06 de maio de 2018
Leituras
Atos 10,25.27.34.44-48. Deus não faz
distinção entre as pessoas.
Salmo 97/98,1-4. Cantai ao Senhor Deus
um canto novo.
1João 4,7-10. Quem não ama não chegou a
conhecer a Deus.
João 15,9-17. Permanecei no meu amor.
“AMAI-VOS UNS AOS OUTROS, ASSIM COMO EU VOS AMEI”
1- PONTO DE PARTIDA
Hoje
é o domingo do mandamento novo. Este é o sexto domingo da Páscoa, o domingo que
antecede a festa da Ascensão do Senhor, momento em que nos aproximamos da festa
de Pentecostes, que concluirá o Tempo Pascal, celebrado desde o domingo da
ressurreição.
Celebramos
neste domingo a Páscoa de Jesus que anuncia um mandamento novo e se manifesta
em todas as pessoas e grupos que se deixam conduzir pelo Espírito da verdade e
continuam a missão de Jesus.
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Primeira leitura – Atos
10,25-27.34-35.44-48. Cornélio pertencia ao povo pagão, e o povo judeu era
proibido de se misturar com os pagãos, considerados impuros. O texto revela que
essas barreiras culturais são rompidas a partir do momento em que a comunidade
cristã faz a experiência da ressurreição do Senhor. Vamos acolher o que o
Senhor nos propõe por meio desta leitura.
Lucas depois de
narrar a conversão do Apóstolo Paulo, destinado à missão entre os povos pagãos,
aponta um fato novo: a abertura de Pedro para os pagãos, ao ver que o dom do
Espírito Santo se difundia também sobre estes. Com efeito, Atos 10,9-23 relata
a visão de Pedro em Jope e sua ida a Cesaréia com alguns “irmãos” para a casa
de Cornélio. Aconteceu a ação conjunta do
humano e do divino: o Espírito Santo interfere na vida de ambos, os quais
são importantes para a execução do plano de Deus. É a Igreja que, conduzida ao
Espírito Santo, percorre o caminho de Jope até Cesaréia (50 km ), a fim de constatar a
obra divina. Neste contexto dá-se o maravilhoso encontro Pedro-Cornélio, cena
que comprova a vocação e atuação de Paulo: evangelizar os pagãos. Impressiona
em Cornélio o desejo de salvação. É todo o paganismo que deseja pela mensagem
da salvação. Cornélio aguardava, cercado de muitas pessoas – amigos e parentes
– como ele tementes a Deus e à procura da verdade. Sabe-se que no meio do
paganismo havia gente sincera e de ótima espiritualidade, preparada para o
Evangelho, mais talvez do que o judaísmo atrasado e teimoso. A esse respeito
disse Jesus: “Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que
tivesse tanta fé” (Mateus 8,10b).
Pedro,
não aceitando a insistência do centurião Cornélio, aponta para o exemplo que a
Igreja deverá seguir: voltar sempre ao gesto humilde e sem pretensões de Pedro.
O culto à pessoa e às honras facilmente encobre o caminho que Jesus trilhou – o
da cruz, o da humilhação, o da “Kenose”, isto é, do esvaziamento (cf.
Filipenses 2,5-11).
Pedro,
esclarece por visão, falando ao grupo, assegura que perante Deus nada é impuro.
Cornélio e os seus estão de ouvidos atentos às palavras de Pedro, que assim
falou: “Em verdade reconheço que Deus não faz distinção de pessoas, mas em toda
a nação lhe é agradável aquele O temer e fizer o que é justo” (versículos 34s).
Aqui está o anúncio da salvação, perante um auditório não-israelita; é uma pregação missionária diferente dos
anteriores (a judeus), onde se omitem os argumentos bíblicos embora não faltem recordações
do Primeiro Testamento. A estrutura literária é pobre, por Pedro não saber
fluentemente o grego e Lucas, dando importância à narrativa, não quer corrigir.
O conteúdo essencial é a atividade salvadora de Jesus de Nazaré e a confirmação
de sua missão por obras, em especial pela ressurreição. Os apóstolos são
enviados do mesmo Jesus e devem apontar o caminho da salvação pela ligação
intima com Cristo pela fé.
“Deus
não faz distinção de pessoas” (versículo 34) é uma referência a 1Samuel 16,7,
texto que se refere à eleição de Davi; “o homem vê a aparência, mas o Senhor
olha o coração”. É uma convicção que Pedro adquiriu agora, graças à visão de
Jope (10,9-16), ilustrada pelo caso-Cornélio. Na teoria ele admitia que em Deus
não há distinção de pessoas (cf. 2,38; 3,26; Isaias 2,2ss; 49,1-6; Joel 2,28;
Amós 9,12; Miquéias 4,1). Contudo, no contexto, Pedro, como todo bom judeu, não
conseguiu disfarçar totalmente de um favoritismo por Israel. Na história da salvação,
quando Deus a oferece, não adota critérios humanos: para Ele não valem a
posição social, a descendência, a raça, o povo, a diversidade de religião. O
que vale é o temor de Deus e a prática da justiça.
As
palavras de Pedro foram confirmadas pelo testemunho do Espírito Santo
(versículos 44-48), o qual enquanto Pedro falava, foi derramado também sobre os
pagãos. Na história de Cornélio se verifica o cumprimento do plano divino: o
encontro de Pedro com o centurião de Cesaréia marca a importância do novo rumo que a obra da salvação assume.
Como em Pentecostes, quando o Senhor ressuscitado, para justificar o início da
obra salvadora da Igreja, se manifestou na vinda do Espírito Santo e no dom das
línguas, - agora também se verifica na casa de Cornélio, em Cesaréia, um novo Pentecostes, como sinal de uma nova etapa: o início da
evangelização dos pagãos. É o Pentecostes
dos pagãos.
Em
Cesaréia, como em Jerusalém, homens – amigos, familiares, servos de Cornélio –
são arrebatados pelo Espírito Santo e glorificam a Deus. Ainda não são
batizados, apenas foram cativados pela mensagem salvadora proclamada por Pedro.
São sinceros, abertos e dispostos. Aqui está o valor que a Palavra de Deus
possui para a salvação! A Palavra é sumamente eficaz se é dirigida por quem tem
fé e se é acolhida por quem é disponível e aberto. Tudo é obra do Espírito
Santo. Será que a nossa pregação favorece a vinda do Espírito Santo sobre os
ouvintes? O Pentecostes de Cesaréia é um sinal de que a Igreja e Pedro estão
certos, quando se dirigem à casa de tantos outros “Cornélios”. Os companheiros
de Pedro, judeu-cristãos, puderam testemunhar admirados que o dom do Espírito
Santo se difundia também sobre os pagãos, sem que passassem pela Lei de Moisés.
Pedro
o chefe dos apóstolos reconheceu o sinal do Espírito Santo e, aos poucos, foi
se libertando da mesquinhez da mentalidade judaica. A salvação é para todos. Se
Deus concedeu o Batismo no Espírito Santo, como pode a Igreja negar o batismo
com água a estes pagãos? Podemos notar uma pergunta igual do etíope a Filipe
(Atos 8,36). E ordenou que todos fossem batizados “em nome de Jesus Cristo”. Os apóstolos em geral não batizavam.
Delegam os outros (cf. 1Coríntios 1,14-17). O batismo “em nome de Jesus Cristo”
é expressão que indica o Batismo cristão com fórmula Trinitária (cf. Didaqué,
8,1-3). É o único caso em que o Espírito Santo é derramado antes do batismo.
Deus quer convencer de que não é preciso
passar pelo judaísmo para pertencer à Igreja e receber o Espírito Santo. Se
Pedro manda que todos sejam batizados, após receberem o Espírito Santo, é
porque os quer agregar à comunidade cristã. Pedro “ficou com eles alguns dias”
(versículo 48) é símbolo de que a Igreja foi ao encontro dos pagãos.
Portanto,
Pedro derrubou a muro de separação que, em cada cidade do Oriente, levantava-se
entre a comunidade judaica e os pagãos.
Mas nós
cristãos do século XXI não paramos de reconstruir este muro cada vez que
esquecemos de viver nosso Pentecostes e estabelecemos proibições ou leis para
defendermos direitos ou uma filosofia superada. Levantamos muros do
pré-conceito contra aqueles que pensam diferente em questões políticas,
sociais, financeiras e religiosas. É comum também esse enfrentamento dos
tradicionalistas contra uma Igreja que procura inculturar a fé e praticar uma
cultura do encontro.
Hoje, novamente, foi levantado o
muro, em cada cidade, entre os cristãos e a imensa “massa pagã” moderna. Onde
está Pedro para encontrar os indiferentes de dentro e de fora, para partilhar a
sede de Deus e a generosidade da investigação em muitos meios descrentes, para
reensinar o diálogo, para fazer-se ouvir (escutando-as) em todas as culturas e
em todas as mentalidades, para, em seguida, relativizar valores próprios e
válidos, mas sem significação decisiva? Porque não podemos exigir do outro que
se converta a ordem de seus valores, senão depois de termos feito nossa própria
conversão.
Como
nós cristãos vemos grupos da nossa Igreja e outros grupos que não pertencem à
nossa Igreja lutarem por terra, justiça e pão e paz? Será que na maioria das
vezes não o vemos com preconceito, fora da lei e querem tomar o que temos?
Salmo responsorial – Salmo 97/98,1-4. É um hino escatológico, inspirado
no fim do livro do profeta Isaias e muito próximo do Salmo 96/95. “Com
trombetas e o som da corneta aclamai o rei, o Senhor!”. Se referem aos cantos
do Reino. Estes toques, que acompanhavam em Israel a vinda dos reis (2Samuel
15,10; 1Reis 1,34), acompanham a entronização do rei, o Senhor (Salmo 47,6)
para quem eles haviam ressoado no monte Sinai (Êxodo 19,16) .
O rosto de
Deus deste Salmo é muito parecido com o dos salmos 95/96 e 96/97. Destacam-se,
contudo, sete ações de Deus. Juntas,
dão uma visão ampla de Deus experimentado neste Salmo: ele fez maravilhas, sua
direita e seu braço santo lhe deram vitória, fez conhecer sua vitória, revelou
sua justiça, lembrou-se de seu amor e fidelidade, vem para governar e
governará. Os versículos da liturgia de hoje destacam cindo dessas ações de
Deus. A primeira “fez maravilhas” é a porta de entrada: estamos diante do Deus
libertador, o mesmo libertador dos tempos passados (Êxodo). A expressão “amor e
fidelidade” (versículo 3a) recorda que esse Deus é o parceiro de Israel na
Aliança. Mas é também o aliado de todos os povos e de todo o universo em vista
da justiça e da retidão. É um Deus ligado à história e comprometido com a
justiça. Seu governo fará surgir o Reino.
No Novo
Testamento, Jesus se apresentou anunciando a proximidade do Reino (Marcos 1,15;
Mateus 4,17). Para Mateus, o Reino vai acontecendo à medida que for implantada
uma nova justiça, superior à dos doutores da Lei e fariseus (1,15; 5,20; 6,33).
Todos os evangelhos gostam de apresentar Jesus como Messias, o Ungido do Pai
para a implantação do Reino, que fez surgir nova sociedade e nova história.
Bendigamos
ao Senhor nosso Deus, que estendeu a salvação a todas as nações não fazendo
distinção de povos nações e culturas.
Segunda leitura – 1João 4,7-10. No
texto de hoje o apóstolo João, bruscamente, do tema da fé, volta à tecla do
preceito universal do amor o ágape (1João 3,11.23; 2,15), com o seu costumeiro
apelo, carregado de afeto: “Filhinhos”! Assunto central desta seção é a
preferência, que não é uma obrigação arbitrária, mas uma exigência da natureza,
porque Deus é amor (1João 4,16). O amor é
uma participação da vida de Deus, é uma realidade que procede dele, é “ser
de Deus” (1João 5,19). O amor vem a ser o critério de como distinguir O amor é
uma participação da vida de Deus, é
uma realidade que procede dele, é “ser os bons dos maus, os de Deus e os do
mundo: quem está voltado para o materialismo odeia a caridade, justiça e
misericórdia porque não tem o coração livre , quem está voltado para Deus ama o
próximo.
O
amor autêntico tem sua origem em Deus como a sua fonte: quem ama irrestritamente,
nasceu de Deus (versículo 7; 2,29; 5,1), é filho de Deus, está animado de sua
graça (1João 3,9). O amor fraterno é efeito de nosso novo nascimento
sobrenatural, isto é, o Bbatismo. Fazendo-nos participantes de sua vida e
natureza, Deus fez-nos também participantes
de sua caridade. O amor mútuo não surge por conveniência moral ou atitude
de perfeição ideal. É antes um movimento de vida que resulta da nova natureza,
a divina (1João 5,19; 4,4; 4,2s.6; 3,10). O
amor é fruto do germe divino recebido no batismo. Em Romanos 5,5, Paulo afirma que é o Espírito Santo quem ama
dentro de nós. Entretanto o apóstolo João esclarece: o próprio cristão é
que ama a si mesmo, em virtude de sua filiação divina, com a qual pode amar
definitivamente. A caridade verifica ao cristão a possibilidade de entrar em
comunhão com Deus e conhecê-Lo – conhecimento que vai ligado com o amor
fraterno. Quem ama, conhece a Deus, revela Deus, é de Deus e está em comunhão
com Ele. Amor e conhecimento crescem lado a lado e se complementam (1João
2,3-11). Para conhecer a Deus e permanecer Nele é preciso amá-Lo. “Conhecer” na
Bíblia é possuir aquilo que se conhece, é estar em comunhão com Ele. Os três
atos são: nascer, conhecer e amar,
estão intimamente ligados.
O
conhecimento de Deus em João não é apenas raciocínio; pressupõe uma relação íntima e pessoal com Deus, proveniente
de experiência viva e amorosa. Só quem ama pode conhecer a realidade íntima das
pessoas e coisas; quem não ama, não chega a isto. Só quem ouve a Palavra e a
põe em prática pode afirmar que conhece a Deus. Tal conhecimento se torna
perfeito pela obediência e fidelidade
(Oséias 4,6; 6,6). Sem caridade fraterna não há conhecimento pleno de Deus,
porque Deus é amor. Esta é a melhor e a mais completa definição de Deus e o
ponto alto da Revelação.
As
Bem-Aventuranças (sermão da montanha) publica o amor do Pai, generoso até com
os pecadores e inimigos (Mateus 5,43-48; Lucas 15,7-10; Mateus 9,13). A vida de
Cristo é vida de amor, bondade e paciência, dando a vida em resgate dos que
ama: é o auge do amor (Romanos 5,8; 8,32; 8,39). O amor para João não é apenas
um distintivo ou um símbolo, mas é a
própria natureza divina. Dizendo-se que Deus é amor, é tudo. O amor não é
só uma das atividades de Deus. Toda a sua atividade é amor, tudo o que Ele faz
é por amor. O Primeiro Testamento é uma história do amor divino: criação, revelação, aliança, redenção,
proveniência, misericórdia, paciência (Gênesis 1,28-30; Êxodo 33,18s;
Oséias 11, Jeremias 3,12; Salmo 135; Salmo 144,8).
Contudo,
é no Novo Testamento que o amor se revelou mais plenamente nos mistérios da
Encarnação (João 3,16), da Redenção e da Graça, quando o amor da Santíssima
Trindade é irradiado sobre todas as pessoas. O amor do cristão, em conseqüência,
é participação do amor de Deus. Então podemos concluir que o Cristianismo é a
religião do amor. O amor a Deus e ao próximo são da mesma natureza, porque a
essência de Deus é amor – revelação
suprema do Novo Testamento. Cristianismo é mais que religião, mas sim
revelação. Re em latim não é religar de novo, mas ligar com um sentido novo.
Nos
versículos de 9 a
10, aponta-se a Encarnação como revelação e manifestação surpreendente do amor
divino, quando este se tornou evidente e palpável na vinda do Filho Unigênito,
Único e bem amado para salvar-nos. É o texto de João que melhor expressa a
epifania (manifestação) da caridade. Para João, a Encarnação é um fato que já
se realizou, porém, se perpetua, é de permanente atualidade (João 14,23). A
Encarnação para o Pai é missão, delegação,
envio. O Enviado possui missão especial: falar e agir em nome do Pai,
representá-Lo junto às pessoas. Portanto, é o Pai que se revela amor; não
mandou qualquer um, mas o seu próprio Filho, Unigênito, muito amado. Isto prova
o quanto Deus nos ama, pois mão duvidou em sacrificá-Lo por nós. Se O mandou a
este mundo, é para que os seus filhos e filhas pudessem unir-se a Ele (João
1,4; 5,26; 1João 1,2), ter a vida da graça e da glória. Os três grandes
mistérios da Nova Aliança – encarnação,
redenção, graça – resumem o Evangelho. Paulo e João os entendem como
concebidos e realizados pelo infinito amor de Deus.
O versículo 10 ostenta a
maravilha do amor cristão: não fomos nós que o amamos. Ele nos amou primeiro, nos enviando seu Filho para perdoar nossos pecados.
Nosso amor foi apenas uma resposta a quem nos amou desde sempre. O amor de Deus
se manifestou misericordioso, desinteressado, gratuito, generoso. Não nos amou
a título de reciprocidade, mas espontaneamente, porque sua natureza é amor. Se
Ele põe à morte até seu Filho amado é porque deseja atrair a si os que querem
se salvar. Nos Odes de Salomão (século II) há a seguinte reflexão: “Não teria
sabido amar o Senhor, se Ele não me tivesse amado primeiro” (3,3).
Evangelho – João 15,9-17. Este trecho
da liturgia de hoje é tirado do segundo discurso após a Ceia e serve de
transição entre a parábola da vinha (João 15,1-8) e a declaração da amizade
feita por Jesus para aqueles que, até então, eram apenas seus “discípulos”
(João 15,14-17). O que significa que o tema central desta narrativa é a permanente
união dos discípulos com Jesus (“permanecer” volta três vezes nos versículos 9
e 10) como meio de salvaguardá-la.
O
raciocínio de Cristo é claro: o Pai amou o Filho que permaneceu neste amor
guardando seu mandamento. Mas Cristo amou as pessoas com este mesmo amor do Pai
de que desfrutava e no qual os cristãos por sua vez, podem permanecer guardando
o mandamento de seu Mestre.
Portanto
Cristo insiste sobre a ligação que se estabelece entre o amor e a obediência.
Enquanto não reconhecer a união amorosa das vontades, o amor é imperfeito.
Somente a mútua obediência é o critério de um amor que se tornou adulto. O amor
é, ao mesmo tempo, a mais profunda atividade espiritual, pois realiza a
comunhão espiritual e a mais fundamental partilha no cerne mesmo da alteridade. O amor realiza ainda outra maravilha:
aquele que ama transforma-se naquele que ele ama. Neste sentido, Cristo pode
dizer: “permanecei em meu amor como eu permaneço no amor do Pai” (versículos
9-10).
Enfim,
o amor é solidário com a alegria (versículo 11), porque não suporta nenhuma
frustração. Resiste à separação, vence todos os obstáculos, mas nada pode
contra aqueles que o reivindicam como um direito, só que querem obtê-lo
trapaceando com o que são ou confundindo os gestos do amor com o próprio amor.
O amor é, portanto, de alegria quando nasce da liberdade total.
As
idéias concentram-se em volta do versículo 11, sobre a alegria completa. Pois a
união de Jesus e os discípulos tem como resultado ser ouvido pelo Pai já que
Ele é glorificado pelo fruto desta união: fruto que é a caridade conforme o
amor que o Pai manifestou no Filho, e que é o conteúdo da “Palavra” na qual os
discípulos devem “permanecer”.
O
núcleo central da unidade é, portanto, a comunicação da verdadeira alegria, que
é a conseqüência da observância da Palavra (mandamento) do Senhor, ou seja, do
amor fraterno.
Enquanto
os versículos 7-8 relacionam o “permanecer em Cristo” com a importância da
oração para a glória do Pai, os versículos de 9-10 explicam o que significa
concretamente este “permanecer”: é o permanecer no amor. Jesus começa pela
fonte: o Pai. Ele amou primeiro (cf. 1João 4,10). Cristo, Palavra do Pai, amou
também: a todos nós. E somos convocados para ficarmos no seu amor. Amor de
Cristo: isto é, que vem do Cristo, através de sua Palavra, seu mandamento. Como
Jesus ficou no amor do Pai, guardando sua Palavra, assim, o cristão deve ficar no amor de Cristo, guardando sua Palavra.
Aparece, aqui, que “amor” em João não é uma coisa sentimental, mas a mesma
coisa que Paulo chamaria de “obediência” (Filipenses 2,6-12). Obediência no sentido de estar à escuta,
estar atento, estar conectado, antena ligada. É união de vida, não uma
sensação sentimental, mas um dispor nossa mente e atividade para o plano do
Pai. É entregar sua vida. Nisto está a alegria, a “realização” de Jesus, e Ele
nos ensina este segredo para que a nossa alegria seja completa: esta é a idéia
central do texto da celebração deste 6º Domingo da Páscoa. Aqui, devemos recordar
o começo do discurso sobre a videira: a Palavra de Cristo nos purifica, isto é,
nos poda e nos torna fecundos (João 15,2-3). É a obediência à mensagem de
Cristo que nos permite uma verdadeira “realização”, nos dá uma personalidade definida, faz com que
sejamos alguém na vida.
A nossa identidade é sermos aqueles que
pertencem à caridade, feita conforme o espírito de Cristo. Buscar realização e
contentamento numa outra direção é contrário à nossa identidade. E trata-se de
uma caridade que não nos pertence. Muitas pessoas enganam-se neste ponto.
Festejam à vontade, baladas, gastam o supérfluo, e depois fazem caridade dando
as sobras da mesa e os trocadinhos do bolso para a “negrada, para essa gente”
como dizem por ai... Exploram seus empregados e depois fazem caridade aos
filhos dos mesmos (que têm tão lindos olhos cheios de agradecimento...) Isto não é o que Cristo nos diz. Ele quer que
a nossa caridade permaneça fiel à sua Palavra, que é a de Deus. A caridade não
é uma mera fantasia, mas uma obediência a um preceito. Não somos nós que
inventamos. Nos colocamos a serviço do apelo que vem a nós, muitas vezes, num
modo e numa aparência que não nos agrada nada.
Depois
da frase central do versículo 11, o tema é aprofundado na ordem contrária. O
versículo 12 deixa claro agora, o “permanecer no amor de Cristo” com o sendo o
amor mútuo conforme o modelo do amor de Cristo. E este modelo é claro: é a
doação da vida pelos “amigos” (ou por quem se ama) versículo 13. Como já
dissemos, porém, amor e amizade não é
coisa sentimental. É união da vontade: fazer o que o Senhor manda, guardar
sua Palavra. Isto faz parte da lógica do amor. Se o mandamento de Jesus é o
amor, quem não o observar não participa do Seu amor.
Agora
a idéia de que os discípulos são amigos, significa que são “gente de casa”.
Eles sabem o que o Senhor faz, participam na realização de sua vida. Este saber
recebe aqui a categoria de revelação.
O que Jesus nos ensina, vem do Pai. Traduzindo em termos existenciais: o
mandamento do amor não é opcional, mas a expressão do Absoluto da nossa
existência. A iniciativa vem de Deus,
através de Jesus Cristo. Ninguém se constitui apóstolo a si mesmo. Aliás, não
seria possível, pois a Palavra de Deus, que trazemos “como em vasos de argila”,
nos transcende. Atraídos pelo amor convidativo de Cristo, o cristão se coloca a
serviço desta iniciativa divina.
.
3- FUNÇÃO NA LITURGIA
Como no
domingo anterior, também neste 6º Domingo da Páscoa a relação entre a segunda
leitura e o Evangelho é evidente. O cristão permanece no amor que vem de Deus
(pois Deus é amor, 1João 4,8), e que se manifestou em Jesus Cristo. Nesta
forma de amor concreto, o cristão pode se dirigir a Deus com confiança: não lhe
faltará nada que for preciso para viver esta união vital. Sua vida será uma
glorificação (honra e manifestação) de Deus mesmo. E esta será a sua alegria.
A liturgia
deverá ser conduzida de tal modo, que sensibilize a assembléia para o que se
pode chamar a existência da Páscoa do
cristão. É uma existência diferente da natural, carnal. É unida com a do
Ressuscitado. Seu critério não é a satisfação dos desejos ou projetos imediatos
da vida natural como pregam as seitas, mas a plena alegria de permanecer no
Deus-Amor e de revelá-Lo pela caridade vivida em ações.
4- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Como lembramos
no início, em nosso cotidiano usamos muitas e freqüentes expressões com as
palavras “amor/amar”, quase sempre relacionada a algo prazeroso, embora, às
vezes, destituído de sentido.
Bastante
diferente é a concepção de amor/amar proposta por Cristo: “Como meu Pai me
amou, assim também vos amei. Permanecei no meu amor”. Tal concepção é retomada
por São João em sua primeira carta: “Amemo-nos uns aos outros, porque o amor
vem de Deus”.
Na
Eucaristia, alimentamo-nos do amor de Deus; ela é a fonte da qual nos
fortalecemos para permanecer no amor de Cristo, atitude, ás vezes, tão difícil,
em meio às tribulações do dia-a-dia.
Esse
verdadeiro amor vindo do Pai pelo Filho e confirmado no Espírito Santo, é amor
doação, amor entrega. Amor que dá sentido ao que somos, ao que fazemos, à
realidade em que estamos inseridos. Ele está centrado na relação com Deus e com
o próximo e não confinado dentro de nós mesmos. Na concepção divina, o amor não
se reduz ao que nos é agradável. Certamente, também é isso, mas não apenas
isso. O exemplo de Cristo é bastante claro. Ao entregar-se por nós na cruz, Ele
manifestou a radicalidade do amor que se fez oblação absoluta, o que só foi
possível porque Jesus compreendeu a grandeza do amor do Pai por Ele. Muitas
vezes, fraquejamos na vivência do amor cristão porque “esquecemos” que o amor
de nosso Deus, fiel e justo, é infinito.
Estamos
nós, de fato, cumprindo o indicado por São João: “Amemo-nos uns aos outros,
porque o amor vem de Deus”? O amor que expressamos aos familiares, aos amigos,
aos colegas de trabalho, às tantas pessoas que entram e saem diariamente de
nossa vida, contém a dimensão do amor que vem de Deus ou é apenas um
sentimento, uma sensação humana? Procuramos ao celebrar a eucaristia, estar bem
com os irmãos e irmãs ou somos incoerentes e deixamos tal dimensão de lado,
avaliando somente o amor a Deus (conforme nosso entendimento humano)? Alguém já
disse que a cruz é um dos símbolos do amor cristão, porque traça, na vertical,
a ligação com o Pai e, na horizontal, a ligação com os irmãos.
Cristo
sentia-se infinitamente amado pelo Pai, mesmo nos momentos mais duros, pois
esse amor dava sentido também ao sofrimento. Precisamos deixar pulsar em nosso
coração o legítimo amor que vem do Pai e que a tudo dá sentido, só assim nos
sentiremos como Jesus, infinita e permanentemente amados do Pai, e podemos ser,
no mundo, sacramento desse amor. Só
assim produziremos e distribuiremos bons frutos, missão para a qual fomos
chamados e designados.
Não
somos “filhos de Deus” porque um dia fomos batizados; mas sim porque um dia
optamos, dia-a-dia, a acolher essa vida que Ele nos oferece, porque vivemos em
comunhão com Ele e porque damos testemunho desse Deus que é amor através dos
nossos gestos.
O
amor de Deus, o amor tão humano de Deus, é para nós termômetro do amor. Quem é
de Deus, ama. Quem nasceu de Deus, ama. Quem “conhece” a Deus, ama. Ama a quem?
O texto da leitura de hoje é muito claro: ama o próximo. “Amemo-nos uns aos
outros” (1João 4,7). Se o amor de Deus se manifestou no amor às pessoas, também
o amor das pessoas deve manifestar-se no amor aos semelhantes.
É
assim que faz quem “conhece” a Deus. “Conhecer” na teologia de São João não é
só tomar conhecimento de alguma coisa, estar informado sobre alguma coisa.
“Conhecer” é mais: é saber por
experiência. Por isso, quem “conhece” a Deus, faz como Deus faz. Seu amor é
como o amor de Deus: é amor às pessoas. Essa atitude pertence de tal forma ao
conhecimento de Deus que, quem não ama, não conhece a Deus.
5- A PALAVRA SE FAZ CARNE
E CELEBRAÇÃO
O perigo da religião
individualista
Nossa
vida é pontilhada de expressões que usam palavras amor/amar. Quantas vezes
observamos, nos carros, adesivos com a frase “eu amo esta ou aquela cidade”?
Quantas vezes ouvimos exclamações do tipo “que amor de decoração!”; “que amor
de roupa!”; “esta criança é um amor!”; “obrigado, por ter feito isso, você é um
amor!”? Certas músicas religiosas produzidas hoje também vão nessa linha.
Quantas vezes ouvimos “eu amo você meu Jesus”; “te olhar, te tocar e ver meu
Deus como és lindo!”. Acabam sendo músicas de consumo e que não revelam a
densidade do mistério celebrado. A música ritual, isto é, a música litúrgica é
reveladora do Mistério celebrado e não tanto pela beleza, pela estética. A
música ritual é sinal do mistério porque ela é portadora da memória de Jesus
Cristo
Essas
expressões e outras tantas semelhantes revelam um “amor” muito próprio de nossa
sociedade egocêntrica e subjetivista.
Eu amo tal cidade porque ela foi fonte de prazer para mim; a decoração é um
amor porque proporciona uma sensação agradável. A criança e o amigo tornam-se
“amor” porque oferecem algo bom para mim, algo que me faz bem.
Amor doação
O
individualismo não é coisa da religião, isto é, não é próprio do Cristianismo,
mas do nosso tempo, da nossa cultura individualista e egocêntrica. Então os
movimentos da Igreja, e muitos compositores não estão imunes do individualismo
pregado pela nossa cultura moderna. Mas é preciso ter consciência da dimensão
comunitária e social do Cristianismo e lutar contra essa cultura egocêntrica
que penetrou nos cristãos.
Em contra
posição a isso tudo, Jesus propõe-nos o amor doação, entrega, oblação do qual
ele mesmo foi modelo e mestre. Não nos propõe um amor individualista tipo “eu
te amei”, Pai meu que está no céus, o pão meu de cada dia, mas ao contrário
dizendo: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”. Não está na hora de
redescobrirmos essa dimensão social do Cristianismo?
6- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
A
assembléia reunida para celebrar é uma reunião fraterna, na qual as diferenças
se esvanece – Deus, que nos amou primeiro, não faz distinção entre os que dela
participam. Todos têm oportunidade de alimentar-se da Palavra e do pão da eucaristia.
Na celebração
semanal da Páscoa de Cristo, reafirmamos nossa comunhão com Deus e com os
irmãos, Na oração do dia, neste domingo, pedimos a Deus que nos conceda o
fervor necessário “para que nossa vida corresponda sempre aos mistérios que
recordamos”. Além disso, queremos, efetivamente, ser testemunhas do Evangelho
pelo amor. Assim, apresentamos as oferendas como meio de purificação para que
possamos corresponder, “cada vez melhor, aos sacramentos do amor de Deus”.
No
final da liturgia eucarística, rezamos para que Deus faça “frutificar em nós o
sacramento pascal” e infunda “em nossos corações a força desse alimento”. Na
celebração de hoje, damos especial relevo ao amor total de Cristo por nós.
Conforme rezamos no V Prefácio do Domingo de Páscoa, página 425 do Missal
Romano, Cristo cumpriu inteiramente a vontade do Pai. Revelou-se como aquele
que oferece o sacrifício (Sacerdote), como aquele sobre o qual se eleva o
sacrifício ao Pai (Altar), como aquele que é sujeito do sacrifício (Cordeiro).
Por isso neste solene Tempo Pascal, transbordamos de alegria e, com renovado
entusiasmo, fazemos ecoar nosso canto: “Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do
universo! O céu e a terra estão cheios da vossa glória! Hosana nas alturas!” e
também: “O Senhor ressurgiu, Aleluia, Aleluia,/ É o Cordeiro Pascal, Aleluia,/
Imolado por nós, Aleluia, Aleluia/ é o Cristo Senhor, ele vive e venceu,
Aleluia!
Que
a celebração eucarística deste 6º Domingo da Páscoa fortaleça nossa disposição
de nos colocarmos a serviço de Deus e dos irmãos e, assim fortificados,
possamos manifestar a todos que querem ver Jesus: Deus permanece conosco porque
Ele é amor
7. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Os
cinqüenta dias que vão desde o Domingo de Páscoa na Ressurreição do Senhor até
o Domingo de Pentecostes devem ser celebrados com verdadeira alegria como se
fosse um grande domingo. Esses cinqüenta dias é como se fosse um só dia de
festa, “símbolo da felicidade eterna” (Santo Atanásio). Os domingos pascais se
caracterizam pela ausência de elementos
penitenciais e pela acentuação de elementos festivos. A alegria deve ser a
característica do Tempo Pascal. A alegria deve estar presente nas pessoas da
comunidade e também no espaço litúrgico, na cor branca (ou amarela), nas
flores, no canto alegre do “Aleluia”, na alegria de sermos aspergidos pela água
batismal, no gesto da acolhida e da paz. O Tempo Pascal constitui-se em “um
grande domingo”. Mesmo sendo o 6º Domingo da Páscoa, Vivenciamos dias de Páscoa
e não após a Páscoa.
2. Dar
destaque durante o Tempo Pascal para a água
batismal. Onde há pia batismal, ela deve ser o ponto de referência para a
realização de ritos como aspersão, renovação de promessas, compromissos. Onde
não há pia batismal, preparar alguma vasilha de cerâmica, de preferência junto
do Círio Pascal.
3. A equipe de
celebração, além de zelar pelo clima favorável à participação da assembléia,
cuide para que cada ministério seja bem executado e tenha a devida preparação.
Deve também acolher com carinho as pessoas que chegam para participar da celebração.
8- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo Pascal, é
preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser
cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado. A função da equipe de canto não é
simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 6º
Domingo da Páscoa. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico, com a
Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que toda
liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma
pastoral ou de um movimento.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembleia, “inseri-la no mistério celebrado” (IGMR nº 47). Nesse
sentido o Hinário Litúrgico II da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão
gravados no CD: Liturgia X, Tempo Pascal Ano B. Encontramos também no Ofício
Divino das Comunidades ótimas opções.
1. Canto de abertura. Gritos de
alegria! Deus salvou seu povo (Isaias 48,20) ou “Cristo ressuscitou
verdadeiramente” (Apocalipse 1,6). “O Senhor ressurgiu, aleluia, aleluia”, CD:
Liturgia X, melodia da faixa 1.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse
sentido o Hinário Litúrgico II da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão
gravados no CD: Liturgia X.
2. Refrão para o acendimento do Círio
Pascal. “Cristo-Luz, ó Luz, ó Luz bendita...”, CD: Festas Litúrgicas I, melodia da faixa 9; “Salve Luz eterna, és
tu Jesus...”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 292.
3. Canto para acompanhar a aspersão com
a água. “Eu vi foi água”, CD: Tríduo Pascal II, melodia da faixa 12 ou
Hinário Litúrgico II da CNBB, página 225; “Banhados em Cristo”, CD: Tríduo
Pascal II, melodia da faixa 11 ou Hinário Litúrgico II da CNBB, página 196.
Outra opção é o refrão: “Jesus o seu
batismo na Páscoa completou, passou as grandes águas o mar atravessou, abrindo
o caminho, teu povo libertou”. (bis). Mesma música do domingo de Ramos “os
filhos dos hebreus”.
4. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas...” Vejam o CD: Tríduo
Pascal I e II e também no CD: Festas Litúrgicas I, Partes fixas do Ordinário da
Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por
Irmã Miria e outros compositores.
O Hino de
Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado
para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. O
louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de
Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo,
exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o
Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou
nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da
assembléia.
5. Salmo responsorial 97/98. Deus
mostra a sua bondade a todos os povos. “O
Senhor fez conhecer a salvação”, CD: Liturgia X melodia igual a faixa 16.
6. Aclamação ao Evangelho. Inabitação
de Cristo e Deus naquele que ama (João 14,23). “Aleluia... Quem me ama
realmente guardará minha Palavra”, CD: Liturgia X, melodia da faixa 3. O canto
de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical
ou a versão do CD.
7. Apresentação dos dons. O canto
de apresentação das oferendas, conforme orientamos em outras ocasiões, não
necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério que se celebra
acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração, no Tempo Pascal.
“Cristo ressuscitou, o sertão se abriu em flor”, CD: Liturgia X, melodia da
faixa 12.
8. Canto de comunhão. Amar Jesus
é guardar sua Palavra (João 14,15-16). “Prova de amor maior não há que doar a
vida pelo irmão”, CD: Liturgia X, melodia da faixa 14. Este canto é o mais
apropriado para a celebração deste Domingo. Outro canto muito oportuno para este
Domingo é o canto: “Com amor eterno eu te amei, dei a minha vida por amor.
Agora, vai, também ama o teu irmão”. Encontra-se no livro de cantos Caminha e
Canta! As melhores musicas de Irmã Míria Therezinha Kolling, página 02.
O canto de
comunhão deve retomar o sentido do Evangelho do 6º Domingo da Páscoa onde
contemplamos o Cristo nos convidando a permanecer no seu amor. Esta é a sua
função ministerial. A liturgia de cada Domingo, principalmente de hoje oferece
para realçar a relação entre “a Mesa da Palavra” e “a Mesa Eucarística”,
mediante o simbolismo do pão e do vinho. A ligação do Evangelho de hoje com o
de Domingo passado é muito profunda, é uma continuação do capítulo 15 de João:
Cristo-Videira e os ramos no Domingo passado e, hoje, Cristo-Amor que nos
convida a permanecer no seu amor. O Canto de Comunhão sugere esta ligação. A
linguagem dos símbolos poderá visualizar que a “Videira verdadeira” produziu,
como primeiro de seus frutos, o “vinho da salvação”, isto é, o sangue derramado
na Cruz. Os nossos frutos deverão ser da mesma natureza. Sem a nossa ligação
com Cristo-Amor, não somos capazes de amar o próximo.
9- ESPAÇO CELEBRATIVO
1. O Círio
Pascal deve estar sempre presente, junto à Mesa da Palavra em todas as
celebrações do Tempo Pascal até pentecostes. É importante que o Círio seja
aceso no início da celebração, após o canto de abertura, enquanto a assembléia
entoa um refrão pascal. Ele é o sinal do Cristo ressuscitado, Senhor de nossas
vidas.
2. Sugerimos
colocar, próximo ao Círio Pascal, as faixas jogadas ao chão e o véu dobrado
como os discípulos encontraram ao entrar no sepulcro mantendo a ligação com a
Vigília Pascal-Domingo de Páscoa.
9. AÇÃO RITUAL
Celebramos a
salvação que Deus nos oferece na comunhão com Cristo que se realiza na comunhão
dos irmãos e irmãs. Deus nos constitui a todos sinais de sua presença quando
nos uniu a Jesus pelo Batismo. Em
cada Missa fortalecemos essa comunhão. Também sobre nós se
oferece aquela Palavra que Jesus diz hoje “Permanecei no meu amor” (João 15,9a).
A equipe de
celebração acolhe as pessoas com o mesmo amor que Jesus acolhia as pessoas.
Ritos Iniciais
1. Na
procissão de entrada entrar com as pessoas que foram batizadas ou pessoas que receberam
um dos sacramentos na Vigília Pascal, ou crianças com vestes brancas. Destacar
também a presença das mães na comunidade. Na procissão de entrada, se oportuno,
convidá-las a entrar acompanhando o ministro e a equipe de celebração.
2. Dar
particular destaque à acolhida do Círio Pascal. Por exemplo, após o canto de
abertura, fazer um pequeno lucernário, solenizando o acendimento do Círio
Pascal: uma pessoa acende o Círio e diz: “Bendita
sejas, Deus da Vida, pela ressurreição de Jesus Cristo e por essa luz
radiante!”. Ou outros refrões que revela o sentido pascal: “Salve, luz eterna és tu, Jesus!/ Teu clarão
é a fé que nos conduz! (Hinário II, pág. 292). “Cristo-Luz, ó Luz bendita,/ Vinde nos iluminar!/ Luz do mundo, Luz da
Vida,/ Ensinai-nos a amar! A
seguir, incensa o Círio pascal e a comunidade reunida.
3. Se a
comunidade tiver dificuldade para fazer este pequeno lucernário, o presidente
da celebração ou outra pessoa acende o Círio Pascal.
4. Logo após o
beijo do Altar e terminado o canto de abertura, sugerimos, como fórmula de
saudação presidencial, a opção “a”, do Missal Romano, 2Coríntios 13,14 que explicita a relação do Cristão com o amor:
A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor
do Pai e a comunhão do Espírito santo estejam convosco.
5. Após a
saudação do presidente, o sentido litúrgico pode ser feito com palavras
semelhantes:
Domingo do mandamento novo. Irmãos e irmãs,
o amor de Deus vem ao nosso encontro quando nos reunimos para fazer a memória
da Ressurreição de Jesus. A vitória de Cristo é a vitória do amor. O cristão,
chamado a viver como seu Mestre e Senhor, exprime, na celebração, a graça do
amor vivido no dia a dia.
6. Após o
sentido litúrgico, quem preside a assembleia, fazer uma recordação da vida,
tornando presentes as realidades que hoje precisam ser transformadas no Amor de
Cristo. Não esquecer os fatos positivos que revelam o amor entre os irmãos.
Trazer os fatos da vida de maneira orante e não em forma de noticiários.
7. No lugar do
Ato Penitencial, faça-se a aspersão da assembléia que manifesta a união de
Cristo e dos cristãos pela recordação do Batismo com a água que foi abençoada
na Vigília Pascal. Ajudar a comunidade a aprofundar sua consagração batismal.
Não havendo água abençoada na Vigília Pascal, o ministro reza o oração de
bênção conforme o Tempo Pascal que está no Missal Romano página 1002. No ato da
aspersão, a assembléia canta: “Banhados
em Cristo, somos u’a nova criatura./ As coisas antigas já se passaram,/ Somos
nascidos de novo./ Aleluia, aleluia, aleluia! Outra opção é o canto “Eu vi
foi água manar”. Outro refrão oportuno para a aspersão: “Jesus
o seu batismo na Páscoa completou, passou as grandes águas o mar atravessou,
abrindo o caminho, teu povo libertou. (bis). Mesma música do domingo de
Ramos “os filhos dos hebreus”. Ver em Música Ritual.
8. Cantar com
vibração o Hino de louvor. Durante a Quaresma ele foi silenciado, agora deve
ser cantado com exultação porque é o Hino Pascal do Glória.
9. Na Oração
do dia, suplicamos a Deus, que nos dê celebrar com fervor os dias do Tempo
Pascal com júbilo em honra do Cristo Ressuscitado. Assim nossa vida corresponda
aos mistérios que celebramos na Divina Liturgia. Esta oração é inspirada em
Atos 12,2-3: toda Liturgia é em honra do Senhor.
Rito da Palavra
1.
Hábitos, como comentários e anúncio do nome dos leitores são cada vez mais
dispensáveis, quando compreendemos que é o próprio Cristo que proclama a
primeira leitura, o salmo, a segunda leitura e o Evangelho (Isaias 61,1-2; cf.
Lucas 4,18-19.21). É Cristo que fala pela boca dos leitores que estão a serviço
da comunidade. O que precisa mesmo é uma boa proclamação e não acessórios que
nada acrescentam na nossa relação com Deus.
2. Antes da
primeira leitura, em vez de comentários, o refrão meditativo que ajuda a preparar
a escuta da Palavra pode ser: “Deus é
amor, arrisquemos viver por amor. Deus é amor, Ele afasta o medo”, da
comunidade de Taizé. O refrão poderá ser repetido após a homilia.
Rito da Eucaristia
1. Preparar as
oferendas de modo solene, arrumando o altar neste momento, fazendo a procissão
das oferendas do pão e do vinho, como também de ofertas para os pobres
expressando neste momento de partilha que Deus é amor. Como ele nos ama,
devemos também amar os irmãos, sobretudo os necessitados.
2. Na Oração
sobre as Oferendas, pedimos que nossas preces e nossas oferendas subam até Deus
a fim de que sejamos purificados pela bondade do Deus-Amor.
3. Seria
oportuno escolher o Prefácio da Páscoa IV no qual contemplamos Cristo como
plenitude da vida: “Dele recebemos a vida que possui em plenitude”. Onde for
possível, cantar o Prefácio e, nas celebrações da Palavra, cantar a louvação
pascal com a melodia da louvação do Natal Hinário I da CNBB, pag. 74, e a letra
do Hinário Litúrgico II da CNBB, pag. 156.
4. Motivar o
abraço da paz como a paz do Ressuscitado. Não se trata de um momento de
confraternização, nem momento para cantar. O rito mais importante é o que vem a
seguir, ou seja, a fração do pão, que deve ser uma ação visível acompanhada
pela assembléia com o canto do Cordeiro.
5. De acordo com as
orientações em vigor, a comunhão pode ser sob as duas espécies para toda a
comunidade. “A comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando
sob as duas espécies. Sob essa forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do
banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de
realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação
entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico no Reino do Pai” (IGMR,
nº 240).
Ritos Finais
1. Na Oração
depois da Comunhão, peçamos a Deus com fervor que frutifique em nós o
sacramento pascal e infundi em nossos corações a força da Eucaristia, alimento
de salvação.
2.
As palavras do envio podem estar em consonância com o mistério celebrado:
“Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”. Ide em paz, e o Senhor vos
acompanhe, aleluia, aleluia!
Todos: Graças a Deus, aleluia, aleluia!
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Nós amamos a
Deus porque ele nos amou primeiro” (1João 4,19). Amar não é senão corresponder
a Deus, devolver-lhe a sua ternura, participar com as outras pessoas no amor
que Dele recebemos gratuitamente, como pura graça e dom de quem Se define como
Amor.
Celebremos nossa Páscoa, na pureza e na
verdade, aleluia, aleluia.
O objetivo da
Igreja é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas
outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor
o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos.
Pe. Benedito
Mazeti
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