15 de março de 2015
Leituras
2Crônicas 36,14-15.19-23
Salmo 136/1137,1-6
Efésios 2,4-10
João 3,14-21
“QUEM NELE CRÊ NÃO É CONDENADO”
1- PONTO DE PARTIDA
Hoje é o
domingo da alegria e do encontro de Jesus com Nicodemos. Neste 4º Domingo da
Quaresma contemplamos um Deus apaixonado que faz Aliança com as pessoas. Já
estamos bem mais próximos da festa da Páscoa. Neste domingo, recordamos o
encontro de Jesus com Nicodemos e recebemos do Senhor o anúncio da paixão e
entrega da sua vida, como prova de amor à humanidade. O fio condutor da
liturgia de hoje é a passagem da morte para a vida, das trevas para a luz, do
pecado à reconciliação.
Aproveitemos
esta Quaresma para revisar quanto há de luz e sombras em nossa vida, família e
comunidade em geral.
Quanto há de luz e sombras nas organizações sociais de que
participamos ou que estão presentes em nossas comunidades. Quanto há de luz e
sombras nos dirigentes e em suas políticas de governo. Se quisermos tomar parte
com Jesus, somos obrigados a “converter-nos em luz peregrina” que resgata aqueles
que, ao nosso redor, vivem nas trevas e, ao mesmo tempo, desmascara os projetos
que nos mantêm nas sombras da injustiça e da pobreza. Em muitas ocasiões e
lugares, ser luz implica grandes riscos, porém é pior o risco de não aceitar o
desafio, condenando-nos, nós mesmos, à pior de todas as trevas: estar longe da
luz de Cristo.
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Primeira leitura – 2Cr 36,14-16.19-23. A primeira leitura mostra como o
Senhor se irrita contra seu povo quando este não crê Nele, quando “não leva em
conta a sua Aliança”, ao passo que o
livra e lhe concede sua misericórdia quando manifesta confiança em seu Deus. Deus
mantém a sua oferta de vida e salvação, mesmo correndo o risco de ser
desprezado pelas pessoas, cuja liberdade respeita, mesmo na opção pelo pecado.
Pecado que é a ruptura da Aliança de Deus com seu povo e com as pessoas, a
eleição das trevas, e a atitude de onde vem o agir com perversidade, isto é, as
más obras (evangelho).
“Em verdade,
vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé” (Mateus 8,10).
Esta declaração de Jesus a respeito do centurião romano de Cafarnaum poderia
ser aplicada também a Ciro, rei da Pérsia. Apesar de Deus ter enviado “desde o
princípio e sem cessar os seus mensageiros” (versículo 15) a advertir o seu
Povo, “todos os príncipes dos sacerdotes e o povo multiplicaram as suas
infidelidades” (versículo 14). Mas enquanto Israel ficava surdo à Palavra do
Senhor, um pagão, que não conhece o Senhor (cf. Isaias 45,4), escutai-a.
Ciro o estrangeiro,
considerado excluído do Reino de Deus, é portanto, aquele que se torna
instrumento da sua realização. Mais uma vez, “a pedra que os construtores
rejeitaram tornou-se a pedra angular” (Salmo 117,22; cf. Mateus 21,42). Quando
os pastores do povo não são dignos seus encargos (cf. Ezequiel 32,1-10), o
Senhor suscita um salvador precisamente entre os pagãos desprezados. “Eu digo a
Ciro: tu és o meu pastor, e realizarás tudo o que Eu quero” (Isaias 44,28).
A idéia
central desta leitura é, por um lado, destacar a infidelidade do povo e das
lideranças de Israel ao projeto de Deus, isto é, o desprezo pelos profetas, a
profanação do Templo de Jerusalém e as conseqüências deste pecado com a
deportação do povo para a Babilônia; por outro lado, destaca a “fidelidade de
Deus que não abandona seu povo”, mas, através de Ciro, rei da Pérsia, permite
que o povo volte para a sua pátria. Nós desígnios de Deus, Ciro é apresentado
como o ungido e também colaborador de Deus.
Salmo responsorial 136/137,1-6. É uma
súplica coletiva. Um grupo (“nós sentamos e choramos”) clama a Deus (versículo
7) em uma situação difícil. É o canto dos exilados na Babilônia.
O Salmo
136/137 tem três momentos: versículos de 1-3; 4-6; 7-9. A liturgia deste
Domingo utiliza os versículos dos dois primeiros momentos. No primeiro
(versículos 1-3) o grupo conta a sua amarga experiência como exilado na
Babilônia. Fala-se de “rios de Babilônia (versículo 1a). O grupo está exilado
nos campos irrigados pelos canais de água dos rios tigre e Eufrates (compare
com Ezequiel 3,15). Provavelmente trabalha como escravo a situação se agrava
com a saudade de Sião (Jerusalém), provocando choro. Um povo escravo não tem
motivos para festejar. Por isso desistem de tocar de tocar harpa.
No segundo
momento (versículos 4-6) o grupo se recusa a cantar, dando as razoes para isso.
O “canto de Sião” se torna agora, “canto do Senhor” (versículo 4a), deus
libertador dos hebreus, ligado a uma terra e a uma causa. É impossível cantar
um “canto do Senhor” em terra estrangeira, pois a terra de Israel, dom de Deus
e conquista do povo, é parte integrante dessa “orquestra”. Vários salmos
recordam isso. Quando Israel canta, a terra participa do coral que celebra as
maravilhas de Deus, doador de uma terra para seu povo.
Este salmo lembra
a triste situação do povo no exílio da Babilônia com saudades de seus costumes
e tradições. Insultados pelos inimigos a cantar canções de sua terra, o povo se
recusa e lamenta: “Como poderíamos cantar os cantos de nosso Deus longe dele,
numa terra estrangeira?”.
O rosto de
Deus no Salmo 136/137. O Salmo recupera aspectos importantes de Deus aliado,
que deseja seu povo livre para que livremente expresse a própria fé. No Êxodo
há essa insistência: os hebreus só poderão celebrar uma festa para o Senhor no
deserto, em liberdade (Êxodo 5,1b). O Deus do Salmo 136/137 é esse mesmo Deus,
amante da liberdade. Sem ela não há religião nem fé verdadeiras. É o Deus
ligado a uma terra, a um povo, a uma cidade. Quando o povo tem tudo isso, então
encontra o verdadeiro Deus. O rosto de Deus neste Salmo é um Deus aliado e
libertador.
Jesus amou a
cidade de Jerusalém, mas ela recusou a mensagem de paz (veja o que foi dito dos
cânticos de Sião). Ele escutou o clamor de todos, pessoas ou grupos,
libertando-os de todas as formas de escravidão e opressão. Com sua morte venceu
o mundo (João 16,33), fazendo a humanidade um só povo de irmãos (João 10,16).
Cantemos no
salmo responsorial, com todos os escravizados do mundo, e com os que estão
exilados longe de sua terra, lembremos o lamento dos cativos e peçamos ao
Senhor que apresse a sua justiça no meio de nós.
Segunda leitura – Efésios 2,4-10. O
apóstolo Paulo apresenta à comunidade de Éfeso o centro e a meta do projeto de
Deus para todos os seus filhos e filhas: Jesus Cristo a Nova Aliança. Esta
leitura traz em abundância a mensagem do evangelho. Jesus Cristo é o sinal
dessa gratuidade para com os pecadores, que não pode alegar nenhum mérito
próprio: “De fato, é pela graça que fostes salvos, por meio da fé. A salvação
não vem de vós: é dom de Deus. Não se deve às obras: ninguém se pode gloriar”.
Destaca também a vida nova trazida para as comunidades cristãs pela “morte e
ressurreição de Jesus”. A comunidade
cristã é o lugar da realização do projeto de Deus, lugar do testemunho de um
mundo novo onde testemunhamos Jesus Cristo a Nova e Eterna Aliança.
Devemos levar
uma vida de ressuscitados enquanto estamos vivos. Os primeiros cristãos estavam
tão convencidos de ter recebido do Senhor uma vida de qualidade indestrutível,
que Paulo pode afirmar, sem embaraço algum, que a ressurreição não acontece só
após a morte, mas a precede (cf. versículo 5). Não só, mas para Paulo essa
plenitude de vida situa o cristão já na esfera de Deus, isto é, “nos céus”
(versículo 6).
As afirmações
de Paulo têm a sua raiz no ensinamento de Jesus, que declarou que quem, vive e
crê Nele “não morrerá jamais” (João 11,26). “Aquele que acredita no Filho
possui a vida eterna” (João 3,36). Esta não é um prêmio futuro que se obtém
pelas “boas obras” feitas durante a vida terrena (cf. versículo 9), mas uma
qualidade de vida que o cristão pode conseguir já nesta vida. Não são as nossas
obras que nos salvam. Quem salva é Deus. Mas nossas obras encarnam Sua
salvação. Porque nosso relacionamento com Deus não é comercial, mas vital.
Se a Palavra
de Deus deste Domingo nos deixar indiferentes e frios como cristãos, como
batizados e filhos amados de Deus, precisamos de uma hospitalização urgente
devido à “alienação do sentido da vida e à perca total da consciência religiosa”, que nos impedem de captar a surpreendente novidade: Deus nos ama,
Deus ama a humanidade.
Evangelho – João 3,14-21. Este domingo
mostra que a salvação é dada por Deus, mas que precisa ser aceita pela
humanidade, na fé. Hoje é o Domingo da Alegria. O diálogo com Nicodemos é,
provavelmente, considerado como tipo do diálogo com o judaísmo oficial de
Jerusalém. Nota-se, aqui, que “mundo” para o evangelista São João não
significa, o mundo fechado, inimigo do plano de Deus, mas as pessoas que é
objeto do amor de Deus. Deus envia seu Filho para que o mundo seja salvo, tenha
a “vida eterna”. Não é somente “vida além da morte”, mas antes, vida que
pertence ao aiôn, o “tempo de Deus”.
É a vida divina. Ela não começa depois da morte, mas aqui e agora, se acolhemos,
na fé, o dom de Deus: Jesus Cristo. Assim, quem crê em Jesus, não conhecerá a
condenação, porque vive a vida de Deus. Quem não crê, porém, já é condenado,
não por Jesus que veio para salvar (3,17), mas por si mesmo, porque não aceitou
o dom de Deus.
Jesus provoca uma tomada de
posição porque tudo o que Ele faz é em favor da vida, para que a humanidade
seja salva. Ele não veio para condená-la; ao contrário, mediante sua prática de
vida, propõe a todos a vida sem limites. Diante da prática de vida de Jesus as
pessoas têm que tomar uma posição: com Jesus e a favor da vida ou contra Jesus
e a favor da morte. Jesus não julga ninguém, nem condena. Simplesmente provoca
uma tomada de posição. Mostra o que cada pessoa é a partir daquilo que faz a
favor ou contra a vida. São as próprias pessoas que se julgam a partir das
escolhas que fazem a favor ou contra a vida.
A pessoa
humana responde a Deus com a fé ou a descrença. A fé e a descrença contêm já o
juízo definitivo de Deus: salvação ou condenação. A fé é o critério último de
vida e salvação plenas.
As três
leituras coincidem em nos demonstrar que a crônica do pecado e infidelidade das
pessoas para com Deus é paralela à história do perdão e amor de Deus para com
os seres humanos (primeira leitura), manifestados no seu Filho, Jesus Cristo
(segunda leitura), que o Pai entregou para a salvação de quantos Nele crêem
(evangelho).
3. DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Em toda a
história da salvação, desde o Primeiro Testamento (primeira leitura), Deus
nunca abandonou o seu povo, mesmo nas piores situações (caso do exílio).
Em todas as
religiões, está presente a idéia do juízo e do castigo de Deus. Essa idéia de
um Deus que castiga está ausente na mensagem de Jesus. O evangelista João é
muito claro quando afirma: “Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar
o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”. E Paulo chega a escrever: “Quem condenara?
Jesus Cristo? Ele que morreu, ou melhor, que ressuscitou, que está à direita de
Deus e intercede por nós?” (Romanos 8,34). Deus não se comporta como um juiz,
mas como um doador de vida. Um Deus apaixonado pelo ser humano.
O Evangelho de
Hoje expõe: “Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado,
porque não acreditou no nome do Filho unigênito”. É preciso entende que a fé ou
a incredulidade presentes contém já uma antecipação do julgamento definitivo de
Deus: salvação ou condenação, ao mesmo tempo. Para João, o julgamento acontece
na rejeição de Cristo, enviado do Pai; e isso, desde já; como também a salvação
existe, desde já, na sua aceitação (João 3,18). Ora esta rejeição ou aceitação
acontece na prática da nossa vida.
Deus mostra
seu grande amor pelo mundo (João 3,16), dando seu próprio Filho querido.
Contemplamos um Deus apaixonado pelo mundo. Deus retoma toda a história da
salvação, estabelecendo no mundo o julgamento definitivo (não no sentido de Ele
tomar a iniciativa de nos condenar, mas no sentido de Ele nos desafiar para a
opção, que pode ser pelo Reino ou pelo anti-Reino).
Para essa
possível opção, o Pai nos dá sua graça em Jesus Cristo , seu
próprio Filho, que Ele enviou ao mundo para podermos vencer todo o pecado e
começarmos já aqui a ter a vida eterna.
Contudo, para
o bom observador da liturgia de hoje aparece atravessada por um fio homogêneo:
a passagem da morte para a vida, das trevas para a luz, do pecado à
reconciliação.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
A assembleia se reveste da alegria de Deus
“Alegra-te,
Jerusalém”. Com estas palavras da Antífona de Entrada, tem início a celebração
do Quarto Domingo da Quaresma. Na oração da manhã (Laudes) do Ofício Divino,
escutamos o trecho de Neemias que diz: “Não fiqueis tristes nem choreis, este
dia é Santo para o nosso Senhor. Não fiqueis tristes, porque a alegria do
Senhor será a vossa força”. A assembléia, revestida por esta alegria que tem
sua origem em Deus, na sua Palavra, dá mais um passo rumo à celebração anual da
Páscoa. Embora o Tempo da Quaresma não seja de tristeza – “Jejuai sem ficar
tristes: não façais como os hipócritas” (Antífona do Cântico Evangélico
Benedictus na Quarta-feira de Cinzas) – é um período dedicado à contrição das
culpas, dada a percepção das infidelidades na Aliança com o Senhor. Esse
domingo surge de surpresa como antecipador do júbilo pascal e, de maneira
explícita, estimula à esperança. A tristeza dos fiéis deve ser curta, pois a
esperança a derruba (Santo Agostinho, Carta a Sápida. In. Antologia Litúrgica.
Textos Litúrgicos, patrísticos e canônicos do primeiro milênio).
O amor de Deus pelas pessoas
O que está em
foco, portanto, é o amor de Deus dado em seu Filho Jesus, no intuito de fazer
de seu povo uma nação transfigurada. O versículo da Aclamação ao Evangelho dá o
tom: “Tanto Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único; todo aquele que
crer nele, há de ter a vida eterna”.
Este mesmo versículo será entoado pela assembléia em procissão para o
Altar, para a comunhão. A liturgia estabelece a razão da alegria cujo canto de
abertura quer suscitar na Igreja, a “Nova Jerusalém”. Radica-se na extrema
paixão de Deus pelas suas criaturas, isto é, um Deus apaixonado pelas pessoas. Os que vão para a Mesa da
Comunhão entoando este canto espiritual – isto é, Palavra de Deus que penetra o
íntimo do crente, e se exterioriza em forma de louvor – tem modificada a sua
existência no trajeto rumo à Páscoa. Lembremos que o tempo quaresmal é descrito
pela oração da Igreja como o “novo êxodo” (cf. Prefácio da Quaresma V, Missal
Romano), um caminho que desemboca na reconstrução da vida de quem é fiel ao
Evangelho – de quem pertence ao povo de Deus e desfruta de sua companhia como
lembra Neemias na primeira leitura. Veja-se que o rito da comunhão nesse
domingo, em articulação com a Liturgia da Palavra, dá a experimentar a
“pedagogia divina”, cujo amor misericordioso não fica dominado pela tristeza
passageira do exílio, da infidelidade, dos pecados, etc. Um amor que, ao
contrário, assume tudo isso e transforma em ocasião de renovação da parceria na
Aliança, tema tão caro na Liturgia do Ano B.
4- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Em cada
celebração litúrgica somos convidados a participar do banquete da salvação que
o Pai nos oferece em
Jesus Cristo seu Filho e nosso irmão. A Eucaristia deve criar
um movimento de reconciliação entre nós e com todas as realidades que precisamos
transformar para que todos sejam um em Cristo.
Em Cristo,
Deus nos reconciliou para sempre e por isso podemos “correr ao encontro das
festas que se aproximam com fervor e exultando de alegria e fé” (oração do
dia).
Na celebração,
está presente e age o Ressuscitado que a todos atrai e salva, liberta e
reconcilia com o Pai. Celebrar a divina liturgia é encontrar no Mistério da
Salvação e deixar-se impregnar por ele. Este é o sinal da alegria visibilizado
especialmente na celebração de hoje.
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. É de se
lamentar que muitas vezes são escolhidos cantos individualistas de acordo com a
espiritualidade de certos movimentos, descaracterizando a missionariedade da
liturgia. Toda liturgia é uma celebração da Igreja e não existem ritos para
cada movimento e nem para cada pastoral. Cantos de adoração ao Santíssimo,
cantos de cunho individualista ou cantos temáticos não expressam a densidade desse
momento.
2. A comunhão
sob as duas espécies é dom de Deus, direito dos cristãos e desejo de Cristo.
Por isso, valem todos os esforços nesse sentido, garantindo para os comungantes
o santo alimento oferecido na mesma celebração, deixando a reserva eucarística
para a finalidade a que se destina: em primeiro lugar a comunhão aos enfermos e
em segundo lugar ao culto eucarístico. “A finalidade primária e primordial de
conservar a Eucaristia fora da Missa é a administração do Viático; são fins
secundários a distribuição da comunhão e a adoração de nosso Senhor Jesus
Cristo presente no Sacramento. A conservação das sagradas espécies para os
enfermos introduziu o louvável costume de adorar-se esse alimento celeste conservado nas igrejas” (cf. Introdução Geral do
Ritual da Sagrada Comunhão e o Culto do Mistério Eucarístico fora da Missa, 5,
página 10). Isso mostra que o as sagradas espécies são conservadas após a Missa
principalmente para os fiéis que dela não puderam participar, sobretudo os
enfermos e pessoas idosas.
3. Organizar a
entrega dos envelopes da Campanha da Fraternidade que deverão ser devolvidos no
Domingo de Ramos.
4. Lembrar que
dia 19 de março, a Igreja celebra a Solenidade de São José, homem justo e fiel.
6- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos “cantar a liturgia” e não
cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e,
condizentes com “cada domingo da Quaresma”, ajudam a comunidade a penetrar no
mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são da Quaresma,
“é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser
cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado”. Jamais os cantos devem ser escolhidos para satisfazer o
ego de um grupo ou de um movimento ou de uma pastoral. Não devemos esquecer que
toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de
uma pastoral ou de um movimento.
A regra da
reserva simbólica vale para todos. A liturgia nos ensina a reservar os
elementos festivos para a festa da Páscoa. Assim, os grupos são chamados a
serem mais moderados na execução dos instrumentos, evitando “solos
instrumentais”, deixando de tocar algum instrumento, ou mesmo cantando algo “à
capela” (sem acompanhamentos musicais). É tempo também de escutar, de ser
“obediente”, de aguçar o discipulado: uma boa forma de manifestar isso seria
assumir o repertório da CNBB para as celebrações.
1. Canto de abertura:
“Alegra-te, Jerusalém” (Isaias 66/25,10-11). “Rejubila-te, cidade santa”, CD:
CF-2015, melodia da faixa 4.
Outra opção é
o canto: “Alegres vamos à casa do Pai”, CD: Liturgia XIII, melodia da faixa 10
de Irmã Míria Kolling.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse
sentido o Hinário Litúrgico II da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão
gravados no CD: Liturgia XIII, CD: Liturgia XIV e CD: CF-2015.
2. Ato penitencial. Nesse
domingo seria oportuno rezar a invocação da Quaresma número 3 da página 397 do
Missal Romano com uma leve alteração. Ver em a letra em Ação Ritual. Todos se
coloquem de joelhos.
3. Salmo responsorial 136/137,1-6.
Israel nos rios da Babilônia. “Que se prenda a minha língua ao céu da boca se
ti, Jerusalém, eu me esquecer.”, CD: CF-2015, melodia da faixa 7 ou CD:
Liturgia XIV, música igual à faixa 9.
A função do
salmista é de suma importância. Sua função ministerial corresponde à função dos
leitores e leitoras, pois o salmo é também Palavra de Deus posta em nossa boca
para respondermos à sua revelação. Por isso, o salmo dever ser proclamado do
Ambão e, se possível, cantado.
4- Aclamação ao Evangelho. “De
tal modo amou Deus o mundo, que lhe deu seu único Filho” (João 3,16). “Louvor e
glória a ti, Senhor, Cristo Palavra de Deus!... Tanto Deus amou o mundo, que
lhe deu seu Filho único”, CD: CF-2015, melodia da faixa 9 ou CD: Liturgia XIV
música igual à faixa 1.
Preserve-se a
aclamação ao Evangelho cantando o texto proposto pelo Lecionário Dominical. Ele
ajudará a manifestar o sentido litúrgico da celebração, conforme orientações da
Igreja na sua caminhada litúrgica.
5. Canto após a homilia. Depois
de uns momentos de silêncio, entoar o canto “Salve, ó Cruz libertadora!”,
seguido somente da primeira estrofe. CD: Festas Litúrgicas IV, melodia da faixa
6. Ver orientações em Ação Ritual.
6. Apresentação dos dons. O
canto de apresentação das oferendas, conforme orientamos em outras ocasiões,
não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério que se celebra
acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração no Tempo da Quaresma. “Aceita,
Senhor, com prazer”, CD: CF-2015. Podemos também entoar Oséias 14,2-9, “Retorna,
Israel, ao teu Senhor”, CD: CF-2012, melodia da faixa 1.
7. Canto de comunhão: Alegria de
subir a Jerusalém (Salmo 121/122,3-4). “Deus é rico em misericórdia”, CD:
CF-2015 melodia da faixa 15. “Tanto Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho
único. Quem crê nele não perece”, articulado com o Salmo 17/18, CD: CF-2012.
Como segunda
opção de canto de Comunhão, o CD: CF-2012 indica um canto muito oportuno para
este Domingo que nos ajuda a retomar o Evangelho. “Tanto Deus amou o mundo”,
melodia da faixa 18, por razões obvias de sintonia entre o Rito da Comunhão e a
Liturgia da Palavra.
O canto de
comunhão deve retomar o Evangelho do 4º Domingo do Tempo Quaresma, que
evidencia que é necessário o Cristo ser levantado da terra na Cruz para se
tornar a Luz do mundo. Esta é a sua função ministerial. Na realidade, aquilo
que se proclama no Evangelho nos é dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho
que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se dirige a nós em cada celebração
eucarística reforçando estes conteúdos bíblico-litúrgicos, garantindo ainda
mais a unidade entre a mesa da Palavra e
a mesa da Eucaristia. Isto significa que comungar o Corpo e Sangue de
Cristo é compromisso com o Evangelho proclamado. Portanto, o mesmo Senhor que
nos falou no Evangelho, nós o comungamos no pão e no vinho.
7. O ESPAÇO CELEBRATIVO
1. Se há um
elemento, que, sem palavras, cumpre a função mistagógica, isto é, de conduzir
para dentro do mistério celebrado, este é o Espaço Sagrado. Por isso, devemos
dedicar-lhe todo o nosso cuidado.
2. A cruz é
elemento importante em qualquer tempo, mas na Quaresma é, sem dúvida, um sinal
marcante da paixão de Cristo e da paixão do mundo. Para que esse sinal seja
devidamente enfocado, sugerimos um incensário aos pés da cruz. As brasas sejam
alimentadas de forma constante e discretamente, sem excessos.
3. Neste
Domingo destacar no espaço da celebração os símbolos da Cruz e a luz.
Ornamentar a Mesa da Palavra e o pé da cruz processional com velas acesas em
consonância com os versículos do Evangelho de hoje João 3,14.19-21.
4. Por ser o
Domingo da alegria, as flores podem voltar a ornar o espaço sagrado, mas com
moderação, para não antecipar em demasia os tons de festa que serão a expressão
da Vigília Pascal. A cruz processional, um dos elementos inocográficos que
estamos valorizando neste tempo quaresmal, pode trazer um arranjo floral ao seu
pé ou em sua haste. Ornamentar também o Ambão com um pequeno arranjo de flores.
De preferência flores cor de rosa.
8. AÇÃO RITUAL
A celebração
deste domingo nos recorda como homens e mulheres que nasceram no Batismo a se
aproximarem de Cristo-Luz para ser “luzeiros“ de Deus no mundo, guiando os dias
e iluminando as noites.
No momento em
que acender as velas do Altar, deixar a igreja na penumbra e entoar um refrão
meditativo de preferência à Cappella. “Ó Luz do Senhor, que vem sobre a terra,
inunda meu ser, permanece em nós”.
Ritos Iniciais
1. Fazer uma
acolhida muito fraterna e pessoal a quem chega para a celebração,
principalmente os visitantes. Que todos possam sentir sua dignidade humana
respeitada e sua identidade cristã reconhecida. Não devemos esquecer que os
ritos iniciais, com o sentido de formar o Corpo vivo do Senhor, sejam bem
valorizados neste domingo e sempre.
2. Como
saudação presidencial sugerimos a de 2Tessalonicenses 3,5 (opção c):
O Senhor, que encaminha os nossos corações
para o amor de Deus e a constância de Cristo, esteja convosco.
3. Após a
saudação presidencial, as comunidades que já deixaram de fazer comentário antes
do canto de abertura, porque entenderam o rito da Igreja e a primazia da saudação
(Palavra de Deus que nos convoca), em seguida podem propor o sentido litúrgico.
Domingo da alegria e do encontro de Jesus
com Nicodemos. Neste 4º Domingo da Quaresma contemplamos um Deus apaixonado que
faz Aliança com as pessoas. Na celebração de hoje testemunhamos o encontro de
Jesus com Nicodemos e recebemos do Senhor o anúncio da Sua paixão e a
manifestação de Seu amor ao mundo.
4. Com
qualidade especial o Ato Penitencial deve ser valorizado neste tempo de
purificação e penitência. Dentre as fórmulas propostas pelo Missal Romano,
escolhemos três invocações – a segunda e a terceira com leve alteração – que
estão em sintonia com o itinerário proposto neste roteiro, no que concerne ao
Mistério Celebrado. Quem preside, convidar a assembléia a ajoelhar-se diante da
cruz.
Senhor, que
fazeis passar da morte para a vida, quem escuta a vossa Palavra, tende piedade
de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, que
quisestes ler levantado da terra, para atrair-nos todos a vós e ao vosso amor,
tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, que
nos tornastes participantes do vosso Corpo e do vosso Sangue, entregues em
nosso favor, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
5. Na Oração
do Dia suplicamos ao Pai, que reconcilia a todos em Cristo, nos concede correr
ao encontro das festas que se aproximam, isto é, o Tríduo Pascal.
Rito da Palavra
1. Onde for
possível, após a homilia e uns momentos
de silêncio, quem preside segura a cruz processinal no meio do presbitério à
vista da assembléia e entoar o canto “Salve, ó Cruz libertadora!”, seguido só
da primeira estrofe. Está no CD: Festas Litúrgicas IV, melodia da faixa 6.
“Salve, ó Cruz libertadora!”
Em teu corpo
sem beleza e nem encanto,
Tu assumes o
pecado e todo pranto.
Junto a ti
está a dor da humanidade,
Ó Senhor, de
todos nós tem piedade.
2. Onde houver
adultos que vão receber os sacramentos da Iniciação Cristã na Vigília Pascal, em
seguida, junto com os padrinhos e madrinhas, colocam-se diante do presidente da
celebração para o segundo escrutínio (Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos,
pág. 74). No decurso desta semana pode ser celebrado o rito da entrega do
Símbolo, caso não se tenha considerado melhor não celebrá-lo no tempo anterior.
3. Cristo se
revela como a luz que veio ao mundo e nos convida a se aproximar dessa luz. É
muito oportuno entregar uma vela acesa aos adultos que receberão os sacramentos
na noite da Páscoa.
4. Fazer a
profissão de fé e as preces dos fiéis diante da cruz erguida e, onde for
possível com velas acesas.
5. Usar como
oração eucarística a da Reconciliação I, a mais indicada para hoje.
Rito da Eucaristia
1. Na Oração
sobre as Oferendas, peçamos a Deus que veneremos com fé os dons oferecidos com
alegria pela salvação do mundo.
2. Como não há
prefácio próprio para este domingo, sugerimos a escolha do Prefácio da Quaresma
I que evidencia esperar com alegria a Páscoa. Outra opção é o Prefácio da
Exaltação da Santa Cruz que evidencia Cristo elevado na Cruz, nossa salvação,
página 656 do Missal Romano.
3. O “amém”
final do por Cristo, em Cristo..., que merece a mesma exultação, é a assinatura
do povo à prece que o ministro ordenado, em nome da Igreja, elevou a Deus por
Cristo, com Cristo, em Cristo, na unidade do Espírito Santo. Pelo menos aos
domingos e dias de festa merece ser cantado.
4. A fração do
pão, o nome mais antigo dado à Eucaristia, expressa a unidade dos que comungam
no único pão e no único cálice. É um gesto profético de compromisso eclesial
muito sério e social: quem come do pão que o Senhor reparte para nós
compromete-se a repartir seu pão com o necessitado e a se preocupar com
estruturas sociais mais igualitárias entre classes sociais, povos e
continentes. A fração do pão deve ser uma ação ritual visível, acompanhada
meditativamente pela assembléia com o canto do Cordeiro. Deve-se evitar a
“fração o pão” durante o abraço da paz como muitas vezes acontece e a
assembléia não percebe o significado profundo dessa ação ritual.
5. Ao
apresentar o pão e o vinho, isto é, o convite à comunhão, o presidente da
celebração mostrando o cálice e a ambula ou patena diz o versículo bíblico do
Evangelho de João 8,12 e que se encontra no Missal Romano:
“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não
andará nas trevas, mas terá a luz da vida. Eis o Cordeiro de Deus...”
Ritos Finais
1. Não
esquecer após a comunhão, reservar um tempo para a assembléia fazer um profundo
“silêncio contemplativo” do encontro havido com Deus. Seria bom que até se
fizesse uma breve motivação para esse momento de silêncio orante, previsto pelo
Missal Romano, nº 121, página 57.
2. Lembramos
que, em si, não há necessidade de um “canto de ação de graças” após a comunhão
(como virou costume em muitas comunidades), pois a ação de graças, na verdade,
já aconteceu; foi a Oração Eucarística. O Missal Romano orienta que depois da
comunhão “guardar durante algum tempo um sagrado silêncio...”. Depois do
silêncio contemplativo, “entoar um canto de louvor ou um salmo” (IGMR, nº 121.
Lembramos também que durante a Quaresma omite-se este canto, e conserva-se o
sagrado silêncio.
3. Na Oração
depois da Comunhão, suplicamos a Deus luz de todo ser humano, que ilumine
nossos corações com o esplendor da Sua graça.
4. Uma vez
que a oração depois da comunhão lembra Deus como “luz de todo ser humano”, se
for oportuno, pode-se distribuir as velas a serem usadas na Vigília Pascal, na
Liturgia da Luz. Faça-se uma exortação adequada, partindo do mistério celebrado
e da alegria e esperança cristãs que se enraízam em Deus, no amar abundante,
levando a assembléia a se comprometer em estar presente na Vigília Pascal,
trazendo a vela recebida nesse Quarto Domingo. Se não for oportuno dar a as
velas para toda a assembléia, distribuí-las ao menos aos adultos que receberão
os sacramentos. Por exemplo: “Recebam, irmãos e irmãs, as velas que deveremos
acender no Fogo Novo do Círio Pascal, ao celebrarmos com maior esplendor a
razão de nossa alegria em Deus, que nos salva e nos quer participantes de sua
vida. Guardai com devoção estas velas e lembrai-vos de vir celebrar conosco as
núpcias do Cordeiro Pascal”.
9- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dia por dia,
somos desafiados pelo Cristo crucificado, mas muitas cruzes que vemos, nas
muitas que sofremos. Desafiados pelo sofrimento que se abate sobre o ser
humano, templo de Deus, irmão do Cristo. Somos convidados a tomar uma posição:
mirar-nos na verdade, deixar-nos invadir pela Luz, isto é, pela Cruz se chega à
Luz.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
Assessor Diocesano de Liturgia
Bispado de São José do Rio Preto
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