A celebração da Quarta-feira de
Cinzas tece início a partir do final do século V e então começa a fazer da
Quaresma. No começo só os penitentes recebiam as cinzas na quarta-feira, só
mais tarde é que foi estendida a todos os cristãos.
Com a Quarta-feira de cinzas,
inicia a Quaresma. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove a
Campanha da fraternidade, desde o ano de 1964, como itinerário evangelizador
para viver intensamente o Tempo da Quaresma. A Igreja propõe como tema da
Campanha deste ano: Tráfico Humano e Fraternidade e com o lema é inspirado na
Carta aos Gálatas: “É para a liberdade que Cristo nos libertou”, (Gálatas 5,1).
As cinzas que pobremente
recebemos em nossas cabeças, lembram a necessidade de conversão e de fé no
Evangelho e a nossa condição humana que é transitória e abre a porta de entrada
para o caminho da Quaresma que nos prepara para a Páscoa da Ressurreição.
Recebendo as cinzas, reconheçamos que somos pó e pó voltaremos a ser, mas não
reduzidos a pó A fé em Jesus ressuscitado faz com que a vida renasça das
cinzas. A Quarta-Feira de Cinzas, porta de entrada da Quaresma, começa
denunciando as deficiências graves do nosso mundo: a falta de coração puro.
Do ponto de vista físico, sabemos
que as cinzas são o produto destruído da combustão das coisas vivas. A vida
está presente nas plantas, com a morte e a combustão, tornam-se cinzas, símbolo
de aniquilamento e de morte. As cinzas representam também a escuridão, pois
elas estão presentes no apagamento da luz do fogo. Esse símbolo trágico é
assumido pela Igreja, para manifestar a realidade do ser humano quando falta a
presença de Deus em sua vida. Nos povos primitivos, as cinzas representam a
combustão da vida, a passagem ao reino dos mortos. No livro de Jó (42,6),
simbolizam o sofrimento, o luto e o remorso. No Cristianismo, tem a função
pedagógica de perceber a fragilidade humana e converter os fiéis à penitência e
à conversão de vida. A sacralização das cinzas, colocadas em forma de cruz, une
os fiéis aos ritos de passagem e purificação pelo fogo vivo do Espírito Santo.
A imposição das cinzas é um rito
antigo, mas não é antiquado e encerra uma mensagem espiritual. Não é somente um
símbolo do nosso aniquilamento, e menos ainda um gesto doentio e masoquista. É
também, e sobretudo, um sinal de começo de vida e renovação.
A cinza desta quarta-feira é a
cinza da ressurreição. Deus é capaz de tirar a vida da morte e ressurreição das
cinzas, como brota a planta de um grão que morre na terra. Receber as cinzas na
quarta-feira significa inscrever-se na escola de conversão que a Igreja
inaugura no tempo da Quaresma. Não significa bênção, proteção ou algo mágico.
É importante observar que a
Quarta-Feira de Cinzas não poderá reduzir-se a um simples rito de distribuir as
cinzas, mas deve tomar um cunho de entrada na Quaresma que poderá ser um
encaminhamento para uma celebração penitencial a ser realizada sacramentalmente
em tempo oportuno. Seria como que uma marca bem forte, um selo que inaugura a
Quaresma.
A espiritualidade quaresmal é
caracterizada também por uma atenção profunda e prolongada da Palavra de Deus.
É esta Palavra que ilumina a vida e chama à conversão, derramando em nós
confiança na misericórdia de Deus.
É preciso urgentemente fazer da
Quaresma um tempo favorável de avaliação de nossas opções de vida e linhas de
trabalho, para corrigir os erros e aprofundar a vivência da fé, abrindo-nos a
Deus, aos outros e realizando ações concretas de fraternidade e solidariedade.
Pe. Benedito Mazeti
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