I da CNBB com letra e partitura, página 17.

Ritos Iniciais

1. Sugerimos, para esta celebração, a saudação presidencial “d” que retoma elementos importantes citados na homilia acima: esperança, alegria e fé. A saudação paulina (Romanos 15,13) vai ajudar a evidenciar o mistério celebrado:

“O Deus da esperança, que nos cumula de toda alegria e paz em nossa fé, pela ação do Espírito Santo, esteja convosco”.

2. Após o sinal da cruz e a saudação do presidente, as comunidades que já deixaram de fazer comentário antes do canto de abertura, porque entenderam o rito da Igreja e a primazia da saudação (Palavra de Deus que nos convoca), podem propor o sentido litúrgico com palavras semelhantes a estas:

Sejamos todos bem-vindos à festa de Cristo Rei, dia do leigo e da leiga. O Reino de Jesus é um Reino de justiça, vida, paz e liberdade. Contemplamos a realeza de Cristo na doação de sua própria vida, recebemos dele o mandamento de servi-Lo junto aos irmãos e irmãs mais necessitados.

3. No lugar do Ato Penitencial, proceda-se com a bênção da água e aspersão em recordação ao nosso Batismo pelo qual participamos da missão profética, sacerdotal e régia (serviço) de Jesus. Neste caso, a monição ou introdução do rito deve recordar aos fiéis que todos fomos criados e tratados por Deus, segundo a dignidade real que o pecado deteriora e o Batismo recupera. É uma maneira, também, de recordar ritualmente a importância e o papel dos leigos e leigas para a vida da Igreja, uma vez que todos participam da mesma realeza e sacerdócio de Cristo Jesus, pelo Batismo – neste Domingo, no Brasil celebra-se o “Dia dos fiéis leigos e leigas”. A aspersão deve ser acompanhada de um canto apropriado.

4. A oração do dia começa exaltando o poder de Deus que restaura todas as coisas no Filho, rei do universo. Também pede que nos liberte da escravidão para que possamos servir a Deus com liberdade e O glorifiquemos eternamente.

Rito da Palavra

            1. Após a homilia caberia um gesto comum à toda assembléia, diante do Evangeliário e da Cruz em consentimento à Palavra proclamada, que nos reúne e julga segundo o infinito amor de Deus. Para acompanhar e conferir sentido e beleza ao gesto, escolha-se um hino ou refrão meditativo como por exemplo: Alegria em Deus, CD: Comunidade de Taizé, Paulinas. Ou o refrão: “Deus é amor, arrisquemos viver por amor. Deus é amor, Ele afasta o medo”, da comunidade de Taizé, gravado no CD: “Coração confiante”, Editora Paulinas.
           
            2. É muito oportuno rezar o Credo Niceno-Constantinopolitano. Ele ressalta e explicita a profissão de fé em Jesus de maneira mais completa.

            3. A oração dos fiéis deve ser uma verdadeira súplica da assembléia que deseja e espera que o Reino de Deus se estabeleça no mundo. A cada prece responder cantando: Senhor, venha a nós, o vosso Reino!

Rito da Eucaristia

1. Preparação das oferendas. Se, no Domingo anterior, foi pedido que se trouxessem ofertas de alimentos, de roupas... organizar a procissão e depositá-las no local escolhido. Enquanto isso, recordem-se as iniciativas pessoais e comunitárias em favor dos pobres: creches, escolas, hortas comunitárias, mutirões, etc. Tudo representa uma “coroa” para o Cristo Rei que hoje celebramos.

2. A oração sobre as oferendas destaca que os dons do pão e do vinho nos reconciliam com Deus. Suplicamos que o Filho Jesus, Rei do universo conceda paz e união a todos os povos da terra.

3. Não se pode esquecer neste Domingo do Prefácio de Cristo Rei do Universo que põe em evidencia que esse Reino é de justiça, de amor e de paz. No final do Missal Romano, encontram-se partituras com melodias que podem ser aproveitadas para seu ser cantadas pelo presidente. O Hinário Litúrgico da CNBB III também traz boas opções nas páginas 69-70.

4. Toda a Oração Eucarística seja bem participada pela assembléia, com atitude de louvor e de oferenda de sua vida com Cristo, ao Pai. O Amém final seja vibrante, cantado e acompanhado pelo gesto das mãos em oferta.

Ritos Finais

1. Na oração depois da comunhão pedimos a Deus que alimentados pelo pão da imortalidade possamos obedecer a Cristo rei na terra e viver com Ele eternamente.
                       
            2. Reservar um momento para a divulgação e o convite ao engajamento na Pastoral Social (Promoção Humana) da comunidade.

3. Embora o Missal Romano não nos traga uma bênção solene para esta ocasião, o terceiro formulário para o Tempo Comum se enquadra bem para este Domingo: “Sempre vos alimente com os ensinamentos da fé e vos faça perseverar nas boas obras”. Oriente para ele os vossos passos, e vos mostre o caminho da “caridade e da paz”.

4. As palavras do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: Socorrei Jesus Cristo nos irmãos necessitados. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cristão é chamado a seguir Jesus; a Igreja é um povo real. Isto quer dizer: todos, somos convocados para usar uma expressão do Apóstolo Paulo a ter em nós os mesmos sentimentos que Cristo teve. Os sentimentos Dele foram de serviço, compromisso com a libertação dos pequenos e necessitados e renúncia a todos os títulos de grandeza humana.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
            Pe. Benedito Mazeti


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