segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

NATAL DO SENHOR - Missa do Dia

25 de dezembro de 2015

Leituras

         Isaias 52,7-10
         Salmo 97/98,1-6
         Hebreus 1,1-6
         João 1,1-18


“O VERBO SE FEZ CARNE E HABITOU ENTRE NÓS!”


1- PONTO DE PARTIDA 

É Natal! Que bom estarmos reunidos, neste instante, em torno do Mistério da Palavra que se fez carne e veio habitar entre nós, para resgatar a imensa dignidade que tínhamos perdido. Sentimos Deus bem pertinho de nós, bem do nosso jeito, menos no pecado. Na Oração eucarística V, rezamos: “Senhor, vós que sempre quisestes ficar muito perto de nós, vivendo conosco no Cristo, falando conosco por ele...”

Enquanto muitos ainda dormem, talvez descansando e se refazendo das festas de ontem à noite, nós estamos reunidos para celebrar Cristo, “Sol nascente que nos veio visitar!”.

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA
                       
Primeira leitura – Isaias 52,7-10.  Os capítulos 40 a 55 de Isaias compostos de oráculos, muitas vezes alegres, que anunciam, sob diversas formas, a Boa-Nova da salvação. O Senhor serviu-se de um rei estrangeiro para libertar seu povo do cativeiro da Babilônia. Ciro, estrangeiro, não sabia que realizava um plano divino. Ele liberta o povo de Jerusalém, que agora, volta para casa, apoiado por um decreto real que lhe abriu todas as portas.

Aqui, na leitura, um profeta vê chegar uma procissão. Do alto das muralhas de Jerusalém, ele avistava a vanguarda dos exilados que retornam da Babilônia. Deus esteve com eles no sofrimento e, agora volta no meio de seu povo. Inicia-se uma nova era do Reino de Deus. Alegrai-vos! Os primeiros que de longe vislumbram são mensageiros da Boa-Nova. São portadores de um Evangelho, o Evangelho do Reino de Deus. Este trecho, que é um dos mais antigos da Escritura a falar da “Boa-Nova” ou de “Evangelho” ergue singularmente, diante de nós, a questão da natureza da Palavra de Deus.

É sonho do profeta Isaias, sete séculos antes de Cristo (quando o povo tinha perdido totalmente a liberdade e a identidade numa terra estranha, no exílio), que temos o privilégio de ver se realizar hoje no meio de nós. Sonho de esperança num futuro feliz, refletido nestas palavras: “Como são belos (...) os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação, e diz a Sião: “Teu Deus é rei”. A alegria dos vigias é imensa, sabendo “que verão com os próprios olhos o Senhor” marcando presença em Sião. Alegria, muita alegria, pois o Senhor resgatou a cidade das ruínas e trouxe grande consolo para o povo. Enfim, “todos os confins da terra hão de ver a salvação na pessoa de Jesus Cristo.

Salmo responsorial 97/98,1-6. O Salmo 97/98 começa com uma forma clássica, convidando ao louvor e argumentando o motivo. O Salmo mostra que as vitórias de Deus são ações salvadoras na história: o braço de Deus se manifesta com poder irresistível. E a vitória, ganha para salvar um povo escolhido, é revelação para todas as nações; porque é uma vitória justa, isto é, salvadora do fraco e do oprimido. Esta vitória histórica não é um fato particular, mas a coerência no amor: o Senhor é fiel a si mesmo, lembra-se da sua fidelidade. Seu amor por Israel é revelação para todos os povos.

Este Salmo é um hino à realeza de Deus (“Aclamai o Senhor, nosso Rei, versículo 6). Podemos observar que todas as coisas que Deus dá a Israel ou às nações são Suas: é Sua a salvação e Sua é a justiça (versículo 2), é Seu o amor e Sua é a fidelidade (versículo 3). Louva-se por uma salvação recebida, não conquistada, não conquistada ou merecida.

O rosto de Deus deste Salmo é muito parecido com o dos Salmos 95/96 e 96/97. A expressão “amor e fidelidade” (versículo 3a) recorda que esse Deus é o parceiro de Israel na Aliança. Mas é também o aliado de todos os povos e de todo o universo em vista da justiça e da retidão. É um Deus ligado com a história e comprometido com a justiça. Seu governo fará surgir o Reino.

No Novo Testamento, Jesus se apresentou anunciando a proximidade do Reino (Marcos 1,15; Mateus 4,17). Para Mateus, o Reino vai acontecendo à medida que for implantada uma nova justiça, superior à dos doutores da Lei e fariseus (Lucas 1,15; 5,20; 6,33). Todos os evangelistas gostam de apresentar Jesus como Messias, o Ungido do Pai para a implantação do Reino, que faz surgir nova sociedade e nova história. Justiça e retidão foram Suas características. De acordo com os evangelistas, o trono do Rei Jesus é a cruz. E na sua ressurreição, Deus manifestou sua justiça às nações, fazendo maravilhas, de modo que os confins da terra puderam celebrar a vitória do nosso Deus. 

Por isso que nós, cristãos, hoje, com a vinda da salvação na pessoa de Jesus Cristo , cantamos com o Salmo 97/98: “Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios!”

R: HOJE UMA LUZ BRILHOU PARA NÓS
     HOJE NASCEU NOSSO REI, O SENHOR.

  Segunda leitura – Hebreus 1,1-6. Para esclarecer o mistério da pessoa de Jesus, o início da Carta aos Hebreus lança mãos de vários contrastes. Entre eles a oposição entre a antiga e a nova revelação, entre os profetas do Primeiro Testamento e o Filho, entre os anjos e o Filho, entre os antepassados e os cristãos e entre os primórdios e o fim dos tempos. Por meio deste recurso literário, especialmente instrutivo para judeus ou judeus-cristãos saudosos das antigas realidades, o autor apresenta Jesus Cristo como o centro e o auge da história da criação, da revelação e da salvação. Ele aparece no palco da história humana como a mais perfeita e adequada e, portanto, definitiva revelação de Deus para as pessoas. Porém, Jesus Cristo não é somente a última Palavra de Deus às pessoas, mas também a primeira. Como criador do universo (versículos 2c e 3a), o Filho de Deus está início da história. Como Salvador que realiza a purificação dos pecados (versículo 3c), no seu centro. Como herdeiro (versículo 2) e Senhor “sentado à direita da majestade divina no mais alto dos céus” (versículo 3d), no seu fim.

Como Filho de Deus feito homem, Jesus de Nazaré é a realização perfeita da promessa a Davi: “Eu lhe serei Pai e Ele será para mim um Filho” (versículo 5b; cf. 2Samuel 7,4). Esta promessa e a sua realização são extensivas aos cristãos: “Por isso que Jesus não se envergonha de os chamar de irmãos” (Hebreus 2,11s). Nestes textos revela-se o sentido pleno e último da antiga fórmula da Aliança: “Eu serei o seu Deus e vocês serão o meu povo”. Como filhos de Deus os cristãos são o reflexo no mundo daquele que é “o brilho da glória de Deus, e a perfeita semelhança do próprio Deus” (versículo 3a).

Depois que Jesus morreu e ressuscitou, a Palavra relembra-nos, através da Carta aos Hebreus, que Deus nos deu sua Palavra definitiva e plena por meio de seu Filho, constituído “herdeiro de todas as coisas e pelo qual também ele criou o universo”. Jesus é o esplendor da glória do Pai, a expressão acabada daquilo que Deus é, sustentando o universo com o poder da sua Palavra. Depois de ter feito a varredura dos pecados que nos escravizam e nos oprimem, Ele se tornou o divino Rei nas alturas, acima de todos os anjos os quais se sentem no dever de adorá-lo.

Evangelho – João 1,1-18.  Se nas duas celebrações anteriores, o acento caía na humildade do Messias, na Missa do Dia é realçada a sua eterna grandeza. Poderíamos dizer que a cristologia da Missa da Noite e da Missa da Aurora é uma cristologia da “quenose”, isto é, do despojamento do Cristo, enquanto o da Missa do Dia é uma cristologia da glória, do senhorio de Cristo, antecipado na sua “preexistência” divina.

O prólogo do Evangelho de João, por fim, extrapola-se da história humana e proclama e preexistência de Jesus. A vinda de Jesus é a vinda d’Aquele que como Verbo de Deus estava no princípio junto de Deus (versículos 1-2) e que agora como o Filho Único de Deus está no seio do Pai (versículo 18). Significa que a pessoa do Verbo “voltou ao seio do Pai, enriquecido com a natureza humana, ou, em outras palavras, que o homem Jesus agora, mediante o Verbo, está unido ao Pai, gozando, na sua humanidade, dos privilégios eternos do Filho”.

O Prólogo do Evangelho de João trata, pois, da preexistência de Jesus junto de Deus, de sua vinda entre nós e de sua volta ao Pai; de Jesus como o Verbo, a Luz a vida; como Criador e Redentor, como o Filho Unigênito de Deus.

O Evangelho de João foi escrito por volta do ano 90, utilizando lembranças tradicionais sobre Jesus, segundo o discípulo bem-amado. O último texto acrescentado ao conjunto foi certamente o Prólogo. Ele demonstra aquilo que, ao final do século primeiro, se tornara o pensamento cristão a respeito de Cristo. O Prólogo é um grande poema de sóbria beleza.

É a mais brilhante síntese deste Evangelho, contendo em resumo todos os seus grandes temas. Uma verdadeira poesia! Fala da Palavra existindo desde sempre junto de Deus; fala da Palavra no mundo; e fala da Palavra no mundo voltada para Deus.
O que é a Palavra? É a força criadora que tudo dá vida, mas que existiu desde sempre junto de Deus. É a eterna Sabedoria criadora de Deus (cf. Provérbios 8,22-36; Sabedoria 9,9-12; Eclesiástico 24,3-32). Jesus é a Sabedoria criadora de Deus, existindo desde sempre junto dele. O que é a Sabedoria? É o sentido da vida presente em todas as coisas: “Nela estava a vida” diz o Evangelho.

Na Palavra estava a vida. É como a chuva que cai e fecunda a terra, fazendo-a produzir vida (cf. Isaias 55,10-11). Podemos dizer que Jesus é essa Palavra geradora de vida: “Tudo foi feito por meio dela, e de tudo o que existe, nada foi feito sem ela. Nela estava a vida”. Ele é a vida brilhando intensamente: luz que vem brilhar nas trevas!

Essa Palavra geradora de vida assumiu um corpo humano, encarnou-se na nossa história e foi rejeitado pelos próprios judeus. Mas felizes os que a recebem, pois se capacitam a tornarem-se filhos e filhas de Deus, nascidos de Deus. E a Palavra “habitou entre nós”, quer dizer, “armou sua tenda”, “acampou”, em nosso meio, e nós contemplamos a sua glória.

“Jesus é a comunicação de Deus, é o que Deus significa para nós; e o que não condiz com Jesus contradiz Deus. O que Jesus fala e faz, Deus é quem fala e o faz. Quando esse filho do carpinteiro convida os pecadores, é Deus que os chama. Quando censura os hipócritas, é Deus que o julga. Quando funda a comunidade fraterna, é Deus que está presente nela. E quando morre por amor fiel até o fim, é Deus que manifesta seu amor fiel e sua plenitude de vida. Tudo o que Jesus nos manifesta é Palavra de Deus falada a nós, palavra de amor eterno”

“Jesus é o ponto de encontro da humanidade com Deus. Hoje começou a redenção do humano. Deus tirou todos os véus que impediam sua comunicação com a humanidade, falando-nos por meio do seu Filho hoje nascido. E sua primeira linguagem é a de uma criança como qualquer criança. E à medida que nós formos novos Cristos, também nossa carne (nossa vida e história) será uma palavra de Deus para nossos irmãos e irmãs, e mostrará ao mundo o verdadeiro rosto de Deus: um rosto de amor” (Johan Konings).

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

Voltemos ao Evangelho. Trata-se do Prólogo do Evangelho de João: a mais brilhante síntese deste Evangelho, contendo em resumo todos os seus grandes temas. Uma verdadeira poesia! Fala da Palavra existindo desde sempre junto de Deus; fala da Palavra no mundo; e fala da Palavra no mundo voltada para Deus.

O que é a Palavra? É a força criadora que a tudo dá vida, mas que existiu desde sempre junto de Deus. É a eterna Sabedoria criadora de Deus (cf. Provérbios 8,22-33; Sabedoria 9,9-12; Eclesiástico 24,3-32). Jesus é a Sabedoria criadora de Deus, existindo desde sempre junto dele. O que é a Sabedoria? É o sentido da vida presente em todas as cosas “Nela estava a vida”, diz o Evangelho.

Na Palavra estava a vida. É como a chuva que cai e fecunda a terra, fazendo-a produzir vida (cf. Isaias 55,10-11). Podemos dizer que Jesus é a Palavra geradora de vida: “Tudo foi feito por meio dela e, de tudo o que existe, nada foi feito sem ela. Nela estava a vida”. Ele é a vida brilhando intensamente: luz que vem brilhar nas trevas!
Essa Palavra geradora de vida assumiu um corpo humano, encarnou-se na nossa história e foi rejeitada na própria casa. Mas felizes os que a recebem, pois se capacitam a tornarem-se filhos e filhas de Deus, nascidos de Deus. E a Palavra “habitou entre nós”, quer dizer, “armou sua tenda”, “acampou” em nosso meio, e nós contemplamos a sua glória. Em outras palavras, o corpo de Jesus a Palavra encarnada, é de agora e para sempre “o ponto de encontro de Deus com a humanidade, o novo e definitivo Templo onde se encontra e se adora a Deus [...]. Jesus é e será a presença visível do Deus invisível [...]. A glória de Deus está presente no humano Jesus. Ele é a manifestação da glória divina”.

“Jesus é a comunicação de Deus, é o que Deus significa para nós; e o que não condiz com Jesus contradiz Deus. O que Jesus fala e faz, Deus é quem fala e o faz. Quando esse filho do carpinteiro convida os pecadores, é Deus que os chama. Quando censura os hipócritas, é Deus que os julga. Quando funda a comunidade fraterna, é Deus que está presente nela. E quando morre por amor fiel até o fim, é Deus que manifesta seu amor fiel e sua plenitude de vida. Tudo o que Jesus nos manifesta é Palavra de Deus falada a nós, palavra de amor eterno.”

Esse Jesus, plenitude do amor e da revelação de Deus, é portador de novidade absoluta: “De sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça” (v. 16). Trata-se do amor que dá a vida, como ele a deu (cf. João 13,1; 15,13). Corresponder ao seu amor é fazer o que ele fez, ou seja, amar sem limites.

Trata-se de um amor que supera toda a Lei antiga. A vida não está mais na Lei, e sim no amor fiel que se doa até o fim. Deus é esse amor, e Jesus vive em perfeita sintonia e comunhão com esse Deus, seu Pai. Mais tarde, Jesus mesmo dirá: “Quem me vê, vê o Pai” (cf. João 14,9b-11). “Quem deseja conhecer e encontrar o Deus invisível tem agora o panorama desvendado: ele se tornou visível na Palavra encarnada. Ver esta Palavra (isto é: Jesus) é ver o Pai.”

Eis, pois, presente em nosso meio a expressão máxima da salvação e da paz sonhada desde os tempos antigos pelo povo de Israel que sofria a dificuldade do exílio, quando ouviu a promessa: “Todos os confins da terra hão de ver a salvação que vem do nosso Deus”. Eis a Palavra que se encarnou e armou sua tenda entre nós. Eis o Deus salvador falando-nos por meio de seu Filho.

Resumindo: “Nosso povo, muitas vezes desesperançado e abandonado como as ruínas de Jerusalém, tem hoje a oportunidade de renovar a caminhada, escutando a boa notícia da chegada do reinado de Deus. A quem devemos ser hoje portadores de boas notícias? Para quem está chegando a salvação? [...] O impensável acontece: Deus se faz gente como nós para revelar o amor fiel que tem para conosco. Hoje os seres humanos são convidados a se alegrar, pois, no Filho Deus, assume radicalmente o humano. Jesus é o ponto de encontro da humanidade com Deus. Hoje começou a redenção do humano. Deus tirou todos os véus que impediam sua comunicação com a humanidade, falando-nos por meio do seu Filho hoje nascido. E sua primeira linguagem é a de uma criança como qualquer criança”. “E à medida que nós formos novos Cristos, também nossa ‘carne’ (nossa vida e história) será uma palavra de Deus para nossos irmãos e irmãs, e mostrará ao mundo o verdadeiro rosto de Deus: um rosto de amor”

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
Tudo foi feito por meio de Cristo

Ao se tratar de “genealogia” de Jesus, o evangelista e discípulo João é o que vai mais profundo em sua cristologia. Cristo estava desde antes da Criação. Também nos hinos cristológicos, presentes em algumas cartas de Paulo, como por exemplo, em Colossenses 1,16, Cristo é apresentado como pessoa na qual tudo foi criado.

Jesus é “Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado”, como professamos no Símbolo Niceno-Constantinopolitano. Ele é aquele que nos revela o próprio Deus, além de dar sentido à nossa humanidade. O sentido que o Mistério da Encarnação confere à nossa humanidade reside no encontro de Deus e sua criação, simbolizada no homem e na mulher. “No momento em que vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nos tornamos eternos” (Prefácio III).

Participamos da divindade de Jesus Cristo

Ao assumir nossa humanidade, Cristo nos “diviniza”. Assim se dá a nova criação Nele. Nesse sentido, Encarnação e Morte-Ressurreição constituem sinais de um único Mistério, o da Vida de Cristo. É isso que reza a Oração do Dia: que possamos participar da divindade de Jesus.

5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

Celebramos hoje o mistério da Palavra (Sabedoria criadora de Deus), força geradora de vida que esteve sempre junto de Deus e que se faz “carne” em nossa história para tornar-nos eternos. É o mistério de encarnação de Cristo, nosso Senhor, pelo qual “realiza-se hoje o maravilhoso encontro que nos dá vida nova em plenitude”. Pois, no momento em ele “assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos” (Prefácio do Natal III).

A Eucaristia (memorial da Páscoa do Senhor que selou definitivamente a aliança de Deus com a humanidade) “coroa nossa celebração, e nela somo gratos ao Pai, pois na Palavra feita gente recebemos o poder de nos tornarmos filhos de Deus, nós que acolhemos Jesus e acreditamos em seu nome”.

Pela liturgia eucarística que logo celebraremos, vamos louvar e agradecer a Deus por nos ter iluminado com o mistério de Cristo, cuja encarnação restaurou tudo o que existe. Pois “por ele [Cristo], realiza-se hoje o maravilhoso encontro que nos dá vida nova em plenitude. No momento em que ele assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos” (Prefácio do natal III). Graças ao mistério pascal que selou definitivamente este encontro.

Por isso, na ação eucarística trazemos presente o memorial da morte e ressurreição de Cristo que nos salvou e o oferecemos ao Pai. Participando deste memorial, comendo o corpo entregue e bebendo o sangue derramado de Cristo, nós assimilamos toda a sabedoria e o amor da Palavra que se encarnou no humano e nos fez renascer para a verdadeira vida. Assim, após a comunhão, o sacerdote reza em nome de todos: “Ó Deus de misericórdia, que o Salvador do mundo hoje nascido, como nos fez nascer para a vida divina, nos conceda também sua imortalidade”. Assim, seja!

6- ORIENTAÇÕES GERAIS

1. As cores das vestes litúrgicas normalmente é o branco, porém, talvez seja bom lembrar que nos dias festivos a Introdução Geral do Missal Romano nº 309 prevê o uso de “vestes litúrgicas mais nobres, mesmo que não sejam da cor do dia”. Seria o caso de se usar vestes festivas, estampadas, coloridas. Algumas comunidades usam cores festivas como expressão de nossa cultura.

2. Natal é a festa da Luz. Valorizar nesta Missa do Dia o Círio Pascal. Isso ligará mais a festa do Natal à festa da Páscoa.

3. A festa do Natal do Senhor tem uma profunda e importante ligação com a Páscoa, podendo até dizer que as duas são inseparáveis. Neste pequeno tempo litúrgico se celebra o Nascimento de Jesus, sua entrega total até a morte na cruz e sua vitória sobre o mal e a morte. Com o Natal, damos início ao ciclo da nossa fé cristã, onde celebramos o Nascimento do Senhor e recordamos a sua paixão, morte e ressurreição. Ao mesmo tempo, com a Epifania (manifestação) o Natal é um dos dois pólos do Ano Litúrgico. O Natal é a Santa Páscoa em germe. Pois a Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo a carne, é o início da Páscoa. Encarnação e Ressurreição são inseparáveis

            4. Valorizar hoje: presépio, flores, luzes, estrelas, vestes brancas ou coloridas e dança litúrgica.

5. A celebração do Natal não é comemoração de um aniversário. É, antes de tudo, um “sacramento” (presença “hoje” da Luz que nasceu e brilhou definitivamente na Páscoa). Por isso, pedagogicamente, é bom evitar qualquer identificação simples do Natal com aniversário. Evite-se cantar parabéns a Jesus.

6. No dia 26 é a Festa de Santo Estevão, primeiro mártir; dia 27 de dezembro é a Festa de São João Apóstolo e Evangelista; dia 28 a Festa dos Santos Inocentes Mártires. Nesses três dias celebra-se Festa dos Amigos de Jesus, assim chamado pela Liturgia.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada Domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo do Natal, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. A função da equipe de canto não é simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste Tempo do Natal. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico, com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, “inseri-la no mistério celebrado” (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico I da CNBB nos oferece uma ótima opção, que muitos estão gravados no CD: Liturgia V.

1. Canto de abertura.  “Um filho nos foi dado” (Isaias 9,6). “Nasceu-nos hoje um menino”, Salmo 97/98, CD: Liturgia V, melodia da faixa 6. Outra ótima opção é o canto: Já nasceu o Filho do Deus eterno, o Príncipe da Paz”, articulado com o Salmo 2, Hinário Litúrgico I, página 26; Outra terceira ótima opção é “Nasceu a flor formosa da tribo de Jessé...”, Hinário Litúrgico I, página 79.  Como canto de abertura, não podemos deixar de entoar um desses cantos que nos introduzem no mistério celebrado.

2. Ato penitencial. Muito oportuno a primeira fórmula do Missal Romano, página 395.

3. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas, Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria e outros compositores.

O Hino de Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia.

4. Salmo responsorial 97/98.  Deus demonstrou sua bondade e fidelidade. “Hoje uma luz, brilhou para nós. Hoje nasceu nosso Rei, o Senhor”, CD: Liturgia V melodia da faixa 7.

O Salmo responsorial é um dos cantos mais importantes da liturgia da Palavra. É um tipo de leitura da Bíblia. Por isso, é melhor que não seja cantado por todos, mas cantado por uma só pessoa: o salmista. A comunidade toda deverá ouvir atentamente e responder com o refrão. Sendo um canto bíblico, não deverá ser substituído por outro canto. O salmo nos permite dar uma resposta (por isso responsorial) à proposta que Deus nos faz na primeira leitura. Por isso ele é compromisso de vida.

5. Canto ritual do aleluia. “Em nossa terra brilhou uma luz”. “Aleluia, Eis que um santo dia resplandece...”, CD: Liturgia V, melodia da faixa 3. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical, página 397.

A aclamação ao Evangelho é um grito do povo reunido, expressando seu consentimento, aplauso e voto. É um louvor vibrante ao Cristo, que nos vem relatar Deus e seu Reino no meio das pessoas. Ele é cantado enquanto todos se preparam para ouvir o Evangelho (todos se levantam, quem está presidindo vai até ao Ambão).

6. Apresentação dos dons.  O canto de apresentação das oferendas, conforme orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração no dia de Natal. “Cristãos, vinde todos com alegres cantos,...” CD: Liturgia V, melodia da faixa 4; “Celebremos com alegria o dia em que Jesus nasceu”, Hinário Litúrgico I, página 63; “Belém é aqui”, Hinário Litúrgico I, página 62; “Vinde, Cristãos, vinde à porfia...”, Hinário Litúrgico I, página 90.

7. Canto de comunhão. “A Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por ela“ (João 1,10). Importantíssimo que o canto de comunhão seja o “Hino ao Verbo de Deus”, garantindo a ligação entre a Mesa da Palavra (Evangelho) e a Eucaristia: “A luz resplandeceu em plena escuridão”. Está gravado no CD: Liturgia V, melodia da faixa 8.

Se a equipe de liturgia e a equipe de canto não conhecer, temos outras opções: “Nasceu em Belém e Belém quer dizer: a casa do pão”, Hinário Litúrgico I, página 80; “Nasceu a flor formosa da tribo de Jessé” Hinário Litúrgico I, pagina 79; “O Verbo se fez carne e habitou entre nós, João 1,14 e estrofes do Salmo 147, Louva Jerusalém, louva o Senhor teu Deus...”,  Hinário Litúrgico I, página 35. Estes quatro cantos retomam o Evangelho na comunhão de maneira autentica. Veja orientação abaixo.

O fato de a Antífona da Comunhão, em geral, retomar um texto do Evangelho do dia revela a profunda unidade entre a Liturgia da Palavra e a Liturgia, Eucarística e evidencia que a participação na Ceia do Senhor, mediante a Comunhão, implica um compromisso de realizar, no dia-a-dia da vida, aquela mesma entrega do Corpo e do Sangue de Cristo, oferecidos uma vez por todas (Hebreus 7,27).

8- Canto final. “Vinde Cristãos, vinde à porfia”, Hinário Litúrgico I, página 90. A equipe de celebração e a assembléia se aproximam do presépio e se ajoelham para um gesto de adoração durante o canto final. Se a celebração for durante a noite é oportuno cantar: “Noite Feliz”.

8- ESPAÇO CELEBRATIVO

1. Uma orientação para o Tempo do Natal: Usar o recurso da iluminação na igreja e também no presépio, com foco de luz sobre a imagem do Menino na manjedoura. Evite-se, no máximo, o uso de pisca-piscas, tanto no presépio como em árvores de Natal dentro do espaço da celebração como em muitas comunidades se faz! É que o show de pisca-piscas durante a missa transforma-se em “ruído”, “rouba a cena”, pois distrai as pessoas do verdadeiro centro de atenção, que é o mistério celebrado na mesa da Palavra e na mesa da Eucaristia. . São símbolos da onda consumista das festas natalinas e de final de ano que invade as mentes e os corações das pessoas já desde o mês de outubro. Não se deixem influenciar por esta onda consumista que queima etapas e deturpa o Mistério do Natal. Evitem-se também músicas comercias de Natal.

2. Sem dúvidas, a celebração do Natal do Senhor deve fazer-se notar pela ornamentação do espaço e por sua iluminação. Estamos muito acostumados em nossos templos, à iluminação direta e exagerada, o que causa dispersão na assembléia. A experiência das trevas nos ajuda a perceber a força da importância da luz. Sugerimos que, na celebração da noite, o templo esteja na penumbra. Pelo espaço, podem ser espalhadas diversas velas coloridas, que deverão ser acesas no momento oportuno. Em destaque esteja o Círio Pascal.

9. AÇÃO RITUAL

A celebração da Natividade do Senhor confere sentido à vida humana e à vida do universo, surgida para estar em contínua relação com seu Criador. O horizonte de toda a criação, seu destino, motivo de sua existência, brilha com todo o seu esplendor e é abraçado pela humanidade, que está em sinal na assembléia reunida em torno da Palavra de Deus e do Pão Consagrado.

Ritos Iniciais

            1. Levar na procissão de entrada a imagem do Menino Jesus. A equipe de celebração entra com a cruz e o Evangeliário. Outras pessoas representando determinados grupos da comunidade ou paróquia também poderão fazer parte do cortejo com o Menino (por exemplo, os coordenadores da novena do Natal). Em alguns lugares é o padre quem carrega o Menino Jesus; em outros, é um casal, ou uma pessoa escolhida pelos grupos de novena, significando o esforço que foi feito para que o Cristo pudesse nascer na comunidade. Esta sugestão também vale para a Missa da Noite.
           
2. Dar o abraço da paz no início da celebração após da saudação, como acolhimento fraterno. Por exemplo: É Natal! Feliz Natal a todos. O presidente pode convidar a assembléia a fazer um minuto de silêncio, em comunhão profunda com todos os que lutam pela paz no mundo. Também pode ser no final, como partilha da alegria comunitária, pois o Natal é acolhimento ao salvador e também aos irmãos.

            3. Fazer uma saudação semelhante a do Prólogo do Evangelho do dia. Por exemplo:

Irmãos e irmãs, a luz verdadeira que ilumina a todos chegou ao mundo. Sua graça e sua paz estejam convosco.

4. A pós a saudação, o presidente, ou o diácono ou animador propõe o sentido litúrgico:

Irmãos e irmãs, hoje celebramos o cumprimento das promessas de Deus de realizar uma Aliança com toda a humanidade recordando o nascimento de Jesus em Belém. Cristo é a verdadeira Luz que veio iluminar a humanidade para trilhar os caminhos da paz.

5. O Ato penitencial pode ser feito conforme a primeira fórmula do Missal Romano, página 395:

Senhor, Filho de Deus, que nascendo da Virgem Maria, vos fizestes nosso irmão, tende piedade de nós.

6. O Hino de Louvor (Glória) é, sem dúvida, um dos momentos altos da celebração. Deve ser cantado solenemente por toda a assembléia. Deve-se estar atento na escolha dos cantos para o momento do glória. Ideal seria cantar o texto mesmo, tal como nos foi transmitido desde a antiguidade, que se encontra no Missal Romano, ou, pelo menos, o mesmo texto em linguagem mais adaptada para o nosso meio e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria e outros compositores (como já existe!). Evitem-se, portanto, os “glórinhas” trinitários! O hino de louvor (glória) não de caráter Trinitário e sim Cristológico.  Pode ser acompanhado de uma coreografia feita por um grupo de crianças ou jovens e ao som de sinos, onde houver.

7. Na oração do dia, suplicamos a Deus para que Ele nos faça participar da divindade do Filho que assumiu a nossa humanidade. Essa dimensão cristológica diz respeito a nós mesmos: pois pela Encarnação do ser Divino, também nosso ser é divinizado. 

Rito da Palavra

            1. As leituras sejam bem proclamadas. Neste dia, o Verbo feito gente proclama as leituras e habita entre nós.

2. Neste dia, seria adequado caprichar na procissão com o Evangeliário, do Altar para o Ambão de onde se proclamará o Evangelho. O Evangeliário pode ser acompanhado de tochas e incenso. E a proclamação deve ser feita de tal maneira que a comunidade viva e experiência da Encarnação de Jesus o Verbo (Palavra) que se fez carne e habitou entre nós. Palavra que é o próprio Cristo, recebendo acolhida na assembléia reunida, seu Corpo. Ao final da leitura e do Evangelho, nunca se deve dizer “Palavras do Senhor” e “Palavras da Salvação”, mas “Palavra do Senhor” e “Palavra da Salvação” (usa-se o singular, pois é Jesus, a Palavra do Pai, que acabou de falar!). A Palavra é realçada também por momentos de silêncio, por exemplo. Após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo a atitude de acolhida à Palavra de Deus. No silêncio, o Espírito torna fecunda a Palavra no coração da comunidade e de cada pessoa.

3. Se Depois da proclamação do Santo Evangelho, a imagem do Menino Jesus é introduzida por uma criança, um casal ou uma pessoa escolhida, acompanhada por duas pessoas com velas. O presidente da incensa a imagem e todos cantam:

HOJE,UMA LUZ BRILHOU PARA NÓS.
HOJE NASCEU,NOSSO DEUS O SENHOR.

4. Depois coloca a imagem do Menino num lugar do presbitério e junto o Evangeliário mostrando que a Palavra se encarnou. Pode ser feita também uma oferta de flores, por crianças, à imagem do Menino Jesus.

            5. Na Profissão de fé (Creio), usar o “Símbolo de Nicéia- Constantinopla” é mais extenso e mais completo que o “símbolo apostólico” que se costuma usar todos os domingos. No Natal, como em outros dias festivos, é interessante usar o primeiro, que fala mais sobre a Encarnação do Filho de Deus: “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito do Pai, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós homens e para a nossa salvação, desceu dos céus; e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem (...)”. Durante as palavras “e se encarnou”, todos se ajoelham em sinal de adoração.

Rito da Eucaristia
           
1. Na oração sobre as oferendas que o pão e o vinho seja agradável ao Pai e nos traga a perfeita reconciliação e a plenitude do culto divino.
           
2. A Oração Eucarística I (ou Cânon romano) é um pouco mais longa, mas tem a vantagem de oferecer uma parte própria para o Natal:

“Em comunhão com toda a Igreja, celebramos o dia santo (a noite santa) em que a Virgem Maria deu ao mundo o Salvador. Veneramos também a mesma Virgem Maria e seu esposo São José”

3. Na celebração da Palavra, onde não houver Missa, após o rito da Palavra, cantar a Louvação do Natal sugerida no Hinário Litúrgico I, CNBB, página 74.

4. Sugerimos o Prefácio do Natal do Senhor, II que destaca a Encarnação como restauração universal. Pode ser entoado seguindo um tom sálmico. Uma vez que o texto está em prosa, estude-se antes onde recaem os acentos mais importantes (a palavras mais significativas) para que se estabeleçam corretamente as cadências (finais das frases “melódicas”). Seguindo esta lógica, cujo embolismo reza: “Ele, no mistério do Natal que celebramos, invisível em sua divindade, tornou-se visível em nossa carne. Gerado antes dos tempos, entrou na história da humanidade para erguer o mundo decaído. Restaurando a integridade do universo, introduziu no Reino dos Céus o homem redimido”. O grifo no texto identifica aqueles elementos em maior consonância com o Mistério celebrado neste Domingo e que pode ser aproveitado na celebração, ao modo de mistagogia. Usando este prefácio, o presidente deve escolher a I, II ou a III Oração Eucarística. A II admite troca de prefácio. As demais não admitem um prefácio diferente. As demais não podem ter os prefácios substituídos sem grave prejuízo para a unidade teológica e literária da eucologia.

5. No momento do convite à comunhão, quando se apresenta o Pão consagrado e o cálice com o sangue de Cristo, é muito oportuno o texto bíblico de João 8,12, que é a fórmula “b” do Missal Romano:

“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”.

6. É oportuno que a comunhão seja feita sob as duas espécies para toda a assembléia. “A comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas espécies. Sob essa forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico no Reino do Pai” (IGMR, nº 240).

7. Importantíssimo e fundamental que o canto de comunhão seja o “Hino ao Verbo de Deus”, garantindo a ligação entre a Mesa da Palavra e a Eucaristia. Ver orientações em Música Ritual.

Ritos Finais

1. Na oração depois da comunhão, suplicamos que ao Deus de misericórdia, que o Salvador nascido nos conceda a vida sem fim. Da regeneração batismal à vida eterna.

2. Bênção especial para as crianças e solene, para todo o povo, como sugere o Missal Romano, página 520. O Ritual de Bênçãos traz uma Bênção para as crianças, na página 59.

3. As palavras do rito de envio podem estar em consonância como mistério celebrado: O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Ide e anunciai ao mundo a salvação. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

            4. No final, seguir em procissão até o presépio e convidar também a assembléia a se aproximar do mesmo, símbolo do Natal. Fazer um gesto de adoração se colocando de joelhos e cantar: “Cristãos Vinde todos com alegres cantos” (Adeste Fideles). Outra opção seria os seguintes cantos: “Celebremos com alegria o dia em que Jesus nasceu”, Hinário Litúrgico I, página 63; “Vinde cristãos, vinde á porfia”, Hinário Litúrgico I, página 90; “Belém é aqui, aqui é Natal”, Hinário Litúrgico I, página 62. Ver em Música Ritual orientações.

5. Em muitos lugares, costuma-se fazer uma adoração ao presépio. Esta adoração, como parte da celebração, poderia integrar cantos citados acima. Onde houver “Folia de Reis”, convidar para este momento com seus cantos populares para homenagear o Menino Deus, uma espécie de auto de Natal (canto, dança no final da celebração). Esta sugestão pode ser também na Missa da Noite.

10- REDESCOBRINDO O MISSAL ROMANO

1. O Tempo do Natal vai das Primeiras Vésperas do Natal do Senhor ao domingo depois da Epifania, isto é, Batismo do Senhor (IGMR, nº 33, página 105, Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário). Este ano a Liturgia do Batismo do Senhor será dia 09 de janeiro, segunda-feira.

2. O Natal do Senhor tem a sua oitava organizada do seguinte modo:
a) no domingo dentro da oitava do Natal, ou, em falta dele, no dia 30 de dezembro, celebra-se a festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José introduzida pelo papa João XXIII;
b) no dia 26 de dezembro, quando não cai de domingo, celebra-se a festa de Santo Estevão, Primeiro Mártir;
c) no dia 27 de dezembro, celebra-se a festa de São João, Apóstolo e Evangelista;
d) no dia 28 de dezembro, celebra-se a festa dos Santos Inocentes Mártires;
Nesses três dias celebra-se Festa dos Amigos de Jesus, assim chamados pela Liturgia.

e) no dia 1º de janeiro, Oitava do Natal, celebra-se a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, na qual se comemora também a imposição do Santíssimo Nome de Jesus (IGMR, nº 35, página 105-106, Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário).

3. A Epifania do Senhor é celebrada no dia 6 de janeiro, a não ser que seja transferida para o domingo entre os dias 2 e 8 de janeiro, nos lugares onde não for considerado dia santo de guarda (cf. n. 7) ((IGMR, nº 37, página 106, Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário).
11- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Natal é a presença transformadora de Deus na vida e na história das pessoas. Na festa do natal, desfrutamos desta presença de Deus. Mas também somos responsáveis por sua difusão no mundo das pessoas. Quando assim celebramos o Natal, não será somente o nascimento do Menino Jesus; será o nascimento de um mundo novo, do mundo como Deus o quer: cheio de bondade, de amor, de justiça, de paz. Então “Deus será tudo em todos” (cf. 1Coríntios 15,28).

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos

Pe. Benedito Mazeti

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