sexta-feira, 20 de junho de 2014

12º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A

22 de junho de 2014

Leituras

                 Jeremias 20,10-13
                 Salmo 68/69,8-10.14.17.33-35
                 Romanos 5,12-15
                 Mateus 10,26-33 

“O QUE VOS DIGO NA ESCURIDÃO, DIZEI-O À LUZ DO DIA”


1- PONTO DE PARTIDA

Domingo do caminho da cruz. Neste 12º Domingo do Tempo Comum, o Senhor nos convida a assumir o caminho do amor. Mesmo sabendo que esse caminho passa necessariamente pela prova da cruz, temos em Jesus a promessa de vida e salvação.

“Do seu povo ele é a força, salvação do seu ungido. Salva, Senhor, teu povo, socorre os teus queridos”, Salmo 26/27

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

Primeira leitura – Jeremias 20,10-13. Jeremias paga com a perseguição e a prisão no Templo de Jerusalém (cf. Jeremias 20,2) a sua missão profética. Numa das suas “confissões” dirige a Deus o seu desabafo de profeta perseguido (cf. Jeremias 20,7-9) expõe o seu desconforto e a sua esperança, mistura de sentimentos em que, não obstante os projetos dos adversários (versículo 10), prevalece a confiança no Senhor (versículo 11). O Senhor investiga em detalhes os “rins e o coração” das pessoas e não deixará que o inimigo prevaleça (versículo 12); o profeta torna-se por isso cantor do Deus libertador (versículo 13).

A experiência do profeta bíblico não se pode comparar à de um mensageiro que refere uma palavra que não lhe pertence. Ele está, ao invés, dentro da história do povo, ao qual anuncia com a vida a vontade de Deus. “Tu me seduziste, Senhor, e eu deixei-me seduzir” (Jeremias 20,7). Jeremias vive até o fim a paixão tal como a dificuldade e o desalento que lhe vêm do acolhimento ou da rejeição da vontade do Senhor. Já Moisés, na narração do Êxodo, e depois os grandes profetas de Israel até Jesus, profeta por excelência, e os cristãos, partilham com Jeremias a condição de quem anuncia uma palavra muitas vezes recusada; eles próprios tornam-se profetas rejeitados, ícones visíveis de tudo o que acontece na Palavra. Certamente levam ao desencorajamento “as palavras ofensivas da multidão”, as “denúncias” fundadas em acusações falsas (versículo 10), como aconteceu com Jesus (cf. Mateus 26,59) e com os Seus discípulos (Evangelho de hoje). Mas o cristão experimenta, juntamente com o sofrimento, a proximidade do Senhor (cf. versículo 11), sabendo que a “causa” que ele defende é a de Deus, cujo triunfo é certo (versículos 12-13).

Salmo responsorial 68/69,8-10.14.17.33-35. É um salmo sapiencial com elementos de ação de graças e súplica individual. Um inocente foi acusado de coisas graves, corre o risco de vida e por isso clama: “Salva-me” (versículo 2a), “responde-me” (versículo 17). “Olhos e ouvidos” de Deus significam em termos humanos o caráter pessoal de sua relação com as criaturas.

O rosto de Deus neste salmo. É um rosto muito bonito e difícil de mostrar em poucas palavras. O inocente apela para a bondade, amor e compaixão de Javé (versículo 17), características próprias do Deus da Aliança. O inocente, portanto, vive numa sociedade opressora, mentirosa e exploradora, um novo Egito, e pede que Javé, o Deus da Aliança, provoque em favor dele (e dos pobres e indigentes) um novo êxodo de liberdade e de vida. É interessante, ainda, observar os nomes dados a Deus neste salmo. Eles pretendem abraçar toda a história do povo, mostrando que Deus é sempre o “aliado fiel”, aquele que ouve os sofredores e nunca rejeita os seus cativos (versículo 34).

Já vimos, em outros salmos de súplica individual, que Jesus não se omite diante do clamor dos pobres, inocentes e injustiçados. Este salmo é citado duas vezes na vida de Jesus (João 2,17 e Mateus 27,34.48). E sabemos que Jesus ouviu o clamor de todos.

São João aplica o versículo 21 deste salmo a Cristo morto na cruz (João 19,36), reconhecendo a proteção do Pai sobre o corpo já morto do seu Filho. Esta proteção não é tardia; pelo contrário, prova que o pode de Deus supera a morte.

Cantando hoje este salmo expressemos diante do Senhor a nossa confiança e peçamos que Ele mesmo venha ao encontro de nossas fraquezas e nos ajude a cumprir em nossa vida a sua Palavra.

HUMILDES, BUSCAI A DEUS E ALEGRAI-VOS:
O VOSSO CORAÇÃO REVIVERÁ!

Segunda leitura – Romanos 5,12-15. Depois de ter falado do amor de Deus pelo homem (cf. Romanos 5,1-11), Paulo desenvolve um paralelismo entre a figura de Adão e a de Cristo. O amor de Cristo redime o ser humano da culpa de Adão, por cuja transgressão o “pecado” e a “morte” entraram no mundo (versículos 12,14), embora antes da Lei de Moisés o pecado não fosse tido como tal (versículo 13). O paralelismo revela a superioridade absoluta do que aconteceu com Cristo: por causa de um só homem, a “graça de Deus” alcança todos os homens (versículo 15).

A Lei de Moisés, a Torá, dom do Senhor a Israel,tornou manifesta a questão de pecado daqueles que desrespeitavam os seus preceitos (versículo 13). Porém, já muito antes, desde o início, o homem viveu sob o signo do “pecado”, que entraram no mundo a partir de Adão, e foram ratificados pelo pecado dos descendentes (versículo 12).

São Paulo relaciona o dom da graça recebido por meio de Cristo, com o próprio início da vida humana. Melhor, Adão é “figura Daquele que havia de vir” (versículo 14), ou seja, remete para o outro Adão, para o homem novo que veio inverter a História através do dom da salvação. Que a culpa de um homem caísse sobre os seus descendentes era considerado normal em Israel (é a opinião dos discípulos de Jesus perante o cego de nascença (cf. João 9,2), mas que a justiça de “um só homem” se derramasse tão abundantemente que pudesse justificar o homem perante Deus, foi tornado possível só pela morte de Jesus na Cruz, oferenda infinita de amor que continua a produzir o seu efeito em cada criatura humana (versículo 15).

São Paulo faz uma bonita comparação entre Adão e Jesus, contrapondo as conseqüências do pecado do primeiro homem e a salvação operado por Jesus. O projeto de Deus foi manchado pelo pecado do homem que, desobedecendo e se afastando de Deus, obteve a morte. Jesus, sendo inteiramente obediente ao Pai, aceitou cumprir a sua vontade até a morte. Assim pela obediência de seu Filho, o Pai tornou a humanidade participante de sua vida.

Evangelho – Mateus 10,26-33. Encontramos nesta passagem, parte do discurso missionário, “quatro” breves sentenças que provavelmente foram pronunciadas em circunstâncias diferentes e tiveram existência independente antes de serem agrupadas neste conjunto (versículos 26-27.28.29-31.32-33). Elas estão estreitamente unidas pelo tema da coragem e do destemor na confissão do nome de Jesus diante dos homens, tema esse expresso injunção, repetida três vezes, “não tenhais medo” (versículos 26, 28 e 31). Não se trata do medo qualquer, mas do medo que poderia se apoderar do cristão no momento em que ele deve professar a sua fé; sua tentação poderia ser a do silêncio ou mesmo a da negação do Cristo.

A motivação desta coragem em proclamar a fé é múltipla. Mateus menciona em primeiro lugar a certeza de que a Boa-Nova, até o presente, encoberta e oculta, triunfará e se tornará pública. A segunda razão deste destemor é o fato de que a “vida” (versículo 28) pode inclusive ser alcançada mediante a perseguição e a morte, pois ela não depende dos homens, mas de Deus. Um terceiro motivo desta firmeza é a confiança na Providência de Deus: Se Ele cuida de todos os seres, mesmo os menos valiosos (os pardais), com muito mais razão vela sobre aqueles que confessam o nome de Jesus. Finalmente, a razão máxima deste destemor está na promessa do Senhor de confessar diante do Pai, por ocasião do juízo final, aqueles que o tiverem confessado diante dos homens.

Os versículos 24-25 afirmam que o discípulo não é superior ao mestre, nem o servo superior ao seu senhor. O cristão não pode pretender, por acaso, a uma sorte menos dolorosa que aquela a que foi submetido o seu Mestre. A sorte dos discípulos será semelhante à do Cristo.

Nos versículos 28-29, a morte dos discípulos é encarada não apenas como algo provisório, mas como algo providencial. Ela não tem mais a última palavra. O poder dos perseguidores é limitado. O seu ódio não pode ultrapassar as fronteiras da vida terrena. Eles não tiram a vida de ninguém, matam somente o corpo. Os cristãos podem ser mortos, mas apenas fisicamente. Somente Deus tem o poder de salvar pó perder o homem. Somente em suas mãos está o destino das pessoas e da humanidade.

Os versículos 29-31 se referem à Providência divina presente a tudo e a todos. Se os pássaros os mais comuns (os pardais) não morrem sem o consentimento do Pai celeste, assim também os discípulos que vale3m “mais do que muitos passarinhos” não serão entregues à morte pelo Evangelho sem que Deus o consinta.

Os versículos finais (32-33) estabelecem uma relação entre a fidelidade do cristão em relação ao Cristo aqui na terra e a fidelidade do Cristo em relação ao cristão por ocasião do juízo final. Quem for file ao Cristo e solidarizar-se com Ele poderá comparecer confiante diante do tribunal divino. Ali o próprio Cristo se declarará solidário dele e seu defensor junto do Pai. Quem, pelo contrário, negar o Cristo sobre a terra, o Cristo o negará diante do Pai. Aos tímidos e covardes está reservada a segunda morte. Assim a sorte eterna, salvação ou condenação, se decide no tempo pela tomada de posição em favor ou contra Cristo.

O objetivo principal desta passagem é despertar coragem nos discípulos m meio à perseguição. Pelo que tudo indica, a comunidade de Mateus, pelos anos 80-85 depois de Cristo, não desfrutava uma existência tranqüila.Estava cercada de elementos hostis, como mostra Mateus 8,18—9,15 e especialmente Mateus 10,17-25 onde o evangelista se refere aos cristãos conduzidos aos tribunais, açoitados nas sinagogas, processados diante de governadores e reis, odiados por todos por causa do nome de Cristo.

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

O Evangelho continua o sermão missionário de Jesus. O discípulo associa-se à missão apostólica de Cristo. As recomendações do Mestre aos apóstolos são dirigidas aos cristãos de todos os tempos. Observemos que, no Evangelho, Jesus repete por três vezes: “Não tenham medo”.

Quem não tem medo? O medo impede o pregador de ser criativo e espontâneo. O medo inibe e bloqueia o fluxo natural da vida. Ele não permiti agir e fazer que conduz à realização da vida. No medo, as pessoas se calam diante da verdade, mentem e buscam alternativas, como amizades comprometedoras ou atitudes pietistas e evasivas.

Frente a realidade em que vivemos, muitos são tomados pelo medo. Diante de um ambiente pouco favorável à fé, “as vezes, até hostil, a tentação mais freqüente é calar-se, refugiando-se no silêncio cauteloso. Com medo não se pode construir nada de positivo para o Reino de Deus. Como batizados, todos participamos da missão profético de Cristo. Inibir-se por medo ou por comodidade é ser infiel à missão evangelizadora que nos foi confiada.

A audácia e a coragem são características do seguidor de Jesus Cristo. “Não tenham medo!” O discípulo não deve temer as tribulações do isolamento, das perseguições, da calúnia, nem sequer a morte.

Há dois tipos de pregadores: aqueles que não temem anunciar a Boa-Nova, sendo intrépidas testemunhas de Cristo, mesmo que isto lhes custe a própria vida – o martírio. Outros, por medo das intimidações, se omitem na missão de revelar ao mudo a presença de Jesus. Optar pelo Evangelho e proclamar corajosamente a Jesus Cristo é tarefa cotidiana. Jesus testemunhará diante do Pai em favor daqueles que não tiverem medo de anunciá-lo como Senhor da história e da vida humana.


4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

Domingo Páscoa semanal

Cada domingo do Tempo Comum celebramos a Páscoa de Jesus Cristo que se prolonga e amadurece nos(as) batizados(as) e em suas comunidades missionárias, que dão testemunho firme e corajoso de sua fé diante das dificuldades, sofrimentos e perseguições.

Diante de tantas situações que suscitam em nós o medo e a vergonha de proclamar a Boa-Nova de Jesus, rezamos: “Ajudai, Senhor, nossa fraqueza, para que possamos viver firmes em nossa fé, como os mártires que não hesitaram em morrer por vosso amor”.

A Palavra de Deus nos dá firmeza

A Palavra de Deus arranca em nós todo medo que nos inibe e nos reveste de coragem e confiança no Pai, que cuida com carinho de cada um de nós. A mesma Palavra nos pede firmeza para sermos comunidade missionária, pronta para o testemunho, disposta a entregar a vida, como discípulos do Mestre, que doou Sua vida para a salvação de todos.

Na celebração eucarística renovamos a missão e somos realimentados e enviados solenemente para a missão evangelizadora.

Abandonados aos cuidados do Pai, em meio aos desafios e solicitudes de nosso tempo, os discípulos rezam: “Vossa misericórdia sustenta a fragilidade humana e nos dá  coragem para sermos testemunhas de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso” (Prefácio dos mártires).


5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

Neste domingo, celebramos a missão apostólica da Igreja em meio às muitas provações. Lembramos de Jesus Cristo os inúmeros apóstolos e mártires que, ao longo dos séculos, foram perseguidos e doaram a sua vida pela causa do Evangelho.

A liturgia lembra e acolhe o Filho de Deus, enviado ao mundo pelo Pai para evangelizar os pobres, curar os contritos de coração, anunciar a libertação dos presos e restituir a vista aos cegos. Por força do Espírito Santo, a missão de Jesus Cristo se prolonga pela presença e ação evangelizadoras da Igreja.

Cristo Jesus, Evangelho de Deus, primeiro e maior anunciador da Boa-Nova do Reino, transmitiu a todos os seus discípulos e, através deles, à comunidade de fé que é a Igreja, a graça e o mandato de evangelizar. Na liturgia lembramos, acolhemos e assumimos esse mandato. Todos os batizados estão associados à Igreja peregrina, que por missão de Cristo e do Espírito Santo é missionária.

O memorial eucarístico leva a comunidade a mergulhar na missão de Jesus, como enviado do Pai, e a assumir a sua missão com nova força. A Eucaristia renova a missão porque renova a fé e os compromissos cristãos na edificação do Reino.

6. ORIENTAÇÕES GERAIS

1. O método da leitura orante auxilia muito na preparação da celebração. Seria bom que os membros da equipe e toda a assembléia criassem o hábito de praticar a leitura orante diariamente.

2. A celebração dominical da Ceia do Senhor, como sacramento culminante e fontal da “iniciação cristã”, permite a assembléia dos batizados aprofundar e fortalecer sua identidade missionária, configurada pelo batismo na Páscoa de Cristo. Por isso, cada vez que se come do pão e se bebe do cálice, morte e ressurreição de Cristo são proclamadas e reverberam no mundo criado, mediante o “corpo eclesial”.

3. Lembrar a comunidade da festa de São João Batista, no dia 24 de junho, terça-feira.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do 12º Domingo do Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. O canto de abertura deve nos introduzir no mistério celebrado.

A função da equipe de canto não é simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 12º Domingo do Tempo Comum, “cantar a liturgia”, e não “na liturgia”. Os cantos devem estar em sintonia com o ano litúrgico, com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que a “equipe de canto” faz parte da equipe de liturgia.

1. Canto de abertura. Deus é a foça do seu povo. “Do seu povo ele é a força”, Salmo 26/27,8-9, CD: Liturgia VI, melodia da faixa 12, exceto o refrão; “Deus é a força de sua Igreja”, Hinário Litúrgico III da CNBB, páginas 382-392.

Somos uma Igreja devedora da missão, isto, nascei missionária no Domingo de Páscoa (cf. João 20,21). Nesse sentido, a Igreja oferece duas opções para o canto de abertura: “Povo que és peregrino”, Hinário Litúrgico III, da CNBB, página 319; “Aqui chegando, Senhor”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 3.

2. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso e outros compositores.

O Hino de Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia. 

3. Salmo responsorial 68/69. Perseguição por causa de Deus, mas confiante. “Atendei-me, ó Senhor, pelo vosso imenso amor!.” CD: Liturgia VI, da faixa 17.

O Salmo responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura. Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura para a comunidade celebrante. Primeira leitura, Palavra proposta e salmo Palavra resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista.

4. Aclamação ao Evangelho. Testemunhar Jesus na força do Espírito (João 15,26b.27a) “Aleluia... O Espírito Santo, a Verdade, de mim irá testemunhar”, CD: Liturgia VI, melodia da faixa 13. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.

5. Apresentação dos dons. Nossa decisão de entrar no seguimento de Jesus para sermos uma Igreja missionária, deve gerar na assembleia a partilha. Devemos ser oferenda com nossas oferendas. “Bendito e louvado seja o Pai nosso criador,”, CD Liturgia VI, faixa 14.

6. Canto de comunhão. (Salmo 145/144,15) Deus dá alimento na hora oportuna / (João 10.11.15) O bom Pastor dá a vida pelas ovelhas. “Por tua causa nos pisam e maltratam”, CD: Liturgia VI, música e letra iguais a faixa 16.

As perseguições não devem nos amedrontar. A Palavra e a Eucaristia nos encorajam na missão evangelizadora. A Igreja oferece outras duas opções importantes: “Quando o Espírito de Deus soprou, o mundo inteiro se iluminou”, Hinário Litúrgico III da CNBB, página 367, “Quem nos separará?”, Romanos 8, CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa 19.

O Canto de Comunhão “Quem quer me seguir, que ele tome sua cruz”, “Salve, ó Cruz libertadora”, “Ninguém pode se orgulhar a não ser nisto”, gravado pela Paulus, articula-se com a Liturgia da Palavra, o que permite estabelecer e experimentar a unidade das duas mesas, considerando a Liturgia um único ato de culto. O canto de comunhão deve retomar o sentido do Evangelho do dia. Esta é a sua função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia.

8- O ESPAÇO CELEBRATIVO

1. A cruz é uma peça importante nas celebrações do Mistério Pascal do Senhor. Ela é entendida pela Instrução Geral do Missal Romano como um elemento que deve recordar aos fiéis o acontecimento da fé ali celebrado.
           
2. O simbolismo da cruz traz presente o anúncio da paixão e ressurreição do Senhor. A cruz processional, a mesma que será usada na procissão de abertura, esteja na entrada da Igreja, por onde todos passam. É uma forma de trazer presente o mistério que será celerado. Ela pode ficar aí até o início da celebração, ladeada de velas e flores, de forma que chame a atenção de todos os que vão chegando para a celebração.

3. A cruz é símbolo da fraqueza humana fortalecida pela graça de Deus. Nela ficou exposta toda a fragilidade e se manifestou a misericórdia de Deus ao ressuscitar seu Filho Jesus Cristo.

4. Conforme o Evangelho, a cruz dos cristãos (referência à vida gasta em favor do próximo) deve ser assumida, carregada pelo caminho da vida à maneira de Jesus. Cláudio Pastro diz que ela é sinal da nossa vitória. Por isso “Uma procissão atrás da Cruz, traz presente a Igreja peregrina que segue a Cristo e caminha sob sua bandeira” Algumas sugestões práticas para a celebração:

a) No santuário (comumente chamado de presbitério), deve haver uma cruz apenas, que leva o nome de cruz do altar. Trata-se da única cruz exposta neste espaço. Portanto, se houver uma cruz suspensa ou fixa, a cruz processional depois da celebração, é deposta em lugar à parte, pois se permacecer no espaço, cria-se duplicação simbólico; se não houver, a cruz processional é fixada em lugar de referência para a comunidade que celebra, em harmonia com o Altar (não sobre ele).

b) Quando se trata de cruz processional, a seus pés dependendo do mistério celebrado naquele domingo, pode-se dispor um pequeno arranjo floral, o que lhe confere importância no contexto litúrgico. Importante, entretanto, que não concorra com as peças elementares e fundamentais do espaço: Cadeira presidencial, Ambão e Altar. Antes, deve estar em harmonia com elas.

9- PARA A ESPIRITUALIDADE PRESBITERAL

O presbítero é homem configurado à cruz do Senhor pela sua doação e dedicação à edificação da Igreja, o Corpo de Cristo. Sua missão de ajudar cada fiel e toda a comunidade a compreender a necessidade da missão e a tenacidade na busca pela ressurreição, torna-o mais profundamente ministro do Mistério da fé. Ele realiza esse intento pela homilia, pelo acompanhamento espiritual dos que lhe acorrem, pela solidariedade com os que sofrem, pela oração em favor do povo de Deus.

10. AÇÃO RITUAL

Ritos Iniciais

1. A cruz processional abre a procissão e a conduz. Pode ir acompanhada de velas acesas que a ladeiam, o que seria significativo, particularmente para este domingo em que se fala da identidade dos cristãos e de Jesus na missão da Igreja.

2. Fazer bem devagar e com unção o sinal da cruz no início da celebração.

3. A saudação presidencial, já predispondo a comunidade, pode ser a fórmula “c” do Missal Romano (2Ts 3,5). Depois disso é que se propõe o sentido litúrgico e não antes do canto de entrada.

O Senhor, que encaminha os nossos corações para o amor de Deus e a constância de Cristo, esteja convosco.

4. Em seguida, dar o sentido litúrgico da celebração. O Missal deixa claro que o sentido litúrgico da celebração pode ser feito pelo presidente, pelo diácono ou outro ministro devidamente preparado (Missal Romano página 390).

5. O sentido litúrgico pode ser proposto, através das seguintes palavras, ou outras semelhantes:

Domingo do testemunho. Pela palavra de Jesus, somos libertos de todo medo que toma conta da nossa vida e revestidos de coragem e confiança em Deus qye cuida com carinho de todos nós.

6. Em seguida fazer a recordação da vida. Onde for possível, pode-se trazer fotos ou lembrar nomes de mártires do passado e do de nosso tempo, que deram testemunho de Jesus na sua missão.

7. O ato penitencial é uma forma de nos reconhecer frágeis e pecadores diante de Deus. É um momento, não de confissão. Por isso, ao invés de escolher cantos penitenciais descritivos dos pecados, optar por uma das três formas do Missal: “Confesso a Deus”, ou “Tende compaixão de nos, Senhor”, em que reconhecemos nossa fragilidade diante de Deus. Ou algum dos tropos, em que a misericórdia e o amor de Deus nos leva ao reconhecimento da nossa condição pecadora. Para as duas primeiras formas, segue-se a conclusão: “Deus todo poderoso tenha compaixão...” “e o Senhor, tende piedade”. A segunda forma, apenas a conclusão.

8. Cada Domingo é Páscoa semanal. Cantar com entusiasmo o Hino de louvor.

9. Na oração do dia somos convocados a amar e venerar a Deus, que nos firma no seu amor.

Rito da Palavra

1. A aclamação ao evangelho deve ser mantida no seu texto original: ela enfoca e reforça o aspecto do seguimento de Jesus na cruz.

2. Destacar o Evangeliário. Depois da procissão de entrada deve permanecer sobre a Mesa do Altar até a procissão para a Mesa da Palavra como é costume no Rito Romano.

3. Na homilia lembrar situações difíceis que causam medo e insegurança aos evangelizadores e aos cristãos em geral. Valorizar testemunho de religiosos, religiosas e leigos na sua missão e as dificuldades que enfrentam.
Rito da Eucaristia

1. Na oração sobre os dons do pão e do vinho, oferecemos a Deus um coração que Lhe agrade.

2. A oração eucarística II, com o seu prefácio próprio está perfeita para esse Domingo. Outra ótima opção seria manter esta mesma oração eucarística com o Prefácio I para os Domingos do Tempo Comum, o qual destaca o anúncio das maravilhas de Deus: “ Por ele, vós nos chamastes das trevas à vossa luz incomparável, fazendo-nos passar do pecado e da morte à glória se sermos o vosso povo, sacerdócio régio, e nação santa, para anunciar, por todo o mundo, as vossas maravilhas”.

3. Proclamar com vibração a ação de graças (Oração Eucarística). Na Oração Eucarística, “compete a quem preside, pelo seu tom de voz, pela atitude orante, pelos gestos, pelo semblante e pela autenticidade, elevar ao Pai o louvor e a oferenda pascal de todo o povo sacerdotal, por Cristo, no Espírito”.

4. Cantar com vibração o “Amém” conclusivo da Oração Eucarística. Por Cristo, com Cristo...

5. Valorizar o rito da fração do pão, “gesto realizado por Cristo na última ceia, que no tempo apostólico deu o nome a toda a ação eucarística, significa que muitos fiéis pela Comunhão no único pão da vida, que é o Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo, formam um só corpo (1Coríntios 10,17” (IGMR, nº 83).

Ritos Finais

1. A oração após a comunhão, nos mostra que o Corpo e Sangue de Cristo nos renova. Que sempre recebamos como salvação o que celebramos no sacramento pascal.

2. Destacar o rito da bênção e o envio missionário da comunidade presente na celebração.

3. Neste domingo é muito oportuno na bênção final, o número 12 das Orações sobre o povo, Missal Romano página 532. Em seguida acrescentar: Abençoe-vos Deus todo-podroso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

c) Em seguida, abençoa a assembléia como de costume e a despede.

d) Os ministros saem em procissão em direção à saída do espaço sagrado ou em direção à sacristia.

4. As palavras do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: O que escutai ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

11- CONSIDERAÇÕES FINAIS

“O homem carrega dentro de si a semente da eternidade” (Gaudium et Spes, n. 18). O perseguidor não pode alcançar. O perseguidor pode afetar a vida biológica e nada mais. Mas “perder” ou “salvar” só Deus pode. E Deus pode transformar a morte do corpo em vida eterna.

Celebremos a Páscoa semanal do Senhor. Que a força da cruz do Senhor transforme a nossa vida.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
            Pe. Benedito Mazeti
Assessor diocesano de Liturgia
Bispado de São José do Rio Preto

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...