08 de novembro de 2015
1Reis 17,10-16
Salmo 145/146,7-10
Hebreus 9,24-28
Marcos 12,38-44
“ESTA POBRE VIÚVA DEU MAIS QUE TODOS OS
OUTROS”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo da
oferta da viúva. Celebremos a Páscoa de Jesus Cristo que se manifesta na sua
compaixão para a pobre viúva e na fé de todos os pobres e pequenos
convidando-nos a fazer o mesmo.
O 32º Domingo
do Tempo Comum nos mostra Jesus já em Jerusalém após a sua entrada triunfal. Agora
está dentro do Templo de Jerusalém e observa as doações que as pessoas faziam
no cofre do Templo. Ele nos convida a valorizar os pequenos gestos. Olhando a
pequena oferta da viúva, que depositou no cofre do Templo, tudo o que tinha
para viver, nos ensina que a doação pode ser insignificante aos olhos dos
economistas, mas a doação é total e verdadeira.
Outra figura
heróica é a viúva de Sarepta. Seu gesto de doação total ilumina nossa confiança
em Deus e nossa capacidade de partilhar como os irmãos e irmãs. Nas pequenas
doações, consideradas insignificantes, feitas com total generosidade, podemos
fazer de nossa vida uma oferta agradável a Deus a aos irmãos. “Deus ama quem
partilha com alegria”.
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Primeira leitura – 1Reis 17,10-16. O
profeta Elias, fugindo das ameaças da poderosa Rainha Jezabel, por ter sido
considerado culpado da maldição que se abateu sobre o povo – devido à seca
prolongada e, por conseqüência, à fome -, encontra hospitalidade em terra pagã.
O gesto do
profeta Elias de bom grado multiplica os contrastes. Esta passagem, por
exemplo, provoca um contraste entre a viúva de Sarepta e a Rainha Jezabel. Ela
impõe seu deus pagão Baal a Israel (1Reis 18,19); a viúva acolhe em pleno
território pagão o Deus Javé anunciado pelo profeta. Jezabel vive no luxo e na
riqueza (1Reis 21), a viúva de Sarepta vive na maior penúria. Elias amaldiçoa
Jezabel com a morte (1Reis 21,17-24); para a viúva pobre traz uma bênção de
vida e de abundância.
Primeiramente
o episódio é um relato da fé. Era preciso que o profeta Elias tivesse fé para
ousar pedir à viúva que o alimentasse com o resto de suas provisões (versículos
11-13). Esta fé vai ao encontro de Abraão.
O episódio
também revela a dimensão universalista da Palavra profética. Elias não se
dirige somente ao povo eleito de Israel, mas oferece a salvação aos pobres das
outras nações (cf. Lucas 4,25-26). Em relação a isso, está leitura prepara
admiravelmente bem as mais belas passagens do apóstolo Paulo sobre o acesso das
nações à salvação apenas pela fé na Palavra de Deus e sem as obras da lei!
Qual é a
mensagem particular de 1Reis 17,10-16? O profeta Elias e outros profetas de
Deus contemporâneos foram perseguidos sob instigação da rainha Jezabel, filha
de Ittobaal, rei de Tiro na Fenícia (hoje Líbano). O rei de Israel, Acab, por
influencia da rainha Jezabel, aquiesceu demais em permitir o culto idolátrico
de Baal, deus da fertilidade da terra. Esse culto pagão incentivava o povo a
plantar, mas para enriquecer a corte. Por isso o país é vitima de uma fome. A
fome castigava a terra que tinha Baal como deus da chuva e da fertilidade. As
promessas de abundantes colheitas, animais fecundos, riqueza e prosperidade
constituíam tentações para os israelitas se converterem a Baal abandonando o
Deus vivo. Todavia, mesmo em terra estranha, o Senhor sustenta com alimento e
bebida aqueles que crêem Nele.
A generosidade
da viúva que, prontamente, acreditou nas palavras do profeta é recompensada com
o alimento por todo o tempo de carestia. Ao abraçar a fé no Deus do profeta,
ela obtém a dádiva de ver seu filho curado.
Salmo responsorial – 145/146,7-10. Este
Salmo abre o terceiro Hallel (Salmos 145-150, recitado de manhã pelos judeus.
Ele é um hino de louvor, celebrando o projeto de Deus e o que Ele produz, em
oposição aos projetos dos poderosos e injustos. Para os judeus, começa aqui o
louvor da manhã, terceiro louvor do povo de Deus (113-118; 136; 146-150). O
Senhor acompanha com olhar de predileção os pobres.
O rosto de
Deus neste salmo. Em tudo e sempre, aliado dos justos, contra os injustos,
fiel. Feliz quem nele se apóia. Um Deus que mostra seu rosto como libertador de
todos os fracos.
O Salmo
responsorial é uma exortação ao louvor e á confiança no Senhor que tudo
governa. Ele é um Deus que age sempre: faz justiça aos oprimidos, dá alimento
aos famintos, liberta os cativos, abre os olhos aos cegos, ergue os caídos ama
o que é justo, protege o estrangeiro, ampara o órfão e a viúva, confunde os
caminhos dos maus e é rei para sempre
Por meio deste
salmo, peçamos que Deus renove nossa confiança de que Ele nos levanta de todas
as nossas recaídas.
R: BENDIZE,
MINHA ALMA, BENDIZE AO SENHOR!
Segunda-leitura – Hebreus 9,24-28. Estes
versículos escolhidos para a liturgia deste domingo, constituem a conclusão da
exposição sobre o papel sacrifical de Cristo, considerado como a realização
perfeita da celebração da festa da Expiação (cf. Levítico 16,11-16). Em
particular o autor mostrou como Cristo introduziu no Santo dos Santos, junto a
Deus, toda a humanidade (versículos 11-13) e como seu sacrifício purifica e
consagra o fiel como sacerdote e como vítima do culto em espírito e em verdade
(versículo 14; cf. romanos 12,1-2). Fiel ao ritual do Levítico capítulo 16, o
autor conserva dois temas importantes da festa da Expiação: a entrada solene do
sumo sacerdote no Santo dos Santos (versículos 24,26-27) e o sacrifício
expiatório propriamente dito (versículos 24,28a).
A entrada de
Cristo no Santo dos Santos não é mais ritmada, como a do sumo sacerdote, pela
volta do ano e pela periodicidade de suas festas. Jesus Cristo entrou num
“agora” eterno (versículos 24 e 26), uma vez por todas (versículo 26), enquanto
que o sumo sacerdote estava submetido aos ciclos e às repetições incessantes.
Além do mais, Cristo penetrou num Santo dos Santos muito mais autentico que o
do Templo (versículo 24), não apenas por alguns momentos, à maneira do sumo
sacerdote, mas para sempre.
A carta aos
hebreus prende-se a um único aspecto da eficácia do sangue de Cristo: o da
purificação e da expiação. Enfatizado desde o começo da carta (Hebreus 1,3),
este tema se destina a fazer compreender que Cristo, por sua morte e
ressurreição, é capaz de apagar e perdoar os pecados, não de maneira exterior
como o sangue dos cabritos (versículo 25), mas fundamentalmente, pois Ele foi o
primeiro homem a realizar uma vida sem pecado e o primeiro Senhor a poder
abolir o reino do mal.
Portanto,
Jesus Cristo é o único e verdadeiro sacerdote que exerce seu ministério em um
santuário que não foi construído por mãos humanas e se oferece, uma vez por
todas, num sacrifício perfeito, como gesto de amor para o perdão dos pecados e,
na segunda vinda, para tornar participantes de sua glória todos os Nele
perseverarem.
A segunda
vinda de Cristo nada tem a ver com o pecado, visto que já na primeira vinda não
teve pecado (Hebreus 4,15) mas apenas a missão de salvador. Há um contraste
entre a primeira e segunda vinda de Cristo: na primeira tomou sobre si os
pecados de todos (cf. Romanos 8,3; 2Coríntios 5,21; Gálatas 3,13); ao passo que
na segunda aparecerá “sem pecados” (versículo 28), livre de carga expiatória do
mal, como os inimigos já vencidos e resplandecendo de glória, da qual nos fará
participantes se permanecermos fiéis (cf. Filipenses 3,20s).
Evangelho – Marcos 12,38-44. O
Evangelho deste domingo contrapõe a simplicidade generosa de uma viúva à
ostentação dos escribas, dos letrados de Israel. Em seu último discurso
público, no Templo, Jesus censura a ambição e a hipocrisia judaica:
“Guardai-vos dos escribas”. Jesus reprova neles atitudes de exibicionismo e autolatria clericais (Marcos 12,38-39),
de parasitismo à custa das pessoas mais necessitadas da sociedade (Marcos
12,40a) e de embuste religioso
(Marcos 12,40b). Jesus previne Seus discípulos contra tais comportamentos dos
escribas, que exploram sua posição na sociedade para projetar-se a si mesmos,
gozar honrarias e banquetear-se e enriquecer-se ilicitamente. Em seu estilo profético Jesus denuncia que as
viúvas, em cuja defesa testemunham a Lei e os Profetas (cf. Êxodo 22,28;
Deuteronômio 24,17; 27,19; Isaias 1,17; Jeremias 7,6; 22,3; Zacarias 7,10;
Malaquias 1,3.5), são, como sempre (2Samuel 14,4ss; 2Reis 4,1; Jó 22,9;
24,3.21; Salmo 93,6; Isaias 1,23; 10,2; Ezequiel 22,7), as vítimas de tal
parasitismo. Os textos do Primeiro Testamento citados evidenciam que Jesus cita
as viúvas como o grupo mais vulnerável de todas aquelas categorias de pessoas
que são as vítimas fáceis da exploração feita sob a invocação inescrupulosa do
nome de Deus.
Os escribas
para não serem confundidos com as pessoas simples do povo e para afirmarem sua pertença
a uma classe distinta, usam distintivos e trajam longas e vistosas vestes com a
intenção de atrair a atenção de todos nos locais por onde passam e serem alvo
de todos os privilégios. Exigiam tratamento diferenciado no tocante à saudação,
à sua passagem pelas ruas, exigiam os primeiros lugares nos banquetes e o
silêncio obsequioso quando algum deles falasse.
Os escribas
interpretavam os preceitos do Senhor, as prescrições do povo de Israel e
julgavam nos tribunais os que não cumpriam a Lei. Apresentavam-se muito
religiosos (longas orações), mas eram incoerentes, porque exploravam “as casas
das viúvas”, isto é, as pessoas indefesas da sociedade. Ao reconhecimento da
sua superioridade corresponde a submissão do povo.
Jesus previne
seus discípulos contra o modo de proceder de quem, por meio de verdadeiras
encenações públicas, utiliza a posição social para projetar-se, gozar de
honrarias e obter prestígio. O culto à superioridade cria a desigualdade e
afirma o domínio sobre o povo. Esse tipo de gente, além de se apresentar como
modelo de intercessor junto de Deus, disfarça sua ganância de riquezas,
forçando suas vitimas a serem agradecidas pela injustiça de que são objetos.
De um lado a
ostentação com que os ricos põem uma parte de sua opulência no cofre do Templo
de Jerusalém – provavelmente existia de declarar em voz alta a quantia
depositada –, semelhante ao comportamento dos escribas, que querem ser vistos e
respeitados pelos homens. De outro lado está a viúva pobre que põe seus últimos
trocados no cofre. Depositando “todo o seu sustento” (toda a sua vida) no cofre
do Templo, mostrou que se confiou em reservas nas mãos de Deus e colocou Nele
toda a sua esperança.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
A hipocrisia
dos escribas está bem presente em nosso tempo. Todo dia destacam-se mais as
aparências, o status social e o sucesso. Manipulam-se os sentimentos religiosos
das pessoas simples (das “viúvas”) para salvaguardar os próprios interesses
políticos e econômicos. Mesmo no interior da Igreja, contra toda a lógica do
Evangelho, há aqueles que fazem de sua vida uma corrida em busca de honrarias,
prestígio e aplausos. Iludem-se, pois a fama pela fama, a aparência pela
aparência só traz um imenso vazio. No passado, Jesus alertou os discípulos:
“Guardai-vos dos escribas”. Hoje ele avisa: “Não se iludam com os modelos de
sucesso que existem por ai”.
A oferta da
viúva parece tão insignificante, mas, por trás do seu gesto, uma atitude de fé
exemplar: ela não guardou nada para si, colocou nas mãos de Deus tudo o que
tinha para viver. Ao engrandecer o gesto da viúva, Jesus se revela em sua
própria fé, pois Ele conhecia o significado de uma entrega profunda de si mesmo
e de uma existência inteira nas mãos de Deus
Na celebração,
à luz da fé e entrega de Jesus ao Pai, o gesto da viúva se revela para a
comunidade como ação pascal. Repartindo o pão em ação de graças, o Espírito de
Deus opera em nós o desejo de uma abertura e de um amor capaz de doar tudo de
si, em benefício do bem comum.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
Ao celebrar o
Mistério Pascal de Jesus Cristo fortalece em nós o vínculo com Ele, a fim de
que vivamos segundo o governo de Deus. A
liturgia celebrada, portanto, desdobra a graça batismal em atitudes que dão
oriente à nossa vida frágil e que, ao mesmo tempo, revelam em meio a cruz
cotidiana a glória da ressurreição (cf. Prefácio da Oração Eucarística !!).
O sofrimento
da viúva que depõe sua oferenda no Templo, inerente à sua condição não só
social (ser pobre) e diante da comunidade (ser viúva) ocasiona uma necessária
releitura de sua existência – e é desta resignificação que surge o valor de dar
tudo de si. Da mesma forma, a comunidade experimenta de sua própria fraqueza e
transforma este fato em oportunidade para manifestar sua entrega confiante a
Deus. Daí surge a perseverança no caminho, muito embora esteja repleta de
“vários senão” e dificuldades, à imagem de perseverança de Cristo até a cruz, num sacrifício de si mesmo (cf.
segunda leitura)
Os nossos
ritos, realizados no interior das celebrações da Igreja devem encontrar
correspondência com a vida que levamos para além do altar, pois o Senhor nos
acompanha até lá, como canta Zé Vicente: “Bendito seja Jesus que conosco estará
além do altar”. A finalidade de dos ritos finais é que os fiéis é que os fiéis
dispersos no mundo, dêem bom testemunho do Ressuscitado, manifestando com uma
vida justa e santa a participação no mistério pascal realizada mediante a
escuta da Palavra e a comunhão sacramental. Não podemos esquecer que eles são
mediação para a experiência do amor salvador de Deus e não podemos torná-los
cerimônias estéreis.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
A Eucaristia é
memorial da entrega, da oferta total que Jesus faz de si mesmo. Ele torna a sua
vida uma oferta a Deus Pai e à humanidade. A generosidade das viúvas, do
Primeiro Testamento e do Novo Testamento, que doaram tudo o que possuíam e a si
mesmas, é prefiguração e expressão da atitude sacerdotal de Jesus Cristo.
A Eucaristia é
a ação de graças pela criação, pela ação de Deus na história e pelo próprio dom
de Jesus Cristo, que livremente se entrega por nós e por amor ao Pai. A doação
incondicional de Jesus é uma ação profundamente humana de entrega, pela qual se
expressa o amor de Deus por nós; ação que nos convida a fazer também da nossa
vida uma doação. É essencial ao espírito da celebração eucarística o gesto da
solidariedade com os pobres e esquecidos.
Santo
Agostinho afirma: “Cristo se entregou uma vez para que nós nos convertêssemos
em seu corpo. Mas quis que nos fizéssemos dessa sua entrega um sacramento
cotidiano, nosso sacrifício da Igreja, que, assim, pelo fato de ser o corpo de
Cristo-cabeça, aprenda a ofertar-se a si mesma nele, e assim cada vez o melhor
sacrifício, ou seja, nós mesmos, a cidade de Deus, quando em nossa oblação
celebramos o sacramento do sacrifício”.
O rito da
coleta dos dons e sua procissão ao altar junto com o pão e o vinho da
Eucaristia, além de simbolizar a vida da comunidade, a gratidão por todas as
bênçãos e favores recebidos de Deus, expressa a capacidade de comunhão e de
solidariedade das pessoas reunidas em assembléia eucarística. Por essa razão, o
ministro reza: “Concedei, Senhor nosso Deus, que a oferenda colocada sob o
vosso olhar nos alcance a graça de vos servir...” “(...) dai-nos estender a
todos vossa infinita caridade”.
6- ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Realizar a
liturgia da Palavra com especial carinho, proclamando bem as leituras e cantar
o Salmo responsorial de forma que a assembléia participe repetindo o refrão.
Substituir os comentários por breves instantes de silêncio depois da cada
leitura.
2. A homilia
deve ajudar a assembléia a ligar a Palavra de Deus com a realidade em que
vivemos e com o mistério que celebramos.
3. Valorizar
os momentos de silêncio durante a
celebração (no início da celebração, após cada leitura e o canto do salmo, após
a homilia, após a comunhão...) para que o louvor bote do coração e da vida, não
só dos lábios. Privilegie-se o silêncio
como expressão de intimidade pessoal e comunitária com o mistério celebrado.
4. Dar maior
atenção a toda a liturgia eucarística como ação de graças – dom gratuito que
Jesus Cristo faz de sua vida ao Pai pela libertação da Humanidade: cantar o
prefácio (ou a louvação da celebração da Palavra), o santo as aclamações e o
Amém final da Oração Eucarística. Evitem-se cantos e gestos devocionais e
individualistas (“Bendito, louvado seja”, “Deus está aqui”, “Eu te adoro,
hóstia divina” etc.).
5. A narrativa
da instituição da eucaristia não é uma imitação da última ceia; por isso não se parte o pão neste momento como
algumas vezes acontece. A liturgia eucarística, como se disse, é fazer o
que Jesus fez: tomou o pão e o vinho, deus graças, partiu o pão e o deu (comer
e beber). O partir o pão, como Jesus fez, corresponde à fração do pão em vista
da comunhão. Por isso, a Redemptionis Sacramentum, número 55, considera um
abuso partir o pão durante o relato da instituição.
6. Dia 12,
recordamos São Josafá e 14 é Dia Nacional da Alfabetização.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo Comum, é
preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser
cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado. A função da equipe de canto não é
simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 32º
Domingo do Tempo Comum. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico,
com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que
toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de
uma pastoral ou de um movimento. Jamais os cantos devem ser escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um
movimento ou de uma pastoral.
O uso do
repertório litúrgico, proposto nas celebrações, conforme o Hinário Litúrgico da
CNBB, deve ser mantido. Contudo, as variações e opções não devem restringir,
mas se ampliar, segundo o espírito da celebração e a inteligência da liturgia.
1. Canto de abertura. Súplica a Deus. “A ti, Senhor, meu pedido”,
CD: Liturgia VII, melodia da faixa 15.
Como canto de
abertura da celebração, sugere-se o canto proposto pelas Antífonas do Missal
Romano e ricamente musicadas pelo Hinário Litúrgico III da CNBB. Isso não
significa rigidez. Mas a equipe de liturgia, a equipe de celebração, a equipe
de canto juntamente com o padre têm a liberdade de variar sua escolha, desde
que isso manifeste o Mistério celebrado e seja fiel aos princípios que regem a
escolha de uma música adequada para a celebração. A assembleia litúrgica é o
povo de sacerdotes, que participam do sacerdócio de Cristo. Sugerimos, como
canto de abertura, o “Canta, meu povo, canta o louvor de teu Deus”, CD: Festas
Litúrgicas II, melodia da faixa 15 ou CD: Cantos de Abertura e Comunhão,
melodia da faixa 11; “Chegue até vós, Senhor, o meu clamor”!, Hinário Litúrgico
III, página 390-396.
Forma de
executar o canto de abertura. A vantagem de o povo responder com um refrão
(cantado de cor!) a alguns versos, entoados por um cantor ou a equipe de canto,
é a de a assembléia mais livremente poderem olhar e contemplar a procissão de
entrada dos ministros, às vezes precedidos pelas crianças da primeira
eucaristia, pelos jovens a ser crismados, pelo casal de noivos que vai se unir
em matrimônio etc. O canto de abertura
deve nos introduzir no mistério celebrado.
2. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo
Pascal I e II e também no CD: Festas Litúrgicas e também a versão da CNBB
musicado por Irmã Miria e outros compositores.
O Hino de
Louvor é chamado de “doxologia maior” em contraposição com a “doxologia menor”
que é o “Glória ao Pai...”. Trata-se de um hino antiqüíssimo, iniciando com o
louvor dos anjos na noite do Natal do Senhor (Lucas 2,14), desenvolveu-se antigamente
no Oriente, como homenagem a Jesus Cristo. Não constitui uma aclamação à
Santíssima Trindade, mas um hino Cristológico, isto é, os louvores se
concentram no Filho Jesus. É um hino pelo qual, a Igreja reunida no Espírito
Santo entoa louvores ao Pai e dirige súplicas ao Filho, Cordeiro e Mediador.
3. Salmo responsorial 145/146. Deus
é fiel: faz justiça aos oprimidos e dá pão aos famintos. “Bendize, minha alma,
bendize ao Senhor...”, CD: Liturgia IX, melodia da faixa 14.
Para a
Liturgia da Palavra ser mais rica e proveitosa, há séculos um salmo tem sido
cantado como prolongamento meditativo e orante da Palavra proclamada. Ele
reaviva o diálogo da Aliança entre Deus e seu povo, estreita os laços de amor e
fidelidade. A tradicional execução do Salmo responsorial é dialogal: o povo
responde com um refrão aos versos do Salmo, cantados um ou uma salmista. Deve
ser cantado da mesa da Palavra.
4. O canto ritual do Aleluia. “Então
dirá o rei aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai, recebei
por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo’. “Aleluia... Benditos
do Pai, se apossem do Reino,...”, CD: Liturgia VI, melodia e estrofes iguais à
faixa 20.
Por ser
diferente do Salmo Responsorial, o verso é uma citação do Evangelho que se
segue.
Mais do que
qualquer outra aclamação (Amém ou Hosana), o Aleluia é expressão de pura
alegria de êxtase. É o júbilo, a que Santo Agostinho se referia como “a voz de
pura alegria, sem palavra”. Este júbilo nos ensina que não podemos racionalizar
muito o mistério da Palavra. A Palavra deve tocar não nosso intelecto, mas o
coração.
O canto ritual
do Aleluia (ou aclamação do Evangelho é executado de forma “responsorial”.
- Aleluia (por
um solista);
- Aleluia
(retomado por toda a assembléia);
- Versículo
(por um solista)
- Aleluia
(retomado por toda a assembléia).
Esta forma
responsorial só é completa, quando o versículo bíblico é cantado, pois, caso
contrário, a resposta não tem seu verdadeiro efeito. Por ser diferente do Salmo
Responsorial, o verso é uma citação do Evangelho que se segue.
5. Apresentação dos dons. Momento
de partilha para com as necessidades do culto e da Igreja. O verdadeiro cristão
sempre passa das trevas à luz. A exemplo de Cristo, nós devemos partilhar com
os necessitados. O dízimo que ofertamos e o que contribuímos com a coleta da
Missa é partilha ou sobra? Vejamos o exemplo da viúva pobre. Devemos ser
oferendas com as nossas oferendas para socorrer os necessitados. “Bendito seja
Deus Pai...” CD: Liturgia VII, melodia da faixa 12.
6. Canto de comunhão. “Todos deram o que tinham de sobra, enquanto
ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver” (Marcos
9,44). “Não importa o tamanho da oferta... CD: Liturgia VII, melodia da faixa
18, exceto o refrão.
O Evangelho
nos mostra Jesus sempre tendo compaixão dos excluídos da sociedade: surdos,
mudos, órfãos, viúvas, estrangeiros, doentes e pecadores. Um Deus que se
compadece de todos e quer vida para todos (cf. João 10,10). O que orientamos a
respeito do canto de abertura, vale também para o canto de comunhão, não se
trata de rigidez. Nesse contexto a Igreja oferece também outra excelente opção:
“Quero cantar ao Senhor...”, Salmo
145/146, Ofício Divino das Comunidades página 196. Estes dois cantos retomam o
Evangelho na comunhão de maneira autentica.
O canto de
comunhão deve retomar o sentido do Evangelho do dia. Esta é a sua função
ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na
Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se
dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos
bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade
entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Isto significa que comungar
o corpo e sangue de Cristo é compromisso com o Evangelho proclamado. Portanto,
o mesmo Senhor que nos falou no Evangelho, nós o comungamos no pão e no vinho.
É de se lamentar que muitas vezes são escolhidos cantos individualistas de
acordo com a espiritualidade de certos movimentos, descaracterizando a
missionariedade da liturgia. Toda liturgia é uma celebração da Igreja e não
existem ritos para cada movimento e nem para cada pastoral. Cantos de adoração
ao Santíssimo, cantos de cunho individualista ou cantos temáticos não expressam
a densidade desse momento.
O fato de a
Antífona da Comunhão, em geral, retomar um texto do Evangelho do dia revela a
profunda unidade entre a Liturgia da Palavra e a Liturgia, Eucarística e
evidencia que a participação na Ceia do Senhor, mediante a Comunhão, implica um
compromisso de realizar, no dia-a-dia da vida, aquela mesma entrega do Corpo e
do Sangue de Cristo, oferecidos uma vez por todas (Hebreus 7,27).
Forma de
executar o Canto de Comunhão. A forma que a tradição litúrgica oferece para o
Canto de Comunhão, a de um refrão tirado do texto do Evangelho do dia alternado
por versos de um salmo apropriado, foi mantida no 3º fascículo do Hinário
Litúrgico da CNBB, nos cantos de Comunhão dos Anos A, B e C.
8- ESPAÇO CELEBRATIVO
1. Na
entrada da Igreja, bem à vista de todos, esteja preparado o pão e o vinho para
a celebração. Eles são sinais da entrega da vida de Jesus por nós e pela causa
do Reino.
3. A cruz é
uma peça importante nas celebrações do Mistério Pascal do Senhor. Ela é
entendida pela Instrução Geral do Missal Romano como um elemento que deve
recordar aos fiéis o acontecimento da fé ali celebrado.
4. Ela pode
ser processional, e por isso é chamada de cruz
litúrgica. Ela ocupa o lugar próximo do altar quando usada na procissão e
por isso é comumente ladeada por velas. Neste
domingo ela pode ser colocada próxima à cadeira de quem preside a
celebração, recordando a todos que não existe desfrute da glória sem a cruz,
sem saborear o cálice de Cristo. Neste caso, deve-se observar com atenção as
possibilidades de acordo com a disposição do espaço sagrado, para que as peças
não fiquem “espremidas”.
9. AÇÃO RITUAL
Acolher bem as
pessoas, que aos poucos vão formando a assembléia, símbolo do Corpo do Senhor.
O ensaio dos cantos e um breve momento de silêncio favorecem o clima de oração,
de participação interior e exterior, de encontro de Deus Pai com seus filhos e
filhas reunidos em assembléia.
Ritos Iniciais
1. A
celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto
de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a
assembléia no Mistério celebrado. O uso do repertório litúrgico, proposto nas
celebrações, conforme o Hinário Litúrgico da CNBB, deve ser mantido. Contudo,
as variações e opções não devem restringir, mas se ampliar, segundo o espírito
da celebração e a inteligência da liturgia.
1. Na
procissão de entrada, onde for possível, organizar a procissão com as pessoas
que atuam em equipes e atividades que ajudam os necessitados da comunidade.
2. Na saudação de quem preside,
poderiam ser usadas as palavras conforme a 2Ts 3,5:
O Senhor, que encaminha os nossos corações para o amor de
Deus e a constância de Cristo, esteja convosco.
3.
Após a saudação presidencial, o animador propõe o sentido litúrgico
espontaneamente, inspirado nas palavras que se seguem:
Domingo da oferta da viúva. Celebramos
a oferta de Jesus que se manifesta na oferenda dos pobres. A identificação do
Mestre com os pequenos e excluídos aponta para a oferenda que Deus faz de si:
Jesus entregue não o que lhe sobre, mas como pobre, onde não ter onde reclinar
a cabeça, oferece a si próprio. A
Eucaristia, como memorial dessa entrega, prolonga essa grande dádiva de Deus
pela humanidade.
4. Em seguida
fazer a “recordação da vida” trazendo os fatos que são as manifestações da
Páscoa do Senhor na vida da comunidade, do país e do mundo, mas de forma orante
e não como noticiário.
5. Sugerimos
que a motivação para o Ato Penitencial seja a fórmula 2 para o Tempo Comum da
página 392 do Missal Romano:
De coração contrito e humilde,
aproximemo-nos do Deus justo e santo, para que tenha piedade de nós, pecadores.
6. Seria muito conveniente um ato
penitencial, conforme algum dos formulários propostos pelo Missal Romano. Vale
a pena uma leitura atenta dessas propostas que exaltam a misericórdia de Deus
acima dos nossos pecados. A melhor opção para o Ato penitencial seria a fórmula
5 para o Tempo Comum, página 394 do Missal Romano que destaca Cristo pobre para
nos enriquecer.
7. Cada
Domingo do Tempo Comum é Páscoa semanal. Cantar de maneira festiva o Hino de
louvor (glória).
8. Na Oração
do Dia deste domingo suplicamos a Deus que afaste de nós todo obstáculo para
que possamos dedicar-nos, de corpo e alma “ao vosso serviço”.
Rito da Palavra
A proclamação
das leituras deve ser realizada com sensibilidade e expressividade, de modo a
demonstrar a intensidade do drama da viúva pobre de Sarepta. Já a segunda
leitura, como síntese doutrinal da entronização do Cristo, único sacerdote, no
santuário verdadeiro, dever ser proclamada como afirmação convicta da fé cristã
que anuncia, em Cristo, o centro do novo culto a Deus.
Nas preces,
recorde-se os pequenos e humildes, com os quais Cristo se identifica. Sejam
apontados, como faz o Evangelho, como exemplo de vida cristã, na sua
generosidade, na sua entrega e confiança em Deus, no seu despojamento
Rito da Eucaristia
1. A
preparação dos dons tem uma finalidade prática, expressa na procissão com que o
pão e o vinho são trazidos ao altar. Segundo o costume das refeições judaicas,
bendiz-se a Deus pelo alimento básico, o pão, e pela bebida mais significativa,
o vinho. Evitar chamar este momento de “ofertório”, pois ele acontece após a
narrativa da ceia (consagração).
2. Na
preparação das oferendas, com poucas palavras explicar o sentido da coleta de
dons e do dízimo e depois, em procissão com o pão, o vinho e outros símbolos da
comunidade (como alimentos e roupas), levar tudo ao pé do altar.
3. Na Oração
sobre o pão e o vinho suplicamos a Deus que lance sobre as oferendas um olhar
de perdão e de paz para que possamos com afeto cordial, viver o mistério da
Paixão de Cristo.
4. A Oração
Eucarística VI-D parece ressoar melhor o mistério anunciado nas leituras. Destaca
Cristo que “sempre se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres,
pelos doentes e pecadores...”.
5. Se for
escolhida outra oração eucarística sugerimos o Prefácio dos Domingos do Tempo
Comum VI que destaca Cristo com o penhor da Páscoa eterna e que também que já
recebemos o penhor da vida futura. Seguindo esta lógica, cujo embolismo reza: “E,
ainda peregrinos neste mundo, não recebemos, todos os dias, as provas do vosso
amor de Pai, mas também possuímos, já agora, a garantia da vida futura. Possuindo
as primícias do Espírito, por quem ressuscitastes Jesus dentre os mortos,
esperamos gozar, um dia, a plenitude da Páscoa eterna”. O grifo no texto
identifica aqueles elementos em maior consonância com o Mistério celebrado
neste Domingo e que pode ser aproveitado na celebração, ao modo de mistagogia.
Usando este prefácio, o presidente deve escolher a I, II ou a III Oração
Eucarística. A II admite troca de prefácio. As demais não admitem um prefácio
diferente. As demais não podem ter os prefácios substituídos sem grave prejuízo
para a unidade teológica e literária da eucologia.
6. Neste
Domingo é muito oportuno apresentar o pão e o vinho para o convite à comunhão
utilizando o Salmo 33,9: “Provai e vede,
como o Senhor é bom, Feliz de quem nele encontra seu refúgio. Eis o Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo...”
7. A mesa da
Eucaristia é dos pobres. Seria muito bom, neste Domingo, realizando,
ritualmente, o que anuncia a segunda leitura: Cristo que rompeu as separações
entre Deus e a humanidade, que todos recebessem a comunhão em duas espécies,
onde for possível no Altar, como família à mesa, sem exclusões e sem
impedimentos. Também De acordo com as orientações em vigor, a comunhão pode ser
sob as duas espécies para toda a assembléia. “A comunhão realiza mais
plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas espécies. Sob essa forma
se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e se exprime de
modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue
do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete
escatológico no Reino do Pai” (IGMR, nº 240).
Ritos Finais
1. Na oração
pós-comunhão agradeçamos a Deus peã Eucaristia e também suplicamos para que
persevere a graça da autenticidade naqueles que receberam a força do Espírito.
2. As palavras
do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: “Que a vossa
vida seja uma oferta agradável a Deus!” Ide em paz e que o Senhor vos
acompanhe.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Se com toda a
nossa força e fidelidade tentarmos assimilar na nossa vida de cada dia estas
atitudes de amor, Deus nos perdoará as nossas tentativas fracassadas e nos
recompensará com o amor perfeito, com que seremos amados e saberemos amar,
conforme aquela imaginação bonita da lenda chinesa: “saciaremos uns aos outros
com Deus que é amor”.
Celebremos a
Páscoa semanal do Senhor valorizando os que assumem a sua missão em nossa
diocese e no mundo inteiro, a levar a partilha como sinal de Jesus Cristo para
que as pessoas possam assimilar o seu projeto que é vida para todos.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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