quinta-feira, 24 de julho de 2014

17º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A

27 de julho de 2014

Leituras

         1Reis 3,5.7-12
         Salmo 118/119
         Romanos 8,28-30
         Mateus 13,44-52


“ELE VENDE TODOS OS SEUS BENS E COMPRA AQUELE CAMPO”


1- PONTO DE PARTIDA

Este é o Domingo do tesouro escondido em que Jesus orienta-nos para investirmos tudo na aquisição do bem maior: o Reino do Pai. Por Ele devemos colocar tudo em jogo. Somos instruídos como discípulos do Reino dos céus e tiramos do tesouro, a cada dia, coisas novas e velhas.

Celebremos a Páscoa de Jesus que se manifesta em todas as pessoas e comunidades que, com sabedoria, investem tudo na busca e na edificação do Reino. Em especial, agradeçamos a Deus pela sabedoria que Ele concede aos pequenos e fracos na busca do tesouro da felicidade. Que a sabedoria de Deus ilumine todos os que buscam o tesouro do Pai: Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida.

Deus habita este espaço celebrativo porque nos reunimos como filhos e filhas para louvá-Lo e, assim, encontrar os verdadeiros tesouros do Seu Reino. Somos convidados a entrar na posse do tesouro escondido e tirar dele, diariamente, coisas novas e velhas, centrando Nele o projeto de nossa vida.

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

Primeira leitura – 1Reis 3,5.7-12. Salomão faz uma belíssima oração no início de seu reinado. Mais que livros de história, os Livros dos Reis são reflexões teológicas sobre a história do povo de Israel e dos seus reis.

Salomão não pede riqueza, mas sabedoria por ocasião da sua romaria a Gabaão, no começo de seu reinado, Salomão pede a Deus a sabedoria, isto é, o dom de aceitar na hora de julgar e decidir (na Bíblia segue imediatamente uma história para exemplificar este dom). O próprio fato de não outra coisa já mostra sua sabedoria.

A obra é uma teologia da realeza muito semelhante à do deuteronomista e do profetismo. O verdadeiro rei é aquele que conserva os mandamentos do Senhor, que anda nos caminhos do Senhor, que guarda as suas leis e exigências como estão escritas na Lei de Moisés (1Reis 2,3). O cargo do rei consiste em governar o povo com sabedoria e justiça, em servir o povo (1Reis 12,7), porque este povo pertence a Deus (cf. 1Reis 3,8-9). A fidelidade ao Senhor, a aplicação em celebrar o seu culto em Jerusalém, são exigências fundamentais.

São raros os reis que receberam a aprovação de Deus. Na maioria dos casos, foram severamente julgados por Deus: trinta e quatro vezes ressoa o refrão “ele cometeu o mal aos olhos de Deus”! E os exemplos na faltam. As infidelidades são numerosas: cultos idolátricos, construção de templos e altares aos falsos deuses, consulta dos deuses estrangeiros, opressão e violência de todo tipo contra o povo, perseguição dos profetas do Senhor, guerra sem a aprovação de Deus, sacrifício de crianças... Eis o grande pecado dos reis: atrair o povo em caminhos que conduzem a desrespeitar a Lei de Deus.

Em Israel, o rei é considerado como um intermediário entre Deus e o povo. Na pessoa do rei, Deus governa; o rei é instrumento de Deus. O trecho mostra que Salomão, como nos seus ilustres antecessores, reis e juízes, está em contato direto com o Senhor e que então ele é rei não somente em razão do sangue mas principalmente em razão da vontade de Deus. Pode-se ver que Salomão não entendeu o seu papel com: ele não pede favores pessoais (versículo 11) mas a sabedoria para governar com justiça.

Salmo responsorial – Salmo 118/119,72.76-77.127-130.  Embora apresente muitos pedidos, om mais longo de todos os salmos é sapiencial. De fato começa falando da felicidade, à semelhança do Salmo 1. O Salmo 118/119 mostra que a Lei é a vontade de Deus que se revela para ordenar a vida religiosa da pessoa humana, na sua convivência com Deus e com o próximo: por isso a Lei é amável, perfeita e inesgotável. O salmista está continuamente falando a Deus em segunda pessoa: a Lei não é uma ordem objetiva impessoal, mas uma realidade muito pessoal. A Lei é parte da Aliança e parte da revelação divina; é a vontade de Deus tornada palavra para ensinar e guiar as pessoas.

A Lei de Deus é um bem superior ao ouro e á prata (versículo 72). A Palavra de Deus contém riquezas escondidas: é necessário abri-las, para derramem sua luz (versículo 130).

O rosto de Deus. A cada versículo se fala da Lei, resultado da aliança entre Deus e Seu povo. Javé é citado vinte e quatro vezes. Neste salmo, a Lei é sinônimo de vida. No tempo de Jesus, a Lei já não produzia vida (João 19,7). O rosto de deus aparece como Vida.

Nós, cristãos, não estamos mais no regime da Lei, mas no regime da Graça; não vivemos pelo cumprimento de alguns mandamentos, mas pela fé em Jesus Cristo. Contudo, o Salmo nos dá alguns pontos de apoio para realizar a transposição cristã. Em primeiro lugar o tom intensamente pessoal, isto é, a Lei como presença de Deus, como convivência com Deus; Cristo, que á a Palavra, é a Verdade e o Caminho, porque nos revela a vontade de Deus. Por Cristo personalizamos a Lei. Em segundo lugar, o Salmo expressa uma piedade pessoal profunda.

Cantando este Salmo na celebração deste Domingo, confessemos que Cristo é a fonte da sabedoria do Pai. A sabedoria de Deus, testemunhada por suas obras maravilhosas, tornou-se, para quem O ama, o mandamento, a Lei, a palavra de ordem, de valor. Assim, cantamos com o Salmo 118/119:

COMO EU AMO, SENHOR, A VOSSA LEI, VOSSA VERDADE.

Segunda leitura – Romanos 8,28-30.  Paulo escrevendo aos Romanos, nos explica como Deus chama as pessoas para o seu Reino.

No dizer de Paulo, “aqueles que amam a Deus” estão certos de atingir a glória, não como uma recompensa merecida, mas porque tornaram-se, por sua vez, companheiros de Deus na vivência cristã.

Paulo reflete sobre o planejamento de Deus e sua execução. Esta breve leitura é constituída ao redor da corrente de conceitos: conhecer, destinar, chamar, justificar, glorificar: as fases da arrematação da pessoa humana por Deus. É uma obra de artista. O modelo é Jesus Cristo mesmo: o primogênito dos mortos. O Espírito já nos tornou filhos (Romanos 8,16).  Agora é só levar a termo a obra de arte já empeçada (8,30). E o distintivo do cristão é que ele tem consciência de ser esta obra (“sabemos”, 8,28) cf. Efésios 1,3-14; Tiago 1,12; Jeremias 1,5; 1Coríntios 15,49; 2Coríntios 3,18; Filipenses 3,21; Colossenses 1,18; 1João 3,2.

Evangelho – Mateus 13,44-52. Reconhecemos, assim, na Pregação em Parábolas, uma tríplice estrutura de cada vez três elementos: 1) Mateus 13,1-9 / 10-15 / 17-23: parábola / função das parábolas / explicação da parábola; 2) Mateus 13,24-33 / 34-35 / 36-43: três parábolas / função das parábolas / explicação da principal; 3) Mateus 13,44 / 45-46 / 47-50: três parábolas. Mateus reúne assim sete parábolas, e sete é o número da perfeição.

Encerrando a pregação sobre o mistério do Reinado de Deus, as duas pequenas parábolas focalizam a realidade da opção radical pelo Reinado de Deus. Jesus revela que a alegria pela posse do tesouro (o Reino) compensa a renúncia de todos os bens deste mundo.

As duas primeiras parábolas (versículos 44-46) propõem uma lição bastante parecida, e compreende-se que tenham sido apresentadas juntas. A parábola da rede lançada ao mar tem um desenvolvimento diferente (versículos 47-50) e parece mais com a do joio (Mateus 13,24-30).

Na Palestina, era costume os ricos senhores enterrarem seus tesouros para preservá-los dos saques dos inimigos. Muitos morriam sem revelar aos familiares ou a amigos onde haviam escondido suas riquezas. O trabalhador do campo que descobre o tesouro não era um caçador de tesouros, e o campo não era de sua propriedade. De modo inesperado, ele depara-se com um tesouro de incalculável valor. Para o felizardo, era uma ótima oportunidade que impunha uma decisão imediata: “Vender tudo para investir na compra do campo”. Não bastava vender uma parte, pois poderia acontecer que ela não fosse suficiente para a aquisição do campo onde o tesouro estava escondido. Precisava vender tudo o que possuía para comprar aquele campo. Com isso ficava-lhe garantido o direito sobre aquele campo e aquele tesouro. O evangelista ressalta o estado de ânimo do indivíduo diante do tesouro: “Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens”. O Reino de Deus é dom gratuito revelado pela prática de Jesus. A quem descobre esse dom correspondem a alegria e o despojamento de tudo para obter sua posse. Seria imperdoável não adquirir o tesouro.

A parábola da “pedra preciosa” acentua a busca e o discernimento do valor (o quilate da pedra preciosa). O mercador que estava buscando boas pérolas encontra uma “preciosidade”.  Vende tudo para adquirir tal pedra. Ela representa o investimento de sua vida. Novamente, o valor do Reino requer escolha e decisão imediata: desfazer-se de tudo em vista da posse da pedra de uma beleza incomparável. Observemos que o Reino de Deus não é o mesmo que troca de mercadorias. A quem descobriu o sentido e o valor do empenho pela justiça, nada faz falta.

A associação das duas parábolas, a do tesouro e a da pérola, culmina então numa interpretação comum: o Reino está tão próximo que é preciso abandonar tudo para obtê-lo (Marcos 1,18-20; 10,28). Nesta perspectiva, a venda de todos os seus bens torna-se o sinal da “conversão” necessária.

A parábola da “rede lançada ao mar”, que apanha peixes de todo tipo, retoma a parábola do trigo e do joio. Evidenciam que, na realidade social, convivem, lado a lado, bons e maus. Mateus evoca a lei que prescrevia quais peixes podiam ser consumidos e os que não (cf. Levítico 11,9-12; Deuteronômio 14,9). Deus é quem lança a rede e a Ele cabe o juízo da separação entre bons e maus. Isso ressalta a sorte final dos que permanecerem fiéis à opção definitiva pelo Reino de justiça.

Quem apanha peixes “de toda espécie” é Jesus Cristo. Ninguém julgue. No fim, quando tudo adquirir seu significado e valor definitivos, “os anjos” – maneira judaica de falar da atuação de Deus – farão a seleção para ver o que pode ser conservado, e o que não pode.

Por sua posição final, a parábola pareça importante, Mateus não faz nenhuma aplicação. Nós poderíamos fazer uma: a Igreja não é só para os perfeitos. É uma rede que acolhe “todas as espécies”, mesmo que isso não torne seu aspecto muito agradável e santo. Esta parábola ensina uma atitude de paciência, prudência e sabedoria. A verdadeira sabedoria é aquela que conhece seus limites, conhece o provisório na própria vida e na vida dos outros, na sociedade e no mundo, não fixa ninguém no seu pecado, mas também não canoniza ninguém antes da hora... E confia profundamente na “última palavra” de Deus.

“Vocês compreenderam tudo isso?”, pergunta Jesus. Eles responderam: “Sim”. Mais do que o sentido das parábolas, os discípulos são interrogados sobre a compreensão do mistério do Reinado de Deus para se tornarem, como o Mestre, arautos e promotores da justiça do Reino de Deus para as gerações futuras. O “sim” dos discípulos manifesta sua pronta decisão em acolher as orientações do Mestre, em contraste coma lentidão das multidões e a hostilidade dos fariseus e escribas. As parábolas revelam os segredos do Reino de Deus para quem tem fé. O doutor da Lei que se torna seguidor de Jesus percebe a unidade que existe entre o Primeiro e o Novo Testamento. No acontecimento Jesus, tudo se renova e assume novo sentido (Evangelho). Com a expressão “coisas novas e velhas”, Ele circunscreve o que é a “tradição cristã: conservar o antigo como fonte de ensinamento, acrescentar intuições novas para atualizar o que é transmitido”. Também hoje, tradição cristã significa contínua atualização e contínua volta às fontes.

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

Hoje, a Palavra de Deus ressalta, para a comunidade reunida, o valor absoluto do Reino de Deus. O Reino é um bem supremo que enche de alegria incontida quem aposta tudo para possuí-lo. Para colocar o Reino no topo da escala de valores, a comunidade precisa do discernimento e da sabedoria quem vem de Deus.

Muitas pessoas tentam a sorte difícil na procura de um tesouro fabuloso que as torne possuidoras de uma riqueza incalculável. Outras pessoas, sonhando com a felicidade, aventuram-se e partem destemidamente em busca de melhores condições de vida em outras terras. É quando elas se vêem obrigadas a fazer escolhas e a renunciar a muitas coisas. O desejo de vida digna e de felicidade as torna corajosas e dispostas a pagarem um alto preço. Assim, a alegria da conquista “do tesouro” tem por fundamento a sabedoria nas escolhas, o sofrimento, o sofrimento da renúncia de outros bens e a entrega incondicional por aquilo a ser encontrado.

Para quem deseja seguir Jesus, o Reino de Deus torna-se tão singular e atraente que nada neste mundo pode ser comparado a ele. À luz das parábolas do Reino, podemos compreender melhor a história dos que sacrificaram tudo no seguimento de Cristo, na busca do tesouro do Reino. Santo Agostinho, em sua busca angustiante, clamava: “Senhor, meu coração não terá paz enquanto não descansar em ti”.

Mas o que é o Reino de Deus? Apesar das inúmeras referências que o próprio Jesus fez sobre o Reino, ele não deixou um tratado sistemático ou uma definição precisa. Ele também não disse que o Reino de Deus é uma pérola preciosa ou um tesouro escondido no campo. Como um exímio artista, ele nos apresentou um mosaico de imagens, de parábolas e de sentenças que continuem um todo a ser contemplado. Dessa contemplação podemos afirmar: “O Reino de Deus é a absoluta e amorosa ação do Deus vivo na vida e no mundo dos humanos”; “ele é a fonte e o foco de referência de toda a Boa-Nova da salvação da humanidade sonhada por Deus, mediante a vida, a morte e a ressurreição de Jesus”; “o Reino determina as opções evangélicas do seguidor de Jesus Cristo, que se concretizam nas Bem-Aventuranças, no amor a Deus e ao próximo”; “é a razão da esperança e da alegria, da abertura aos irmãos, da opção pelos empobrecidos, fundamento de nosso compromisso inerente à fé”. O Reino de Deus é um valor que está acima de todas as especulações. É um valor supremo, pelo qual todo sacrifício torna-se pequeno. Com o Reino de Deus acontece o mesmo que ocorreu com o trabalhador que encontrou o tesouro escondido ou com o negociante da pérola preciosa. Ele enche de alegria e faz a felicidade de quem o encontra e investe tudo para possuí-lo. O Reino de Deus é fé, esperança e caridade em ação.

Jesus nos revela que a conquista do Reino de Deus pressupõe peculiar sabedoria: é preciso lançar-se a caminho na busca. Encontrando o tesouro, faz-se necessário “vender tudo” (atitude do desprendimento) para possuí-lo (altitude do investimento). Desfazer-se de tudo o que é secundário só é possível para quem encontrou algo maior – um dom de inestimável valor pelo qual se sente fascinado. As parábolas revelaram a fascinação pela proximidade do Reino de Deus. Esse valor, essa preciosidade, é tão grande e atraente, que praticamente não precisamos mais pensar nem refletir, senão apenas decidir.

O Reino de Deus é um tesouro escondido. Não é fácil encontrá-lo. Ele é pequeno e não se encontra onde imaginamos. Ele está misturado com outras realidades, e somente no final dos tempos ele será plenamente desvendado. Ele é mistério e não basta encontrá-lo. É preciso perseverar e investir nele toda a vida. Jesus é exemplo. Ele descobriu o valor máximo de sua vida fazendo a vontade do Pai. Viveu, na alegria e na liberdade, sua doação até chegar ao ponto máximo da entrega de sua própria vida na cruz.

Jesus disse: “Busquem primeiro o reino de Deus e sua justiça. Tudo o mais lhes será dado em acréscimo” (Mateus 6,33). Quem capta com sabedoria o mistério do Reino e assimila como critério de vida o mandamento do amor encontrou o tesouro escondido. Compreenderá que a felicidade é sinônimo não de ter mais e gastar, acumular e consumir, mas sim de compartilhar solidariamente o afeto,  tempo e os bens com os irmãos.

Para o discípulo e missionário do Mestre não há outro tesouro, outra felicidade nem outra prioridade, senão ser instrumento do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo, o Tesouro, seja encontrado, seguido, amado, celebrado, anunciado e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências (cf. Documento de Aparecida, 14).

O discípulo que, iluminado pela sabedoria de Deus, descobre e entra na posse do Reino de Deus, necessariamente irradia alegria, testemunha esperança e contagia a todos com otimismo, pois o Reino de Deus é fermento de uma nova sociedade alicerçada em relações reconciliadas e reconciliadoras. O Reino de Deus, mais do que um conjunto de conhecimentos, é experiência, é vivência do amor, da bondade, da justiça e da paz. O discípulo que faz a experiência dos valores do Reino conhece seu dinamismo e seus caminhos.

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

A Liturgia fortalece a fé

Para arrematar a reflexão bíblico-litúrgica que expusemos até aqui, é imprescindível colher o tesouro que nos é oferecido na oração do Dia: “sem vosso auxílio ninguém é forte, ninguém é santo.” A consciência cristã se ancora nesta verdade e por isso celebra a Liturgia, para que seja fortalecida na fé, ouvindo a Palavra de Deus e deixando que ela se inscreva em seu coração. É exatamente para lhes prestar auxílio que Deus reúne os seus em sua Casa, dando-lhes força e poder (cf. Antífona de Entrada). É prova do amor que Deus tem para com seus filhos e filhas: ser aquele que os governa ou conduz. Isso também a assembléia suplica a Deus logo no começo da celebração eucarística deste domingo: “redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por vós usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam.”

Os frutos dos Mistérios do Reino

Esta última parte da súplica está diretamente ligada à realização das orientações de Jesus na vida dos discípulos e discípulas: o discernimento e a escolha. Nesta perspectiva é que entendemos a afirmação de São Paulo aos romanos: “tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus”. Isso se deve ao fato de a inteligência da fé ser capaz de selecionar dentre as experiências da vida aquilo que amadurece, forma e confirma a humanidade como semelhança e imagem divinas.

Assim, a saúde do ser humano, sua integridade e inteireza é fruto dos Mistérios do Reino que este mesmo homem e mulher celebram uma vez que a eles tenham aderido pela fé. E isso tudo é vivido como puro dom, concedido pela caridade (amor!) divina.

5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

Deus Pai revelou em Cristo o tesouro escondido de seu projeto salvador. O Cristo está presente na oferta eucarística que apresentamos ao Pai. “Olhai com bondade para a oferta da vossa Igreja. Nela vos apresentamos o sacrifício pascal de Cristo, que vos foi entregue” (Oração Eucarística para diversas circunstâncias II). Essa oferta é a soma de todos os dons, é a fonte de todo o bem da Igreja e de cada pessoa. Dessa forma, a Eucaristia constitui-se no tesouro mais precioso da Igreja, fonte inesgotável para a renovação da vida eclesial e para a esperança de um mundo novo.

O primeiro dom da sabedoria é convencer-nos de que nossa maior riqueza consiste, antes de tudo, em conformar nossa vida à do Cristo Senhor, uma vez que é a partir de Jesus Cristo que o Pai “conhece e predestina”; a quem ele “predestina também chama”, a quem ele “chama justifica”, a quem “torna justo também glorifica”. Tudo isso acontece no memorial eucarístico.

“Concede-nos, Pai, que, pela força do Espírito do vosso amor, sejamos contados, agora e por toda a eternidade, entre os membros do vosso Filho, cujo Corpo e Sangue comungamos” (Oração Eucarística para diversas circunstâncias I).

Celebrando o acontecimento da Páscoa, como discípulos do Reino, somos impulsionados a buscar e a encontrar o tesouro escondido, tirar dele, cada novo dia, coisas novas e velhas, concentrando nele o projeto de nossa vida.

O tesouro do Reino de deus é como um grande amor, uma forte paixão, pela qual renunciamos tudo para possuí-lo e viver dele. Essa mesma paixão fez com que Jesus doasse por inteiro sua vida pela salvação da humanidade.

Pelo anúncio de sua Palavra, hoje, o Senhor derrama em nossos corações a sabedoria que nos torna ágeis nas decisões em favor do único e necessário dom, que nos assegura estar entre os eleitos do Reino de Deus.

Na Ceia Eucarística, penhor do banquete celeste, renovamos nosso compromisso na edificação da cidade terrena, com os olhos voltados para a vitória final de Deus, quando todas as coisas lhe serão submetidas e quando Deus será tudo em todos (cf. 1Coríntios 15,28). É o desfecho glorioso da história da salvação, com a vitória absoluta e definitiva do Reino de Deus.

6. ORIENTAÇÕES GERAIS

1. Cada vez mais, cai em desuso os chamados “comentários” antes das leituras. Preferem-se as brevíssimas monições que exortam os fiéis para o acontecimento que se seguirá. São mais afetivos e introdutórios, do que informativos de qualquer conteúdo teológico ou catequético. São, inclusive, dispensáveis, sendo preferível o silêncio ou um refrão meditativo que provoque na assembléia aquela atitude vigilante para a escuta e conseqüentemente acolhida da Palavra de Deus. Sugerimos, neste caso, antes de iniciar a Liturgia da Palavra, o refrão “Senhor que a tua Palavra”.

2. A leitura contínua do Evangelho, harmonizada com a primeira leitura, tirado do Primeiro Testamento, dá a tônica da celebração e apresenta um itinerário de seguimento. Aí temos a espiritualidade a ser vivida durante a semana e a vida toda.

3. Dia 29, recordamos a memória de Santa Marta, irmã de Maria e Lázaro. Dia 30, recordamos a memória de São Pedro Crisólogo, grande orador. Dia 31 recordamos com muito carinho, Santo Inácio de Loyola, fundador dos padres jesuítas.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do 17º Domingo do Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão gravados no CD: Liturgia VI e CD: Cantos de Abertura e Comunhão; Cantos de Abertura e Comunhão – As mais Belas Parábolas e Ofício Divino das Comunidades.

1. Canto de abertura. Deus dá força e poder a seu povo (Salmo 68/67,6-7.36). “Acolhe os oprimidos em tua casa, ó Senhor”, CD: Liturgia VI, melodia da faixa 24; “Deus é a força de sua Igreja”, Hinário Litúrgico III da CNBB, página 384,392.

Somos Povo de Deus chamado por Cristo a investir a nossa vida no Reino do céu. Nesse sentido a Igreja oferece outra opção que nos introduz no mistério celebrado. “Ó Pai, somos nós o povo eleito”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 1.

2. Ato penitencial. Cantado.

3. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso e outros compositores.

O Hino de Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia.

4. Refrão para motivar a escuta da Palavra: “A vossa Palavra Senhor, é sinal de interesse por nós”.

5. Salmo responsorial 118/1119. A Lei de Deus como sabedoria. “Como eu amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra! Melodia igual a faixa 21, CD: Liturgia VI.

O Salmo responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura. Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura para a comunidade celebrante. Primeira leitura, Palavra proposta e salmo Palavra resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista.

6. Aclamação ao Evangelho. A revelação do mistério de Deus aos humildes. (Mt 11,25). “Aleluia... Eu te louvo, ó Pai Santo”, CD: Liturgia VI, melodia da faixa 20. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.

7. Apresentação dos dons. A escuta da Palavra e colocá-la em prática, deve gerar na assembléia a partilha para que ela possa ser sinal vivo do Reino. Devemos ser oferenda com nossas oferendas. “A mesa santa que preparamos”, CD; Liturgia VI, melodia da faixa 23.

8. Canto de comunhão. Gratidão pelos benefícios de Deus (Salmo 102/103,2) ou Bem-aventurança dos misericordiosos e puros de coração (Mateus 5,7-8). “Quando os tempos chegarem ao fim”, CD: Liturgia VI, melodia da faixa 22; “Todo fermento é pouco”, Hinário Litúrgico III da CNBB, página 375.

Reunidos para celebrar o Mistério de Cristo somos chamados a ser trigo, por isso bendigamos o Senhor. Nesse sentido a Igreja oferece duas opções importantes:  Efésios 1,3-10, “Bendito seja Deus, Pai do Senhor Jesus Cristo, por Cristo nos brindou todas as bênçãos do Espírito”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 17; Romanos 8,31-39, “Quem nos separará? Quem vai nos separar do amor de Cristo? Quem nos separará”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 21 ou CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa 19.

O canto de comunhão deve retomar o sentido do Evangelho de cada Domingo. Esta é a sua função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Isto significa que comungar o corpo e sangue de Cristo é compromisso com o Evangelho proclamado. Portanto, o mesmo Senhor que nos falou no Evangelho, nós o comungamos no pão e no vinho. É de se lamentar que muitas vezes são escolhidos cantos individualistas de acordo com a espiritualidade de certos movimentos, descaracterizando a missionariedade da liturgia. Toda liturgia é uma celebração da Igreja e não existem ritos para cada movimento e nem para cada pastoral. Cantos de adoração ao Santíssimo, cantos de cunho individualista ou cantos temáticos não expressam a densidade desse momento. Tipos de cantos que devem ser evitados numa celebração eclesial: “Eu amo você meu Jesus”; “Ti olhar, ti tocar”; “Fica comigo Jesus”, “Eu quero subir...”

8- O ESPAÇO CELEBRATIVO

1. Preparar bem o espaço celebrativo, de modo que seja acolhedor, aconchegante para que todos se sintam bem na presença de Deus.

2. O espaço da celebração deve recordar para nós a Jerusalém celeste. Portanto, o lugar da celebração deve ser preparado para as núpcias do Cordeiro. Deve ser belo, sem ser luxuoso; deve ser simples, sem ser desleixado; deve ser aconchegante para que todos se sintam participantes do banquete. A mesa da Eucaristia é o lugar de convergência de toda a ação litúrgica. Assim o altar não pode ser “escondido” por imensas toalhas, arranjos de flores e outros objetos. O altar é Cristo. É ele o ator principal da liturgia. “As flores, por exemplo, não são mais importantes que o altar, o Ambão e outros lugares simbólicos. Nem a toalha é mais importante que o altar. Os excessos desvalorizam os sinais principais. A sobriedade da decoração favorece a concentração no mistério celebrado” (Guia Litúrgico Pastoral, página 110).

3. O lugar onde celebramos a Eucaristia é Casa da Igreja e antes disso é Casa da Palavra, pois é esta que, sacramentalmente, forja a comunidade dos cristãos. De certo modo, a construção de pedra é imagem da construção viva, isto é, o povo de Deus, da qual fala Paulo em suas cartas, que a Igreja, Corpo de Cristo. Neste sentido, é lugar de interlocução, de diálogo a partir das escrituras que são interpretadas pelos ritos. Assim, toda a celebração litúrgica é Palavra de Deus dirigida ao povo reunido. Mas também é resposta deste povo aos apelos que lhe são expressos.

9. AÇÃO RITUAL

Celebramos a fé cristã que nos situa neste mundo como pessoas que, ao modo de Cristo, são capazes de fazer a escolha fundamental e de assumir as conseqüências de tal escolha. Esse caminho, cheio da sabedoria de Deus e do Reino, coloca-nos, inevitavelmente, diante da cruz. Mas também cremos que somente por este caminho chegamos à ressurreição.

Ritos Iniciais

1. O canto de abertura sugerido pelo Hinário III da CNBB, assumindo a antífona de entrada retirada do Salmo 67/68,6-7.36 articulado com os versos do Salmo 32/33, é uma ótima opção. É sempre importante recuperar a tradição de cantar os salmos nas celebrações, já que eles contam as maravilhas que Deus realiza por meio da história de seu povo.

2. A primeira realidade que afirma a presença da divindade é a assembléia reunida. Ela é o primeiro sinal da presença de Deus. A antiga saudação presidencial, preservada nos ritos iniciais, comunica este fato. A Instrução Geral ao Missal Romano nos diz: “pela saudação, expressa à comunidade reunida a presença do Senhor”. A dinâmica desta saudação é muito significativa: primeiramente saúda-se o Altar com o beijo, pois o Altar é Cristo. Em seguida, este beijo se abre em forma de saudação à assembléia, que também é Cristo. Por isso, mais do que nunca, urge abandonar os comentários, saudações convencionais (bom dia, olá irmãos e irmãs, etc,) sobretudo antes da saudação inicial. Bom dia e boa noite não é saudação litúrgica. Há uma pedagogia inerente aos gestos e palavras que inclui a ordem em que se apresentam.

3. Para solenizar este rito, sugerimos cantá-lo conforme melodia proposta no site www.calbh.com.br. Lembremo-nos, ainda, que o sinal da cruz consta apenas do seguinte texto. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Sem acréscimos, por mais bonitos que, subjetivamente, possam parecer.

4. A saudação presidencial, já predispondo a comunidade, pode ser a fórmula “c” do Missal Romano (2Ts 3,5). Depois disso é que se propõe o sentido litúrgico e não antes do canto de entrada.

O Senhor, que encaminha os nossos corações para o amor de Deus e a constância de Cristo, esteja convosco.

5. Em seguida, dar o sentido litúrgico da celebração. O Missal deixa claro que o sentido litúrgico da celebração pode ser feito pelo presidente, pelo diácono ou outro ministro devidamente preparado (Missal Romano página 390). Pode ser com estas palavras o sentido litúrgico da celebração ou outras semelhantes:

Domingo do tesouro escondido. Na celebração de hoje, somos instruídos como discípulos e discípulas do Reino do céu e tiramos do tesouro, a cada dia, coisas novas e velhas. Celebramos a Páscoa de Jesus Cristo que se manifesta em todas as pessoas e grupos que se deixam tomar pela centralidade do Reino.

6. A recordação da vida pode ser o espaço ideal para manifestar os fatos marcantes como aniversários, bodas, momentos de dor e de luto, missa de 7º e 30º dia, etc. A lembrança pelos falecidos pode ser feita na Oração Eucarística (memento dos mortos) e as demais necessidades manifestadas nas preces.

7. Quem preside convida os fiéis à penitência com a Fórmula 2 do Missal Romano, página 391:

No início desta celebração eucarística, peçamos a conversão do coração, fonte de reconciliação e comunhão com Deus e com os irmãos e irmãs.

Após um momento de silêncio, pode-se usar a opção 5 das Invocações alternativas para o Tempo Comum, Missal Romano, página 394:

Senhor, que sois a plenitude da verdade e da graça, tende piedade de nós.
Cristo, que vos tornastes pobre para nos enriquecer, tende piedade de nós.
Senhor, que vistes para fazer de nós o vosso povo santo, tende piedade de nós.

8. Cada Domingo é Páscoa Semanal, canta com exultação o Hino de louvor (glória).

9. A oração do dia nos mostra que sem Deus, ninguém é forte e santo; a nossa vida é orientada para a eternidade.

Rito da Palavra

1. Cada vez mais se tem abandonado o hábito de fazer “procissão com a Bíblia”, já que a importância e a dignidade do Evangeliário foram recuperadas. A procissão, portanto, é reservada para o livro dos Evangelhos. Procissão que pode ser solenizada com incenso, velas e dança litúrgica.

2. Há comunidades cristãs que, até hoje, fazem artisticamente seu Evangeliário. Semana após semana, alguém da comunidade com dotes artísticos copia o texto a ser proclamado, ornando-o ao estilo das iluminuras da antiguidade, de acordo com a narração da face de Cristo ou outro tema peculiar ao Evangelho. Está é uma forma muito admirável de envolver os artistas da comunidade e outros grupos. Por exemplo, porque não envolver as crianças da catequese (aquelas que sabem ler e escrever bem), para que copiem, a cada semana a página do Evangelho a ser proclamado na celebração. Neste caso, seria recomendado ensinar-lhes a arte da caligrafia e do desenho litúrgicos (ícones), caso venham a ornar o texto com tais figuras. A capa do Evangeliário  pode ser feita com duas tábuas, trazendo na capa um ícone da face de Cristo, lembrando que o Evangelho deve assumir a face humana – a nossa face...assim iremos nos tornando Cristo Jesus. A seguir um exemplo de Evangeliário em placas de prata, de Cláudio Pastro.

3. Destacar o Evangeliário. Depois da procissão de entrada deve permanecer sobre a Mesa do Altar até a procissão para a Mesa da Palavra como é costume no Rito Romano.

4. A homilia pode começar com um diálogo entre presidente e assembléia. O presidente provoca a comunidade a pensar qual foi a última vez que teve de tomar uma decisão difícil, e onde for possível, convidar uma ou duas pessoas a testemunharem brevemente sua experiência. A partir disso, ele desenvolve a homilia acima. Terminada a homilia, convide a assembléia para, em um momento de profundo silêncio orante, meditar e contemplar tudo o que Jesus nos ensinou no dia de hoje. Sobretudo quem preside, entre em silêncio profundo. O seu exemplo motiva e ajuda a assembléia a mergulhar no mistério do silêncio litúrgico. O silêncio é o momento em que o Espírito Santo torna fecunda a Palavra no coração da comunidade. Nem tudo cabe em palavras.

Rito da Eucaristia

1. Na oração sobre as oferendas suplicamos a Deus a santificação da vida presente e o encaminhamento da nossa vida futura.

2. É muito oportuno o prefácio dos Domingos do Tempo Comum VI, que narra Jesus Cristo como penhor da vida futura, isto é, da Páscoa eterna.

3. A oração eucarística IV, baseada na anáfora Alexandrina de São Basílio, século IV, narra o difícil caminho da Aliança, onde a humanidade é desafiada optar pela luz divina. Seria ocasião de rezar esta belíssima oração que, pronunciada pausadamente e com a devida unção por parte do presidente, conduzirá o povo celebrante a uma ação de graças e adoração agradáveis a Deus e frutuosa para a comunidade. Ela nos oferece um resumo da história da salvação. O presidente de

4. A comunhão expressa mais nitidamente o mistério da Eucaristia quando distribuída em “duas espécies”, como ordenou Jesus na última ceia, “tomai comei, tomai bebei”. Vale todo esforço e tentativa no sentido de se recuperar a comunhão no Corpo e Sangue do Senhor para todos, conforme autoriza e incentiva a Igreja. “A comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas espécies. Sob essa forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico no Reino do Pai” (IGMR, nº 240). Pelo menos aos Domingos, Páscoa semanal dos cristãos, é muito oportuno que a comunhão seja feita sob as duas espécies para toda a assembléia.

Ritos Finais

1. A oração depois da comunhão, nos convida a tomar consciência que a Eucaristia é o memorial permanente da Paixão de Nosso Senhor.

2. Na bênção em nome da Santíssima Trindade levem-se em conta as possibilidades que o Missal Romano oferece (bênçãos solenes, na oração sobre o povo). Ela expressa que a ação ritual se prolonga na vida cotidiana do povo em todas as suas dimensões, também políticas e sociais. É muito oportuno neste Domingo o número 12 das Orações sobre o Povo do Missal Romano, página 532.

3. As palavras do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: Anunciai a todos o Reino dos céus. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cristo é o Reino vivo de Deus que se tornou nosso Caminho, Verdade e Vida. Ser cristão é uma graça e um desafio: temos que vender tudo e depois investir tudo com alegria: nossas capacidades morais, psicológicas e espirituais, para que pouco a pouco vá tomando corpo entre nós, no nosso mundo, o Reino de Deus, Reino este que é de justiça e amor, de paz e bem, no qual todos têm um lugar.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
           
Pe. Benedito Mazeti

Bispado de São José do Rio Preto

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