22 de maio de 2016
Leituras
Provérbios 8,22-31
Salmo responsorial 8,4-5.6-9
Romanos 5,1-5
João
16, 12-15
“O ESPÍRITO DA VERDADE VOS CONDUZIRÁ À
PLENA VERDADE”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo da
Santíssima Trindade. Com a festa de Pentecostes, encerramos a Tempo Pascal e,
no domingo seguinte, celebramos a festa da Santíssima Trindade. É uma festa
relativamente recente. Entrou no calendário da liturgia romana em 1334 e, como
Concílio Vaticano II, deixou de ser temática, recebendo uma tonalidade mais
bíblica.
A
liturgia sempre celebra a Páscoa do Senhor, o Salvador, e por Ele dá graças ao
Pai, o Criador, no Espírito de Amor, o Santificador. Portanto, toda celebração
é Trinitária e a Páscoa, celebrada o ano inteiro, nos faz mergulhar no mistério
inefável da Trindade Santa, fonte, modelo e meta do peregrinar da humanidade.
Portanto, depois de celebrarmos as festas pascais, contemplamos o mistério de
amor do nosso Deus que se revela como Pai, Filho e Espírito Santo.
Com
isso, a festa de hoje faz uma síntese, juntando o sentido da encarnação e da redenção realizados na história, onde o Deus Vivo, a Comunhão
Trinitária, é protagonista. Não é a festa para desenvolver a doutrina sobre a
Santíssima Trindade, mas para renovação da Aliança com o Pai que nos criou e
nos libertou, entregando-nos o dom da vida plena em Jesus Cristo, seu Filho
amado, o Verbo encarnado que, por sua vez, nos confiou com sua morte e
ressurreição o dom do seu Espírito.
A
celebração de hoje nos ajuda a compreender e descobrir que Deus não é solidão
infinita, mas comunhão de luz e de amor, vida doada e recebida num eterno
diálogo entre o Pai e o Filho, no Espírito Santo Amante, Amado e Amor, como
dizia Santo Agostinho.
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Primeira leitura – Provérbios 8,22-31. Na
primeira leitura, temos o hino à Sabedoria, contido nesta passagem, levanta que
é do século V ou VI a. C.
Provérbios 8,22-31 é um dos
textos mais famosos do livro dos Provérbios, sempre de novo discutido e
estudado, por causa da personificação as sabedoria e sua aplicação a Cristo e
Maria Santíssima. Os Santos Padres recorreram a Provérbios 8 nas discussões
trinitárias com o arianismo, que explorou o texto, fazendo da Sabedoria
(Cristo) uma criatura do Pai. Outros, como Irineu e Teófilo de Antioquia, viam
na Sabedoria o Espírito Santo. De qualquer maneira a “tradição patrística” viu
neste texto uma primeira luz da revelação do mistério da Santíssima Trindade. De
fato, a Sabedoria ganha aqui primazia absoluta sobre toda a criação. Foi
“constituída desde as origens” (versículo 23), “gerada antes das colinas”
(versículo 25). Como mestre-de-obras preside a obra da criação, dançando na
presença do Criador (versículo 30s). A Sabedoria dançante manifesta a alegria
de viver que transparece no fundo de todo o universo, e que possibilita ao ser
humano conhecer o seu Criador através das obras da criação (cf. Romanos 1,19s).
Neste sentido vale para todo ser humano o que se diz dos reis: “É glória de
Deus ocultar um plano, e é glória dos reis averiguá-lo” (Provérbios 25,2).
Distinguem-se
duas partes neste trecho: os versículos 22-26, que cantam a origem da
Sabedoria, anterior à criação, e os versículos 27-31, que louvam sua atividade
no mundo.
Este elogio da
Sabedoria rende, pois, a transferir para um atributo de Deus a fé e a esperança
depositadas, até então, pelo povo no herdeiro Davi.
A noção de
sabedoria está ligada ao tempo: é gerada antes da criação (v. 22), o que
significa que ela está no centro de cada coisa, de cada ser criado, de cada
acontecimento. Esta concepção da sabedoria estar antes da criação, não é apenas
cronológica, mas teológica da sabedoria de Deus, implica toda uma reformulação
da concepção que os judeus faziam do tempo. Como todos os homens, eles se
angustiam com o passar do tempo (Salmo 89/90): só se aprende o passado na
recordação, o futuro no sonho, e o presente, logo que vivido, desaparece.
Contudo, o tempo deve ter uma significação eterna, e os judeus acreditam tê-la
encontrado na escatologia: tempos viriam tendo seu pleno alcance de eternidade,
e seriam inaugurados pelo Messias.
A passagem dos
Provérbios que hoje se lê na celebração corrige esta esperança: o peso de
eternidade do tempo não depende do futuro rei e não pertence somente ao futuro;
está contido em todas as coisas presentes, pois a Sabedoria de Deus habita no
momento mesmo em que a pessoa humana a aprende. Por conseguinte, compete ao ser
humano medir o peso de eternidade na sua existência.
A sabedoria
dançante manifesta a alegria de viver que transparece no fundo de todo o
universo, e que possibilita ao ser humano conhecer o seu Criador através das
obras da criação (cf. Romanos 1,19s).
Esta leitura
lembra que a vinda do Filho de Deus ao mundo cumulou a expectativa da esperança
messiânica, e salienta a gratuidade da salvação que ultrapassa tudo aquilo que
as esperanças humanas poderiam conceber.
Cristo,
Sabedoria divina encarnada, dispõe dos mais espirituais recursos para
estabelecer seu senhorio sobre a humanidade e sobre o universo: um Messias
humano teria estabelecido seu reino pela força e por meios externos, jamais
poderia ter sido tudo em todos, como o pode esta Sabedoria criada antes da
criação.
Nem o fato de
uma pessoa pertencer a um determinado povo, nem a observância da Lei Judaica,
podem comunicar-lhe esta Sabedoria, mas somente a mais total coragem de ser e a
mais completa abertura para Deus. Eis porque o sim de Maria coloco-a no cume da
esperança.
Salmo Responsorial 8,4-5.6-9. O Salmo 8
reflete o lugar do homem na criação: sua pequenez diante da grandeza de Deus,
sua grandeza pelo favor de Deus. O homem sente-se pequeno, como criança, e
prorrompe, isto é, manifesta de repente num hino de reconhecimento. O versículo
4 mostra que o homem sente-se pequeno frente o céu estrelado como “obra de
Deus”, como revelação de Deus.
No versículo 5
Deus atende pessoalmente o homem, e esta é a grandeza fundamental do ser
humano: ser pessoa capaz de receber as atenções de Deus. Os versículos de 7-9
mostram o homem, como imagem de Deus, recebe o poder sobre a criação. Pouco a
pouco irá realizando este domínio.
A criação,
principalmente o céu estrelado, revela Deus e força a pessoa humana a perguntar
sobre si mesmo. A pessoa humana é exatamente essa terra capaz de olhar e
compreender o céu, essa consciência que interroga. O salmo, apresenta-nos a
pessoa humana a perguntar, deixa aberta a pergunta: “Que é o homem?”
O rosto de Deus no Salmo 8 é muito
interessante. Dois temas interessantes percorrem o Salmo e nos dão um excelente
retrato de Deus: a Criação e a Aliança.
Deus é Criador tanto do universo quanto do ser humano. Quando ocupa seu lugar
de criatura no cenário da Criação, o homem fica deslumbrado com a beleza do
mundo, o artesanato dos dedos de Deus; e por isso torna-se criança, que exulta
e louva além daquilo que as palavras possam expressar. Quando o homem pergunta:
“Quem sou eu?”, descobre que Deus o fez seu aliado e parceiro. O Deus da
Aliança lhe confiou a administração de toda a sua obra. O Senhor tornou-o
senhor.
O cristão, que
repete o seu louvor em forma de pergunta, pode responder: o homem é imagem de
Cristo, a quem toda a criação se submete, porque Ele irá submetê-la ao Pai
(1Coríntios 15,28). Numa ocasião de sua vida Cristo justificou o louvor dos
pequeninos com este salmo, reprimindo assim os adversários (Mateus 21,14-17;
Salmo 8,3).
Neste salmo,
adoremos o Cristo imagem do Pai e da humanidade que Ele fez nova por sua
ressurreição.
Ó SENHOR,
NOSSO DEUS, COMO É GRANDE
O VOSSO NOME
POR TODO O UNIVERSO!
Segunda leitura – Romanos 5,1-5. A
primeira afirmação de Paulo é a nossa justificação pela fé. (v. 1). Contudo, os
judeus aguardavam a justificação para o futuro escatológico: conjugavam-na no
futuro.
Entre os
frutos atuais da justificação adquirida por Cristo, Paulo menciona a paz e a
graça. (v. 2a). A paz substitui o estado de inimizade em face de Deus e entre
os homens, no qual estavam mergulhados pagãos e judeus antes de Cristo; a graça
é o contrário da cólera divina (Romanos 1,18-3,20); ela faz viver na amizade de
deus aqueles que estavam distantes.
A paz entre
judeus e pagãos é o ponto central da carta aos romanos. Nessa época em Roma,
tinha duas igrejas distintas: uma, a judaico cristã, composta de antigos judeus
que fugiram da perseguição, a outra, de origem grega ou romana. Estas duas
igrejas teriam tido uma vida totalmente separada. Aliás, a Carta aos Romanos é
a única que não se dirige à “Igreja de Roma”. No fundo Paulo faz um apelo á
unidade dessas duas comunidades em Roma.
Assim,
apareceria claramente o intuito da carta: Paulo quer que as duas igrejas se
tornem apenas uma e que judeus e pagãos se dêem conta de que são pecadores
tanto uns quanto os outros (cap. 1-4) e que foram reconciliados a Deus por
Cristo (cap. 5 e seguintes).
Mas a alegria
dos bens presentes fornecidos pela justificação é ultrapassada pela esperança.
Lendo o versículo 5, poderíamos mesmo crer que a fé é ultrapassada pela
esperança, pois Paulo se detém principalmente na orientação escatológica da
fé e da justificação. A fé, ato de Deus,
é, em nós certeza da eternidade.
Assim, a fé e
a esperança alimentam-se mutuamente da caridade que vive em nós (1Coríntios 13,
4-13).
Desde agora,
justificado por sua fé e pela graça do sangue de Cristo, o cristão está
alicerçado na paz e no amor do Pai, e na permanência, nele, do Espírito para
enfrentar o futuro com a necessária garantia. O ritmo ternário do pensamento de
Paulo e de sua expressão literária leva-o a fazer da Trindade o mais decisivo
mistério da pessoa humana e da vocação dos cristãos.
Evangelho – João 16,12-15. A cena do
Evangelho de hoje mostra Jesus no seu primeiro discurso após a Ceia (João
13,33; 14,31), Jesus anunciou aos seus discípulos sua próxima partida e eles fizeram-Lhe
imediatamente perguntas mais ou menos oportunas (João 13,36; 14,5. Jesus
respondeu-lhes que se reencontrariam todos juntos do Pai (João 14,1-3), que o
amor (João 13,33-36) e o conhecimento (João 14,4-10) poderiam compensar a
ausência.
No seu segundo
discurso, que é o Evangelho de hoje, Cristo novamente anuncia sua partida (v.
5). Como os apóstolos não se atrevem a colocar-lhe questões, e como a tristeza
se esboça em seus rostos (v. 6), Jesus observa com certa ironia que este seria
o momento para lhe colocarem questões.
A partida de
Cristo e o aparente abandono no qual deixa seus apóstolos constituem o tema
essencial do Evangelho. Cristo afirma que sua partida é cheia de sentido: Ele
volta ao Pai (João 14,2.3.12; 16,5) porque foi cumprida sua missão neste mundo
e o Espírito Paráclito será a testemunha de sua presença (João 14, 26; 15,26).
Jesus compara a missão do Espírito com a sua: com efeito, não se trata de crer
que o Reino de Cristo esteja terminado e que o Espírito o substitui. De fato, a
distinção se situa antes entre o modo de vida terrestre de Cristo que esconde o
Espírito e o modo de vida de que se beneficiará após sua ressurreição e que não
mais será percebido pelos sentidos, mas somente pela fé: um modo de vida
“movido pelo Espírito” (João 7,37-39). Assim, descobrimos aqui a pedagogia que
Cristo ressuscitado continuamente utiliza para convencer seus apóstolos a não
procurar mais uma presença física, mas a descobrir na fé a presença
“espiritual” (espiritual não sendo tomado aqui apenas como oposto a físico, mas
designando verdadeiramente o mundo novo animado por Deus: cf. Ezequiel
37,11.14-20; 39, 28-29).
O v. 12 retoma
um idéia que, em forma mais original, já ocorreu no primeiro discurso de
despedida (cf. João 14,25-26). No primeiro discurso de despedida era sugerido
que a Palavra de Jesus precisava ser recordada e explicitada pelo Espírito,
pois que durante a sua vida não deu para entender tudo. Aqui, a mesma idéia é
relacionada não com a sorte de Jesus, mas com o desenvolvimento histórico da
situação da Igreja. Muitas coisas deveriam acontecer ainda que não adiantaria
Jesus as ter dito durante a sua vida. Portanto, não apenas o sentido da vida de
Jesus, mas também da história da Igreja, o Espírito o esclarece. E trata-se, de
coisas “pesadas” pois são difíceis de carregar.
Agora, anos
depois da morte de Jesus, estas coisas “pesadas” começam a se realizar. Agora
dá para dizer que, também nisto, o Auxiliador, prometido por Cristo, conduz a
Igreja (v. 13), e a conduz “em plena verdade”. O tema “verdade”, em João,
conota toda a revelação da Pai em Jesus Cristo. “Toda a verdade” indica, então,
o sentido mais amplo do mistério da manifestação de Deus em Jesus Cristo: é a
“permanência” do fiel em Cristo, em sua obra, sua palavra, sua comunidade e
comunhão. Por isso, os versículos 13b-14 relacionam, expressamente, o que o
Espírito fala com a palavra de Jesus: o Espírito fala o que Ele tem ouvido
(mesmos as futuras), não em seu próprio nome, mas porque o que Ele recebe é do
Cristo (v. 14). Assim, Ele glorifica a Cristo. O Espírito não anuncia algo
diferente de Jesus, mas precisamente a mesma coisa, embora em circunstâncias
novas. Talvez João reaja contra aqueles que opõem o Espírito Santo a Jesus
Cristo (cf. 1João 4,1-3); também Paulo,
em 1Coríntios 12,3). O certo é que Ele
acentua a profunda unidade entre a revelação de Deus em Jesus Cristo e no
Espírito Santo. Esta unidade é fundamentada, em última análise, no fato de
ambos revelaram o Pai: o Espírito a experiência pós-pascal da palavra de Jesus,
embora num contexto diferente do da vida da Jesus. Jesus anunciava o que é o
Pai: Tudo o que é do Pai, é seu (v. 15a (cf. Por isso mesmo, o que o Espírito
de Deus faz ver e entender, é a mesma visão de Cristo, sua verdade (v. 15bcd).
Além do aspecto jurídico da presença do Espírito
(vv. 7-11) o Evangelho mostra seu papel
educativo (v. 13). Com efeito, Cristo que ainda tinha muitas revelações a
fazer (contrariamente ao primeiro discurso: João 15,15), confia esta tarefa ao
Espírito. Quer dizer que o mundo aprenderá verdades novas que Cristo não teria
ensinado? Não. Somente Jesus é a Palavra definitiva: disse verdadeiramente
tudo. Mas seu ensinamento precisa ser aprofundado para ser melhor compreendido
e fazer frente aos acontecimentos. Os
apóstolos não podem realizar este trabalho, porque só dispõem de um
conhecimento bastante material, baseado exclusivamente na visão e na
inteligência. O Evangelho não fala de novas revelações, mas sim de compreensão
de palavras e atos que Jesus já tinha dito ou feito. Pode-se perceber que
Palavra e Espírito não se separam.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Vemos nesta
leitura, que o universo não é fruto do acaso. Nada surgiu por acaso, embora
sabemos muito pouco ou quase nada do surgimento do mundo e da vida. Tudo é obra
de Deus sábio e providente. Seu projeto é fruto de seu amor e de sua sabedoria.
Nós cristãos
estamos atentos e acompanhamos as descobertas que os cientistas fazem, nos
interessamos pelo progresso da ciência, porém não ficamos presos aí. Damos um
passo a mais. Esse passo é a nossa fé. Porque a fé e a ciência ambas vêem do
Criador. A fé não contradiz, mas ilumina a razão, e a razão também ilumina a
fé. A razão, por sua vez, não nega a fé, mas a enriquece.
Esse amor
modelou a pessoa humana com artística mão de escultor e lhe concebeu um lugar
predileto em sua criação: “Pouco abaixo de Deus o fizestes, coroando-o de
glória e esplendor” (Salmo responsorial 8). Neste salmo Deus revela o valor da
pessoa humana. Este Salmo é um louvor a Deus pela criação e por ter dado
responsabilidade e dignidade aos seres humanos.
A segunda
leitura nos revela que Deus não apenas nos criou, mas que Ele entra realmente
em nosso mundo, torna-se um de nós. Deus que se fez homem na figura do Filho,
imagem perfeita do Pai.
Na primeira
leitura, conhecemos o projeto do Pai na criação; e na segunda leitura nos é
revelado que este projeto se realiza no Filho. O Evangelho prenuncia a
intervenção do Espírito Santo “que nos conduzirá à plena verdade”.
Jesus nos
convida a testemunhar a verdade do Espírito que nos é concedido pelos
sacramentos da Iniciação Crista. Só pelas forças humanas não seríamos capazes
de transmitir o Mistério de amor e de salvação ao mundo. As palavras que
queremos levar não são as nossas, não falamos de nós, mas do amor de Deus por
todas as suas criaturas. A missão é tão importante hoje como nos primeiros
tempos da Igreja, quando, em palavras e
ações, os santos e mártires manifestaram por sua vida a proposta de
construção do Reino de Deus.
A Igreja é
portadora da revelação da Santíssima Trindade. Louvemos e damos glória a Deus
pelo legado que nos entregou. Não podemos, no entanto, permanecer com este
preciso tesouro só para nós, temos que transmiti-lo e testemunhá-lo. Se Deus
nos envia seu Espírito é para que, como Cristo o fez, testemunhemos o amor a
todos os homens, a todas as criaturas, sem preconceitos nem exclusões. A
salvação é um bem dirigido pelo Pai a todos os seus filhos e filhas.
A Santíssima
Trindade nos fala do amor por ser mistério de três pessoas distintas em um só Deus.
Uno na essência e Trino em pessoas distintas. É o Deus Triuno. Essa unidade
perfeita desafia nosso raciocínio, leva-nos a pensar: somos todos uma única
humanidade, irmãos, filhos de Deus. Por Cristo fomos resgatados. Então, por que
certas diferenças? Somos diferentes como pessoas, mas temos algo que nos une: a
nossa humanidade. O mistério da Trindade nos propõe buscarmos mais aquilo que
nos une do que as diferenças que nos separam. A Trindade é a melhor comunidade.
O Espírito nos
conduzirá a pela verdade. “Muitas coisas tenho para vos dizer, mas não podereis
suportá-las por agora. Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos conduzirá á
plena verdade. O que falar não será seu... Receberá do que é meu e vos
anunciará” (João 16,12-14). É preciso entender bem que não é que o Espírito
Santo venha a revelar verdades novas sobre Deus que Cristo não tivesse
ensinado. Não é que terminou o reinado de Cristo e começa o outro do Espírito
Santo. Somente Jesus é a Palavra de Deus definitiva. E cumpriu plenamente a
missão de o revelar.
Ele mesmo
disse: “Chamo-vos amigos porque tudo o que ouvi de meu Pai vos dei a conhecer”
(João 15,15). Mas falta-lhes ainda aprofundar os seus ensinamentos e
compreendê-los plenamente. De fato, como demonstrava a experiência, muitas
vezes, talvez a maioria dos ensinamentos que Jesus lhes comunicou muitas coisas
escaparam-lhes e não as entenderam no momento próprio. É a mesma coisa que
quando fazemos um curso, nunca assimilamos tudo durante o curso, depois é
preciso parar, olhar as anotações e lembrar. É o que a Igreja e nossa diocese
hoje chama de formação permanente, aprofundamento. Não podemos ficar na superficialidade.
É preciso rever a nossa acomodação e achar que já sabemos muito, e valorizar a
formação.
Olhando o
contexto da segunda leitura que fala da divisão de duas comunidades cristãs em
Roma, devemos olhar para a Trindade que é uma unidade perfeita e batalhar pela
unidade em nossa diocese e em toda a Igreja.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
A oração do
dia reza que o Pai, enviando ao mundo a Palavra da verdade e o Espírito
santificador, revela ao mundo seu mistério encantador, isto é, que não se exprime.
Eis uma afirmação paradoxal, porque o Senhor se faz “acontecimento” no interior
da história humana, como dádiva solidária, mas ao mesmo tempo este
acontecimento se expande e se mostra maior. O maior símbolo deste mistério que
nos fora revelado é a Páscoa de Jesus, sua morte
e ressurreição que nos dizem que “Deus é mais”, conforme um ditado popular
nordestino.
Quando dizemos
Páscoa, dizemos “passo, passagem”. Cada celebração desse mistério é a
oportunidade de marcar no tempo e no espaço a visita da eternidade. O
ressuscitado nos encontra e, mediante a cruz que o conduziu à glória, somos
inseridos na vida de Deus.
Ritualmente
isto se desdobra já no início da divina liturgia quando nos marcamos com o
sinal de Cristo Salvador, a cruz: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!
O sinal da Cruz em nome da Trindade
Criou-se uma
confusão em torno do sinal da cruz, no início da celebração. Muitas comunidades
guiadas por seus ministros (ordenados e leigos) iniciam a celebração convidando
a assembléia a invocar a Santíssima Trindade. É uma compreensão errada.
De fatos, se
estivermos atentos ao que fazemos e dizemos na celebração, constataremos, no
caso do sinal da cruz, que não se trata de invocação. Até porque não somos nós
que convocamos a Deus, mas é Ele quem nos chama para tomar parte em seu
mistério, constituindo-nos assembléia.
Dão vem o próprio nome que nos designa: assembléia dos convocados.
Segundo a
Instrução Geral do Missal Romano, os ritos iniciais têm a finalidade de
realizar a comunhão entre a comunidade e o Senhor, tornando-a assembléia dos
convocados, disposta à escuta da Palavra e a tomar parte na Ceia Pascal (n.
50). É neste contexto ritual que o sinal da cruz deve ser compreendido: “Pelo
mistério pascal (cruz e ressurreição) fomos (e somos) tocados pelo amor da
Trindade”.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Em
toda a liturgia participamos mais intimamente da comunhão trinitária. Louvamos,
agradecemos e suplicamos ao Pai, por Cristo no Espírito Santo, e somos
renovados na certeza de sermos filhos e filhas e não escravos, promotores da
vida e não destinados à destruição e à morte.
Iniciamos
a celebração em nome da Trindade que nos convoca, acolhe-nos e nos reúne como
seu povo santo, consagrado ao seu louvor, corpo de Cristo e templo do Espírito
Santo.
Na
Profissão de Fé, renovamos nossa adesão, nossa fé em Deus Pai Criador, em Jesus
seu Filho, nascido pelo Espírito Santo do seio de Maria, como Redentor, e no
Espírito Santo, animador e santificador da comunidade até a plena realização do
Reino.
Na
Oração Eucarística, entoamos com Cristo nossa ação de graças ao Pai e somos
santificados pelo Espírito Santo é um grande exemplo da dimensão trinitária da
nossa oração. Com Cristo nos oferecemos ao Pai e na força do seu Espírito suplicamos
para sermos perfeitos no amor e assumimos ser fiéis aprendizes e comunicadores
da salvação a todos os povos, nações e culturas.
O
Prefácio da Santíssima Trindade, que é uma síntese breve e precisa da teologia
clássica sobre a Trindade, pode também ajudar a rezar o mistério: “... é nosso
dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo,
Deus eterno e todo-poderoso. Com vosso Filho único e o Espírito Santo sois um
só Deus e um só Senhor. Não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus.
Tudo o que revelastes e nós cremos a respeito de vossa glória, atribuímos
igualmente ao Filho e ao Espírito Santo. E, proclamando que sois o Deus eterno
e verdadeiro, adoramos cada uma das pessoas, na mesma natureza e igual
majestade...”. Porém, o Prefácio VIII, proposto para os domingos do Tempo
Comum, explicita mais a dinâmica salvífica do mistério trinitário: “Na verdade,
é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo
o lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor
nosso. Quisestes reunir de novo, pelo sangue do vosso Filho e pela graça do
Espírito Santo, os filhos dispersos pelo pecado. Vossa Igreja unificada pela
unidade da Trindade, é para o mundo o Corpo de Cristo e o Templo do Espírito
Santo, para a glória da vossa sabedoria...”
Com
a bênção da Trindade somos enviados em missão no mundo, como testemunhas da
Páscoa, instrumentos de comunhão.
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1.
O sinal-da-cruz é a primeira ação
litúrgica do povo de Deus reunido para celebrar a Eucaristia. A assembléia
litúrgica se constitui em nome da Trindade – Pai e Filho e Espírito Santo.
Torna-se, pois, significativo hoje solenizar esta ação inicial, através do
sinal-da-cruz bem feito e cantado.
2.
Escolher um canto adequado para o sinal-da-cruz inicial. Um canto que reproduza
a fórmula ritual “em nome do pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.” E nunca
em nome do Pai em nome do Filho em nome do Espírito Santo, porque trata-se de um só Deus. Quando
afirmamos em nome do Pai em nome do Filho... podemos cair no erro de saudar
três deuses. Pior ainda quando faz repetição se acrescenta: “para louvar e
agradecer” que é uma linguagem explicativa.
3.
A bênção da água e a aspersão renovando o batismo serão ritos muito significativos
nesta festa. Somos batizados em nome da Santíssima Trindade.
4. O conjunto
dos textos bíblicos merece uma boa preparação por parte dos leitores e salmista
para que sejam proclamados de “coração” e todo o rito da Palavra simbolize
diálogo de Aliança da Trindade com a assembléia celebrante, sacramento da
Páscoa do Senhor, acontecimento de salvação.
5. Como a
Igreja hoje celebra uma Solenidade, as partes fixas podem ser cantadas, para se
dar mais ênfase à grande celebração. Sugerimos as opções encontradas no Hinário
Litúrgico do Tempo Comum (ano A).
6. O
repertório litúrgico da solenidade da Santíssima Trindade está no CD: Festas
Litúrgicas, I produzido pela Paulus.
7. Dia 26 é a
Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo.
7- MÚSICA RITUAL
1. O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são da Solenidade da
Santíssima Trindade, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha
dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar
o mistério celebrado. O canto de
abertura deve nos introduzir no mistério celebrado.
1. Canto de abertura. Bendito
sejas o Deus Uno e Trino. “Bendito
sejas tu, Senhor...”, CD: Festas
Litúrgicas I, melodia da faixa 15. Seu texto contempla a comunhão do mistério
da Trindade, que é “comunhão perfeita”.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47).
2. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD
Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico
III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso
e outros compositores.
3. Salmo responsorial. Grandeza
de Deus em suas obras. “Ó Senhor,
nosso Deus, como é grande Vosso nome por todo o universo!”, CD: Festas
Litúrgicas I, melodia da faixa 17.
4. Aclamação ao Evangelho. Glória
ao Pai, ao Filho e ao Espírito (Apocalipse 1,8). “Glória ao Pai, ao Filho e ao
Espírito divino...”, CD: Festas Litúrgicas I, melodia da faixa 18. O canto de
aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.
5. Apresentação dos dons. Nossa
unidade na Trindade deve manifestar-se também na partilha. Devemos ser oferenda
com nossas oferendas. O canto de apresentação das oferendas, conforme
orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema
é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em
oração, na Solenidade da Trindade. “Ó Trindade imensa e una”, CD: Festas
Litúrgicas I, melodia faixa 19.
6. Canto de comunhão. O Espírito
de Cristo que clama: Aba, Pai! “Deus eterno, a vós louvor...”, CD Festas
Litúrgicas I, faixa 20.
O canto de
comunhão deve retomar o sentido do Evangelho do dia. As músicas do CD: Festas
Litúrgicas I da Coleção: Cantos do Hinário Litúrgico da CNBB nos ajudam a viver
melhor o mistério celebrado. Para comunhão, sugerimos o canto que está no CD:
melodia da faixa 20, que une a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Esta é a
sua função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é
dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o
Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes
conteúdos bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a “unidade entre a mesa da
Palavra e a mesa da Eucaristia”. Além desse canto sugerido pelo CD, pode-se
cantar: “Ó Trindade, vos louvamos, vos louvamos pela vossa comunhão”, Hinário
Litúrgico III da CNBB, pag. 295.
8- O ESPAÇO CELEBRATIVO
1. Preparar o
espaço celebrativo de forma festiva usando a cor branca ou o dourado.
2. Junto à
Mesa da Palavra ou num outro lugar de destaque colocar um “ikebana” ladeado por
três velas unidas entre si pelo pavio gerando uma única chama.
Tradicionalmente, esta tem sido uma bela imagem da Trindade.
3. Onde for
possível, colocar o conhecido ícone da Trindade de Andrey Rublev que é bem
conhecido entre nós e que podemos encontrar nas livrarias. Realçar a dimensão
Trinitária de toda a celebração. Ou colocar, em lugar digno, um ícone da
Trindade e uma vela (única) junto ao ícone, como expressão de unidade para
ajudar na reflexão e na oração da assembleia.
4. O espaço da
celebração deve recordar para nós a Jerusalém celeste. Portanto, o lugar da
celebração deve ser preparado para as núpcias do Cordeiro. Deve ser belo, sem
ser luxuoso; deve ser simples, sem ser desleixado; deve ser aconchegante para
que todos se sintam participantes do banquete. A mesa da Eucaristia é o lugar
de convergência de toda a ação litúrgica. Assim o altar não pode ser
“escondido” por imensas toalhas, arranjos de flores e outros objetos. O altar é
Cristo. É ele o ator principal da liturgia. “As flores, por exemplo, não são
mais importantes que o altar, o ambão e outros lugares simbólicos. Nem a toalha
é mais importante que o altar. Os excessos desvalorizam os sinais principais. A
sobriedade da decoração favorece a concentração no mistério celebrado” (Guia
Litúrgico Pastoral, página 110).
9. AÇÃO RITUAL
Celebramos a
Solenidade da Santíssima Solenidade. Deus Uno, que é comunidade de Três. No
espelho da Liturgia contemplamos a nosso Deus que nos reúne para que, a seu
exemplo e por seu convite, sejamos Nele unidos e manifestemos ao mundo seu amor
realizado em Jesus Cristo.
Enquanto as pessoas vão chegando
canta-se: “Louvarei a Deus, seu nome bendizendo! Louvarei a Deus, à vida nos
conduz”. (Orações e cantos de Taizé, n. 71).
Ritos Iniciais
1. Na
procissão de entrada, convidar para participar pessoas batizadas e crismadas
recentemente na comunidade.
2. Antes do
sinal da cruz acender três velas unidas
entre si pelo pavio, mencionadas acima, formando uma só chama. Se não for
possível unir três velas num só pavio, acender três velas e depois juntar as
três numa só chama. Depois de uns instantes de contemplação, o presidente da
celebração convida a assembléia a traçar o sinal da Cruz saudando a Trindade em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
3. Fazer com
especial atenção o sinal da cruz e a saudação inicial em nome da Trindade,
aproveitando uma das várias opções cantadas. Outra alternativa é a saudação “f”
(cf. 1Pd 1,1-2) proposta pelo Missal Romano, página 390, pois nos insere melhor
no mistério. O persignar-se (sinal da Cruz) é o que temos de mais antigo da
expressão da fé cristã no mistério da Santíssima Trindade. É a maneira
condensada da profissão da fé e de todo o dinamismo da economia da salvação.
4. Ultimamente
estão criando uma confusão em torno do sinal da Cruz, no início da celebração.
Muitas comunidades guiadas por seus ministros (ordenados e leigos) iniciam a
celebração convidando a assembléia a invocar a Santíssima Trindade. De fato, se
estivermos atentos ao que fazemos e dizemos na celebração, constataremos, no
caso do sinal da cruz, que não se trata de invocação. Até porque não somos que
convocamos a Deus, mas é ele quem nos chama pata tomar parte em seu ministério,
constituindo-nos assembléia. Daí vem o próprio nome que nos designa: Igreja: assembléia
dos convocados.
5.
Quando cantamos “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo...” devemos
escolher cantos que respeitem a linguagem teológica e litúrgica. A título de exemplo, comparem os seguintes
textos:
6. Compete ao
presidente da celebração (bispo, presbítero, diácono ou leigo/a presidindo a
celebração da Palavra) pronunciar as palavras do sinal do cruz e não a equipe
de canto como muitas vezes acontece. O presidente da celebração se apóia em sua
condição de instrumento, na autoridade recebida contemplando o sacramento da
Ordem e o sacerdócio comum dos fiéis. Ele age em nome do seu Senhor para dar
início à celebração e fazer tudo o que faz.
7. Na saudação de quem preside,
poderiam ser usadas as palavras conforme 2Coríntios 13,14
A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor
do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco.
8. O sentido
litúrgico pode ser proposto, através das seguintes palavras, ou outras
semelhantes:
Deus, comunidade de amor, convida-nos, neste
Domingo, a fazer de nossa própria comunidade uma experiência do
amor-comunicação entre as três Pessoas da trindade: Pai, Filho e Espírito
Santo. A partir dessa experiência, somos também enviados, pelo próprio Senhor,
a fazer novos discípulos em nome da Comunidade Divina.
9. O Hino de
louvor “Glória a Deus nas alturas” é antiqüíssimo e venerável, com ele a
Igreja, congrega no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus e ao Cordeiro.
Não é permitido substituir o texto desse hino por outro (cf. IGMR n. 53). O CD:
Festas Litúrgicas I propõe, na faixa 2, uma melodia para esse hino que pode ser
cantado de forma bem festivo, solista e assembléia.
10. Na Oração
do Dia, suplicamos ao Pai que sejamos perseverantes na verdadeira fé em todo o
tamanho da Trindade.
Liturgia da Palavra
1. As leituras
sugeridas pelo Lecionário, para esse dia, foram escolhidas levando-se em
consideração a característica da Solenidade, portanto devem ser bem preparadas
e lidas compassadamente pelos leitores.
2. Dar
destaque maior à proclamação do Evangelho, que hoje pode ser cantado e o livro,
incensado.
3.
A homilia, introduzindo ao mistério celebrado, poderá, após um silêncio orante,
ser concluída com um refrão que ligue a mesa da Palavra com a mesa da
eucaristia. Por exemplo: “Ó Trindade, vos louvamos (...) que esta mesa favoreça
nossa comunicação!” (Hinário Litúrgico III, página 295).
4. Onde for
possível após a homilia todos tocar no ícone da Trindade traçando o sinal da
cruz.
5. Seria muito
oportuno usar na Profissão de fé o Símbolo Niceno-constantinopolitano, que fala
mais sobre a Encarnação do Filho de Deus e Sua divindade: “Creio em um só
Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito do Pai, nascido do Pai antes de todos os
séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado,
não criado, consubstancial ao Pai”, isto é, da mesma substancia do Pai. Por ele
todas as coisas foram feitas... Após a Profissão de fé realizar a aspersão da
assembléia. Nas pequenas comunidades, cada um toca na água e traça o sinal da
cruz. O esquema é este:
- Bênção da
água
- Profissão de
fé
- Aspersão da
assembléia
6. As preces,
como sugere o Missal Romano, são feitas do Ambão. As invocações podem começar
invocando a Deus. Como por exemplo: “Ó Deus de bondade...” a resposta à oração
pode ser cantada: “Ouvi-nos, amado Senhor”.
Liturgia Eucarística
1. Na Oração
sobre as Oferendas invocamos o nome de Deus sobre o pão e o vinho, a oferenda
de nós mesmos, com os dons que oferecemos.
2. Quanto ao
prefácio: se não for cantado, quem preside procure proclamá-lo com ênfase, mas
ao mesmo tempo calmamente, de forma serena e orante. Frase por frase. Cada
frase é importante, anunciadora do mistério que hoje celebramos. Basta prestar
bem atenção nelas! A boa proclamação do Prefácio, como abertura solene da grande
oração eucarística (bem proclamada também), tem um profundo sentido
evangelizador, pois, por seu conteúdo e, sobretudo, por ser oração, toca fundo
no coração da assembléia.
3. O Prefácio
é próprio da Solenidade de hoje que evidencia a atribuição da mesma glória às
Três Pessoas Divinas. Outra ótima opção é o Prefácio VIII, proposto para os
Domingos do Tempo Comum, explicita mais a dinâmica salvífica do mistério
Trinitário, a Igreja unificada pela unidade da Santíssima Trindade. “Vossa
Igreja, reunida pela unidade da trindade, é para o mundo o Corpo de Cristo e o
Templo do Espírito Santo para a glória da vossa sabedoria” Seguindo essa
lógica, cujo embolismo reza: O grifo no texto identifica aqueles elementos em
maior consonância com o Mistério celebrado neste Domingo e que pode ser
aproveitado na celebração, ao modo de mistagogia. Usando este prefácio, o
presidente deve escolher a I, II ou a III Oração Eucarística. A II admite troca
de prefácio. As demais não admitem um prefácio diferente. Elas não podem ter os
prefácios substituídos com grave prejuízo para a unidade teológica e literária
da eucologia.
4. Distribuir
o corpo de Cristo de forma consciente e orante, como um gesto de profundo
serviço, expressando nele o próprio Cristo que se dá como servo de todos. Isso
vale tanto para quem preside como para seus ajudantes.
Ritos Finais
1. Na Oração
após a comunhão, suplicamos a Deus que a comunhão no sacramento da Eucaristia,
nos conserve na verdadeira fé
2. A bênção
final, sempre feita em nome da Trindade, poderá ser cantada.
3. As palavras
do rito de envio estejam em consonância com o mistério celebrado: Que o
Espírito da verdade vos conduza à plena verdade. Ide em paz e que o Senhor vos
acompanhe.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Três
realidades distintas: o Pai, fonte inacessível de amor; o Filho, cujo caminho
histórico destrói os ídolos; o Espírito Santo que leva a outros pelo caminho do
Filho. E, no entanto, uma só realidade: Deus ao encontro das pessoas.
É nossa vida
que está em questão ao professarmos a Trindade: ou somos cristãos e seguimos a
Jesus (e isto é viver a vida da trindade), ou não somos cristãos.
Celebremos a festa da Santíssima
Trindade, na unidade e na santidade.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
Nenhum comentário:
Postar um comentário