sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA: JESUS, MARIA E JOSÉ - ANO B

Domingo na Oitava do Natal
28 de dezembro de 2014

Leituras

         Eclesiástico,3,3-7.14-17a
         Salmo 127/128,1-2.3.4-5
         Colossenses 1,12-21
         Lucas 2,22-40


“MEUS OLHOS VIRAM A TUA SALVAÇÃO”


1- PONTO DE PARTIDA 

Festa da Sagrada Família. Com renovada alegria festejamos a solenidade do Natal de Jesus, o Emanuel, Deus que veio até nós. A festa que hoje celebramos leva-nos a contemplar a família de Jesus e, nela, a nossa família e todas as famílias cristãs.

Ao armar sua tenda entre nós, Jesus o fez no seio de uma família, exatamente para valorizar e dignificar esta pequena comunidade humana e para nos mostrar o quanto ela é significativa e essencial no contexto da sociedade e da Igreja.

Na Encarnação do Filho de Deus em uma família humana, encontramos os elementos que inspiram a constituição de nossas comunidades familiares: o amor, respeito, humildade, paciência, compreensão mútua e doação.

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA
                       
Primeira leitura – Eclesiástico 3,3-7.14-17a.  Esta leitura nos mostra que para agradar a Deus não basta rezar, oferecer-lhe sacrifícios, cumprir as leis religiosas e celebrar o culto. É preciso colocar em prática.

A Liturgia da Palavra da festa da Sagrada Família, inicia-se com a leitura do Eclesiástico. Por ser um livro sapiencial, apresenta indicações para o bem viver. O trecho lido na celebração traz orientações para as ações dos filhos em relação a seus pais, porque é através dos filhos que Deus honra os pais. São também mostradas as conseqüências positivas que as boas ações dos filhos aos seus pais.

Esta leitura do Eclesiástico que trata dos deveres dos filhos com seus pais abrange os versículos 1 a 18. As idéias ai desenvolvidas podem ser sintetizadas assim: aquele que honra seus pais receberá as bênçãos prometidas; este dever de honrar os pais continua também quando eles ficam idosos e doentes; quem cumpre este dever recebe o perdão de sues pecados; agir ao contrário é blasfemar contra Deus.

E um dever elementar de toda pessoa humana honrar e respeitar os pais. O sábio inspirado por Deus recorda esse dever e o liga diretamente a Deus. O texto refere-se ao pai e à mãe separadamente, mas é apenas uma questão de gênero literário. Tanto um como outro merecem igualmente o amor, a honra e o respeito dos filhos.

Cumprir bem os deveres para com os pais é, certamente, muito mais que dar esmolas. Praticar o amor, a paciência, o respeito para com os pais até a sua velhice é uma obra das mais louváveis diante de Deus. A tal ponto que chega a descontar nossos pecados diante de Deus e merecer o perdão.

Este dever para com os pais não se esgota na infância ou na adolescência. O autor do Eclesiástico recorda-o de modo claro. É justamente na velhice que mais necessitam do amor e do cuidado de seus filhos. O texto lembra especialmente duas circunstâncias em que o filho deve mostrar seu amor e respeito para com seus pais: nos dias da velhice e quando falham suas faculdades mentais. Da mesma forma que os filhos necessitam do amor e cuidado de seus pais quando são pequenos, assim na sua velhice necessitam os pais dos cuidados de seus filhos.

É tão necessário insistir nesse dever que a Palavra de Deus nos recorda! Quantos exemplos tristes nós presenciamos em nossos dias! A nossa sociedade consumista e hedonista vê como um estorvo as pessoas idosas que já nada mais produzem. Então a tendência de livrar-se dos “idosos”, mandando-os para algum asilo ou casa de repouso, quando poderiam e deveriam ter o acolhimento e o carinho dos filhos e netos! A Bíblia tem uma palavra terrível para os que não cumprem como esse dever: quem abandona seus pais nessas circunstâncias é como um blasfemador (a blasfêmia era um dos maiores pecados na Bíblia e para os judeus) e será amaldiçoado por Deus!

O segredo, isto é, a fonte, é o próprio Deus. “Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe”. Quem teme o Senhor, honra seus pais. É a partir de Deus que surgem as melhores relações de honradez, respeito, amparo e compreensão no âmbito familiar. É a partir de Deus que a família melhor se constitui e vai bem pelos caminhos da vida.

Salmo responsorial 127/128,1-2.3.4-5. É um Salmo sapiencial. Faz uma proposta concreta de felicidade e de bênção (“feliz quem teme...”, “tranqüilo e feliz”). Mostra onde está o sentido da vida e em que consiste a felicidade. O começo do Salmo é de bem-aventurança: “Feliz”. Temer a Deus tem aqui um sentido bastante genérico, de fidelidade e reverência; manifesta-se em seguir o caminho de Deus, isto é, em cumprir os mandamentos.

O corpo deste Salmo é composto de dois momentos: 1b-3 e 4-6. O primeiro (versículos 1b-3) começa com a proclamação da felicidade; o segundo (4-6) inicia-se com a bênção. Essas duas coisas, felicidade e bênção, destinam-se à mesma pessoa, o homem que teme ao Senhor (compare versículo 1b com 4). As duas coisas são provavelmente proclamadas por um sacerdote. Supõe-se, pois, o ambiente do Templo de Jerusalém.

O primeiro momento proclama feliz o homem que teme o Senhor e anda em seus caminhos, ou seja, observa os mandamentos (1b). A prática dos mandamentos produz três resultados bem visíveis, e estes constituem a felicidade. O primeiro diz respeito ao trabalho, acompanhado de tranqüilidade e felicidade (versículo 2). Produzir e poder desfrutar do trabalho das próprias mãos é sinônimo de felicidade. O segundo resultado diz respeito à comunhão entre o esposo e a esposa (versículo 3a).

O rosto de Deus no Salmo. Por duas vezes se diz que o Senhor é temido (versículos 1b.4) e uma vez se diz que abençoa. Três vezes, portanto, se fala dele. Temer a Deus não significa sentir medo, mas respeitá-lo e respeitar seus mandamentos com fonte de felicidade e de bênção. O Senhor deseja que o ser humano seja feliz e abençoado, e isso está vinculado aos mandamentos, condições que Israel, como aliado do Senhor. O rosto de Deus neste Salmo é abençoador.

A bem-aventurança refere-se à vida cotidiana, do trabalho e da família: bens simples e fundamentais. A imagem vegetal descreve a fecundidade, a mesa reúne ao seu redor a família, que come o fruto do trabalho. Deste modo torna-se experiência profunda e símbolo superior.

A bênção familiar realiza num círculo perfeito e limitado a bênção mais ampla sobre o povo: sai de Sião, onde Deus reside, estende-se a toda a cidade santa, abarca todo Israel, em suas gerações. A bênção do simples e do pleno tem outro nome: paz.

Cantando este Salmo, peçamos que o Senhor nos ensine o caminho da unidade e da partilha. É a partir de Deus que a família melhor se constitui. Dessa forma, cantamos com o salmo 127/128:

FELIZES OS QUE TEMEM O SENHOR E TRILHAM SEUS CAMINHOS.

Segunda leitura – Colossenses 3,12-21. A comunidade de Colossos esta vivendo uma situação difícil no caminho da fé. Como os cristãos dessa comunidade vinham do paganismo, estava havendo uma confusão na compreensão da fé. Misturavam elementos do paganismo, do Judaísmo e do Cristianismo, como conseqüências sérias na vida de cada dia. Paulo então escreve da prisão uma carta, lembrando aos irmãos e irmãs em que consiste a prática da fé em Jesus Cristo.

Paulo chama os cristãos de “santos eleitos” e convida-os a “revestirem-se” de certos sentimentos, até então era uma qualidade de Deus (versículos 12-15). A idéia de santidade contém normalmente e idéia de separação: Deus era o Santo, no Primeiro Testamento, porque nada tinha em comum com os homens, não participava das injustiças e pecados dos homens, isto é, Deus era separado de tudo isso, e o povo de Israel era santo, por sua vez, na medida em que se separava das outras nações pagãs e seus costumes (Isaias 4,3; Deuteronômio 7,6). Mas em Jesus Cristo a santidade de Deus se revelou, precisamente em comunicação, e sua divindade manifestou-se nas criaturas. Por isso São Paulo pode chamar os cristãos de “santos” na medida em que compartilham do sentido da comunicação com os outros nas virtudes da bondade, do perdão, da caridade, da compaixão, etc.

São Paulo fala que a soberania de Cristo nas celebrações litúrgicas. Para isso Paulo consagra os versículos 16-17, que revelam o esquema essencial das reuniões litúrgicas: a proclamação e comentário da Palavra de Deus, o cântico dos salmos e dos hinos, a ação de graças, finalmente (versículos 15b e 17). Mas a liturgia deve estar ligada com a vida cristã, e Paulo preocupa-se tanto com a ressonância da Palavra, dos cânticos e da ação de graças nos corações e nas atitudes da vida cotidiana, quanto com a própria liturgia. Desse modo, ele não esquecerá que entre “liturgia e vida” há um relacionamento recíproco, isto é, inseparáveis e que ambas devem ser uma constante ação de graças ao Senhor, por seu perdão, sua escolha, sua graça e o dom de sua palavra.

Como Paulo exige que “tudo que fizerdes... fazei em nome do Senhor Jesus” (versículo 17), também a vida familiar deverá se orientar pela Palavra de Deus. A novidade, porém, é que tudo deve ser feito “no Senhor”, o que modifica profundamente qualquer lei ou preceito. O Cristianismo aperfeiçoa a lei humana, não a destrói. Depois de Cristo tudo está sob sua influência. Paulo, então, exige que os maridos amem suas esposas como aguais a si mesmos, imitando o Cristo (Efésios 5,22ss). Ainda para os pais, lembra que o excesso de dureza conduz a nada. Os pais são antes de tudo amigos, a quem os filhos devem amor e obediência, não patrões e senhores. As obrigações são de ambos os lados. Marido, mulher, pais e filhos, são todos iguais diante de Deus, e como tais devem se relacionar, respeitar e amar. Apóstolo afirma que a família é lugar de aprendizado. Os filhos aprendem com os pais e os pais aprendem com os filhos.

O apelo de Paulo é nos revestirmos de Evangelho, de caridade, roupagem do seguimento de Jesus: compaixão, bondade, humildade, mansidão, longanimidade, sendo suporte para os irmãos com amor, perdão; como fomos perdoados devemos perdoar. Fomos chamados a ser um só corpo, uma só família em Cristo Jesus. Paulo ensina que para conviver com os outros requer humildade, acolhida mútua, paciência. O amor é o vínculo que nos une.

Nos tempos atuais, a frase “esposas, sede solícitas a vossos maridos”, muitas vezes traduzida “esposas, sede submissas a vossos maridos”, provoca reações ora de espanto, ora de contrariedade, ora de indignação. Para entendê-la, contudo, é preciso considerar dois elementos. Primeiro, o contexto sociocultural da época de Paulo era bastante diverso deste em que estamos vivendo hoje. Em segundo, essa tão polêmica frase ofusca a que lhe segue: “maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas”. Portanto, na linguagem de seu tempo e conforme a sociedade daquela tempo, o Apóstolo prega o valor evangélico do respeito mútuo na convivência do casal.

Evangelho – Lucas 2,22-40. A passagem divide-se em quatro partes: a apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém (versículos 22-28); o cântico de Simeão (versículos 29-32); as profecias de Simeão e Ana (versículos 33-38) e uma breve indicação sobre a vida de Jesus em Nazaré (versículos 39-40).

Jerusalém desempenha um papel muito importante no Evangelho de Lucas. As tentações de Jesus não acontecem sobre a montanha, como em Mateus, mas em Jerusalém (Lucas 4,9-12). Lucas menciona mais de trinta vezes o nome de Jerusalém. A narração da infância começa em Jerusalém (Lucas 1,8-22) e culmina em duas idas do Menino Jesus a Jerusalém (Lucas 2,22-38; 2,41-50). Situa-se em Jerusalém a principal aparição de Jesus ressuscitado (Lucas 24,33-49). E o Evangelho de Lucas termina onde começou: no Templo de Jerusalém (Lucas 24,53; cf. 1,8-22).

A primeira ida de Jesus a Jerusalém é de grande importância teológica para o evangelista Lucas. Nessa viagem culmina o Evangelho da Infância. Desde a aparição do anjo Gabriel no Templo para a Anunciação do nascimento de João Batista até a concepção de Jesus por ocasião da Anunciação a Nossa Senhora decorrem seis meses ou 180 dias (Lucas 1,26); da concepção de Jesus até o nascimento passam nove meses ou 270 dias. Do nascimento de Jesus até a purificação de Maria, conforme Levítico 12,2ss, mais quarenta dias. Isto faz um total de 490 dias. Este número indica o significado da apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém. Neste momento completaram-se as 70 semanas de anos até a unção do Santo (ou Santuário?) por excelência, mencionadas por Daniel (Daniel 9,20-27). Cada etapa é, aliás, assinalada pela expressão “completados os dias...” (Lucas 1,23; 2,6; 2,22), que dá aos eventos a significação de cumprimento profético. Realiza-se a também a profecia de Malaquias 3,1: O próprio Senhor vem ao Seu Templo.

Maria e José ouviram e cumpriram a Palavra de Deus, por isso foram ao Templo de Jerusalém apresentar Jesus, conforme está escrito na Lei do Senhor. Busquemos, também nós, ouvir e compreender a Palavra proclamada e cumprir o compromisso a que ela nos conduz.

O Evangelho proclamado hoje faz parte do chamado Evangelho da infância de Jesus. Os escritos sagrados não se preocuparam em narrar fatos ou episódios do período infantil da vida de Cristo, o que importa saber é quem é Ele e qual sua missão. Lucas evidenciou estes aspectos pela fala e pela ação de dois personagens. Primeiro o discurso de Simeão: “Agora, Senhor, conforme tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz, porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar todas as nações e glória do teu povo Israel”, depois o agir da profetiza: “Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém”.

Notemos como Maria e José, ao levarem Jesus para ser apresentado no Templo, obedeceram ao que previam as Escrituras, isto é, submeteram-se à Palavra de Deus por estarem comprometidos com ela, porque a haviam interiorizado e a tornado significativa em suas vidas. Isto tem muito a ver com a missão de Jesus, que previa sua obediência à vontade do Pai Celeste, pois Ele encontrou, em sua comunidade familiar, em seu lar, o forte testemunho da obediência à Palavra, aos preceitos de Deus.

Pela ação de Maria e José, pelas palavras de Simeão, pela reação de Ana, configura-se tanto quem é Jesus – o Messias, o Salvador, o Libertador – como vai ser sua missão: ser luz para as nações, glória do povo escolhido e, na obediência ao Pai Celeste, salvação da humanidade.

Nesta Festa da Sagrada Família, enriquecemo-nos com a Liturgia da Palavra, particularmente plena de recomendações sobre o agir cristão, quer na pequena comunidade do lar, quer na grande comunidade dos filhos de Deus. Sintetizamos a essência das leituras proclamadas quando cantamos o Salmo 127: “Feliz és tu se temes o Senhor e trilhas seus caminhos!”.

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

Mais do que uma época de mudanças, vivemos, neste início de século XXI, uma mudança de época. Entre tantas alterações positivas e negativas nas quais diversas áreas da vida humana, percebe-se, no âmbito das relações, o crescente individualismo que enfraquece os laços interpessoais.

A comunidade familiar não está imune às transformações, pelo contrário, sente-as profundamente e, por isso, se debate entre os valores que a alicerçam e os contravalores que a querem destruir. Diante das inúmeras ameaças e dos fortes questionamentos sobre seu significado e seu papel na sociedade atual, o valor e a dignidade da família são reafirmados pela Igreja. Reunidos em Aparecida, os bispos da América Latina e do Caribe sublinharam: “A família, ‘patrimônio da humanidade’, constitui um dos tesouros mais valiosos de todos os povos latino-americanos. Ela tem sido e é o lugar de escola e comunhão, fonte de valores humanos e cívicos, lar onde a vida humana nasce e se acolhe generosa e responsavelmente” (documento de Aparecida, 302), e nos apontam um caminho missionário: “Em nossos países, parte importante da população é afetada por difíceis condições de vida que ameaçam diretamente a instituição familiar. Em nossa condição de discípulos missionários de Jesus Cristo, somos chamados a trabalhar para que tal situação seja transformada e a família assuma seu ser e sua missão no âmbito da sociedade e da Igreja” (Documento de Aparecida, 432).

É, pois, na família que primeiro cultivamos nossos valores cristãos, alguns dos quais, como amor, respeito, acolhimento, paciência e humildade, nos foram hoje, explicitados tanto pelo autor do Eclesiástico como pelo Apóstolo Paulo.

Lembremos sempre que “Deus ama nossas famílias, apesar de tantas feridas e divisões. A presença invocada por Cristo através da oração em família nos ajuda a superar os problemas, a curar as feridas e abre caminhos de esperança. Muitos vazios de lar podem ser atenuados através de serviços prestados pela comunidade eclesial, família de famílias” (Documento de Aparecida, 119).

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

A imagem da família na experiência do Mistério

         Não é novidade que a liturgia utilize termos relacionados à vida matrimonial e familiar para aludir à relação entre Deus e seu povo. Durante todo o tempo do natal essas imagens fixam-se em nossos corações, de modo a confirmar que o Natal do senhor é fruto das núpcias de Deus com a humanidade, simbolizada em Maria de Nazaré.

         No caso da celebração desse domingo, às vezes costumamos “estrangular” o sentido fundamental da imagem da família de Nazaré, fazendo-se notar somente seu sentido puramente humano, e na pior das hipóteses, moral: a família de Nazaré como modelo “histórico” de estruturação familiar. A condição idealizada, empobrece e romantiza a interpretação dos textos e ritos nesse dia. Os textos evangélicos devem conduzir nosso olhar para Cristo Jesus e sua relação com a Igreja e o mundo, na qual ela existe. Embora a vida familiar seja importante, ela não deve ofuscar o centro da celebração.

O sentido da família de Nazaré
       
É bem verdade que os textos eucológicos nos apresentam uma linguagem ambígua, que, aos mais desavisados, pode levar a uma leitura reducente do significado desta celebração. A Oração do Dia, por exemplo, fala em exemplo e virtudes da Sagrada Família, mas não evidencia quais são. O mesmo se diga da oração depois da comunhão. Já a oração sobre as oferendas nos dá um viés interessante: firmeis as nossas famílias na vossa graça.

      Aqui temos a chance de nos aproximar do aspecto do mistério da celebração, isto é, da possibilidade de nossa participação: Jesus habita no seio da família de Nazaré, revelando como lugar de manifestação da glória de Deus. Ela, a família de Nazaré, é ícone primeiro da comunidade dos fiéis e depois da humanidade inteira, que se deixa conduzir pela vontade do Senhor e se põe a seu serviço. O casal, Maria e José, acolhem em seu seio familiar, o Verbo de Deus. É portanto, a Palavra de Deus núcleo gerador daquela família e por decorrência, de toda família que se entenda cristã. Sua existência está vinculada à atuação da graça divina. Todos são Filhos do Mandamento, em Jesus.

       Em Jesus, Deus relaciona a família humana com a divina. O terceiro prefácio do Natal é oportuno para esta liturgia e nos fornece a chave com a qual devemos celebrar: “Por ele (Cristo) realizou-se neste dia o maravilhoso encontro que nos faz renascer, pois, enquanto vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade; torna-se de tal modo um de nós que nos tornamos eternos.”

5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

A Liturgia da Palavra conduz à Liturgia Eucarística, e a Liturgia Eucarística plenifica-se na Liturgia da Palavra. Na festa que hoje celebramos, a Palavra proclamada leva-nos a rezar: “Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes para que, unidos pelos do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa” (oração do dia). Leva-nos a pedir que “pela intercessão da Virgem Mãe de Deus e do bem-aventurado São José, firmeis nossas famílias na vossa graça, conservando-as na vossa paz” (oração sobre as oferendas). O Prefácio próprio desta festa recorda que Jesus, ao assumir a natureza humana no seio de uma família, nos trouxe incomparável dignidade e “ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos”. Por essa razão, agora e sempre nós cantamos: “Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo”.

Como participantes da grande família cristã, reunimo-nos, todo Domingo, Dia do Senhor, para celebrar, para render graças a Deus, para nos alimentar do pão da Palavra e do pão da Eucaristia. Reconfortados e fortalecidos por este sacramento, retornamos à missão mais comprometidos, e hoje, particularmente, com a proposta de sempre imitar a Sagrada Família (cf. oração após a comunhão).

6- ORIENTAÇÕES GERAIS

1. Pedir que pessoas da mesma família fiquem próximas durante a celebração, reafirmando o valor e o simbolismo da proximidade física.

2. Não podemos esquecer que a Festa da Sagrada Família é uma festa natalina, não podemos fazer da celebração uma missa temática sobre a família.

3. Nossa comunidade é uma família. Quando se reúne em assembléia para ouvir a Palavra e celebrar a ceia do Senhor, torna-se ela mesma lugar privilegiado da presença do Senhor (Templo vivo do Espírito).

4. Cada pessoa que chega deve sentir-se de fato na Casa aconchegante de Deus. Por isso, é de suma importância que todos sejam bem acolhidos, num espaço também acolhedor. Não de Maneira formal, artificial, como acontece muitas vezes em ambientes de prestação de serviços públicos. Mas de maneira profundamente humana, carinhosa, afetuosa, divinamente humana. Acolher na celebração é uma forma de oração!

5. A festa do Natal do Senhor tem uma profunda e importante ligação com a Páscoa, podendo até dizer que as duas são inseparáveis. Neste pequeno tempo litúrgico se celebra o Nascimento de Jesus, sua entrega total até a morte na cruz e sua vitória sobre o mal e a morte. Com o Natal, damos início ao ciclo da nossa fé cristã, onde celebramos o Nascimento do Senhor e recordamos a sua paixão, morte e ressurreição. Ao mesmo tempo, com a Epifania (manifestação) o Natal é um dos dois pólos do Ano Litúrgico. O Natal é a Santa Páscoa em germe. Pois a Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo a carne, é o início da Páscoa. Encarnação e Ressurreição são inseparáveis

            6. Valorizar hoje: presépio, flores, luzes, estrelas, vestes brancas ou coloridas e dança litúrgica, pois estamos no Tempo do Natal.

7. A celebração do Natal não é comemoração de um aniversário. É, antes de tudo, um “sacramento” (presença “hoje” da Luz que nasceu e brilhou definitivamente na Páscoa). Por isso, pedagogicamente, é bom evitar qualquer identificação simples do Natal com aniversário. Evite-se cantar parabéns a Jesus.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada Domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo do Natal, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. A função da equipe de canto não é simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste Tempo do Natal. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico, com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, “inseri-la no mistério celebrado” (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico I da CNBB nos oferece uma ótima opção, que muitos estão gravados no CD: Liturgia V.

1. Canto de abertura. Maria, José e os pastores ao presépio (Lucas 2,16). Sem dúvida, o canto de abertura mais adequado pra esse dia é: “Nasceu-nos, hoje, um Menino”, Salmo 98, CD: Liturgia V, melodia da faixa 6. Temos também outras duas possibilidades. Uma delas é o Salmo 66/67: “Tua bênção, Senhor, nos ilumine”. Destaque para a estrofe que fala: “Deus se compadece e de nós se compraz, em nós resplandece seu rosto de paz”, CD: Liturgia V, melodia da faixa 11. A outra possibilidade é: “Nasceu a flor formosa, da tribo de Jessé”, Hinário Litúrgico I da CNBB, página 79. Como canto de abertura, não podemos deixar de entoar um desses cantos que nos introduzem no mistério a ser celebrado.

2- Ato penitencial – Missal Romano iniciando na página 395.

3. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas...” Vejam o CD: Tríduo Pascal I e II e também no CD: Festas Litúrgicas, Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria e outros compositores.

O Hino de Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia. 

4. Salmo responsorial 127/128. Bênção da família do justo. “Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos!”, CD: Liturgia V melodia da faixa 9.

Para a Liturgia da Palavra ser mais rica e proveitosa, há séculos um salmo tem sido cantado como prolongamento meditativo e orante da Palavra proclamada. Ele reaviva o diálogo da Aliança entre Deus e seu povo, estreita os laços de amor e fidelidade. A tradicional execução do Salmo responsorial é dialogal: o povo responde com um refrão aos versos do Salmo, cantados por um ou uma salmista. Deve ser cantado da mesa da Palavra.

5. Aclamação ao Evangelho. A paz de Cristo e sua palavra habitem em vós (Colossenses 3,15a.16a). “Que a paz de Cristo reine em vossos corações...”, CD: Liturgia V, melodia da faixa 3. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical, página 718.

A aclamação ao Evangelho é um grito do povo reunido, expressando seu consentimento, aplauso e voto. É um louvor vibrante ao Cristo, que nos vem relatar Deus e seu Reino no meio das pessoas. Ele é cantado enquanto todos se preparam para ouvir o Evangelho (todos se levantam, quem está presidindo vai até ao Ambão).

6. Apresentação dos dons.  O canto de apresentação das oferendas, conforme orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração no Tempo do Natal. Para a festa da Sagrada Família, sugerimos o canto “Nas terras do Oriente, surgiu dos céus uma luz”, CD: Liturgia V, melodia da faixa 10. “Cristãos, vinde todos” CD: Liturgia V, melodia da faixa 4.

7. Canto de comunhão. Deus conviveu com os homens (Baruc 3,38). Hoje é muito oportuno como canto de comunhão cantar o Cântico de Simeão: “Agora Senhor, podes deixar, partir em paz teu servidor”, Hinário Litúrgico I da CNBB, página ... Se a equipe de liturgia e a equipe de canto não conhecer temos outras opções. “Nasceu em Belém e Belém quer dizer: a casa do pão”, Hinário Litúrgico I, página 80; “Nasceu a flor formosa da tribo de Jessé” Hinário Litúrgico I, pagina 79; “O Verbo se fez carne e habitou entre nós..., João 1,14 e estrofes do Salmo 147, Louva Jerusalém, louva o Senhor teu Deus...”,  Hinário Litúrgico I, página 35; “Da cepa brotou a rama”, Isaias 11, CD: Liturgia V, melodia da faixa 10. Estes cantos retomam o Evangelho na comunhão de maneira autentica. Veja orientação abaixo.

O fato de a Antífona da Comunhão, em geral, retomar um texto do Evangelho do dia revela a profunda unidade entre a Liturgia da Palavra e a Liturgia, Eucarística e evidencia que a participação na Ceia do Senhor, mediante a Comunhão, implica um compromisso de realizar, no dia-a-dia da vida, aquela mesma entrega do Corpo e do Sangue de Cristo, oferecidos uma vez por todas (Hebreus 7,27).

8. Canto de louvor a Deus após a comunhão. Depois do silêncio após a comunhão, cantar o Magnificat, o canto de Maria.

9- Canto final.  “Cristãos, vinde todos, com alegres cantos”, CD: Liturgia V, melodia da faixa 4; “Vinde Cristãos, vinde à porfia..., Hinário Litúrgico I, página 90. A equipe de celebração e a assembléia se aproximam do presépio e se ajoelham para um gesto de adoração durante o canto final. Se a celebração for durante a noite é oportuno cantar: “Noite Feliz”.

8- ESPAÇO CELEBRATIVO

1. Uma orientação para o Tempo do Natal: Usar o recurso da iluminação na igreja e também no presépio, com foco de luz sobre a imagem do Menino na manjedoura. Evite-se, no máximo, o uso de pisca-piscas, tanto no presépio como em árvores de Natal dentro do espaço da celebração como em muitas comunidades se faz! É que o show de pisca-piscas durante a missa transforma-se em “ruído”, “rouba a cena”, pois distrai as pessoas do verdadeiro centro de atenção, que é o mistério celebrado na mesa da Palavra e na mesa da Eucaristia. . São símbolos da onda consumista das festas natalinas e de final de ano que invade as mentes e os corações das pessoas já desde o mês de outubro. Não se deixem influenciar por esta onda consumista que queima etapas e deturpa o Mistério do Natal. Evitem-se também músicas comercias de Natal.

2. Sem dúvidas, as celebrações natalinas devem fazer-se notar pela ornamentação do espaço e por sua iluminação. Estamos muito acostumados em nossos templos, à iluminação direta e exagerada, o que causa dispersão na assembléia. A experiência das trevas nos ajuda a perceber a força da importância da luz. Sugerimos que, nas celebrações da noite, o templo esteja na penumbra. Pelo espaço, podem ser espalhadas diversas velas coloridas, que deverão ser acesas no momento oportuno. Em destaque esteja o Círio Pascal. Não podemos esquecer que a Festa da Sagrada Família é uma celebração natalina.

9. AÇÃO RITUAL

Deus ao tomar parte na família humana, revela-se não mais apenas como Criador, mas como Redentor, no sentido de ser aquele que recupera a dignidade ferida do mundo e da humanidade e paga um preço para isso: tornar-se humano e estar sujeito à morte. Para garantir a vida, submete-se à morte. Por isso a vence. A celebração da Sagrada Família nos faz participar deste mistério e abre nossa consciência para a importância das relações familiares (não só consangüíneas) na construção do Mundo de Deus.

Ritos Iniciais

1. Entoe-se o Canto de Abertura “Nasceu-nos hoje um Menino ou “Nasceu a flor formosa da tribo de Jessé” e lembrando a Sagrada Família de Jesus, Maria e José, sugere-se que uma família participe com os ministros na procissão de entrada para a celebração levando a imagem da Sagrada Família.

2. Para saudação presidencial poderá ser inspirada em Gálatas 4,4:

O Deus que, na plenitude dos tempos, enviou o seu Filho nascido de uma mulher, pela ação do Espírito Santo, esteja convosco.
Todos: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.

3. A pós a saudação, o presidente, ou o diácono ou animador propõe o sentido litúrgico:

Domingo da Sagrada Família. Irmãos e irmãs, como os pastores, vamos a Belém encontrar o Menino com Maria e José. Demos graças ao Pai por Jesus ter nascido numa família humana, contribuindo para congregar as pessoas, as famílias, a Igreja e a humanidade.

4. Após a saudação do altar e da assembléia, seguido ao sentido litúrgico sugerims, o rito da Recordação da Vida. Conforme as circunstâncias, pode-se ouvir as alegrias, as dificuldades e os sonhos das famílias presentes. Pode ser preparado com antecipação ou feito de maneira espontânea (sendo que este último caso é o mais apropriado para as comunidades pequenas e que já tenham certo costume com o rito, para que não o transformem em um momento de súplicas, ação de graças ou intercessão). A equipe pode criativamente ajudar a comunidade a recordar acontecimentos e pessoas em que se reconhece hoje a passagem libertadora de Deus. Nessa Recordação da Vida, pode-se escolher acontecimentos da vida da comunidade, da Paróquia, da Diocese e da sociedade como um todo que revelam a presença salvadora de Deus.

5. O Ato penitencial pode ser feito conforme a primeira fórmula do Missal Romano, página 395.

Senhor, Filho de Deus, que nascendo da Virgem Maria, vos fizestes nosso irmão, tende piedade de nós.

6. O Hino de Louvor (Glória) é, sem dúvida, um dos momentos altos da celebração. Deve ser cantado solenemente por toda a assembléia. Deve-se estar atento na escolha dos cantos para o momento do glória. Ideal seria cantar o texto mesmo, tal como nos foi transmitido desde a antiguidade, que se encontra no Missal Romano, ou, pelo menos, o mesmo texto em linguagem mais adaptada para o nosso meio e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria e outros compositores (como já existe!). Evitem-se, portanto, os “glórinhas” trinitários! O hino de louvor (glória) não de caráter Trinitário e sim Cristológico.  Pode ser acompanhado de uma coreografia feita por um grupo de crianças e ao som de sinos, onde houver.

7. Na oração do dia pedimos a Deus que nos ajude a imitar as virtudes da Família de Nazaré. O exemplo da família de Nazaré é laço do amor.

Rito da Palavra

1. Dar destaque especial à Liturgia da Palavra, proclamando bem as leituras, especialmente o Evangelho. O Evangeliário pode ser acompanhado de tochas e incenso. E a proclamação deve ser feita de tal maneira que a comunidade viva e experiência da Encarnação de Jesus o Verbo (Palavra) que se fez carne e habitou entre nós. Palavra que é o próprio Cristo, recebendo acolhida na assembléia reunida, seu Corpo.

2. Hoje a primeira leitura poderia ser proclamada por um pai ou um jovem. Mas preparar bem antes! A preparação prévia é de suma importância. Antes de ler, é preciso primeiro mergulhar na Palavra, rezar a Palavra. Pois “na liturgia da Palavra, Cristo está realmente presente e atuante no Espírito Santo. Daí decorre a exigência para os leitores, ainda mais para quem proclama o Evangelho, de ter uma atitude espiritual de quem está sendo porta-voz de Deus que fala ao seu povo”.

3. Na Profissão de fé (Creio), usar o “Símbolo de Nicéia- Constantinopla” é mais extenso e mais completo que o “símbolo apostólico” que se costuma usar todos os domingos. No Natal, como em outros dias festivos, é interessante usar o primeiro, que fala mais sobre a Encarnação do Filho de Deus: “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito do Pai, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós homens e para a nossa salvação, desceu dos céus; e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem (...)”. Durante as palavras “e se encarnou”, todos se ajoelham em sinal de adoração.
           
Rito da Eucaristia

1. Na oração sobre as oferendas pedimos a intercessão de Maria e José para que Deus firme nossas famílias na Sua graça e paz.

2. Assim como a Encarnação do Cristo eleva a natureza humana a ser capaz de conter Deus, assim sua habitação num lar humano faz deste lar uma casa de Deus, o que é a vocação de toso os lares: serem lugares de tanta bondade, que até deus aí se sinta em casa. Neste sentido, o Prefácio de Natal III pode destacar a idéia da vocação divina de nossa existência e de suas estruturas (quando se conformarem ao seu espírito).
           
            3. A Oração Eucarística I (ou Cânon Romano) é um pouco mais longa, mas tem a vantagem de oferecer uma parte própria para o Natal: “Em comunhão com toda a Igreja, celebramos o dia santo (a noite santa) em que a Virgem Maria deu ao mundo o Salvador. Veneramos também a mesma Virgem Maria e seu esposo São José”. 

4. Onde for possível antes da Oração Eucarística, isto é, antes do diálogo inicial, a comunidade seja convidada a proclamar as esperanças que animam, hoje, a caminhada das famílias. Onde houver Celebração da Palavra pode ser feito antes da Louvação.
5. Na celebração da Palavra, onde não houver Missa, após o rito da Palavra, cantar a Louvação do Natal sugerida no Hinário Litúrgico I, CNBB, página 74.

Ritos Finais

1. Na oração depois da comunhão pedimos ao Pai de bondade que a refeitos com o sacramento da Eucaristia, possamos imitar no nosso dia a dia a Sagrada Família e após a nossa caminhada neste mundo, possamos conviver com ela no céu.

2. Bênção especial, com imposição das mãos sobre as famílias presentes e oração própria. Em seguida, abençoar toda a comunidade com a fórmula solene, e própria do Tempo do Natal (cf. Missal Romano, página 520).

3. Convidar todas as famílias a se aproximarem da imagem ou ícone da Sagrada Família. Colocar um braseiro nos pés da imagem. Um pai, ou numa mãe ou um filho se aproxima do braseiro e coloque o incenso. Em seguida quem preside entende as mãos sobre as famílias e faz a bênção:

Ó Deus bendito, em Jesus, teu Filho e Senhor Nosso, vieste dignificar a família humana. Nós vos bendizemos, Senhor nosso Deus, pois quisestes que o vosso Filho feito homem participasse da família humana e crescesse em estrita intimidade familiar, para conhecer as aflições a provar as alegrias de uma família.
Senhor, nós vos rogamos humildemente por estas famílias; protegei-as e guardai-as, para que confortadas com o dom de vossa graça, gozem de paz e harmonia e dêem no mundo testemunho de vossa glória, agindo como verdadeira Igreja doméstica. Por Cristo nosso Senhor. Amém!

4. As palavras do rito de envio podem estar em consonância como mistério celebrado: A alegria do Senhor seja a vossa força. Esposas, maridos e filhos, vivam no amor de Deus. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

            5. No final, seguir em procissão até o presépio e convidar todos a se aproximarem do mesmo, símbolo do Natal e cantar: “Cristãos, vinde todos”, CD: Liturgia V, melodia da faixa 4, “Vinde Cristãos, vinde à porfia”, Hinário Litúrgico I, página 90. Se a celebração for durante a noite, pode-se cantar “Noite Feliz”.
           
            6. Em muitos lugares, costuma-se fazer uma adoração ao presépio. Esta adoração, como parte da celebração, poderia integrar cantos citados acima, nº 9. Onde houver “Folia de Reis”, convidar para este momento com seus cantos populares para homenagear o Menino Deus, uma espécie de auto de Natal (canto, dança no final da celebração).

11- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Natal é a presença transformadora de Deus na vida e na história das pessoas. Na festa do Natal, desfrutamos desta presença de Deus. Mas também somos responsáveis por sua difusão no mundo das pessoas.

Como Cristo quis reformar todas as coisas, levando-as de volta ao seu primitivo esplendor, assim agiu assumindo uma família, santificando a família e encarregando-a de uma missão apostólica. Os tempos de hoje, tão repletos de visões de desamor, e desesperança, esperam ver na família uma afirmação de fé, amor humano, de confiança em Deus, de esperança na pessoa humana.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
Pe. Benedito Mazeti


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