sexta-feira, 19 de setembro de 2014

25º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A

21 de setembro de 2014

Leituras

         Isaias 55,6-9
         Salmo 144/145,2-3.8-9.17-18
         Filipenses 1,20c-24.27a
         Mateus 20,1-16a


“OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS, E OS PRIMEIROS SERÃO OS ÚLTIMOS”


1- PONTO DE PARTIDA

Domingo do patrão justo. Neste Domingo, o Pai, o mais justo e bom “patrão”, nos chama a viver o sentido profundo de sua Aliança conosco. Essa Aliança é dom gratuito de seu amor, selada em Jesus Cristo, por sua morte e ressurreição.

Esse mistério manifesta-se em tantas pessoas  que hoje superam dificuldades, ultrapassam barreiras na convivência, procuram se abrir fraternalmente a todos, com atenção carinhosa aos mais fracos.

. Dia 22, inicia a primavera. Toda a natureza irrompe exuberante, sinalizando a força da vida gerada no período sombrio, mas fecundo, do inverno.

Antífona de entrada: “Eu sou a salvação do poço, diz o Senhor. Se clama por mim em qualquer provação, eu o ouvirei e serei seu Deus para sempre”.

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

Primeira leitura – Isaias 55,6-9. Dirigindo-se aos exilados que se encontram acomodados com o bem estar que conseguiram na terra da Babilônia, o profeta Isaias os adverte contra essa ilusão. Deus mesmo se dirige na “primeira pessoa” do singular aos exilados na Babilônia. Eles chegaram a um certo bem estar, que os prendiam a esta nova terra pagã.

Ao longo de toda a sua obra, o Segundo Isaias cantou a transcendência do Deus da história, do Deus que intervém, do Deus próximo (versículo 6). Um dos sinais da transcendência de Deus, destacado por Isaias, é o de que seus pensamentos e seus caminhos não são os nossos.

Eis o tempo da conversão. Isaias 55 é colocado como conclusão do “Livro da Consolação” (Isaias 40-55, o Segundo Isaias); é uma exortação aos judeus exilados para não procurar sua consolação junto aos deuses da Babilônia, mas junto do Único Deus verdadeiro, fonte de toda a sabedoria e vida. Com palavras que lembram Ezequiel 18,21-23, o profeta insiste que nem mesmo o pecado é um empecilho para participar desta fonte de vida: pelo contrário, o convite é a ocasião para converter-se, voltar para Deus e sua justiça, vivida na Lei judaica.

O profeta pronunciou palavras tão magníficas que chegam a ser incríveis. O Senhor tem um modo de planejar e agir diferente do nosso. A perspectiva da humanidade está rente ao chão, mas o plano e o pensamento de Deus vão muito alem. Os nossos caminhos não são os caminhos de Deus... O caminho de Deus é cheio de ternura e Ele é pródigo em perdoar. “Venha meu Senhor conosco, ainda que sejamos um povo teimoso; perdoa nossas culpas e pecados, e toma-nos como tua herança” (Êxodo 34,9).
Deus tem uma lógica diferente da nossa, não pensa como nós. A lógica de Deus é a lógica do amor que sempre acha um jeito de nos dar mais que merecemos. Entre a proximidade e a distancia de Deus, medeia sua Palavra encarnada em Jesus de Nazaré, o esperado Messias.

Salmo responsorial – Salmo 144/145,2-3.8-9.17-18. É um hino de louvor, abrindo o grande louvor final do livro. É um hino de louvor de uma pessoa que convida outras a fazer o mesmo. O contexto é público e o motivo do louvor são as obras de Deus na história do povo. De fato, daqui até o fim, todos os salmos são desse tipo.

O convite começa na primeira pessoa do singular. Domina o tema do Reino de Deus. O tema comum é a misericórdia de Deus. O Salmo 144/145, diante da beleza da criação, que é reflexo da magnitude e perfeição do Criador, bendiz o nome do Senhor. Afirma que o Senhor é misericórdia, piedade, amor, paciência e compaixão. O Senhor ama a todos e é bom para com todos: sua ternura abraça toda a criatura. Vale a pena retomar as afirmações do Salmo a respeito de Deus, pois resumem e expressam muito bem o que a liturgia toda proclama.

O rosto de Deus no Salmo 144/145. Os títulos dados a Deus sintetizam o rosto de Deus neste Salmo: grande, piedoso, bom, fiel, amoroso e justo. “Sua ternura abraça toda a criatura” (versículo 9). Um Deus aliado que faz justiça, defendendo os oprimidos da ganância dos injustos. Aparece também como Criador e doador de vida para todos. Um Deus que se interessa pelas pessoas e se aproxima com o seu rosto.

Demos graças ao Senhor porque Ele sempre se aproxima de nós e sempre nos dá provas do seu amor. Que Ele nos ajude a buscar de novo a sua face. Cantando este Salmo façamos nossa a prece do salmista bendizendo a Deus por sempre nos perdoar com paciência e compaixão. Demos graças ao Senhor

O SENHOR ESTÁ PERTO DA PESSOA QUE O INVOCA!

Segunda leitura – Filipenses 1,20c-24.27a. Morrer para estar com Cristo, ou morrer para estar com os fiéis? O Apóstolo Paulo está preso e correndo risco de morte. Sua reflexão é: “Uma só coisa importa: viver à altura do Evangelho de Cristo!”. Para ele a vida é importante devido à sua missão, e a morte é atraente pela fé no encontro com a bondade e a ternura de Deus. Morrer é estar com Cristo!

Na prisão Paulo sente o dilema: estar com Cristo, ou trabalhar por Ele ficando com a sua comunidade? O dilema é apenas aparente; é uma maneira de Paulo para expressar seu impaciente desejo de estar definitivamente unido com Cristo e, ao mesmo tempo, seu apaixonado amor pela comunidade (de Filipos). Também seu viver já é Cristo. Viverá em prol da comunidade, para que ela também viva conforme o Evangelho de Cristo (Filipenses 1,27a). – 1,20-22 cf. 1Pedro 4,16; 1Coríntios 6,20; Gálatas 2,20; Colossenses 3,3-4 – 1,23-24 cf. 2Coríntios 5,6-9; Romanos 14,8 – 1,27 cf. Efésios 4,1; Colossenses 1,10; 1Tessalonicenses 2,12.

A vida verdadeira se apresenta para Paulo como uma vida com Cristo (versículo 21). O Apóstolo expõe seus sentimentos face à alternativa proposta antes: glorificar a Cristo ou pela vida ou pela morte. Para Paulo o viver é Cristo e o morrer um lucro. Esta frase é das que melhor resume a sua vida, a ponto de ser insculpida no seu túmulo em Roma. Quando se diz que seu viver é Cristo, ele não quer dizer em sentido terreno, aplicável a todo cristão, de que nossa vida sobrenatural é vida divina recebida de Cristo (Romanos 6,3-11; 11, 24; 1Coríntios 12,27; Gálatas 2,20; Colossenses 2,7), mas que lhe confere também aspecto dinâmico, valer dizer: Cristo é que move toda a sua atividade e meta de todas as suas aspirações (Filipenses 3,7-10; 2Coríntios 5,15). Nós dizemos que nossa vida é para trabalhar, rezar, etc.; mas Paulo afirma que sua vida é Cristo, fruto de sua vida mística. Não há nele desejo, pensamento, sentimento, movimento, amor que não seja para Cristo. Tudo o eu se procura na vida – alegria, força, luz, verdade, ação, lazer, esperança – é para ele no Cristo. Sem Cristo a vida não tem sentido. Em conseqüência, o morrer é lucro porque é a entrada no gozo do Senhor, na posse total de Cristo não mais pela fé, mas face a face na glória (2Coríntios 5,6-8). Dizia Tertuliano: “Não se deve temer aquilo que nos liberta de todo temor”.

Morrer é estar com Cristo! A grande escolha é viver bem, ser uma força positiva no mundo, ter uma vida que faça sentido e seja anúncio da Boa Notícia de Jesus Cristo. A norma de vida aqui não é citada pela polis grega, isto é, pela sociedade grega, mas sim pelo Evangelho de Cristo.

Evangelho – Mateus 20,1-16a. Como sempre, também nesta parábola Jesus esclareceu Sua mensagem e atitudes a partir da realidade que todo mundo conhecia. Juntou nela fatos comuns, até corriqueiros, que acontecem ou podem realmente acontecer a cada um, mas aliado com aquele tanto de “diferente”, de “sensacional”, de “notícia”, que chama a atenção e facilita a comunicação. Também esta parábola do bom patrão com seus dois pontos altos precisa, pois, ser entendida a partir da situação sócio-econômica da Palestina daquele tempo e ambiente. Ora, muitos pequenos proprietários e posseiros da Galiléia e Transjordânia perderam suas terras para novos donos. Entre eles havia também estrangeiros, pois parte dessas terras era doada a militares aposentados das forças do Império Romano. Por causa desta ocupação de suas terras, os antigos donos viram-se obrigados a se empregarem (cf. Mateus 21,33-41). A oferta de mão de obra ultrapassava, porém, muito a procura. Todos os que procuravam um ganha pão e dependiam de sub emprego se reuniam de madrugada em certos pontos conhecidos e esperavam aí algum fazendeiro ou patrão que os empregasse.

Também os empregadores se apressavam para, chegarem primeiro, escolherem para si e suas obras as melhores forças braçais. Os mais idosos e os mais fracos sobravam e permaneciam à toa, esperando com desespero o fim do dia, quando deviam voltar aos seus lares de mãos vazias. Conhecia-se, já naqueles tempos, o salário mínimo. Quando pago era dinheiro, era 1 denário, uma moeda romana de prata. Era salário mínimo mesmo, calculada a partir das necessidades mínimas para sustentar durante um dia uma família de seis pessoas. Conforme a costume e leis como Levítico 19,13 e Deuteronômio 24,14-15, pagava-se o salário diariamente ao encerrar o expediente.

Uma primeira novidade é que o bom patrão emprega todos sem distinção. Vai atrás dos desempregados e contrata também os mais fracos, cuja produção forçosamente é menor, porque tem dó deles e de suas famílias.

Uma segunda novidade é que ele, na hora do pagamento, paga a todos o salário mínimo integral, mesmo para aqueles que não trabalharam o tempo integral ou somente uma hora só, porque sabe o que o salário mínimo é mínimo mesmo e que o salário de só uma hora ou de só algumas horas de trabalho não dá para sustentar a família. Os filhos passariam fome se o pai voltasse para casa de mãos vazias. Sendo sensível à pobreza deles, manda pagar-lhes o salário integral.

A parábola apresenta, pois, um patrão ideal, muito bom mesmo. E Jesus quer no meio dela ensinar: assim é Deus. Deus é tão bom como aquele patrão. Preocupa-se com todos e dá a todos a salvação de que precisam. E em certo sentido os mais necessitados tiram vantagem.

Conforme os cálculos humanos, porém, o patrão comete uma injustiça. Quem trabalha mais e quem mais produz tem direito a maior remuneração. Os operários que trabalharam o tempo integral reclamam contra o patrão.  O dono responde que não tinha sido injusto com os primeiros porque receberam o salário integral. Observando que eles estão errados, porque em vez de se alegrarem por causa da sua bondade para com os colegas menos afortunados, a criticam e dela fazem um motivo de inveja. Jesus não aceita esta crítica e responde a ela com esta parábola bom patrão. Deus é tão bom como ele. E por isso Jesus é bom também. Ele não mudará a Sua mensagem e a Sua atitude por causa desta crítica em que seus opositores se mostram muito sensíveis a seus próprios interesses e muito insensíveis aos interesses dos outros menos afortunados.

Mateus, cujo Evangelho destaca a predominância dos pagãos sobre os judeus, coloca-a depois da parábola da vinha para ajudar os primeiros cristãos a compreenderem a radical mudança de situação trabalhada nas relações entre Israel e as outras nações, desde que elas aceitem a fé.

O dono da vinha é “justo” à maneira humana com os primeiros, pois lhes dá o que foi combinado, e é “justo” com os últimos, à maneira divina, porque não se prende por nenhuma convenção em relação e eles.

Conforme a manifesta a preferência dos Santos Padres pela interpretação bíblica alegorizante, na contratação sucessiva dos trabalhadores das diversas horas Santo Irineu viu as etapas históricas da salvação de Deus, começando em Adão. Orígens (século II), porém, entendeu nesse pormenor as idades da vida em que Deus chama para o Seu serviço, isto é, não tem idade para ser missionário e missionária do Reino.

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

Ao escutarmos o Evangelho de hoje, ressoam duas inquietantes perguntas: “Estás com ciúme por eu ser bom?”; “Por que o senhor age assim?”.

O ponto forte da parábola não está na vinha, no dono da vinha nem nos operários, mas sim no ajuste de contas ao final do dia. Aí está a chave da Boa-Nova que o evangelista quer mostrar.

O senhor da vinha é justo, à maneira humana, com os primeiros, porque paga conforme o combinado. No entanto, ele também é justo com os últimos, só que à maneira divina.

A justiça de Deus não é contra a justiça humana, mas a supera pela bondade que é incalculável, incomparável e eterna. Deus não é injusto ao ser generoso.

“A lei do seu Reino parece ser o paradoxo, o inédito, o inesperado. Deus escolhe as coisas frágeis e desprezíveis deste mundo para confundir as fortes e bem consideradas. Não escolhe o primeiro mas o último, não o justo mas o pecador, não o sadio mais o doente. Faz mais festa pela ovelha perdida e reencontrada do que pelas 99 que estão na segurança do aprisco. O Deus cristão é o ‘absolutamente Outro’, o imprevisível. Ele escapa a qualquer definição e revela continuamente novos aspectos do seu mistério.”

Para quem foi ou é dirigida essa parábola?

No tempo de Jesus, é evidente que ela dirigia-se aos fariseus, aos escribas e aos demais que se julgavam salvos por seus méritos, pelo cumprimento dos preceitos religiosos, pela prática das orações. Jesus abre-lhes os olhos: o céu não é prêmio, mas sim dom.

Na comunidade para a qual Mateus escreve o Evangelho, há o problema dos novos cristãos. Ele dirige-se aos judeus, quem poderiam se considerar os “operários da primeira hora”, portanto, com mais méritos diante de Jesus, e considerar os pagãos que recentemente estavam acolhendo a Palavra como aqueles da “última hora”, não tão merecedores dos bens eternos.

E hoje, para quem é dirigida a parábola?

Como ouvimos na primeira leitura, “Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e os meus caminhos não são os vossos caminhos!”. Deus não tem inimigos: não aceita que alguém possa limitar sua bondade e decidir quem é por ele ou contra ele. Os responsáveis pela religião não podem pretender ser responsáveis também por Deus.

Sim, essa palavra é dirigida para nós, pessoas da Igreja, cristãos praticantes. É ajuda para fazermos exame de consciência. Hoje, os “operários da última hora” têm outros nomes, ou seja, os excluídos de qualquer espécie: física, política, econômica, material, espiritual, moralmente.

Se somos da “primeira hora”, saibamos acolher com o mesmo amor que o Pai acolhe os da “última hora”. Os “certinhos” não podem ter ciúme! O céu não é um “clube fechado”.

Nesta celebração, bendigamos ao Pai porque não nos trata segundo a eficiência dos nossos trabalhos, mas na proporção da imensa doçura do seu coração que ama a todos sem distinção.

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

Em nossas comunidades e paróquias, como se dá essa relação entre os pioneiros/fundadores/construtores da Igreja e os recém-chegados?

Como os novatos são acolhidos? Existe algum tipo de azedume, de inveja, de ciúme? Fiquemos atentos ao evangelho: “assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. É preciso que a celebração construa em nós este “senso de desconfiança” a respeito de nós mesmos, da nossa maneira de exercitar a fé.

Podemos nos alegrar pelo fato de a paciência de Deus poder alcançar os atrasados, retardados, lentos e desatentos. Tomando parte na misericórdia divina, garantimos que nosso “trabalho será frutuoso” (Filipenses 1,22). O amor é o ponto de partida e de chegada de toda ação cristã. Só assim conseguiremos o que proclamamos com a fé (cf. Oração depois da comunhão).

5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

Na Eucaristia celebramos a bondade do Senhor, manifestada na aliança que fez conosco através de Jesus.

A bondade e o amor de Deus são totalmente gratuitos. Ele preparou a mesa e nos convida a dela participar. Não fazemos um favor a Deus por estarmos aqui presentes a esta Eucaristia. É ele quem nos oferece a possibilidade de recebermos os seus dons, de ouvirmos sua palavra e de experimentarmos a bondade que demonstra a todos os homens.

Qual é nosso trabalho? Para que fomos “contratados”? As orações deste domingo nos ajudam a responder: “Amar a Deus e ao próximo, observando os mandamentos” (coleta), “Proclamar a nossa fé” (sobre as oferendas). Sendo bons operários, “colheremos os frutos da redenção na liturgia e na vida” (após a comunhão).

Assim como os pais não medem o que gastam em excesso de bondade por um filho doente ou portador de uma deficiência, do mesmo modo ninguém pode acusar a Deus, que, na sua pura liberdade de amor, nos abençoa segundo a necessidade de cada um. O mistério está em Deus. Que a celebração de hoje nos faça penetrar nesse mistério divino.

6. ORIENTAÇÕES GERAIS

1. Desde o início da celebração, manifestar, por meio de uma acolhida pessoal e muito carinhosa a todos que se aproximam – particularmente aos considerados fracos, impotentes, excluídos – a bondade gratuita de Deus para com eles.

2. Cuidar que todos os textos bíblicos, inclusive o canto do salmo responsorial, sejam bem preparados e proclamados como proposta de Aliança que Deus faz, “acontecimento de salvação” para a comunidade reunida.

3. Dia 22, inicia a Primavera. Dia 23 é a memória de São Pio de Pieltrelcina.

4. O repertório litúrgico para este domingo está no CD: Liturgia VII E CD: Cantos de Abertura e Comunhão gravados pela Paulus.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo do Tempo Comum, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do 25º Domingo do Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. Jamais os cantos devem ser escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um movimento ou de uma pastoral. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.

Dar uma passada nos cantos (refrão e uma estrofe), seguido de um momento de silêncio e oração pessoal, ajuda a criar um clima alegre e orante para a celebração. É fundamental uns momentos de silêncio antes da celebração. O repertório bem ensaiado previamente e com o povo, minutos antes da celebração, irá colaborar para a participação de todos.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão gravados no CD: Liturgia VII e CD: Cantos de Abertura e Comunhão e Ofício Divino das Comunidades.

 1. Canto de abertura. Eu sou a salvação do povo (Missal Romano) “Eu sou a salvação do povo meu do povo meu, quem diz é o Senhor”. CD: Liturgia VII, música e letra igual a faixa 9, exceto o refrão; “Eu sou a salvação do meu povo, se eles me chamarem, serei o seu Senhor” (Salmo 36/37,1-4).

Como povo eleito, somos chamados a trabalhar na vinha do Senhor. Outra ótima opção é o canto: “Ó Pai, somos nós o povo eleito”, CD: Liturgia Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 1.

2. Ato penitencial. Na celebração deste Domingo, sugerimos que o Ato Penitencial seja transferido para depois da homilia, antes da Profissão de fé. Ver as sugestões em Ação Ritual.

3. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso e outros compositores.

O Hino de Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia.

4. Refrão para motivar a escuta da Palavra: “Senhor, que a tua Palavra, transforme a nossa vida/ Queremos caminhar com retidão na tua luz”.

5. Salmo responsorial 144/145. Deus é misericordioso e rico em graça. “O Senhor está perto da pessoa que o invoca”. CD: Liturgia VII, música igual a faixa 5.

O Salmo responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura. Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura para a comunidade celebrante. Primeira leitura, Palavra proposta e salmo Palavra resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista.

6. Aclamação ao Evangelho. Deus abra nosso coração para a Palavra (Atos 16,14b). “Aleluia... Vem abrir nosso coração, Senhor, ó Senhor abre o nosso coração”, CD: Liturgia VII, música igual a faixa 7. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.

7. Apresentação dos dons. A escuta da Palavra e colocá-la em prática, deve gerar na assembléia o compromisso missionário e a partilha para que ela possa ser sinal vivo do Senhor. Devemos ser oferenda com nossas oferendas. “Os cristãos tinham tudo em comum”, Hinário Litúrgico III da CNBB, pág. 429; “As mesmas mãos que plantaram a semente aqui estão”, CD: Liturgia VII, melodia da faixa 4.

8. Canto de comunhão. “Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Mateus 20,16). “Quem são, quem são, quem serão, no fim, do reino teu os herdeiros”, CD: Liturgia VII, melodia e letra igual a faixa 8. Temos outras duas ótimas opções: “Venham trabalhar na minha vinha”, do CD: Queremos ver Jesus (Paulinas/ partitura disponível no site); “Os meus passos firmarei no caminho da vossa lei” (Salmo 118/119,1.2.4.8), Hinário Litúrgico III da CNBB, pág. 387.

O canto de comunhão deve retomar o sentido do Evangelho do dia. Esta é a sua função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia.

8- O ESPAÇO CELEBRATIVO

1. Preparar o espaço celebrativo, como sacrário vivo do Senhor, destacando, com igual dignidade, a mesa da Palavra e a mesa da Ceia. A mesa da Palavra receba também destaque semelhante à mesa eucarística: toalhas, cor litúrgica (verde). Os enfeites não podem ofuscar as duas mesas principais: mesa da Palavra e o Altar.

2. Dia 22, inicia a primavera. Toda a natureza irrompe exuberante, sinalizando a força da vida gerada no período sombrio, mas fecundo, do inverno. Ela também “aguarda ansiosa a manifestação dos filhos de Deus”. Com moderação, preparar o ambiente com mais flores, lembrando a início da primavera.

3. A mesa da Eucaristia é o lugar de convergência de toda a ação litúrgica. Assim o altar não pode ser “escondido” por imensas toalhas, arranjos de flores e outros objetos. O altar é Cristo. É ele o ator principal da liturgia. “As flores, por exemplo, não são mais importantes que o altar, o Ambão e outros lugares simbólicos. Nem a toalha é mais importante que o altar. Os excessos desvalorizam os sinais principais. A sobriedade da decoração favorece a concentração no mistério celebrado” (Guia Litúrgico Pastoral, página 110).

9. AÇÃO RITUAL

            Criar um agradável clima de oração no início da celebração, por meio do canto de um refrão meditativo: ONDE REINA O AMOR FRATERNO AMOR/ ONDE REINA O AMOR, DEUS AÍ ESTÁ!

Ritos Iniciais

1. Dar atenção aos ritos iniciais, cujo sentido é congregar os irmãos, constituindo com Cristo seu corpo vivo e ressuscitado. A acolhida bem fraterna a quem chega e o rito de incensação da assembléia, neste domingo, podem evidenciar a reunião de irmãos como presença do Ressuscitado.

2. A celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a assembléia no Mistério celebrado.

3. O sentido litúrgico, após o sinal da cruz e a saudação do presidente, pode ser feito por quem preside, pelo diácono ou um ministro devidamente preparado com palavras semelhantes às que seguem:

“Irmãos e irmãs no Senhor, cada vez que fazemos memória de Jesus, damos um passo na busca constante de vivermos à altura de seu Evangelho. Na verdade, é sua Palavra que se cumpre em nós, e nos vemos transformados nele. Hoje nossa celebração revela a bondade de Deus que se expande e nos alcança, segundo os ensinamentos de Jesus. Atentos a esta fonte de sabedoria de cumprir na vida o que a liturgia realiza em nós, celebremos!”

4. Nos ritos iniciais, após a saudação, fazer a recordação da vida trazendo os fatos que são manifestações da Páscoa do Senhor na vida ou pode também ser feito no início da Liturgia da Palavra, antes de ouvir a Palavra que Deus fala pela Bíblia, quando a comunidade abre-se para ouvir a Palavra Dele na vida. A equipe de ou quem preside pode de maneira criativa sem fazer discurso ajudar a comunidade a recordar acontecimentos, pessoas em que se reconheça hoje a passagem libertadora de Deus.

5. O ato penitencial não deve ser confundido com o sacramento da Reconciliação. Embora a conclusão seja chamada de “absolvição” pelo Missal Romano, ela deve ser entendida em sentido invocativo. O padre também pede por si e o Missal não prescreve que ele estenda as mãos sobre os fiéis – outros sinais de que não se trata do sacramento da Reconciliação. Por isso, a escolha dos cantos é fundamental, pois pode reforçar idéias equivocadas a respeito deste momento ritual. Evitar cantos com descrição de pecados e pedidos de perdão por motivos quaisquer. Os textos propostos pelo Missal tratam sempre da misericórdia de Deus, de seu amor para com o pecador, em contraste com nossa condição de fragilidade e de infidelidade. Também o presidente deve cuidar de introduzir este momento com palavras que ajudem a elucidar o sentido desse momento da celebração.

6. Aproveitando a conclusão do trecho da carta de Paulo aos Filipenses “Só uma coisa importa, viver à altura do Evangelho de Cristo”. Seria a oportunidade de manifestar sua confiança na misericórdia e compaixão do Senhor, que na sua bondade se deixa encontrar e transforma os fiéis, segundo seu amor.

7. Neste caso, sugerimos o terceiro formulário que conjuga o Kyrie com o Ato Penitencial:

Senhor, cujo ensino nos recorda a generosidade de Deus, nosso Pai, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, que nos amaste ao extremo da cruz, tende piedade de nós!
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, que sendo o primeiro, vos tornastes o “último” por amor a vosso povo, tende piedade de nós!
Senhor, tende piedade de nós.

8. Cada Domingo do Tempo Comum é Páscoa semanal. Cantar de maneira festiva o Hino de louvor (glória).

9. A oração do dia pede ao Pai que nos ajude a observar o mandamento para amar a Deus e ao próximo, caminho para a vida eterna.

Rito da Palavra

1. Cada vez mais, cai em desuso os chamados “comentários” antes das leituras.. São, inclusive, dispensáveis, sendo preferível o silêncio ou um refrão meditativo que provoque na assembléia aquela atitude vigilante para a escuta e conseqüentemente acolhida da Palavra de Deus.  Para abrir a Liturgia da Palavra, seria oportuno um breve refrão meditativo. Sugerimos “Guarda a Palavra, guarda no coração”, inspirada nos sermões de São Bernardo, no séc. XII (CD Deus é bom, Paulus). A partitura está disponível no site: www.paulus.com.br.

2. Em todo o rito, a Palavra se conjuga com o silêncio. Momentos de silêncio após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecem a atitude de acolhida da Palavra. O silêncio é o momento em que o Espírito Santo torna fecunda a Palavra no coração da comunidade. Nem tudo cabe em palavras. Após uns momentos de silêncio, quem preside pedir para a assembléia repetir essas palavras:

Senhor, toca o meu coração para que eu seja sensível para com os mais fracos. Senhor, sou operário, me chama pra trabalhar para o teu Reino, aqui estou...

3. Na oração dos fiéis, fazer uma prece especial pelos desempregados, pelos mais fracos e pelos idosos.

Rito da Eucaristia

1. Durante a preparação das oferendas, seria oportuno cantar: “Os cristãos tinham tudo em comum”, (Hinário Litúrgico III da CNBB, página 429, Campanha da Fraternidade de 1975). Traz à memória o texto do Evangelho que nos chama a ter compaixão dos necessitados. Uma breve monição à abertura da Liturgia Eucarística seria importante para que a experiência orante da assembléia se estabeleça em sintonia com o mistério celebrado: “Irmãos e irmãs, assim como o pão e vinho são engrandecidos pelo Espírito Santo que os converte em corpo e sangue do Senhor, nós também contemplamos em nós seu engrandecimento pois, pra nós o “viver é Cristo”!. Acompanhemos, fiéis, a preparação do Altar do Senhor, no qual nossa vida se tornará sinal da Páscoa de Jesus.

2. A oração sobre as oferendas, pede a Deus que acolha as oferendas do povo para que possamos conseguir pelo sacramento o que o que proclamamos pela fé.

3. Rezar a Oração Eucarística para Diversas Circunstâncias VI, “Jesus que passa fazendo o bem”. Se for escolhida outra Oração Eucarística que admite troca de prefácio, escolher o Prefácio dos Domingos do Tempo Comum III, em que louvamos o Senhor que vem “em socorro de todos os mortais”.

4. Valorizar o rito da fração do pão, “gesto realizado por Cristo na última ceia, que no tempo apostólico deu o nome a toda a ação eucarística, significa que muitos fiéis pela Comunhão no único pão da vida, que é o Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo, formam um só corpo (1Coríntios 10,17” (IGMR, nº 83).

5. Distribuir a comunhão de maneira orante e sob as duas espécies, pois como diz a Instrução Geral do Missal Romano (IGMR): “A comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas espécies. Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal dom banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico do Reino do Pai” (n. 240). Assim estamos sendo coerentes e sensíveis com aquilo que o Senhor disse no momento da narrativa da Ceia: Ele não disse somente “tomai, todos e comei”, mas também “tomai todos e bebei...”.

Ritos Finais

1. Na oração depois da comunhão pedimos o auxílio divino para colher os frutos da redenção na liturgia e na vida. Ela conclui a liturgia eucarística e introduz os ritos finais.

2. Neste mês dedicado à Bíblia, fazer a bênção final com o Evangeliário ou o Lecionário Dominical e as palavras da bênção bíblica (cf. Nm 6,24-26), indicada pelo Missal Romano para o Tempo Comum, página 525.

3. As palavras do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: Tende compaixão dos necessitados como teve nosso Senhor. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na medida em que optamos pelos esquecidos da sociedade, a justiça de Deus se realizará por nós e em nós. A justiça de Deus é bondade, que considera primeiro o último que todos esquecem.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
           

Pe. Benedito Mazeti

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