sexta-feira, 26 de setembro de 2014

26º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A

28 de setembro de 2014

Leituras

         Ezequiel 18,25-28
         Salmo 24/25,4bc-5-9
         Filipenses 2,1-11ou 2,1-5
         Mateus 21,28-32


“FILHO, VAI TRABALHAR HOJE NA VINHA!”


1- PONTO DE PARTIDA

Domingo da fidelidade. A Páscoa semanal que hoje celebramos, neste “Domingo dos dois filhos, nos motiva a dar graças ao Pai, por Jesus, o Filho que “humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz.” Exaltado pelo Pai por isso, tornou-se fonte de vida e salvação para os que aceitam entrar em seu caminho.

É com alegria que nos reunimos a Páscoa de Jesus. Hoje, somos convidados a reconhecer que não é tanto o nosso falar, mas o nosso agir que efetivamente demonstra se estamos ou não cumprindo a vontade de Deus. As palavras podem enganar, mas as ações não.

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

Primeira leitura – Ezequiel 18,25-28. O texto de hoje do profeta Ezequiel foi dirigido ao povo no tempo do exílio. Era muito forte a concepção de salvação e perdição como responsabilidade coletiva. Havia até um ditado para criticar isso: “os pais comem uvas verdes e são os dentes dos filhos que ficam embotados” (Ezequiel 18,2). Ezequiel esclarece que a salvação de um indivíduo não depende de seus antepassados, nem dos seus parentes. O que importa é a disposição atual do coração. Este capítulo é um dos mais importantes da obra de Ezequiel.

O capítulo 18 de Ezequiel é, sem dúvida, um dos melhores textos do Primeiro Testamento para se falar da justiça divina, problema eternamente questionado pelo povo, da misericórdia de Deus e da responsabilidade humana, mensagem com que responde o profeta.

O profeta deixa claro que Deus age certo, dando chances para a conversão e castigando a confiança temerária. Vivia em Israel a idéia de que o pecado devia marcar para sempre o pecador e até sua descendência (Ezequiel 18,2). Como porta-voz de Deus, Ezequiel rejeita esta idéia: Deus não castiga os pais nos filhos, mas castiga o justo que deixa seu caminho e acolhe o pecador que se converte. Deus julga a pessoa humana conforme o que ele é e não conforme o que talvez ele tenha sido (Ezequiel 18,21-29). Cada um é punido pelos seus próprios pecados; a única saída para a vida é a renúncia à injustiça (versículo 28), o caminho da conversão (versículo 30). Não é Deus quem condena. Ele quer unicamente a vida. É o homem livre que tem em suas mãos a terrível faculdade de assinar a sua própria sentença de condenação. Pode dizer “sim” ou “não” a Deus (cf. Mateus 21,28-32) Mas ao pecador resta sempre a esperança da misericórdia divina, desde que se converta. De agora em diante a Aliança divina se fará com todos os que se converterem (Ezequiel 20,37s), em busca de um coração e um espírito novos (Ezequiel 18,31; 11,19), dons, em última análise, da misericórdia de Deus (Ezequiel 36,25-28). Isso é uma exortação para todos: vale a pena converter-se (Ezequiel 18,3-32) cf. Ezequiel 33,11-13; Oséias 11,9; Mateus 4,17.

Salmo responsorial – 24/25,4bc-5-9. O Salmo 24/25 é uma mistura de súplica individual com temas dos salmos sapienciais (veja Salmo 1). Mas predomina a súplica. Uma pessoa – na terceira idade – pede duas coisas a Deus: o perdão dos desvios (pecados) de sua juventude (versículo 7).

O caráter deste salmo convida à reflexão tranqüila, mais do que a recitação rítmica e comunitária. Tomando o tema do caminho e do pecado, é possível saltar das formas claras do salmo ao grande tema de Cristo “Caminho”  e Cordeiro que “tira o pecado”. Isto é prolongar em nova chave a reflexão feita pelo autor original. Os Atos dos Apóstolos chamam várias vezes o Cristianismo de “o caminho” (Atos 18,25-26; 22,4; 24,14). Nos evangelhos fala-se dos dois caminhos (Mateus 7,13-14). Cristo ensina o caminho do Senhor (Lucas 20,21).

No trecho da liturgia de hoje, quem ora se dirige ao Senhor como a um mestre, pedindo que ensine, guie por caminhos, veredas, verdade, pois Ele é o Salvador, é a bondade, a retidão. O Messias, Jesus é o Caminho. Ele ensina os caminhos de Deus que são verdade, amor, fidelidade à Aliança.

O rosto de Deus no salmo. O rosto de Deus que surge neste salmo é de Aliado dos pobres e pecadores. O salmo tem muitas palavras que recordam a Aliança: caminho (versículos 8-9), direito (versículo 9), amor e verdade, aliança e preceitos. O Deus deste salmo é, mais uma vez, o aliado do pobre explorado e oprimido.

No Novo Testamento Jesus proclamou felizes os mansos (os oprimidos) porque possuirão a terra (Mateus 5,5), perdoou pecados (Lucas 7,36-50; João 8,1-11) e advertiu os gananciosos que acumularam bens (Lucas 12,15).

Sentimos que esta voz de Deus é também dirigida a nós, que vivemos muitas vezes a sensação de abandono e insegurança. Sendo assim, gritamos para Deus, com o Salmo 24/25: “Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação”.

Peçamos que o Senhor sempre se recorde de nós e nos conduza em seus caminhos. Que Ele nos dê a sabedoria para aprendermos, da nossa experiência e da experiência dos outros, a justiça:

RECORDAI, SENHOR MEU DEUS, VOSSA TERNURA E COMPAIXÃO!

Segunda leitura – Filipenses 2,1-11ou 2,1-5. Este trecho mostra que Paulo estando na prisão, escreve à comunidade dos Filipenses para animá-los na fé do Evangelho. Paulo convida-os a superarem as divisões e a viverem na alegria.

Imitar o despojamento de Cristo. Viver conforme o Evangelho de Cristo (Filipenses 1,27; cf. Domingo passado), significa: ter a mentalidade de Cristo (Filipenses 2,5), dar maior importância a seu irmão do que a si mesmo (Filipenses 2,3). Cristo mesmo serve de exemplo disso. Paulo cita neste sentido, um hino a Cristo, Servo até a morte, esvaziando-se por nós (cf. o Servo Padecente de Isaias 53): Filipenses 2,6-11. Este Servo é aclamado com o título divino de “o Senhor” (tradução do nome de Javé para os judeu-helenistas).

É importante saber que Filipos, onde Paulo esteve durante sua segunda viagem missionária (por volta do ano 50; cf. Atos 16,11-40), é uma das comunidades preferidas do Apóstolo. Suas relações foram sempre cordiais e afetuosas, e os Filipenses lhe testemunharam grande solicitude quando esteve na prisão (Filipenses 1,7,13-14,20; cf. 2,25; 4,18).

O hino a Cristo Servo é em si introduzido por um prefácio de exortação à unidade (versículos 1-4). Paulo sabe como facilmente nascem as discórdias, exorta então a comunidade a superar as divergências. Essa exortação, porém, não contradiz a alegria presente na carta; de fato, a perfeita e pura alegria está na caridade, na união dos corações e na identidade de crença e aspirações. Paulo dirige aos Filipenses um apelo à “unidade” que se deve alcançar e manter na “humildade”(versículos 1-4). A humildade é a causa da existência de uma comunidade unânime e positiva, onde cada um pensa nos outros e há disponibilidade ao serviço.

O hino, talvez batismal, tem em si dois movimentos:

1)      A humilhação: versículos 6-8.
Jesus, embora tendo a forma de Deus, isto é, os atributos essenciais que constituem a natureza de Deus, encarnou-se assumindo o homem todo, exceto o pecado. Foi uma humilhação livre, fez-se solidário com todas as pessoas. Como Deus, poderia ter reivindicado a glória divina no seu viver humano, mas despojou-se desta glória a que tinha direito e não da sua natureza. Colocou-se na posição de servo, pondo-se a serviço das pessoas. (Mateus 23,11) até o ponto de dar a própria vida, por uma morte na cruz, escândalo e loucura para pagãos e judeus (1Coríntios 1,18).

2)      A exaltação: versículos 9-11.
Atingido o ponto mais alto da humildade, começa o movimento contrário, Deus exalta o Cristo. Dá a Ele um nome, não um nome qualquer, mas o de “Senhor”, nome próprio de Deus no Primeiro Testamento. Pela Ressurreição e Ascensão, Ele recebe a glória, própria de Deus, que deixara de lado para assemelhar-se às pessoas e manifesta-se como superior aos anjos e diante Dele todo o universo se curva em adoração. A glória devida a Deus é dada ao Cristo que, exercendo sua autoridade de Senhor, honra o Pai. Onde o mundo reconhecer e confessar Jesus como Senhor, é dada toda glória possível a Deus. Por Cristo, Deus será tudo em todos (1Coríntios 15,28).
           
Evangelho – Mateus 21,28-32. Depois da solene Entrada triunfal em Jerusalém (Mateus 21,1-11) Jesus não tenta mais convencer e converter os Seus adversários, mas explica a eles por que são rejeitados.

Todo o acento da parábola está centrado no segundo filho, que disse “sim” e não foi capaz de cumprir o que prometeu. O “não” do primeiro filho serve para reforçar a gravidade da atitude do segundo.

O primeiro contraste constata-se na maneira como nos dois respondem ao pedido do pai. O primeiro peca por falta de educação, negando-se à obediência com um “não” categórico, que não admite conversa. O segundo responde com um “sim, senhor” muito respeitoso e mostra assim muita educação. Contraste nas atitudes: o primeiro, apesar de sua recusa inicial, vai assim mesmo à vinha para trabalhar; o segundo, apesar de seu consentimento verbal, não foi.

Segue-se logo a pergunta: “Qual deles fez o que o pai queria?”. Sem hesitarem, os ouvintes responderam logo: “O primeiro”, isto é, aquele que falou que não iria, mas de fato foi e fez o que o pai pediu para fazer.

A contradição entre “palavra e ação” é, portanto, eliminada em favor da ação. Esta primazia da ação sobre a palavra é herança do Primeiro Testamento, isto é, o que prevalecia era a ação. Na Bíblia a pessoa vale pelo que faz e não pelo que fala. Nem todas as culturas parecem concordar com esta primazia da ação. Talvez também a nossa cultura se impressiona mais com a falta de educação do filho que tem a omissão de dirigir um “não” deseducado na cara do pai, do que com a omissão de um trabalho que com muita educação se aceitou fazer.

Por este relato Cristo quer convencer todos aqueles que se escandalizam com sua predileção pelos pecadores de que estes estão mais perto da salvação, se fizerem penitência, do que os bem-pensantes que se acham justos. (cf. Mateus 9,10-13). Os pecadores se opuseram à vontade de Deus, mas se arrependeram como o filho pródigo, ao passo que os devotos se declararam ao serviço de Deus, mas sem aderir realmente ao seu desígnio de amor pelas pessoas!

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

Somos daqueles que pensam que basta dizer: “Senhor, Senhor” para entrar no reino de Deus? Daqueles que se acomodam a formalidades, a títulos religiosos e não se esforçam na prática da justiça? Seguir Jesus repercute em nossa prática, é ela que decide o destino diante de Deus. O fazer comprova ou desmente o dizer. A pergunta de Jesus exige discernimento: qual fez a vontade do Pai?

Hoje ouvimos uma das frases mais duras de Jesus: “Os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus”. Aqueles que pretendem ser perfeitos, bons observadores da lei serão antecipados no Reino por aqueles que eles julgam e condenam como os maiores violadores das leis, pecadores públicos. A lei que Jesus exige é colocar em prática a vontade do Pai que ama toda pessoa e, em especial, os mais necessitados e desprezados.

Jesus nos ensina a reconhecer a justiça das pessoas que não tem boa fama, mas praticam a justiça. Ensina-nos a denunciar, para o bem delas e de todos que sofrem sua influência, as que tem boa fama, os considerados santos, mas não praticam a justiça, conforme o projeto do Pai. Jesus é o Filho que diz “sim” e faz o que o Pai decidiu. Todas as pessoas que acolhem e seguem concretamente Jesus cumprem a vontade do Pai. Será que temos ficado apenas nas palavras?

Ezequiel nos fala em praticar o direito e a justiça, nos convertermos constantemente. Essa atitude julga nossa vida. Julgar que somos “justos” é uma cegueira pessoal que faz semear dúvidas sobre a conduta e as crenças de quem é diferente de nós. Para fazermos a vontade do Pai, a Carta aos Filipenses nos mostra o caminho assumido por Jesus: “Esvaziou-se a si mesmo assumindo a condição de servo”. Jesus deixou de lado todo privilégio. O fato de sermos cristãos, de exercermos um ministério na Igreja, não deve ser motivo de elogios, de prepotência, de nos sentirmos mais e melhores que outras pessoas. É motivo sim de solidariedade, de espírito de comunhão e serviço; de um permanente processo de encarnação no mundo dos excluídos.

O hino litúrgico da Carta aos Filipenses nos lembra que o esvaziar-se de qualquer orgulho é o caminho de quem deseja seguir Jesus até as últimas conseqüências.

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

Em nossos dias existe uma forte tendência a responder “sim” a Deus de forma individualista. O que importa mesmo é a minha vida pessoal, minha oração, meu louvor, minha própria interpretação da Palavra, minha emoção durante o show da fé, os espetáculos “de Cristo”, com cantos bem sentimentais, letras individualistas, lágrimas, palmas, gestos histriônicos, gritos: “milagre!”. Lembremos Paulo: “com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante, e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro” (2,3-4). E também a Lumen Gentium: “Aprouve a Deus santificar e salvar os homens não singularmente, sem conexão uns com os outros, mas constituí-los num povo, que O conhecesse na verdade e santamente O servisse”.

Na Missa, revivemos a Páscoa de Cristo, sua morte e ressurreição. Jesus veio para todos e não para alguns, aparentemente melhores que outros. Ele se aproxima de nós e chama pra trabalhar na sua vinha. A salvação é oferecida a todos, sem barreiras e sem discriminação. A nossa resposta como povo de Deus deve ser um sim autentico e acompanhado da ação.

5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

A Palavra de Deus que hoje nos faz mergulhar em nossa fragilidade humana nos leva também a experimentar a bondade sempre fiel do Senhor que nos propõe mudança de vida e acredita em nossa conversão. Ele, porém, não se contenta em que apenas o invoquemos, repetidamente: “Senhor, Senhor!”

Mais do que palavras, preces, aclamações e cânticos, liturgia é ação. Eucaristia é ação de graças, é entrega de nossa vida ao Pai, com Cristo, o Filho fiel que provou sua obediência na cruz. Com ele passamos da morte para a vida, seu Espírito é derramado sobre nós, infundindo-nos o mesmo sentimento e a prontidão para doarmos com ele a vida, para que os outros vivam.

Essa ação deve ser testemunhada no cotidiano de nossas lidas e lutas pela realização da vontade do Pai, o Reino de justiça, amor e paz a ser estabelecido, o quanto antes, entre nós. A Palavra e a confissão dos lábios tornam-se ação e gesto das mãos, com o testemunho, “cuidando cada um não só do que é seu, mas também do que é dos outros” (cf. segunda leitura).

“A missão não é tarefa opcional, mas parte integrante da identidade cristã” (Documento de Aparecida, n. 144). Consiste em compartilhar a experiência do encontro com Cristo, testemunhá-lo e anunciá-lo, tornando “visível o amor misericordioso do Pai, especialmente para com os pobres e pecadores” (Documento de Aparecida, nn. 145.147).

6. ORIENTAÇÕES GERAIS

1. Falando da importância da preparação, recordamos que para a participação de toda a assembléia ser “plena, consciente e ativa” (Sacrosanctum Concilium, n.14) é conveniente que a preparação desenvolva-se com os seguintes passos: 1º: pedir as luzes do Espírito Santo; 2º: avaliar a celebração anterior; 3º: aprofundar e conversar sobre o que se vai celebrar; 4º: ler e aprofundar as leituras bíblicas e as orações; 5º: exercitar a criatividade; 6º: escolher os cantos relacionados com o mistério celebrado; 7º: elaborar o roteiro; 8º: distribuir os vários ministérios e serviços.

2. Cuidar que todos os textos bíblicos, inclusive o canto do salmo responsorial, sejam bem preparados e proclamados como proposta de Aliança que Deus faz, “acontecimento de salvação” para a comunidade reunida.

3. O repertório litúrgico para este domingo está no CD: Liturgia VII E CD: Cantos de Abertura e Comunhão gravados pela Paulus.

4. 29, lembramos a festa dos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael. Dia 30, lembramos a memória de São Jerônimo. Dia 01/10 lembramos a memória de Santa Terezinha do Menino Jesus, padroeira das missões. Dia 04, lembramos a memória de São Francisco de Assis, irmão dos pobres.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do 26º Domingo do Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado.

A equipe de canto faz parte da assembléia. Não deve ser um grupo que se coloca à frente da assembléia, como se estivesse apresentando um show. A ação litúrgica se dirige ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Portanto, a equipe de canto deve se colocar entre o presbitério e a assembléia e estar voltada para o altar, para a presidência e para a Mesa da Palavra.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão gravados no CD: Liturgia VII e CD: Cantos de Abertura e Comunhão e Ofício Divino das Comunidades.

1. Canto de abertura. “Tu agiste bem conosco, Senhor” (Daniel 3,31.29.30.43.42): Deus nos trata conforme sua misericórdia e estrofes do Salmo 124/125. “Quem confia no Senhor a sua vida não será abalada. Música e letra igual a faixa 9, CD Liturgia VII. Como povo eleito, somos chamados a trabalhar na vinha do Senhor. Outras duas ótimas opções são: “Ó Pai, somos nós o povo eleito”, CD: Liturgia Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 1; “Nós somos muitos, mas formamos um só corpo”. CD: Cantos de Abertura e Comunhão”, melodia da faixa 6.

2. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso e outros compositores.

O Hino de Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia.

3. Refrão para motivar a escuta da Palavra: “Senhor, que a tua Palavra, transforme a nossa vida/ Queremos caminhar com retidão na tua luz”.

4. Salmo responsorial 24/25. O Senhor é sempre bom e justo.  “Recordai, Senhor, meu Deus, vossa ternura e compaixão!”. Música igual a faixa  5- CD: Liturgia VII.

O Salmo responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura. Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura para a comunidade celebrante. Primeira leitura, Palavra proposta e salmo Palavra resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista.

5. Aclamação ao Evangelho. Ouvir e seguir o Pastor (João 10,27). “Aleluia... Minhas ovelhas escutam minha voz”, música igual a faixa 7, CD Liturgia VII. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.

6. Apresentação dos dons. A escuta da Palavra e colocá-la em prática, deve gerar na assembléia a partilha para que ela possa ser sinal vivo do Senhor. Devemos ser oferenda com nossas oferendas. Quando temos compaixão dos necessitados, o nosso coração nos chama a partilhar. “Quem nos separará, quem vai nos separar...” DE, festas litúrgicas II, faixa 21; “As mesmas mãos que plantaram as sementes aqui estão”, melodia da faixa nº 4, CD Liturgia VII ou “Ó Deus, recebe o trigo, moído”, melodia da faixa nº 8, CD Liturgia XII.

7. O canto do Santo. Um lembrete importante: para o canto do Santo, se for o caso, sempre anunciá-lo antes do diálogo inicial da Oração Eucarística. Nunca quando o presidente da celebração termina o Prefácio convidando a cantar. Se o (a) comentarista comunica neste momento o número do canto no livro, quebra todo o ritmo e a beleza da ligação imediata do Prefácio como o canto do Santo.

8. Canto de comunhão. “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus...”, Mateus 7,21. Somos felizes quando nosso “sim” é acompanhado de ações concretas com amor. “Não basta chamar: Senhor, Senhor pra entrar na Igreja do amor!”, CD: Liturgia VII, melodia da faixa 8.

A Igreja oferece também mais dois cantos que também fazem eco ao Evangelho: “Ó Pai, somos nós esta vinha”, CD: Liturgia VII, melodia da faixa 13, ou “Eis meu povo o banquete”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão da CNBB, melodia da faixa 18.

9. Desafio para os instrumentistas. É transformar as ondas sonoras do violão, do teclado e dos outros instrumentos na voz de Deus, isto é, em sintonia com o coração de Deus. Muitas vezes os instrumentistas acham que para agradar a Deus e o povo é preciso barulho e agitação. É preciso uma conscientização maior dos instrumentistas de que Deus não gosta do barulho. Assim fala o Senhor: “Afasta de mim o barulho de teus cantos, eu não posso ouvir o som de tuas harpas” (Amós 5,23). Deus gosta da brisa leve, da serenidade, da mansidão, do silêncio... Veja o exemplo da experiência que o profeta Elias fez de Deus na brisa suave e não na agitação do furacão, nem do terremoto e nem do fogo (1Reis 19,11-13). É preciso muito cuidado com os instrumentos de percussão. As equipes de canto e as bandas barulhentas, não expressam aquilo que Deus é, mas aquilo que os músicos são. “O barulho não faz bem, o bem não faz barulho” (São José Marello). Nossos cantos devem agradar ao Senhor e não descontentá-Lo, “Hoje seja-lhe agradável o meu canto!” (Salmo 102/103,34). O convite aos cantores e instrumentistas é para homenagear o Senhor e cantar de coração de forma suave: “Instalou diante do altar tocadores de harpa, a fim de tornar doce a melodia de seus cânticos” (Eclesiástico 47,9 se for o texto grego é o versículo 11).

8- O ESPAÇO CELEBRATIVO

1. O espaço da celebração deve recordar para nós a Jerusalém celeste. Portanto, o lugar da celebração deve ser preparado para as núpcias do Cordeiro. Deve ser belo, sem ser luxuoso; deve ser simples, sem ser desleixado; deve ser aconchegante para que todos se sintam participantes do banquete. A mesa da Eucaristia é o lugar de convergência de toda a ação litúrgica. Assim o Altar não pode ser “escondido” por imensas toalhas, arranjos de flores e outros objetos. O Altar é Cristo. É ele o ator principal da liturgia. “As flores, por exemplo, não são mais importantes que o Altar, o Ambão e outros lugares simbólicos. Nem a toalha é mais importante que o Altar. Os excessos desvalorizam os sinais principais. A sobriedade da decoração favorece a concentração no mistério celebrado” (Guia Litúrgico Pastoral, página 110).
2. Destacar neste Domingo a mesa da Palavra, preparando o ambiente com flores e velas acesas na hora da proclamação das leituras – lembrando o dia da Bíblia. A proclamação da Palavra na ação litúrgica desperta e alimenta o desejo de muitos cristãos conhecerem a Boa Nova do Pai.

3. O lugar onde celebramos a Eucaristia é Casa da Igreja e antes disso é Casa da Palavra, pois é esta que, sacramentalmente, forja a comunidade dos cristãos. De certo modo, a construção de pedra é imagem da construção viva, isto é, o povo de Deus, da qual fala Paulo em suas cartas, que a Igreja, Corpo de Cristo. Neste sentido, é lugar de interlocução, de diálogo a partir das escrituras que são interpretadas pelos ritos. Assim, toda a celebração litúrgica é Palavra de Deus dirigida ao povo reunido. Mas também é resposta deste povo aos apelos que lhe são expressos.

9. AÇÃO RITUAL

Participar da celebração eucarística é atender ao chamado do Pai. É dizer-lhe “sim, eu vou” e, efetivamente, colocar-se à disposição e a serviço.

Ritos Iniciais

1. Dar atenção aos ritos iniciais, cujo sentido é congregar os irmãos, constituindo com Cristo seu corpo vivo e ressuscitado. A acolhida bem fraterna a quem chega e o rito de incensação da assembléia, neste domingo, podem evidenciar a reunião de irmãos como presença do Ressuscitado.

2. É importante que não se diga nenhuma palavra antes da saudação: nem “Bom dia ou “Boa noite”, nem comentários ou introduções! Bom dia e boa noite não é saudação. Primeiro devemos saudar a Trindade.

3. A celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a assembléia no Mistério celebrado.

4. A saudação presidencial, já predispondo a comunidade, pode ser a fórmula “d” do Missal Romano (Romanos 15,13). Depois disso é que se propõe o sentido litúrgico e não antes do canto de entrada.

O Deus da esperança, que nos cumula de toda alegria e paz em nossa fé, pela ação do Espírito Santo, esteja convosco.

5. Já é costume em algumas comunidades, transpor pra dentro da celebração o que seria antigamente o “comentário inicial”. Faz-se (corretamente!) uma monição do tipo “introdutória” e até mesmo “exortiva” (cf. Liturgia do Domingo de Ramos), motivando os fiéis para que bem celebrem o Mistério Pascal de Jesus, segundo o enfoque da liturgia naquele dia. Não pode “antecipar” o que virá depois na Liturgia da Palavra, à moda de pré-homilia. São brevíssimas palavras que servem de iniciação da assembléia, segundo o Missal Romano. Cesare Giraudo recorda que é uma espécie de desdobramento da saudação inicial, que é de tipo sacral. Neste sentido, esta introdução com o sentido litúrgico feito pelo presidente da celebração ou por outro ministro, é muito mais pastoral se oportuna. Não é obrigatória, e pode ser empregada na própria exortação ao Rito Penitencial como dobradiça entre a saudação e o Ato Penitencial, sobretudo quando o canto de entrada já cumpriu com sua função de constituir a assembléia no seio do mistério celebrado. Quem anima ou quem preside introduz a assembléia com palavras semelhantes a estas:

Domingo da fidelidade. “Irmãos e irmãs, a celebração eucarística ‘nos consola na vida em Cristo’. Sabedores de nossas fraquezas perante o Evangelho – norma de nossa vida – podemos experimentar aqui a densidade da misericórdia e justiça divinas que nos convertem o viver. De pessoas meramente religiosas, somos transformados em ‘gente de fé’, segundo o coração de Deus. Nutrindo o desejo de nos vermos mais próximos dele, participemos com vigor desta Liturgia!”

6. Após o sinal da cruz, a saudação presidencial e o sentido da celebração, fazer a recordação da vida trazendo os fatos que são as manifestações da Páscoa do Senhor na vida. A equipe pode criativamente ajudar a comunidade a recordar acontecimentos e pessoas em que se reconhece hoje a passagem libertadora de Deus.

7. Segue-se com o convite ao Ato Penitencial, que pode ser realizado com a segunda fórmula: “Tende compaixão de nós, Senhor”. Uma melodia adequada se encontra no CD “Cantar a Liturgia” (Paulus). Para manifestar a humildade perante o Mistério da Cruz e Ressurreição do Senhor, a assembléia pode se ajoelhar, enquanto o Rito for executado.

8. Uma vez que se tenha feito o Ato Penitencial com este formulário, o presidente da celebração pode recordá-lo na homilia, explicitando seu sentido litúrgico: “experimentar aqui a densidade da misericórdia e justiça divinas que nos convertem o viver”.

9. Cada Domingo do Tempo Comum é Páscoa semanal. Cantar de maneira festiva o Hino de louvor (glória).

10. A oração do dia pede que Deus derrame sempre em nós a graça para alcançarmos os bens eternos.

Rito da Palavra

1. Cada vez mais, cai em desuso os chamados “comentários” antes das leituras.. São, inclusive, dispensáveis, sendo preferível o silêncio ou um refrão meditativo que provoque na assembléia aquela atitude vigilante para a escuta e conseqüentemente acolhida da Palavra de Deus.  Para abrir a Liturgia da Palavra, seria oportuno um breve refrão meditativo. Sugerimos este refrão: “Senhor que a tua Palavra, transforme a nossa vida, queremos caminhar com retidão na tua luz”.

2. Cantar com particular solenidade o Salmo responsorial que enaltece a misericórdia de Deus.

3. Destacar o Evangeliário. Depois da procissão de entrada deve permanecer sobre a Mesa do Altar até a procissão para a Mesa da Palavra como é costume no Rito Romano.
4. A homilia pode ser concluída com refrão meditativo ou canto que bem sintetize a relação entre fé e vida. Duas sugestões: “Onde reina o amor” (Taizé, Paulinas); “Que estou fazendo, se sou cristão” (CD CF-2010/Ecumênica). Um ministro toma nas mãos o Evangeliário, permanecendo em um lugar de boa visibilidade perante a assembléia, enquanto durar o canto. Pode-se queimar incenso diante do Livro. Em seguida, o presidente convida a assembléia para que, de pé, estenda a mão para o Evangeliário e professe sua fé. Ainda voltados para o Evangeliário, respondem às intenções da Oração da Assembléia: “Senhor, vós que acolheis os pecadores, escutai nossa voz.”

Rito da Eucaristia

1. O pão e vinho são sinais trazidos do seio do mundo, para que sejam “fecundados” pela graça de Deus e se tornem morada do Mistério e todos que deles participarem possam ser beneficiados pela presença de Deus. Assim, pão e vinho consagrados se tornam imagem do mundo e da humanidade redimida, imagem da própria Igreja – Corpo de Cristo, como entendia Santo Agostinho.

2. Aqui se nota a importância de se manter sempre vivo o costume da procissão dos dons feita por membros da comunidade de fé. Embora já não se traga o pão para a celebração, das casas, como em outras épocas, é salutar que não se perca o sentido de apresentar o mundo e a humanidade nos sinais do pão e vinho, frutos do suor e trabalho humanos a ser submetidos ao trabalho divino (= consagrar/ santificar/ eucaristizar). Cantar a glória do Reino teu por toda a terra.

3. A oração sobre as oferendas, pede a Deus que a oferenda do povo levada ao Altar, possa abrir para nós a fonte de toda bênção.

4. Proclamar o Prefácio dos Domingos do Tempo Comum VII que tem como título e enaltece “A salvação pela obediência de Cristo”. Recorde-se que em caso de prefácio móvel, somente as orações eucarísticas I, II e III devem ser escolhidas. A segunda admite troca de Prefácio.

5. Proclamar com vibração a ação de graças (Oração Eucarística). Na Oração Eucarística, “compete a quem preside, pelo seu tom de voz, pela atitude orante, pelos gestos, pelo semblante e pela autenticidade, elevar ao Pai o louvor e a oferenda pascal de todo o povo sacerdotal, por Cristo, no Espírito”.

6. O amém final deve ser cantado ou proclamado com exultação, é a assinatura do povo à prece eucarística que o ministro ordenado, em nome da Igreja inteira, elevou a Deus por Cristo, com Cristo, em Cristo, na unidade do Espírito Santo.

7. Valorizar o rito da fração do pão, “gesto realizado por Cristo na última ceia, que no tempo apostólico deu o nome a toda a ação eucarística, significa que muitos fiéis pela Comunhão no único pão da vida, que é o Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo, formam um só corpo (1Coríntios 10,17” (IGMR, nº 83).

8. Um bom canto para acompanhar a distribuição da comunhão seria “Eis meu povo o banquete” (CD: Cantos de Abertura e Comunhão da CNBB – Paulus). Embora faça eco a um texto evangélico de outro domingo, há grande sintonia com o Mistério celebrado. Outra opção seria a própria Antífona de Comunhão: “Nisto conhecemos o amor de Deus: Jesus deu sua vida por nós; por isso também devemos dar a nossa vida pelos irmãos” com um Salmo apropriado.

9. Distribuir a comunhão de maneira orante e sob as duas espécies, pois como diz a Instrução Geral do Missal Romano (IGMR): “A comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas espécies. Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal dom banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico do Reino do Pai” (n. 240). Assim estamos sendo coerentes e sensíveis com aquilo que o Senhor disse no momento da narrativa da Ceia: Ele não disse somente “tomai, todos e comei”, mas também “tomai todos e bebei...”.

Ritos Finais

1. Na oração depois da comunhão pedimos a Deus que a Eucaristia, plena participação no Mistério de Cristo, renove a nossa vida.

2. Neste mês dedicado à Bíblia, fazer a bênção final com o Evangeliário ou o Lecionário Dominical e as palavras da bênção bíblica (cf. Nm 6,24-26), indicada pelo Missal Romano para o Tempo Comum, página 525.

3. As palavras do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: Dizei sim ao chamado do Senhor. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

4. É comum além, de entrar em procissão no início da celebração guiados pela cruz, também retirar-se do espaço sagrado em procissão, igualmente guiados pela cruz.

10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A parábola dos dois filhos desiguais ainda é de grande atualidade. Somos todos filhos do Pai que nos convida para trabalhar na Sua vinha, como convidou outrora todos de seu povo: pobres e ricos, pecadores e justos, ladrões e mulheres da vida, sacerdotes, escribas e fariseus. Todos eram e todos somos filhos do mesmo Pai. Qual será a nossa resposta ao Seu convite, à Sua ordem?

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
           
Pe. Benedito Mazeti


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