Liturgia da Palavra
Atos 2,42-47
Atos 2,42-47
Salmo 117/118
1Pedro 1,3-9
João 20,19-31
“COMO O PAI ME ENVIOU, TAMBÉM EU VOS
ENVIO”
1- PONTO DE PARTIDA
Hoje é o
domingo da profissão de fé de Tomé. Há uma semana celebramos o Páscoa da
Ressurreição. Nós batizados, fomos sepultados na morte com Cristo e
ressuscitamos com ele. Neste Tempo Pascal, somos fortalecidos pela Palavra de
Deus e pela Eucaristia a fim de darmos testemunho de Jesus ressuscitado, seja
pela nossa vida pessoal, pela participação comunitária, seja pela atuação
transformadora da sociedade.
Hoje também é
o domingo da Divina Misericórdia instituído pelo papa João Paulo II. Somos
convidados a deixar de lado o medo que nos impede de ser autenticas testemunhas
do Ressuscitado e acolher o dom da paz e da reconciliação que Ele nos oferece.
Hoje a Igreja toda se alegra com a beatificação do papa João Paulo II.
Celebramos a Páscoa de Jesus que
se manifesta na comunidade dos discípulos e discípulas e em todas as pessoas e
grupos que promovem a reconciliação no meio de nós.
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os textos
Primeira leitura – Atos 2,42-47. Em
três “resumos” (Atos 2,42-47; 4,32-36; 5,12-16) Lucas dá uma imagem idealizada
da primeira comunidade cristã. No primeiro resumo que se lê hoje, fala-se pela
primeira vez, nos Atos, de uma comunidade cristã.
A comunidade
cristã é, pois, uma convivência, baseada na pregação dos Apóstolos, mantida
pela comunhão de bens, alimentada pela fração do pão e animada pelo louvor de
Deus, pela alegria e confiança mútua.
O segundo
domingo do Tempo Pascal apresenta o primeiro dos três textos muito semelhantes
dos Atos dos Apóstolos, através dos quais Lucas delineia o quadro das
características da comunidade nascida da Páscoa e do Pentecostes. O primeiro
versículo deste texto (cf. versículo 2)
enumera os traços essenciais sem os quais uma comunidade não é Igreja; o
resto enriquece a descrição e narra as reações de quem está fora:
“simpatia”(versículo 47) sobretudo perante a vida de comunhão profunda que
distingue o estilo de vida dos cristãos (versículos 44.46).
A comunidade
parece consagrar todo o seu tempo ao culto e à missão: ela louva a Deus (Atos
2,47), mas também se preocupa com a repercussão de seu testemunho junto ao povo
e com as conversões que daí resultam (Atos 2,47; 5,13-14).
Os cristãos de
Jerusalém, na maioria, estrangeiros na cidade, galileus exilados, pobres sem
lar, membros da Diáspora sem “domicílio”, alegravam-se sem dúvida com o
encontro em volta de uma mesa comum e podiam ver nisso um reflexo um reflexo do
banquete escatológico.
Não se trata
simplesmente de um conjunto de pessoas juntas por um mesmo ideal, mas de um
grupo que vive dos dons que o Espírito Santo oferece aos cristãos para sustentar
a sua fé e tornar a comunidade realmente “cristã”, ou seja, conformada a
Cristo: a palavra apostólica, a pão partido, a vida de comunidade, tudo num
clima de oração.
De todas estas
características o primeiro sumário parece evidenciar sobretudo a da “comunhão”:
é a novidade das relações que persistem entre os cristãos a atrair o interesse
“de todo o povo” (cf. versículo 47), isto é, de quem está fora. A narração dos
Atos dos Apóstolos não mostra uma Igreja que converte todos os povos, mas a
difusão da primeira comunidade que, precisamente através da vida fraterna dos
seus membros, dá bom testemunho do Ressuscitado.
A Ressurreição
de Cristo é um acontecimento. Mas é preciso “perseverar” (Atos 2,42; traduzido
por “ser assíduo” na Bíblia de Jerusalém), isto é, encontrar instituições e
estruturas que permitam vivê-la em todas as circunstâncias da vida. Os resumos
dos Atos descrevem essas instituições: a instrução dos apóstolos, a comunidade
fraternal, a liturgia, a missão, a vitória sobre o mal. A Igreja de hoje não
pode reproduzir as características das comunidades primitivas: uma volta à
instrução dos apóstolos seria às vezes arcaísmo, uma restauração das formas
litúrgicas seria judaísmo, e o gosto pelo maravilhoso um anacronismo. Em vez
disso, a Igreja deve pesquisar se seu ensinamento se baseia ainda no Mistério
Pascal, se a fé no Cristo Ressuscitado inspira a luta dos cristãos contra o mal
e a doença, se a caridade para com os pobres é realmente sinal da solidariedade
espiritual de todas as pessoas em Cristo.
Salmo responsorial - 118/117,2-4.13-15.22-24. É uma oração coletiva
de ação de graças. Este salmo encerra o Hallel (cf. Salmo 113-117). Um
invitatório (vv. 1-4) precede o hino de ação de graças posto nos lábios da
comunidade personificada, vv. 19s-25s, recitadas por diversos grupos quando a
procissão entrava no Templo de Jerusalém. A Igreja da graças ao Senhor que
ressuscita Jesus e nos faça participar da sua Páscoa.
A “pedra angular” (ou “pedra
cumeeira”; cf. Jeremias 51,26), que se pode tornar “pedra de tropeço”, é tema
messiânico (Isaias 8,14; 28,16; Zacarias 3,9; 4,7; 8,6) e designará o Cristo
(Mateus 21,42p; Atos 4,11; Romanos 9,33; 1Pedro 2,4s; cf. Efésios 2,20;
1Coríntios 3,11). Na tradição cristã, este versículo é aplicado ao dia da ressurreição
de Cristo e utilizado na liturgia pascal.
O Senhor
provou a todos seu amor na paixão e morte de seu Filho Jesus. Ao ressuscitá-lo,
mostrou como é grande o seu amor por nós, seu poder e sua “eterna
misericórdia”. Por isso os primeiros cristãos testemunhavam com sua firme fé e
com sua alegria; assim atraíam cada vez mais pessoas para suas comunidades,
viviam o milagre da partilha, constantemente dando graças ao Senhor. “Dai
graças ao Senhor porque ele é bom, eterna é a sua misericórdia” (Salmo 118/117).
Demos graças ao Senhor porque nos reúne em comunidade e nos faz viver em
comunhão com Cristo ressuscitado.
DAI GRAÇAS AO
SENHOR, PORQUE ELE É BOM;
ETERNA É A SUA
MISERICÓRDIA!
Segunda leitura – 1Pedro 1,3-9. O autor da primeira carta de Pedro parece
inspirar-se num antigo hino cristão que poderia ter sido concebido em três
estrofes dedicadas sucessivamente ao louvor do Pai, autor da nova criação, do
Filho motivo de nosso amor até na provação e do Espírito manifestado nos
profetas. Depois da saudação inicial, Pedro como outros escritores do Novo
Testamento, começa a Carta com uma “bênção”, ou seja, com uma oração de ação de
graças a Deus pelos Seus dons. O principal tema dessa “bênção” é nossa
regeneração (cf. Tito 3,5; João 3,3-5; Tiago 1,17-18). A oração é aqui
claramente articulada em três partes, centradas respectivamente na Trindade
Santa.
O trecho da
Carta de Pedro lida hoje, mostra que a existência cristã tem marcas da
Trindade. Deus Pai está na origem da mesma (versículos 3-5). A esperança, o amor
e a fé dos cristãos concentram-se em Jesus Cristo (versículos 6-8). O Espírito Santo,
ou o Espírito de Cristo dá-lhe testemunho por meio dos profetas do Primeiro
Testamento e dos pregadores do Evangelho (versículos 10-12).
A um grupo de
comunidades cristãs na Diáspora (cf. 1Pedro 1,1), Pedro ensina o louvor como
primeira atitude, capaz de conservar a unidade e de superar o sentido de
frustração que nasce em quem se sente isolado e ainda mais em situação de
perseguição. São cristãos que pertencem à segunda geração que “amam Jesus,
mesmo sem o ter visto, e que crêem Nele, embora não O vejam agora (versículo
8).
Os dons que se
devem agradecer a Deus estão resumidos na ação de Deus que em Cristo “fez
renascer” os cristãos (versículo 3). Pedro ensina a “alegrarem-se” (cf.
versículos 6.8b) por aquela que nós chamaríamos a vida de graça, isto é, aquela
relação profunda com Cristo Jesus que transfigura inclusive os sofrimentos.
A leitura fala
sucessivamente do futuro glorioso para o qual o Pai destina os cristãos
(versículos 3-5). “Graças à fé, pelo poder de Deus, vós fostes guardados para a
salvação que deve manifestar-se nos últimos tempos”. O ponto de referência de
nossa atual cronologia Ocidental e cristã é a primeira vinda de Cristo.
Dividindo a história em antes e depois de Cristo, introduziram-se uma contagem
regressiva (antes dC) e outra progressiva (depois dC). É uma cronologia
histórica. O ponto de referência da cronologia dos primeiros cristãos não era a
primeira, mas a segunda vinda de Cristo. Não era, pois o passado, mas o futuro.
A contagem não era progressiva, mas regressiva: não se ia somando a uma
plenitude já dada, mas descontando de uma plenitude ainda esperada. Os
primeiros cristãos não viviam, pois, do seu passado, mas do seu futuro em Cristo. Não é uma
cronologia histórica, mas escatológica. À luz do futuro que consiste na
participação plena da herança gloriosa de Cristo no fim dos tempos (versículos
3-5), os cristãos sabem encarar as aflições e provações do tempo presente como
uma oportunidade para avaliar a sua fidelidade a Cristo.
Evangelho – João 20,19-31. Os domingos
de Páscoa trazem, sobretudo nos evangelhos, o “material pascal”, as aparições
de Jesus ressuscitado. Nesta coleção situa-se também João 20,19-31. A liturgia até conserva
um certo realismo histórico, pois a segunda metade desta leitura situa-se “oito
dias depois”, isto é, no segundo domingo depois da morte de Cristo (João
20,26). Quando se trata de estabelecer um relacionamento com a primeira
leitura, pode-se pensar no tema “reunião”.
Mais evidente, é o laço com a segunda leitura: crer sem ver (João 20,29;
cf 1Pedro 1,8).
O capítulo 20
de João descreve os últimos sinais que Jesus realizou. Todos os sinais
anteriores preparam e culminam nestes. Estes últimos sinais realizaram-se no
primeiro dia (versículo 19) e no segundo (versículo 26) dos “primeiros dias da
semana” ou “domingos” (cf. Apocalipse 1,10): “dia do Senhor”. É importante
captar a intenção do evangelista. Ele escreveu no fim do primeiro século.
Durante várias décadas as comunidades cristãs se reuniam no primeiro dia da semana para celebrar a
Eucaristia e comemorar a ressurreição do Senhor Jesus (Atos 20,7-12; 1Coríntios
16,2). O evangelista ensina que a celebração dominical tem as suas raízes na
reunião vespertina no “primeiro dia da semana” em que Jesus ressurgiu do
sepulcro e subiu para seu Pai, e na repetição desta reunião oito dias depois. Essas reuniões de
Jesus ressuscitado com os Seus discípulos são a inauguração das assembléias
semanais das comunidades cristãs de todos os tempos. Todas elas são assembléias
ao redor do Senhor ressuscitado, em
que Ele está realmente presente como naquelas primeiras
assembléias. Naqueles dois primeiros domingos Jesus veio ainda de modo visível,
depois de modo invisível. “Felizes, porém, os que crêem sem O ver” (João
20,29). Hoje Ele está presente de maneira invisível, mas não menos real.
O sentido da
celebração litúrgica semanal é dado em três etapas, marcadas pela antiga
saudação litúrgica “A paz esteja com vocês”, que se repete três vezes, como uma
espécie de “antífona” (versículos
19.21.26). Na primeira etapa (versículo 20), sublinha-se a “presença real” de
Jesus apesar das portas fechadas. O fato de Jesus mostrar as mãos e o lado
significa que é o próprio Jesus morto e ressuscitado que está presente, não
somente nesta primeira reunião do Senhor ressuscitado com os seus discípulos, mas também em todas as demais assembléias
litúrgicas.
Na segunda
etapa (versículos 21-23), destaca-se a fundação da Igreja que se realiza em três atos: a comunicação da missão (versículo 21b), do Espírito Santo (versículo 22) e do poder de perdoar e reter os pecados (versículo 23). Esta
fundação da Igreja nestes três atos é obra do Senhor morto e ressuscitado
realizada no primeiro dos “primeiros dias da semana”. Ela não se repete, mas se
renova e atualiza em cada celebração eucarística dominical em que se celebra a
“memória” da mesma.
Na terceira
etapa (versículos 26-29 preparada por versículos) realça-se que em todas as
celebrações eucarísticas do “primeiro dia da semana” o Senhor morto e
ressuscitado está tão presente como na segunda celebração deste dia, em que Tomé podia pôr o dedo
no lugar das chagas. É a fé dos fiéis de todos os tempos que Jesus declara
bem-aventurada com as palavras: “Felizes os que crêem sem Me ver!” Esta fé
expressa-se na confissão litúrgica
“Meu Senhor e meu Deus!” Ela não é fé de segunda categoria. É a mesma fé e a
mesma comunhão com o Senhor. O Vivo contato com o Senhor é diferente, mas não
menos real.
Jesus não
esquece de ninguém: vem também para encontrar-se com o apóstolo Tomé, o homem
de pouca fé, e capacita-o a pronunciar a confissão mais plena de todo o
Evangelho: “Meu Senhor e meu Deus!” (versículo 28).
Os primeiros
versículos (19-23) descrevem o mesmo fato que Lucas 24,36-43 narra sobre a as
aparições do Senhor Ressuscitado. Jesus aparece, transformado; passa através de
portas fechadas. João é mais claro do
que Lucas, que apenas diz que Jesus esta de repente no meio; João menciona que
as portas estavam fechadas por medo dos judeus, um motivo bem do evangelista
(cf. 7,13; 19,38), refletindo talvez a situação dos cristãos no fim do século I
(perseguição, exclusão da sinagoga, etc. cf. 9,22; 12,42s). João dá um sentido profundo ao tema da alegria.
Agora após a
ressurreição, Cristo não é mais um homem comum como os outros, pois atravessa
as paredes; mas não é um espírito de luz, pois podemos ver e tocar suas mãos e
seu lado (versículo 20). Portanto, sua ressurreição conferiu-lhe um novo modo
de existência corporal. João insiste tanto quanto Lucas sobre a demonstração:
ele substitui as mãos e os pés pelo lado de Jesus. Isto demonstra claramente
que a figura corpórea de Cristo não era a mesma de antes da ressurreição. Jesus
agora possui um corpo real, pois não é um espírito; só que o seu corpo já não é
material, é glorioso, “corpo espiritual”, diríamos com São Paulo, corpo
imaterial capaz de atravessar muros e portas fechadas.
São João afirma que Ele mostra
aos discípulos as mãos e o lado. Isto
significa que o Ressuscitado é o Crucificado e o Crucificado é o Ressuscitado,
isto é, era a mesma pessoa e não um
espírito de luz (João 20,20; 25-27).
Jesus se
dirige aos discípulos com um voto de paz.
Repete esse voto por três vezes nesta narração (versículos 19.21.26). É a hora
em que se realizam as promessas feitas por Jesus na sua Despedida: os seus hão
de revê-Lo(14,19; 16,16ss) com alegria (16,21s.24; cf. 15,11) e lhes dá a sua
paz (14,27). A alegria e a paz formam um contraste claro com o medo em face dos
judeus, que marca o início da cena. Realiza-se a promessa: “Tende coragem, eu
venci o mundo” (16,33; cf. 16,11).
O dom do
Espírito Santo também faz parte da realização das promessas da Despedida. João
desconhece a separação temporal da Ressurreição do dom do Espírito Santo, característica
de Lucas (Lucas 24,49; Atos 1,4; 2,1ss). Na concepção de João o dom do Espírito
Santo depende somente do exercício do senhorio de Jesus, isto é, da sua
glorificação, que coincide com a “morte-ressurreição”, a “exaltação” de Jesus.
Aqui mostra-se o sentido profundo de chamar o Jesus ressuscitado de “Senhor”. A
ressurreição é exercício do senhorio de Jesus Cristo sobre no céu e na terra.
O dom do
Espírito Santo é uma missão para os que o recebem, prolongamento da própria
missão de Jesus (versículo 22; cf. 17,18). Jesus “sopra” sobre eles o Espírito
(= “sopro”) Santo, para que perdoem ou retenham os pecados. Terão, portanto, a
missão de tirar o pecado do mundo, exatamente como Jesus (cf. 1,29-36). Se o
fizerem, será válido; se não fizerem, também (versículo 23). Mas, isto não
significa que poderão julgar de maneira arbitrária. Significa que eles têm o
poder de santificação pelo Espírito
Renovador (cf. Salmo 51/50,12-14; Ezequiel 11,19; 36,25-27; também Salmo
104/103,30).
Portanto, por
sua ressurreição, Cristo tornou-se o Homem novo, animado pelo sopro que
presidirá os últimos tempos e purificará a humanidade. Conferindo a seus
discípulos o poder de perdoar os pecados, o Senhor não institui apenas um
sacramento de penitência; Ele divide seu triunfo sobre o mal e o pecado.
A segunda
parte da narrativa (versículos 24-29) é introduzida por uma transição, contém
uma lição sobre a fé. Tomé quer apalpar o Ressuscitado, antes de crer. Jesus
concedeu.
Os versículos
30-31 é a fórmula de conclusão do texto apóia-se no episódio de Tomé e estende
a significação deste sobre o Evangelho inteiro. Tomé pode ver para crer.
Ver e não ver
Jesus. A situação normal dos discípulos depois da exaltação de Jesus, é não
vê-Lo (João 14,19; 16,10; 16,16ss). Para ver o Jesus novamente, somente na
união escatológica e definitiva. Portanto, não é preciso ver Jesus para crer e
estar unido com Ele. Crer sem ver é a beatitude dos cristãos (João 20,29).
Contudo, Jesus
quis dar a Tomé uma visão para que ele acreditasse (João 20,26-28). Enquanto
para os outros discípulos Ele mostrou seu lado aberto para anunciar a efusão do
Espírito Santo, a Tomé mostra suas chagas para que acredite. Isto significa que
existe uma maneira de ver que é útil, talvez necessária para a fé; pois com a mesma
intenção o evangelista visualiza os “sinais” de Jesus para que os cristãos
acreditem (João 20,30s).
Mas para
chegar à fé pela visão, é preciso ver de uma maneira bem específica. Muitos
viram sinais, e não creram (João 12,37), alguns até por medo (João 12,42s).
Jesus sugere até que se pode ver sem ver nada: a multidão que participou da
multiplicação dos pães encheu a barriga, mas não viu o sinal (João 6,26) e pede
mais um (João 6,30)! E os fariseus, que constataram em processo a cura do cego
de nascimento, mas não acreditaram, são chamados de “cegos” porque dizem que
vêem (João 9,41). Mesmo vendo a ressurreição de Lázaro, não acreditaram.
O Evangelho
narra a aparição de Jesus ressuscitado á comunidade reunida. É fundamental
voltarmos o nosso olhar para o momento que Jesus escolheu: a comunidade
reunida! A comunidade cristã reunida deve
aparecer como sinal de Cristo ressuscitado. “a paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos
envio” (João 20,21). Isto mostra que a Igreja já nasceu missionária.
Na tarde do
primeiro dia da semana, os discípulos estavam reunidos, de portas fechadas,
quando o Senhor apareceu, ressuscitado. Era Ele mesmo. Fez questão de mostrar
em seu corpo as marcas da paixão, para que ninguém tivesse dúvidas. Do lado dos
discípulos, havia o medo, a incredulidade, a tristeza. Do lado de Jesus, a paz,
a reconciliação e uma força capaz de provocar uma nova atitude no meio da
comunidade.
Podemos
perceber claramente que ao aparecer “no meio deles”, Jesus assume-se como ponto
de referência, fator de unidade. A comunidade está reunida em volta dele, pois
Ele é o centro onde todos vão beber essa vida que lhes permite vencer o “medo”
e a hostilidade do mundo.
Jesus passa
para os discípulos a missão que recebeu do Pai, dando-lhes o dom do Espírito
Santo e a graça de oferecer o perdão.
Jesus “soprou”
sobre os discípulos reunidos em sua volta. O verbo aqui utilizado é o mesmo do
texto grego de Gênesis 2,7, o qual diz que Deus soprou sobre o homem de argila,
infundindo-lhe a vida de Deus. Com um “sopro”, Jesus transmite aos discípulos a
vida nova que fará deles homens novos. Agora, os discípulos possuem o Espírito,
a vida de Deus, para poderem como o Mestre dar-se generosamente aos outros. É
esse Espírito que constitui e anima nossas comunidades cristãs.
Jesus
aparece-lhes não só para que dessem testemunho de sua ressurreição, mas também
para dar-lhes o Espírito Santo e enviar-lhes em missão.
Pensemos no
nosso hoje: se ouvíssemos de outros: “Vimos o Senhor!”, sem o testemunho
narrado no Evangelho, será que nossa atitude seria muito diferente da de Tomé?
Ele precisou ver para crer, por isso, arrependido, professa sua fé em Jesus Cristo : “Meu
Senhor e meu Deus!” (João 20,28). É na vida da nossa comunidade (na sua
liturgia, no seu amor, no seu testemunho) que encontramos as provas de que
Jesus está vivo.
Nossa fé
precisa ser, realmente, incondicional para que reconheçamos o Senhor. Mesmo sem
podermos tocar em suas mãos e em seu peito aberto, é possível vê-Lo na Palavra
anunciada e num simples pedaço de pão, porque Ele mesmo disse que ali estaria,
se reunidos celebrássemos sua memória. Se estivéssemos, porém, ausentes da
comunidade, do Espírito de amor e partilha que Ele nos propõe, poderemos ser o
Tomé de hoje, incapazes de crer. Fora da comunidade, da fé e da vivência
segundo o Espírito de Deus, dizer que Ele está vivo no meio de nós pode
fazer-nos parecer meros visionários aos olhos de quem não crê.
Hoje também, é
preciso acreditar antes de ver, pois é a fé que abre nossos olhos à presença de
Jesus, a seus sinais e a sua graça.
Este é nosso
desejo, todos “queremos ver Jesus”. Ver Jesus é o anseio mais profundo do
coração humano, mesmo sem o saber. Em Jesus Cristo , Deus manifesta-se aos que o procuram
e lhes oferece a vida em
plenitude. E , contudo, podemos dizer que vemos, nós também: a
realidade do Cristo glorioso, no Espírito.
Nós somos
agora o “espaço” da salvação de Deus, do qual podem brotar equilíbrio e vida
plena paras todos. Tornando-nos missionários da reconciliação pelo exercício do
perdão. Isso, com certeza, é paz, justiça, saúde e vida para todos. “Como o Pai
me enviou, também eu envio vocês”, disse Jesus. Daí a importância de vivermos
em comunidade, a exemplo das primeiras comunidades cristãs, perseverantes na
escuta da Palavra, na comunhão fraterna (caridade, solidariedade, ajuda mútua,
partilha de bens, serviço à vida), na fração do pão (Eucaristia como memorial
de Jesus) e nas orações diárias como alimento da fé.
A nossa
celebração de cada domingo faz memória desta presença viva de Jesus
ressuscitado. Hoje, esta presença não é visível como naquele domingo em que Tomé podia por o dedo
em suas chagas. Agora, Ele se manifesta invisível, contudo não menos real. Ele
entra em nossas assembléias na situação concreta de cada comunidade e de cada
pessoa, vem ao encontro de nossa frágil fé, cheia de medo, cheia de dúvidas...
E nós ouvindo-O dizer “Bem-Aventurados os creram sem ter visto”, fazemos a
confissão amorosa da nossa fé esperando receber também o dom do Espírito Santo
e a força para sermos testemunhas de sua ressurreição.
Contemplamos o
Senhor ressuscitado com as mãos feridas pela morte. A ressurreição é a vitória
sobre o mal, não sua negação ou fuga. Que Ele nos ajude a superar a cultura
individualista e a cultura da morte e a viver o tempo novo da ressurreição.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
Conservar na vida o sacramento da Páscoa
O risco da
ruptura entre Liturgia e Vida, Mistério e existência é para nós, um desafio que
não nos abandona. A Oração depois da Comunhão conclui o rito do mesmo nome,
falando que é necessário fazer perdurar na vida aquilo que fora experimentado
no encontro com o Senhor. O Cristo que conhecemos no interior dos ritos deveria
ser reconhecido no exterior das relações que se dão entre as pessoas, fora do
âmbito nitidamente sagrado.
Na liturgia
podemos afirmar “vimos o Senhor”, mas a questão é como esta experiência tem
seus desdobramentos na vida cotidiana.
Como a recordação da Aliança, o nutrir do vínculo dos batizados e
batizadas com o Crucificado-Ressuscitado perdura de tal modo no coração de cada
fiel que a história humana se vê nova e o mundo com ares de recriação?
A comunidade de fé como sinal sensível do Ressuscitado
O Prefácio da
Páscoa V canta: “Vencendo a corrupção do pecado, realizou uma nova criação. E,
destruindo a morte, garantiu-nos a vida em plenitude”. Esta constatação
aparentemente simples, na obra redentora de Jesus, mediante sua ressurreição,
revela o significado da comunidade dos fiéis redimidos. Ela é um “monumento
pascal”. Os que vivem como comunidade dos que ressuscitam com Cristo são o
testemunho notório de que a Páscoa aconteceu.
Embora os
olhos dos nossos “Tomes” contemporâneos muitas vezes não consigam captar o
significado da comunidade de fé, como continuadora da presença do
Crucificado-Ressuscitado, enxergando a Igreja apenas como uma instituição de
ordem religiosa ou social, sua existência revela a vitória da vida sobre a
morte. Dito de outro modo, quem vê a vida em comum dos cristãos (descrita com
dedos de artista na segunda leitura) deveria enxergar o Senhor e exclamar: Nós
o vimos!
Cada
celebração do Mistério Pascal é tempo gasto para aperfeiçoar a obra de arte que
é a vida em comum em Cristo Ressuscitado.
A perfeição das relações que experimentamos, mediante os
gestos de abraçar, beijar, lançar um olhar na mesma direção, escutar a mesma
palavra, beber e comer juntos e nos banharmos na mesma água, conduzem a
comunidade à verdade sobre si mesma, para que ela ilumine o cotidiano e
contemplando nossa comunhão se diga: Vimos o Senhor.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
A Eucaristia é
o momento da paz. Em
cada Eucaristia , Cristo nos dá a sua paz e quer que a
atualizemos para nossos irmãos e irmãs. A paz de Cristo é a paz do
Ressuscitado. É diferente da paz do mundo que quer a paz à custa de armas.
Nesta
Eucaristia, apresentemos a Cristo a cegueira do mundo, para que Ele a ilumine.
Apresentemos o ódio do mundo, para que Ele o converta em amor. Apresentemos
o sofrimento de tantos inocentes, para Ele os console.
Na eucaristia
o Senhor nos une num só coração e numa só alma e, na mesa eucarística, partilha
seu corpo e seu sangue como alimento. Ele nos dá a sua paz ao perdoar nossos
pecados e nos convoca a sermos suas testemunhas, fortalecidos pela presença do
Espírito Santo.
Após
escutarmos e refletirmos a Palavra na homilia, como Tomé, fazemos nossa
profissão de fé com o Credo.
Através do
ministro que preside a assembléia eucarística, na liturgia eucarística, quando
temos Jesus presente no pão e no vinho, é Ele mesmo que nos diz, como outrora
aos discípulos: “A paz do Senhor esteja sempre convosco”.
Depois de
comungarmos o próprio Jesus que se dá a nós em alimento, com a bênção de Deus
Pai, de Deus Filho e de Deus Espírito Santo, somos enviados em missão, tal qual
os discípulos, que de Jesus receberam a missão confiada a Ele pelo Pai. A cada
celebração litúrgica, esta missão nos é confiada novamente, e a cada celebração
damos graças a Deus, “porque ele é bom; porque eterna é a sua misericórdia”.
Não é em
experiências pessoais, íntimas, fechadas, egoístas que encontramos Jesus
ressuscitado, mas sim no diálogo comunitário, na Palavra partilhada, no pão
repartido, no amor que une is irmãos e irmãs em comunidade de vida.
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. No Ano A,
as primeiras leituras de cada um desses domingos são tiradas dos Atos dos
Apóstolos: descrevem a vida da primeira comunidade que se reúne na fé em Jesus Cristo
Ressuscitado. As segundas leituras são da Primeira Carta de
São Pedro: a vida cristã é uma vida pascal; seguindo nos passos de Jesus, como
povo novo, constroem sobre o fundamento, a pedra principal que é Cristo. Nos
evangelhos destes domingos (São João e a narração dos discípulos de Emaús de
São Lucas no Terceiro Domingo), o Cristo Ressuscitado continua presente na
reunião dos discípulos e é a porta de acesso ao Pai, no Espírito.
2. Os
cinqüenta dias que vão desde o Domingo de Páscoa na Ressurreição do Senhor até
o Domingo de Pentecostes devem ser celebrados com verdadeira alegria como se
fosse um grande domingo. Esses cinqüenta dias é como se fosse um só dia de
festa, “símbolo da felicidade eterna” (Santo Atanásio). Os domingos pascais se
caracterizam pela ausência de elementos penitenciais e pela acentuação de
elementos festivos. A alegria deve
ser a característica do Tempo Pascal. A alegria deve estar presente nas pessoas
da comunidade e também no espaço litúrgico, na cor branca (ou amarela), nas
flores, no canto alegre do “Aleluia”, na alegria de sermos aspergidos pela água
batismal, no gesto da acolhida e da paz. O Tempo Pascal constitui-se em “um
grande domingo”. Vivenciamos dias de Páscoa e não após a Páscoa.
3. O Círio
Pascal deve estar sempre presente, junto à Mesa da Palavra em todas as
celebrações do Tempo Pascal. É importante que o Círio seja aceso no início da
celebração, após o canto de abertura, enquanto a assembléia entoa um refrão
pascal. Ele é o sinal do Cristo ressuscitado, Senhor de nossas vidas.
4. Dar
destaque durante o Tempo Pascal para a água batismal.
Onde há pia batismal, ela deve ser o ponto de referência para a realização de
ritos como aspersão, renovação de promessas, compromissos. Onde não há pia
batismal, preparar alguma vasilha de cerâmica, de preferência junto do Círio
Pascal.
5. Vivamos
intensamente este tempo de festa, celebrando a vida nova que Cristo nos deu,
vencendo a morte. É importante que o espaço celebrativo da Vigília Pascal
continue o mesmo para a celebração do Domingo de Páscoa e todo o Tempo Pascal.
6. O Tempo
Pascal é, muito indicado, liturgicamente, para as celebrações da Crisma e da
Primeira Eucaristia, numa continuidade com a noite batismal da Páscoa.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e, condizentes com o Tempo Pascal e com cada
domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não
basta só saber que os cantos são da Páscoa, é
preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser
cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado. O canto de abertura
deve nos introduzir no mistério celebrado.
1. Canto de abertura. “Como
crianças recém-nascidas...” (1Pedro 2,2).
(4Esdras 2,36-37) “A glória de vossa vocação”, (4Esdras 2,36-37) ,
“Na verdade, o Cristo ressuscitou”, CD Liturgia XVI, faixa 1.
2. Refrão para o acendimento do Círio
Pascal. “Cristo-Luz, ó Luz, ó Luz bendita...”, CD Festas Litúrgicas I, melodia da faixa 9; “Salve Luz eterna, és
tu Jesus...”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 292.
3. Canto para o momento da aspersão com
a água batismal. “Eu vi, eu vi, a água manar...”, CD Tríduo Pascal II,
faixa 12; “Banhados em Cristo, somos uma nova criatura...”, CD Tríduo Pascal
II, melodia da faixa 11, ou Hinário Litúrgico II da CNBB, página 196.
4. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo
Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas I, Partes fixas do Ordinário da
Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por
Irmã Miria e outros compositores.
O Hino de
Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é,
voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho.
O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de
Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo,
exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o
Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou
nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da
assembléia.
5. Salmo responsorial. A Pedra
rejeitada tornou-se a pedra angular. “Dai graças ao Senhor, porque ele é bom;
eterna é a sua misericórdia!”, CD Liturgia XVI melodia da faixa 6.
6. Aclamação ao Evangelho.
“Felizes os que creêm sem terem visto”, (João 20,29). “Acreditaste, Tomé,
porque me viste...”, CD Liturgia XVI, melodia da faixa 3. O canto de aclamação
ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical ou a versão
do CD Liturgia XVI
7. Apresentação dos dons. O
canto de apresentação das oferendas, conforme orientamos em outras ocasiões,
não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério que se celebra
acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração, no Tempo Pascal. “A
terra, apavorada emudeceu”, CD Liturgia XVI, melodia da faixa 4; “Senhor,
vencestes a morte...”, CD Liturgia XV, melodia da faixa 4.
8. O canto do Santo. Um lembrete
importante: para o canto do Santo, se for o caso, sempre anunciá-lo antes do
diálogo inicial da Oração Eucarística. Nunca quando o presidente da celebração
termina o Prefácio convidando a cantar. Se o (a) comentarista comunica neste
momento o número do canto no livro, quebra todo o ritmo e a beleza da ligação
imediata do Prefácio como o canto do Santo.
9. Canto de comunhão. “Não sejas
incrédulo mas crê”, (João 20,27). “Cristo ressuscitou, e nós com ele!”, CD
Liturgia XVI, faixa 5; “Põe a mão nas minhas chagas, não hesites, crê somente,
Aleluia, Aleluia!”. Mesma melodia da música “Celebremos nossa Páscoa, na pureza
na verdade, Aleluia, Aleluia!”, e estrofes do Salmo 117, CD Liturgia X, melodia
da faixa.
O canto de
comunhão deve retomar o sentido do Evangelho deste Segundo Domingo da Páscoa.
Esta é a sua função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho
nos é dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual
o Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes
conteúdos bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Isto
significa que comungar o corpo e sangue de Cristo é compromisso com o Evangelho
proclamado. Portanto, o mesmo Senhor que nos falou no Evangelho, nós o
comungamos no pão e no vinho. É de se lamentar que muitas vezes são escolhidos
cantos individualistas de acordo com a espiritualidade de certos movimentos,
descaracterizando a missionariedade da liturgia. Toda liturgia é uma celebração
da Igreja e não existem ritos para cada movimento e nem para cada pastoral.
Cantos de adoração ao Santíssimo, cantos de cunho individualista ou cantos
temáticos não expressam a “densidade desse momento”. Tipos de cantos que devem
ser evitados numa celebração eclesial: “Eu amo você meu Jesus”; “Ti olhar, ti
tocar”; “Fica comigo Jesus”, etc.
8. O ESPAÇO CELEBRATIVO
1. Preparar de
forma festiva o ambiente, dando destaque ao Círio Pascal e à pia batismal, com
flores e a cor branca ou amarelada nas vestes e toalhas. Ornamentar com flores,
mas em exageros, para não transformar o espaço da celebração numa floresta, para
não roubar a cena do Altar e do Ambão.
2. A Tradição Romana usa a cor branca neste
tempo. Talvez, de acordo com a nossa cultura, podemos caprichar, usando o
amarelo ou várias cores fortes de acordo com a nossa cultura.
3. Seria
interessante colocar, próximo ao Círio Pascal, as faixas jogadas ao chão e o
véu dobrado, é mais um símbolo para contemplarmos o Ressuscitado com os olhos
da fé.
4. O Tempo
Pascal não é nada mais, nada menos do que a própria celebração da Páscoa
prolongada durante sete semanas de júbilo e de alegria. É o tempo da alegria,
que culmina na festa de Pentecostes. Tudo isso deve ficar evidente no espaço da
celebração.
9. AÇÃO RITUAL
Valorizar os
ritos iniciais, pois a reunião da comunidade é lugar da manifestação do
Ressuscitado. A incensação do altar ajudará a recordar essa presença que nos
reúne.
Ritos Iniciais
1. Na
procissão de entrada entrar com as pessoas que foram batizadas ou pessoas que
receberam um dos sacramentos na Vigília Pascal, ou crianças com vestes brancas,
trazendo flores.
2. Dar
particular destaque à acolhida do Círio Pascal. Por exemplo, após o canto de
abertura, fazer um pequeno lucernário, solenizando o acendimento do Círio
Pascal: uma pessoa acende o Círio e diz: “Bendita
sejas, Deus da Vida, pela ressurreição de Jesus Cristo e por essa luz
radiante!”. Ou outros refrões que revela o sentido pascal: “Salve, luz eterna és tu, Jesus!/ Teu clarão
é a fé que nos conduz! (Hinário II, pág. 292). “Cristo-Luz, ó Luz bendita,/ Vinde nos iluminar!/ Luz do mundo, Luz da
Vida,/ Ensinai-nos a amar! A
seguir, incensa o Círio pascal e a comunidade reunida.
3. Se a
comunidade tiver dificuldade para fazer este pequeno lucernário, a procissão de
entrada pode ter à frente o Círio Pascal aceso. Neste caso, não se us a cruz
processional, que permanece em seu lugar de costume.
4. Na
acolhida, pode-se retomar o costume das Igrejas Orientais de saudarem-se com as
seguintes palavras: “O Senhor
ressuscitou, verdadeiramente ressuscitou!”, ou “Irmãos e irmãs, Jesus
ressuscitou e está vivo em nosso meio.
5. Substituir
o ato penitencial pelo rito de aspersão com a água (se possível perfumada) que
foi abençoada na Vigília Pascal. Ajudar a comunidade a aprofundar sua
consagração batismal. Não havendo água abençoada na Vigília Pascal, o ministro
reza o oração de bênção conforme o Tempo Pascal que está no Missal Romano
página 1002. No ato da aspersão, a assembléia canta: “Banhados em Cristo, somos u’a nova criatura./ As coisas antigas já se
passaram,/ Somos nascidos de novo./ Aleluia, aleluia, aleluia! Outra opção é o
canto “Eu vi foi água”. Ver em Música Ritual.
6. A Oração do
Dia destaca o Batismo que nos lavou, o sangue que nos remiu, e o espírito que
nos deu nova vida. E também suplicamos ao Deus de eterna misericórdia que
reacende a nossa fé.
Rito da Palavra
1. As leituras
são sinais do próprio Cristo que fala. O cuidado na preparação e na proclamação
vão colaborar, para que os fiéis participem mais plenamente do Mistério
celebrado.
2. O Evangelho
pode ser dialogado. No final da proclamação, a assembléia pode aclamar três
vezes, repetindo a profissão de fé de Tomé: “Meu
Senhor e meu Deus”.
3. Dar o
abraço da paz após a proclamação do Evangelho ou após a homilia.
4. A Profissão
de Fé é o lugar ideal de manifestar a adesão e o reconhecimento pessoal da
manifestação do Ressuscitado.
5. As preces
sejam feitas do Ambão, incluindo pedidos para que se fortaleça a fé pascal dos
que crêem em Cristo Ressuscitado.
Rito da Eucaristia
1. A Oração
sobre as Oferendas, nos convida a acolher os oferendas do povo. Renovados pela
profissão de fé e pelo Batismo passemos à vida eterna.
2. Seria
oportuno o Prefácio I em que contemplamos a vitória de Cristo sobre o pecado e
a morte. E ressalta também a Oitava da Páscoa: “... mas sobretudo neste dia em
que Cristo, nossa Páscoa, foi imolado”. Onde for possível, cantar o Prefácio e,
nas celebrações da Palavra, cantar a Louvação Pascal do Hinário II da CNBB,
página 156.
3. A Oração
Eucarística com prefácio próprio. Não é demais recordar que somente a oração 1,2,
e 3 admitem outro prefácio. As demais não poderão ser rezadas nesse tempo. É
muito oportuno usar a Oração Eucarística I que oferece o “comunicantes”
próprios da Vigília Pascal até o 2º Domingo da Páscoa, página 471 do Missal
Romano.
4. Dar realce
ao gesto da “fração do pão”. Cristo nosso Páscoa, é o Cordeiro imolado, Pão
Vivo e verdadeiro. Um (uma) solista canta: “Cordeiro de Deus que tirais o
pecado do mundo. A assembléia responde: Tende piedade nós.
5. O pão e o
vinho são sinais da paixão e da ressurreição de Jesus. Seguindo a Antífona da
comunhão, o andar em procissão, estender a mão e receber a comunhão, fazer a
intinção no vinho é prolongar, através dos sinais, a experiência de confirmação
da fé vivida por Tomé.
Ritos Finais
1. Na Oração
após a Comunhão, suplicamos a Deus para conservar em nossa vida o sacramento
pascal.
2.
Dar a bênção final própria para o Tempo Pascal, conforme o Missal Romano,
página 523. No final o povo responde com os dois “Aleluias”, no envio dos
fiéis.
3.
As palavras do envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: “Como
o Pai me enviou eu também vos envio”. O Senhor ressuscitou verdadeiramente,
aleluia, aleluia. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
“O primeiro
dia da semana” (Mateus 28,1), é o Dia da Ressurreição, como símbolo do novo
tempo, de uma nova era, o DIA DO SENHOR por excelência, o dia santo, a Páscoa.
Após o Tempo Pascal, o Santo Domingo é a Páscoa semanal dos cristãos. Não mais
o sábado judaico, memorial do “repouso” de Deus após a criação, mas o Domingo
cristão, memorial da “ação restauradora” de Deus em Cristo, que morreu e
ressuscitou, tornando-se Espírito vivificante: “Este é o Dia que o Senhor fez
para nós, alegremo-nos e nele exultemos!” (Salmo 117/118,24).
Celebremos nossa Páscoa, na pureza e
na verdade, aleluia, aleluia.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos,
Pe.
Benedito Mazeti
Assessor diocesano de Liturgia
Bispado de São José do Rio Preto
Nenhum comentário:
Postar um comentário