23 de fevereiro de 2014
Levítico 19,1-2.17-18. Amarás o teu
próximo como a ti mesmo
Salmo 102/103,1-4.8 e 10.12-13. O
Senhor é indulgente, é favorável.
1Coríntios 3,16-23. O Espírito de Deus
habita em vós.
Mateus 5,38-48. Não enfrenteis quem é
malvado.
“SEJAM PERFEITOS COMO O VOSSO PAI
CELESTE É PERFEITO”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo da
santidade de Deus. Acolhemos na Eucaristia, a Palavra do Senhor que nos convida
a amar a todos, sem discriminação de cor, gênero ou ideologia, somente assim
seremos perfeitos como o Pai celeste é perfeito. Vivendo numa sociedade marcada
pela violência e pela injustiça, o cristão é convidado a fazer a diferença.
Celebramos a
Páscoa de Jesus Cristo que se manifesta na luta de todas as pessoas e grupos
que testemunham um amor e um perdão sem limites para com todos e comprometem-se
com a causa da justiça.
“Confiei,
Senhor, na tua misericórdia. Meu coração se alegra porque me salvas. Cantarei
ao Senhor pelo bem que me fez (Salmo 12,6).
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os
textos
Primeira leitura – Levítico 19,1-2.17-18. O povo de Israel, no decorrer de sua
história, foi organizando coleções de mandamentos e de leis que lhe ajudassem a
viver a Aliança com Deus. O que vamos ouvir e contemplar na liturgia deste
domingo, é uma dessas coleções, chamada “Lei de Santidade”, procurando uma
palavra de Deus para nós hoje.
O capítulo 19
faz parte da assim chamada “Lei de Santidade”, nome dado aos capítulos 17—26 do
Levítico, porque neles se repetem freqüentemente a fórmula: “Sede santos,
porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”, ou fórmulas semelhantes (cf. 19,2;
20,7). A “Lei de Santidade”, ao lado do Código da Aliança (Êxodo 20—23) e do
Código do Deuteronômio (12—26) constitui, não obstante alguns traços mais
recentes, um dos códigos mais antigos de Israel. Suas leis exigem que o povo de
Israel seja santo, isto é, saiba distinguir entre o sagrado e o profano e
observe as leis morais e do culto em vista de um relacionamento correto com a
santidade de Deus.
O texto lido
hoje, além de do solene exórdio (versículos 1-2), se insiste na prática da
justiça e da caridade nas relações sociais.
O termo
“santo” para os povos semitas significa o aspecto inacessível, transparente e
supra-humano da divindade. Diante de Deus o ser humano é profano e impuro
(Isaias 6,3). Mas Deus pode fazer a pessoa humana participar de sua santidade e
consagrá-lo a si (Jeremias 1,5). É nesta consagração que está interessada a
“Lei de Santidade”.
Imitar a
santidade de Deus tem como exigências fundamentais em relação ao próximo
(versículos 17-18): exclui o ódio e a vingança, e exige que nos preocupemos com
a vida moral do próximo (sua santidade) a ponto de amá-lo como a nós mesmos.
“Odiar” é violar o princípio da solidariedade. Mas ser solidário com as pessoas
exige a correção fraterna. A omissão deste dever é um pecado contra a
solidariedade (cf. Ezequiel 3,18s; 33,8s) na vocação comum à santidade. “O
próximo” a que se referem os versículos 17-18 é antes de tudo o israelita. Mas
no versículo 34 são incluídos no mesmo conceito também os estrangeiros
residentes no pais, com a justificativa: “porque já fostes estrangeiros no
Egito. Assim, aos poucos vai se formando a noção universalista que o termo adquire no Novo Testamento:
próximo é qualquer pessoa humana com a qual eu me relaciono; pode ser tanto
samaritano ou um caído em desgraça (cf. Lucas 10,23-27), como até mesmo inimigo que explora e agride
(cf. Mateus 5,38-48) e do amor ao próximo como a si mesmo, mesmo aos inimigos,
nasce de nossa comum origem em Deus e do mistério da Encarnação: “Tudo é vosso,
mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus” (1Coríntios 3,23). Cristo é o ponto
de encontro de Deus com as pessoas e das pessoas entre si.
Salmo responsorial – Salmo 102/103,1-4.8 e
10.12-13. O Salmo é um hino ao amor paternal de Deus. Os versículos 1-2
começa em forma individual. O salmista agradece a Deus os benefícios recebidos:
primeiro, o perdão dos pecados (versículo 3); em segundo lugar, de ter sido
liberto do perigo da morte, de modo que sua vida parece recomeçar, numa nova
juventude. O salmo é um hino de louvor que bendiz a Deus por todos os
benefícios concedidos a uma pessoa e a todo o povo.
No versículo 8
rezamos a grande definição do que é Deus: uma fórmula litúrgica que concentra
muitas experiências de conviver com Deus. Em sua atuação frente o pecado das pessoas,
Deus mostra principalmente sua misericórdia: a confissão humilde é a grande
apelação. O ápice do salmo é a ternura paternal de Deus.
O salmo canta
a grandiosidade de Deus que perdoa, cura, redime da cova, coroa com a vida de
amor e compaixão, sacia, faz justiça e defende todos os oprimidos. O nosso Deus
é um Deus que faz história com seu povo, perdoando e sendo compassivo. Jesus
mesmo o louvou e mostrou-o bondoso e compassivo também com os maus e injustos.
Jesus ainda nos ensinou a chamá-lo de Abba, paizinho.
A paternidade
de Deus é, no Primeiro Testamento, uma comparação, uma imagem sugestiva. Todavia,
quando o Filho se torna homem, nosso irmão, nos faz seus filhos e filhas de Deus. a paternidade de
Deus já não é uma simples imagem, mas a grande realidade da nossa vida:
chamamo-nos e somos filhos de Deus.
O rosto de
Deus nesse salmo. É, mais uma vez, o aliado fiel. Mesmo que as pessoas não lhe
sejam fiéis e pequem, Ele permanece fiel e perdoa. O salmo mostra, portanto, a
fidelidade radical de Deus ao seu povo. A imagem do pai é interessante: “Como
um pai é compassivo com seus filhos, o Senhor é compassivo com aqueles que O
temem” (versículo 13). Compaixão é a mais preciosa qualidade de um pai. É
também a maior característica de Deus. É o aliado compassivo que caminha com
seu povo perdoando, pois foi Ele quem nos criou.
De Jesus se
diz que “amou até o fim”, ou seja, até as últimas conseqüências (João 13,1). A
compaixão é a sua característica principal diante do sofrimento ou clamor das
pessoas (Mateus 9,36; 14,14; 15,36; 20,34; Marcos 6,34; 8,2; Lucas 7,13). Jesus
também perdoou pecados, curou os doentes, ressuscitou mortos, saciou famintos,
fez justiça e defendeu todos os oprimidos.
Em Cristo,
Jesus revela-se o amor do Pai, sua compreensão das pessoas, sua misericórdia
perpétua.
Cantando este
salmo, peçamos que o Espírito de Deus se uma ao nosso espírito para testemunhar
que somos filhos e filhas de Deus.
BENDIZE, Ó
MINHA ALMA, AO SENHOR,
POIS ELE É
BONDOSO E COMPASSIVO!
Segunda leitura – 1Coríntios 3,16-23. No
trecho que hoje lemos, Paulo encerra a exposição dos motivos doutrinários,
iniciada em 1,18s, que o levam a condenar a divisão as comunidade de Corinto em
“partidários” de Paulo, de Apolo. De Pedro e de Cristo (1Coríntios 10-17). A
divisão na comunidade mostra que os cristãos de Corinto ainda não haviam
assimilado os ensinamentos de Paulo sobre a loucura da cruz (1Coríntios 1,18s),
na qual se revela a sabedoria de Deus.
Paulo mostra a
eles que não entenderam a verdadeira função dos pregadores: A comunidade cristã
é a lavoura de Deus na qual tanto Paulo como Apolo trabalharam, mas que Deus
faz crescer (1Coríntios 3,5-9); é a edificação de Deus, para a qual Paulo
lançou o único fundamento, que é Cristo Jesus. O trabalho de outros pregadores
só tem sentido se for respeitado este fundamento original. (1Coríntios 3,9-15).
Não
partidarismo, mas pertença completa a Cristo e Deus. No começo de 1Coríntios 3,
Paulo descreve como se constrói a Igreja Templo de Deus. a partir de 3,16, tira
as conclusões: a presença do Espírito de Deus torna santa a comunidade
eclesial: abalar a comunidade é demolir Deus (3,17). Mas também, onde deus está
presente, não há lugar para endeusar pessoas, instaurar culto de
personalidades. Em Cristo, a Igreja recebe a sabedoria de Deus, e torna-se
realidade divina (3,16 cf. 1Coríntios 6,19; 2Coríntios 6,16; Efésios 2,20-22
cf. Jó 5,13; Salmo 94/95,11).
A leitura de
hoje continua a polêmica de Paulo com a sabedoria do mundo. Nas entrelinhas,
aparece o ensejo desta polêmica: a divisão que os critérios demasiadamente
humanos (vanglória, partidarismo, etc.) causaram na comunidade de Corinto. Tal
divisão é bem o contrário daquilo que o Evangelho ensina. Ora, reconhecendo o
que o Evangelho ensina é, no fundo, a única sabedoria que vale, quando se
consideram todas as conseqüências, devemos dizer com Paulo que os critérios
humanos, que todo o mundo acha tão importantes, são loucura diante de Deus.
Poderíamos exercer aqui nossa criatividade em procurar exemplos de atualidade.
Deve haver aos montes dentro da própria Igreja hoje: “Eu sou de tal movimento,
de tal grupo, de tal pastoral, de tal ‘teologia’, de tal boa tradição” – “Eu
tenho a fé esclarecida”, etc. Paulo ironiza os Coríntios, dos quais uns diziam:
“eu sou de Paulo”, ou “de Apolo” ou “de Cefas” (“Ainda bem que quase não
batizei ninguém”, observa ele, brincando; 1Coríntios 1,14). E diz agora: “Todos
nós, apóstolos, somos vossos; e não só nós, toda a realidade da criação é
vossa... mas vós sois de Cristo, e Cristo de Deus” (1Coríntios 3,21-23).
Somos de
Cristo e de Deus. Por isso devemos ser como eles. Isto, porém, não o conseguiremos
por um vaidoso esforço de nossa vontade, mas somente quando nos deixamos
envolver no amor gratuito que Deus nos testemunhou em Jesus Cristo , dado
por nós até o fim.
Evangelho – Mateus 5,38-48. O Sermão da
Montanha (Mateus 5,1—7,27) constitui o primeiro dos cinco ciclos de discursos
de Jesus no Evangelho de Mateus. Após a mensagem das bem-aventuranças (5,1-12)
e sal da terra e luz do mundo (5,13-16), segue um longo desenvolvimento sobre a
Justiça Nova. O trecho lido no domingo passado destacou três exemplos de
superação da Lei Antiga, caracterizando-se pela radicalização no quadro
- das relações
entre irmãos (versículos 21-26);
- do
comportamento do homem diante da mulher (versículos 27-32);
- dos
juramentos (versículos 33-37).
A estrutura da
oposição de palavras “ouvistes que foi dito aos antigos” / “eu porém vos digo”
já apareceu quatro vezes (versículos 21.27.31.33); abre agora mais dois
aperfeiçoamentos da Lei, lembrando-nos que o ensino se fazia oralmente:
-não vingar-se,
mas ceder (versículos 38-42)
-amar até os seus
inimigos (versículos 43-48).
Temos aqui o
quarto exemplo de superação da Justiça Antiga. Difere dos outros porque Mateus
não cita mais o Decálogo (Dez Mandamentos) mas sim Êxodo 21,23-25). Numa
sociedade ainda pouco organizada juridicamente, a vingança era uma questão de
honra; encontramos ainda este espírito na vendeta córsica ainda bem viva em
várias regiões do Brasil.
“Aquele que te
fere a face direita, oferece-lhe também a esquerda” (versículo 39b). A face
direita é a mais nobre; o mais natural seria que o inimigo batesse com a mão
direita na face esquerda do adversário. O filósofo Sêneca já aconselhava de não
replicar por causa de uma bofetada; aconselhava a paciência como um modo de se
mostrar superior (De Ira, II,34,5). Jesus supera até Eclesiástico 28,1-7, pedindo
não só de “perdoar a injúria ao seu próximo” mas de oferecer-lhe a outra face,
quer dizer de estar disposto a agüentar outras injúrias sem vingar-se!
“Se alguém
fizer um processo para tomar a tua túnica, deixe também o manto” (versículo 40)
Trata-se aqui de um caso previsto pela Lei, a penhora da roupa pelo credor:
“Toma a veste de quem deu fiança por outro e retém-na em penhor pelos
estranhos” (Provérbios 20,16). A túnica é a roupa de dentro, o manto é a roupa
de cima. Temos então uma progressão: pode-se ficar sem a túnica sem parecer
despido mas não sem o manto, isto é, a veste!
A segunda
aplicação prática deve ser ligada à quarta com (versículo 42a) e à quinta
(versículo 42b) que falam também do dom e do empréstimo.
“Se alguém te
obrigar a andar um quilômetro, caminha dois com ele” (versículo 41). A milha é
uma medida romana equivalente a mais ou menos 1478 metros . Temos
provavelmente uma referencia às requisições impostas pelos militares ou
funcionários romanos; foi isto que aconteceu com Simão o Cirineu (Mateus
27,32).
“Dá a quem te
pedir” (versículo 42a). As duas últimas aplicações concretas divergem um pouco
da intenção geral do discurso. Não se trata mais de “resistir ao malvado” mas
de ajudar todo aquele que estiver precisando.
“E não vire as
costas a quem te pede emprestado” (versículo 42b). Geralmente, o primeiro
movimento é de recusar um empréstimo a quem está pedindo. Para o Senhor,
entretanto, a propriedade privada não é um absoluto; tem seus limites e seus
deveres. O credor até se preparar a não receber seu dinheiro de volta.
“Amar até seus
inimigos” (versículos 43-48). Esta seção constituiu o quinto exemplo de
superação da Lei. Jesus refere-se a Levítico 19,18: “Amarás a teu próximo como
a ti mesmo”. A segunda parte do mandamento, “odiarás teu inimigo” não se
encontra explicitamente no Primeiro Testamento mas só na Regra da Comunidade de
Qumrâm: a fim de amem os filhos da luz... e a fim de que odeiem todos os filhos
das trevas (1,9s; cf. 9,21)”. Não devemos esquecer que “odiar”, na linguagem
hebraica que desconhecia os comparativos, significa “amar menos”.
Quando Cristo
fala de “amar os inimigos” ele não quer deixar a mínima dúvida: o amor não pode
se restringir às pessoas do mesmo clã, aos patrícios, às pessoas
espontaneamente amáveis: “Com efeito, se amais aos que vos amam, que recompensa
tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa. E, se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de
extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Jesus afirma que é preciso
ir mais longe. O autêntico amor não tem fronteira nem de raça, nem de religião,
nem de preconceito, nem de classe social. A misericórdia é a essência de Deus
que nos perdoa.
O amor aos
inimigos não tem nada que ver com um amor romântico ou meramente
sentimentalista. É um amor adulto baseado antes de mais nada no respeito, no
direito e na justiça para com o outro. O cume do amor consiste em orar pelos
que nos perseguem (versículo 44b). É a bem-aventurança dos pacíficos (Mateus
5,10-12) lembrando a dura realidade da Igreja Primitiva. Este mandamento é tão
importante que Jesus mostrou o exemplo na Cruz (Lucas 23,34), O diácono Estevão
agiu da mesma maneira (Atos 7,60).
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Como ser perfeitos
num mundo que beira o caos da imperfeição?
Como ser
santos num contexto que nos ínsita a “chutar o pau da barraca”, como
conseqüência do desespero e da falta de esperança, se consideramos a capacidade
que o ser humano construiu de violar o direito dos seus iguais, de lhes imputar
dor e sofrimento, de lhes causar o equivalente à morte: a impotência e a
impossibilidade de se mover com segurança e liberdade?
Mais do que
nunca a vocação cristã ganha espaço neste mundo. Porque é lá onde impera a
desumanidade que a Igreja, corajosamente, é convocada pra sinalizar a beleza de
sermos humanos.
Perguntarmo-nos,
portanto, a respeito dos motivos de nossa esperança em continuar cristãos e
cristãs, reunindo-nos para celebrar, planejar e empreender um mundo novo.
Habitar o coração do mundo que se desintegra, torna-se sinônimo de habitar o
coração de Deus pois é lá que sua atenção se encontra.
Se observarmos
nossa comunidade de fé, as pessoas que convivem conosco, em que ritmo se
encontra sua vida poderemos perceber como estamos próximos ou como estamos
distantes daqueles planos que Deus usou para nos criar. Temos que ter muito
cuidado, pois pode ser que estejamos muito ocupados com o “mundo” de Deus, pois
Ele está muito ocupado com o nosso mundo... Inevitavelmente haverá um
desencontro. Onde estiver o amor de Deus, aí está sua Palavra, aí estará Cristo
e aí estarão os cristãos. E o amor de Deus está dedicado à sua criação, em
especial, aos seres humanos, portadores de sua perfeição.
Com os dois
mandamentos de evitar vinganças e o amor aos inimigos, Jesus propõe não a
resignação ou a indiferença diante da violência e da injustiça, mas uma
resistência ativa, não violenta. O que desarma o inimigo é o amor, não a
passividade ou a indiferença. O Evangelho de hoje retoma as bem-aventuranças
dos que promovem a paz, recordando a nossa vocação de construtores da paz.
Não podemos
buscar esta meta sozinhos. A comunidade cristã é o ambiente favorável que nos
lembra constantemente esta vocação. Cada um de nós é responsável por criar esse
ambiente espiritual, no qual não serve a lógica da competição e da luta pelo
poder. Imitar a integridade de Deus é justamente buscar qualidade interior e
uma conduta de vida capaz de modificar o lugar onde habitamos.
Na liturgia
somos a assembléia dos que foram santificados por Deus. Não porque sejamos
pessoas boas, puras, perfeitas, mas porque Deus, que é perfeito, nos agraciou e
nos chama a imitá-lo na santidade.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
Por que ir à Igreja aos domingos?
Timothy Radcliffe,
em recente livro, tenta responder a esta questão desafiadora para o nosso
tempo. Mas é o Arcebispo de Cantuária, no prefácio da obra, quem dá a síntese:
“a Igreja permite que sejamos humanos de forma não encontrada em nenhum outro
lugar”. Ele vê a celebração da Ação de Graças – a Eucaristia, como “a viagem ao
coração generoso de Jesus Cristo (que é) também a descoberta de quem somos e de
quem podemos vir a ser em Jesus”.
A Liturgia
deste domingo confirma esta tese porque ela mesma nos situa no coração de
Jesus, isto é, na Palavra que Deus Nele nos comunica, porque o cerne da vida de
Cristo não é outro senão a Palavra de seu Pai que origina o Reino dos Céus. O
Reino de Deus é o Reino de seu Verbo, da comunicação de si mesmo, de sua
plenitude não-acumulada, mas, distribuída, porque transbordante, para a sua
criação. Tal experiência do Verbo da Vida, que nos resgata a dignidade e a
beleza de sermos humanos plenamente e assim se cumprir em nós a vontade de
Deus, está manifestada no versículo da Aclamação ao Evangelho: “É perfeito o
Amor de Deus em quem guarda sua Palavra”.
A celebração
dominical nos recorda aquela paciência, bondade e compaixão com as quais Deus
ama os seres humanos e os acompanha pelos caminhos da vida (cf. Salmo
responsorial e Oração Eucarística VI-A)
Realizar a Palavra de Deus
A assembléia
dominical tem por motivação fundamental dar corpo à vontade de Deus em suas
palavras e ações (cf. Oração do Dia). A experiência da salvação de que trata a
Antífona de Entrada, citando o Salmo 12,6 “Confiei em teu amor, tu me salvas e
eu me alegro, ao Senhor eu cantarei pelo bem que me tem feito!”, se torna
manifesta em cada gesto de apreço e cuidado que os irmãos e irmãs dispensam uns
aos outros, tornando a festa celebrada ao redor da Mesa da Palavra de Deus e do
Pão e Vinho consagrados uma escola para a existência e labor cotidianos. Não
sem razão, a Eucaristia é sacramento da “iniciação”. Ela, continuamente, nos
liga à razão de nosso ser, com vistas a nos tornar plenos (santos! Perfeitos!)
não porque nos isenta do pecado e da morte, mas porque nos situa para além
deles, permite-nos olhar adiante, com esperança e confiança. A celebração nos
põe em dia com aquele plano do qual Deus se utilizou para criar o mundo e nele,
cada homem e mulher.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Nos reunimos
para celebrar a Ação de Graças que nos leva ao coração de Trindade. Na Oração
do Dia que concluiu os Ritos Iniciais, nos colocamos diante de Deus pedindo que
Ele nos ajude a fazer a Sua vontade com palavras e ações.
Somos
semelhantes a Deus quando amamos as pessoas sem interesse nenhum. A assembléia
litúrgica é sacramento visível do amor de Deus entre nós. É alimento de
santidade e do compromisso com o amor e a justiça.
Vivemos num
mundo dividido, injusto, violento, onde a vida cada vez mais é desfigurada.
Mesmo assim somos chamados a celebrar a Eucaristia como sinal de esperança no
sentido de que, na força do Cristo nossa Páscoa, as coisas poderão ser
diferentes e novas. Sua morte e ressurreição nos mostram isso tanto no Novo
Testamento, como na vida cotidiana.
Se estivermos
prontos a “partilhar” o pão, podemos receber nossa parte de alimento; só se
estivermos prontos a perdoar podemos também ser perdoados pelo Pai Celeste. Não
podemos esquecer que a Eucaristia é para o perdão dos pecados (Mateus
26,26-28). Deus só aceita nossa Eucaristia se for sinal de nosso amor aberto a
todas as pessoas e a todo o mundo, sobretudo aos que nos são próximos e também
aqueles que não nos amam. Como Cristo se dá no sinal do pão e do vinho a todos
os que o buscam na esperança da salvação, também o cristão deve encontrar, na
Eucaristia, o modo como deve dar-se. Na Oração sobre as Oferendas podemos
sentir isso quando rezamos com o presidente: “Ao celebrar com reverência vossos
mistérios, nós vos suplicamos, ó Deus, que os dons oferecidos em vossa honra
sejam úteis à nossa salvação”.
O Pão da Vida
partido e repartido, acompanhado pelo canto do Cordeiro de Deus, nos inspira o
caminho da santidade e da justiça e nos introduz a promover a paz,
“bem-aventurados os que promovem a paz”. O Cordeiro de Deus que tira o pecado
do mundo, tira o pecado do nosso coração, quando comungamos desse pão
partilhado e entregamos nossa vida nos gestos de reconciliação, partilha, paz e
prática da justiça. Na Liturgia Maronita, na orara da distribuição do Corpo e
Sangue de Cristo se diz aos comungantes: “O Corpo e Sangue de Cristo penhor da
vida eterna”
6- ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Evitar
muitos e longos comentários durante a celebração.
2. Na liturgia
da Palavra, deve-se substituir o breve comentário por um refrão meditativo.
3. Os cantos
sejam condizentes com a celebração; evitar cantos não litúrgicos.
4. À medida
que o povo for chegando, pode-se fazer um breve ensaio de cantos, especialmente
dos refrões e do salmo responsorial.
5. A
proclamação das leituras e das orações seja feita com “unção e solenidade”,
pois é diálogo e encontro com o Senhor, santo e justo, que nos imanta com sua
ternura e santidade
7-
MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo do Tempo
Comum, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não
basta só saber que os cantos são do 7º Domingo do Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude
espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade
tenha o direito de cantar o mistério celebrado. Jamais os cantos devem
ser escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um movimento ou de uma
pastoral. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja
corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.
“Não tem
sentido, por exemplo, escolher os cantos de uma celebração em função de alguns
que se apegam a um repertório tradicionalista, ou ainda de outros que cantam
somente as músicas próprias de seu “grupo ou movimento”, nem de outros que
querem cantar exclusivamente cantos ligados à realidade sócio-política, ou
cantos concentrados em certos temas, se isto vai provocar rejeição da parte da
assembléia” (A música Litúrgica no Brasil, estudos da CNBB, página 78).
Antes da
celebração, evitar a correria e agitação da equipe litúrgica e a equipe de
canto, com afinação de instrumentos e testes de microfone. Tudo isso deve ser
feito antes. A equipe de canto não deve
ficar fazendo apresentação de cantos para entretenimento da assembléia É
importante criar um clima de silêncio.
A equipe de
canto faz parte da assembléia. Não deve ser um grupo que se coloca à frente da
assembléia, como se estivesse apresentando um show. A ação litúrgica se dirige
ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Portanto, a equipe de canto deve se
colocar entre o presbitério e a assembléia e estar voltada para o altar, para a
presidência e para a Mesa da Palavra.
1. Canto de abertura. Júbilo por causa da bondade de Deus (Salmo 13/12,6).
Somos chamados a colocar nossa esperança em Deus por que Ele é justo e nos
defende. Para o canto de abertura, sugerimos como antífona o versículo 6 do
Salmo 12/13. “Confiei em teu amor”, CD: Liturgia VI, melodia da faixa 8, exceto
o refrão e estrofes do Salmo 31/30. Temos também outras duas ótimas opções: “Canta
meu povo”, CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa 15; “Ó Pai, somos nós o
povo eleito”, CD Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 1. Como canto de
abertura não podemos deixar de entoar um desses cantos que nos introduzem no mistério
a ser celebrado.
A função do
canto de abertura, inserido nos ritos iniciais, cumpre antes de tudo o papel de
criar comunhão. Seu mérito é de convocar a assembléia e, pela fusão das vozes,
juntar os corações no encontro com o Ressuscitado, na certeza de que onde dois
ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles (Mateus
18,20). Este canto tem que deixar a assembléia num estado de ânimo apropriado
para a escuta da Palavra de Deus.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse
sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão
gravados no CD Liturgia VI e CD: Cantos de Abertura e Comunhão.
2. Ato penitencial. Nesse
domingo seria oportuno rezar ou cantar a fórmula 1 do Missal Romano, página
391: “Confesso a Deus todo-poderoso, ou a fórmula das invocações para o Tempo
Comum, página 394 formula 3: Senhor, que vistes para perdoar e não para condenar...”
3. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo
Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas, Partes fixas do Ordinário da
Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por
Irmã Miria e outros compositores.
O Hino de
Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é,
voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho.
O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor)
se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e
imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o Hino de
Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao
Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas
publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia.
4. Salmo responsorial 102/103. Deus
é clemente e misericordioso. “Bendize,
ó minha alma, ao Senhor, pois ele é bondoso e compassivo!”, CD: Liturgia VI,
mesma melodia da faixa 6.
Para a
Liturgia da Palavra ser mais rica e proveitosa, há séculos um salmo tem sido
cantado como prolongamento meditativo e orante da Palavra proclamada. Ele
reaviva o diálogo da Aliança entre Deus e seu povo, estreita os laços de amor e
fidelidade. A tradicional execução do Salmo responsorial é dialogal: o povo
responde com um refrão aos versos do Salmo, cantados um ou uma salmista. Deve
ser cantado da mesa da Palavra.
5. Aclamação ao Evangelho. “O
Espírito é que vivifica” (João 6,63.68) “Aleluia... Ó Senhor, tuas palavras são
espírito e vida.” CD: Liturgia VI, melodia da faixa 10. O canto de aclamação ao
evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical, página 260.
A aclamação ao
Evangelho é um grito do povo reunido, expressando seu consentimento, aplauso e
voto. É um louvor vibrante ao Cristo, que nos vem relatar Deus e seu Reino no
meio das pessoas. Ele é cantado enquanto todos se preparam para ouvir o
Evangelho (todos se levantam, quem está presidindo vai até ao Ambão).
6. Apresentação dos dons. O canto de apresentação das oferendas,
conforme orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho.
Seu tema é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja
reunida em oração. Neste
domingo seria oportuno entoar o Canto de São Francisco de Assis: “Senhor,
fazei-me um instrumento de vossa paz”. Outra opção seria o Salmo 115, “A vós,
Senhor apresentamos estes dons: o pão e o vinho, aleluia!”, CD: Liturgia VI,
melodia da faixa 9.
7. Canto de comunhão. “Se amais
somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? (Mateus 5,46a). “Se amam
somente quem ama a vocês!” articulado com o Salmo 33/34, CD: Liturgia VI, mesma
melodia da faixa 7. Sem dúvida, este é o canto de comunhão mais adequado pra
esse domingo. Outra ótima opção para o canto de comunhão neste 7º Domingo do
Tempo Comum, sugerimos Efésios 1,3-10: “Bendito seja Deus, Pai do Senhor, Jesus
Cristo, Por Cristo nos brindou todas as bênçãos do Espírito”, CD: Cantos de
Abertura e Comunhão, melodia da faixa 17 e também está no Ofício Divino das
Comunidades página 254. Se a comunidade não conhecer estes dois cantos, outra
opção excelente é cantar a Oração de São Francisco de Assis: “Senhor, fazei-me
instrumento de vossa paz”. Se foi entoado
como canto das oferendas, não tem sentido cantar como canto de comunhão. Estes
cantos retomam o Evangelho na comunhão de maneira autentica. Veja orientação
abaixo.
O fato de a
Antífona da Comunhão, em geral, retomar um texto do Evangelho do dia revela a
profunda unidade entre a Liturgia da Palavra e a Liturgia, Eucarística e
evidencia que a participação na Ceia do Senhor, mediante a Comunhão, implica um
compromisso de realizar, no dia-a-dia da vida, aquela mesma entrega do Corpo e
do Sangue de Cristo, oferecidos uma vez por todas (Hebreus 7,27).
8- ESPAÇO CELEBRATIVO
1. O lugar
onde celebramos a Eucaristia é Casa da Igreja e antes disso é Casa da Palavra,
pois é esta que, sacramentalmente, forja a comunidade dos cristãos. De certo
modo, a construção de pedra é imagem da construção viva, da qual fala Paulo em
suas cartas, que a Igreja, Corpo de Cristo. Neste sentido, é lugar de
interlocução, de diálogo a partir das escrituras que são interpretadas pelos
ritos. Assim, toda a celebração litúrgica é Palavra de Deus dirigida ao povo
reunido. Mas também é resposta deste povo aos apelos que lhe são expressos.
9. AÇÃO RITUAL
A Liturgia
ensina que Deus é fonte de santidade e sem Ele ninguém pode ser bom. Nesse
sentido, amadurecer no relacionamento com Ele (= comunhão) é o caminho para
alimentar em nós a santidade que lhe é natural, mas para nós é dom. Este
itinerário se faz na escuta atenta da Palavra de Deus e no compartilhar do Pão
e Vinho Consagrados.
Ritos Iniciais
1. A
celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto
de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a
assembléia no Mistério celebrado.
2. Após a
saudação presidencial e antes do sentido litúrgico, o animador, ou o próprio
presidente convida a todos para a recordação da vida. Trazemos a vida na
celebração porque acreditamos que Deus age na história. Trazer os fatos de
maneira orante e não como noticiário.
3. Sugerimos na saudação inicial, a
fórmula “c”, do Missal Romano que são as palavras conforme a 2Ts 3,5:
O Senhor, que encaminha os nossos corações para o amor de
Deus e a constância de Cristo, esteja sempre convosco.
4. Em seguida,
dar o sentido litúrgico da celebração. O Missal deixa claro que o sentido litúrgico
da celebração pode ser feito pelo presidente, pelo diácono um leigo/a
devidamente preparado (Missal Romano página 390). Em seguida propõe o sentido
litúrgico:
Domingo da santidade de Deus. Domingo do
amor aos inimigos e da santidade do Pai. Acolhendo a Palavra que o Senhor
dirige aos seus discípulos no alto da montanha, somos chamados a amar os nossos
inimigos e a ser santos como o Pai do céu é Santo.
5. O ato penitencial
é uma forma de nos reconhecer frágeis e pecadores diante de Deus. É um momento,
não de confissão. Por isso, ao invés de escolher cantos penitenciais
descritivos dos pecados, optar por uma das três formas do Missal: “Confesso a
Deus”, ou “Tende compaixão de nos, Senhor”, em que reconhecemos nossa
fragilidade diante de Deus. Ou algum dos tropos, em que a misericórdia e o amor
de Deus nos leva ao reconhecimento da nossa condição pecadora. Para as duas
primeiras formas, segue-se a conclusão: “Deus todo poderoso tenha compaixão...”
“e o Senhor, tende piedade”. A segunda forma, apenas a conclusão.
a) A renovação
conciliar inovou com o Rito Penitencial ou Ato Penitencial, que não estava
previsto na Missa de Pio V como rito de toda a assembléia. O Confiteor e o
Misereatur eram orações privadas do presbítero antes ou durante a celebração.
Segundo a Instrução Geral do Missal Romano, o sentido do Ato Penitencial é de
confissão genérica ou geral. Para guiar a reflexão em torno desta “novidade”
pós-conciliar, José Aldazábal traz algumas considerações interessantes: “Sem
ser um elemento muito importante da celebração, porque ainda estamos no início,
o ato penitencial pode ser um pequeno gesto educativo da comunidade, que
prepara para deixar-se encher da graça da Palavra e da Eucaristia”.
b) No Brasil, como
fruto da reforma litúrgica, surgiram diversos “Atos Penitenciais” em forma de
música, cujas letras se afastam da natureza específica desse rito e o
“deforma”. Por conseqüência, tornou-se, não poucas vezes, uma lista de
possíveis pecados cometidos pelos fiéis ou, na pior das hipóteses, uma reflexão
da natureza do pecado. Exemplos do primeiro caso são os textos (musicados ou
não) que começam com “Pelas vezes que...”; “Pelos pecados, erros passados”...
exemplo do segundo caso são os textos que (musicados ou não) são semelhantes a:
Perdão, Senhor, porque sou pequeno e sem valor” ou “O pecado arrancou a alegria
deste chão”, etc. São compositores que não assimilaram ainda a reforma do
Concílio Vaticano segundo e que muitas vezes têm uma noção doentia de pecado.
c) A conseqüência
foi o esquecimento das fórmulas previstas pelo Missal: O Confiteor,
simplificado para a recitação ou canto da assembléia (Confesso a Deus
todo-poderoso e a vós, irmãos e irmãs...), o “Tende compaixão”, diálogo
simples, mas de densidade bíblica relevante e as invocações a Cristo articuladas
com o Kyrie. Não tem sentido o presidente da celebração dar absolvição, porque
ele se inclui pecador junto com a assembléia. O Missal Romano não prevê a mão
levantada.
d) Sugerimos
que tais textos sejam melhores aproveitados em nossas assembléias, conforme a
circunstância litúrgica e a índole da celebração. Para este domingo, sugerimos
que se entoe a fórmula 1 do Missal Romano, página 391: “Confesso a Deus
todo-poderoso, ou a fórmula das invocações para o Tempo Comum, página 394
formula 3: Senhor, que vistes para perdoar e não para condenar...”
6. Na Oração
do Dia suplicamos a Deus que Ele nos ajude a conhecer o que é reto e fazer o
que agrada a Ele com palavras e atos. Esta oração nos suscita o desejo de nos
conformarmos com Deus.
Rito da Palavra
1. Inspirados
no versículo da Aclamação ao Evangelho pode-se entoar como refrão de abertura
da Liturgia da Palavra o refrão “A vossa Palavra, Senhor, é sinal de interesse
por nós”, seguido da estrofe: “É feliz quem escuta a Palavra e a guarda em seu
coração”.
2. Após a
homilia, pode-se valorizar o rito da paz, transpondo o gesto do lugar em que
está previsto (após o Pai Nosso). Nesse caso, mantenha-se a oração prevista
após o embolismo, ainda que não mais se repita o gesto do abraço da paz. Para
que ninguém se escandalize quanto a esta sugestão, tal rito já conhecera outros
lugares na celebração e não somente onde está hoje. Sem acusar o fato de que,
seja como “saudação”, “louvor” ou “súplica”, o tema da paz aparece em vários
ritos durante a Missa: Hino de louvor, “Glória a Deus nas alturas, e paz na
terra aos homens por ele amados”; aparece também no momento da fração do Pão
acompanhado pelo “Cordeiro de Deus... dai-nos a paz”, etc. e, nesses casos, não
está atrelado ao gesto de abraçar ou oscular os irmãos. Se a comunidade se
sentir com liberdade para terminar a homilia exortando a assembléia para que
manifeste a paz suscitada por Cristo no Evangelho proclamado, faça-o sem medo.
Senão, faça-se uma alusão mistagógica sobre o rito a ser feito no momento previsto
pelo Missal e, naquele momento, a exortação para a saudação da paz também
recupere a intenção apresentada no Evangelho de distribuir a paz, mediante o
trato dos irmãos. Aqui, articule-se santidade e paz.
Rito
da Eucaristia
1. Para
acompanhar a procissão do pão e do vinho, pode-se entoar o Canto de São
Francisco de Assis, “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz”. Ver em Música Ritual nº 7,
item 6. Outra opção é uma versão do Salmo 133 “Como é bom viver em harmonia” de
autoria da Irmã Miriam Kolling seria muito oportuno para acompanhar a
apresentação dos dons do pão e do vinho, bem como a preparação do Altar. Também
as comunidades privadas da celebração eucarística, mas que celebram o Dia do
Senhor com a Liturgia da Palavra e Ação de Graças, podem cantá-lo durante o
instante em que os fiéis se apresentam para compartilhar os seus bens para o
sustento da comunidade e o serviço dos pobres.
2. Na Oração
sobre as oferendas pedimos a Deus que celebremos a Eucaristia com reverência e
que os dons do pão e do vinho sejam dom para a honra de Deus e para a nossa
salvação.
3. Se for
escolhida as Orações Eucarísticas I, II e III, quer admitem troca de Prefácio,
sugerimos o Prefácio dos Domingos do Tempo Comum VII, que focaliza o “amor
gratuito” de Deus para conosco.
4. Solenizar
sempre a Oração Eucarística, a parte mais importante da celebração eucarística.
Quem preside deve ter uma atitude orante e expressiva de identificação como
mistério. A oração presidencial deve brotar do coração. Não pode ser uma simples
leitura do Missal. Lembrar que a Oração Eucarística não é um discurso. Todo o
nosso ser é convidado a subir com Cristo em direção ao Pai.
Ritos finais
1. Na Oração depois
da comunhão, rezamos que sempre devemos desejar o alimento que traz a verdadeira
vida.
3. As palavras
do rito de envio devem estar em consonância com o mistério celebrado: “Sede
perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”. Ide em paz e o Senhor vos
acompanhe!”
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa
comunidade só pode aprender a “não revidar a injúria”, “a oferecer a outra
face”, “a amar o inimigo” até morrer por ele, fazendo seu o gesto d’Aquele que
deu sua vida para que todas as pessoas pudessem viver vida plena, que suportou
a injustiça para que nascesse no mundo uma nova justiça, a justiça de um mundo
do fraterno. Isto é precisamente a celebração da Eucaristia. Aí os cristãos
poderão compreender que se a plenitude da revelação de Deus se exprime na
Palavra: “Deus é Amor”, o último estágio da revelação bíblica do ser humano é o
“sede misericordioso, como vosso Pai é misericordioso”.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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