18 de abril de 2014
Leituras
Isaías 52,13-53,12
Salmo 30/31,2.6.12-13.16-17.25
Hebreus 4,14-16; 5,7-9
João 18,1—19,42
“TODO AQUELE QUE É DA VERDADE ESCUTA A
MINHA VOZ”
1- PONTO DE PARTIDA
Sexta-Feira
Santa da Paixão do Senhor. O dia de hoje é especialmente sagrado para toda a
Igreja e para o povo brasileiro; talvez, o dia mais sagrado do ano. O dia da
Paixão e Morte do Senhor. O dia em que o próprio Filho de Deus, nascido de
Maria como Servo de todos, teve a coragem de morrer por nós. O dia em que Jesus nos mostra de
que jeito Ele é Rei e Rei Universal. O dia em que Jesus apresenta-se
como Sacerdote único e único Mediador entre Deus e a humanidade.
Dia de
silêncio, para todos poderem ouvir atentamente a voz do maior exemplo de Amor
que jamais o ser humano presenciou. No meio deste silêncio, ouvimos a Palavra
de Deus que nos apresenta de maneira sintética tudo o que Jesus é para a
humanidade e para toda a criação: servo, Rei, Sacerdote único.
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os
textos
Primeira leitura – Isaias 52,13-53,12.
Ele foi ferido por causa de nossos pecados. O texto da primeira leitura relata
o quarto canto do Servo sofredor de Javé. Muito provavelmente refere-se ao povo
sofredor dos tempos do exílio babilônico. A tradição cristã, porém, liga-o à
paixão Jesus de Nazaré. Conforme Mesters, esse quarto cântico é uma profecia:
fala do futuro como se já tivesse chegado. Nele se descreve o resultado da
missão do Servo, que deve orientar toda a sua luta, desde o primeiro passo. O
resultado será este: os opressores, convertidos pelo testemunho do Servo, vão
reconhecer sua culpa (Is 53.6); vão reconhecer que o sofrimento do povo, do
Servo, foi causado por eles (Is 53,4), e que eles próprios foram salvos,
libertos e curados por este mesmo povo (Is 53,5). Assim, a vitória final será a
conversão dos opressores, obtida pelo testemunho teimoso e fiel do Servo. É uma
confissão pública e coletiva dos culpados pelo sofrimento do povo (Is 53,1-12).
A descrição
que se faz do Servo segue as várias fases da vida: sua origem humilde
(versículo 2), seu sofrimento expiador (versículos 3-7), seu julgamento e morte
injustas (versículo 8 e sua sepultura. Seguindo os mesmos passos a Igreja
confessa no Credo (Profissão de fé) sua fé em Cristo: nasceu, sofreu, morreu e
foi sepultado. O Credo continua com a afirmação da ressurreição, elemento que
parece também estar afirmando em nosso poema.
Diante dos
dados biográficos torna-se mais aguda a questão da identidade do Servo. É um
indivíduo, ou seria a coletividade de Israel? Se fosse indivíduo seria Moisés,
Jô, Isaias, Dêutero-Isaias, Jeremias, Joaquim, Zorobabel ou o Messias futuro?
Todas estas propostas já foram feitas, sem acordo da maioria dos exegetas. O
Servo neste e nos três primeiros cânticos (Isaias 42,19; 49,1-6; 50,4-9) apresenta
traços de rei, de profeta, de Israel ou de um homem justos. Na identificação do
Servo todos estes elementos devem ser valorizados em conjunto. Parece
que não se deve insistir numa interpretação que queira se fixar em um desses
elementos com exclusão de outros, ou que veja no Servo ou um indivíduo ou uma
coletividade. Na mentalidade semita existe uma oscilação entre as nações de
indivíduo e de coletividade. Existe a assim chamada personalidade incorporante
em que um grupo é representado por um indivíduo (cf. Gênesis 3,15; Deuteronômio
18,15-22; 2Samuel 7,12-16, etc.). Em nosso caso o profeta parece ver no
sofrimento de uma determinada pessoa (Jeremias?) o destino expiatório do povo
de Israel no exílio. O Servo, pelo sofrimento vicário, torna-se mediador da
salvação não só de Israel, mas de todas as nações.
Salmo responsorial 30/31,
2.6.12-13.15-17.25. O Salmo apresenta uma forma clássica da súplica:
pedidos apoiados na situação de que, ora e nas qualidades de Deus. No versículo
6 há a expressão de confiança em Deus: é uma relação pessoal.Como motivação da
súplica, o salmista descreve intensamente a situação desgraçada em que se
encontra: as dores e as penas pessoais, os sofrimentos sociais. A súplica
repete seus temas e volta-se contra os inimigos injustos (versículo 17).
As últimas
palavras de Cristo em sua vida terrestre (Lucas 23,46) são uma citação do
versículo 6. Pronunciadas por Cristo, as palavras do Salmo alcançam sua
plenitude de sentido: o abandono, o sofrimento, a confiança, a libertação. A
partir dessa experiência, Cristo também convida os cristãos ao amor e à
esperança, abrindo acesso ao “asilo” de Deus, revelando “a maravilha do seu
amor”.
O rosto de
Deus no Salmo 30/31. Mais uma vez, Deus é visto e sentido como aliado fiel que
não falha no momento difícil. Porque essa pessoa tem tanta confiança s clama?
Porque sabe que, no passado, Deus ouviu o clamor dos hebreus, solidarizou-se,
desceu e libertou da rede de morte que o Faraó armou contra eles. É o aliado
que faz justiça (versículo 2).
No Novo
Testamento Jesus foi tudo isso para os sofredores e excluídos: doentes,
leprosos, mortos, pessoas que precisavam ser resgatadas em sua dignidade. Além
disso, de acordo com Lucas, este salmo é um retrato do próprio Jesus, vítima
das tramas e das intrigas dos poderosos. Abandonado por todos, entrega seu
espírito ao Pai, colocando Nele toda a sua confiança.
Neste Salmo pressionado a viver “como todo
mundo”, diante de muito sofrimento vindo dos opressores, o salmista apóia-se no
Deus da Justiça que se colocará ao lado do justo em sua luta. É um salmo de
lamentação e confiança. Espelha a atitude de Jesus em sua paixão.
Com Jesus a
caminho do Calvário, entreguemo-nos nas mãos do Pai e apresentemos a Ele o
grito de todos os condenados à morte e de todos os perseguidos por causa da
justiça e do amor.
EU ME ENTREGO
SENHOR EM TUAS MÃOS ,
E ESPERO PELA
TUA SALVAÇÃO.
Segunda
Leitura – Hebreus 4,14-16;5,7-9. Na
carta aos Hebreus, o autor destaca que nosso Sumo Sacerdote Jesus foi provado
em todas as coisas, menos no pecado. Ele viveu em profundidade a condição
humana, até sua paixão e morte. Deus o escutou por causa dessa sua obediência
através do sofrimento. Por isso se tornou fonte de salvação para todos nós.
O verdadeiro
sumo sacerdote não é aquele que oficia no Santo dos Santos, mas Jesus Cristo
que oficiou uma vez por todas sobre a Crus, e o verdadeiro sacrifício não é
mais o dos touros ou bodes, no Templo de Jerusalém, mas o conteúdo da vida
humana oferecido por Cristo e a comunidade dos cristãos.
Sendo Filho de
Deus, sentado à direita do Pai, é também perfeitamente representativo do mundo
divino (Hebreus 5,1). Participante da humanidade e da divindade, Cristo,
portanto, é mediador perfeito.
Não é do alto
de sua divindade que Cristo realiza seu sacerdócio, mas com tudo aquilo que sua
humanidade lhe traz. Mais ainda: é através desta humanidade fraca, agora
transfigurada, que Cristo realiza, para nosso proveito, o seu sacerdócio. E, se
Ele pode transformar assim a fraqueza de sua humanidade, por que os fiéis, por
sua vez, não gozariam deste privilégio?
Não basta que
Cristo seja acolhedor e bom! É preciso ainda que Ele seja capaz de reconciliar
a humanidade com Deus e que, assim, realize um ministério tipicamente
sacerdotal e sacrifical (Hebreus 5,1). De fato, o sacrifício é o sinal da
comunhão entre Deus e a humanidade e apenas aquele que está acreditado junto a
um e a outro pode realizá-lo. Este sacrifício só poderá ser perfeito se a
vítima participar dos dois mundos, oferecendo
toda a sua humanidade sob o impulso do Espírito de Deus. Aí está o que faz o
sacerdócio e do sacrifício de Cristo um ato tão único e tão decisivo, ao qual
os fiéis podem associar em sua vida e pela Eucaristia (Romanos 12,1; Hebreus
13,10-15; 1Pedro 2,5).
Assim, o
sacerdócio de Cristo coincide com sua entrada na glória (versículos 5-6);
trata-se de um sacerdócio eterno que consiste em fazer passar para a vida
divina todas as pessoas que se colocam sob sua influência.
Seu sacerdócio
não consiste em ter feito algo que nenhum outro podia fazer, mas aquilo que
“todos os que O obedecem” (Hebreus 5,9) com Ele e através d’Ele podem fazer.
Ele foi tentado em tudo como nós. Isto quer dizer que Ele experimentou a
precariedade, a ambigüidade e a ambivalência de muitas situações humanas, que
exigem uma opção e uma decisão. Ele experimentou também a sedução do sucesso
fácil e a tentação de se contentar com o menos bom. Viu-se colocado diante dos
mesmos riscos com que nós nos defrontamos sem cessar e que pertencem à condição
humana.
Ele
compartilhou em tudo isso, não para nos livrar da tentação, mas para que
fôssemos capazes de vencê-la. Na Sua agonia Ele suplicou e chorou como nós
choramos quando estamos ao fim de nossas forças, quando resistência cai em pedaços ou quando perdemos a
esperança. Quando uma pessoa chora? Quando não mais consegue controlar-se,
quando entrega os pontos, quando é esbanjado pela felicidade ou pela tristeza.
Jesus chorou,
não para que nós não mais precisássemos chorar, mas porque chorar pertence à
condição humana. Ele morreu por nós, não para que nós não mais precisássemos
morrer, para que soubéssemos morrer Nele.
Na Sexta-Feira
Santa também o sacerdócio entra em crise, como o mundo inteiro. Por isto tem
sentido não se celebrar a Eucaristia neste dia. Celebra-se apenas uma liturgia
da Palavra.
Evangelho – João 18,1-19,42. O
Evangelho de João, que acabamos de proclamar, escrito à luz da ressurreição de
Jesus e depois de uma longa caminhada já percorrida pelas comunidades, nos
apresenta, a seu modo, o sofrimento por que passou Jesus para chegar à glória e
à salvação de todos que Nele crêem e apostam.
O Messias
sofredor já era anunciado pelo profeta Isaias, num emocionante poema chamado
“quarto poema do Servo de Javé”. Fala de “um servo de Deus que enfrenta
conscientemente a dor e a rejeição até a morte e acaba sendo glorificado por
causa disso. No entanto, “por esta vida de sofrimento, ele alcançara luz e
ciência perfeita” (Isaias 53,11), diz o poema, inúmeras pessoas serão
justificadas e perdoadas dos pecados cometidos. Muitos ainda hoje se assustam
com um Messias sofredor. Não podemos esquecer que o livro judeu dos Jubileus,
quase contemporâneo dos evangelhos, já anunciava que o Messias esperado por
ocasião da festa das Tendas seria um Messias sofredor.
Em um jardim,
Jesus é preso e algemado. Depois, diante das supremas autoridades religiosas e
do governador, sob aplausos e incentivo do povo, é submetido a interrogatório e
injustamente condenado a morrer pregado numa cruz. Mesmo inocente, é entregue à
sombra dos violentos e flagelado, coroado de espinhos, desprezado, humilhado,
esbofeteado, pregado numa cruz. Só porque se diz Filho de Deus. Na Bíblia dizer
que é Filho de Deus significa ser igual a Deus, isto é, que é Deus mesmo (João
5,18-20). Porque se aceita como Rei e o confirma diante do governador, torna-se
motivo de sádico escárnio. Eis o que Jesus tem de assumir e suportar, diante do
poder opressor dos sumos sacerdotes, da política covarde do governador romano e
do ódio inclemente da multidão. Pregado na cruz, com sua mãe e o discípulo
amado a seus pés, Ele os entrega um ao outro como mãe e filho. De repente, um
grito: “Tenho sede”. Chegando a suprema hora, pronuncia as últimas palavras:
“Tudo está consumado” e, “inclinando a cabeça, entregou o espírito”. Do lado de
seu corpo já sem vida, atravessado por uma lança, saem sangue e água.
Do supremo ato
de amor de Jesus na cruz, nasce a Igreja; do seu coração aberto pela lança,
brotam os sacramentos pascais: batismo (água) e eucaristia (sangue). Enfim,
alguns discípulos de Jesus preparam um sepultamento digno ao Mestre, num
jardim, como direito a muito perfume. “Chegou também Nicodemos, o mesmo que
antes tinha ido a noite encontrar-se com Jesus. Levou uns trinta quilos de
perfume feito de mirra e aloés. Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no,
com os aromas, em faixas de linho, como os judeus costumavam sepultar” (João
19, 39-40).
O Evangelho
destaca ainda que Jesus é o cordeiro de Deus. João faz coincidir a morte de
Jesus com a imolação dos cordeiros para a Páscoa judaica, querendo dizer que o
verdadeiro cordeiro é Cristo, que com seu sangue redime a humanidade do pecado.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
É
significativo que o Evangelho de João sobre a Paixão de Jesus comece num jardim
e termine num jardim (cf. 18,1; 19,41). É uma referência ao jardim do Éden!
“Onde o ser humano não soube se portar de forma humana autêntica, Jesus ensina
o de possuir a vida: dando-se gratuitamente em favor dos outros. Diante de
Jesus as pessoas têm duas opções: ou O reconhecem e se comprometem com Ele, ou
acabam aderindo ao sistema injusto que O rejeitou e condenou, perdendo assim a
chance de ter a vida. A hora de Jesus chegou. A hora em que, na sua morte,
conclui sua obra em favor da humanidade: “Tudo está consumado”. Obra que daí
para frente será levada adiante pelo Espírito: “E, inclinando a cabeça,
entregou o espírito”. Hora que provoca um sério julgamento. “É o momento em que
são postas às claras as opções que as pessoas fazem a favor ou contra Jesus.
E aí, na sua
Paixão e morte, que se mostra em que sentido Jesus é Rei. Aí está a amostra
consumada de que sua realeza não se baseia no jogo de poder das realezas deste
mundo, que fazem uso da força e da violência. A realeza de Jesus consiste em
dar testemunho da verdade (fidelidade de Deus a seu projeto). Ele é Rei porque
cumpre até o fim a vontade do Pai, que é a de amar de tal modo o mundo a ponto
de enviar seu Filho Unigênito (João 3,16). Na Paixão, Jesus é o verdadeiro Rei.
Rei coroado de espinhos e vestido com um manto vermelho. Rei cujo trono é a
cruz. Rei de vestes repartidas. Rei porque é rei na arte de amar sem medida, a
ponto de dar a vida para salva o povo de todo tipo de opressão. Rei que resgata
definitivamente o que significa de fato ser rei. Rei que, por isso tudo, foi
dignificado pelos seus discípulos com sepultura apropriada e perfumosa.
Rei imolado
por nós e, por esse motivo, apelidado mais tarde pelos cristãos de Cordeiro
pascal que tira o pecado do mundo.
Pelos
sacramentos da Iniciação Cristã, nós optamos por ser discípulos e discípulas
desse Rei. Mas temos que estar atentos, vigiar e orar sem cessar para não
cairmos em tentação. Que
tentação? Na tentação de querer aderir aos sistemas injustos que oprimem,
flagelam e matam nosso Rei Jesus; hoje, sobretudo, simbolizado nos pobres
excluídos, nos nascituros indefesos, nos idosos mal assistidos, nos indígenas
explorados, nas vítimas do tráfico de drogas, nos reféns da violência urbana e
rural, em tantos corpos jovens explorados pelo comércio e turismo sexual, e o
planeta devastado pela ganância inescrupulosa dos sumos sacerdotes da idolatria
do dinheiro e pela covardia de governantes com seus jogos sujos de poder,
riqueza e prestígio. Estes são alguns exemplos apenas. Jesus hoje continua
sendo flagelado, crucificado e morto de inúmeras formas.
Diante de
Jesus temos duas opções: ou O reconhecemos e nos comprometemos com Ele, ou
acabamos aderindo ao sistema injusto que O rejeita e O condena, perdendo a
chance de termos a vida em
plenitude. Como discípulos e discípulas Dele, permaneçamos
firmes na primeira opção. “Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos”
(Hebreus 4,14b). que Deus nos ajude a
sermos de fato assim, pois o mundo está precisando de pessoas cada vez mais
comprometidas com a causa pela qual Jesus lutou até o fim!
Ao final de
sua narrativa da paixão, João diz assim: “Eu vi, eu dou testemunho e meu
testemunho é verdadeiro! Eu sei que estou dizendo a verdade, para que vocês
também acreditem!” (João 19,35).
Vamos seguir o
convite de João e acreditar! Para além da cruz há uma manhã de ressurreição!
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
A celebração
da Paixão e Morte do Senhor tem especial significado na vida do Cristão. É uma
celebração da Palavra com distribuição da comunhão e que inclui alguns ritos
significativos para a nossa Igreja: a oração universal e a adoração do Cristo
na cruz. É também uma celebração marcada pelo silêncio, pela piedade e pelo
sincero desejo de acompanhar os passos de Jesus em sua paixão e morte. É a
segunda etapa da festa que costumamos chamar “Tríduo Pascal”. O Tríduo termina
no Domingo de Páscoa na Ressurreição do Senhor com a celebração das vésperas,
ou ofício da tarde. É uma festa única que nos introduz no Mistério do Senhor,
de seu amor extremado e de sua livre doação para salvar a todos e para levar a
termo a vontade do Pai. Por isso mesmo tão cara a todos nós que cremos. Convém
mesmo que seja preparada e celebrada com intensidade na Divina Liturgia.
Um dos ritos
que estão previstos para celebrarmos esse mistério é o beijo da cruz. O rito é
bastante significativo e eloqüente: cada fiel se aproxima, beija ou se inclina
diante da Cruz do Senhor. O beijo é um gesto significativo presente em outras
passagens dos evangelhos: o beijo do Pai que reencontra o filho perdido, na
parábola lucana (Lucas 15,20), e a mulher que beija lava os pés de do Senhor
com lágrimas, enxugando-o com os cabelos (Lucas 7,36-50). O primeiro demonstra
o afeto do Pai que reencontra o seu filho que estava morto e tornou a viver. O
segundo é o beijo de quem muito amou e por isso foi perdoada. Esses dois
trechos nos ajudam a entender o que fazemos diante da cruz do Senhor ao
beijá-la. Expressamos com esse mesmo rito a secreta alegria deste dia, quando o
nosso olhar é orientado para a Ressurreição. Nosso beijo, como aquele do Pai
misericordioso da Parábola, diante do filho despojado, confessa a Ressurreição
que o sofrimento e a paixão escondem. Cobrimos de beijo aquele que por sua
morte e ressurreição torna ao seio do Pai, confessando que estava morto mas
tornou a viver (Lucas 15,32).O segundo beijo demonstra o amor da pecadora (não
confundir com Madalena ou com Maria, a irmã de Lázaro) que alcançando o perdão,
alcança igualmente a vida. É o beijo que não só se dá, mas que desfruta do amor
divino que foi derramado no alto da Cruz, como perfume sobre a nossa
humanidade. Amor mais forte do que a morte (Cântico dos Cânticos 8,6), capaz de
ressuscitar (1João 3,14).
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Jesus dá sua
vida para o perdão dos pecados. Ele é o cordeiro de Deus, aquele que tira o
pecado do mundo. Jesus passou pela violência, pagou o mal com o bem. Venceu o
ódio com amor. A paz do mundo só será possível se descobrirmos o caminho do
perdão.
O mistério da
Páscoa nasce a partir do sangue derramado de Cristo na cruz. Na celebração da
paixão e morte de Cristo fazemos memória da sua entrega ao Pai, em vista do
Reino. Unindo nossos passos aos passos de Cristo morto, elevamos nossa oração
por toda a humanidade que foi resgatada pelo seu sangue redentor. Comungando o
seu corpo e o seu sangue, recebemos dele a força para vencer as cruzes do nosso
dia-a-dia.
Participando
da comunhão eucarística, vamos assumir e assimilar sacramentalmernte toda a
entrega de Jesus por nós, para que, como discípulos e discípulas do Mestre e
Servo de todos, Rei universal e Sacerdote único, possamos viver o que Ele
viveu. Por isso, após a comunhão, reza-se a seguinte oração: “Ó Deus, que nos
renovastes pela santa morte e ressurreição do vosso Cristo, conservai em nós a
obra de vossa misericórdia, para que, pela participação deste mistério, vos
consagremos toda a nossa vida”. Ao que todos respondem afirmativamente:
“Amém!”.
6- ESTRUTURA CA CELEBRAÇÃO
A celebração
da Sexta-Feira Santa consta de cinco partes: entrada, liturgia da Palavra,
oração universal, adoração do Cristo na cruz, comunhão eucarística e ritos
finais.
Primeira parte: Entrada e prostração em silêncio. Oração
O altar esteja totalmente despojado: sem cruz,
sem candelabros, sem toalha.
Segunda parte: Liturgia da Palavra
* Isaias,
52,13-53,1-12 – Quarto canto do Servo Sofredor: o justo se faz
solidário e carrega as dores da
humanidade.
*
Salmo 30/31 – O justo, perseguido, clama a Deus e coloca nas mãos Dele sua
Sua vida, sua esperança.
*
Hebreus 4,14-16; 7-9 – Na cruz, provado no sofrimento e no abandono, Jesus é
Reconhecido como Filho de Deus; torna-se o
mediador entre nós e o Pai.
*
Canto de aclamação ao Evangelho – Salve, ó Cristo obediente... (Fl 2,8-9).
*
Leitura da Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo – João 18,1-19,42
*
Homilia, ainda que breve.
*
Oração universal.
Terceira parte: Adoração do Cristo na cruz
Quarta parte: Ritos de comunhão
Quinta parte: Ritos finais
7- ADORAÇÃO DO CRISTO
NA CRUZ
O ritual propõe duas maneiras diferentes de se fazer a adoração da
cruz:
A cruz coberta
com véu vermelho é levada ao presbitério, acompanhada por dois acólitos, que
trazem velas acesas nas mãos. O padre, de pé, diante do altar, recebe a cruz.
Ele retira o véu da cruz em três momentos: primeiro a parte de cima, depois o
braço direito e, finalmente, a cruz inteira. A cada vez, ele levanta a cruz e
canta: “Eis o lenho da cruz do qual pendeu a salvação do mundo”. O povo todo
responde, cantando: “Vinde, adoremos”, e depois ajoelha e adora em silêncio. Por fim
segue a procissão para a adorar a cruz, com beijo, genuflexão ou outro sinal,
de acordo com o costume da região..., acompanhada de cantos.
Pode-se também
fazer o seguinte: a cruz (descoberta) é conduzida em procissão pelo padre,
diácono, ou outro ministro ou ministra, acompanhado dos acólitos, que trazem
velas acesas nas mãos. No caminho até o presbitério, eles para três vezes,
erguendo a cruz e cantando: “Eis o lenho da cruz...”. O povo responde,
cantando: “Vinde, adoremos”, ajoelha, reza em silêncio e depois faz a procissão
para adorar a cruz, como foi dito acima.
8- ORIENTAÇÕES GERAIS
1. No Espaço
Sagrado, pela manhã, pode-se distribuir, ao longo do corredor, ervas aromáticas
maceradas. Na hora da celebração, ao abrir a igreja, o perfume exalado pelas
ervas contribuirá com a experiência ritual da comunidade.
2. Recorde-se
que a presente ação litúrgica tem características muito próprias, em relação ao
todo da liturgia. A equipe esteja atenta às rubricas do Missal Romano, para
esta celebração. Precisa-se saber, porém, que as rubricas têm o papel de
facilitar a boa execução do rito e não de restringi-lo.
3. Valorize-se
o silêncio ritual.
4. Hoje e
amanhã, segundo antiqüíssima tradição, a Igreja não celebra os sacramentos.
5. Não se deve
cantar nada para a entrada da equipe de celebração.
6. Esta
celebração deve ser austera e despojada. Gira em torno da imolação do Senhor.
Por isso, inicia-se com rito muito antigo: a prostração, em silêncio, do presidente
e dos seus acólitos.
7. Para a
leitura do Evangelho conforme o costume latino, várias pessoas participam. Como
no Domingo de Ramos, pode ser lida pelo diácono ou, na falta dele, pelo padre.
Mas pode ser lida também por leigos (as), cada um assumindo um papel, deixando
a parte do Cristo para quem preside a celebração. Exemplo: narrador ou
narradora; presidente da celebração; leitor ou leitora, grupo ou toda a
assembléia; Pilatos, Pedro, a criada. Um cuidado especial deve ser dispensado
aos idosos e às pessoas com deficiência, a fim de que participem da celebração
sem nenhum prejuízo físico, de modo que possam acompanhar a proclamação
assentadas.
8. É sumamente
recomendável que as pessoas que vão atuar na proclamação do Evangelho da Paixão
combinem-se e ensaiem antes, para que de fato se pareça com a proclamação da
Boa-Nova da salvação. O mesmo vale para os demais leitoras e leitoras (em
relação à primeira e segunda leituras) e para o canto do Salmo responsorial.
9. Quem
preside também deve proclamar as orações com suma piedade, de forma orante, sem
pressa, contemplando cada palavra, cada frase e todo o riquíssimo conteúdo dos
textos. Para o povo que houve a prece, isso é muito importante do ponto de
vista celebrativo e evangelizador.
10. Quanto às
músicas para a celebração, a Paulus tem publicado o CD: Tríduo Pascal – I.
Quinta-Feira Santa e Sexta-Feira Santa, com cantos do Hinário Litúrgico II da
CNBB referentes à Sexta-Feira Santa. Gravado pelo coral Palestrina da
Arquidiocese de Curitiba, sob a regência de Ir. Custódia Cardoso, este CD é bem
indicado para as comunidades preparem os cantos da celebração.
11. O
exercício da Via-Sacra, comum nesta Sexta-Feira Santa logo mais a noite, nas
comunidades, poderia ser feito pelas ruas e expressar a dolorosa caminhada dos
povos indígenas, da vida no Planeta que pede socorro, dos desempregados, dos
enfermos, das crianças abandonadas, dos jovens sem perspectiva, das mulheres
maltratadas, dos idosos abandonados, etc.
12. O Sábado
Santo, é o dia do grande silêncio. Cristo desce á mansão dos mortos, assume o
destino do homem e da mulher até o fim, penetra no abismo da morte, para dela
sair vitorioso. Portanto, o Sábado Santo, é o dia do túmulo e lembra a tristeza
de Maria e dos Apóstolos.
13. Neste dia,
a Igreja não celebra nenhum sacramento ou festividade, porque ela permanece
junto ao túmulo do Senhor. É um dia oportuno para visitar os túmulos dos nossos
fiéis.
14. É
aconselhável avisar que o dia seguinte – Sábado Santo – não é “sábado de
aleluia”, mas “sábado da sepultura” à espera da ressurreição. Fazer desse dia
uma silenciosa expectativa, com reuniões com quem vai ser batizado logo mais à
noite na Vigília Pascal, bem como as equipes de liturgia para os últimos
preparativos para a Vigília
9-
MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a celebração. Por isso devemos cantar a liturgia e não
cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e,
condizentes com o tempo litúrgico, com cada domingo, com as festas ou com a
liturgia de um dia especial, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são da Sexta-Feira Santa,
é preciso executá-los com atitude espiritual, isto é, de maneira orante. A
escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de
cantar o mistério celebrado e não cantos que um grupinho ou um movimento impõe.
1. Canto de abertura. (Omite-se). Inicia-se com rito muito antigo: a
prostração, em silêncio, do presidente e dos acólitos. Nem mesmo música
instrumental se justifica nesse momento.
2. Salmo responsorial 30/31. Salmo de lamentação e confiança.
“Eu me entrego, Senhor, em tuas mãos...” CD Tríduo Pascal – I, melodia da faixa
11.
3. Aclamação ao Evangelho: A obediência de Cristo e sua exaltação (Filipenses 2,8-9. “Salve, ó
Cristo obediente”, CD Tríduo Pascal – I, melodia da faixa 12.
4. Cantos
para adoração do Cristo na cruz. “Eis
o lenho da cruz...”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 216; “Fiel madeiro da
santa cruz, ó árvore sem rival, CD Tríduo Pascal I, melodia da faixa 17;
“Salve, ó cruz libertadora”, CD Festas Litúrgicas IV, melodia da faixa 6, “Meu
povo que te fiz eu?...”, CD Tríduo Pascal – I, melodia da faixa 16; “Meu povo
preste atenção...” CD Tríduo Pascal – I, melodia da faixa15; “Ó cruz fiel...”,
CD Tríduo Pascal – I, melodia da faixa 17; “Abra a porta povo...” Hinário
Litúrgico II da CNBB, página 176; “Vitória, tu reinarás...”, Hinário Litúrgico
II da CNBB, página 307; “Bendita e louvada seja...”, Hinário Litúrgico II da
CNBB, página 197; “As sete últimas palavras de Jesus...”, Hinário Litúrgico II
da CNBB, página 195; “A paixão de um Deus amante...”, Hinário Litúrgico II da
CNBB, página 174; Um canto muito oportuno
e altamente contemplativo para este momento é: “Salve, ó cruz libertadora”, como
indicamos acima.
5. Canto
de comunhão: Das espécies
pré-consagradas. “Se o grão de trigo não morrer...” seguido do Salmo 18/17,
Hinário Litúrgico II da CNBB, página 21, com a melodia do canto “Então
da nuvem luminosa”, do Segundo Domingo da Quaresma; “Prova de amor...”, CD:
Tríduo Pascal – I, melodia da faixa 18; “Eu vim para que todos tenham vida...”,
CD: Tríduo Pascal – I, melodia da faixa 19.
O canto de
comunhão deve retomar o sentido do Evangelho desta tarde. Esta é a sua função
ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na
Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se
dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos
bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade
entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Isto significa que comungar
o corpo e sangue de Cristo é compromisso com o Evangelho proclamado.
10- ESPAÇO CELEBRATIVO
1. O espaço da
celebração esteja totalmente despojado sem flores e sem enfeite nenhum, para
lembrar o dia em que “o dia em que o esposo foi tirado”. À luz da vitória,
contemplamos as suas chagas e tornamos presentes as dores e os martírios de
todos os oprimidos da terra, nos quais a santa páscoa continua. Tudo isto deve
estar visível no espaço da celebração.
3. Durante a
Liturgia da Palavra, seria oportuno colocar um ícone da face de Cristo, Servo e
Senhor, junto à Mesa da Palavra ou num outro lugar do presbitério. Devemos
recordar que na Liturgia, os Salmos, como as leituras do Primeiro Testamento,
são lidas a partir de Cristo e sua experiência pascal. Na tradição oriental se
diz que o primeiro ícone de Cristo é a “face de Cristo”, onde se contempla o
humano e o Divino numa só pessoa, e assim podemos dizer, a cruz e a
ressurreição; a morte e a vida; a dor e a alegria; o sofrimento e a vitória. A
seguir um ícone que pode ser utilizado...importante não usarmos uma imagem
dorida, isto é, sofrida e ensangüentada da face de Jesus, que desfigura o
sentido da celebração do Mistério Pascal, pois se celebra a cruz e a
ressurreição.
11. AÇÃO RITUAL
O Ressuscitado
é o Crucificado. Esta inversão da confissão de Pedro, proclamada no Tempo
Pascal, torna-se explícita ritualmente nesta celebração da Sexta-Feira Santa. O
Cristo vitorioso é o Cristo Padecente, identificado com o Servo Sofredor, isto
é, com o Povo da Aliança perseguido e oprimido, de todos os tempos da história.
Ritos Iniciais
1.
De joelhos é como se inicia a solene ação litúrgica desta Sexta-Feira Santa. O
gesto evidencia a humildade e humilhação dos servos e das servas diante do
Senhor, a quem recorrem por compaixão. O silêncio total, que antecede a súplica
faz notar a mudez diante da morte iminente. Nenhum canto, nenhum acorde musical
se justifica na entrada dos ministros.
2. O
presidente e o diácono, ou os acólitos, de paramentos vermelhos como para a
Missa, aproximam-se do altar, fazem-lhe reverência. O presidente se prostra no
chão. Enquanto faz isso, toda a assembléia é convidada a se colocar de joelhos.
Os que desejarem se prostrar, também o fazem livremente. Todos rezam em
silêncio por alguns instantes. Em seguida com os ministros, dirige-se para a
sua cadeira. Voltando para o povo e de mãos unidas, diz uma das orações que o
Missal propõe.
3. Oração (não
se diz Oremos).
4. O Missal
Romano propõe duas orações. A primeira faz referência direta ao sangue
derramado de Cristo instituindo o mistério da Páscoa. Cristo nossa Páscoa foi
imolado. “A morte de Cristo é a sua verdadeira Páscoa” (São Cromácio + 408). A
segunda opção faz referência direta à morte do homem velho e ao nascimento do
homem novo, unindo na mesma súplica, portanto, morte e ressurreição, cruz e
glória, sofrimento e vitória.
Rito da Palavra
1. O silêncio
deve marcar todo o percurso ritual nesta celebração. Uma pequena monição que
oriente para o sentido das leituras pode ser conveniente: Irmãos e irmãs, na
humildade de quem está unido ao Senhor também na morte e no sofrimento,
contemplemos o Servo Sofredor que é o Senhor e somos nós, sua comunidade,
nestes momentos decisivos da história de salvação.
2. Durante
toda a Liturgia da Palavra, seria oportuno dispor da face de Cristo, como
orientamos acima no Espaço da Celebração.
3. As leituras
sejam cuidadosamente preparadas. O rito da Palavra é o ponto alto da celebração
desse dia. O salmo responsorial seja cantado e um breve silêncio se faça entre
as leituras, antes de começar a homilia e depois, para que todos contemplem o
mistério celebrado na Palavra proclamada.
4. O Evangelho
de hoje é bem longo. Para melhor acompanhamento, depois da aclamação ao
Evangelho, convidar a assembléia a sentar. No momento da crucificação, pode-se
pregar duas tábuas, formando uma cruz. A assembléia contempla por uns
instantes, depois retira a cruz, para não ficar duas cruzes no espaço
celebrativo.
* João 18,1-11
* João
18,12-17
* João
18,28-19,16a
* João 19,16b-30
* João
19,31-42
Terminando
cada seqüência, momentos de silêncio e refrão.
7. Entre as
leituras e a veneração da Cruz gloriosa, assistimos às grandes preces da
Igreja, modelo das preces dos fiéis em nossas liturgias. Este rito também se
inspira na idéia de que a cruz é a fonte da graça de Deus, da vida da Igreja:
do lado aberto do Salvador nasce a Igreja.
Especial valor
se dê à Oração Universal. Que os convites e as orações sejam conduzidos de modo
pausado.
9. Entre as
preces da Oração Universal, sugerimos cantar o seguinte refrão: Deus Santo,
Deus forte, Deus imortal tem piedade de nós! O próprio Missal sugere que “as
Conferências Episcopais podem propor aclamações do povo antes da oração do
sacerdote, ou determinar que se mantenha o tradicional convite do diácono
Ajoelhemo-nos – Levantemo-nos, ajoelhando-se todos para a oração em silêncio”.
Em vez de ajoelhar a cada oração, o diácono, ou na falta dele o presidente da
celebração, convida a assembléia a uma “inclinação profunda”. Tudo com piedade,
silêncio e calma. A cada oração responde-se “Amém”, ou como já sugerimos um
refrão.
Rito da Adoração do Cristo na Cruz
1. Como de
costume, a cruz é apresentada à assembléia com o canto em três tons
ascendentes: Eis o lenho da cruz do qual do qual pendeu a salvação do mundo.
2. As pessoas
que se dirigem à cruz, demonstram sua adoração do modo que lhes parecer mais
conveniente: beijo, abraço, genuflexão, vênia, etc.
3. Para
acompanhar o rito sugerimos várias opções de cantos que está acima em Música Ritual. São
cantos que expressam uma eloqüente teologia da Cruz-Ressurreição de Jesus que
louva a “Beata Pasio”, isto é, Bem-Aventurada Paixão por nos ter resgatado da
morte e nos ter comunicado a vida nova em Cristo. Nestes
cantos a Cruz é interpretada como “árvore da vida”, cujo fruto é a Páscoa de
Cristo da qual somos participantes, principalmente o canto “Fiel madeiro da
Santa Cruz ó arvore sem rival” música de José Acácio Santana que está no CD
Tríduo Pascal I. Os cantos que acompanham este momento devem ser meditativos e
profundos, apelando ao mistério que celebramos e não ao sentimentalismo. Cantos
que não expressa essa teologia, as equipes de liturgia e equipes de canto devem
deixar de lado. “Uma enxurrada de coisas
produzidas sem melhores critérios e divulgadas sem maiores cuidados, com força
devastadora, invade as mentes e os corações dos fiéis menos avisados, solapando
os fundamentos sólidos da fé e da piedade” (Canto e Música na Liturgia, Edições
CNBB, página 7).
Rito da Comunhão
1. Para a
comunhão, recomendamos que toda a reserva simbólica seja distribuída, a fim de
que não retorne para o tabernáculo, tampouco para o espaço em que se encontrava
desde a noite anterior. Caso haja grande quantidade, é recomendável que os
ministros a consumam logo após a celebração, ou guarda-se o que sobrou do pão
eucarístico, de preferência num lugar fora da igreja.
2. Este rito
da comunhão dever ser simples e devoto: um gesto de dedicação ao Senhor que nos
amou até o fim. Este rito estabelece a unidade da presente celebração com a de
ontem, consumindo-se hoje as Santas Espécies consagradas ontem (chamadas
“pré-consagradas”).
3. O Altar
desnudo recebe uma toalha simples, corporal onde o Corpo do Senhor é colocado
para ser dado em comunhão aos fiéis. Esse momento requer muita simplicidade e
fidelidade ao que se propõe o Missal Romano.
4.
Nos Ritos de comunhão. Comungando o Cristo hoje, participamos especialmente da
Páscoa da sua cruz. Ele foi morto na mesma hora em que nas casas do povo de
Israel se imolava o cordeiro pascal. Unindo-nos a Cristo como nossa Páscoa,
participamos com Ele da vida nova que o Pai lhe deu.
5. Estende-se
a toalha sobre o altar, e colocam-se o corporal e o Missal.
6. Pelo
caminho mais curto, o diácono ou, na falta dele, o presbítero traz o Pão
Eucarístico do local da reposição, pelo trajeto mais curto e coloca-o sobre o
Altar, estando todos de pé e em silêncio. Dois ministros com velas acesas
acompanham o Santíssimo Sacramento e colocam os castiçais perto do Altar.
7. Depois que o
diácono colocou o Pão Eucarístico sobre o Altar e descoberto o cibório, o
presidente da celebração aproxima-se e, feita a genuflexão, sobe ao Altar. Em
seguida com voz clara, de mãos unidas, convida a assembléia a rezar o Pai Nosso
8. Um
ministro, acompanhado de dois acólitos que trazem velas acesas nas mãos, busca
o pão consagrado no lugar em que foi deixado na noite anterior.
9. Rezam-se o
Pai-Nosso e Livrai-nos...(não há oração pela paz, nem abraço, nem fração do
pão, nem Cordeiro de Deus...).
10. Distribui-se
a comunhão como de costume. Silêncio.
11. Faz-se a
oração depois da comunhão. Nesta oração suplicamos a Deus que sejamos renovados
pela santa “morte e ressurreição de Cristo” e que seja conservado em nós, o que
a misericórdia de Deus operou e a nossa participação no Mistério, consagre
sempre a nossa vida. Quase que na surdina anuncia a Ressurreição.
Ritos finais.
1. Faz-se uma oração sobre o
povo. Invoca-se a bênção sobre o povo que acabou de celebrar a morte do Senhor
na esperança da Ressurreição.
2. Todos se retiram em silêncio e
sem canto. Como nos Ritos Iniciais, aqui também não se justifica nem canto e
nem fundo musical.
3. Seria muito
oportuno, no fim da celebração, as velas serem distribuídas aos fiéis,
sinalizando a íntima relação entre o evento da morte e a ressurreição de Jesus.
Nesse caso, sejam avisados de que devem trazê-las para a celebração da Vigília
Pascal.
12- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na memória da
Paixão do Cristo do Cristo, do povo e da criação, especialmente da nossa mãe-terra,
celebramos a força de Deus que ressuscita o Cristo e, e Nele, os seus filhos e
filhas e todo o universo. Celebrando esta Páscoa da Cruz, recebemos força para
sermos fiéis à nossa missão, confiantes na vitória que o Pai nos dá.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o Mistério da Paixão e Morte do
Senhor.
Um abraço
fraterno a todos,
Pe. Benedito
Mazeti
Assessor
diocesano de Liturgia
Bispado de São José do Rio Preto
Nenhum comentário:
Postar um comentário