sábado, 1 de março de 2014

8º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A

02 de março de 2014

Leituras

          Isaias 49,14-15. 
         Salmo 61/62,2-3.6-9ab
         1Coríntios 4,1-5.
         Mateus 6,24-34.

 VÓS NÃO PODEEIS SERVIR A DEUS E AO DINHEIRO


1- PONTO DE PARTIDA

Domingo da busca do Reino de Deus. Devemos concentrar todas as nossas energias e preocupações na busca do Reino de Deus e sua justiça, pois tudo o mais nos vem por acréscimo. Na Eucaristia, sentimos que nosso Deus não nos abandona nem esquece, demonstrando a cada um amor infinito. Podemos, portanto, depositar Nele nossa confiança.

Celebramos em comunhão com as pessoas empenhadas na construção da nova sociedade, fundada nos valores do Reino: partilha solidária, respeito pela cultura, diálogo com o diferente, justiça e paz.

Antífona de entrada: O Senhor é meu apoio, da angústia me livrou; o Senhor é meu amigo e por isso me salvou! (Salmo 17/18,19-20).
           
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

Primeira leitura Isaias 49,14-15. Aos exilados da Babilônia, tomados pelo desânimo e pelo desalento, o profeta Isaias diz esta pequena palavra anunciada neste domingo.

Os dois versículos de Isaias 49 são escolhidos para acompanharem a leitura de Mateus 6,24-34. Ambos os trechos contêm um raciocínio com maior força ou de mais ou menos importante para o mais importante, aplicando-o à relação amorosa de Deus e as pessoas. Em Isaias focaliza-se o sujeito, em Mateus o objeto deste amor. Isaias 49,14-15: mesmo se uma mãe esquecesse o seu filho, Deus jamais esqueceria o Seu povo; Mateus 6: se Deus cuida das plantas e dos animais, quanto mais cuidaria de vocês, Seus filhos. Encontra-se aqui o amor de Deus comparado com o amor de um pai e de uma mãe para com os seus filhos. O texto de Isaias é um triunfo na teologia feminina. O alvo principal do texto é introduzir no povo derrotado, fora da pátria e humilhado, a certeza da fé e a firme esperança de q          eu – apesar dos pesares, apesar da destruição da capital Jerusalém e apesar do exílio para longe da pátria – Deus permanece o Senhor da história e se manifestará de novo como o Santo de Israel, o Poderoso de Jacó, o Redentor e Salvador.

Deus é o Salvador de Seu povo que precisa de libertação e de salvação. O amor que move Deus pode ser comparado como o amor que uma mãe tem para com o filho de suas entranhas. Este amor materno de Deus encontra-se também em Isaias 42,14 e 66,13.

Salmo responsorial – Salmo 61/62,2-3.6-9ab. O Salmo é uma invocação e súplica. O salmista descreve rapidamente sua situação, “dos confins da terra”; seus sentimentos internos. O salmista tem a certeza de ser ouvido. O pedido do rei, referindo-se também à “presença de Deus”.

O salmista canta: “Só em Deus a minha alma tem repouso, porque Dele é que me vem a salvação!” Este é um salmo de confiança individual. Vale a pena confiar em Deus a salvação, refúgio e rochedo, pois Ele resgata a dignidade da pessoa.

O rosto de Deus neste salmo. O rosto de Deus aparece, sobretudo, nos versículos 2-3.6-9 e também nos versículos 12-13. É chamado de rocha, salvação e fortaleza (versículos 3.7), que faz repousar a alma do fiel (versículos 2a. 6a), de onde vem a esperança das pessoas (versículo 6b), tornando-as inabaláveis (versículos 3b. 7b). duas vezes afirma-se que é refúgio (versículos 8.9), capaz de fazer justiça, isto é, defender a fama (versículo 8a) de quem confia nele. O povo pode confiar em Deus em qualquer situação (versículo 9a).

Várias vezes nos evangelhos Jesus ensinou a todos Jesus ensinou a confiar nele e em Deus (João 14,1; 16,33; Marcos 4,40). Não se trata, porém, de confiança inconseqüente (confiar sem fazer nada), mas de confiar fazendo e de caminhar confiando. Quando expressamos em atos nossa confiança, então Deus age e podemos nos surpreender com Sua ação em nós.

O cristão pode rezar este salmo desejando a presença de Deus no templo. Contudo, chegando ao templo terreno, sente uma nova saudade daquele templo celeste, onde se manifesta a face de Deus: ali poderá habitar para sempre junto a Deus, ali terá a herança dos que temem o nome do Senhor Jesus.

Em certo sentido, o cristão repete o que a Carta aos Hebreus diz de Abraão (Hebreus 11,13-16).

Cantando este salmo, invoquemos ao Senhor cheios de confiança, porque só Nele encontramos a segurança da nossa vida

EM DEUS A MINHA ALMA TEM REPOUSO,
SÓ ELE É MEU ROCHEDO E SALVAÇÃO.

Segunda leitura – 1Coríntios 4,1-5. Dos dezesseis capítulos que compõem a Primeira Carta de São Paulo aos coríntios, os quatro primeiro capítulos são dedicados à solução do grave problema das divisões que surgiram naquela comunidade. A Igreja de Corinto se dividira em grupos, uns que se diziam de Paulo, outros de Apolo, outros de Pedro (1Coríntios 1,12).  Surge um grave problema: Os convertidos de Paulo, em vez de considerarem a Deus como o agente primordial da salvação e a Cristo como o fundamento do edifício da vida cristã, agruparam-se em torno das figuras do Evangelho. Estes eram vistos não como instrumentos da graça, mas como agentes de uma atividade salvífica totalmente autônoma, separada de sua fonte, o Cristo Senhor.

Em 1Coríntios 4,1-5, Paulo adverte os destinatários de sua carta contra o juízo temerário sobre os seus guias espirituais. Somente a Deus cabe tal julgamento. Somente a Ele, Senhor comum dos pregadores e dos fiéis, é reservado um juiz soberano e definitivo. É ele quem escolheu os apóstolos a serem servidores de Cristo e administradores de seus mistérios. A Ele apenas, conhecedor dos segredos do coração humano, os encarregados de dispensar tais mistérios deverão prestar, contas: “Quanto a mim pouco me importa ser julgado por vós ou por um tribunal...Quem me julga é o Senhor” (1Coríntios 4,3-4).

Tal verdade, obviamente, não livra os pregadores de uma necessária e constante autocrítica: “Verdade é que a minha consciência de nada me acusa” (1Coríntios 4,4), e “o que se requer dos administradores, é que cada qual seja fiel” (1Coríntios 4,2).

Dessas reflexões de Paulo, segue-se que uma vez que os fiéis não devem julgar os seus ministros, não devem também tomar partido por um ou por outro. Com efeito, quem pode medir a importância de um serviço eclesial? Quem pode julgar a eficiência no plano da salvação de palavras simples ou de um chefe de comunidade aparentemente inapto? Uma homilia simples pode possuir uma eficiência maior do que um discurso magistral. Um simples Cura D’Ars pode ter feito mais pelo crescimento do Reino de Deus do que um Jean Paul Sartre, um Rousseau.

Evangelho – Mateus 6,24-34. Em grande parte este passo do Sermão da Montanha (Mateus capítulos de 5 a 7) tem seus paralelos em Lucas, no Sermão da Planície (Lucas 6,17-49). Podemos ler em Mateus 6,24-34 como um comentário da primeira, quarta e oitava bem-aventurança. Primeira: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu”. Quarta: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”. Oitava: “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu”.

Em Mateus 6,24 o discípulo de Jesus é colocado diante da alternativa bem clara: Deus ou as posses. E, Mateus 6,33 espera-se do cristão uma não menos clara opção em favor do Reino e da Justiça do Pai co céu. Aos ricos, Jesus colocou, diante da alternativa: ou Deus ou as posses; aos pobres Ele pregou, porém, a primazia do Reino e da Justiça do Pai celeste sobre os cuidados terrenos. A personificação da posse, que dá poder absoluto sobre a pessoa humana, é produto da febril fantasia daqueles mesmos que perseguem as posses como algo absoluto. Nessas pessoas, a posse ocupa o lugar de Deus como fonte de vida e felicidade e como sumo bem.

Originalmente estas parábolas seriam destinadas aos pobres. Eles correm o perigo de serem tão absorvidos pelas preocupações pelo mínimo necessário que se esquecem de Deus, pelo motivo oposto. Em nome de Deus Jesus vem oferecer a ricos e pobres o Reino e a Justiça de Deus-Pai.

O Evangelho fornece uma mensagem única: sejamos embora ricos ou pobres, nossa vida se acha orientada para o Reino dos Céus, e esta orientação não pode ser anulada por exigências ou preocupações que venham a eliminar esta opção fundamental na vida cristã.

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

Jesus lembra a todos nós que o discipulado é opção, acima de tudo, por Deus e pelo seu Reino. O dinheiro iníquo é rival irreconciliável com o Deus verdadeiro, que é doador generoso. Jesus quer ver os seus seguidores livres da preocupação excessiva com comida e roupa. Eles são convidados a olharem os pássaros do céu e os lírios do campo e perceberem o cuidado de Deus com a sua criação, e, mais ainda, com o ser humano. Com isso, Jesus não está orientando a desocupação nem a despreocupação, mas apenas acertando a “pré-ocupação”, aquilo que precede a toda ocupação. Pois, se a pré-ocupação não está bem certa, as nossas ocupações são todas elas em vão. Inventamos muitas preocupações mal aplicadas (em dinheiro, comida, bebida, vestuário, carro, apartamento, etc.).  A cobiça está profundamente ligada à ansiedade e leva a pessoa a ser possuída por seus bens, mais do que a possuí-los. O que está em jogo é a concentração nos valores do Reino e a confiança em Deus.

Comer e beber deveriam ser ocupações tão naturais, que não precisaríamos fazer delas uma pré-ocupação, algo que predisse a todas as nossas ações. Não devemos criar problemas antecipado com relação a tudo isso, porque cada dia já traz ocupação que chega.

Vivemos num mundo em que, cada vez mais, consumir parece ser a meta fundamental para ser feliz. A pessoa fica dividida entre o seu desejo mais profundo a as “coisas” que o mercado oferece. Há uma profunda relação entre a procura do Reino e o desapego das preocupações consumistas que a sociedade nos impõe pela propaganda e pela ideologia individualista. Esse apelo nada tem a ver com o desencanto pela vida e pelas coisas que ela oferece. Jesus nos ensina a mudar o objetivo da preocupação e colocar o Reino como valor absoluto.

Na assembléia litúrgica, expressamos essa opção fundamental por Deus e pelo seu Reino e recebemos o seu carinho na Palavra que nos orienta e na mesa que sacia a nossa sede e fome de amor e de felicidade.

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

O Senhor é nosso apoio

A antífona de entrada traz o Salmo 17: “O Senhor se tornou meu apoio”. O tom de toda a celebração é dado por este refrão, lembrando que aos fiéis basta a confiança na mão de Deus que retira os seus da morte. Harmonicamente, todos os textos da Liturgia da Palavra coincidem nesse ponto. A eucologia, por sua vez vai um pouco além, interpretando a Escritura na insistência de que a confiança em Deus se desdobra numa vida de paz (cf. oração do Dia). Assim, para os fiéis, a maior riqueza advém desta mesma confiança de que Deus cuida dos seus e lhes cumula de bens (cf. Oração sobre as oferendas). No fim das contas, viver na terra – o que engloba as relações de posse e administração – configura-se sinal do que é do céu. (cf. Oração depois da comunhão). A conclusão de São Paulo é perfeita: “Que todo mundo se considere como servidores de Cristo e administradores do mistério de Deus”. (II Leitura).
Buscar o Reinado de Deus

A Liturgia celebrada tem por finalidade gerar a confiança fundamental do fiel em Deus, de modo que subordinando-lhe a existência, torne-se no mundo um sinal de seu amor e sua bondade que são faces da salvação que o povo espera (cf. Salmo Responsorial). Deus vem em socorro de todos os mortais com a sua divindade, reza o Prefácio do Tempo Comum III e nisto consiste sua glória, isto é, Deus se mostra à sua criação para auxiliá-la a perseverar nos caminhos da vida e chegar àquela condição de imagem e semelhança com a qual nasceu. De sua parte (da criação), resta o conforto de aninhar-se no colo divino, regozijando-se por suas carícias que humanizam, pois livram da morte. (cf. Prefácio TC III). Deitar-se no colo de alguém, além de intimidade, conota confiança e esperança. É, portanto, uma boa metáfora oferecida pela liturgia deste domingo.

5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

Na assembléia litúrgica, reunida em nome do Senhor, expressamos nossa opção fundamental pela Trindade a fonte da unidade e recebemos seu amo na Palavra proclamada que nos conduz e na mesa que o Senhor com seu Corpo e sangue nos sacia.

A Eucaristia nos leva à justiça do Reino para que possamos lutar contra a injustiça que desfigura a vida de tantos irmãos e irmãs que clamam por justiça e paz. Participar da Eucaristia é comprometer-se com a prática do amor solidário para que todos tenham “vida e vida em abundância” (João 10,10).

A Eucaristia é o momento em que os discípulos missionários do Senhor Jesus renovam sua confiança no Deus da vida e amadurecem na esperança de dias melhores onde todos possam ter esperança de uma sociedade fraterna.

É, na Eucaristia, Pão Vivo descido do céu, que encontramos força para seguir na caminhada pascal, para eliminar da sociedade todas as forças da morte e assim testemunhamos o Pai que está no céu, mas que quer a justiça na terra. 

6- ORIENTAÇÕES GERAIS

1. Uma boa preparação da celebração inicia com um momento de concentração e oração, com abertura sincera à ação do Espírito Santo. É ele que move os corações e realiza as maravilhas do Pai em nossa vida.

2. Antes da celebração, evitar a correria e agitação da equipe litúrgica e a equipe de canto, com afinação de instrumentos e testes de microfone. Tudo isso deve ser feito antes. A equipe de canto não deve ficar fazendo apresentação de cantos para entretenimento da assembléia. É importante criar um clima de silêncio.

3. A acolhida afetiva e fraterna de todas as pessoas que chegarem para tomar parte na celebração comunitária;


5. A proclamação das leituras e das orações seja feita com “unção e solenidade”, pois são diálogo e encontro com o Senhor, santo e justo, que nos imanta com sua ternura e santidade.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo do Tempo Comum, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do 8º Domingo do Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. Jamais os cantos devem ser escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um movimento ou de uma pastoral. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.

O canto de abertura é a primeira expressão de alegria dos irmãos e irmãs que se reencontram. A liturgia é celebrada por um povo, o povo de Deus; cada um e todos participam à medida que desempenham sua função. Compete à assembléia manifestar alegrias pelo canto de abertura. A equipe de canto poderá ajudar a sustentar o canto do povo. Escolher um canto que introduza a assembléia no mistério da liturgia do tempo e da festa. Não se deve escolher cantos de cunho individualista para satisfazer a espiritualidade de movimentos.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão gravados nos CD: Liturgia VI e CD: Cantos de Abertura e Comunhão.

O canto de abertura não é para acolher o presidente da celebração nem os ministros. Ele tem a finalidade de congregar a assembléia para participar da ação litúrgica. Nunca dizer vamos acolher o presidente da celebração e seus ministros com o canto de abertura.

1. Canto de abertura.  O Senhor é o meu protetor (Salmo 17/18,19-20). Para o canto de abertura, sugerimos este Salmo. “O Senhor é meu apoio, da angústia me livrou”, CD: Liturgia VI, melodia da faixa 8, exceto o refrão e estrofes do Salmo 31/30. Outra ótima opção seria entoar que somos povo eleito para ser sinal de Salvação: “Ó Pai, somos nós o povo eleito”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 1. Como canto de abertura não podemos deixar de entoar um desses cantos que nos introduzem no mistério a ser celebrado.

2. Ato penitencial. Sugerimos que o Ato Penitencial seja a fórmula 5 da página 394 do Missal Romano, onde contemplamos o Senhor como a plenitude da verdade e da graça.

3. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas, Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria e outros compositores.

O Hino de Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia.

4. Salmo responsorial 61/62. Só em Deus repousa a minha alma.. “Só em Deus a minha alma tem repouso, só Ele é meu rochedo e salvação em Deus”, CD: Liturgia VI, melodia da faixa 11.

O salmo responsorial, ao mesmo tempo resposta da Igreja e proclamação da Palavra, tomou importância na reforma litúrgica. Trata-se do texto colocado após a primeira leitura bíblica e retirado da própria Sagrada Escritura, isto é, um salmo. Por ser Palavra de Deus deve ser cantado da Mesa da Palavra.

5. Aclamação ao Evangelho. “Palavra viva e eficaz de Deus” (Hebreus 4,12) “Aleluia... A Palavra do Senhor é viva e eficaz” CD Liturgia VI, mesma melodia da faixa 10. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical, página 260.

Diferente do salmo responsorial é a aclamação ao Evangelho. É conveniente que um breve silêncio seja feito após o salmo, enquanto o diácono (ou presbítero) se prepara para anunciar o santo Evangelho. A seguir todos se colocam de pé, em sinal de disponibilidade para o seguimento da mensagem de vida, e cantem o “Aleluia e a aclamação” que se caracteriza por ser um canto processional, isto é, acompanha a procissão com o Evangeliário.

6. Canto após a homilia. Depois de uns momentos de silêncio que segue a homilia, a assembléia pode entoar o canto “Não sei se descobriste a encantadora luz”, Hinário Litúrgico III da CNBB, pag. 314.

7. Apresentação dos dons.  Neste domingo seria oportuno entoar o Salmo 115, “A vós, Senhor apresentamos estes dons: o pão e o vinho, aleluia!”, CD: Liturgia VI, melodia da faixa 9.

8. O canto do Santo. Um lembrete importante: para o canto do Santo, se for o caso, sempre anunciá-lo antes do diálogo inicial da Oração Eucarística. Nunca quando o presidente da celebração termina o Prefácio convidando a cantar. Se o (a) comentarista comunica neste momento o número do canto no livro, quebra todo o ritmo e a beleza da ligação imediata do Prefácio como o canto do Santo.

9. Canto de comunhão. “Olhai como crescem os lírios do campo...” (Mateus 5,26.33). “Olhai  para os lírios, olhai para as aves”, CD: Liturgia VI, mesma melodia da faixa 7. Sem dúvida, este é o canto de comunhão mais adequado pra esse domingo. Outra ótima opção para o canto de comunhão neste 8º Domingo do Tempo Comum, sugerimos Efésios 1,3-10: “Bendito seja Deus, Pai do Senhor, Jesus Cristo, Por Cristo nos brindou todas as bênçãos do Espírito”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 17 e também está no Ofício Divino das Comunidades página 254. Uma terceira opção é o canto “Bom é louvar o Senhor nosso Deus”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 23. Estes cantos retomam o Evangelho na comunhão de maneira autentica. Veja orientação abaixo.

O fato de a Antífona da Comunhão, em geral, retomar um texto do Evangelho do dia revela a profunda unidade entre a Liturgia da Palavra e a Liturgia, Eucarística e evidencia que a participação na Ceia do Senhor, mediante a Comunhão, implica um compromisso de realizar, no dia-a-dia da vida, aquela mesma entrega do Corpo e do Sangue de Cristo, oferecidos uma vez por todas (Hebreus 7,27).

10. Desafio para os instrumentistas. É transformar as ondas sonoras do violão, do teclado e dos outros instrumentos na voz de Deus, isto é, em sintonia com o coração de Deus. Muitas vezes os instrumentistas acham que para agradar a Deus e o povo é preciso barulho e agitação. É preciso uma conscientização maior dos instrumentistas de que Deus não gosta do barulho. Assim fala o Senhor: “Afasta de mim o barulho de teus cantos, eu não posso ouvir o som de tuas harpas” (Amós 5,23). Deus gosta da brisa leve, da serenidade, da mansidão, do silêncio... Veja o exemplo da experiência que o profeta Elias fez de Deus na “brisa suave” e não na agitação do furacão, nem do terremoto e nem do fogo (1Reis 19,11-13). É preciso muito cuidado com os instrumentos de percussão. As equipes de canto e as bandas barulhentas, não expressam aquilo que Deus é, mas aquilo que os músicos são. “O barulho não faz bem, o bem não faz barulho” (São José Marello).

8- ESPAÇO CELEBRATIVO

1. Preparar bem o espaço celebrativo, dando destaque ao que é essencial: ao Altar, à Mesa da Palavra, à cadeira do presidente e dos ministros e acólitos e ao espaço pra a assembléia. Destacar a cor verde também na Mesa da Palavra.

2. Os castiçais com as velas, a cruz processional, as flores sejam preferivelmente colocados ao lado, deixando a mesa livre para que apareçam os sinais sacramentais do pão e do vinho. A toalha, caindo somente nas laterais, sem esconder totalmente a frente do altar, pode ser colocada para a celebração da Eucaristia, dando ênfase ao banquete que o Senhor nos prepara. Durante o dia, o altar pode permanecer desnudo ou com um ‘trilho’ na cor litúrgica do tempo” (Guia Litúrgico Pastoral, páginas 105-106).

3. “Os detalhes merecem cuidado especial, pois nunca devem se sobrepor ao essencial. As flores por exemplo, não são mais importantes que o altar, o ambão e outros lugares simbólicos. Nem a toalha é mais importante que o altar. Os excessos desvalorizam os sinais principais. A sobriedade da decoração favorece a concentração no mistério celebrado” (Guia Litúrgico Pastoral, página 110).

9. AÇÃO RITUAL

A liturgia celebrada neste domingo constrói em nós a confiança e a esperança. Somos criaturas de Deus permanentemente necessitados de seu auxílio e de sua companhia, porque nascemos exatamente para o seu louvor, que não é bajulação à divindade à espreita de benefícios, mas uma amizade que nos aproxima de seus planos de amor.

Ritos Iniciais

1. A celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a assembléia no Mistério celebrado.

2. É importante que não se diga nenhuma palavra antes da saudação: nem “Bom dia ou “Boa noite”, nem comentários ou introduções! Bom dia e boa noite não é saudação litúrgica. Primeiro devemos saudar a Trindade.

3. Após a saudação presidencial e antes do sentido litúrgico, o animador, ou o próprio presidente convida a todos para a recordação da vida. Trazemos a vida na celebração porque acreditamos que Deus age na história. Trazer os fatos de maneira orante e não como noticiário.

4. Sugerimos na saudação inicial, a fórmula “c”, do Missal Romano que são as palavras conforme a 2Ts 3,5:

O Senhor, que encaminha os nossos corações para o amor de Deus e a constância de Cristo, esteja sempre convosco.

5. Em seguida, dar o sentido litúrgico da celebração. O Missal deixa claro que o sentido litúrgico da celebração pode ser feito pelo presidente, pelo diácono um leigo/a devidamente preparado (Missal Romano página 390). Em seguida propõe o sentido litúrgico:

Domingo da busca do Reino. Recebemos de Jesus o mandamento de concentrar as nossas energias na busca do Reino de Deus e sua justiça e de estarmos totalmente disponíveis para Ele.

6. O Ato Penitencial na missa pode ser concebido como uma atitude de confiança e esperança na misericórdia do Senhor que socorre os seus na sua fraqueza e limitação. O amor visceral do Senhor (misericórdia, segundo Lucas 1,78) nos alcança. Essa é a experiência da piedade divina. Lembrando-nos que piedade é a tradução de “pietas” que em latim traduz o grego “eleos”, palavra conservada ainda no Kyrie “eleison”, significando o carinho de Deus para com suas criaturas e a confiança dessas em sossegar-se em seu aconchego.

7. Sugerimos que o Ato Penitencial seja a fórmula 5 da página 394 do Missal Romano, onde contemplamos o Senhor como a plenitude da verdade e da graça.

8. Na Oração do Dia suplicamos a Deus que a Igreja atue alegre e tranqüila e peçamos a “paz” para melhor lhe servirmos, para não estarmos divididos entre dois senhores.

Rito da Palavra
1. Inspirados no versículo da Aclamação ao Evangelho pode-se entoar como refrão de abertura da Liturgia da Palavra o refrão “A vossa Palavra, Senhor, é sinal de interesse por nós”, seguido da estrofe: “É feliz quem escuta a Palavra e a guarda em seu coração”.

2. Antes de ler, é preciso primeiro mergulhar na Luz Palavra, rezar a Palavra. Pois “na liturgia da Palavra, Cristo está realmente presente e atuante no Espírito Santo. Daí decorre a exigência para os leitores, ainda mais para quem proclama o Evangelho, de ter uma atitude espiritual de quem está sendo porta-voz de Deus que fala ao seu povo”.

3. Após o evangelho, seria sugestivo um gesto simbólico próprio da religiosidade popular que é o acendimento de velas diante de uma imagem ou ícone, revelando a confiança do povo simples nas intervenções de Deus. Conforme solicita o Documento do magistério sobre a Religiosidade popular e da necessidade de a liturgia iluminar suas práticas, seria construtivo à fé do povo, que após o Evangelho, para manifestar a confiança no Senhor, as pessoas se dirigissem em procissão até o lugar onde o Evangeliário estiver ornamentado (pode-se colocar o Círio Pascal aceso ao seu lado ou outra vela), acendessem suas velas e as depositassem aos pés do Evangeliário, em um recipiente preparado para este fim. Enquanto isso canta-se um canto de confiança em Deus.

Rito da Eucaristia

1. Seria muito oportuno cantar durante a procissão das oferendas o Salmo 115: “A vós, Senhor, apresentamos estes dons, o pão e o vinho, Aleluia”, CD: Liturgia VI, melodia da faixa 9). 

2. Na Oração sobre as oferendas pedimos a Deus que aceite a nossa oferta como um simples gesto de amor, assim nossos dons frutifiquem em premio eterno.

3. A Oração Eucarística, momento da grande ação de graças e significativo proclamá-la com calma, com alegria e com o coração. A equipe de liturgia com o ministro presidente escolham a Oração eucarística e os responsáveis pelo canto preparem-se para cantar, com dignidade, as aclamações;

4. Se for escolhida as Orações Eucarísticas I, II e III, quer admitem troca de Prefácio, sugerimos que seja cantado o Prefácio dos Domingos do Tempo Comum III, onde se diz que Deus vem em auxílio à nossa fraqueza com a sua divindade. Pode ser também o Prefácio dos Domingos do Tempo Comum V que diz que Deus confiou ao homem todos os dons da criação.

5. Solenizar sempre a Oração Eucarística, a parte mais importante da celebração eucarística. Quem preside deve ter uma atitude orante e expressiva de identificação como mistério. A oração presidencial deve brotar do coração. Não pode ser uma simples leitura do Missal. Lembrar que a Oração Eucarística não é um discurso. Todo o nosso ser é convidado a subir com Cristo em direção ao Pai.

6. Valorizar o rito da fração do Pão, devidamente acompanhado pela assembléia com o canto profundamente contemplativo e orante do Cordeiro de Deus. O canto do Cordeiro de Deus, deve ser entoado por um(a) solista para não perder o seu caráter de Ladainha.

Ritos finais

1. Na Oração depois da comunhão lembramos, na Eucaristia, de que Cristo nos alimenta, na terra, como antecipação do carinho que nos quer dispensar na eternidade.

2. A Oração sobre o povo n. 2, pode ser muito oportuna para finalizar a celebração. Este texto eucológico ressalta os cuidados de Deus para co a criação e suplica para que a criação confiante esteja a seu serviço.

3. As palavras do rito de envio devem estar em consonância com o mistério celebrado: “Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Ide em paz e o Senhor vos acompanhe!”

4. É comum além, de entrar em procissão no início da celebração guiados pela cruz, também retirar-se do espaço sagrado em procissão, igualmente guiados pela cruz.

10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se não nos arriscarmos, guiados por esta fé, fidelidade e confiança, corremos o grave perigo de ficarmos parados em uma vida sem graça que não agrada a nós e menos ainda a Deus e os irmãos

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos

Pe. Benedito Mazeti

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