28 de agosto de 2016
Leituras
Eclesiástico 3,19-21.30-31
Salmo 67/68,4-7.10-11
Hebreus 12,18-19.22-24a
Lucas 14,1.7-14
“VOCÊ RECEBERÁ A RECOMPENSA NA
RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo do
banquete dos humildes. Neste 22º domingo, Jesus está como hóspede na casa de um
notável fariseu, em dia de sábado e, não se deixa manipular pelo anfitrião.
Observando a disputa dos convidados pelos primeiros lugares no banquete, o
Mestre faz a contraproposta: procurar os últimos lugares. Ele diz que não devem
ser convidados só os que dispõem de condições para retribuir, mas também os
pobres e aleijados que nada possuem para oferecer. A humildade e a gratuidade
são virtudes dos discípulos promotores do Reino. Hoje lembramos o dia do
catequista.
O Evangelho
não proíbe afeição aos familiares e amigos, mas o amor gratuito de Deus requer
algo mais: no convite a tomar parte do banquete da vida, optar solidariamente
pelos que são esquecidos e tidos como menos importantes.
Fazendo
memória desse fato, recordamos Jesus que se fez pequeno entre os pequenos. Ele
nos convida a abandonar qualquer atitude de arrogância e auto-suficiência e a
acolher a misericórdia e compaixão do nosso Deus.
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os
textos
Primeira leitura – Eclesiástico 3,17-18.2028-29.
No tempo da Bíblia, uns 200 anos antes de Cristo, havia um homem experiente
na vida e conhecedor dos antigos livros da Bíblia. Ele, então, resolveu
escrever um livro, onde juntou a sabedoria do povo do seu tempo à fé dos
antepassados.
O autor não
tem como objetivo de dar definições nem de fazer distinções entre humildade e
mansidão; fala delas como expressão da mesma realidade. “Meu filho, realiza
tuas obras com mansidão”.
O versículo 19
traz uma norma de sabedoria e bom senso? Quanto maior é alguém, mais deve
fazer-se pequeno. Em outras palavras quer dizer: quanto mais importante é o
papel que alguém desempenha na sociedade, mais ele deve tomar consciência de
sua verdadeira realidade de criatura pecadora e limitada. A exaltação não
convém ao nenhum ser humano feito do pó da terra. Ele deve tomar consciência de
sua pequenez e aceitar sua condição. É o que fez Abraão no diálogo com Deus:
“Não leveis a mal, se ainda ouso falar ao meu Senhor, embora seu eu pó e cinza”
(Gênesis 18,27). Maria, que na Anunciação tem a revelação do papel importante e
único que vai desempenhar na obra messiânica, tem exatamente esta atitude:
“olhou para a humildade de sua serva”; e ao mesmo tempo tem consciência de que
“fez em mim grandes coisas o Todo-Poderoso” (Lucas 1,47-49).
No versículo
21 o autor lembra que grande mesmo é o poder de Deus. Nenhum outro ser é grande
diante de Deus. E Ele é honrado, não pelos “grandes”, mas pelos pequenos e
humildes. Não se trata de auto-aniquilamento
diante de Deus, mas de sabedoria e autenticidade de se reconhecer aquilo que se
é mesmo, em relação a Deus.
O versículo 19
é uma consideração sobre a situação daquele que não assume a atitude de
humildade, que não se reconhece o que realmente é. O orgulho é um mal, como uma
doença que debilita e transtorna o organismo interior da pessoa. É como um
câncer que vai corroendo. O orgulho é uma obstinação que termina na cegueira e
no endurecimento As próprias decepções que o orgulhoso experimenta não o esclarecem,
nem o convertem, justamente porque não se reconhece doente, porque recusa o
remédio. E este também é o motivo por que Deus recusa sua graça ao orgulhoso.
Não porque haja entre ele e Deus um jogo de competição, mas porque, pelo
orgulho, ele se torna incapaz de receber o dom, a graça de Deus.
Bem diferente
é a atitude da pessoa prudente (versículo 31), daquele que reconhece sua
situação, sua limitação, e se abre para acolher o dom de Deus. Ele tem um
ouvido sempre pronto a escutar o ensinamento de Deus, um coração aberto ao
sopro do Espírito. É uma atitude constante de docilidade e de prontidão a
qualquer manifestação da vontade de Deus.
O texto da
primeira leitura deixa claro que a atitude que agrada a Deus é a humildade Esta
bota do reconhecimento da grandeza absoluta de Deus e da confiança Nele. Em
contrapartida, o orgulho origina-se da auto-suficiência que absolutiza pessoas,
cargos sociais, culturas e coisas.
Salmo responsorial – Salmo 67/68,4-7.10-11.
O Salmo 67/68 é um hino que vai ser entoado na procissão pelo deserto. Deus
na frente, o povo atrás, como rebanho; conclusão na terra que o próprio Senhor
tornou com a chuva, e onde o seu povo vai habitar. É uma ação de graças
coletiva. O povo está reunido (talvez após a volta do exílio na Babilônia e a
reconstrução do Templo de Jerusalém) e celebra, agradecido, a presença de deus
na sua caminhada, recordando a grande peregrinação do passado, ou seja, a época
em que Deus caminhou à frente do povo para a posse da terra prometida.
Os “justos”
são convidados a “alegrar-se” e a “exultar na presença de Deus” (versículos
4-5), tal como Maria do Magnificat (cf. Lucas 1,46b-47). Na sua pobreza, eles –
em primeiro lugar o “órfão”, a “viúva”, os “abandonados”, os “prisioneiros”-
experimentam incessantemente a solicitude paterna de Deus (versículos 6-7).
O rosto de
Deus neste salmo. São muitos os aspectos que compõem o rosto de Deus. Apontamos
alguns. Em primeiro lugar, note-se a variedade nomes que recebe: “Deus”,
“Javé”, “Senhor”, “Todo-Poderoso”, “Deus do Sinai”, “Deus de Israel”. São nomes
que pretendem abraçar toda a história do povo. Deus está sempre presente nela.
Em segundo lugar, algumas expressões que identificam a Javé: “Pai dos órfãos,
protetor das viúvas”, aquele que dá uma casa (terra) aos excluídos, liberta e
enriquece os cativos (versículos 6-7a), pastor que conduz seu rebanho pobre à
conquista da terra (versículos 11.14).
No Novo
Testamento, seria interessante pesquisar os títulos que Jesus recebe nos
evangelhos. Além disso, ver como agiu em relação aos excluídos (doentes,
viúvas, órfãos, estrangeiros, pecadores); fazer um elenco de suas ações; ver
como põe em movimento a marcha da humanidade em busca da liberdade e vida
(Mateus 2; Lucas 9,51—19,27) e como agiu em relação aos não-judeus.
O salmista
convida a louvar e exaltar a Deus, pois Ele é Pai dos órfãos, protetor das
viúvas, ou seja, de todo o povo necessitado. Agradeçamos a esse nosso Deus, que
cria um mundo justo, e está sempre presente e atuante na vida e na caminhada de
nosso povo.
COM CARINHO
PREPARASTE UMA MESA PARA O POBRE.
Segunda leitura – Hebreus 12,18-19.22-24a.
Na segunda leitura da carta aos Hebreus, Paulo mostra à comunidade os dois
modos de experimentar Deus. No passado, no deserto e na Aliança do monte Sinai,
o povo fez a experiência de um Deus próximo, mas, ao mesmo tempo, distante. Ele
se revela na tempestade, na escuridão, no toque da trombeta e na sarça ardente.
Ninguém podia aproximar-se Dele. Todavia, no tempo da Nova Aliança assinalada
com o sangue de Jesus, Deus tornou-se próximo e íntimo, a ponto de morar e
formar com seu povo uma única família. Em Jesus Cristo, a comum idade faz a
experiência imediata de Deus. A leitura exorta “a procurar a paz com todos e a
santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor”.
A assembléia
do Sinai foi celebrada graças à mediação dos anjos (versículo 22; cf. Atos
7,38-53; Gálatas 3,19; Hebreus 2,2), enquanto a assembléia dos cristão se reúne
em torno do mediador Único e definitivo (versículo 24) e para uma Aliança
totalmente superior (cf. Êxodo 24,8; Hebreus 9,19-20; 10,29).
Esta passagem
quer convencer os cristãos de que sua esperança deve ser espiritualizada. Como
o Sinai (ou a Sião) que o substitui: Salmo 67/68,17; Isaias 2,2-3; Jeremias
31,11-12; Gálatas 4,21-26), foi u lugar da “assembléia” das tribos (versículo
23); cf. Atos 7,38; Deuteronômio 4,10; 9,10; 18,16), assim a Igreja, Sião
espiritual, convoca a assembléia das nações. Todavia, ela não pode perder este
direito de primogenitura como Esaú o perdeu (Neemias 12,16-17; cf. versículo
25).
Dispersos pelo
mundo, os cristãos não esperam mais, como os judeus, um congraçamento
geográfico, pois eles próprios são os primogênitos de um reino cuja capital não
fica mais aqui na terra.
Evangelho – Lucas 14,1.7-14. Jesus
entra na casa de um chefe dos fariseus para tomar parte de uma refeição, em dia
de sábado. Trata-se de uma refeição festiva, possivelmente após a celebração
religiosa da sinagoga. Todos observam Jesus. Contradizendo os preceitos
religiosos do sábado, Jesus cura um homem hidrópico, revelando-se, mais uma
vez, soberano diante da Lei. É a terceira cura narrada pelo evangelista Lucas.
Nesta, como nas anteriores (Lucas 6,6-11 e 13,13-17), predomina o interesse
pela polêmica a respeito do sábado. Os fariseus que haviam convidado Jesus para
o banquete com o objetivo de descaracterizar sua pregação, em sua hipocrisia,
se calam diante da pergunta: “S Lei permite ou não permite curar em dia de
sábado?” Se não era permitido fazer o bem em dia de sábado, o que dizer de
reunir os amigos, parentes e vizinhos ricos para um banquete (versículo 1)? Os
opositores de Jesus arquitetaram a armadilha do homem hidrópico para
surpreender o Mestre, mas eles é que acabaram caindo nela.
Jesus observa
o comportamento social dos convidados à refeição na casa de um fariseu notável.
Os primeiros lugares eram os mais disputados. O pressuposto mínimo de um
convidado é esperar, com paciência, que o dono da casa lhe indique seu lugar à
mesa, pois não é o grau de intimidade entre eles que determina isso, mas sim o
grau de valorização que o anfitrião atribui àquele convidado. A alguns – talvez
os mais humildes, mas que lhe são caros – fará aproximar-se mais. Outros serão
convidados a ceder o lugar para alguém e ir um pouco para trás; ainda outros
serão chamados a ladear o anfitrião. Estar afastado e ser convidado a tomar um
lugar mais próximo é uma honra, porém, colocar-se próximo e ser convidado a dar
o lugar para outro é uma humilhação (versículos 7-11). A partir da observação
do comportamento dos convidados, Jesus destaca a atitude de humildade e de
gratuidade para além das normas de boas maneiras.
Ao chefe dos
fariseus, Jesus adverte: “Quando você for dar um banquete, não convide os
amigos, nem os irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos, porque estes irão
também convidar você; pelo contrário, convide os pobres, as aleijados, os
coxos, os cegos. Então tu serás feliz, porque eles não te podem retribuir. Tu
receberás a recompensa na ressurreição dos justos”. Em outros termos, não se
concentre nem se relacione somente com quem tem condições para retribuir, mas
inclua também quem é capaz de partilhar gratuitamente (versículos 12-14). O
banquete do sábado reflete os valores da sociedade humana. A proposta de Jesus,
sem fazer objeção ao banquete, questiona as normas que o regem e inverte
completamente a escala de valores da sociedade. Esta ressurreição dos justos
que Jesus fala indica o banquete messiânico do Reino. Ali está reservado o seu
premio, já desde agora, aquele que ajuda os outros sem lhe passar a fatura,
isto é, que não pede nada em troca. Vista pelos critérios de uma sociedade
consumista, essa atitude é absurda, mas aos olhos de Jesus investir nos pobres,
doentes e abandonados é o melhor investimento.
No segundo
livro dos Macabeus 12,45a que contempla a ressurreição dos mortos, já afirmava que
uma belíssima recompensa está reservada para os que adormeceram na piedade,
“santo e piedoso pensamento, este de orar pelos mortos...”. O Primeiro Testamento contém 46 livros, o
único livro que fala de maneira clara a doutrina da “ressurreição dos mortos” é
o livro dos irmãos Macabeus.
Esta parábola
aprofunda um dos temas-chaves das bem-aventuranças e do sermão da montanha: “Se
a vossa justiça não ultrapassar a dos escribas e fariseus, com certeza não
entrareis no Reino dos céus” (Mateus 5,20). Lucas clareia o tema: “Se amais
aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os pecadores também os que os
amam. E se fizerdes o bem aos que vos fazem, que recompensa tereis? Também os pecadores fazem o mesmo (Lucas
6,32s). a qualidade de amor que Jesus propõe é a que não é movida pele espera
de recompensa imediata, toma lá dá cá.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Nestes dias
fui convidado a tomar parte em uma festa de casamento. Na hora do banquete, foi
aquele alvoroço. Sem esperar qualquer orientação, as pessoas foram tomando
conta das mesas e constituindo grupos por afinidade e interesses. Os
organizadores tiveram muito trabalho para acomodar os que chegavam um pouco
atrasados. Era visível o constrangimento destes: sentar onde e junto de quem?
Outros eram solicitados a sair do lugar e tomar assento à mesa de amigos e
familiares.
Jesus
relaciona o tomar assento à mesa e a participação no banquete do Reino. Melhor
dizendo, a participação do Reino de Deus se visibiliza através à mesa, do gesto
humano do comer e do beber durante uma refeição. A mesa não é apenas o lugar
para saciar a fome, mas um espaço de relação. Comer é comungar. A experiência
de comer sozinho é muito triste. Alimentar-se é gratificante quando, à mesa, há
mais do que uma pessoa. Ao me alimentar, comungo com o outro que também se
alimenta. Compartilho com ele um pouco do meu ser, da minha intimidade, dos
meus projetos, bem como acolho e me nutro do que ele tem a compartilhar. A
refeição é a relação. A mesa é espaço em que se decide a nossa salvação,
momento de expressar nossa humanidade e religiosidade, de praticar a caridade
para com todos e de acolher o pobre. A mesa onde se priorizam a concorrência e
o status, onde o pobre é excluído, deixa de ser mesa do Senhor, portadora da
bênção.
Jesus está
empenhado na formação dos discípulos e revela, hoje, por meio da parábola sobre
a escolha dos lugares num banquete e sobre a escolha dos convidados, as
atitudes de vida que nos tornam participantes do banquete do Reino, ao qual
somos todos convidados. Antes, porém, os interesses egocêntricos devem ceder
espaço à humildade e à simplicidade. Estas constituem a opção básica do(a)
discípulo(a) que vive em comunidade o espírito do Reino: procurar os últimos lugares
do banquete da vida, não por ser masoquista, mas por se deixar orientar pela
vontade e pela justiça do Reino, e não pela lógica da sociedade neoliberal da
troca de favores, do “dando que se recebe” ou do “toma lá, da cá”. O
Eclesiástico adverte os convidados ao banquete: “Quanto mais importante você
for, tanto mais seja humilde e encontrará favor diante do Senhor. Pois o poder
do Senhor é grande, mas ele é glorificado pelos humildes” (Eclo 3,19-21).
O Mestre
sublinha a virtude da humildade. “Quem se eleva será humilhado, e quem se
humilha será elevado”. Humildade é palavra que deriva do latim humilis, a qual vem de hummus=terra (significando “filhos da
terra”). Humilde é aquele que se move perto da terra; aquele que, com sabedoria
e realismo, reconhece sua real situação em relação a Deus, às outras pessoas e
a si mesmo. Santa Teresa define a humildade de forma concisa: “humilde é andar
na verdade”.
A humildade é
uma virtude incontestável, que anda meio esquecida, mas se faz sempre mais
necessária. O cristianismo fez dela uma das mais importantes virtudes, condição
mesma para viver sua proposta. Para reconhecer a majestade e a infinitude de
Deus e reconhecer-se criatura finita, pobre e limitada, é preciso ser humilde,
ou seja, ter noção exata da própria envergadura e dos próprios
condicionamentos.
A humildade,
como conduta ao estilo da proposta de Jesus, é uma virtude que não está em
moda. É, antes, estranha, chocante e até incômoda para a mentalidade moderna,
marcada pela concorrência, pelo mérito e pela celebridade. A humildade é vista
como indigna pelo homem atual que idolatra sua própria imagem, sua autonomia,
seu prestígio e sua dignidade, por ele confundidos com o ocupar e desfrutar os
primeiros lugares na mesa da vida. Ninguém aceita ficar no último lugar da
fila, seja no trabalho, na escola, na família, seja na comunidade eclesial. É
vergonhoso ser preterido. Nessa hora, quem não reclama intimamente: “Não
reconhecem meus méritos, que injustiça! Não é possível, que vergonha!”. Como
filhos (as) de nosso tempo, não é fácil aceitar, com alegria e com todas as
conseqüências, a fraqueza, a precariedade e reafirmar a nossa opção evangélica
pela humildade e pela gratuidade.
Que
importância a humildade tem para o (a) discípulo(a)? Ser humilde é ser real e
autêntico consigo e com os outros. Agrada às pessoas quem não pensa tanto em si
mesmo, mas também nos outros. A pessoa humilde trata os outros como
importantes. Ninguém gosta de conviver com indivíduos inchados de orgulho e
centrados em si mesmos. Enquanto a pessoa humilde suscita e alimenta relações
de fraternidade, os arrogantes e orgulhosos criam barreiras e destroem as
relações entre as pessoas. Aquilo que a arrogância e a auto-suficiência negam e
destroem, a humildade reafirma e consolida. O(a) discípulo(a) que pauta sua
vida “no servir com humildade” tem grande capacidade de construir
relacionamentos saudáveis.
Praticar a
humildade e a generosidade – segundo a proposta de Cristo pobre, humilde e
dedicado ao serviço, especialmente aos pobres – é testemunhar a gratuidade do
Reino, como mistério de comunhão de pessoas sem dominação ou subordinação. Na
sociedade marcada pela competitividade e pela luta, na qual os sistemas
econômicos, políticos e tecnológicos se auto-alimentam, excluindo do banquete
da vida os pequenos, os(as) autênticos(as) discípulos(as) caracterizam-se pela
solidariedade com os pobres e marginalizados, colocando-se a seu lado com o
objetivo de torná-los convivas da mesa do banquete do Reino.
Enfim, a
humildade é a atitude mais digna do homem diante de Deus, porque não o diminui,
mas o coloca em seu lugar. É, além disso, o estilo mais social e que melhor
possibilita a relação do ser humano com seus semelhantes. Para entender tudo
isso, para ser humilde e andar na verdade de nossa própria condição, precisamos
ser pobres de espírito perante Deus, isto é, vazios de nós mesmos para podermos
ser plenos dele, sabendo que tudo em nossa vida é graça e dom, efeito da
misericórdia e do amor com que Deus nos amou.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
A resposta do
salmo desta liturgia revela a gratidão que temos pelo cuidado e carinho da
parte de Deus, que prepara uma mesa para o pobre. A mesa que o Senhor nos
prepara é o caminho mais seguro para o estreitamento dos laços de amizade no
Senhor (Oração sobre as oferendas).
A essência do
cristianismo se manifesta na maneira com que os cristãos se relacionam entre si
e com os que estão próximos. Jesus é o modelo donde devemos nos orientar e,
neste sentido, o primeiro lugar onde fazemos a experiência do amor relacional é
o altar do Senhor. Ele é, portanto, o nosso oriente. É o lugar para onde todos
os olhares se voltam naturalmente, como bem nos recorda a IGMR 299. Torna-se
para nós “pedra angular” de todas as relações interpessoais.
A máxima que geralmente se usa para expressar
isso é “a Eucaristia faz Igreja”. João Paulo II na encíclica Ecclesia de Eucharistia expressa tal
noção ao afirmar que a comunidade dos fiéis nasce diretamente do Mistério
Pascal. Portanto, a igreja nasce eucarística, pois é fruto da ação de graças,
isto é, do reconhecimento da amizade inequívoca entre Deus e o mundo por Ele
criado, em Cristo, nosso Senhor. Este acontecimento se dá na unidade do
Espírito Santo, que conforme o ensino de Fulgêncio de Ruspas (século VI),
verifica-se na unidade de coração e alma da comunidade cristã, porque estes
estão transformados pelo Espírito que receberam e pelo qual se tornaram Igreja.
A liturgia de
hoje nos convida a sermos nós, Eucaristia para os outros. Após sermos
alimentados “pelo pão da vida” que é também o “pão da caridade”, somos
impulsionados ao serviço para o bem de todos (Oração depois da comunhão). É a
partilha da vida que é manifestada pelo amor.
O altar é o
lugar onde se dá o nascimento da Igreja segundo o amor de Jesus, para que o mundo
seja transformado por esse mesmo amor atuante no Corpo Eclesial. Por isso
rezamos na Oração com a qual a eucaristia é feita (Oração Eucarística III):
“Que este sacrifício de nossa reconciliação estenda a paz e a salvação ao mundo
inteiro.”.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
A assembléia
litúrgica é uma reunião aberta a todos. É encontro de irmãos que se acolhem
mutuamente na fé, tendo atenção especial para “os últimos”. Jesus é o nosso
anfitrião e servo que, fazendo-se pão partilhado, doa sua vida em alimento. Ele
nos acolhe personalizadamente e nos torna participantes da mesa do banquete do
Reino, sem distinções.
Na Eucaristia
renova-se para nós o gesto de humildade do Senhor que, inclinando-se, lavou os
pés de seus discípulos: “Se eu, que sou o Mestre e Senhor, lavei os seus pés,
também vocês devem lavar os pés uns dos outros” (João 13,14). A exemplo de
Cristo que se humilha a ponto de colocar-se em nossas mãos na Eucaristia, somos
convidados ao discipulado pelo serviço humilde de uns para com os outros.
Tomar lugar à
mesa eucarística partilhando do pão, isto é, da própria vida de Jesus Cristo
ofertada em alimento para a vida em abundância, é um gesto tremendamente
significativo. Nossa vida recebe a vida dele que nos revigora e fortalece. Tornamo-nos
um com ele (cf. João 17,21). Por outro lado, é comprometedor. Não é possível
persistir na atitude dos fariseus que acolhiam somente os privilegiados na vida
social. Quem não se dispõe a dar a vida por aqueles que são privados do acesso
a ela não deveria se sentir no direito de aproximar-se da mesa eucarística.
Fazer memória de Jesus é permitir que o pão (símbolo de todos os bens que
trazem a vida) seja repartido entre aqueles que, em sua pobreza, não têm como
retribuir.
No banquete
eucarístico todos são convidados por Jesus: “Amigo, vem mais para cima”, porque
Deus se tornou próximo e íntimo. Assim, no pão partilhado experimentamos a
gratuidade e a solidariedade de Deus para com a humanidade. Ao participar da
mesa eucarística, melhor compreendemos que nosso Deus optou por privilegiar os
excluídos (pobres, aleijados, doentes, cegos) e que nossa felicidade consiste
em servi-los, a exemplo de Jesus, que está no meio de nós como aquele que
serve.
A Eucaristia
que celebramos é sacramento de comunhão eclesial, mesa de inclusão e sinal, por
excelência, da união de todos no banquete do Reino. O apóstolo Paulo qualifica
como indigna de uma comunidade cristã a ceia do Senhor que acontece num
contexto de discórdia e de indiferença pelos pobres (cf. 1 Coríntios
11,17-22.27-34).
Assim como o
Cristo que não se prevaleceu de sua condição divina e continua se fazendo pobre
entre as criaturas sob as humildes espécies eucarísticas de pão e vinho, também
nós, através das águas do batismo e participando do banquete eucarístico, somos
convidados a ser discípulos(as) de Cristo, caminhando sobre a terra com a
missão de acolher, reconciliar, libertar e promover relações redimidas.
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Preparar
bem a celebração. A preparação feita por uma equipe que tenha formação
litúrgica adequada pode assegurar uma celebração mais autêntica do mistério
pascal do Senhor, assim como a ligação como os acontecimentos da vida,
inseridos neste mesmo mistério de Cristo (cf. Doc. da CNBB 43, n. 211).
Garantir que o povo de Deus exerça o direito e o dever de participar segundo a
diversidade de ministérios, funções e ofícios de cada pessoa (Doc. da CNBB 43,
n. 212; Sacrosanctum Concilium, n.14). Preparar a celebração e utilizar de uma
metodologia – um caminho.
2. Falando da
importância da preparação, recordamos que para a participação de toda a
assembléia ser “plena, consciente e ativa” (Sacrosanctum Concilium, n.14) é
conveniente que a preparação desenvolva-se com os seguintes passos: 1º: pedir
as luzes do Espírito Santo; 2º: avaliar a celebração anterior; 3º: aprofundar e
conversar sobre o que se vai celebrar; 4º: ler e aprofundar as leituras
bíblicas e as orações; 5º: exercitar a criatividade; 6º: escolher os cantos
relacionados com o mistério celebrado; 7º: elaborar o roteiro; 8º: distribuir
os vários ministérios e serviços.
3. “É muito
recomendável que os fiéis recebam o Corpo do Senhor em hóstias consagradas na
mesma Missa e participem do cálice nos casos previstos, para que, também
através dos sinais, a comunhão se manifeste mais claramente como participação
do Sacrifício celebrado” (IGMR nº 56 h). Um dos mais graves abusos nas
celebrações da eucaristia é a distribuição da comunhão do sacrário como prática
normal. Assim pecamos contra toda a dinâmica da ceia eucarística, que consta da
preparação das oferendas, da ação de graças sobre os dons trazidos, da fração
do pão consagrado e da sua distribuição àqueles que, com a oblação deste pão,
se oferecem a si mesmos com Jesus ao Pai.
4 Lembrar que,
no dia 03 de setembro, a Igreja faz memória de São Gregório Magno. Ele foi um
santo e humilde e papa.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo Comum, é
preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser
cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado. A função da equipe de canto não é
simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 22º
Domingo do Tempo Comum. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico,
com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que
toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de
uma pastoral ou de um movimento.
Ensina a Instrução
Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a
assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse sentido o
Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão gravados
nos CDs Liturgia VI e XI e também no CD: Cantos de Abertura e Comunhão.
1. Canto de abertura. Deus é bom
e clemente, cheio de misericórdia para os que o invocam (Salmo 85/86,3-5). “Senhor,
de mim tem piedade, dia e noite a ti meu clamor!”, CD: Liturgia VII, melodia da
faixa 1.
Como povo
eleito de Deus pela consagração batismal, devemos ser sinal de salvação, não
podemos excluir ninguém do banquete eucarístico. Outra opção importante é o
canto: “Ó Pai, somos nós o povo eleito”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão,
melodia da faixa 1.
2. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD:
Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico
III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso
e outros compositores.
O Hino de
Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é,
voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho.
O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de
Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo,
exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o
Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou
nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da
assembléia.
3. Salmo responsorial 68/67. A Onipotência de Deus. “Com carinho preparaste uma mesa para
o pobre”, melodia da faixa CD: Liturgia XII, melodia da faixa 3.
O Salmo
responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura.
Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura
para a comunidade celebrante. Primeira leitura, Palavra proposta e salmo
Palavra resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser
Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista.
4. Aclamação ao Evangelho. O
Mestre manso e humilde (Mateus 11,29ab). “O Senhor me enviou a levar boas
notícias aos que tem o coração ferido, proclamar aos cativos a liberdade” (Isaias
61,1-20). “Aleluia... foi o Senhor quem me mandou boas notícias anunciar”, CD:
Liturgia XII, melodia da faixa 3. O canto de aclamação ao evangelho acompanha
os versos que estão no Lecionário Dominical.
5. Refrão após a homilia. “Onde
estiver teu tesouro, irmão,/ Lá estará inteiro o teu coração”, Ofício Divino
das Comunidades, página 467.
6. Apresentação dos dons. A escuta
da Palavra e colocá-la em prática, deve gerar na assembléia a partilha para que
ela possa ser sinal vivo do Senhor. Devemos ser oferenda com nossas oferendas. O
canto da apresentação das oferendas poderia ser tão somente o conhecido refrão:
“Onde reina o amor, fraterno amor”, da comunidade Taizé (Coração confiante –
Paulinas/COMEP). Pode-se também intercalar com o refrão “acima após a homilia “Onde estiver teu
tesouro irmão...”. Outra opção é o canto: “As mesmas mãos que plantaram a
semente aqui estão”, CD: Liturgia VII, melodia da faixa 4.
7. Canto de comunhão. “Quando tu
fores convidado, vai sentar-te no último lugar” (Lucas 14,10b). “Quem quiser o
melhor lugar, ponha-se no derradeiro”, CD: Liturgia XII, melodia da faixa 4,
exceto o refrão.
A Igreja
oferece duas opções importantes para este Domingo: “Eis meu povo, o banquete
que preparei para ti”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 18;
e Efésios 1,3-10: Bendito seja Deus, Pai do Senhor Jesus Cristo. Por Cristo nos
brindou todas as bênçãos do Espírito. Está no CD: Cantos de Abertura e Comunhão,
melodia da faixa 17.
8- O ESPAÇO CELEBRATIVO
1. Preparar
bem o espaço celebrativo, de modo que seja acolhedor, aconchegante, como sugere
o próprio Senhor no Evangelho.
2. A cruz dos
cristãos (referência à vida gasta em favor do próximo) deve ser assumida,
carregada pelo caminho da vida, à maneira de Jesus. Cláudio Pastro diz que ela
é sinal da nossa vitória. Por isso “Uma procissão atrás da Cruz, traz presente
a Igreja peregrina que segue a Cristo e caminha sob sua bandeira”.
9. AÇÃO RITUAL
Ao celebrar o
Mistério Pascal de Jesus, a Igreja remonta à sua origem, que é a unidade do
Espírito Santo. É formada tendo um só coração e uma só alma, isto que dizer que
a sua identidade mais profunda nasce do encontro dos fiéis em torno do altar de
Cristo.
Acolher de
maneira calorosa as pessoas que chegam para tomar parte na celebração. Ter um
cuidado para com os portadores de deficiência, os idosos e as crianças, de modo
que desde o início da celebração experimentem o amor solidário de nosso Deus.
Ritos Iniciais
1. A
celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto
de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a
assembleia no Mistério celebrado.
2. O sentido
litúrgico, após a saudação do presidente, pode ser feito por quem preside, pelo
diácono ou um ministro devidamente preparado com palavras semelhantes às que
seguem:
Domingo do banquete dos humildes. Jesus
olhando como as pessoas buscam se promover, recebemos dele o convite para
abandonar qualquer atitude de arrogância e auto-suficiência r acolher a
misericórdia do nosso Deus.
3. Sobre os
ritos iniciais, o teólogo Francisco Taborda nos lembra que “com a procissão de
entrada e a saudação ao altar e à assembleia, a ekklesia está constituída
naquilo que lhe é peculiar: reunida em torno de Cristo (representado no altar),
por convocação de Deus sob a presidência do ministro ordenado.” Por isso, o
presidente da celebração, gozando de um pouco de liberdade, mas munido das Escrituras,
poderia aproveitar as palavras do Apóstolo em Romanos 5,5 articulando-as com
Efésios 6,23 e saudar a assembléia dos fiéis:
A vós, irmãos e irmãs, graça e paz
da parte Deus, nosso Pai, que pelo Espírito derramou em nossos corações o seu
amor.
4. Seria
interessante cantar a saudação. Esta alternativa àquelas apresentadas pelo
Missal, de maneira alguma fere o sentido teológico-litúrgico no que concerne à
sua genética tipicamente escriturística, além de estar em perfeita sintonia com
a Oração do Dia. Se for cantada será ainda melhor aproveitada pelos fiéis que
podem lhe responder Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
5. Em seguida
fazer a “recordação da vida” trazendo os fatos que são as manifestações da
Páscoa do Senhor na vida da comunidade, do país e do mundo, mas de forma orante
e não como noticiário. Deve ter presente
a realidade dos(das) catequistas.
6. Para a
motivação do Ato penitencial sugerimos a fórmula 2 do Missal Romano, página 391:
No início desta celebração eucarística,
peçamos a conversão do coração, fonte de reconciliação com Deus e com os
irmãos.
Após uns
momentos de silêncio, rezar cantando a invocação alternativa número 4 para o
Tempo Comum da página 394 do Missal Romano:
Senhor, que vistes procurar quem estava perdido...
7. Domingo é
Páscoa semanal dos cristãos, dia do banquete eucarístico. Entoar de maneira
solene o Hino de Louvor (Glória).
8. A Oração do
Dia estabelece o sentido da liturgia do deste Domingo. Suplicamos ao Deus do
universo um estreitamento dos laços que nos unem com Ele “para alimentar em nós
o que é bom”. Propomo-nos a guardar, cuidadosamente, o que nos deu. Não nos é
conveniente guardar outra coisa que não provém de Deus, isto é, sua Palavra
perene e desafiadora.
Rito da Palavra
1. Cada vez
mais, cai em desuso os chamados “comentários” antes das leituras. Preferem-se
as brevíssimas monições que exortam os fiéis para o acontecimento que se
seguirá. São mais afetivos e introdutórios, do que informativos de qualquer
conteúdo teológico ou catequético. São, inclusive, dispensáveis, sendo
preferível o silêncio ou um refrão meditativo que provoque na assembléia aquela
atitude vigilante para a escuta e conseqüentemente acolhida da Palavra de Deus.
2. Para aguçar
o ouvido dos fiéis para a Escuta da novidade do Evangelho de Jesus, sugerimos o
refrão: “Para ti, meu Senhor, levanto os
meus olhos! Para ti, meu Senhor, levanto os meus olhos! Ouvidos, ó Senhor tu
abriste. Liberta-me, Senhor, para servir-te. Ouvidos, ó Senhor, tu abriste.
Liberta-me Senhor para servir-te”.Outra opção interessante é o refrão “Senhor que a tua Palavra, transforme a
nossa vida, queremos caminhar com retidão na tua luz”.
3. Destacar o
Evangeliário. Depois da procissão de entrada deve permanecer sobre a Mesa do
Altar até a procissão para a Mesa da Palavra como é costume no Rito Romano.
Portanto, cada vez mais se tem abandonado o hábito de fazer “procissão com a
Bíblia”, já que a importância e a dignidade do Evangeliário foram recuperadas.
A procissão, portanto, é reservada para o livro dos Evangelhos. Procissão que
pode ser solenizada com incenso e velas do Altar para o Ambão.
Rito da Eucaristia
1. O canto da
apresentação das oferendas poderia ser tão somente o conhecido refrão Onde
reina o amor, fraterno amor da comunidade Taizé (Coração confiante –
Paulinas/COMEP). Pode-se também intercalar com esse outro refrão “Onde estiver
teu tesouro irmão...”.
2. Na Oração
sobre o pão e o vinho destaca a oferenda como bênção; que ela realize na
prática o que significa no sacramento.
3. Quanto ao
prefácio: se não for cantado, quem preside procure proclamá-lo com ênfase, mas
ao mesmo tempo calmamente, de forma serena e orante. Frase por frase. Cada
frase é importante, anunciadora do mistério que hoje celebramos. Basta prestar
bem atenção nelas! A boa proclamação do Prefácio, como abertura solene da
grande oração eucarística (bem proclamada também), tem um profundo sentido
evangelizador, pois, por seu conteúdo e, sobre tudo, por ser oração, toca fundo
no coração da assembléia.
4. Se for escolhida
as Orações Eucarísticas I, II e III sugerimos o Prefácio para os Domingos do
Comum VI, página 433 do Missal Romano que contempla as provas do amor paterno
de Deus e o penhor da vida futura. Seguindo esta lógica, cujo embolismo reza: “E,
ainda peregrinos neste mundo, não só recebemos, todos os dias, as provas do
vosso amor de Pai, mas também possuímos, já agora, a garantia da vida futura”.
O grifo no texto identifica aqueles elementos em maior consonância com o
Mistério celebrado neste Domingo e que pode ser aproveitado na própria, ao modo
de mistagogia. Usando este prefácio, o presidente deve escolher a I, II ou a
III Oração Eucarística. A II admite troca de prefácio. As demais não podem ter
os prefácios substituídos sem grave prejuízo para a unidade teológica e
literária da eucologia.
5. Proclamar
com vibração a ação de graças (Oração Eucarística). Na Oração Eucarística,
“compete a quem preside, pelo seu tom de voz, pela atitude orante, pelos
gestos, pelo semblante e pela autenticidade, elevar ao Pai o louvor e a
oferenda pascal de todo o povo sacerdotal, por Cristo, no Espírito”.
6. A comunhão
deve ser nas duas espécies. Todos são convidados ao banquete da vida e o vinho
é sinal de festa e alegria dos que comungam da vida do Senhor. Ver a Instrução
Geral do Missal Romano (IGMR): “A comunhão realiza mais plenamente o seu
aspecto de sinal quando sob as duas espécies. Sob esta forma se manifesta mais
perfeitamente o sinal dom banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro
a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim
como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico do reino
do Pai” (n. 240 e 271).
Ritos Finais
1. Na oração
pós-comunhão pedimos a Deus a graça de vivermos o que nos salva: que a
Eucaristia fortifique nossos corações para que possamos “vos servir em nossos
irmãos e irmãs”.
2. Na bênção
em nome da Santíssima Trindade levem-se em conta as possibilidades que o Missal
Romano oferece (bênçãos solenes, na oração sobre o povo). Ela expressa que a
ação ritual se prolonga na vida cotidiana do povo em todas as suas dimensões,
também políticas e sociais. Ver a bênção final do Tempo Comum IV do Missal
Romano.
3. As palavras
do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado. Sejam
humildes e compassivos. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe!
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para falar de
maneira clara e radical: entre as criaturas e entre os homens não pode haver
primeiro lugar, porque o primeiro lugar é de Deus, e só Dele. Esta verdade,
levada a sério e praticada na convivência humana, garantirá paz e felicidade,
porque levará as pessoas ao serviço mútuo e ao amor humilde, uns para com os
outros, na linha de Jesus no lava-pés (João 13), e nisto encontrarão a sua
verdadeira grandeza.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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