27 de julho de 2014
Leituras
1Reis 3,5.7-12
Salmo 118/119
Romanos 8,28-30
Mateus 13,44-52
“ELE VENDE TODOS OS SEUS BENS E COMPRA
AQUELE CAMPO”
1- PONTO DE PARTIDA
Este é o
Domingo do tesouro escondido em que Jesus orienta-nos para investirmos tudo na
aquisição do bem maior: o Reino do Pai. Por Ele devemos colocar tudo em jogo.
Somos instruídos como discípulos do Reino dos céus e tiramos do tesouro, a cada
dia, coisas novas e velhas.
Celebremos a
Páscoa de Jesus que se manifesta em todas as pessoas e comunidades que, com
sabedoria, investem tudo na busca e na edificação do Reino. Em especial,
agradeçamos a Deus pela sabedoria que Ele concede aos pequenos e fracos na
busca do tesouro da felicidade. Que a sabedoria de Deus ilumine todos os que buscam
o tesouro do Pai: Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida.
Deus habita
este espaço celebrativo porque nos reunimos como filhos e filhas para louvá-Lo
e, assim, encontrar os verdadeiros tesouros do Seu Reino. Somos convidados a
entrar na posse do tesouro escondido e tirar dele, diariamente, coisas novas e
velhas, centrando Nele o projeto de nossa vida.
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os
textos
Primeira leitura – 1Reis 3,5.7-12.
Salomão faz uma belíssima oração no início de seu reinado. Mais que livros de
história, os Livros dos Reis são reflexões teológicas sobre a história do povo
de Israel e dos seus reis.
Salomão não
pede riqueza, mas sabedoria por ocasião da sua romaria a Gabaão, no começo de
seu reinado, Salomão pede a Deus a sabedoria, isto é, o dom de aceitar na hora
de julgar e decidir (na Bíblia segue imediatamente uma história para
exemplificar este dom). O próprio fato de não outra coisa já mostra sua
sabedoria.
A obra é uma
teologia da realeza muito semelhante à do deuteronomista e do profetismo. O
verdadeiro rei é aquele que conserva os mandamentos do Senhor, que anda nos
caminhos do Senhor, que guarda as suas leis e exigências como estão escritas na
Lei de Moisés (1Reis 2,3). O cargo do rei consiste em governar o povo com
sabedoria e justiça, em servir o povo (1Reis 12,7), porque este povo pertence a
Deus (cf. 1Reis 3,8-9). A fidelidade ao Senhor, a aplicação em celebrar o seu
culto em Jerusalém, são exigências fundamentais.
São raros os
reis que receberam a aprovação de Deus. Na maioria dos casos, foram severamente
julgados por Deus: trinta e quatro vezes ressoa o refrão “ele cometeu o mal aos
olhos de Deus”! E os exemplos na faltam. As infidelidades são numerosas: cultos
idolátricos, construção de templos e altares aos falsos deuses, consulta dos
deuses estrangeiros, opressão e violência de todo tipo contra o povo,
perseguição dos profetas do Senhor, guerra sem a aprovação de Deus, sacrifício
de crianças... Eis o grande pecado dos reis: atrair o povo em caminhos que
conduzem a desrespeitar a Lei de Deus.
Em Israel, o
rei é considerado como um intermediário entre Deus e o povo. Na pessoa do rei,
Deus governa; o rei é instrumento de Deus. O trecho mostra que Salomão, como
nos seus ilustres antecessores, reis e juízes, está em contato direto com o
Senhor e que então ele é rei não somente em razão do sangue mas principalmente
em razão da vontade de Deus. Pode-se ver que Salomão não entendeu o seu papel
com: ele não pede favores pessoais (versículo 11) mas a sabedoria para governar
com justiça.
Salmo responsorial – Salmo 118/119,72.76-77.127-130.
Embora apresente muitos pedidos, om mais longo de todos os salmos é sapiencial. De
fato começa falando da felicidade, à semelhança do Salmo 1. O Salmo 118/119
mostra que a Lei é a vontade de Deus que se revela para ordenar a vida
religiosa da pessoa humana, na sua convivência com Deus e com o próximo: por
isso a Lei é amável, perfeita e inesgotável. O salmista está continuamente
falando a Deus em segunda pessoa: a Lei não é uma ordem objetiva impessoal, mas
uma realidade muito pessoal. A Lei é parte da Aliança e parte da revelação
divina; é a vontade de Deus tornada palavra para ensinar e guiar as pessoas.
A Lei de Deus
é um bem superior ao ouro e á prata (versículo 72). A Palavra de Deus contém
riquezas escondidas: é necessário abri-las, para derramem sua luz (versículo
130).
O rosto de
Deus. A cada versículo se fala da Lei, resultado da aliança entre Deus e Seu
povo. Javé é citado vinte e quatro vezes. Neste salmo, a Lei é sinônimo de
vida. No tempo de Jesus, a Lei já não produzia vida (João 19,7). O rosto de
deus aparece como Vida.
Nós, cristãos,
não estamos mais no regime da Lei, mas no regime da Graça; não vivemos pelo
cumprimento de alguns mandamentos, mas pela fé em Jesus Cristo. Contudo, o
Salmo nos dá alguns pontos de apoio para realizar a transposição cristã. Em
primeiro lugar o tom intensamente pessoal, isto é, a Lei como presença de Deus,
como convivência com Deus; Cristo, que á a Palavra, é a Verdade e o Caminho, porque
nos revela a vontade de Deus. Por Cristo personalizamos a Lei. Em segundo
lugar, o Salmo expressa uma piedade pessoal profunda.
Cantando este
Salmo na celebração deste Domingo, confessemos que Cristo é a fonte da
sabedoria do Pai. A sabedoria de Deus, testemunhada por suas obras
maravilhosas, tornou-se, para quem O ama, o mandamento, a Lei, a palavra de
ordem, de valor. Assim, cantamos com o Salmo 118/119:
COMO EU AMO,
SENHOR, A VOSSA LEI, VOSSA VERDADE.
Segunda leitura – Romanos 8,28-30. Paulo escrevendo aos Romanos, nos explica
como Deus chama as pessoas para o seu Reino.
No dizer de
Paulo, “aqueles que amam a Deus” estão certos de atingir a glória, não como uma
recompensa merecida, mas porque tornaram-se, por sua vez, companheiros de Deus
na vivência cristã.
Paulo reflete
sobre o planejamento de Deus e sua execução. Esta breve leitura é constituída
ao redor da corrente de conceitos: conhecer, destinar, chamar, justificar,
glorificar: as fases da arrematação da pessoa humana por Deus. É uma obra de
artista. O modelo é Jesus Cristo mesmo: o primogênito dos mortos. O Espírito já
nos tornou filhos (Romanos 8,16). Agora
é só levar a termo a obra de arte já empeçada (8,30). E o distintivo do cristão
é que ele tem consciência de ser esta obra (“sabemos”, 8,28) cf. Efésios
1,3-14; Tiago 1,12; Jeremias 1,5; 1Coríntios 15,49; 2Coríntios 3,18; Filipenses
3,21; Colossenses 1,18; 1João 3,2.
Evangelho – Mateus 13,44-52.
Reconhecemos, assim, na Pregação em Parábolas, uma tríplice estrutura de cada
vez três elementos: 1) Mateus 13,1-9 / 10-15 / 17-23: parábola / função das
parábolas / explicação da parábola; 2) Mateus 13,24-33 / 34-35 / 36-43: três
parábolas / função das parábolas / explicação da principal; 3) Mateus 13,44 /
45-46 / 47-50: três parábolas. Mateus reúne assim sete parábolas, e sete é o
número da perfeição.
Encerrando a
pregação sobre o mistério do Reinado de Deus, as duas pequenas parábolas
focalizam a realidade da opção radical pelo Reinado de Deus. Jesus revela que a
alegria pela posse do tesouro (o Reino) compensa a renúncia de todos os bens
deste mundo.
As duas
primeiras parábolas (versículos 44-46) propõem uma lição bastante parecida, e
compreende-se que tenham sido apresentadas juntas. A parábola da rede lançada
ao mar tem um desenvolvimento diferente (versículos 47-50) e parece mais com a
do joio (Mateus 13,24-30).
Na Palestina,
era costume os ricos senhores enterrarem seus tesouros para preservá-los dos
saques dos inimigos. Muitos morriam sem revelar aos familiares ou a amigos onde
haviam escondido suas riquezas. O trabalhador do campo que descobre o tesouro
não era um caçador de tesouros, e o campo não era de sua propriedade. De modo
inesperado, ele depara-se com um tesouro de incalculável valor. Para o
felizardo, era uma ótima oportunidade que impunha uma decisão imediata: “Vender
tudo para investir na compra do campo”. Não bastava vender uma parte, pois
poderia acontecer que ela não fosse suficiente para a aquisição do campo onde o
tesouro estava escondido. Precisava vender tudo o que possuía para comprar
aquele campo. Com isso ficava-lhe garantido o direito sobre aquele campo e
aquele tesouro. O evangelista ressalta o estado de ânimo do indivíduo diante do
tesouro: “Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens”. O Reino de Deus
é dom gratuito revelado pela prática de Jesus. A quem descobre esse dom
correspondem a alegria e o despojamento de tudo para obter sua posse. Seria
imperdoável não adquirir o tesouro.
A parábola da
“pedra preciosa” acentua a busca e o discernimento do valor (o quilate da pedra
preciosa). O mercador que estava buscando boas pérolas encontra uma
“preciosidade”. Vende tudo para adquirir
tal pedra. Ela representa o investimento de sua vida. Novamente, o valor do
Reino requer escolha e decisão imediata: desfazer-se de tudo em vista da posse
da pedra de uma beleza incomparável. Observemos que o Reino de Deus não é o
mesmo que troca de mercadorias. A quem descobriu o sentido e o valor do empenho
pela justiça, nada faz falta.
A associação
das duas parábolas, a do tesouro e a da pérola, culmina então numa
interpretação comum: o Reino está tão próximo que é preciso abandonar tudo para
obtê-lo (Marcos 1,18-20; 10,28). Nesta perspectiva, a venda de todos os seus
bens torna-se o sinal da “conversão” necessária.
A parábola da
“rede lançada ao mar”, que apanha peixes de todo tipo, retoma a parábola do
trigo e do joio. Evidenciam que, na realidade social, convivem, lado a lado,
bons e maus. Mateus evoca a lei que prescrevia quais peixes podiam ser
consumidos e os que não (cf. Levítico 11,9-12; Deuteronômio 14,9). Deus é quem
lança a rede e a Ele cabe o juízo da separação entre bons e maus. Isso ressalta
a sorte final dos que permanecerem fiéis à opção definitiva pelo Reino de
justiça.
Quem apanha
peixes “de toda espécie” é Jesus Cristo. Ninguém julgue. No fim, quando tudo
adquirir seu significado e valor definitivos, “os anjos” – maneira judaica de
falar da atuação de Deus – farão a seleção para ver o que pode ser conservado,
e o que não pode.
Por sua
posição final, a parábola pareça importante, Mateus não faz nenhuma aplicação.
Nós poderíamos fazer uma: a Igreja não é só para os perfeitos. É uma rede que
acolhe “todas as espécies”, mesmo que isso não torne seu aspecto muito
agradável e santo. Esta parábola ensina uma atitude de paciência, prudência e
sabedoria. A verdadeira sabedoria é aquela que conhece seus limites, conhece o
provisório na própria vida e na vida dos outros, na sociedade e no mundo, não
fixa ninguém no seu pecado, mas também não canoniza ninguém antes da hora... E
confia profundamente na “última palavra” de Deus.
“Vocês
compreenderam tudo isso?”, pergunta Jesus. Eles responderam: “Sim”. Mais do que
o sentido das parábolas, os discípulos são interrogados sobre a compreensão do
mistério do Reinado de Deus para se tornarem, como o Mestre, arautos e
promotores da justiça do Reino de Deus para as gerações futuras. O “sim” dos
discípulos manifesta sua pronta decisão em acolher as orientações do Mestre, em
contraste coma lentidão das multidões e a hostilidade dos fariseus e escribas.
As parábolas revelam os segredos do Reino de Deus para quem tem fé. O doutor da
Lei que se torna seguidor de Jesus percebe a unidade que existe entre o
Primeiro e o Novo Testamento. No acontecimento Jesus, tudo se renova e assume
novo sentido (Evangelho). Com a expressão “coisas novas e velhas”, Ele
circunscreve o que é a “tradição cristã: conservar o antigo como fonte de
ensinamento, acrescentar intuições novas para atualizar o que é transmitido”.
Também hoje, tradição cristã significa contínua atualização e contínua volta às
fontes.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Hoje, a
Palavra de Deus ressalta, para a comunidade reunida, o valor absoluto do Reino
de Deus. O Reino é um bem supremo que enche de alegria incontida quem aposta
tudo para possuí-lo. Para colocar o Reino no topo da escala de valores, a
comunidade precisa do discernimento e da sabedoria quem vem de Deus.
Muitas pessoas
tentam a sorte difícil na procura de um tesouro fabuloso que as torne
possuidoras de uma riqueza incalculável. Outras pessoas, sonhando com a
felicidade, aventuram-se e partem destemidamente em busca de melhores condições
de vida em outras terras. É quando elas se vêem obrigadas a fazer escolhas e a
renunciar a muitas coisas. O desejo de vida digna e de felicidade as torna
corajosas e dispostas a pagarem um alto preço. Assim, a alegria da conquista
“do tesouro” tem por fundamento a sabedoria nas escolhas, o sofrimento, o
sofrimento da renúncia de outros bens e a entrega incondicional por aquilo a ser
encontrado.
Para quem
deseja seguir Jesus, o Reino de Deus torna-se tão singular e atraente que nada
neste mundo pode ser comparado a ele. À luz das parábolas do Reino, podemos
compreender melhor a história dos que sacrificaram tudo no seguimento de Cristo,
na busca do tesouro do Reino. Santo Agostinho, em sua busca angustiante,
clamava: “Senhor, meu coração não terá paz enquanto não descansar em ti”.
Mas o que é o
Reino de Deus? Apesar das inúmeras referências que o próprio Jesus fez sobre o
Reino, ele não deixou um tratado sistemático ou uma definição precisa. Ele
também não disse que o Reino de Deus é uma pérola preciosa ou um tesouro
escondido no campo. Como um exímio artista, ele nos apresentou um mosaico de
imagens, de parábolas e de sentenças que continuem um todo a ser contemplado.
Dessa contemplação podemos afirmar: “O Reino de Deus é a absoluta e amorosa
ação do Deus vivo na vida e no mundo dos humanos”; “ele é a fonte e o foco de
referência de toda a Boa-Nova da salvação da humanidade sonhada por Deus,
mediante a vida, a morte e a ressurreição de Jesus”; “o Reino determina as
opções evangélicas do seguidor de Jesus Cristo, que se concretizam nas Bem-Aventuranças,
no amor a Deus e ao próximo”; “é a razão da esperança e da alegria, da abertura
aos irmãos, da opção pelos empobrecidos, fundamento de nosso compromisso
inerente à fé”. O Reino de Deus é um valor que está acima de todas as
especulações. É um valor supremo, pelo qual todo sacrifício torna-se pequeno.
Com o Reino de Deus acontece o mesmo que ocorreu com o trabalhador que
encontrou o tesouro escondido ou com o negociante da pérola preciosa. Ele enche
de alegria e faz a felicidade de quem o encontra e investe tudo para possuí-lo.
O Reino de Deus é fé, esperança e caridade em ação.
Jesus nos
revela que a conquista do Reino de Deus pressupõe peculiar sabedoria: é preciso
lançar-se a caminho na busca. Encontrando o tesouro, faz-se necessário “vender
tudo” (atitude do desprendimento) para possuí-lo (altitude do investimento).
Desfazer-se de tudo o que é secundário só é possível para quem encontrou algo
maior – um dom de inestimável valor pelo qual se sente fascinado. As parábolas
revelaram a fascinação pela proximidade do Reino de Deus. Esse valor, essa
preciosidade, é tão grande e atraente, que praticamente não precisamos mais
pensar nem refletir, senão apenas decidir.
O Reino de
Deus é um tesouro escondido. Não é fácil encontrá-lo. Ele é pequeno e não se
encontra onde imaginamos. Ele está misturado com outras realidades, e somente
no final dos tempos ele será plenamente desvendado. Ele é mistério e não basta
encontrá-lo. É preciso perseverar e investir nele toda a vida. Jesus é exemplo.
Ele descobriu o valor máximo de sua vida fazendo a vontade do Pai. Viveu, na
alegria e na liberdade, sua doação até chegar ao ponto máximo da entrega de sua
própria vida na cruz.
Jesus disse:
“Busquem primeiro o reino de Deus e sua justiça. Tudo o mais lhes será dado em
acréscimo” (Mateus 6,33). Quem capta com sabedoria o mistério do Reino e
assimila como critério de vida o mandamento do amor encontrou o tesouro
escondido. Compreenderá que a felicidade é sinônimo não de ter mais e gastar,
acumular e consumir, mas sim de compartilhar solidariamente o afeto, tempo e os bens com os irmãos.
Para o
discípulo e missionário do Mestre não há outro tesouro, outra felicidade nem
outra prioridade, senão ser instrumento do Espírito de Deus na Igreja, para que
Jesus Cristo, o Tesouro, seja encontrado, seguido, amado, celebrado, anunciado
e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências (cf.
Documento de Aparecida, 14).
O discípulo
que, iluminado pela sabedoria de Deus, descobre e entra na posse do Reino de
Deus, necessariamente irradia alegria, testemunha esperança e contagia a todos
com otimismo, pois o Reino de Deus é fermento de uma nova sociedade alicerçada
em relações reconciliadas e reconciliadoras. O Reino de Deus, mais do que um
conjunto de conhecimentos, é experiência, é vivência do amor, da bondade, da
justiça e da paz. O discípulo que faz a experiência dos valores do Reino
conhece seu dinamismo e seus caminhos.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
A Liturgia fortalece a fé
Para arrematar
a reflexão bíblico-litúrgica que expusemos até aqui, é imprescindível colher o
tesouro que nos é oferecido na oração do Dia: “sem vosso auxílio ninguém é
forte, ninguém é santo.” A consciência cristã se ancora nesta verdade e por
isso celebra a Liturgia, para que seja fortalecida na fé, ouvindo a Palavra de
Deus e deixando que ela se inscreva em seu coração. É exatamente para lhes
prestar auxílio que Deus reúne os seus em sua Casa, dando-lhes força e poder
(cf. Antífona de Entrada). É prova do amor que Deus tem para com seus filhos e
filhas: ser aquele que os governa ou conduz. Isso também a assembléia suplica a
Deus logo no começo da celebração eucarística deste domingo: “redobrai de amor
para conosco, para que, conduzidos por vós usemos de tal modo os bens que
passam, que possamos abraçar os que não passam.”
Os frutos dos Mistérios do Reino
Esta última
parte da súplica está diretamente ligada à realização das orientações de Jesus
na vida dos discípulos e discípulas: o discernimento e a escolha. Nesta
perspectiva é que entendemos a afirmação de São Paulo aos romanos: “tudo
contribui para o bem daqueles que amam a Deus”. Isso se deve ao fato de a
inteligência da fé ser capaz de selecionar dentre as experiências da vida
aquilo que amadurece, forma e confirma a humanidade como semelhança e imagem
divinas.
Assim, a saúde
do ser humano, sua integridade e inteireza é fruto dos Mistérios do Reino que
este mesmo homem e mulher celebram uma vez que a eles tenham aderido pela fé. E
isso tudo é vivido como puro dom, concedido pela caridade (amor!) divina.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Deus Pai
revelou em Cristo o tesouro escondido de seu projeto salvador. O Cristo está
presente na oferta eucarística que apresentamos ao Pai. “Olhai com bondade para
a oferta da vossa Igreja. Nela vos apresentamos o sacrifício pascal de Cristo,
que vos foi entregue” (Oração Eucarística para diversas circunstâncias II).
Essa oferta é a soma de todos os dons, é a fonte de todo o bem da Igreja e de
cada pessoa. Dessa forma, a Eucaristia constitui-se no tesouro mais precioso da
Igreja, fonte inesgotável para a renovação da vida eclesial e para a esperança
de um mundo novo.
O primeiro dom
da sabedoria é convencer-nos de que nossa maior riqueza consiste, antes de
tudo, em conformar nossa vida à do Cristo Senhor, uma vez que é a partir de
Jesus Cristo que o Pai “conhece e predestina”; a quem ele “predestina também
chama”, a quem ele “chama justifica”, a quem “torna justo também glorifica”.
Tudo isso acontece no memorial eucarístico.
“Concede-nos,
Pai, que, pela força do Espírito do vosso amor, sejamos contados, agora e por
toda a eternidade, entre os membros do vosso Filho, cujo Corpo e Sangue
comungamos” (Oração Eucarística para diversas circunstâncias I).
Celebrando o
acontecimento da Páscoa, como discípulos do Reino, somos impulsionados a buscar
e a encontrar o tesouro escondido, tirar dele, cada novo dia, coisas novas e
velhas, concentrando nele o projeto de nossa vida.
O tesouro do
Reino de deus é como um grande amor, uma forte paixão, pela qual renunciamos
tudo para possuí-lo e viver dele. Essa mesma paixão fez com que Jesus doasse
por inteiro sua vida pela salvação da humanidade.
Pelo anúncio
de sua Palavra, hoje, o Senhor derrama em nossos corações a sabedoria que nos
torna ágeis nas decisões em favor do único e necessário dom, que nos assegura
estar entre os eleitos do Reino de Deus.
Na Ceia
Eucarística, penhor do banquete celeste, renovamos nosso compromisso na
edificação da cidade terrena, com os olhos voltados para a vitória final de
Deus, quando todas as coisas lhe serão submetidas e quando Deus será tudo em
todos (cf. 1Coríntios 15,28). É o desfecho glorioso da história da salvação,
com a vitória absoluta e definitiva do Reino de Deus.
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Cada vez
mais, cai em desuso os chamados “comentários” antes das leituras. Preferem-se
as brevíssimas monições que exortam os fiéis para o acontecimento que se
seguirá. São mais afetivos e introdutórios, do que informativos de qualquer
conteúdo teológico ou catequético. São, inclusive, dispensáveis, sendo
preferível o silêncio ou um refrão
meditativo que provoque na assembléia aquela atitude vigilante para a
escuta e conseqüentemente acolhida da Palavra de Deus. Sugerimos, neste caso,
antes de iniciar a Liturgia da Palavra, o refrão “Senhor que a tua Palavra”.
2. A leitura
contínua do Evangelho, harmonizada com a primeira leitura, tirado do Primeiro
Testamento, dá a tônica da celebração e apresenta um itinerário de seguimento.
Aí temos a espiritualidade a ser vivida durante a semana e a vida toda.
3. Dia 29, recordamos
a memória de Santa Marta, irmã de Maria e Lázaro. Dia 30, recordamos a memória
de São Pedro Crisólogo, grande orador. Dia 31 recordamos com muito carinho,
Santo Inácio de Loyola, fundador dos padres jesuítas.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do 17º Domingo do
Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos
deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse
sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão
gravados no CD: Liturgia VI e CD: Cantos de Abertura e Comunhão; Cantos de
Abertura e Comunhão – As mais Belas Parábolas e Ofício Divino das Comunidades.
1. Canto de abertura. Deus dá
força e poder a seu povo (Salmo 68/67,6-7.36). “Acolhe os oprimidos em tua
casa, ó Senhor”, CD: Liturgia VI, melodia da faixa 24; “Deus é a força de sua
Igreja”, Hinário Litúrgico III da CNBB, página 384,392.
Somos Povo de
Deus chamado por Cristo a investir a nossa vida no Reino do céu. Nesse sentido
a Igreja oferece outra opção que nos introduz no mistério celebrado. “Ó Pai,
somos nós o povo eleito”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa
1.
2. Ato penitencial. Cantado.
3. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD
Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico
III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso
e outros compositores.
O Hino de
Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é,
voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho.
O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de
Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo,
exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o
Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou
nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia.
4. Refrão para motivar a escuta da
Palavra: “A vossa Palavra Senhor, é sinal de interesse por nós”.
5. Salmo responsorial 118/1119. A
Lei de Deus como sabedoria. “Como eu
amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra! Melodia igual a faixa 21, CD: Liturgia
VI.
O Salmo
responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura.
Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura
para a comunidade celebrante. Primeira leitura, Palavra proposta e salmo Palavra
resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser Palavra
de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista.
6. Aclamação ao Evangelho. A
revelação do mistério de Deus aos humildes. (Mt 11,25). “Aleluia... Eu te
louvo, ó Pai Santo”, CD: Liturgia VI, melodia da faixa 20. O canto de aclamação
ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.
7. Apresentação dos dons. A escuta
da Palavra e colocá-la em prática, deve gerar na assembléia a partilha para que
ela possa ser sinal vivo do Reino. Devemos ser oferenda com nossas oferendas. “A
mesa santa que preparamos”, CD; Liturgia VI, melodia da faixa 23.
8. Canto de comunhão. Gratidão
pelos benefícios de Deus (Salmo 102/103,2) ou Bem-aventurança dos
misericordiosos e puros de coração (Mateus 5,7-8). “Quando os tempos chegarem
ao fim”, CD: Liturgia VI, melodia da faixa 22; “Todo fermento é pouco”, Hinário
Litúrgico III da CNBB, página 375.
Reunidos para
celebrar o Mistério de Cristo somos chamados a ser trigo, por isso bendigamos o
Senhor. Nesse sentido a Igreja oferece duas opções importantes: Efésios 1,3-10, “Bendito seja Deus, Pai do
Senhor Jesus Cristo, por Cristo nos brindou todas as bênçãos do Espírito”, CD:
Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 17; Romanos 8,31-39, “Quem nos
separará? Quem vai nos separar do amor de Cristo? Quem nos separará”, CD:
Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 21 ou CD: Festas Litúrgicas II,
melodia da faixa 19.
O canto de
comunhão deve retomar o sentido do Evangelho de cada Domingo. Esta é a sua
função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é
dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o
Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos
bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade
entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Isto significa que comungar
o corpo e sangue de Cristo é compromisso com o Evangelho proclamado. Portanto,
o mesmo Senhor que nos falou no Evangelho, nós o comungamos no pão e no vinho.
É de se lamentar que muitas vezes são escolhidos cantos individualistas de
acordo com a espiritualidade de certos movimentos, descaracterizando a
missionariedade da liturgia. Toda liturgia é uma celebração da Igreja e não existem
ritos para cada movimento e nem para cada pastoral. Cantos de adoração ao
Santíssimo, cantos de cunho individualista ou cantos temáticos não expressam a densidade desse momento. Tipos de cantos
que devem ser evitados numa celebração eclesial: “Eu amo você meu Jesus”; “Ti
olhar, ti tocar”; “Fica comigo Jesus”, “Eu quero subir...”
8- O ESPAÇO CELEBRATIVO
1. Preparar
bem o espaço celebrativo, de modo que seja acolhedor, aconchegante para que
todos se sintam bem na presença de Deus.
2. O espaço da
celebração deve recordar para nós a Jerusalém celeste. Portanto, o lugar da
celebração deve ser preparado para as núpcias do Cordeiro. Deve ser belo, sem
ser luxuoso; deve ser simples, sem ser desleixado; deve ser aconchegante para
que todos se sintam participantes do banquete. A mesa da Eucaristia é o lugar
de convergência de toda a ação litúrgica. Assim o altar não pode ser
“escondido” por imensas toalhas, arranjos de flores e outros objetos. O altar é
Cristo. É ele o ator principal da liturgia. “As flores, por exemplo, não são
mais importantes que o altar, o Ambão e outros lugares simbólicos. Nem a toalha
é mais importante que o altar. Os excessos desvalorizam os sinais principais. A
sobriedade da decoração favorece a concentração no mistério celebrado” (Guia
Litúrgico Pastoral, página 110).
3. O lugar
onde celebramos a Eucaristia é Casa da Igreja e antes disso é Casa da Palavra,
pois é esta que, sacramentalmente, forja a comunidade dos cristãos. De certo
modo, a construção de pedra é imagem da construção viva, isto é, o povo de
Deus, da qual fala Paulo em suas cartas, que a Igreja, Corpo de Cristo. Neste
sentido, é lugar de interlocução, de diálogo a partir das escrituras que são
interpretadas pelos ritos. Assim, toda a celebração litúrgica é Palavra de Deus
dirigida ao povo reunido. Mas também é resposta deste povo aos apelos que lhe
são expressos.
9. AÇÃO RITUAL
Celebramos a
fé cristã que nos situa neste mundo como pessoas que, ao modo de Cristo, são
capazes de fazer a escolha fundamental e de assumir as conseqüências de tal
escolha. Esse caminho, cheio da sabedoria de Deus e do Reino, coloca-nos,
inevitavelmente, diante da cruz. Mas também cremos que somente por este caminho
chegamos à ressurreição.
Ritos Iniciais
1. O canto de
abertura sugerido pelo Hinário III da CNBB, assumindo a antífona de entrada
retirada do Salmo 67/68,6-7.36 articulado com os versos do Salmo 32/33, é uma
ótima opção. É sempre importante recuperar a tradição de cantar os salmos nas
celebrações, já que eles contam as maravilhas que Deus realiza por meio da
história de seu povo.
2. A primeira
realidade que afirma a presença da divindade
é a assembléia reunida. Ela é o primeiro sinal da presença de Deus. A antiga
saudação presidencial, preservada nos ritos iniciais, comunica este fato. A Instrução
Geral ao Missal Romano nos diz: “pela saudação, expressa à comunidade reunida a
presença do Senhor”. A dinâmica desta saudação é muito significativa:
primeiramente saúda-se o Altar com o beijo, pois o Altar é Cristo. Em seguida,
este beijo se abre em forma de saudação à assembléia, que também é Cristo. Por
isso, mais do que nunca, urge abandonar os comentários, saudações convencionais
(bom dia, olá irmãos e irmãs, etc,) sobretudo antes da saudação inicial. Bom
dia e boa noite não é saudação litúrgica. Há uma pedagogia inerente aos gestos
e palavras que inclui a ordem em que se apresentam.
3. Para
solenizar este rito, sugerimos cantá-lo conforme melodia proposta no site www.calbh.com.br. Lembremo-nos, ainda, que
o sinal da cruz consta apenas do seguinte texto. Em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo. Amém. Sem acréscimos, por mais bonitos que, subjetivamente,
possam parecer.
4. A saudação presidencial,
já predispondo a comunidade, pode ser a fórmula “c” do Missal Romano (2Ts 3,5).
Depois disso é que se propõe o sentido litúrgico e não antes do canto de
entrada.
O Senhor, que encaminha os nossos corações para o amor de
Deus e a constância de Cristo, esteja convosco.
5. Em seguida,
dar o sentido litúrgico da celebração. O Missal deixa claro que o sentido
litúrgico da celebração pode ser feito pelo presidente, pelo diácono ou outro
ministro devidamente preparado (Missal Romano página 390). Pode ser com estas
palavras o sentido litúrgico da celebração ou outras semelhantes:
Domingo do tesouro escondido. Na celebração
de hoje, somos instruídos como discípulos e discípulas do Reino do céu e
tiramos do tesouro, a cada dia, coisas novas e velhas. Celebramos a Páscoa de
Jesus Cristo que se manifesta em todas as pessoas e grupos que se deixam tomar
pela centralidade do Reino.
6. A
recordação da vida pode ser o espaço ideal para manifestar os fatos marcantes
como aniversários, bodas, momentos de dor e de luto, missa de 7º e 30º dia,
etc. A lembrança pelos falecidos pode ser feita na Oração Eucarística (memento
dos mortos) e as demais necessidades manifestadas nas preces.
7. Quem
preside convida os fiéis à penitência com a Fórmula 2 do Missal Romano, página
391:
No início desta celebração eucarística,
peçamos a conversão do coração, fonte de reconciliação e comunhão com Deus e
com os irmãos e irmãs.
Após um
momento de silêncio, pode-se usar a opção 5 das Invocações alternativas para o
Tempo Comum, Missal Romano, página 394:
Senhor, que sois a plenitude da verdade e da
graça, tende piedade de nós.
Cristo, que vos tornastes pobre para nos
enriquecer, tende piedade de nós.
Senhor, que vistes para fazer de nós o vosso
povo santo, tende piedade de nós.
8. Cada
Domingo é Páscoa Semanal, canta com exultação o Hino de louvor (glória).
9. A oração do
dia nos mostra que sem Deus, ninguém é forte e santo; a nossa vida é orientada
para a eternidade.
Rito da Palavra
1. Cada vez
mais se tem abandonado o hábito de fazer “procissão com a Bíblia”, já que a
importância e a dignidade do Evangeliário foram recuperadas. A procissão,
portanto, é reservada para o livro dos Evangelhos. Procissão que pode ser
solenizada com incenso, velas e dança litúrgica.
2. Há
comunidades cristãs que, até hoje, fazem artisticamente seu Evangeliário.
Semana após semana, alguém da comunidade com dotes artísticos copia o texto a
ser proclamado, ornando-o ao estilo das iluminuras da antiguidade, de acordo
com a narração da face de Cristo ou outro tema peculiar ao Evangelho. Está é
uma forma muito admirável de envolver os artistas da comunidade e outros
grupos. Por exemplo, porque não envolver as crianças da catequese (aquelas que
sabem ler e escrever bem), para que copiem, a cada semana a página do Evangelho
a ser proclamado na celebração. Neste caso, seria recomendado ensinar-lhes a
arte da caligrafia e do desenho litúrgicos (ícones), caso venham a ornar o
texto com tais figuras. A capa do Evangeliário
pode ser feita com duas tábuas, trazendo na capa um ícone da face de
Cristo, lembrando que o Evangelho deve assumir a face humana – a nossa
face...assim iremos nos tornando Cristo Jesus. A seguir um exemplo de
Evangeliário em placas de prata, de Cláudio Pastro.
3. Destacar o
Evangeliário. Depois da procissão de entrada deve permanecer sobre a Mesa do Altar
até a procissão para a Mesa da Palavra como é costume no Rito Romano.
4. A homilia
pode começar com um diálogo entre presidente e assembléia. O presidente provoca
a comunidade a pensar qual foi a última vez que teve de tomar uma decisão
difícil, e onde for possível, convidar uma ou duas pessoas a testemunharem
brevemente sua experiência. A partir disso, ele desenvolve a homilia acima. Terminada
a homilia, convide a assembléia para, em um momento de profundo silêncio
orante, meditar e contemplar tudo o que Jesus nos ensinou no dia de hoje.
Sobretudo quem preside, entre em silêncio profundo. O seu exemplo motiva e
ajuda a assembléia a mergulhar no mistério do silêncio litúrgico. O silêncio é
o momento em que o Espírito Santo torna fecunda a Palavra no coração da
comunidade. Nem tudo cabe em palavras.
Rito da Eucaristia
1. Na oração
sobre as oferendas suplicamos a Deus a santificação da vida presente e o
encaminhamento da nossa vida futura.
2. É muito
oportuno o prefácio dos Domingos do Tempo Comum VI, que narra Jesus Cristo como
penhor da vida futura, isto é, da Páscoa eterna.
3. A oração
eucarística IV, baseada na anáfora Alexandrina de São Basílio, século IV, narra
o difícil caminho da Aliança, onde a humanidade é desafiada optar pela luz
divina. Seria ocasião de rezar esta belíssima oração que, pronunciada
pausadamente e com a devida unção por parte do presidente, conduzirá o povo
celebrante a uma ação de graças e adoração agradáveis a Deus e frutuosa para a
comunidade. Ela nos oferece um resumo da história da salvação. O presidente de
4. A comunhão
expressa mais nitidamente o mistério da Eucaristia quando distribuída em “duas
espécies”, como ordenou Jesus na última ceia, “tomai comei, tomai bebei”. Vale
todo esforço e tentativa no sentido de se recuperar a comunhão no Corpo e
Sangue do Senhor para todos, conforme autoriza e incentiva a Igreja. “A
comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas
espécies. Sob essa forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico
e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna
Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico
e o banquete escatológico no Reino do Pai” (IGMR, nº 240). Pelo menos aos
Domingos, Páscoa semanal dos cristãos, é muito oportuno que a comunhão seja
feita sob as duas espécies para toda a assembléia.
Ritos Finais
1. A oração
depois da comunhão, nos convida a tomar consciência que a Eucaristia é o
memorial permanente da Paixão de Nosso Senhor.
2. Na bênção
em nome da Santíssima Trindade levem-se em conta as possibilidades que o Missal
Romano oferece (bênçãos solenes, na oração sobre o povo). Ela expressa que a
ação ritual se prolonga na vida cotidiana do povo em todas as suas dimensões,
também políticas e sociais. É muito oportuno neste Domingo o número 12 das
Orações sobre o Povo do Missal Romano, página 532.
3. As palavras
do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: Anunciai
a todos o Reino dos céus. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cristo é o
Reino vivo de Deus que se tornou nosso Caminho, Verdade e Vida. Ser cristão é
uma graça e um desafio: temos que vender tudo e depois investir tudo com
alegria: nossas capacidades morais, psicológicas e espirituais, para que pouco
a pouco vá tomando corpo entre nós, no nosso mundo, o Reino de Deus, Reino este
que é de justiça e amor, de paz e bem, no qual todos têm um lugar.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
Bispado de São José do Rio Preto
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