21 de agosto de 2016
Leituras
Apocalipse 11,19a; 12,1-6a.10ab
Salmo 44/45,10bc.11.12ab.16
1Coríntios 15,20-27
Lucas 1,39-59
“DORAVANTE TODAS AS GERAÇÕES ME CHAMARÃO
BEM-AVENTURADA”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo da Assunção de Maria ao
céu. A Igreja celebra uma das festas mais importantes e mais antiga da Virgem
Maria que é sua Assunção ao céu. No início do século IV esta festa era chamada
de “Dormitio Virginis”, isto é Dormição da Virgem (passagem para outra vida). A
Assunção de Maria, verdade professada desde os primeiros séculos, tanto no
Oriente como no Ocidente, foi proclamada dogma pelo Papa Pio XII como verdade
de fé no dia 1 de novembro de 1950 com a bula Manificentissimus Deus.
No Brasil, a piedade popular
venera Maria assunta ao céu como Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora da Boa
Viagem, Nossa Senhora da Abadia, Nossa Senhora do Pilar...
Celebramos esta festa da Páscoa
de Maria dando graças ao Pai que eleva a humilde mulher, Maria de Nazaré, e
nela, “primeira da fila”, nos oferece o sinal da vitória definitiva de toda a
humanidade, pela força da ressurreição de Jesus Cristo, nosso Salvador.
Somos chamados a participar
desta gloriosa vitória, vivendo o projeto de Jesus que vence, pelo poder da
entrega da vida, a força enganosa e aparente do dragão que devora e destrói
todas as possibilidades de uma vida humana digna e feliz.
Hoje, cantamos com Maria a
esperança dos pobres e pequenos, a quem Deus, em sua infinita misericórdia,
liberta e exalta.
“Grande sinal apareceu no céu:
uma mulher que tem o sol por manto, a lua sob os pés e coroa de doze estrelas
na cabeça.” (Apocalipse 12,1)
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Primeira leitura – Apocalipse 11,19a;
12,1-6a.10ab. Esta leitura reagrupa elementos que não pertencem ao mesmo
conjunto. O versículo 19 do capítulo 11 se liga aos versículos 1-3 do mesmo
capítulo: o Templo de Deus é a Igreja (por oposição ao Templo de Jerusalém) e,
conforme a tradição judaica (2Macabeus 2,5-8), a arca da Aliança reaparece por
ocasião da chegada do Reino de Deus.
A mulher
ornada com o esplendor – o sol, a lua e 12 estrelas, imagens tradicionais –
simboliza o povo de Deus: primeiramente o antigo Israel de que Jesus nasceu
segundo a carne, em seguida o Israel novo, a Igreja, corpo de Cristo. A criança
do sexo masculino posta no mundo pela Mulher é evidentemente o Messias,
encarado tanto em sua realidade histórica quanto misticamente nos cristãos.
Faz-se referencia à Ascensão e ao Cristo sentado á direita do Pai (versículo
6), que anuncia a queda definitiva do Dragão, ao passo que a mulher foge para o
deserto onde Deus lhe preparou um refúgio. Desde o Primeiro Testamento o
deserto é considerado como refúgio tradicional dos perseguidos (cf. 1Reis
17,3-6; 1Macabeus 2,29).
O versículo 10
exprime a vitória de Deus e a dominação de seu Cristo, depois que o arcanjo
Miguel e seus anjos tiverem vencido o Dragão (versículos 7-9).
A leitura do
Apocalipse nos apresenta a mulher símbolo da comunidade. Ela está adornada de
todo o seu esplendor: veste de sol, sinal da glória do Senhor, isto é, é
protegida por Deus; tem aos pés a lua, símbolo de alguém que não será vencido
pelo passar do tempo, isto é, já possui a eternidade de Deus; usa uma coroa de
doze estrelas, simbolizando o povo de Deus, o antigo Israel, com suas doze
tribos, do qual nasceu, e depois o novo Israel, a Comunidade-Igreja, Corpo de
Cristo, Povo de Deus perseguido pelo dragão. Está grávida, na hora de dar à
luz, como Maria e a Igreja, que fazem Jesus nascer na história e na vida das
pessoas.
Não se trata,
digamos logo, de uma reflexão em torno da figura de Maria e sim de um chamado
endereçado a comunidades cristãs, sofredoras e desanimadas, para que descubram
melhor tanto o significado do compromisso de sua fé no Ressuscitado como o
sentido do desafio ao qual esta fé as mede no cotidiano de sua existência
presente.
O autor do Apocalipse
abre bem o horizonte de sua mensagem à Igreja inteira. Uma Igreja que, logo
depois dos anos 70, defronta-se com uma série de problemas concretos: o atraso
da volta do Senhor, as perseguições do Império Romano, as suas próprias
divisões interna. Uma Igreja que, sem dúvida nenhuma, sofre, mas cujo primeiro
impulso religioso parece também ter-se congelado.
Essa
incompatibilidade entre a Mulher e o dragão remete diretamente ao Gênesis 3,15,
e se fica claro que essa criança é o Messias esperado (Apocalipse 12,5) que já
veio, andou no meio dos homens, morreu e ressuscitou, esse Messias assim como o
Reino que inaugurou permanecem realidades que o próprio povo de Deus (a
mulher-Igreja) tem ainda hoje que produzir.
A aplicação
desse texto à Virgem Maria tem um fundamento tradicional. Santo Agostinho e São
Bernardo viram na Mulher do Apocalipse o símbolo de Maria, embora um tal
sentido seja estranho ao autor do Apocalipse. No entanto todos os textos da Escritura
Sagrada que traz presente o mistério da Igreja podem ser aplicados à Virgem
Maria, na medida em que o seu verdadeiro mistério se inscreve no mistério da
Igreja e o ilumina ao mesmo tempo, conforme lembrou o Concílio Vaticano II. A
“Mãe do Messias” representa assim muito mais que uma pessoa individual.
Quanto à
imagem da arca da Aliança aplicada à Virgem Maria (Apocalipse 11,19), lembra o
tema focalizado pela primeira leitura da Missa da Vigília.
Salmo responsorial 44/45,10-12.16. A tradição
judaica e cristã o interpretam com referência às núpcias do Rei-Messias com
Israel (figura da Igreja; cf. Cântico dos Cânticos 3,11; Isaias 62,5; Ezequiel
16,8-13 etc.), a liturgia por sua vez estende a alegoria, aplicando-a a Maria.
O poeta dirige primeiramente ao Rei-Messias, aplicando-lhe os atributos de Deus
(Salmo 145/144,4-7.12-13 etc.) e do Emanuel (Isaias 9,5-6), depois à rainha
(versículos 11-17). É um salmo real, porque tem como figura central o rei,
celebrando um momento importante de sua vida, neste caso, o seu casamento.
O Salmo de
hoje, portanto, celebra a festa de casamento de um rei e uma princesa; mas para
nós é a celebração da Aliança que Deus faz com seu povo. Costumamos rezá-lo
pensando em Maria de Nazaré como lindíssima esposa e primeira da lista dos
ressuscitados com Cristo.
O rosto de
Deus no Salmo. Apresenta um Deus muito ligado ao rei, abençoando-o e
protegendo-o. O que Deus queria é que o rei defendesse a verdade, os pobres e a
justiça. Nesse sentido o rosto de Deus é ainda o do aliado fiel do seu povo, o
Deus do êxodo, ligado à posse e à defesa da terra, da liberdade e da vida para
todos.
O tema da
realeza de Jesus está presente em todo o Novo Testamento, mas Ele mudou
completamente a visão a respeito do poder (veja o que foi dito a respeito dos
Salmos 2, 18, 20, 21).
Cantando este
Salmo na celebração deste domingo, nós bendizemos a Deus que ficou do lado da
Igreja perseguida pelo dragão e pedimos que Ele venha em socorro do seu povo em
luta contra o sofrimento e a morte.
R: À VOSSA DIREITA SE ENCONTRA A RAINHA,
COM VESTE ESPLENDENTE DE OURO DE OFIR.
Segunda leitura – 1Coríntios 15,20-27a.
A razão da escolha desta leitura para a liturgia de hoje é a idéia da
ressurreição e da vitória sobre a morte, pela qual termina a perícope litúrgica
(versículo 26), truncada de uma maneira que fere um pouco a sensibilidade do
especialista em Bíblia que é o exegeta.
No contexto de
1Coríntios, a idéia principal do texto em questão é a ressurreição. O capítulo
inteiro é consagrado a esse tema. Uma das mais complexas passagens do capítulo
15 da primeira carta aos coríntios, em que Paulo elabora sua doutrina da
ressurreição dos mortos. O apóstolo se dirige a correspondentes que crêem na
imortalidade da alma e consideram a morte como uma libertação, para a alma, do
corpo material e corruptível. Os gregos acreditavam na imortalidade da alma,
por isso tinham dificuldade de acreditar na ressurreição da pessoa como um
todo. Paulo defende a concepção judaica da unidade da pessoa: o homem não é
composto de uma alma e de um corpo; é um ser pessoal, único, que, desde a
ressurreição de Cristo, sabe que Deus lhe concederá a vida eterna.
O versículo 19
serve, de fato, de transição para os versículos 20ss. Não se trata somente da
ressurreição de Cristo (que os coríntios parecem aceitar como querigma:
versículos 11 e 13-14) e sim da nossa própria ressurreição.
Ora, aqui se
situa o versículo que justificou a escolha deste trecho para a liturgia de
hoje: o último inimigo a ser destruído é a morte (versículo 26).
Paulo
apresenta um conceito “não físico” da ressurreição: o corpo da ressurreição não
é “animal” (biológico-psíquico, mundano), mas um “corpo espiritual”, isto é,
pertencendo à esfera divina; já não é o corpo do homem terrestre (Adão), mas do
homem celeste (Cristo) (versículos 42-50).
Desta
transformação gloriosa em imagem do Novo Adão, Maria é a antecipação: este é o
sentido da sua Assunção ao Céu, ou seja, da sua glorificação.
Evangelho – Lucas 1,39-56. O Evangelho
desse domingo inicia com o relato da visita de Maria a Isabel (versículos
39-45) e o Magnificat que a ele se vincula (versículos 46-55) convêm
perfeitamente à festa da Assunção, pois os temas que trazem presente são, antes
de tudo, temas de vitória.
1). O relato
da visitação traz presente a transferência da arca da aliança para Jerusalém
(2Samuel 6,2-11). Como a arca, Maria vai para o país de Judá, em direção a
Jerusalém (versículo 39; cf. 2Samuel 6,2), e sua viagem suscita as mesmas
manifestações de alegria (versículos 42 e 44; cf. 2Samuel 6,2), isto é, “danças”
sagradas (versículo 44, em que a criança “salta” no seio de sua mãe; cf.
2Samuel 6,12). Ela repousa na casa de Zacarias (versículo 40) assim como a arca
na casa de Obed-Edom (2Samuel 6,10), e é, assim como ela, fonte de bênçãos
(versículo 41; 2Samuel 6,11-12). O “grito” de acolhida de Isabel (versículo 43)
reproduz quase textualmente as palavras de Davi diante da arca (2Samul 6,9).
Enfim, Maria, assim como a arca, permanece três meses na casa de seus hóspedes
(versículo 56; cf. 2Samuel 6,11).
Na verdade,
esse simbolismo vai ao encontro da idéia-mestra de São Lucas: para o
evangelista, os fatos que cercam o nascimento de Jesus realizam ao mesmo tempo
a profecia de Malaquias 3 (sobre a vinda de Javé em seu Templo) e a de Daniel 9
(a profecia das setenta semanas antes da aparição de Deus). Deus já enviou seu
anjo ao templo na figura de Gabriel (Malaquias 3,1 e Lucas 1,5-25); cabe-lhe,
agora, fazer sua aparição no Templo (Malaquias 3,2). A partida de Maria para a
casa de Isabel e Zacarias é a primeira etapa que realiza as profecias; a
segunda, a subida propriamente dita a Jerusalém (Lucas 2,22-38), se completará
pela apresentação oficial do Menino no Templo de Jerusalém ao velho Simão.
A arca da
Aliança simboliza principalmente a presença de Deus no meio de seu povo, mas
igualmente levava o povo ao combate. Quando trazemos presente a arca da
Aliança, portanto, nos situa num contexto guerreiro, e Maria se apresenta como
mulher vitoriosa. O versículo 42, em que Isabel abençoa sua prima e a criança
que ela traz em si, lembra, certamente, as aclamações dirigidas a Iael (Juízes
5,2-31) e a Judite (Judite 13,17-18; 15,9-10) após suas respectivas vitórias
sobre o inimigo. Maria, portanto, aparece aqui como a mulher que garante a seu
povo a vitória definitiva sobre o mal e que inaugura a era messiânica em que o
pecado e a desgraça serão abolidos.
2) Quanto ao
Magnificat, faz de Maria a personificação do Israel escatológico, isto é,
realidade nova e definitiva dos pobres, a verdadeira raça de Abraão tomando
posse das promessas. Nesse sentido, Maria aparece como a imagem e o porta-voz
da própria Igreja. Aliás, muitas expressões do Magnificat se encontram no
vocabulário da comunidade primitiva, cantando seu próprio mistério (cf. o
vocabulário “exaltar” em Lucas 1,46.48 e Atos 5,13; o vocabulário “salvador” em
Lucas 1,47.69.71.77 e Atos 4,12; 5,31; 13,47; o salmo 88/89,11 em Lucas 1,51 e
Atos 2,30; Lucas 1,52 e Atos 2,22-38; 3,13). A assembléia eucarística, célula
do Israel escatológico e objeto das promessas feitas a Abraão, está, pois,
autorizada a retomar o Magnificat por sua própria conta.
No encontro
das duas mães faz sobressair o contraste entre as duas crianças: João Batista é
o “profeta do Altíssimo” (Lucas 1,76); Jesus é o “Filho do Altíssimo” (Lucas
1,32). Ambos, contudo abrem os últimos tempos da história da salvação: o
primeiro enquanto precursor e pregador de um caminho (Lucas 1,76 que seguirá o
outro, o próprio Cristo Senhor Lucas 2,11).
Nessa dinâmica
geral, entende-se que o encontro das duas crianças “na região montanhosa da
Judéia” (Lucas 1,39) não se limita a uma mera e piedosa cena de cortesia.
Trata-se, na apresentação teológica da historia da salvação feita por Lucas, de
um instante decisivo, um ponto central para o qual convergem João Batista “o
maior dos profetas” (... entretanto, “o menor no Reino de Deus de Deus é maior
do que ele” (Lucas 7,28) e Jesus, o próprio Salvador.
A
bem-aventurança de Maria a si mesma no versículo 48b não é orgulho, mas maneira
normal de expressar sua gratidão de pessoas que não sofrem de falsa humildade (cf. Genesis 30,13; 29,32).
“Todas as
gerações” (versículo 50) anuncia uma visão universal. No versículo 51, esta
universalidade é projetada não só no sentido temporal, mas no sentido de
salvação: todos, sem discriminação. Devemos entender aqui a “misericórdia” de
Deus, não como piedade paternalista. É a hesed bíblica, a amizade leal do Deus
da Aliança para com seu povo, estendendo a nova Aliança a todos.
Uma salvação
do tipo que iniciou (depois de Ana) em Maria, é uma salvação dirigida e a
realizada pelos que não confiam nas falsas riquezas, no sucesso, na violência
etc. (cf. Lucas 6,17ss). Podemos notar que Maria já não fala do “meu” salvador.
A salvação estende-se a todos os pobres de Deus. Ele dispensa os orgulhosos
(Salmo 89/90,11, derruba os poderosos (Eclesiástico 10,14; Jó 12,19), mas
sobretudo eleva os “humildes”: já sabemos quais são: Ana (cf. 1Samuel 2,8),
Maria, todos os que colocam sua confiança no Senhor e se tornam seus “servos”
(cf. Salmo 147/146,6). Ele sacia os famintos (versículo 53, cf. Salmo
113/112,7; 1Samuel 2,5)e rejeita os que já estão fartos (1Samuel 2,5). Podemos
notar claramente de que temos aqui uma prefiguração das Bem-Aventuranças de
Jesus (Lucas 6,17-26). O Magnificat anuncia a realização das promessas do
Primeiro Testamento – por isso tinha que ser um amontoado de citações bíblicas
– mas anuncia também a realidade nova e definitiva (escatológica) que começa em
Jesus Cristo, não só a partir da sua primeira pregação (Lucas 4,16), mas a
partir da concepção virginal. É supérfluo mostrar que esta salvação universal
se realiza primeiro em Maria: ela apenas proclama a todos a salvação que ela
sente em si mesma, isto é, partilha com todas as gerações.
O hino conclui
com uma lembrança das promessas que agora se realizam. É o encerramento do
Primeiro Testamento, pelo menos na boca de Maria (versículos 54-55). Maria era
a “serva” em que cumpriram as promessas feitas ao antigo povo de Deus que o
Dêutero-Isaias gosta de chamar de “servo” (Isaias 41,8). Deus não esquece a
amizade (= misericórdia, hesed; Salmo 98/97,3, que tem com o povo e seus “pais”
“desde os tempos antigos” (Miquéias 7,20).
Em Maria
começa a realização “para sempre”. Ela é a obra prima na ordem da salvação
eterna. Por isso, o Magnificat, entendido como inauguração do tempo novo e
último, é o melhor comentário da festa de Maria glorificada, “garantida” na
ordem definitiva de Deus.
O Evangelho de
hoje é muito familiar. Maria, grávida, visita Isabel, também grávida.
Encontram-se as duas mulheres do povo num lugarejo sem recursos e sem
importância. Maria é aclamada pela prima como bendita entre as mulheres e
recita uma oração de louvor pelas maravilhas que o Senhor realizará nela, as
quais seriam plenificadas na vida da criança que estava no seu ventre.
Há uma
explosão de alegria dessas mulheres, que reuniam duas impossibilidades humanas
de ser mãe: Isabel era idosa e estéril; Maria, jovem e virgem.
Maria é
aclamada como uma bem-aventurada: “Feliz és tu que acreditou, porque se
cumprirá o que o Senhor te anunciou”.Seu coração trasborda em “canto-oração”.
Sua resposta é ação de graças, é celebração profética e jubilosa, resumo de
toda a história da salvação. Ela é filha de Abraão e pertence a seu povo. Em
Maria, neste encontro entre o Primeiro Testamento e o Novo Testamento, se unem
a promessa e a realização e, ao mesmo tempo, se manifesta a predileção
histórica do Senhor pelos pobres e pequenos.
Maria fala de
um Deus aliado dos pequenos: sacia de bens os famintos, derruba os poderosos e
eleva os humildes. Esta é uma característica marcante do rosto de Deus que
perpassa toda a Bíblia. O Deus de Israel, o Deus de Maria, é quem tira da
humilhação as mulheres estéreis e escolhe justamente seus filhos para grandes
tarefas. Envia profetas para defender os que não têm defesa; é o Deus que
rejeita sacrifícios e ofertas no Templo se houver injustiça contra os pobres.
O cântico de
Maria (Magnificat) apresenta um projeto, que é o mesmo de Jesus: transformar o
mundo antigo e opressor de viver, onde a prepotência e a auto-afirmação humanas
saem sempre ganhando, em uma ordem nova em que triunfa a justiça para os
ofendidos, os desprezados e excluídos. O Filho de Maria veio para inaugurar o
novo relacionamento entre todas as coisas.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
O Salmo de
Maria, tradicionalmente chamado de Magnificat, por causa da primeira palavra na
tradução latina, é um mosaico de citações de referencias do Primeiro
Testamento.
Ela proclama
que Deus cumpriu uma tríplice derrubada de situações opressoras e falsas para
restaurar o projeto de Deus na humanidade: “No campo religioso”, Deus subjuga a
auto-suficiência humana, a soberba. “No campo político”, Deus destituiu do
trono os poderosos e enaltece os humildes, destrói as desigualdades humanas. “No
campo social”, Deus elimina os privilégios estabelecidos pelo dinheiro e poder.
Cumula de bens os famintos e despede os ricos de mãos vazias, para instaurar
uma verdadeira fraternidade na sociedade e entre os povos, porque todos somos
filhos e filhas de Deus.
Nossa ligação
com Maria existe justamente por ser ela uma entre os pequenos que Deus escolhe.
Se houver muita homenagem a ela e pouco compromisso com os famintos e
desamparados, estaremos fora da obra que Deus realiza em Maria.
Será que temos
devoção verdadeira à Maria do Apocalipse e do Magnificat, profeticamente do
lado dos que nada têm?
Ao dizer:
“Porque olhou para a humilhação de sua serva...”, Maria faz um paralelo entre o
Espírito Criador de Deus e a situação sofrida da mulher oprimida. De um lado o
desmando dos soberbos, ricos e poderosos deste mundo e, de outro, a
misericórdia de Deus que envia seu Filho e revoluciona as relações desumanas e
iníquas, elevando os humildes e dando comida farta aos famintos. Ele olha a
condição oprimida do pobre, o estado de desgraça, de aflição e humilhação em
que vivem milhões de pessoas e envia Jesus para propor um jeito novo de viver
que seja bom para todos. O que alegra Maria é ser parte integrante do projeto
de Deus para a humanidade – salvação das opressões pessoais, mas também
salvação nacional e de toda a humanidade.
Celebramos esta festa da Páscoa
de Maria dando graças ao Pai que eleva a humilde mulher, Maria de Nazaré, e
nela, nos oferece o sinal da vitória definitiva de toda a humanidade, pela
força da ressurreição de Jesus Cristo.
A bula de definição dogmática
não fala de argumentos bíblicos, pois a Sagrada Escritura não afirma a Assunção
de Maria; mas sim do “último fundamento escriturístico” em que se baseiam os
Santos Padres e teólogos, além do comum sentir do povo cristão. Ou seja, a
Sagrada Escritura apresenta Maria intimamente vinculada à pessoa e obra do
Redentor; então, desta união plena deriva a sua participação no triunfo
glorioso do seu Filho.
Por sua vida e morte Jesus nos
libertou. Por sua vida e morte Maria participou desta obra universal. A morte
propicia ao ser humano um ato de absoluta entrega e amor a Deus. Por isso a
morte permite uma extrema realização humana. A morte liberta a semente de
ressurreição que se esconde dentro da vida mortal. Por isso no momento de sua
morte, Maria ressuscitou.
Não se trata, como em Jesus, de
Ascensão ao céu. Jesus, por própria força, em razão de sua divindade subiu ao
céu, vale dizer, penetrou no Mistério insondável da vida eterna. Maria porque é
criatura foi arrebatada por seu Filho e introduzida na glória celeste. A
Assunção não é obra de Maria, mas obra de seu Filho em favor de sua Mãe.
Acentuamos, especialmente, a
glorificação corporal de Maria. O corpo é mortal, frágil, opaco, pesado,
sujeito a limitações, doenças; este corpo, assim estigmatizado, é
transfigurado. O corpo de Maria só foi instrumento de graça e de bondade. Por
isso ele não ficou entregue à corrupção como o nosso. Foi reassumido e
entronizado no mistério do Deus Uno e Trino
A Assunção significa o
definitivo reencontro entre a Mãe e o Filho. Maria contempla a divindade de seu
Filho Jesus e desfruta de maneira sublime sua “maternidade divina e humana”.
Ela se descobre inserida no mistério da Santíssima Trindade mediante o Espírito
Santo que a fecundou e do Filho Eterno que ela, no tempo, gerou. Embora Mãe
terrena do Filho encarnado, vê-se filha no Filho Eterno e Unigênito do Pai.
Agora na glória dá-se plenamente conta de sua ligação com toda a humanidade e
de sua vinculação com a salvação da humanidade.
Maria vive agora no corpo e na
alma aquilo que nós iremos também viver quando morrermos e formos para o céu.
Todos os que estão no Senhor (2Cor 5,6) participam de sua ressurreição. Por
isso ressuscitamos no Ressuscitado por ocasião de nossa morte.
A festa da Assunção de Maria
diz respeito à vocação definitiva de toda a humanidade, que é um dia morar com
Deus.
A exemplo de
Maria e motivados por sua Assunção, respondemos imediatamente às necessidades
dos irmãos e irmãs? Que espaço ocupam os pobres, as pessoas com deficiência, os
idosos, os abandonados em nossa vida pessoal e comunitária?
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
O Mistério Pascal e a Assunção de Maria
Na Eucaristia
celebramos a memória da morte e ressurreição de Jesus. Após a Liturgia da
Palavra, durante a Liturgia Eucarística, pronuncia-se a Oração Eucarística, ou
Anáfora que significa oração de ação de graças. Não é uma oração qualquer. É a
oração da Igreja, em sentido máximo, ou seja, nenhuma oração se iguala a esta
prece. O motivo de louvor nesta oração é único e múltiplo ao mesmo tempo.
Agradecemos a Deus tudo o que Ele realizou por nós na pessoa de Jesus Cristo, o
Pão descido do Céu. Esse único mistério que perpassa todo o Ano Litúrgico se
desdobra em vários “mistérios”, ou facetas do único Mistério Pascal. Na
Solenidade de hoje celebramos o Mistério Pascal que se realiza na Assunção de
Maria, como imagem da Igreja e prenúncio do destino comum de toda a humanidade.
O mistério da Assunção de Maria na verdade é uma demonstração de como o
Mistério de Cristo se realiza e se manifesta na vida e na história do povo de
Deus.
Maria exalta as maravilhas de Deus
O Magnificat é
modelo de louvor a Deus: Maria parece falar de si, mas na verdade exalta as
maravilhas de Deus realizadas na vida do povo, do qual ela é membro e das quais
ela participa. O Prefácio da Virgem II diz: “Celebrando a memória da Virgem
Maria, proclamamos ainda mais a vossa bondade, inspirando-nos no mesmo hino que
ela cantou em vosso louvor”. A principal oração da Igreja também encontra
inspiração no cântico de Maria e através dele exalta as maravilhas de Deus: “Na
verdade, fizestes grandes coisas por toda a terra”. Não retoma o hino por
inteiro, mas seu espírito mais genuíno: a capacidade de reconhecer e bendizer a
Deus, em forma de profecia, gratidão e adoração.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Em muitos
momentos da Celebração Eucarística, podemos identificar referências à Maria:
No Ato
Penitencial, pedimos sua intercessão por nós, pecadores: “e peço a Virgem
Maria, aos anjos e santos, e a vós irmãos e irmãs, que rogueis por mim a Deus,
nosso Senhor”.
Na escuta da
Palavra de Deus, na resposta a esta Palavra, é Maria que nos deixa o exemplo,
dando seu “sim” ao plano do Pai.
Quando fazemos
memória da entrega de Jesus na Cruz, sua morte e ressurreição, sempre
encontramos a Mãe, silenciosa e fiel, animando os discípulos, acompanhando a
Igreja nascente.
Quando damos
graças a Deus, ouvimos, no eco do ‘Magnificat’, o reconhecimento da sua ação na
história.
Maria é
presença em toda a Liturgia, nos apontando sempre para o seguimento de Jesus,
para que caminhemos na direção do Reino de Deus.
Por isso, na
oração do dia da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora suplicamos: “Deus
eterno e todo-poderoso, que elevastes à glória do céu em corpo e alma a
imaculada Virgem Maria, mãe do vosso Filho, dai-nos viver atentos às coisas do
alto, a fim de participarmos da sua glória”.
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. No Brasil,
por determinação da CNBB e autorização da Santa Sé, esta solenidade é celebrado
no domingo depois do dia 15, caso o dia 15 não caia em domingo.
2. A cor
litúrgica de hoje é o branco
3. Dia 20 de
agosto, a Igreja celebra a memória de São Bernardo, abade e doutor da Igreja.
Ele percorreu a Europa para restabelecer a paz e a unidade da Igreja, por causa
dos cismas que a ameaçavam.
4. Dia 22,
Oitava da Assunção de Maria, a Igreja celebra a memória de Nossa Senhora
Rainha. Maria Rainha é a Mãe glorificada. Esta celebração tem íntima relação
com a festa da Assunção de Maria celebrada no Domingo.
5. Os cantos
para esta celebração encontram-se no Hinário Litúrgico I da CNBB, CD: Festas Litúrgicas I e Festas Litúrgicas
III, produzido pela Paulus, Ofício Divino das Comunidades e outros CDs citados
abaixo.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos “cantar a liturgia” e não
cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com “atitude espiritual” e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são da Solenidade da
Assunção de Maria, “é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser
cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado”. Jamais os cantos devem ser escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um
movimento ou de uma pastoral. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma
celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de
um movimento.
1. Canto de abertura. A mulher
da coroa de 12 estrelas (Ap 12,1). “Uma
mulher no céu foi vista...”, CD:
Festas Litúrgicas III, melodia da faixa 2; “De alegria vibrei no Senhor...,” CD:
Festas Litúrgicas III, melodia da faixa 1; “Tu és a glória de Jerusalém..”, CD:
Festas Litúrgicas I, melodia da faixa 1;
“Ave Maria cheia de graça mãe do Senhor... com as estrofes: “Louva
Jerusalém, louva o Senhor teu Deus... do Salmo 147, CD: Liturgia IV, melodia da
faixa 8 (Advento).
2. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas...” Vejam o CD: Tríduo
Pascal I e II; CD: Partes Fixas da Missa e também no CD: Festas Litúrgicas I.
O Hino de
louvor “Glória a Deus nas alturas” é antiqüíssimo e venerável, com ele a Igreja,
congrega no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus e ao Cordeiro. Não é
permitido substituir o texto desse hino por outro (cf. IGMR n. 53). O CD:
Festas Litúrgicas I propõe, na faixa 2, uma melodia para esse hino que pode ser
cantado de forma bem festivo, solista e assembléia. Ver também nos outros CDs
que citamos acima.
3. Salmo responsirial 44/45. Canto
em honra da rainha. “À vossa direita
se encontra a rainha..., ou: “Cheia de graça a Rainha está/ À vossa direita ó
Senhor! CD: Festas Litúrgicas III, melodia da faixa 3.
A função do
salmista é de suma importância. Sua função ministerial corresponde à função dos
leitores e leitoras, pois o salmo é também Palavra de Deus posta em nossa boca
para respondermos à sua revelação. Por isso, o salmo dever ser proclamado do
Ambão e, se possível, cantado.
4. Aclamação ao Evangelho. “Maria
é elevada ao céu,...”, CD: Festas Litúrgicas III, melodia da faixa 4. O canto
de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário
Dominical, página 1039. Por isso, preserve-se a aclamação ao Evangelho cantando
o texto proposto pelo Lecionário. Ele ajudará a manifestar o sentido litúrgico
da celebração, conforme orientações da Igreja na sua caminhada litúrgica.
5. Apresentação dos dons. O canto de apresentação das oferendas,
conforme orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho.
Seu tema é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja
reunida em oração, na Solenidade da Assunção de Maria. “Ela era pobre e
silenciosa e até sofrida”, Hinário Litúrgico I da CNBB, página 67. Ver
orientações em Ação Ritual n. 9. “É grande o Senhor, e nosso Deus,...”, CD: Festas Litúrgicas III, melodia da faixa 5.
6. Canto de comunhão. “Todas as
gerações me chamarão de bem-aventurada” (Lc 1,48-49). “Povo de Deus, foi assim:...”,
CD: Festas Liturgia III, melodia da faixa 7.
O canto de
comunhão “Povo de Deus, foi assim”, além de ajudar a assembléia a se sentir
convidada ao mesmo destino de Maria, está em sintonia com o Evangelho, que traz
o cumprimento das promessas de Deus, em relação aos sofrimentos do povo que
anseia por libertação.
O Magnificat
pode ser entoado após a comunhão. Tenhamos o cuidado “de não se cantar qualquer
canto de Nossa Senhora em qualquer festa” como diz o liturgista Frei Alberto
Beckhäuser, que, no mesmo texto, acrescenta: “os cantos da solenidade da
Imaculada Conceição têm caráter diferente dos da Solenidade da Mãe de Deus ou
da Assunção de Nossa Senhora”, a qual hoje nos referimos.
7. Canto de louvor a Deus após a
comunhão: “O Senhor fez por mim maravilhas, santo, santo, santo é seu
nome”, CD: Liturgia VIII, melodia da faixa 6 (Advento); “O Senhor fez em mim
maravilhas...”, CD: Liturgia IV, melodia da faixa 12 (Advento); “A minha alma
engrandece o Senhor..., CD: Liturgia VIII, melodia da faixa 11.
8- ESPAÇO CELEBRATIVO
1.
Pode-se colocar uma imagem de Maria, em lugar adequado e preparado com
antecedência no presbitério ou próximo dele. O lugar da imagem de Nossa Senhora
seja ornado com flores e velas. Dê-se destaque à imagem, sem, contudo, deixar
que esse destaque roube a centralidade do Altar e dos demais elementos do
espaço celebrativo.
2. Uma boa
opção é o uso do ícone da Dormição de Maria (este é o nome desta solenidade na
tradição oriental). Nele, contemplamos Maria “nascendo” para a plenitude da
vida em Cristo. Notemos que Cristo ocupa o centro do ícone e traz nos braços
uma criança, símbolo do novo nascimento de sua e nossa mãe, a Virgem Maria. O
significado litúrgico e espiritual deste ícone pode ser explicado na homilia.
9. AÇÃO RITUAL
Contemplamos
nosso destino realizado na Virgem Maria, ao celebrarmos sua Páscoa. Como imagem
da Igreja, incorporada a Cristo, já participa da plenitude da vida em Cristo. Ao
recordarmos esse acontecimento, nutrimos nossa esperança de ver em nosso corpo
realizadas as promessas de Deus.
Ritos Iniciais
1. Seria
bastante oportuno trazer um ícone da Dormição da Mãe de Deus na procissão de
entrada, logo após a cruz processional. Deve ser posto em destaque, com uma
lâmpada de azeite (ou outro inflamável) queimando a seus pés.
2. Pode ser
trazido solenemente, onde for possível, em passos de dança ritual. Lembremos
que a imagem da Virgem é a única que goza do status de poder ser posta no
presbitério, desde que relacionada claramente com Cristo, seja como trono
(quando o Cristo menino está em seus braços) ou numa outra atitude evangélica
que ponha diretamente em ligação com Jesus. Ensaiar os passos da dança com
antecedência.
3. Fazer a
procissão de entrada com pessoas que tenham os nomes com que costumamos invocar
Maria. Pode-se trazer a imagem ou ícone da Dormição da Virgem, ou uma imagem de
Nossa Senhora da Assunção, que não será incensada (caso se utilize incenso) nos
ritos iniciais, mas sim na Apresentação das Oferendas como é costume do Rito
Romano. Neste caso, prepare-se um lugar de destaque para a imagem, mas
relacionada com Cristo.
A saudação
litúrgica, após o sinal da cruz, pode seguir as palavras inspiradas em Gálatas
4,4:
Presidente: O Deus, que na plenitude
dos tempos, enviou o seu Filho nascido de uma mulher, pela ação do Espírito
Santo, esteja convosco.
Todos: Bendito seja Deus que nos reuniu
no amor de Cristo.
Após a
saudação do presidente, um ministro anuncia o mistério celebrado:
Celebramos a Assunção de Maria aos céus. Irmãos
e irmãs, a Solenidade da Assunção de Maria nos ajuda a perceber que a vocação
de todo ser humano, que acolhe a graça salvífica, em Jesus, é a participação na
vida do Pai. Nesta liturgia somos chamados a reafirmar nossa adesão à nossa
vocação, assim como fez Maria, a agraciada que encontrou lugar, no seio da
Trindade.
4. Acolher
fraternalmente às famílias, que hoje poderão fazer a procissão de entrada por
ser o encerramento da Semana Nacional da Família.
5. Na oração
do dia somos chamados a participar da glória de Maria
Rito da Palavra
1. A
proclamação da leitura tenha por parte dos leitores, a consciência de que a
comunidade é como Maria que acolheu o Verbo no seu seio. A proclamação das
leituras se envolve da mística encarnatória, onde o Verbo de Deus se faz carne
na vida da comunidade. Esta, para ser assunta aos céus como a Mãe do Senhor
deve, assumir a Palavra que lhe é dada pela voz e expressão dos leitores e
leitoras.
2. A primeira
leitura deve ser proclamada por uma mulher. Durante as três leituras, sugerir
que uma família permaneça ao redor da mesa da Palavra com velas acesas.
3. Durante o
canto do Salmo 44/45 (Salmo responsorial), onde for possível, seria
interessante um grupo de jovens ou crianças fazer uma dança ou expressão corporal alegre e orante, ajudando a assembléia a interiorizar
melhor o conteúdo do Salmo. Para isso deve ser feito um bom ensaio dessa
expressão corporal orante.
4. O Evangelho
pode ser dialogado: narrador, Isabel e a parte do Magnificat, cantada pela
pessoa que representa Maria. Quem preside faz a parte narrativa.
5. Na homilia,
quem preside pode solicitar o testemunho de um(a) ou outro(a) religioso(a).
6. As preces,
seguindo a estrutura clássica da oração bíblico-cristã, não excluam a
recordação dos feitos de Deus antes de emitir qualquer súplica. Damos aqui um
exemplo de como elaborar uma boa prece:
- Inspirada no Evangelho do Dia:
Senhor, assim como realizastes
maravilhas em Maria, ao visitar a prima Isabel e ser proclamada Bem-Aventurada;
realizai também, no seio da Igreja, a salvação que vosso Filho nos garantiu,
vos pedimos.
Todos: “Vossa misericórdia venha sobre nós, Senhor!”
(A resposta da assembléia não é
temática, apenas reforça a súplica)
Inspirada na segunda leitura:
Senhor, como em Adão nos veio
pelo pecado, a morte, vós sempre se compadeceu da humanidade na esperança da
salvação; em Jesus nos venha pela vossa graça, a vida plena, da qual Maria foi
a primeira a desfrutar, vos pedimos.
Inspirada na resposta do Salmo:
Senhor, assim, como enfeitastes
Maria com a graça da salvação, pois ela sempre acreditou nas vossas promessas;
sejam vossos pobres ornados com esperança e força nas lutas e desafios da vida,
vos pedimos.
7. Lembrar
também no momento das preces comunitárias, as famílias e as(os) religiosas(os)
que trabalham na comunidade ou que trabalharam, dando testemunho de serviço ao
Reino, pela vida consagrada.
Rito da Eucaristia
1. Na
preparação das oferendas, religiosos(as) e vocacionados(as) poderiam participar
da procissão dos dons eucarísticos e das ofertas da comunidade e preparar a
mesa do Altar.
2. Uma peça
adequada para a procissão dos dons nessa celebração é “Ela era pobre e
silenciosa e até sofrida”, Hinário Litúrgico I da CNBB, página 67, cuja letra
descreve a postura santíssima da Virgem na relação com o Mistério Pascal: de
inteira disponibilidade e louvor a Deus, que nela e por ela fez grandes coisas
ao dar-nos seu Filho. Note-se, ainda, como termina o hino com a última estrofe:
“Cantemos, hoje, com Maria, a esperança”. Aqui aparece o real sentido da
memória mariana que é de enxergar, realizada nela, a nossa esperança para o
mundo e a humanidade inteira.
3. Na
incensação das oferendas, não se esquecer de incensar a imagem de Maria. A
ordem da incensação ficaria assim: o padre incensa as oferendas, o Altar, a
cruz e a imagem de Maria (no caso de festas mariana). O ministro do incenso
(turiferário) incensa o padre, outros padres se houver, e o povo. Seria bom ser
um pouco mais generoso na incensação do povo... O canto de apresentação dos
dons deve prosseguir enquanto durar a incensação.
4. Na oração
sobre as oferendas expressemos nosso desejo de chegar até Deus pela intercessão
de Maria.
5. O prefácio
é próprio e destaca Maria como “Aurora e esplendor da Igreja triunfante”. Onde
não houver Missa, e sim celebração da Palavra, fazer a louvação entoando o
“Bendito” em forma de repetição, conforme sugestão na Missa da Vigília.
Ritos Finais
1. Na oração
depois da comunhão suplicamos a Deus que pela intercessão de Maria, possamos
chegar à glória da Ressurreição.
2. Dar uma
bênção especial para as famílias presentes. Ver sugestões no Ritual de Bênçãos
nas pág. 30-31
3. Sugerimos,
antes da bênção final, uma saudação à Virgem Maria como na Missa da Vigília,
Abençoe-vos
Deus todo Poderoso...
4. Ou a
fórmula de bênção solene das festas de Nossa Senhora (Missal Romano, página
527, nº 15).
5. As palavras
do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: Tenham fé
na promessa do Senhor como Maria. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.
6. É comum
além, de entrar em procissão no início da celebração guiados pela cruz, também
retirar-se do espaço sagrado em procissão, igualmente guiados pela cruz.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A festa da
Assunção de Maria nos mostra hoje a mãe que temos no céu, mas também o caminho
que devemos seguir para chegar onde ela está. Nunca sozinhos, mas na comunidade
dos discípulos e irmãos de Jesus, alimentados pela Eucaristia, por ela
conduzidos à comunhão com Cristo e com o Pai, avançamos pelos caminhos da
história, cheios de alegria e esperança, dispostos a ser como Maria, a mulher
forte, seguidores corajosos e perseverantes do seu Filho Jesus.
Celebremos a
Páscoa semanal do Senhor na Páscoa de Maria valorizando os que assumem a sua
missão em nossa diocese e no mundo inteiro de levar as pessoas a serem
discípulos missionários de Jesus Cristo, como fez Maria
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas as outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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