segunda-feira, 22 de agosto de 2016

22º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C

28 de agosto de 2016

Leituras 
         Eclesiástico 3,19-21.30-31
         Salmo 67/68,4-7.10-11
         Hebreus 12,18-19.22-24a
         Lucas 14,1.7-14 

“VOCÊ RECEBERÁ A RECOMPENSA NA RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS”


1- PONTO DE PARTIDA

Domingo do banquete dos humildes. Neste 22º domingo, Jesus está como hóspede na casa de um notável fariseu, em dia de sábado e, não se deixa manipular pelo anfitrião. Observando a disputa dos convidados pelos primeiros lugares no banquete, o Mestre faz a contraproposta: procurar os últimos lugares. Ele diz que não devem ser convidados só os que dispõem de condições para retribuir, mas também os pobres e aleijados que nada possuem para oferecer. A humildade e a gratuidade são virtudes dos discípulos promotores do Reino. Hoje lembramos o dia do catequista.

O Evangelho não proíbe afeição aos familiares e amigos, mas o amor gratuito de Deus requer algo mais: no convite a tomar parte do banquete da vida, optar solidariamente pelos que são esquecidos e tidos como menos importantes.

Fazendo memória desse fato, recordamos Jesus que se fez pequeno entre os pequenos. Ele nos convida a abandonar qualquer atitude de arrogância e auto-suficiência e a acolher a misericórdia e compaixão do nosso Deus.

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

Primeira leitura – Eclesiástico 3,17-18.2028-29. No tempo da Bíblia, uns 200 anos antes de Cristo, havia um homem experiente na vida e conhecedor dos antigos livros da Bíblia. Ele, então, resolveu escrever um livro, onde juntou a sabedoria do povo do seu tempo à fé dos antepassados.

O autor não tem como objetivo de dar definições nem de fazer distinções entre humildade e mansidão; fala delas como expressão da mesma realidade. “Meu filho, realiza tuas obras com mansidão”.

O versículo 19 traz uma norma de sabedoria e bom senso? Quanto maior é alguém, mais deve fazer-se pequeno. Em outras palavras quer dizer: quanto mais importante é o papel que alguém desempenha na sociedade, mais ele deve tomar consciência de sua verdadeira realidade de criatura pecadora e limitada. A exaltação não convém ao nenhum ser humano feito do pó da terra. Ele deve tomar consciência de sua pequenez e aceitar sua condição. É o que fez Abraão no diálogo com Deus: “Não leveis a mal, se ainda ouso falar ao meu Senhor, embora seu eu pó e cinza” (Gênesis 18,27). Maria, que na Anunciação tem a revelação do papel importante e único que vai desempenhar na obra messiânica, tem exatamente esta atitude: “olhou para a humildade de sua serva”; e ao mesmo tempo tem consciência de que “fez em mim grandes coisas o Todo-Poderoso” (Lucas 1,47-49).

No versículo 21 o autor lembra que grande mesmo é o poder de Deus. Nenhum outro ser é grande diante de Deus. E Ele é honrado, não pelos “grandes”, mas pelos pequenos e humildes.  Não se trata de auto-aniquilamento diante de Deus, mas de sabedoria e autenticidade de se reconhecer aquilo que se é mesmo, em relação a Deus.

O versículo 19 é uma consideração sobre a situação daquele que não assume a atitude de humildade, que não se reconhece o que realmente é. O orgulho é um mal, como uma doença que debilita e transtorna o organismo interior da pessoa. É como um câncer que vai corroendo. O orgulho é uma obstinação que termina na cegueira e no endurecimento As próprias decepções que o orgulhoso experimenta não o esclarecem, nem o convertem, justamente porque não se reconhece doente, porque recusa o remédio. E este também é o motivo por que Deus recusa sua graça ao orgulhoso. Não porque haja entre ele e Deus um jogo de competição, mas porque, pelo orgulho, ele se torna incapaz de receber o dom, a graça de Deus.

Bem diferente é a atitude da pessoa prudente (versículo 31), daquele que reconhece sua situação, sua limitação, e se abre para acolher o dom de Deus. Ele tem um ouvido sempre pronto a escutar o ensinamento de Deus, um coração aberto ao sopro do Espírito. É uma atitude constante de docilidade e de prontidão a qualquer manifestação da vontade de Deus.

O texto da primeira leitura deixa claro que a atitude que agrada a Deus é a humildade Esta bota do reconhecimento da grandeza absoluta de Deus e da confiança Nele. Em contrapartida, o orgulho origina-se da auto-suficiência que absolutiza pessoas, cargos sociais, culturas e coisas.

Salmo responsorial – Salmo 67/68,4-7.10-11. O Salmo 67/68 é um hino que vai ser entoado na procissão pelo deserto. Deus na frente, o povo atrás, como rebanho; conclusão na terra que o próprio Senhor tornou com a chuva, e onde o seu povo vai habitar. É uma ação de graças coletiva. O povo está reunido (talvez após a volta do exílio na Babilônia e a reconstrução do Templo de Jerusalém) e celebra, agradecido, a presença de deus na sua caminhada, recordando a grande peregrinação do passado, ou seja, a época em que Deus caminhou à frente do povo para a posse da terra prometida.

Os “justos” são convidados a “alegrar-se” e a “exultar na presença de Deus” (versículos 4-5), tal como Maria do Magnificat (cf. Lucas 1,46b-47). Na sua pobreza, eles – em primeiro lugar o “órfão”, a “viúva”, os “abandonados”, os “prisioneiros”- experimentam incessantemente a solicitude paterna de Deus (versículos 6-7).

O rosto de Deus neste salmo. São muitos os aspectos que compõem o rosto de Deus. Apontamos alguns. Em primeiro lugar, note-se a variedade nomes que recebe: “Deus”, “Javé”, “Senhor”, “Todo-Poderoso”, “Deus do Sinai”, “Deus de Israel”. São nomes que pretendem abraçar toda a história do povo. Deus está sempre presente nela. Em segundo lugar, algumas expressões que identificam a Javé: “Pai dos órfãos, protetor das viúvas”, aquele que dá uma casa (terra) aos excluídos, liberta e enriquece os cativos (versículos 6-7a), pastor que conduz seu rebanho pobre à conquista da terra (versículos 11.14).

No Novo Testamento, seria interessante pesquisar os títulos que Jesus recebe nos evangelhos. Além disso, ver como agiu em relação aos excluídos (doentes, viúvas, órfãos, estrangeiros, pecadores); fazer um elenco de suas ações; ver como põe em movimento a marcha da humanidade em busca da liberdade e vida (Mateus 2; Lucas 9,51—19,27) e como agiu em relação aos não-judeus.

O salmista convida a louvar e exaltar a Deus, pois Ele é Pai dos órfãos, protetor das viúvas, ou seja, de todo o povo necessitado. Agradeçamos a esse nosso Deus, que cria um mundo justo, e está sempre presente e atuante na vida e na caminhada de nosso povo.

COM CARINHO PREPARASTE UMA MESA PARA O POBRE.

Segunda leitura – Hebreus 12,18-19.22-24a. Na segunda leitura da carta aos Hebreus, Paulo mostra à comunidade os dois modos de experimentar Deus. No passado, no deserto e na Aliança do monte Sinai, o povo fez a experiência de um Deus próximo, mas, ao mesmo tempo, distante. Ele se revela na tempestade, na escuridão, no toque da trombeta e na sarça ardente. Ninguém podia aproximar-se Dele. Todavia, no tempo da Nova Aliança assinalada com o sangue de Jesus, Deus tornou-se próximo e íntimo, a ponto de morar e formar com seu povo uma única família. Em Jesus Cristo, a comum idade faz a experiência imediata de Deus. A leitura exorta “a procurar a paz com todos e a santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor”.

A assembléia do Sinai foi celebrada graças à mediação dos anjos (versículo 22; cf. Atos 7,38-53; Gálatas 3,19; Hebreus 2,2), enquanto a assembléia dos cristão se reúne em torno do mediador Único e definitivo (versículo 24) e para uma Aliança totalmente superior (cf. Êxodo 24,8; Hebreus 9,19-20; 10,29).

Esta passagem quer convencer os cristãos de que sua esperança deve ser espiritualizada. Como o Sinai (ou a Sião) que o substitui: Salmo 67/68,17; Isaias 2,2-3; Jeremias 31,11-12; Gálatas 4,21-26), foi u lugar da “assembléia” das tribos (versículo 23); cf. Atos 7,38; Deuteronômio 4,10; 9,10; 18,16), assim a Igreja, Sião espiritual, convoca a assembléia das nações. Todavia, ela não pode perder este direito de primogenitura como Esaú o perdeu (Neemias 12,16-17; cf. versículo 25).

Dispersos pelo mundo, os cristãos não esperam mais, como os judeus, um congraçamento geográfico, pois eles próprios são os primogênitos de um reino cuja capital não fica mais aqui na terra.

Evangelho – Lucas 14,1.7-14. Jesus entra na casa de um chefe dos fariseus para tomar parte de uma refeição, em dia de sábado. Trata-se de uma refeição festiva, possivelmente após a celebração religiosa da sinagoga. Todos observam Jesus. Contradizendo os preceitos religiosos do sábado, Jesus cura um homem hidrópico, revelando-se, mais uma vez, soberano diante da Lei. É a terceira cura narrada pelo evangelista Lucas. Nesta, como nas anteriores (Lucas 6,6-11 e 13,13-17), predomina o interesse pela polêmica a respeito do sábado. Os fariseus que haviam convidado Jesus para o banquete com o objetivo de descaracterizar sua pregação, em sua hipocrisia, se calam diante da pergunta: “S Lei permite ou não permite curar em dia de sábado?” Se não era permitido fazer o bem em dia de sábado, o que dizer de reunir os amigos, parentes e vizinhos ricos para um banquete (versículo 1)? Os opositores de Jesus arquitetaram a armadilha do homem hidrópico para surpreender o Mestre, mas eles é que acabaram caindo nela.

Jesus observa o comportamento social dos convidados à refeição na casa de um fariseu notável. Os primeiros lugares eram os mais disputados. O pressuposto mínimo de um convidado é esperar, com paciência, que o dono da casa lhe indique seu lugar à mesa, pois não é o grau de intimidade entre eles que determina isso, mas sim o grau de valorização que o anfitrião atribui àquele convidado. A alguns – talvez os mais humildes, mas que lhe são caros – fará aproximar-se mais. Outros serão convidados a ceder o lugar para alguém e ir um pouco para trás; ainda outros serão chamados a ladear o anfitrião. Estar afastado e ser convidado a tomar um lugar mais próximo é uma honra, porém, colocar-se próximo e ser convidado a dar o lugar para outro é uma humilhação (versículos 7-11). A partir da observação do comportamento dos convidados, Jesus destaca a atitude de humildade e de gratuidade para além das normas de boas maneiras.

Ao chefe dos fariseus, Jesus adverte: “Quando você for dar um banquete, não convide os amigos, nem os irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos, porque estes irão também convidar você; pelo contrário, convide os pobres, as aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz, porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”. Em outros termos, não se concentre nem se relacione somente com quem tem condições para retribuir, mas inclua também quem é capaz de partilhar gratuitamente (versículos 12-14). O banquete do sábado reflete os valores da sociedade humana. A proposta de Jesus, sem fazer objeção ao banquete, questiona as normas que o regem e inverte completamente a escala de valores da sociedade. Esta ressurreição dos justos que Jesus fala indica o banquete messiânico do Reino. Ali está reservado o seu premio, já desde agora, aquele que ajuda os outros sem lhe passar a fatura, isto é, que não pede nada em troca. Vista pelos critérios de uma sociedade consumista, essa atitude é absurda, mas aos olhos de Jesus investir nos pobres, doentes e abandonados é o melhor investimento.

No segundo livro dos Macabeus 12,45a que contempla a ressurreição dos mortos, já afirmava que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormeceram na piedade, “santo e piedoso pensamento, este de orar pelos mortos...”.  O Primeiro Testamento contém 46 livros, o único livro que fala de maneira clara a doutrina da “ressurreição dos mortos” é o livro dos irmãos Macabeus.

Esta parábola aprofunda um dos temas-chaves das bem-aventuranças e do sermão da montanha: “Se a vossa justiça não ultrapassar a dos escribas e fariseus, com certeza não entrareis no Reino dos céus” (Mateus 5,20). Lucas clareia o tema: “Se amais aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os pecadores também os que os amam. E se fizerdes o bem aos que vos fazem, que recompensa tereis?  Também os pecadores fazem o mesmo (Lucas 6,32s). a qualidade de amor que Jesus propõe é a que não é movida pele espera de recompensa imediata, toma lá dá cá.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

Nestes dias fui convidado a tomar parte em uma festa de casamento. Na hora do banquete, foi aquele alvoroço. Sem esperar qualquer orientação, as pessoas foram tomando conta das mesas e constituindo grupos por afinidade e interesses. Os organizadores tiveram muito trabalho para acomodar os que chegavam um pouco atrasados. Era visível o constrangimento destes: sentar onde e junto de quem? Outros eram solicitados a sair do lugar e tomar assento à mesa de amigos e familiares.

Jesus relaciona o tomar assento à mesa e a participação no banquete do Reino. Melhor dizendo, a participação do Reino de Deus se visibiliza através à mesa, do gesto humano do comer e do beber durante uma refeição. A mesa não é apenas o lugar para saciar a fome, mas um espaço de relação. Comer é comungar. A experiência de comer sozinho é muito triste. Alimentar-se é gratificante quando, à mesa, há mais do que uma pessoa. Ao me alimentar, comungo com o outro que também se alimenta. Compartilho com ele um pouco do meu ser, da minha intimidade, dos meus projetos, bem como acolho e me nutro do que ele tem a compartilhar. A refeição é a relação. A mesa é espaço em que se decide a nossa salvação, momento de expressar nossa humanidade e religiosidade, de praticar a caridade para com todos e de acolher o pobre. A mesa onde se priorizam a concorrência e o status, onde o pobre é excluído, deixa de ser mesa do Senhor, portadora da bênção.

Jesus está empenhado na formação dos discípulos e revela, hoje, por meio da parábola sobre a escolha dos lugares num banquete e sobre a escolha dos convidados, as atitudes de vida que nos tornam participantes do banquete do Reino, ao qual somos todos convidados. Antes, porém, os interesses egocêntricos devem ceder espaço à humildade e à simplicidade. Estas constituem a opção básica do(a) discípulo(a) que vive em comunidade o espírito do Reino: procurar os últimos lugares do banquete da vida, não por ser masoquista, mas por se deixar orientar pela vontade e pela justiça do Reino, e não pela lógica da sociedade neoliberal da troca de favores, do “dando que se recebe” ou do “toma lá, da cá”. O Eclesiástico adverte os convidados ao banquete: “Quanto mais importante você for, tanto mais seja humilde e encontrará favor diante do Senhor. Pois o poder do Senhor é grande, mas ele é glorificado pelos humildes” (Eclo 3,19-21).

O Mestre sublinha a virtude da humildade. “Quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado”. Humildade é palavra que deriva do latim humilis, a qual vem de hummus=terra (significando “filhos da terra”). Humilde é aquele que se move perto da terra; aquele que, com sabedoria e realismo, reconhece sua real situação em relação a Deus, às outras pessoas e a si mesmo. Santa Teresa define a humildade de forma concisa: “humilde é andar na verdade”.

A humildade é uma virtude incontestável, que anda meio esquecida, mas se faz sempre mais necessária. O cristianismo fez dela uma das mais importantes virtudes, condição mesma para viver sua proposta. Para reconhecer a majestade e a infinitude de Deus e reconhecer-se criatura finita, pobre e limitada, é preciso ser humilde, ou seja, ter noção exata da própria envergadura e dos próprios condicionamentos.

A humildade, como conduta ao estilo da proposta de Jesus, é uma virtude que não está em moda. É, antes, estranha, chocante e até incômoda para a mentalidade moderna, marcada pela concorrência, pelo mérito e pela celebridade. A humildade é vista como indigna pelo homem atual que idolatra sua própria imagem, sua autonomia, seu prestígio e sua dignidade, por ele confundidos com o ocupar e desfrutar os primeiros lugares na mesa da vida. Ninguém aceita ficar no último lugar da fila, seja no trabalho, na escola, na família, seja na comunidade eclesial. É vergonhoso ser preterido. Nessa hora, quem não reclama intimamente: “Não reconhecem meus méritos, que injustiça! Não é possível, que vergonha!”. Como filhos (as) de nosso tempo, não é fácil aceitar, com alegria e com todas as conseqüências, a fraqueza, a precariedade e reafirmar a nossa opção evangélica pela humildade e pela gratuidade.

Que importância a humildade tem para o (a) discípulo(a)? Ser humilde é ser real e autêntico consigo e com os outros. Agrada às pessoas quem não pensa tanto em si mesmo, mas também nos outros. A pessoa humilde trata os outros como importantes. Ninguém gosta de conviver com indivíduos inchados de orgulho e centrados em si mesmos. Enquanto a pessoa humilde suscita e alimenta relações de fraternidade, os arrogantes e orgulhosos criam barreiras e destroem as relações entre as pessoas. Aquilo que a arrogância e a auto-suficiência negam e destroem, a humildade reafirma e consolida. O(a) discípulo(a) que pauta sua vida “no servir com humildade” tem grande capacidade de construir relacionamentos saudáveis.

Praticar a humildade e a generosidade – segundo a proposta de Cristo pobre, humilde e dedicado ao serviço, especialmente aos pobres – é testemunhar a gratuidade do Reino, como mistério de comunhão de pessoas sem dominação ou subordinação. Na sociedade marcada pela competitividade e pela luta, na qual os sistemas econômicos, políticos e tecnológicos se auto-alimentam, excluindo do banquete da vida os pequenos, os(as) autênticos(as) discípulos(as) caracterizam-se pela solidariedade com os pobres e marginalizados, colocando-se a seu lado com o objetivo de torná-los convivas da mesa do banquete do Reino.

Enfim, a humildade é a atitude mais digna do homem diante de Deus, porque não o diminui, mas o coloca em seu lugar. É, além disso, o estilo mais social e que melhor possibilita a relação do ser humano com seus semelhantes. Para entender tudo isso, para ser humilde e andar na verdade de nossa própria condição, precisamos ser pobres de espírito perante Deus, isto é, vazios de nós mesmos para podermos ser plenos dele, sabendo que tudo em nossa vida é graça e dom, efeito da misericórdia e do amor com que Deus nos amou.

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

A resposta do salmo desta liturgia revela a gratidão que temos pelo cuidado e carinho da parte de Deus, que prepara uma mesa para o pobre. A mesa que o Senhor nos prepara é o caminho mais seguro para o estreitamento dos laços de amizade no Senhor (Oração sobre as oferendas).

A essência do cristianismo se manifesta na maneira com que os cristãos se relacionam entre si e com os que estão próximos. Jesus é o modelo donde devemos nos orientar e, neste sentido, o primeiro lugar onde fazemos a experiência do amor relacional é o altar do Senhor. Ele é, portanto, o nosso oriente. É o lugar para onde todos os olhares se voltam naturalmente, como bem nos recorda a IGMR 299. Torna-se para nós “pedra angular” de todas as relações interpessoais.

 A máxima que geralmente se usa para expressar isso é “a Eucaristia faz Igreja”. João Paulo II na encíclica Ecclesia de Eucharistia expressa tal noção ao afirmar que a comunidade dos fiéis nasce diretamente do Mistério Pascal. Portanto, a igreja nasce eucarística, pois é fruto da ação de graças, isto é, do reconhecimento da amizade inequívoca entre Deus e o mundo por Ele criado, em Cristo, nosso Senhor. Este acontecimento se dá na unidade do Espírito Santo, que conforme o ensino de Fulgêncio de Ruspas (século VI), verifica-se na unidade de coração e alma da comunidade cristã, porque estes estão transformados pelo Espírito que receberam e pelo qual se tornaram Igreja.

A liturgia de hoje nos convida a sermos nós, Eucaristia para os outros. Após sermos alimentados “pelo pão da vida” que é também o “pão da caridade”, somos impulsionados ao serviço para o bem de todos (Oração depois da comunhão). É a partilha da vida que é manifestada pelo amor.

O altar é o lugar onde se dá o nascimento da Igreja segundo o amor de Jesus, para que o mundo seja transformado por esse mesmo amor atuante no Corpo Eclesial. Por isso rezamos na Oração com a qual a eucaristia é feita (Oração Eucarística III): “Que este sacrifício de nossa reconciliação estenda a paz e a salvação ao mundo inteiro.”.

5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

A assembléia litúrgica é uma reunião aberta a todos. É encontro de irmãos que se acolhem mutuamente na fé, tendo atenção especial para “os últimos”. Jesus é o nosso anfitrião e servo que, fazendo-se pão partilhado, doa sua vida em alimento. Ele nos acolhe personalizadamente e nos torna participantes da mesa do banquete do Reino, sem distinções.

Na Eucaristia renova-se para nós o gesto de humildade do Senhor que, inclinando-se, lavou os pés de seus discípulos: “Se eu, que sou o Mestre e Senhor, lavei os seus pés, também vocês devem lavar os pés uns dos outros” (João 13,14). A exemplo de Cristo que se humilha a ponto de colocar-se em nossas mãos na Eucaristia, somos convidados ao discipulado pelo serviço humilde de uns para com os outros.

Tomar lugar à mesa eucarística partilhando do pão, isto é, da própria vida de Jesus Cristo ofertada em alimento para a vida em abundância, é um gesto tremendamente significativo. Nossa vida recebe a vida dele que nos revigora e fortalece. Tornamo-nos um com ele (cf. João 17,21). Por outro lado, é comprometedor. Não é possível persistir na atitude dos fariseus que acolhiam somente os privilegiados na vida social. Quem não se dispõe a dar a vida por aqueles que são privados do acesso a ela não deveria se sentir no direito de aproximar-se da mesa eucarística. Fazer memória de Jesus é permitir que o pão (símbolo de todos os bens que trazem a vida) seja repartido entre aqueles que, em sua pobreza, não têm como retribuir.

No banquete eucarístico todos são convidados por Jesus: “Amigo, vem mais para cima”, porque Deus se tornou próximo e íntimo. Assim, no pão partilhado experimentamos a gratuidade e a solidariedade de Deus para com a humanidade. Ao participar da mesa eucarística, melhor compreendemos que nosso Deus optou por privilegiar os excluídos (pobres, aleijados, doentes, cegos) e que nossa felicidade consiste em servi-los, a exemplo de Jesus, que está no meio de nós como aquele que serve.
A Eucaristia que celebramos é sacramento de comunhão eclesial, mesa de inclusão e sinal, por excelência, da união de todos no banquete do Reino. O apóstolo Paulo qualifica como indigna de uma comunidade cristã a ceia do Senhor que acontece num contexto de discórdia e de indiferença pelos pobres (cf. 1 Coríntios 11,17-22.27-34).

Assim como o Cristo que não se prevaleceu de sua condição divina e continua se fazendo pobre entre as criaturas sob as humildes espécies eucarísticas de pão e vinho, também nós, através das águas do batismo e participando do banquete eucarístico, somos convidados a ser discípulos(as) de Cristo, caminhando sobre a terra com a missão de acolher, reconciliar, libertar e promover relações redimidas.

6. ORIENTAÇÕES GERAIS

1. Preparar bem a celebração. A preparação feita por uma equipe que tenha formação litúrgica adequada pode assegurar uma celebração mais autêntica do mistério pascal do Senhor, assim como a ligação como os acontecimentos da vida, inseridos neste mesmo mistério de Cristo (cf. Doc. da CNBB 43, n. 211). Garantir que o povo de Deus exerça o direito e o dever de participar segundo a diversidade de ministérios, funções e ofícios de cada pessoa (Doc. da CNBB 43, n. 212; Sacrosanctum Concilium, n.14). Preparar a celebração e utilizar de uma metodologia – um caminho.

2. Falando da importância da preparação, recordamos que para a participação de toda a assembléia ser “plena, consciente e ativa” (Sacrosanctum Concilium, n.14) é conveniente que a preparação desenvolva-se com os seguintes passos: 1º: pedir as luzes do Espírito Santo; 2º: avaliar a celebração anterior; 3º: aprofundar e conversar sobre o que se vai celebrar; 4º: ler e aprofundar as leituras bíblicas e as orações; 5º: exercitar a criatividade; 6º: escolher os cantos relacionados com o mistério celebrado; 7º: elaborar o roteiro; 8º: distribuir os vários ministérios e serviços.

3. “É muito recomendável que os fiéis recebam o Corpo do Senhor em hóstias consagradas na mesma Missa e participem do cálice nos casos previstos, para que, também através dos sinais, a comunhão se manifeste mais claramente como participação do Sacrifício celebrado” (IGMR nº 56 h). Um dos mais graves abusos nas celebrações da eucaristia é a distribuição da comunhão do sacrário como prática normal. Assim pecamos contra toda a dinâmica da ceia eucarística, que consta da preparação das oferendas, da ação de graças sobre os dons trazidos, da fração do pão consagrado e da sua distribuição àqueles que, com a oblação deste pão, se oferecem a si mesmos com Jesus ao Pai.

4 Lembrar que, no dia 03 de setembro, a Igreja faz memória de São Gregório Magno. Ele foi um santo e humilde e papa.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. A função da equipe de canto não é simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 22º Domingo do Tempo Comum. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico, com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão gravados nos CDs Liturgia VI e XI e também no CD: Cantos de Abertura e Comunhão.

1. Canto de abertura. Deus é bom e clemente, cheio de misericórdia para os que o invocam (Salmo 85/86,3-5). “Senhor, de mim tem piedade, dia e noite a ti meu clamor!”, CD: Liturgia VII, melodia da faixa 1.

Como povo eleito de Deus pela consagração batismal, devemos ser sinal de salvação, não podemos excluir ninguém do banquete eucarístico. Outra opção importante é o canto: “Ó Pai, somos nós o povo eleito”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 1.

2. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD: Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso e outros compositores.

O Hino de Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia.

3. Salmo responsorial 68/67. A Onipotência de Deus. “Com carinho preparaste uma mesa para o pobre”, melodia da faixa CD: Liturgia XII, melodia da faixa 3.

O Salmo responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura. Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura para a comunidade celebrante. Primeira leitura, Palavra proposta e salmo Palavra resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista.

4. Aclamação ao Evangelho. O Mestre manso e humilde (Mateus 11,29ab). “O Senhor me enviou a levar boas notícias aos que tem o coração ferido, proclamar aos cativos a liberdade” (Isaias 61,1-20). “Aleluia... foi o Senhor quem me mandou boas notícias anunciar”, CD: Liturgia XII, melodia da faixa 3. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.

5. Refrão após a homilia. “Onde estiver teu tesouro, irmão,/ Lá estará inteiro o teu coração”, Ofício Divino das Comunidades, página 467.

6. Apresentação dos dons. A escuta da Palavra e colocá-la em prática, deve gerar na assembléia a partilha para que ela possa ser sinal vivo do Senhor. Devemos ser oferenda com nossas oferendas. O canto da apresentação das oferendas poderia ser tão somente o conhecido refrão: “Onde reina o amor, fraterno amor”, da comunidade Taizé (Coração confiante – Paulinas/COMEP). Pode-se também intercalar com o refrão  “acima após a homilia “Onde estiver teu tesouro irmão...”. Outra opção é o canto: “As mesmas mãos que plantaram a semente aqui estão”, CD: Liturgia VII, melodia da faixa 4.

7. Canto de comunhão. “Quando tu fores convidado, vai sentar-te no último lugar” (Lucas 14,10b). “Quem quiser o melhor lugar, ponha-se no derradeiro”, CD: Liturgia XII, melodia da faixa 4, exceto o refrão.

A Igreja oferece duas opções importantes para este Domingo: “Eis meu povo, o banquete que preparei para ti”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 18; e Efésios 1,3-10: Bendito seja Deus, Pai do Senhor Jesus Cristo. Por Cristo nos brindou todas as bênçãos do Espírito. Está no CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 17.

8- O ESPAÇO CELEBRATIVO

1. Preparar bem o espaço celebrativo, de modo que seja acolhedor, aconchegante, como sugere o próprio Senhor no Evangelho.

2. A cruz dos cristãos (referência à vida gasta em favor do próximo) deve ser assumida, carregada pelo caminho da vida, à maneira de Jesus. Cláudio Pastro diz que ela é sinal da nossa vitória. Por isso “Uma procissão atrás da Cruz, traz presente a Igreja peregrina que segue a Cristo e caminha sob sua bandeira”.

9. AÇÃO RITUAL

Ao celebrar o Mistério Pascal de Jesus, a Igreja remonta à sua origem, que é a unidade do Espírito Santo. É formada tendo um só coração e uma só alma, isto que dizer que a sua identidade mais profunda nasce do encontro dos fiéis em torno do altar de Cristo.

Acolher de maneira calorosa as pessoas que chegam para tomar parte na celebração. Ter um cuidado para com os portadores de deficiência, os idosos e as crianças, de modo que desde o início da celebração experimentem o amor solidário de nosso Deus.

Ritos Iniciais

1. A celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a assembleia no Mistério celebrado.

2. O sentido litúrgico, após a saudação do presidente, pode ser feito por quem preside, pelo diácono ou um ministro devidamente preparado com palavras semelhantes às que seguem:

Domingo do banquete dos humildes. Jesus olhando como as pessoas buscam se promover, recebemos dele o convite para abandonar qualquer atitude de arrogância e auto-suficiência r acolher a misericórdia do nosso Deus.

3. Sobre os ritos iniciais, o teólogo Francisco Taborda nos lembra que “com a procissão de entrada e a saudação ao altar e à assembleia, a ekklesia está constituída naquilo que lhe é peculiar: reunida em torno de Cristo (representado no altar), por convocação de Deus sob a presidência do ministro ordenado.” Por isso, o presidente da celebração, gozando de um pouco de liberdade, mas munido das Escrituras, poderia aproveitar as palavras do Apóstolo em Romanos 5,5 articulando-as com Efésios 6,23 e saudar a assembléia dos fiéis:

A vós, irmãos e irmãs, graça e paz da parte Deus, nosso Pai, que pelo Espírito derramou em nossos corações o seu amor.

4. Seria interessante cantar a saudação. Esta alternativa àquelas apresentadas pelo Missal, de maneira alguma fere o sentido teológico-litúrgico no que concerne à sua genética tipicamente escriturística, além de estar em perfeita sintonia com a Oração do Dia. Se for cantada será ainda melhor aproveitada pelos fiéis que podem lhe responder Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.


5. Em seguida fazer a “recordação da vida” trazendo os fatos que são as manifestações da Páscoa do Senhor na vida da comunidade, do país e do mundo, mas de forma orante e não como noticiário.  Deve ter presente a realidade dos(das) catequistas.

6. Para a motivação do Ato penitencial sugerimos a fórmula 2 do Missal Romano, página 391:

No início desta celebração eucarística, peçamos a conversão do coração, fonte de reconciliação com Deus e com os irmãos.

Após uns momentos de silêncio, rezar cantando a invocação alternativa número 4 para o Tempo Comum da página 394 do Missal Romano:

Senhor, que vistes procurar quem estava perdido...

7. Domingo é Páscoa semanal dos cristãos, dia do banquete eucarístico. Entoar de maneira solene o Hino de Louvor (Glória).

8. A Oração do Dia estabelece o sentido da liturgia do deste Domingo. Suplicamos ao Deus do universo um estreitamento dos laços que nos unem com Ele “para alimentar em nós o que é bom”. Propomo-nos a guardar, cuidadosamente, o que nos deu. Não nos é conveniente guardar outra coisa que não provém de Deus, isto é, sua Palavra perene e desafiadora.

Rito da Palavra

1. Cada vez mais, cai em desuso os chamados “comentários” antes das leituras. Preferem-se as brevíssimas monições que exortam os fiéis para o acontecimento que se seguirá. São mais afetivos e introdutórios, do que informativos de qualquer conteúdo teológico ou catequético. São, inclusive, dispensáveis, sendo preferível o silêncio ou um refrão meditativo que provoque na assembléia aquela atitude vigilante para a escuta e conseqüentemente acolhida da Palavra de Deus.

2. Para aguçar o ouvido dos fiéis para a Escuta da novidade do Evangelho de Jesus, sugerimos o refrão: “Para ti, meu Senhor, levanto os meus olhos! Para ti, meu Senhor, levanto os meus olhos! Ouvidos, ó Senhor tu abriste. Liberta-me, Senhor, para servir-te. Ouvidos, ó Senhor, tu abriste. Liberta-me Senhor para servir-te”.Outra opção interessante é o refrão “Senhor que a tua Palavra, transforme a nossa vida, queremos caminhar com retidão na tua luz”.

3. Destacar o Evangeliário. Depois da procissão de entrada deve permanecer sobre a Mesa do Altar até a procissão para a Mesa da Palavra como é costume no Rito Romano. Portanto, cada vez mais se tem abandonado o hábito de fazer “procissão com a Bíblia”, já que a importância e a dignidade do Evangeliário foram recuperadas. A procissão, portanto, é reservada para o livro dos Evangelhos. Procissão que pode ser solenizada com incenso e velas do Altar para o Ambão.

Rito da Eucaristia

1. O canto da apresentação das oferendas poderia ser tão somente o conhecido refrão Onde reina o amor, fraterno amor da comunidade Taizé (Coração confiante – Paulinas/COMEP). Pode-se também intercalar com esse outro refrão “Onde estiver teu tesouro irmão...”.

2. Na Oração sobre o pão e o vinho destaca a oferenda como bênção; que ela realize na prática o que significa no sacramento.

3. Quanto ao prefácio: se não for cantado, quem preside procure proclamá-lo com ênfase, mas ao mesmo tempo calmamente, de forma serena e orante. Frase por frase. Cada frase é importante, anunciadora do mistério que hoje celebramos. Basta prestar bem atenção nelas! A boa proclamação do Prefácio, como abertura solene da grande oração eucarística (bem proclamada também), tem um profundo sentido evangelizador, pois, por seu conteúdo e, sobre tudo, por ser oração, toca fundo no coração da assembléia.

4. Se for escolhida as Orações Eucarísticas I, II e III sugerimos o Prefácio para os Domingos do Comum VI, página 433 do Missal Romano que contempla as provas do amor paterno de Deus e o penhor da vida futura. Seguindo esta lógica, cujo embolismo reza: “E, ainda peregrinos neste mundo, não só recebemos, todos os dias, as provas do vosso amor de Pai, mas também possuímos, já agora, a garantia da vida futura”. O grifo no texto identifica aqueles elementos em maior consonância com o Mistério celebrado neste Domingo e que pode ser aproveitado na própria, ao modo de mistagogia. Usando este prefácio, o presidente deve escolher a I, II ou a III Oração Eucarística. A II admite troca de prefácio. As demais não podem ter os prefácios substituídos sem grave prejuízo para a unidade teológica e literária da eucologia.

5. Proclamar com vibração a ação de graças (Oração Eucarística). Na Oração Eucarística, “compete a quem preside, pelo seu tom de voz, pela atitude orante, pelos gestos, pelo semblante e pela autenticidade, elevar ao Pai o louvor e a oferenda pascal de todo o povo sacerdotal, por Cristo, no Espírito”.

6. A comunhão deve ser nas duas espécies. Todos são convidados ao banquete da vida e o vinho é sinal de festa e alegria dos que comungam da vida do Senhor. Ver a Instrução Geral do Missal Romano (IGMR): “A comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas espécies. Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal dom banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico do reino do Pai” (n. 240 e 271).

Ritos Finais

1. Na oração pós-comunhão pedimos a Deus a graça de vivermos o que nos salva: que a Eucaristia fortifique nossos corações para que possamos “vos servir em nossos irmãos e irmãs”.

2. Na bênção em nome da Santíssima Trindade levem-se em conta as possibilidades que o Missal Romano oferece (bênçãos solenes, na oração sobre o povo). Ela expressa que a ação ritual se prolonga na vida cotidiana do povo em todas as suas dimensões, também políticas e sociais. Ver a bênção final do Tempo Comum IV do Missal Romano.

3. As palavras do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado. Sejam humildes e compassivos. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe!

10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para falar de maneira clara e radical: entre as criaturas e entre os homens não pode haver primeiro lugar, porque o primeiro lugar é de Deus, e só Dele. Esta verdade, levada a sério e praticada na convivência humana, garantirá paz e felicidade, porque levará as pessoas ao serviço mútuo e ao amor humilde, uns para com os outros, na linha de Jesus no lava-pés (João 13), e nisto encontrarão a sua verdadeira grandeza.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
           

Pe. Benedito Mazeti

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