quinta-feira, 17 de abril de 2014

SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR - ANO A

18 de abril de 2014

Leituras

     Isaías 52,13-53,12
     Salmo 30/31,2.6.12-13.16-17.25
     Hebreus 4,14-16; 5,7-9
     João 18,1—19,42


“TODO AQUELE QUE É DA VERDADE ESCUTA A MINHA VOZ”


1- PONTO DE PARTIDA

Sexta-Feira Santa da Paixão do Senhor. O dia de hoje é especialmente sagrado para toda a Igreja e para o povo brasileiro; talvez, o dia mais sagrado do ano. O dia da Paixão e Morte do Senhor. O dia em que o próprio Filho de Deus, nascido de Maria como Servo de todos, teve a coragem de morrer por nós. O dia em que Jesus nos mostra de que jeito Ele é Rei e Rei Universal. O dia em que Jesus apresenta-se como Sacerdote único e único Mediador entre Deus e a humanidade.

Dia de silêncio, para todos poderem ouvir atentamente a voz do maior exemplo de Amor que jamais o ser humano presenciou. No meio deste silêncio, ouvimos a Palavra de Deus que nos apresenta de maneira sintética tudo o que Jesus é para a humanidade e para toda a criação: servo, Rei, Sacerdote único.

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

Primeira leitura – Isaias 52,13-53,12. Ele foi ferido por causa de nossos pecados. O texto da primeira leitura relata o quarto canto do Servo sofredor de Javé. Muito provavelmente refere-se ao povo sofredor dos tempos do exílio babilônico. A tradição cristã, porém, liga-o à paixão Jesus de Nazaré. Conforme Mesters, esse quarto cântico é uma profecia: fala do futuro como se já tivesse chegado. Nele se descreve o resultado da missão do Servo, que deve orientar toda a sua luta, desde o primeiro passo. O resultado será este: os opressores, convertidos pelo testemunho do Servo, vão reconhecer sua culpa (Is 53.6); vão reconhecer que o sofrimento do povo, do Servo, foi causado por eles (Is 53,4), e que eles próprios foram salvos, libertos e curados por este mesmo povo (Is 53,5). Assim, a vitória final será a conversão dos opressores, obtida pelo testemunho teimoso e fiel do Servo. É uma confissão pública e coletiva dos culpados pelo sofrimento do povo (Is 53,1-12).

A descrição que se faz do Servo segue as várias fases da vida: sua origem humilde (versículo 2), seu sofrimento expiador (versículos 3-7), seu julgamento e morte injustas (versículo 8 e sua sepultura. Seguindo os mesmos passos a Igreja confessa no Credo (Profissão de fé) sua fé em Cristo: nasceu, sofreu, morreu e foi sepultado. O Credo continua com a afirmação da ressurreição, elemento que parece também estar afirmando em nosso poema.

Diante dos dados biográficos torna-se mais aguda a questão da identidade do Servo. É um indivíduo, ou seria a coletividade de Israel? Se fosse indivíduo seria Moisés, Jô, Isaias, Dêutero-Isaias, Jeremias, Joaquim, Zorobabel ou o Messias futuro? Todas estas propostas já foram feitas, sem acordo da maioria dos exegetas. O Servo neste e nos três primeiros cânticos (Isaias 42,19; 49,1-6; 50,4-9) apresenta traços de rei, de profeta, de Israel ou de um homem justos. Na identificação do Servo todos estes elementos devem ser valorizados em conjunto. Parece que não se deve insistir numa interpretação que queira se fixar em um desses elementos com exclusão de outros, ou que veja no Servo ou um indivíduo ou uma coletividade. Na mentalidade semita existe uma oscilação entre as nações de indivíduo e de coletividade. Existe a assim chamada personalidade incorporante em que um grupo é representado por um indivíduo (cf. Gênesis 3,15; Deuteronômio 18,15-22; 2Samuel 7,12-16, etc.). Em nosso caso o profeta parece ver no sofrimento de uma determinada pessoa (Jeremias?) o destino expiatório do povo de Israel no exílio. O Servo, pelo sofrimento vicário, torna-se mediador da salvação não só de Israel, mas de todas as nações.

Salmo responsorial 30/31, 2.6.12-13.15-17.25. O Salmo apresenta uma forma clássica da súplica: pedidos apoiados na situação de que, ora e nas qualidades de Deus. No versículo 6 há a expressão de confiança em Deus: é uma relação pessoal.Como motivação da súplica, o salmista descreve intensamente a situação desgraçada em que se encontra: as dores e as penas pessoais, os sofrimentos sociais. A súplica repete seus temas e volta-se contra os inimigos injustos (versículo 17).

As últimas palavras de Cristo em sua vida terrestre (Lucas 23,46) são uma citação do versículo 6. Pronunciadas por Cristo, as palavras do Salmo alcançam sua plenitude de sentido: o abandono, o sofrimento, a confiança, a libertação. A partir dessa experiência, Cristo também convida os cristãos ao amor e à esperança, abrindo acesso ao “asilo” de Deus, revelando “a maravilha do seu amor”.

O rosto de Deus no Salmo 30/31. Mais uma vez, Deus é visto e sentido como aliado fiel que não falha no momento difícil. Porque essa pessoa tem tanta confiança s clama? Porque sabe que, no passado, Deus ouviu o clamor dos hebreus, solidarizou-se, desceu e libertou da rede de morte que o Faraó armou contra eles. É o aliado que faz justiça (versículo 2).

No Novo Testamento Jesus foi tudo isso para os sofredores e excluídos: doentes, leprosos, mortos, pessoas que precisavam ser resgatadas em sua dignidade. Além disso, de acordo com Lucas, este salmo é um retrato do próprio Jesus, vítima das tramas e das intrigas dos poderosos. Abandonado por todos, entrega seu espírito ao Pai, colocando Nele toda a sua confiança.

 Neste Salmo pressionado a viver “como todo mundo”, diante de muito sofrimento vindo dos opressores, o salmista apóia-se no Deus da Justiça que se colocará ao lado do justo em sua luta. É um salmo de lamentação e confiança. Espelha a atitude de Jesus em sua paixão.

Com Jesus a caminho do Calvário, entreguemo-nos nas mãos do Pai e apresentemos a Ele o grito de todos os condenados à morte e de todos os perseguidos por causa da justiça e do amor.

EU ME ENTREGO SENHOR EM TUAS MÃOS,
E ESPERO PELA TUA SALVAÇÃO.

   Segunda Leitura – Hebreus 4,14-16;5,7-9.  Na carta aos Hebreus, o autor destaca que nosso Sumo Sacerdote Jesus foi provado em todas as coisas, menos no pecado. Ele viveu em profundidade a condição humana, até sua paixão e morte. Deus o escutou por causa dessa sua obediência através do sofrimento. Por isso se tornou fonte de salvação para todos nós.

O verdadeiro sumo sacerdote não é aquele que oficia no Santo dos Santos, mas Jesus Cristo que oficiou uma vez por todas sobre a Crus, e o verdadeiro sacrifício não é mais o dos touros ou bodes, no Templo de Jerusalém, mas o conteúdo da vida humana oferecido por Cristo e a comunidade dos cristãos.

Sendo Filho de Deus, sentado à direita do Pai, é também perfeitamente representativo do mundo divino (Hebreus 5,1). Participante da humanidade e da divindade, Cristo, portanto, é mediador perfeito.

Não é do alto de sua divindade que Cristo realiza seu sacerdócio, mas com tudo aquilo que sua humanidade lhe traz. Mais ainda: é através desta humanidade fraca, agora transfigurada, que Cristo realiza, para nosso proveito, o seu sacerdócio. E, se Ele pode transformar assim a fraqueza de sua humanidade, por que os fiéis, por sua vez, não gozariam deste privilégio?

Não basta que Cristo seja acolhedor e bom! É preciso ainda que Ele seja capaz de reconciliar a humanidade com Deus e que, assim, realize um ministério tipicamente sacerdotal e sacrifical (Hebreus 5,1). De fato, o sacrifício é o sinal da comunhão entre Deus e a humanidade e apenas aquele que está acreditado junto a um e a outro pode realizá-lo. Este sacrifício só poderá ser perfeito se a vítima  participar dos dois mundos, oferecendo toda a sua humanidade sob o impulso do Espírito de Deus. Aí está o que faz o sacerdócio e do sacrifício de Cristo um ato tão único e tão decisivo, ao qual os fiéis podem associar em sua vida e pela Eucaristia (Romanos 12,1; Hebreus 13,10-15; 1Pedro 2,5).

Assim, o sacerdócio de Cristo coincide com sua entrada na glória (versículos 5-6); trata-se de um sacerdócio eterno que consiste em fazer passar para a vida divina todas as pessoas que se colocam sob sua influência.

Seu sacerdócio não consiste em ter feito algo que nenhum outro podia fazer, mas aquilo que “todos os que O obedecem” (Hebreus 5,9) com Ele e através d’Ele podem fazer. Ele foi tentado em tudo como nós. Isto quer dizer que Ele experimentou a precariedade, a ambigüidade e a ambivalência de muitas situações humanas, que exigem uma opção e uma decisão. Ele experimentou também a sedução do sucesso fácil e a tentação de se contentar com o menos bom. Viu-se colocado diante dos mesmos riscos com que nós nos defrontamos sem cessar e que pertencem à condição humana.

Ele compartilhou em tudo isso, não para nos livrar da tentação, mas para que fôssemos capazes de vencê-la. Na Sua agonia Ele suplicou e chorou como nós choramos quando estamos ao fim de nossas forças, quando resistência  cai em pedaços ou quando perdemos a esperança. Quando uma pessoa chora? Quando não mais consegue controlar-se, quando entrega os pontos, quando é esbanjado pela felicidade ou pela tristeza.

Jesus chorou, não para que nós não mais precisássemos chorar, mas porque chorar pertence à condição humana. Ele morreu por nós, não para que nós não mais precisássemos morrer, para que soubéssemos morrer Nele.

Na Sexta-Feira Santa também o sacerdócio entra em crise, como o mundo inteiro. Por isto tem sentido não se celebrar a Eucaristia neste dia. Celebra-se apenas uma liturgia da Palavra.

Evangelho – João 18,1-19,42. O Evangelho de João, que acabamos de proclamar, escrito à luz da ressurreição de Jesus e depois de uma longa caminhada já percorrida pelas comunidades, nos apresenta, a seu modo, o sofrimento por que passou Jesus para chegar à glória e à salvação de todos que Nele crêem e apostam.

O Messias sofredor já era anunciado pelo profeta Isaias, num emocionante poema chamado “quarto poema do Servo de Javé”. Fala de “um servo de Deus que enfrenta conscientemente a dor e a rejeição até a morte e acaba sendo glorificado por causa disso. No entanto, “por esta vida de sofrimento, ele alcançara luz e ciência perfeita” (Isaias 53,11), diz o poema, inúmeras pessoas serão justificadas e perdoadas dos pecados cometidos. Muitos ainda hoje se assustam com um Messias sofredor. Não podemos esquecer que o livro judeu dos Jubileus, quase contemporâneo dos evangelhos, já anunciava que o Messias esperado por ocasião da festa das Tendas seria um Messias sofredor.

Em um jardim, Jesus é preso e algemado. Depois, diante das supremas autoridades religiosas e do governador, sob aplausos e incentivo do povo, é submetido a interrogatório e injustamente condenado a morrer pregado numa cruz. Mesmo inocente, é entregue à sombra dos violentos e flagelado, coroado de espinhos, desprezado, humilhado, esbofeteado, pregado numa cruz. Só porque se diz Filho de Deus. Na Bíblia dizer que é Filho de Deus significa ser igual a Deus, isto é, que é Deus mesmo (João 5,18-20). Porque se aceita como Rei e o confirma diante do governador, torna-se motivo de sádico escárnio. Eis o que Jesus tem de assumir e suportar, diante do poder opressor dos sumos sacerdotes, da política covarde do governador romano e do ódio inclemente da multidão. Pregado na cruz, com sua mãe e o discípulo amado a seus pés, Ele os entrega um ao outro como mãe e filho. De repente, um grito: “Tenho sede”. Chegando a suprema hora, pronuncia as últimas palavras: “Tudo está consumado” e, “inclinando a cabeça, entregou o espírito”. Do lado de seu corpo já sem vida, atravessado por uma lança, saem sangue e água.

Do supremo ato de amor de Jesus na cruz, nasce a Igreja; do seu coração aberto pela lança, brotam os sacramentos pascais: batismo (água) e eucaristia (sangue). Enfim, alguns discípulos de Jesus preparam um sepultamento digno ao Mestre, num jardim, como direito a muito perfume. “Chegou também Nicodemos, o mesmo que antes tinha ido a noite encontrar-se com Jesus. Levou uns trinta quilos de perfume feito de mirra e aloés. Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os aromas, em faixas de linho, como os judeus costumavam sepultar” (João 19, 39-40).

O Evangelho destaca ainda que Jesus é o cordeiro de Deus. João faz coincidir a morte de Jesus com a imolação dos cordeiros para a Páscoa judaica, querendo dizer que o verdadeiro cordeiro é Cristo, que com seu sangue redime a humanidade do pecado.

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
           
É significativo que o Evangelho de João sobre a Paixão de Jesus comece num jardim e termine num jardim (cf. 18,1; 19,41). É uma referência ao jardim do Éden! “Onde o ser humano não soube se portar de forma humana autêntica, Jesus ensina o de possuir a vida: dando-se gratuitamente em favor dos outros. Diante de Jesus as pessoas têm duas opções: ou O reconhecem e se comprometem com Ele, ou acabam aderindo ao sistema injusto que O rejeitou e condenou, perdendo assim a chance de ter a vida. A hora de Jesus chegou. A hora em que, na sua morte, conclui sua obra em favor da humanidade: “Tudo está consumado”. Obra que daí para frente será levada adiante pelo Espírito: “E, inclinando a cabeça, entregou o espírito”. Hora que provoca um sério julgamento. “É o momento em que são postas às claras as opções que as pessoas fazem a favor ou contra Jesus.

E aí, na sua Paixão e morte, que se mostra em que sentido Jesus é Rei. Aí está a amostra consumada de que sua realeza não se baseia no jogo de poder das realezas deste mundo, que fazem uso da força e da violência. A realeza de Jesus consiste em dar testemunho da verdade (fidelidade de Deus a seu projeto). Ele é Rei porque cumpre até o fim a vontade do Pai, que é a de amar de tal modo o mundo a ponto de enviar seu Filho Unigênito (João 3,16). Na Paixão, Jesus é o verdadeiro Rei. Rei coroado de espinhos e vestido com um manto vermelho. Rei cujo trono é a cruz. Rei de vestes repartidas. Rei porque é rei na arte de amar sem medida, a ponto de dar a vida para salva o povo de todo tipo de opressão. Rei que resgata definitivamente o que significa de fato ser rei. Rei que, por isso tudo, foi dignificado pelos seus discípulos com sepultura apropriada e perfumosa.

Rei imolado por nós e, por esse motivo, apelidado mais tarde pelos cristãos de Cordeiro pascal que tira o pecado do mundo.

Pelos sacramentos da Iniciação Cristã, nós optamos por ser discípulos e discípulas desse Rei. Mas temos que estar atentos, vigiar e orar sem cessar para não cairmos em tentação. Que tentação? Na tentação de querer aderir aos sistemas injustos que oprimem, flagelam e matam nosso Rei Jesus; hoje, sobretudo, simbolizado nos pobres excluídos, nos nascituros indefesos, nos idosos mal assistidos, nos indígenas explorados, nas vítimas do tráfico de drogas, nos reféns da violência urbana e rural, em tantos corpos jovens explorados pelo comércio e turismo sexual, e o planeta devastado pela ganância inescrupulosa dos sumos sacerdotes da idolatria do dinheiro e pela covardia de governantes com seus jogos sujos de poder, riqueza e prestígio. Estes são alguns exemplos apenas. Jesus hoje continua sendo flagelado, crucificado e morto de inúmeras formas.

Diante de Jesus temos duas opções: ou O reconhecemos e nos comprometemos com Ele, ou acabamos aderindo ao sistema injusto que O rejeita e O condena, perdendo a chance de termos a vida em plenitude. Como discípulos e discípulas Dele, permaneçamos firmes na primeira opção. “Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos” (Hebreus 4,14b). que Deus nos ajude  a sermos de fato assim, pois o mundo está precisando de pessoas cada vez mais comprometidas com a causa pela qual Jesus lutou até o fim! 

Ao final de sua narrativa da paixão, João diz assim: “Eu vi, eu dou testemunho e meu testemunho é verdadeiro! Eu sei que estou dizendo a verdade, para que vocês também acreditem!” (João 19,35).

Vamos seguir o convite de João e acreditar! Para além da cruz há uma manhã de ressurreição!

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

A celebração da Paixão e Morte do Senhor tem especial significado na vida do Cristão. É uma celebração da Palavra com distribuição da comunhão e que inclui alguns ritos significativos para a nossa Igreja: a oração universal e a adoração do Cristo na cruz. É também uma celebração marcada pelo silêncio, pela piedade e pelo sincero desejo de acompanhar os passos de Jesus em sua paixão e morte. É a segunda etapa da festa que costumamos chamar “Tríduo Pascal”. O Tríduo termina no Domingo de Páscoa na Ressurreição do Senhor com a celebração das vésperas, ou ofício da tarde. É uma festa única que nos introduz no Mistério do Senhor, de seu amor extremado e de sua livre doação para salvar a todos e para levar a termo a vontade do Pai. Por isso mesmo tão cara a todos nós que cremos. Convém mesmo que seja preparada e celebrada com intensidade na Divina Liturgia.

Um dos ritos que estão previstos para celebrarmos esse mistério é o beijo da cruz. O rito é bastante significativo e eloqüente: cada fiel se aproxima, beija ou se inclina diante da Cruz do Senhor. O beijo é um gesto significativo presente em outras passagens dos evangelhos: o beijo do Pai que reencontra o filho perdido, na parábola lucana (Lucas 15,20), e a mulher que beija lava os pés de do Senhor com lágrimas, enxugando-o com os cabelos (Lucas 7,36-50). O primeiro demonstra o afeto do Pai que reencontra o seu filho que estava morto e tornou a viver. O segundo é o beijo de quem muito amou e por isso foi perdoada. Esses dois trechos nos ajudam a entender o que fazemos diante da cruz do Senhor ao beijá-la. Expressamos com esse mesmo rito a secreta alegria deste dia, quando o nosso olhar é orientado para a Ressurreição. Nosso beijo, como aquele do Pai misericordioso da Parábola, diante do filho despojado, confessa a Ressurreição que o sofrimento e a paixão escondem. Cobrimos de beijo aquele que por sua morte e ressurreição torna ao seio do Pai, confessando que estava morto mas tornou a viver (Lucas 15,32).O segundo beijo demonstra o amor da pecadora (não confundir com Madalena ou com Maria, a irmã de Lázaro) que alcançando o perdão, alcança igualmente a vida. É o beijo que não só se dá, mas que desfruta do amor divino que foi derramado no alto da Cruz, como perfume sobre a nossa humanidade. Amor mais forte do que a morte (Cântico dos Cânticos 8,6), capaz de ressuscitar (1João 3,14).

5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

Jesus dá sua vida para o perdão dos pecados. Ele é o cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo. Jesus passou pela violência, pagou o mal com o bem. Venceu o ódio com amor. A paz do mundo só será possível se descobrirmos o caminho do perdão.

O mistério da Páscoa nasce a partir do sangue derramado de Cristo na cruz. Na celebração da paixão e morte de Cristo fazemos memória da sua entrega ao Pai, em vista do Reino. Unindo nossos passos aos passos de Cristo morto, elevamos nossa oração por toda a humanidade que foi resgatada pelo seu sangue redentor. Comungando o seu corpo e o seu sangue, recebemos dele a força para vencer as cruzes do nosso dia-a-dia.

Participando da comunhão eucarística, vamos assumir e assimilar sacramentalmernte toda a entrega de Jesus por nós, para que, como discípulos e discípulas do Mestre e Servo de todos, Rei universal e Sacerdote único, possamos viver o que Ele viveu. Por isso, após a comunhão, reza-se a seguinte oração: “Ó Deus, que nos renovastes pela santa morte e ressurreição do vosso Cristo, conservai em nós a obra de vossa misericórdia, para que, pela participação deste mistério, vos consagremos toda a nossa vida”. Ao que todos respondem afirmativamente: “Amém!”.

6- ESTRUTURA CA CELEBRAÇÃO

A celebração da Sexta-Feira Santa consta de cinco partes: entrada, liturgia da Palavra, oração universal, adoração do Cristo na cruz, comunhão eucarística e ritos finais.

Primeira parte: Entrada e prostração em silêncio. Oração

 O altar esteja totalmente despojado: sem cruz, sem candelabros, sem toalha.

Segunda parte: Liturgia da Palavra

* Isaias, 52,13-53,1-12 – Quarto canto do Servo Sofredor: o justo se faz
               solidário e carrega as dores da humanidade.
           
            * Salmo 30/31 – O justo, perseguido, clama a Deus e coloca nas mãos Dele sua
               Sua vida, sua esperança.

            * Hebreus 4,14-16; 7-9 – Na cruz, provado no sofrimento e no abandono, Jesus é
               Reconhecido como Filho de Deus; torna-se o mediador entre nós e o Pai.

            * Canto de aclamação ao Evangelho – Salve, ó Cristo obediente... (Fl 2,8-9).

            * Leitura da Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo – João 18,1-19,42

            * Homilia, ainda que breve.

            * Oração universal.

Terceira parte: Adoração do Cristo na cruz

Quarta parte: Ritos de comunhão

Quinta parte: Ritos finais

7- ADORAÇÃO DO CRISTO NA CRUZ

O ritual propõe duas maneiras diferentes de se fazer a adoração da cruz:

A cruz coberta com véu vermelho é levada ao presbitério, acompanhada por dois acólitos, que trazem velas acesas nas mãos. O padre, de pé, diante do altar, recebe a cruz. Ele retira o véu da cruz em três momentos: primeiro a parte de cima, depois o braço direito e, finalmente, a cruz inteira. A cada vez, ele levanta a cruz e canta: “Eis o lenho da cruz do qual pendeu a salvação do mundo”. O povo todo responde, cantando: “Vinde, adoremos”, e depois ajoelha e adora em silêncio. Por fim segue a procissão para a adorar a cruz, com beijo, genuflexão ou outro sinal, de acordo com o costume da região..., acompanhada de cantos.

Pode-se também fazer o seguinte: a cruz (descoberta) é conduzida em procissão pelo padre, diácono, ou outro ministro ou ministra, acompanhado dos acólitos, que trazem velas acesas nas mãos. No caminho até o presbitério, eles para três vezes, erguendo a cruz e cantando: “Eis o lenho da cruz...”. O povo responde, cantando: “Vinde, adoremos”, ajoelha, reza em silêncio e depois faz a procissão para adorar a cruz, como foi dito acima.

8- ORIENTAÇÕES GERAIS

1. No Espaço Sagrado, pela manhã, pode-se distribuir, ao longo do corredor, ervas aromáticas maceradas. Na hora da celebração, ao abrir a igreja, o perfume exalado pelas ervas contribuirá com a experiência ritual da comunidade.

2. Recorde-se que a presente ação litúrgica tem características muito próprias, em relação ao todo da liturgia. A equipe esteja atenta às rubricas do Missal Romano, para esta celebração. Precisa-se saber, porém, que as rubricas têm o papel de facilitar a boa execução do rito e não de restringi-lo.

3. Valorize-se o silêncio ritual.

4. Hoje e amanhã, segundo antiqüíssima tradição, a Igreja não celebra os sacramentos.

5. Não se deve cantar nada para a entrada da equipe de celebração.

6. Esta celebração deve ser austera e despojada. Gira em torno da imolação do Senhor. Por isso, inicia-se com rito muito antigo: a prostração, em silêncio, do presidente e dos seus acólitos.

7. Para a leitura do Evangelho conforme o costume latino, várias pessoas participam. Como no Domingo de Ramos, pode ser lida pelo diácono ou, na falta dele, pelo padre. Mas pode ser lida também por leigos (as), cada um assumindo um papel, deixando a parte do Cristo para quem preside a celebração. Exemplo: narrador ou narradora; presidente da celebração; leitor ou leitora, grupo ou toda a assembléia; Pilatos, Pedro, a criada. Um cuidado especial deve ser dispensado aos idosos e às pessoas com deficiência, a fim de que participem da celebração sem nenhum prejuízo físico, de modo que possam acompanhar a proclamação assentadas.

8. É sumamente recomendável que as pessoas que vão atuar na proclamação do Evangelho da Paixão combinem-se e ensaiem antes, para que de fato se pareça com a proclamação da Boa-Nova da salvação. O mesmo vale para os demais leitoras e leitoras (em relação à primeira e segunda leituras) e para o canto do Salmo responsorial.

9. Quem preside também deve proclamar as orações com suma piedade, de forma orante, sem pressa, contemplando cada palavra, cada frase e todo o riquíssimo conteúdo dos textos. Para o povo que houve a prece, isso é muito importante do ponto de vista celebrativo e evangelizador.

10. Quanto às músicas para a celebração, a Paulus tem publicado o CD: Tríduo Pascal – I. Quinta-Feira Santa e Sexta-Feira Santa, com cantos do Hinário Litúrgico II da CNBB referentes à Sexta-Feira Santa. Gravado pelo coral Palestrina da Arquidiocese de Curitiba, sob a regência de Ir. Custódia Cardoso, este CD é bem indicado para as comunidades preparem os cantos da celebração.

11. O exercício da Via-Sacra, comum nesta Sexta-Feira Santa logo mais a noite, nas comunidades, poderia ser feito pelas ruas e expressar a dolorosa caminhada dos povos indígenas, da vida no Planeta que pede socorro, dos desempregados, dos enfermos, das crianças abandonadas, dos jovens sem perspectiva, das mulheres maltratadas, dos idosos abandonados, etc.

12. O Sábado Santo, é o dia do grande silêncio. Cristo desce á mansão dos mortos, assume o destino do homem e da mulher até o fim, penetra no abismo da morte, para dela sair vitorioso. Portanto, o Sábado Santo, é o dia do túmulo e lembra a tristeza de Maria e dos Apóstolos.

13. Neste dia, a Igreja não celebra nenhum sacramento ou festividade, porque ela permanece junto ao túmulo do Senhor. É um dia oportuno para visitar os túmulos dos nossos fiéis.

14. É aconselhável avisar que o dia seguinte – Sábado Santo – não é “sábado de aleluia”, mas “sábado da sepultura” à espera da ressurreição. Fazer desse dia uma silenciosa expectativa, com reuniões com quem vai ser batizado logo mais à noite na Vigília Pascal, bem como as equipes de liturgia para os últimos preparativos para a Vigília

9- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a celebração. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com o tempo litúrgico, com cada domingo, com as festas ou com a liturgia de um dia especial, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são da Sexta-Feira Santa, é preciso executá-los com atitude espiritual, isto é, de maneira orante. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado e não cantos que um grupinho ou um movimento impõe.

1. Canto de abertura. (Omite-se). Inicia-se com rito muito antigo: a prostração, em silêncio, do presidente e dos acólitos. Nem mesmo música instrumental se justifica nesse momento.
2. Salmo responsorial 30/31. Salmo de lamentação e confiança. “Eu me entrego, Senhor, em tuas mãos...” CD Tríduo Pascal – I, melodia da faixa 11.
3. Aclamação ao Evangelho: A obediência de Cristo e sua exaltação (Filipenses 2,8-9.  “Salve, ó Cristo obediente”, CD Tríduo Pascal – I, melodia da faixa 12.
4. Cantos para adoração do Cristo na cruz. “Eis o lenho da cruz...”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 216; “Fiel madeiro da santa cruz, ó árvore sem rival, CD Tríduo Pascal I, melodia da faixa 17; “Salve, ó cruz libertadora”, CD Festas Litúrgicas IV, melodia da faixa 6, “Meu povo que te fiz eu?...”, CD Tríduo Pascal – I, melodia da faixa 16; “Meu povo preste atenção...” CD Tríduo Pascal – I, melodia da faixa15; “Ó cruz fiel...”, CD Tríduo Pascal – I, melodia da faixa 17; “Abra a porta povo...” Hinário Litúrgico II da CNBB, página 176; “Vitória, tu reinarás...”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 307; “Bendita e louvada seja...”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 197; “As sete últimas palavras de Jesus...”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 195; “A paixão de um Deus amante...”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 174;   Um canto muito oportuno e altamente contemplativo para este momento é: “Salve, ó cruz libertadora”, como indicamos acima.
5. Canto de comunhão: Das espécies pré-consagradas. “Se o grão de trigo não morrer...” seguido do Salmo 18/17, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 21, com a melodia do canto “Então da nuvem luminosa”, do Segundo Domingo da Quaresma; “Prova de amor...”, CD: Tríduo Pascal – I, melodia da faixa 18; “Eu vim para que todos tenham vida...”, CD: Tríduo Pascal – I, melodia da faixa 19.

O canto de comunhão deve retomar o sentido do Evangelho desta tarde. Esta é a sua função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Isto significa que comungar o corpo e sangue de Cristo é compromisso com o Evangelho proclamado.

10- ESPAÇO CELEBRATIVO

1. O espaço da celebração esteja totalmente despojado sem flores e sem enfeite nenhum, para lembrar o dia em que “o dia em que o esposo foi tirado”. À luz da vitória, contemplamos as suas chagas e tornamos presentes as dores e os martírios de todos os oprimidos da terra, nos quais a santa páscoa continua. Tudo isto deve estar visível no espaço da celebração.

3. Durante a Liturgia da Palavra, seria oportuno colocar um ícone da face de Cristo, Servo e Senhor, junto à Mesa da Palavra ou num outro lugar do presbitério. Devemos recordar que na Liturgia, os Salmos, como as leituras do Primeiro Testamento, são lidas a partir de Cristo e sua experiência pascal. Na tradição oriental se diz que o primeiro ícone de Cristo é a “face de Cristo”, onde se contempla o humano e o Divino numa só pessoa, e assim podemos dizer, a cruz e a ressurreição; a morte e a vida; a dor e a alegria; o sofrimento e a vitória. A seguir um ícone que pode ser utilizado...importante não usarmos uma imagem dorida, isto é, sofrida e ensangüentada da face de Jesus, que desfigura o sentido da celebração do Mistério Pascal, pois se celebra a cruz e a ressurreição.

11. AÇÃO RITUAL

O Ressuscitado é o Crucificado. Esta inversão da confissão de Pedro, proclamada no Tempo Pascal, torna-se explícita ritualmente nesta celebração da Sexta-Feira Santa. O Cristo vitorioso é o Cristo Padecente, identificado com o Servo Sofredor, isto é, com o Povo da Aliança perseguido e oprimido, de todos os tempos da história.

Ritos Iniciais

            1. De joelhos é como se inicia a solene ação litúrgica desta Sexta-Feira Santa. O gesto evidencia a humildade e humilhação dos servos e das servas diante do Senhor, a quem recorrem por compaixão. O silêncio total, que antecede a súplica faz notar a mudez diante da morte iminente. Nenhum canto, nenhum acorde musical se justifica na entrada dos ministros.

2. O presidente e o diácono, ou os acólitos, de paramentos vermelhos como para a Missa, aproximam-se do altar, fazem-lhe reverência. O presidente se prostra no chão. Enquanto faz isso, toda a assembléia é convidada a se colocar de joelhos. Os que desejarem se prostrar, também o fazem livremente. Todos rezam em silêncio por alguns instantes. Em seguida com os ministros, dirige-se para a sua cadeira. Voltando para o povo e de mãos unidas, diz uma das orações que o Missal propõe.

3. Oração (não se diz Oremos).

4. O Missal Romano propõe duas orações. A primeira faz referência direta ao sangue derramado de Cristo instituindo o mistério da Páscoa. Cristo nossa Páscoa foi imolado. “A morte de Cristo é a sua verdadeira Páscoa” (São Cromácio + 408). A segunda opção faz referência direta à morte do homem velho e ao nascimento do homem novo, unindo na mesma súplica, portanto, morte e ressurreição, cruz e glória, sofrimento e vitória.

Rito da Palavra

1. O silêncio deve marcar todo o percurso ritual nesta celebração. Uma pequena monição que oriente para o sentido das leituras pode ser conveniente: Irmãos e irmãs, na humildade de quem está unido ao Senhor também na morte e no sofrimento, contemplemos o Servo Sofredor que é o Senhor e somos nós, sua comunidade, nestes momentos decisivos da história de salvação.

2. Durante toda a Liturgia da Palavra, seria oportuno dispor da face de Cristo, como orientamos acima no Espaço da Celebração.

3. As leituras sejam cuidadosamente preparadas. O rito da Palavra é o ponto alto da celebração desse dia. O salmo responsorial seja cantado e um breve silêncio se faça entre as leituras, antes de começar a homilia e depois, para que todos contemplem o mistério celebrado na Palavra proclamada.

4. O Evangelho de hoje é bem longo. Para melhor acompanhamento, depois da aclamação ao Evangelho, convidar a assembléia a sentar. No momento da crucificação, pode-se pregar duas tábuas, formando uma cruz. A assembléia contempla por uns instantes, depois retira a cruz, para não ficar duas cruzes no espaço celebrativo.

5. A leitura é feita sem as lanternas, sem incenso, sem a saudação, “O Senhor esteja convosco...”, sem fazer o sinal-da-cruz sobre si mesmo nem sobre o livro; no final, não se diz “Palavra da salvação...”. O folheto não traz essas instruções.

6. A leitura do relato da Paixão segundo João pode ser feita por várias pessoas, como já orientamos acima, dividindo o texto em cinco seqüências, intercalando-as com refrões. Fica bem oportuno este refrão se não for cantado na comunhão: “Prova de amor maior não / que doar a vida pelo irmão”, ou “Eu vim para que todos tenham vida/ que todos tenham vida plenamente”. Eis as cinco seqüências:

* João 18,1-11
* João 18,12-17
* João 18,28-19,16a
* João 19,16b-30
* João 19,31-42
           
            Terminando cada seqüência, momentos de silêncio e refrão.

7. Entre as leituras e a veneração da Cruz gloriosa, assistimos às grandes preces da Igreja, modelo das preces dos fiéis em nossas liturgias. Este rito também se inspira na idéia de que a cruz é a fonte da graça de Deus, da vida da Igreja: do lado aberto do Salvador nasce a Igreja.

8. A Liturgia da Palavra é encerrada com a oração universal. É feita do seguinte modo como orienta o Missal Romano: “O diácono, de pé junto ao ambão, propõe a intenção especial; todos oram um momento em silêncio; em seguida o sacerdote, de pé junto à cadeira ou se for oportuno, do altar, de braços abertos, diz a oração. Durante todo o tempo das orações, os fiéis podem permanecer de joelhos ou de pé” (IGMR, pag. 255, n. 10). Na falta do diácono, um ministro ou o presidente da celebração pode anunciar a intenção especial.

Especial valor se dê à Oração Universal. Que os convites e as orações sejam conduzidos de modo pausado.

9. Entre as preces da Oração Universal, sugerimos cantar o seguinte refrão: Deus Santo, Deus forte, Deus imortal tem piedade de nós! O próprio Missal sugere que “as Conferências Episcopais podem propor aclamações do povo antes da oração do sacerdote, ou determinar que se mantenha o tradicional convite do diácono Ajoelhemo-nos – Levantemo-nos, ajoelhando-se todos para a oração em silêncio”. Em vez de ajoelhar a cada oração, o diácono, ou na falta dele o presidente da celebração, convida a assembléia a uma “inclinação profunda”. Tudo com piedade, silêncio e calma. A cada oração responde-se “Amém”, ou como já sugerimos um refrão.

Rito da Adoração do Cristo na Cruz

1. Como de costume, a cruz é apresentada à assembléia com o canto em três tons ascendentes: Eis o lenho da cruz do qual do qual pendeu a salvação do mundo.

2. As pessoas que se dirigem à cruz, demonstram sua adoração do modo que lhes parecer mais conveniente: beijo, abraço, genuflexão, vênia, etc.

3. Para acompanhar o rito sugerimos várias opções de cantos que está acima em Música Ritual. São cantos que expressam uma eloqüente teologia da Cruz-Ressurreição de Jesus que louva a “Beata Pasio”, isto é, Bem-Aventurada Paixão por nos ter resgatado da morte e nos ter comunicado a vida nova em Cristo. Nestes cantos a Cruz é interpretada como “árvore da vida”, cujo fruto é a Páscoa de Cristo da qual somos participantes, principalmente o canto “Fiel madeiro da Santa Cruz ó arvore sem rival” música de José Acácio Santana que está no CD Tríduo Pascal I. Os cantos que acompanham este momento devem ser meditativos e profundos, apelando ao mistério que celebramos e não ao sentimentalismo. Cantos que não expressa essa teologia, as equipes de liturgia e equipes de canto devem deixar de lado.  “Uma enxurrada de coisas produzidas sem melhores critérios e divulgadas sem maiores cuidados, com força devastadora, invade as mentes e os corações dos fiéis menos avisados, solapando os fundamentos sólidos da fé e da piedade” (Canto e Música na Liturgia, Edições CNBB, página 7).

Rito da Comunhão

1. Para a comunhão, recomendamos que toda a reserva simbólica seja distribuída, a fim de que não retorne para o tabernáculo, tampouco para o espaço em que se encontrava desde a noite anterior. Caso haja grande quantidade, é recomendável que os ministros a consumam logo após a celebração, ou guarda-se o que sobrou do pão eucarístico, de preferência num lugar fora da igreja.

2. Este rito da comunhão dever ser simples e devoto: um gesto de dedicação ao Senhor que nos amou até o fim. Este rito estabelece a unidade da presente celebração com a de ontem, consumindo-se hoje as Santas Espécies consagradas ontem (chamadas “pré-consagradas”).

3. O Altar desnudo recebe uma toalha simples, corporal onde o Corpo do Senhor é colocado para ser dado em comunhão aos fiéis. Esse momento requer muita simplicidade e fidelidade ao que se propõe o Missal Romano.

            4. Nos Ritos de comunhão. Comungando o Cristo hoje, participamos especialmente da Páscoa da sua cruz. Ele foi morto na mesma hora em que nas casas do povo de Israel se imolava o cordeiro pascal. Unindo-nos a Cristo como nossa Páscoa, participamos com Ele da vida nova que o Pai lhe deu.

5. Estende-se a toalha sobre o altar, e colocam-se o corporal e o Missal.

6. Pelo caminho mais curto, o diácono ou, na falta dele, o presbítero traz o Pão Eucarístico do local da reposição, pelo trajeto mais curto e coloca-o sobre o Altar, estando todos de pé e em silêncio. Dois ministros com velas acesas acompanham o Santíssimo Sacramento e colocam os castiçais perto do Altar.

7. Depois que o diácono colocou o Pão Eucarístico sobre o Altar e descoberto o cibório, o presidente da celebração aproxima-se e, feita a genuflexão, sobe ao Altar. Em seguida com voz clara, de mãos unidas, convida a assembléia a rezar o Pai Nosso

8. Um ministro, acompanhado de dois acólitos que trazem velas acesas nas mãos, busca o pão consagrado no lugar em que foi deixado na noite anterior.

9. Rezam-se o Pai-Nosso e Livrai-nos...(não há oração pela paz, nem abraço, nem fração do pão, nem Cordeiro de Deus...).

10. Distribui-se a comunhão como de costume. Silêncio.

11. Faz-se a oração depois da comunhão. Nesta oração suplicamos a Deus que sejamos renovados pela santa “morte e ressurreição de Cristo” e que seja conservado em nós, o que a misericórdia de Deus operou e a nossa participação no Mistério, consagre sempre a nossa vida. Quase que na surdina anuncia a Ressurreição.

Ritos finais.

1. Faz-se uma oração sobre o povo. Invoca-se a bênção sobre o povo que acabou de celebrar a morte do Senhor na esperança da Ressurreição.

2. Todos se retiram em silêncio e sem canto. Como nos Ritos Iniciais, aqui também não se justifica nem canto e nem fundo musical.

3. Seria muito oportuno, no fim da celebração, as velas serem distribuídas aos fiéis, sinalizando a íntima relação entre o evento da morte e a ressurreição de Jesus. Nesse caso, sejam avisados de que devem trazê-las para a celebração da Vigília Pascal.

12- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na memória da Paixão do Cristo do Cristo, do povo e da criação, especialmente da nossa mãe-terra, celebramos a força de Deus que ressuscita o Cristo e, e Nele, os seus filhos e filhas e todo o universo. Celebrando esta Páscoa da Cruz, recebemos força para sermos fiéis à nossa missão, confiantes na vitória que o Pai nos dá.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o Mistério da Paixão e Morte do Senhor.

Um abraço fraterno a todos,

Pe. Benedito Mazeti
Assessor diocesano de Liturgia
Bispado de São José do Rio Preto

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...