13 de maio de 2018
Leituras
Atos 1,1-11. Durante quarenta dias,
apareceu-lhes falando do Reino de Deus.
Salmo 46/47,2-3.6-9. Por entre
aclamações Deus se elevou.
Efésios 1,17-23. Que ele abra o vosso coração
à sua luz.
Marcos 16,15-20. Quem crer e for
batizado será salvo.
“VÓS, QUE DESCENTES ATÉ NÓS PELO CAMINHO DO AMOR, PELO MESMO CAMINHO,
FAZEI-NOS SUBIR ATÉ VÓS”
(Liturgia das Horas, I vésperas, v. II, p. 821)
1- PONTO DE PARTIDA
Hoje é o Domingo
da Ascensão do Senhor. Chegamos, hoje, a um momento muito importante dentro do
Tempo Pascal. É uma festa que tem o seu sentido dentro do espírito que
caracteriza estes cinqüentas dias de Páscoa. É bom lembrar que estamos vivenciamos
dias de Páscoa e não após a Páscoa.
O mistério da
Ascensão do Senhor significa “elevação, subida” também para nós, seus
discípulos e discípulas missionários que têm como meta a evangelização. Ele
elevou-se ao céu, não para afastar-se de nossa humanidade, mas para dar a todos
nós a certeza de que nos conduzirá à gloria da imortalidade.
Neste domingo,
comemoramos o Dia das Mães, as quais têm em Maria sua referência maior de
doação, de presença silenciosa e amorosa na vida dos filhos, quer nos momentos
amenos (como na bodas de Caná), quer no sofrimento profundo (como em pé diante
da cruz), quer na glória (como na Ascensão e na Assunção. Nesta celebração da
Páscoa do Senhor, queremos, unidos à Igreja universal, rezar por todas as
mulheres que, pelo dom de gerarem a vida, foram chamadas a participar da obra
criadora de Deus.
Unidos em
comunhão com todos os cristãos espalhados pelo mundo celebramos Ascensão de
Jesus, plenitude da Páscoa, cuja memória nós atualizamos na Eucaristia. Jesus
conclui sua missão, despede-se dos seus discípulos, mas sem abandoná-los e é
elevado e glorificado pelo Pai. A Igreja, convocada para dar continuidade à
missão de Jesus, prepara-se para celebrar a Solenidade de Pentecostes e
comemora também o dia das comunicações.
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os textos
Primeira leitura – Atos 1,1-11. Lucas
liga os Atos dos Apóstolos ao Evangelho que ele mesmo escreveu por um breve
resumo (Atos 1,1-3). Neste resumo ele refere-se também às aparições de Jesus
ressuscitado (versículo 3) e à Ascensão (versículo 2c) já contadas no fim do
Evangelho. Os outros evangelhos não falam que Jesus tinha aparecido durante
quarenta dias. Com isso Lucas esboça as etapas da história da salvação: o tempo
de Jesus “desde o começo do seu trabalho até o dia em que foi levado para o
céu”; o tempo anterior a esta etapa que abrange a história do “povo de Israel”
e que é o tempo da promessa e da esperança; o tempo posterior ao tempo de
Jesus, que vai da ascensão até a volta no fim do mundo, é o tempo da Igreja.
Lucas
atribui ao próprio Jesus ressuscitado a inauguração dos “Atos dos Apóstolos”,
isto é, do tempo e da história da Igreja. Para ele é de suma importância que
seu segundo livro não comece com os discípulos desamparados e desorientados
(cf. Lucas 24,17-21), mas com o Senhor ressuscitado que os procura e ensina
durante quarenta dias sobre “o Reino de Deus” (versículo 3; cf. o valor
simbólico do número quarenta!). A ressurreição não é somente um fim glorioso da
carreira terrestre de Jesus, mas ao mesmo tempo o fundamento salvador da
Igreja. A missão salvadora dos apóstolos e da Igreja está intimamente ligada ao
Jesus terrestre e glorificado, à Sua Palavra e à Sua obra (ao Seu “fazer e
ensinar”: Atos 1,1), ao Seu poder e à Sua missão.
Na
versão dos Atos dos Apóstolos, a Ascensão aparece antes de tudo com a
inauguração da missão da Igreja no mundo. Os quarenta dias (versículo 3)
fixados por Lucas como a duração da estadia do Ressuscitado sobre a terra devem
ser compreendidos no sentido de um último tempo de preparação (o número
quarenta designa sempre um período de espera na Escritura): são uma medida
proporcional e não cronológica. Com isso a ressurreição não constitui um
limite, mas a preliminar de uma nova etapa do Reino: a sessão de Cristo à
direita do Pai e a missão da Igreja pelo mundo afora. A esse respeito, é muito
significativa a observação sobre os anjos convidando os apóstolos a não ficarem
com os olhos fixos no céu (cf. versículo 11).
A
imagem da nuvem não deve ser tomada num sentido material. Para Lucas, a nuvem é
apenas o sinal da presença divina, como o foi sobre a Tenda de reunião e no
templo de Jerusalém. De forma alguma trata-se de um fenômeno metereológico, mas
de um acontecimento teológico: a entrada de Jesus de Nazaré na glória do Pai, e
a certeza de sua presença no mundo.
Jesus ressuscitado é, de agora em diante, o lugar da presença de Deus no mundo,
o único lugar sagrado da nova humanidade.
A
idéia de separação e de ruptura ainda reforçada pela afirmação de que não cabe
aos homens conhecerem o fim de sua história (versículo 7) e pelo apelo dos
apóstolos ao realismo do qual queriam fugir (versículo 11). Sem dúvida Lucas
quer mostrar que Cristo só pode separar-se de pessoas que só pensam no
estabelecimento imediata do Reino (versículo 6) e que só está presente naqueles
que aceitam o longo caminhar que passa pela missão e pelo serviço a favor da
humanidade (versículo 8). Quer mostrar também que, para começar sua missão, é
preciso que a Igreja rompa com Cristo carnal. Não podemos mais, de agora em
diante, nos unir a Cristo a não ser por intermédio dos apóstolos revestidos do
Espírito de Cristo. É, pois, uma maneira de ver a Igreja que se esforça depois
da insistência de Lucas sobre a separação entre Jesus e os cristãos.
A
efusão do Espírito Santo (versículo 5) ainda não é o fim nem o início do fim
dos tempos e do pleno desabrochar do Reino. O Reino não somente abrangerá o
povo de Israel, mas todos os povos. A preocupação para conhecer o fim dos
tempos é, pois, substituída pela preocupação de levar o Evangelho “até os
confins do mundo” (cf. Marcos 13,10; Mateus 24,14). Lucas não nega a segunda
vinda em glória (versículo 11c), mas não toca mais no problema da preocupação
com a data da mesma.
Salmo responsorial – 46/47,2-3.6-9. No
princípio, este Salmo acompanhava a Arca da Aliança na procissão para o Templo
de Jerusalém. A entronização no Templo evocava o senhorio de Deus sobre Israel,
sobre todos os povos e sobre todo o universo. A aplicação litúrgica à realeza
universal de Cristo é legítima.
É
o primeiro Salmo que celebra a realeza do Senhor. Recorda quatro vezes que o
Senhor é Rei (versículos 3.7.8.9) não sé de Israel, mas do mundo inteiro
(versículos 3..8.9). A palavra Deus aparece sete vezes. Freqüentemente esse
número significa totalidade, Deus, portanto, é o rei de toda a terra.
O rosto de
Deus no Salmo 46/47. Deus Altíssimo é terrível e grande rei sobre toda a terra
(versículo 3), submetendo nações e povos. O Salmo engrandece a realeza de Deus
sobre toda a terra.
Olhando para
Jesus, o Salmo 46/47 adquire rumo e cores novas. Jesus mudou completamente o
sentido da realeza, dando nova orientação ao exercício do poder. Ele é rei
universal, mas sua subida foi para a
cruz, para dar vida a todos (João 10,10). E é a partir da cruz que atrai todos
para si, como réu universal (João 12,32). Como grão de trigo que morre para
produzir fruto (João 12,24), ressuscita e volta ao Pai, tornando-se caminho
para a humanidade que procura a vida (João 14,6).
Cantemos,
neste salmo, o poder do Senhor que se revela em Jesus Cristo ,
conduzindo o mundo inteiro no seu plano de amor para que todos tenham vida em
plenitude.
Segunda leitura – Efésios 1,17-23. A sabedoria
que Paulo pede a Deus para seus correspondentes (versículo 17) é este dom
sobrenatural já conhecido dos sábios do Antigo Testamento (cf. Provérbios
3,13-18), mas consideravelmente ampliado na sua definição cristã: ela não é
somente a prática da lei, o conhecimento da vontade divina sobre o mundo; não é
mais uma explicação do mundo, mas a revelação do destino de um homem (versículo
17) e da herança da glória que dela resulta (Efésios 1,14), tão contrastante
com a miséria da existência humana (Romanos 8,20); enfim, ela é a descoberta do
poder de Deus, já manifestado na
ressurreição de Cristo (versículo 20), garantia de nossa própria
transfiguração.
Paulo
se detém um pouco na contemplação deste poder divino. Este poder não é mais
somente o que Deus revelou para criar a terra e impor-lhe suas vontades (Jó
38): ele inverte mesmo estas leis, pois é capaz de mudar um crucificado em
Senhor ressuscitado (versículo 21a) e de organizar, desde já, as estruturas do
mundo que virá (v. 21b). Neste sentido, a sabedoria é uma esperança (versículo
18), pois é confiança na ação de Deus de Jesus Cristo no mundo.
Mas o poder de
Deus não reserva apenas para o futuro a manifestação de seu vigor: desde agora,
tudo é realizado por ele, que colocou Cristo como cabeça de todos os homens e
mulheres no mistério mesmo da Igreja, sua plenitude (versículo 22-23). Paulo
pediu para os cristãos da comunidade de Éfeso o dom da sabedoria, a fim de que
eles compreendessem com prioridade como a Igreja é sinal deste poder de Deus
desvendado em Jesus Cristo. Com
efeito, é um privilégio extraordinário para a Igreja ter por chefe o Senhor do
universo e ser seu corpo.
Os
cristãos têm a esperança de participar na glória de Cristo, porque Ele venceu
todas as barreiras e poderes contrários que possam ameaçar a plena realização
desta vocação (Efésios 1,21-22a). Porque os cristãos pertencem à Igreja, que é
tão repleta de Cristo e de Seu Espírito que pode ser chamada Seu Corpo de que
Ele é a cabeça. Desta cabeça, através do Corpo que é a Igreja, a plenitude de
Deus há de se expandir sobre tudo que existe, para que, reunindo tudo em Cristo
como cabeça, se realize a plenitude dos tempos ou da história (cf. Efésios
1,10).
Evangelho – Marcos 16,15-20. Os
discípulos são enviados a pregar. Tanto aqui em Marcos com em Mateus 28,16-20 e
Lucas 24,47, o mandato apostólico acompanha a aparição pascal do Senhor
Ressuscitado. Os milagres que acompanharão a pregação revelam uma experiência
da Igreja missionária: a dos carismas. As curas, as maravilhas ai citados
acontecem também nos Atos dos Apóstolos. São eles: expulsar demônios, falar
novas línguas, manusear ou caminhar sobre serpentes e beber veneno sem ser
afetado (cf. Lucas 10,19). Beber veneno, pegar em serpentes, etc..., são símbolos da extraordinária força e
coragem dos discípulos de Cristo na sua missão evangélica. Na autorização fica claro o universalismo
cristão entre os pagãos, universalismo que em Marcos prova ser coisa pacífica
em Roma, em comunidade formada de ex-pagãos, aliás em germe em Marcos 7,27 e
13,10. A cura material dos enfermos pela unção com óleo tornou-se um sinal do
poder sobre as enfermidades dado aos apóstolos, é Jesus que opta pelos que
sofrem. Os carismas não são diretamente para confirmar a fé que está sendo
anunciada, mas um dom aos crentes, embora com valor de defesa secundário.
“Depois de
falar com os discípulos, o Senhor Jesus, foi levado ao céu e sentou-se à
direita de Deus”. Sentar-se à direita de Deus é expressão semita e significa
estar na mesma esfera divina e participar de seu poder divino.
Esta expressão
à direita de Deus vem do uso que a Igreja primitiva fez dos salmos 117/118,16
para convencer os judeus da Ressurreição de Cristo com provas das Sagradas
Escrituras (cf. Atos 4,11; 1Pedro 2,7; Mateus 21,9.42; 23,39; Lucas 13,35;
Hebreus 13,6). Esta citação é principalmente reproduzida num contexto de
exaltação do Servo sofredor.
Mas sentar á
direita de Deus pode ter uma significação messiânica, inspirando-se, então, no
Salmo 109/110, outro salmo freqüente na catequese da Igreja primitiva que
afirmava assim, que a obra messiânica de Jesus não terminava com a sua morte, mas
tomava, ao contrário, um novo impulso para além desta morte (Mateus 22,44;
26,64; Atos 7,55-56; Romanos 8,34; 1Pedro 3,22).
Enfim, este
tema provavelmente tem ressonâncias sacerdotais, a julgarmos pela abundância
das referencias a Ele feitas pela carta aos hebreus (Hebreus 1,3.13; 1,8.10.12;
12,2; 13,6). A atitude do sacerdote é a atitude de pé. Estar sentado, para
Cristo, significa, pois, que seu ato sacerdotal terminou e que Ele foi do
agrado de Deus. Não há mais, então, sacrifício válido sobre a terra: o culto se
tornou caduco pelo sacerdócio de Jesus.
Não basta
conhecer o Evangelho. É necessário incorporar-se no Reino pelo batismo.
“Batizar” do grego (baptízo) não é apenas “submergir-se” (bápto), senão também
“lavar”/purificar” (Lucas 11,38; Marcos 7,14). Além de pregar o Evangelho, é
preciso batizar, para que as pessoas se purifiquem, produzindo um “novo
nascimento” espiritual (João 3,5s). Para Paulo, o batismo leva o cristão a
con-viver com Cristo, a incorporar-se a Ele (Romanos 6,8). O banho batismal
deve fazer-se em nome das Três Pessoas Divinas, a Santíssima Trindade (Mateus
28,19). Batizar “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo – o que sugere
uma purificação e uma consagração do fiel à Trindade. “Em nome de” expressa
também autoridade.
4- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Não podemos
esquecer que a ascensão de Cristo está intimamente ligada com a sua
Ressurreição. É parte integrante desse movimento de volta do Cristo ao Pai.
Depois de passar pelo túnel da morte, Ele volta ao Pai, abrindo para nós a
possibilidade de ingressar no Reino definitivo. Neste dia a nossa frágil
natureza humana penetra na glória de Deus. Cristo sobe aos céus para nos tornar
participantes de sua divindade. Enquanto contemplamos o mistério da volta de
Cristo ao Pai, precisamos tomar consciência que nossa missão é testemunhá-lo no
coração no coração das realidades humanas.
A teologia da
Ascensão, mais ainda que a da Ressurreição, exige que se supere adequadamente a
sua representação sensível. Antes de tudo é preciso saber que ela se insere no
Mistério Pascal. Pode-se dizer que a Páscoa é um movimento dotado de três
momentos: o primeiro, a Sua morte, a Ressurreição em sentido restrito, consiste
na superação do Poder da Morte e, portanto, na dissolução deste, o que, em
termos afirmativos, pode conceber-se como Nova Criação. Isto aparece claramente
no segundo movimento, consiste na manifestação do Senhor Ressuscitado: a Vida
que então brota manifesta-se divina e, com isto, põe em questão a sua própria
visibilidade (cf. João 20,19-28). Esta se supera na Ascensão, mas esta
superação é apenas um aspecto deste terceiro momento do Mistério Pascal: o
essencial deste é revelar a Vida Divina, agora humanizada, de volta ao Pai e,
portanto, reintegrando a todos nós na esfera originária do Divino e, agora, não
mais como intenção, mas segundo a forma efetiva que lhe é dada pela
Ressurreição. É como terceiro momento do Mistério Pascal e, portanto, na
unidade deste, que a Ascensão deve ser compreendida.
Quem é fiel ao
projeto do Pai, vai ser “elevado”, isto é, terá vida plena e glorificada junto
à Trindade. Quem percorre o mesmo “caminho” de Jesus subirá, como Ele, á vida
plena. A Igreja tem sido fiel à missão que Jesus, ao deixar este mundo, lhe
confiou? O nosso testemunho tem transformado a realidade que nos rodeia? É
relativamente freqüente ouvirmos dizer que os seguidores de Jesus gostam mais
de olhar para o céu e só louvar do
que se comprometerem na transformação do mundo. Estamos, efetivamente, atentos
aos problemas e às angústias dos seres humanos, ou vivemos de olhos postos no
céu, num espiritualismo alienado? Sentimo-nos questionados pelas inquietações,
pelas misérias, pelos sofrimentos, pelos sonhos, pelas esperanças que enchem o
coração dos que nos rodeiam? Sentimo-nos solidários com todos os seres humanos,
particularmente com aqueles que sofrem?
a) A oração. Que significa abrir o coração
a Jesus ressuscitado que estreita os nossos laços amorosos com Ele. Isso requer
duas atitudes que, em nossa vida, encontram a sua síntese: uma atitude de oração e uma atitude de ação. Deus não é a nossa
subjetividade ou uma sensação psicológica. Deus é uma pessoa e, como tal, entramos em relação com Ele assim como nos
relacionamos com as pessoas a quem amamos: conversando, criando laços,
partilhando intimidade. Eis a prática da oração. A oração é o nosso momento de
diálogo e abertura com Cristo. Quando rezamos, deixamos que o Espírito dilate o
nosso coração para que possamos, aí dentro, apreender, na fé, a presença
inexplicável de Deus. Por isso, o cristão que não reza é como um marido que não
dialoga com sua esposa. Aos poucos, um se fecha ao outro, e a relação vai
esvaziando-se. Quando rezamos, somos como a terra que, sob a chuva, se abre
para fecundar a semente. Como diz Maria, nessa abertura orante, Deus realiza em
nós maravilhas...
b) A ação. A atitude da ação é
conseqüência, também causa, da nossa atitude de oração. Esta nos torna mais
sensíveis à presença do Senhor ressuscitado em tudo que é a negação do “céu” e
se nos apresenta como sinal do “inferno”: a fome, a tortura, o desemprego, o
egoísmo, a indiferença pelas pessoas, as doenças sem tratamento, as guerras, o
terrorismo e tantos outros males que assolam a humanidade. É aí que o Senhor
quer ser encontrado, servido e amado, para que possamos transformar esse
“inferno”, fruto do pecado estruturado e historizado no sistema capitalista, em
“céu”, ou seja, em realidade justa, livre e verdadeira.
Há
uma definição de inferno dada pelo escritor russo Dostoievski, que permanece
atual: “O inferno é a ausência de amor”. Amar
não é apenas querer bem uma pessoa. É querer bem todas as
pessoas, principalmente estes que mais necessitam do nosso amor, da nossa
doação, da nossa luta: os trabalhadores oprimidos por uma ordem social que
procura preservar a divisão dos homens e mulheres em diferentes classes
sociais. Se, de alguma forma, nos voltamos para as causas dos trabalhadores ou,
como tais, assumimos as aspirações de nossa classe, estamos fazendo o que Jesus
fez: subindo da terra ao céu, isto é, superando os sinais de pecado, as forças
da morte e implantando essa realidade nova e justa que é o pré anuncio do Reino
que está prometido pelo Pai. Portanto há em nossa vida um movimento de
“ascensão”, todas as vezes que procuramos quebrar as barreiras do pecado, da
injustiça, da morte, para que as pessoas tenham a vida e a vida em abundância,
como diz Jesus no Evangelho de João (10,10).
Na
carta aos Efésios é dito que Jesus “está acima de todas as autoridades que
existem neste mundo”. Eis o grande desafio lançado pela Igreja primitiva:
obedecer antes a Deus que aos homens. Para nós, cristãos, as determinações
humanas são válidas na medida em que não contrariam as exigências de nossa fé e
os imperativos de nossa caridade. Não podemos obedecer uma autoridade que
pretende ser mais sábia que Deus e mais poderosa que o Cristo Senhor. A
presença ressuscitada de Jesus aparece, hoje, nos sinais de justiça, de
liberdade, de amor, que vemos em cada pessoa, nos movimentos sociais que lutam
por uma justa reforma agrária e pão, liberdade, por terra nos centros urbanos,
por moradia...
Como ouvimos
na segunda leitura, dizer que fazemos parte do “corpo de Cristo” significa que
devemos viver numa comunhão total com Ele e que, nessa comunhão, recebemos, a
cada instante, a vida que nos alimenta. Significa, também, viver em comunhão,
em solidariedade total com todos os nossos irmãos e irmãs, membros do mesmo
“corpo” alimentados pela mesma vida. Paulo implora aos cristãos de Éfeso a
graça do conhecimento do mistério de Deus. Participando deste segredo, saibamos
perceber a riqueza da nossa fé comprometida com a comunidade e também com as
lutas sociais.
É oportuno
citar uma homilia de Santo Agostinho, bispo do século V, para a festa de hoje:
Hoje, nosso
Senhor Jesus Cristo subiu ao céu; suba também com Ele o nosso coração. Ouçamos
as palavras do Apóstolo: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por
alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus;
aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres” (Colossenses 3,1-2).
Assim como ele subiu sem se afastar de nós, também nós subimos com Ele, embora
não se tenha realizado ainda em nosso corpo o que nos está prometido. Cristo já
foi levado ao mais alto dos céus; contudo continua sofrendo na terra através
das tribulações que nós experimentamos como seus membros. Dou testemunho dessa
verdade quando se fez ouvir lá no céu: Saulo, Saulo, por que me persegues?”
(Atos 9,4). E ainda: “Eu estava com fome e me destes de comer” (Mateus 25,35).
Cristo está no
céu, mas também está conosco. É como dizia Santo Agostinho: Nós, mesmo permanecendo na terra, estamos
também com Ele. Por sua divindade, por seu poder e por seu amor Ele está
conosco. Embora não possamos realizar isso pela divindade, como Ele, ao menos podemos
realizar pelo amor que temos pra com Ele.
Existe a
unidade entre Cristo, nossa cabeça, e nós, seu corpo. Ninguém senão Ele poderia
realizar esta unidade que nos identifica com Ele mesmo, pois tornou-se Filho do
Homem por nossa causa, e nós, por meio Dele, nos tornamos filhos de Deus.
Contando
os últimos dias da presença de Jesus entre os seus, Lucas quer chamar a atenção
para a última palavra de Jesus. Escutando-a, sejamos enviados tal como os
apóstolos.
O
mistério da Ascensão do Senhor nos mergulha no mistério da Aliança que existe
entre o céu e a terra, entre o divino e o humano. Santo Agostinho diz que “Jesus
Cristo não deixou o céu quando de lá desceu até nós; também não se afastou de
nós quando subiu novamente ao céu”. Ele, por sua misericórdia, mergulhou até o
fundo da nossa condição humana e, depois, subiu ao céu levando a humanidade
consigo, fazendo-nos participar desse mistério da Ascensão.
A
assembléia eucarística da Ascensão aprofunda a fé na divindade do Senhor Jesus.
Mas é uma fé de companheiro de Deus: ela colabora com ele na espiritualização
do universo, não sem lentidão e despojamento, pois este projeto só pode ser
realizado em plenitude para depois da morte. A eucaristia também é o meio
através do qual a Igreja se encontra com seu Senhor na oração de intercessão
que Ele que não desiste de formular para todos os seres humanos diante do trono
de seu Pai.
3- A PALAVRA SE FEZ
CARNE E SE FAZ CELEBRAÇÃO
O assentimento do Pai
Festejar a
“volta” de Jesus para o Pai, longe de nos entristecer, alegra-nos, pois se
trata da festa do assentimento do Pai à experiência terrena de Jesus. É uma
espécie de pronunciamento de Deus acerca do itinerário pascal de Jesus,
reconhecendo-lhe finalmente como Filho com toda pompa e circunstância (isto literalmente,
o que é óbvio pelas narrativas lucanas). No âmbito da experiência ritual,
podemos perceber que a fazemos em toda Eucaristia , quando nosso coração a Deus se
eleva, tornando-se coração filial, pois só a partir de tal posição (de filhos
no Filho) podemos dar graças a Deus: Corações ao alto! Nosso coração está em
Deus! A experiência da Ascensão nos alcança cada vez que fazemos a Eucaristia
(a Anáfora): “Assim, o que na vida do nosso Redentor era visível passou aos
ritos sacramentais”.
Ressurreição e
Ascensão
Em toda
celebração Eucarística fazemos memória da Ascensão do Senhor. Na maioria das
orações Eucarísticas ela é recordada explícita ou implicitamente. A Ascensão
junto com o Pentecostes são facetas de um só acontecimento que é a Páscoa de
Jesus. Nós o desmembramos para melhor celebrar cada aspecto.
No caso da Ascensão,
o aspecto nos é clarificado pela oração depois da comunhão, que retoma o
significado do diálogo invitatório da Oração Eucarística: “Deus eterno e
todo-poderoso, que nos concedeis viver na terra com as realidades do céu, fazei
que nossos corações se voltem para o alto, onde está junto de vós nossa
humanidade”.
A experiência
litúrgica da assembléia consta, toda ela, progressivamente, de pôr o coração em
Deus no sentido de decidir e agir de seu lugar, da sua direita, pois em Jesus
já estamos eternamente ao lado do Pai. A Eucaristia celebrada pela comunidade é
fundamental para assegurar que estamos, porém, agindo conforme o coração de
Deus que nos visita em seu filho Ressuscitado (cf. Benedictus, como canto de
comunhão para o tempo pascal). O itinerário quaresmal transformou o nosso
coração de pedra em coração de carne, coração de filhos no Filho!
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Ao
celebrarmos a memória da Ascensão de Jesus aos céus, entramos no sentido mais
profundo da sua ressurreição e da missão que Ele nos confiou. Paulo nos diz que
o Pai exaltou Jesus como Senhor do céu e da terra. Deus fez dele a plenitude de
tudo o que existe. Nele, todos os elementos do universo encontram unidade e
sentido.
Neste
sentido, agradecendo a Deus essa elevação sagrada de todo o universo com Jesus,
recebemos de Deus a confirmação de que nós todos, seres humanos, fomos, com
Ele, introduzidos na intimidade definitiva de Deus. Com Maria e os apóstolos,
aguardamos a força do alto, conforme a promessa de Jesus. Fazemos isso em
comunhão com todas as Igrejas cristãs, iniciando, hoje, a novena de Pentecostes
e a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.
Atentos
às orações litúrgicas da festa de hoje, veneramos ai, presentes em forma de
oração, o que significa a festa da Ascensão do Senhor: “já é nossa vitória”;
“comunhão de dons entre o céu e a terra” (sobre as oferendas); “subiu para
tornar-nos participantes da sua divindade” (prefácio II); “no céu está a nossa
humanidade” (após a comunhão); e “subiu para dar-nos a certeza de que nos
conduzirá à glória da imortalidade” (prefácio I).
Para
nós, ministros e assembléia, esta festa significa afirmar que somos membros de
seu corpo, chamados na esperança a participar de sua glória (coleta).
Celebramos,
portanto, com os corações voltados para o alto (após a comunhão), transbordando
de alegria pascal (prefácio I).
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Os
cinqüenta dias que vão desde o Domingo de Páscoa na Ressurreição do Senhor até
o Domingo de Pentecostes devem ser celebrados com verdadeira alegria como se
fosse um grande domingo. Esses cinqüenta dias é como se fosse um só dia de
festa, “símbolo da felicidade eterna” (Santo Atanásio). Os domingos pascais se
caracterizam pela ausência de elementos
penitenciais e pela acentuação de elementos festivos. A alegria deve ser a
característica do Tempo Pascal. A alegria deve estar presente nas pessoas da
comunidade e também no espaço litúrgico, na cor branca (ou amarela), nas
flores, no canto alegre do “Aleluia”, na alegria de sermos aspergidos pela água
batismal, no gesto da acolhida e da paz. O Tempo Pascal constitui-se em “um
grande domingo”. Mesmo sendo a Ascensão do Senhor, vivenciamos dias de Páscoa e
não após a Páscoa.
2. Dar
destaque durante o Tempo Pascal para a água
batismal. Onde há pia batismal, ela deve ser o ponto de referência para a
realização de ritos como aspersão, renovação de promessas, compromissos. Onde
não há pia batismal, preparar alguma vasilha de cerâmica, de preferência junto
do Círio Pascal.
4. A equipe de
celebração, além de zelar pelo clima favorável à participação da assembléia,
cuide para que cada ministério seja bem executado e tenha a devida preparação.
Deve também acolher com carinho as pessoas que chegam para participar da
celebração.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo Pascal, é
preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser
cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado. A função da equipe de canto não é
simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia da Ascensão
do Senhor. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico, com a Palavra
proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que toda liturgia
é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral
ou de um movimento.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembleia, “inseri-la no mistério celebrado” (IGMR nº 47). Nesse
sentido o Hinário Litúrgico II da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão
gravados no CD: Liturgia X, Tempo Pascal Ano B. Encontramos também no Ofício
Divino das Comunidades ótimas opções.
1. Canto de abertura. Jesus há
de voltar assim como subiu na glória (Atos 1,11). Um canto adequado que inspira os fiéis no que
é próprio desta Solenidade é fundamental. Sugerimos o canto “Aleluia! Batei
palmas, povos todos!”, do Hinário Litúrgico II da CNBB página 42, e gravado no
CD: Liturgia X, melodia da faixa 15. Seu texto explica a dinâmica da Ascensão,
que é “ida” de Jesus para junto do Pai, pois assim se devemos compreender as
expressões: “Nos mandou levar a todos a mensagem do amor... todos são povo de
Deus” e “O Senhor é vencedor, triunfante sobre o céu”.
2. Refrão para o acendimento do Círio
Pascal. “Cristo-Luz, ó Luz, ó Luz bendita...”, CD Festas Litúrgicas I, faixa 9; “Salve Luz eterna, és tu
Jesus...”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 292.
3. Canto para acompanhar a aspersão com
a água. “Eu vi foi água”, CD: Tríduo Pascal II, melodia da faixa 12 ou
Hinário Litúrgico II da CNBB, página 225; “Banhados em Cristo”, CD: Tríduo
Pascal II, melodia da faixa 11 ou Hinário Litúrgico II da CNBB, página 196.
Outra opção é o refrão: “Jesus o seu
batismo na Páscoa completou, passou as grandes águas o mar atravessou, abrindo
o caminho, teu povo libertou”. (bis). Mesma música do domingo de Ramos “os
filhos dos hebreus”.
4. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD
Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico
III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso
e outros compositores.
O Hino de
Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é,
voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho.
O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de
Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo,
exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o
Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou
nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da
assembléia.
5. Salmo responsorial 46/47. Exaltação
de Deus diante dos povos. “Por entre aclamações Deus se elevou, o Senhor subiu
ao toque da trombeta”, CD: Liturgia X, melodia da faixa 16.
6. Aclamação ao Evangelho.
Proclamação universal do Evangelho (Mateus 28, 19-20). “Ide ao mundo, ensinai
aos povos todos...”, CD: Liturgia X, melodia igual a faixa 3. O canto de
aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.
7. Apresentação dos dons. O
canto de apresentação das oferendas, conforme orientamos em outras ocasiões,
não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério que se celebra
acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração, no Tempo Pascal. “Cristo
ressuscitou, o sertão se abriu em flor”, CD: Liturgia X, melodia da faixa 12.
8. Canto de comunhão. “Estou
convosco até o fim dos tempos” (Mateus 28,20). “O Senhor subiu ao céu”, Salmo 67/68,
CD: Liturgia X, melodia da faixa 17.
O canto de
comunhão deve retomar o sentido do Evangelho da Solenidade da Ascensão do
Senhor onde contemplamos Cristo nos enviando em missão e voltando para a
direita do Pai. Esta é a sua função ministerial. A liturgia de cada Domingo,
principalmente de hoje oferece para realçar a relação entre “a Mesa da Palavra”
e “a Mesa Eucarística”, mediante o simbolismo do pão e do vinho. O Canto de
Comunhão sugere esta ligação. Sem a nossa ligação com Cristo na glória, não
somos capazes de uma verdadeira ação missionária.
8- ESPAÇO CELEBRATIVO
1. O Círio
Pascal deve estar sempre presente, junto à Mesa da Palavra em todas as
celebrações do Tempo Pascal. É importante que o Círio seja aceso no início da
celebração, após o canto de abertura, enquanto a assembléia entoa um refrão
pascal. Ele é o sinal do Cristo ressuscitado, Senhor de nossas vidas.
9. AÇÃO RITUAL
Celebramos a
subida de Jesus ao céu, para junto de Deus. A Ascensão nos recorda que nossa
humanidade, por meio de Jesus, já tem lugar garantido no seio da Santíssima
Trindade. Nele encontramos o caminho de volta! Mas também celebramos a
permanência de Jesus em nosso meio sabendo que Deus, em definitivo, “está no
meio de nós”.
A assembléia é
o primeiro sinal do Mistério de Cristo. Somos convocados para estar reunidos
diante do Pai, em Cristo, na força do Espírito Santo. Esta convocação e o
próprio Batismo nos qualificam para o culto verdadeiro em Jesus Cristo. Por
isso, valem algumas iniciativas:
Receber bem as
pessoas na porta da Igreja, para que todos sejam valorizados por terem atendido
à convocação de Deus.
Ritos Iniciais
1. Na
procissão de entrada, o uso abundante de incenso recorda os inúmeros relatos
bíblicos, nos quais Deus se manifesta na nuvem, na fumaça e colabora também
para manifestar que em Jesus fomos alcançados pelo céu. O incenso é um símbolo
muito importante para esta celebração. O rito da incensação está descrito na
Instrução Geral do Missal Romano ou no Cerimonial dos Bispos.
2. Na
procissão de entrada entrar com as pessoas que foram batizadas ou pessoas que
receberam um dos sacramentos na Vigília Pascal, ou crianças com vestes brancas.
3. Durante o
Hino de louvor (glória), pode-se queimar mais incenso em um braseiro para isso
preparado. Pode-se também ser feito após a homilia, como está indicado mais à
frente.
4. Após o
canto de abertura, fazer um pequeno lucernário, solenizando o acendimento do
Círio Pascal: uma pessoa acende o Círio e diz: “Bendita sejas, Deus da Vida, pela ressurreição de Jesus Cristo e por
essa luz radiante!”. Ou outros refrões que revela o sentido pascal: “Salve, luz eterna és tu, Jesus!/ Teu clarão
é a fé que nos conduz! (Hinário II, pág. 292). “Cristo-Luz, ó Luz bendita,/
Vinde nos iluminar”!/ Luz do mundo, Luz da Vida,/ Ensinai-nos a amar! (CD: Festas Litúrgicas I) e a seguir, incensa o Círio pascal e a
comunidade reunida. O acendimento do Círio Pascal pode ser solenizado também
antes da procissão de entrada se a comunidade preferir.
5. Se a
comunidade tiver dificuldade para fazer este pequeno lucernário, a procissão de
entrada pode ter à frente o Círio Pascal aceso. Neste caso, não se usa cruz
processional, que permanece em seu lugar de costume.
6. Na
celebração de hoje seria muito oportuno a saudação inicial de Romanos 15,13:
“O Deus da esperança, que nos cumula de toda
alegria e paz em nossa fé, pela ação do Espírito Santo, esteja convosco”.
7. Após a
saudação presidencial e o acendimento do Círio dar o sentido litúrgico. O Missal
deixa claro que o sentido litúrgico da celebração pode ser feito pelo
presidente, pelo diácono um leigo/a devidamente preparado (Missal Romano página
390).
Hoje é o Domingo da Ascensão do Senhor. O
mistério da Ascensão do Senhor significa “elevação, subida” também para nós,
seus discípulos e discípulas missionários que têm como meta a evangelização.
Ele elevou-se ao céu, não para afastar-se de nossa humanidade, mas para dar a
todos nós a certeza de que nos conduzirá à gloria da imortalidade.
8. No lugar do
Ato Penitencial, faça-se a aspersão da assembléia que manifesta a união de
Cristo e dos cristãos pela recordação do Batismo com a água que foi abençoada
na Vigília Pascal. Ajudar a comunidade a aprofundar sua consagração batismal.
Não havendo água abençoada na Vigília Pascal, o ministro reza o oração de
bênção conforme o Tempo Pascal que está no Missal Romano página 1002. No ato da
aspersão, a assembléia canta: “Banhados
em Cristo, somos u’a nova criatura./ As coisas antigas já se passaram,/ Somos
nascidos de novo./ Aleluia, aleluia, aleluia! Outra opção é o canto “Eu vi
foi água manar”. Outro refrão oportuno para a aspersão: “Jesus
o seu batismo na Páscoa completou, passou as grandes águas o mar atravessou,
abrindo o caminho, teu povo libertou. (bis). Mesma música do Domingo de
Ramos “os filhos dos hebreus”. Ver em Música Ritual.
9.
Solenizar o hino de louvor (glória), recordando que Jesus Cristo, nosso irmão,
foi introduzido na glória dos céus, à direita do Pai fazendo a queima do
incenso.
10. Na Oração
do Dia, suplicamos a Deus, afirmamos que o Mistério da Ascensão já é nossa
vitória e somos chamados a participar da glória do Cristo.
Rito da Palavra
1. As leituras
nos recordam o Mistério da Ascensão. Mas a Palavra de Deus, longe de ser apenas
uma informação, é experiência desse Mistério. Por isso, é preciso aprimorar na
proclamação e incentivar o povo, para que deixe de acompanhar as leituras em
folhetos, publicações ou Bíblias. Na liturgia a Palavra de Deus deve ser
escutada.
2. Na
profissão de fé, convidar os que receberam os sacramentos na Vigília Pascal
para se aproximarem do Círio Pascal com velas acesas.
3. Às preces
elaboradas pela equipe de liturgia, acrescentar esta prece da Liturgia das
Horas, I vésperas, v. II, p. 821: “Vós, que descestes até nós pelo caminho do
amor, pelo mesmo caminho, fazei-nos subir até vós”.
3. Incluir,
nas preces da comunidade, intenções pelas mães.
Rito da Eucarística
1. Deixar o
altar sem toalha desde o início da celebração. Mães da comunidade estendem a toalha
e trazem em procissão os dons para a Eucaristia.
2.
O rito da incensação, retomado durante a apresentação das oferendas, deve ser
feito com calma. Procure-se dar valor na incensação da assembléia Corpo do
Senhor, manifestando assim a presença de Deus no meio da comunidade reunida em oração. O canto da
procissão das oferendas dura enquanto durar a incensação.
3. Na Oração
sobre as Oferendas a Ascensão do Senhor é o encontro do céu e da terra, isto é,
a nossa humanidade está junto de Deus.
4. Valorizar
momentos onde a “unidade” entre o céu e a terra se manifestam mais claramente.
O momento do Hino do Santo, quando o presidente proclama ao final do prefácio
que a assembléia canta a uma só voz com os anjos e santos, seria melhor
realçado se jovens dançassem em torno do Altar com incenso, recordando a visão
de Isaias 6, donde provém o hino angélico. Tudo deve ser preparado e ensaiado
antes.
5. Valorizar as respostas da
assembléia. Ao dizer: “Ele está no meio de nós!”.
6. Nos
prefácios I/II, contemplamos Jesus que subiu ai céu para nos fazer participar
de sua glória.
7. Se possível
cantar o prefácio que realça, neste dia, o mistério da Ascensão (Missal Romano,
página 426 e 427). Nas celebrações da Palavra, fazer o momento de louvor com a
Louvação da Ascensão (Bendito Pascal) indicada no Hinário Litúrgico II, da
CNBB, página 158.
8. Cantar com
vibração o “Amém” conclusivo da Oração Eucarística. Por Cristo, com Cristo...
9. A oração do
Senhor (Pai nosso) é sempre feira em comunhão com Jesus, o Filho amado de Deus
Pai. A introdução do Pai nosso pode ser feita com palavras semelhantes a estas:
Irmãos e irmãs, a nossa oração ressoa com
palavras humanas no coração de Cristo, que está diante do Pai. Juntamente com
Ele rezemos: Pai nosso...
10. A
Eucaristia é antecipação do banquete celeste. Como tal, seria muito conveniente
onde for possível, além de comungar em duas espécies, os fiéis recebessem o dom
sagrado no próprio Altar, como sinal de que sua Ascensão, Jesus rompeu a
barreira que separa o divino do humano. De acordo com as orientações em vigor,
a comunhão pode ser sob as duas espécies para toda a assembléia. “A comunhão
realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas espécies. Sob
essa forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e se
exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança
no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o
banquete escatológico no Reino do Pai” (IGMR, nº 240).
Ritos Finais
1. Na Oração após
a Comunhão suplicamos a Deus que nossos corações se voltem para o alto, isto é,
o cristão deve viver com a mente no Céu.
2. Abençoar
as mães e enviá-las, juntamente com toda a comunidade à missão (oração e
bênção, conforme o Missal Romano, página 523, não deixando que as celebrações
desse período percam seu caráter festivo e especial do Ano Litúrgico).
3. Ritualizar bem o envio,
impondo as mãos sobre a assembléia, enviando-a em missão.
4. As palavras
do rito de envio devem estar em consonância com o mistério celebrado: “Ide pelo
mundo inteiro e anunciai o Evangelho a todas as pessoas”. Ide em paz e o Senhor
vos acompanhe!
Todos: Graças a Deus, aleluia, aleluia!
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao
voltar ao Pai, Cristo nos privou de uma certa presença neste mundo. Mas esta privação
tornou-se uma forma nova de presença: realidade infinita. Podemos acolher essa
nova presença de Cristo porque ela nos torna capazes de participar da própria
realidade de Deus. Ele apenas deixou de se manifestar aos seres humanos. No
decorrer desta celebração eucarística, reconheceremos que Deus nos dá os bens
do céu já agora, enquanto caminhamos na terra. E pediremos que Ele se digne
infundir em nossos corações um desejo de viver na terra com as realidades do
céu (cf. Oração depois da comunhão).
Celebremos nossa Páscoa, na pureza e na
verdade, aleluia, aleluia.
O objetivo da
Igreja é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas
outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor
o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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