quarta-feira, 29 de abril de 2015

5º DOMINGO DA PÁSCOA NA RESSURREIÇÃO DO SENHOR - ANO B

03 de maio de 2015

Leituras

     Atos 9,26-31
     Salmo 21/22,26-28.30-32
     1João 3,18-24
     João 15,1-8 

“EU SOU A VIDEIRA E VÓS OS RAMOS”


1- PONTO DE PARTIDA

            Celebramos hoje o domingo da videira e os ramos. Chegamos à quinta semana da Páscoa, portanto, na alegria e na esperança, já vivenciamos a primeira metade do Tempo Pascal e dele colhemos os frutos da ressurreição.

            Jesus Cristo ressuscitado apresenta-se como videira e revela o Pai como agricultor. Ele nos convoca a uma relação de intimidade comparada à dos ramos com o tronco da árvore.

            Celebramos a Páscoa de Jesus que se revela como videira e se manifesta em todas as pessoas e grupos que testemunham um amor concreto, para além dos preconceitos e discriminações.
           
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

            Primeira leitura – Atos 9,26-31. Quanto a primeira leitura de hoje, é bom recordar seu contexto, o capítulo 9 dos Atos dos Apóstolos. Os versículos 1 a 9 descrevem a conversão de Paulo, a “caminho de Damasco”.  Nos versículos 10 a 19, podemos ver seu encontro com a comunidade de Damasco e seu trabalho pastoral junto a essa comunidade (versículos 19-25).

No capítulo 9 dos Atos dos Apóstolos pode-se chegar á conclusão de que Paulo tenha sido vítima das situações que determinaram suas idas e vindas. Ele fugiu de Damasco para escapar das mãos dos judeus. Ao voltar a Jerusalém, de onde ele saiu como perseguidor, Paulo é recebido com muita reserva, porque desconfiam da sua conversão (versículo 26). Por meio de Barnabé que lhe serve de intermediário ou “advogado” (cf. Atos 4,36), ele ganha a cobertura dos apóstolos. Pregando em Jerusalém Paulo tentou reatar o diálogo com os helenistas, ou seja, com os judeus da diáspora cuja língua era o grego, interrompido pelo martírio de Estevão, em que o próprio Paulo desempenhou um papel de cúmplice (cf. Atos 7,58-81). Mas quando constataram que Paulo correu o mesmo risco, os irmãos o levaram para a Cesaréia e o encaminharam para Tarso.

Em nossas comunidades, muitas vezes também encontramos tais atitudes: medo, desconfiança, preconceito, fechamento. Diante da firmeza com que Paulo pregava o nome do Senhor, a própria comunidade foi dando-se conta de que, de fato, ainda não estava convertida. Foi preciso que alguém de fora a provocasse e desse testemunho, para que ela percebesse isto.

O versículo 31, versículo final, é um breve resumo da vida da Igreja: é o Espírito santo que conduz a Igreja na sua caminhada pela história. É este mesmo Espírito que aguardamos na festa de Pentecostes que se aproxima.

            Conforme Atos 22,17-21 não foram as situações que levaram Paulo a sair de Jerusalém e de Judá, da terra dos judeus. Pelo contrário! Paulo as explicou para permanecer aí e pregar aos judeus na própria capital espiritual deles ( versículos 19-20). A sua saída de Jerusalém é conseqüência de uma intervenção do Senhor que, em uma visão no templo, lhe comunicou a sua verdadeira missão através destas palavras: “Vai, porque é para os gentios, para longe, que quero enviar-te” (Atos 22,21).

            Segundo Gálatas 1,18-23 toda a iniciativa teria vindo de Paulo. Fazia três anos que ele pregava o Evangelho aos pagãos, procurou Pedro em Jerusalém. “Fiquei com ele quinze dias... Em seguida fui para as regiões da Síria e da Cilícia (Gálatas 1,18b.21). Neste contexto a estadia de quinze dias em Jerusalém apresenta-se somente como intervalo, uma espécie de visita “ad limina”. Isto sugere que a breve estadia de Paulo em Jerusalém junto aos apóstolos na igreja-mãe marcou um ponto decisivo na sua missão de apóstolo dos pagãos.

            Para o apóstolo Paulo, a evangelização se realiza ao mesmo tempo em dois ambientes juntos: o mundo judeu, evangelizado por Pedro, e o mundo pagão, do qual se julga responsável (Gálatas 2,9) ao ponto de descuidar toda a referência a Jerusalém. São Lucas reage contra esta concepção que causa divisão na evangelização, insistindo na unidade do movimento missionário, que teve origem em Jerusalém, e estendendo-se até os confins das nações (Atos 1,8). Daí a tendência de aproximação das duas figuras de Pedro e de Paulo (comparar Atos 15,1-12 e Gálatas 2,11-14). Lucas liga a ação missionária de Paulo à comunidade de Jerusalém (Atos 9,26-31), enquanto que Paulo diminui seus contatos com Jerusalém (Gálatas 1,18-19).

            Lucas defende, assim, a unidade organizadora da missão na Igreja, que a especialização das funções e a repartição de influência não pode colocar em questão.

            A preocupação com a unidade da missão a partir da Igreja-mãe de Jerusalém não cega, contudo, São Lucas.  Ele está consciente das imperfeições desta igreja e se for necessário que toda a missão venha dela para garantir sua unidade (um pouco como “era preciso” que Jesus subisse a Jerusalém: Lucas 9,51), este privilégio não esconde suas deficiências.

            A vontade de Lucas, de fazer a partir de Jerusalém toda a missão da Igreja, não é somente a expressão de sua preocupação em ver cumpridas as profecias anunciando a salvação das nações em Jerusalém (Isaias 60; Zacarias 14), nem um meio fácil de organizar os capítulos do seu livro em círculos concentrados a partir da cidade, mas uma preocupação doutrinal: a afirmação da única missão, simbolizada pela cidade de Jerusalém (cf. Salmo 121/122; Salmo 47/48; Lucas 24,47-49)
            Salmo responsorial – Salmo 21,22, 26-28.30-32. O salmo 21/22 revela um grande e terrível conflito entro o justo e os injustos, mostrando que surgiu uma sociedade desigual, conflitiva e violenta (talvez se trate de conflito no campo)

Este salmo se refere ao festim messiânico. No versículo 27 o salmista anuncia que os que louvam o Senhor e procura o Senhor, terá vida longa e feliz. Seria afirmar nessas palavras: que o vosso coração viva para sempre! São votos de boa saúde, dirigidos a quem participava de uma refeição sacrifical (cf. Salmo 69/68,33.

O rosto de Deus no Salmo 21/22. Há uma relação íntima e pessoal entre o justo e Deus, a ponto de chamá-lo de “meu Deus”. Por causa desse Deus da Aliança é que essa pessoa tem a coragem e a confiança de clamar. A imagem mais bela de Deus neste Salmo é, portanto, a do Deus que ouve o clamor do pobre injustiçado e o liberta, fazendo-o cantar hinos de louvor (versículos 23-27).

De acordo com Marcos 15,34 e Mateus 27,46, Jesus rezou a primeira parte deste Salmo na Cruz que está na liturgia do Domingo de Ramos. Ele, portanto, é o justo inocente que clama confiante. E Deus lhe responde com a ressurreição. Mas é oportuno prestar atenção também em todos os clamores que Jesus ouviu e atendeu ao longo da vida. Ele é, portanto, a resposta do Deus que ouve os clamores e liberta.

Como resposta à Palavra de infinito amor de nosso Deus, cantamos, pelo Salmo 21/22, um hino de ação de graças e de adoração ao Senhor nosso Deus. Cantando este Salmo em nossas celebrações, agradeçamos ao Senhor Deus que jamais abandona quem nele põe a sua confiança. Peçamos que nos sustente em nossa luta de cada dia por uma história nova, alicerçada na justiça e na paz.

Segunda leitura – 1João 3,18-24. Na segunda leitura de hoje, o Apóstolo João acentua que recebemos do Senhor este grande mandamento: “Que amemos uns aos outros”. Ele afirma que “permanecer em Deus” significa guardar seus mandamentos, todos eles contidos no grande mandamento do amor. João afirma, ainda, que, pelo Espírito Santo, sabemos que Deus permanece em nós. O mesmo Espírito quem segundo informa o livro dos Atos dos Apóstolos, ajudava (e ajuda) a Igreja de Cristo a crescer.

O ambiente do texto é de afeto, isto é, um diminutivo afetuoso quando diz Filhinhos. João afirma que o seguidor de Jesus deve ter compaixão, como Ele teve (Hebreus 2,16ss; 4,15; 5,2; Efésios 4,32; 1Pedro 3,8). Não é cristão um coração insensível. O amor é sinal da presença ativa do amor de Deus nos cristãos. Não bastam palavras, é preciso amar de maneira concreta (versículo 18; cf. Tiago 2,15s; mas com ações e de verdade. Como diz um provérbio popular: obras são amores e não boas razões. A sinceridade do amor se prova com atos.

Amar de verdade é amar como Jesus amou na cruz (1João 3,16): este é o critério! Toda a obra, que se fizer em favor dos irmãos, merece ser feita com o amor que Jesus teve na cruz. O Senhor e o discípulo são uma coisa só: conhecer de verdade (versículo 19), paz e tranqüilidade de consciência (versículo 20), confiança em Deus (versículo 21), eficácia de oração (versículo 22), amor e fé (versículo 23), comunhão com Deus atestada pelo Espírito Santo (versículo 24).

Somente a prática da caridade revela se somos “da verdade”, isto é, filhos de Deus (versículo 19), que se exerce a caridade sem hipocrisia (1Pedro 1,22; Romanos 12,9; 2Coríntios 6,6). Por “verdade”, aqui, compreende-se a verdade divina que mora no cristão (1João 1,8; 2,4).

Se não somos de Deus, não haverá amor verdadeiro. Se houver, ao invés, amor sem hipocrisia, é porque estamos em comunhão com Deus. O cristão, que assim age, está no caminho reto, pode ficar tranqüilo, estar em paz, porque, mesmo que a consciência acuse algo, Deus é maior.

Para o apóstolo João, o que é mais fundamental e agradável a Deus é a fé em Jesus Cristo, aliada com a caridade fraterna. Essa fé não é só somente uma ligação intelectual, não é só receptiva, mas viva e plena, que se concretiza no amor fraterno, na conduta moral como obediência absoluta e sem limites aos preceitos divinos.

O apóstolo João lembra em primeiro lugar um princípio que lhe é caro: assim como não podemos contentar com um conhecimento abstrato de Deus, assim também não podemos amar nossos irmãos e irmãs somente com palavras (versículo 18).

O mandamento que nos dá segurança diante de Deus e que garante sua permanência entre nós é duplo: crer no nome de Jesus Cristo e amar uns aos outros (versículo 23). João apresenta estes dois aspectos de tal maneira que parecem constituir apenas um. Com efeito, julga que não há duas virtudes separadas uma da outra: de um lado, a fé, do outro, a caridade; elas são as dimensões vertical e horizontal, mas ao mesmo tempo, de uma única atitude (cf. João 13,34-46; 15,12-17). Somos filhos de Deus por nossa fé, e a caridade fraterna nasce desta filiação (1João 2,3-11).

Não é fácil conservarmos ao mesmo tempo a dimensão horizontal e a dimensão vertical do mandamento de Deus. Hoje, particularmente, o cristão tenta procurar um amor fraterno mais verdadeiro e universal, mas sem referência a Deus, esquecendo-se de que o amor mergulha suas raízes na própria vida de Deus.

Crer em Jesus Cristo, como pede o apóstolo João, é crer que o Pai ama todas as pessoas através de seu próprio Filho, é querer participar desta mediação de amor, é, ainda, admitir que Jesus respondeu de maneira única ao amor do Pai e querer imitar sua renúncia e sua obediência de filhos.

A Eucaristia relaciona os cristãos ao mesmo tempo com Deus e com as pessoas. Ela não os reúne para que, em primeiro lugar, rendam graças a Deus e, em seguida, voltem-se para os outros: a ação das duas atitudes juntas constitui sua própria essência.

Evangelho – João 15,1-8. Em João 15,1-8 e 15,9-17 (5º e 6º Domingo da Páscoa Ano B) formam um conjunto: a alegoria da vinha e dos ramos.

O Evangelho deste domingo da Páscoa situa-nos em Jerusalém, numa noite de quinta-feira, um dia antes da festa da Páscoa. Jesus está reunido com os seus discípulos à volta de uma mesa, numa ceia de despedida. Ele está consciente de que os dirigentes judaicos decidiram dar-lhe a morte e que a cruz está no seu horizonte próximo.

Os gestos e as palavras de Jesus, neste contexto, representam as suas últimas indicações, o seu “testamento”. Os discípulos recebem, aqui, as orientações para poderem continuar, no mundo, a missão de Jesus.

Assim, temos a belíssima comparação de Cristo como videira e de seus discípulos, que somos nós, como seus ramos. O texto mostra que afastado da videira, o ramo seca e só serve para ser queimado, isto é, não pode mais contribuir para a vida. O ramo afastado seca porque ele não recebe mais a seiva para alimentá-lo, fortalecê-lo. A seiva é a vida da videira, como Cristo é nossa vida. Afastados Dele, secaremos, não serviremos mais para o florescimento do Reino de Deus.

“Eu sou a videira verdadeira”, é uma das fórmulas Eu sou + imagem que ocorre, no Evangelho de João (cf. João 6,35: “Eu sou o pão da vida”; 8,12”Eu sou a luz do mundo; 10,7: “Eu sou a porta das ovelhas; 10,11: “Eu sou o bom pastor”; 11,25: “Eu sou a ressurreição e a vida”; 14,6: (“Eu sou o caminho, a verdade e a vida”). Pode ser invocações litúrgicas da Igreja do evangelista João, comentadas nos discursos de revelação de Jesus. A semelhança de João 15 com o a simbologia do pastor e do rebanho, em João 10, é clara.

            O Evangelho desse domingo faz parte do segundo discurso após a Ceia com seus discípulos. Cristo insiste na força das uniões que se estabelece entre Ele e os cristãos de todos os tempos, (João 15,4.6.7.10) e que serão reforçados pelo envio do Espírito Santo (João 16,7.13). Emprega, para isso a alegoria da vinha.

            A vinha simboliza tradicionalmente a Terra Prometida (Números 13,23), mas principalmente o Povo eleito, vinha que produzia, aliás, mais freqüentemente uvas azedas que vinho (Oséias 10,1; Isaias 5,1-7; Jeremias 2,21; 5,10; 12,10-11; Ezequiel 15,1-6; 17,5-10; 19,10-14; Salmo 79/809-16), isto é, “esperava a justiça, mas o que apareceu foram gritos de desespero” (Isaias 5,7). Ao indicar a si mesmo como verdadeira vinha (versículo 1), talvez Cristo tenha tido a intenção de substituir-se ao povo antigo para proporcionar, enfim, a seu Pai, o bom vinho da fidelidade.

            Mas esta explicação não esgota o símbolo da vinha em João 15. Com certeza, Cristo se serve dessa comparação para destacar, como no Eclesiástico 24,17-20, a comunicação da vida divina. Teríamos, assim, uma imagem da vinha da vida paralela à do pão da vida (João 6), e o tema da vinha seria, então, discretamente eucarístico. Aliás, encontramos em João 15 os mesmos temas que em João 6,: a idéia de “permanecer em mim” (João 6,56; João 15,5).

            Toda a fidelidade que Deus esperava do povo eleito, encontra agora em Jesus Cristo, a verdadeira vinha. Nasce uma Nova Aliança, porque a fidelidade de Jesus, traduzindo-se na obediência até a Cruz, não foi gerada pelos recursos das pessoas: é a fidelidade do Filho Eterno colocada ao alcance das pessoas.

            Jesus é de Deus, e Dele são também os ramos da videira, os cristãos, enquanto pertencem a Jesus. Na segunda aplicação, a idéia da poda ou purificação, o sujeito agente é o agricultor, portanto, o Pai mesmo. Temos aqui uma visão própria de João: pela Palavra de Jesus (versículo 3), o Pai exerce a krisis, a separação entre o que é salvo e o que é rejeitado (cf. João 3,18ss); 5,24ss; 8,50s; 12,47ss). Porém, a imagem é mais complexa. Não indica apenas a separação entre aqueles que crêem e os que não crêem na Palavra. Diz ainda que os que crêem são podados pela Palavra. Duas boas maneiras de explicar isto seja talvez a comparação com o adolescente, que quer ser tudo e não consegue ser nada, até que se decide a “podar” uma série de coisas da sua vida e assim, pondo limites a si mesmo realiza sua personalidade. Outra questão interessante é uma lavoura de café e do algodão. Se não desbrotar no tempo certo (tirar os brotos) o lavrador não terá uma colheita abundante. A lavoura de algodão tem que ralear, isto é, arrancar os que estão a mais para que tenha uma colheita boa. Seria comparado com a poda da lavoura de uva. Isto significa que o cristão se realiza enquanto é podado pela Palavra de Cristo para uma conversão contínua. Limitando sua existência dentro das coordenadas desenhadas pelo mandamento de Cristo – mandamento do amor fraterno – ele se torna personalidade cristã. Assim produz fruto.

            A poda é um processo necessário e importante para que se produzam bons frutos. É preciso fazer a poda, isto é, limpar os galhos das impurezas, retirar-lhes o supérfluo que impede a brotação. Essa imagem tão rica em simbolismo mostra que todos os cristãos também necessitam sofrer um processo de poda, de limpeza, de retira de supérfluo para que a seiva do amor de Cristo circule forte e livremente e manifeste-se em frutos vigorosos.

            A outra explicação considera a união de vida entre a videira e os ramos. Agora, o agricultor não é mais considerado porque a videira mesma é o centro da atenção. Por um jogo de palavras com a preposição em, se pode dizer que os ramos ficam na videira e a videira (por sua seiva) nos ramos. Isto significa que sem a ligação com a pessoa de Jesus Cristo não se pode fazer nada no que se refere à salvação. Analisando sem os olhos da fé, parece fanatismo. A mensagem que está atrás desta insistência exclusivista é a rejeição de Jesus como Messias por parte do judaísmo e a atitude dos gnósticos, que só se interessavam nos belos pensamentos de Jesus, mas o querem tornar supérfluo como pessoa histórica, principalmente como homem realmente humano e sofredor. Contra estas tendências, João diz: sem Cristo, não há fruto de salvação. O fruto será em primeiro lugar a conversão, a fé.

            Um detalhe interessante é o uso do verbo “permanecer”, que á a palavra-chave deste texto (do versículo 4 ao versículo 8, aparece sete vezes).Expressa a confirmação ou renovação de uma atitude antes assumida. Supõe que o discípulo e a discípula já tenham, anteriormente, aderidos a Jesus Cristo e que essa adesão adquira, agora, estatuto de solidez, de estabilidade, de constância, de continuidade. É um convite a que os discípulos mantenham a sua ligação com Jesus, a sua identificação com Ele, a sua comunhão com Ele.

3- FUNÇÃO NA LITURGIA

Se a leitura do Evangelho não oferece uma ligação evidente com a primeira leitura dos Atos dos Apóstolos, tanto mais evidente é a ligação com a segunda leitura, tirada da primeira carta de João e expressando as idéias da observância do mandamento do Senhor, a recepção dos nossos pedidos e o “permanecer em Deus”. São as mesmas idéias de João 15,4-8. Formam, portanto, o eixo central da liturgia desse domingo. Além disto, se deve observar que estamos no Tempo Pascal: a liturgia sensibiliza os fiéis pela união da vida dos cristãos com o Cristo Ressuscitado, aliás, o único com o qual podemos nos unir realmente. Sua ressurreição é condição para a nossa união com Ele. Em outras palavras, não se propõe aqui uma imitação mecânica do Jesus terrestre, mas, no reconhecimento que aquele que morreu na cruz foi ressuscitado por Deus, Ele se torna uma presença fundamental para os cristãos e sua Palavra o rumo de nossa vida, unindo-nos existencialmente com Ele e com o Pai.

            A vinha da Nova Aliança produz um fruto abundante que se chama o amor: amor dos homens idêntico ao que o Pai tem para com eles; amor “podado”, pois teve que purificar-se do egoísmo; amor que só pode ter êxito, participando do amor de Cristo. A Igreja é isso.

            Na realidade do vinho da Eucaristia encontramos ao mesmo tempo o amor de Deus que tanto amou as pessoas que lhes deu seu Filho, e a fidelidade humana de Jesus “podada” de todo egoísmo.
  
4- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

            O temporal passou... saímos à rua... nos deparamos com um triste cenário: galhos e mais galhos quebrados, jogados ao chão. Já não podem mais cumprir seu papel vital de oferecer sombra, de florescer, de dar frutos. Ali, esparramados pelas calçadas e ruas, ficam aguardando que alguém os recolha, que os leve como entulho.Esses galhos não mais viverão, pois foram afastados da árvore que lhes oferecia a vida. Em um lindo dia de sol, no entanto... saímos à rua... nos deparamos com funcionários da prefeitura podando as árvores  da praça, vemos a dona de casa que poda as árvores de seu jardim. Esse procedimento é essencial para as plantas, para que a vida nelas se renove e com maior beleza e vigor nasçam novas folhas, novos frutos.

            Nós também e nossas comunidades precisamos de momentos de poda, de limpeza, de purificação, que nos propiciem a renovação da vida espiritual, que liberem o caminho para a seiva de amor que nos sustentem. Tal ocasião ocorre, de maneira privilegiada, na Páscoa semanal, celebrada a cada domingo, dia do Senhor. Na celebração eucarística, a Páscoa de Cristo realiza-se em nós e nossa Páscoa se realiza em Cristo, pois Cristo entregou-se ao Pai por nós e nós, com Cristo, nos oferecemos ao Pai.

            Na continuação do capítulo 15 de São João, cujo início lemos hoje, Cristo explicita: “Este é o meu mandamento, amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. A seiva que perpassa os ramos distribuindo-lhes vida é o amor, ela nutre a vida do cristão. Enquanto ela continuar a atingir os ramos, estes continuarão a produzir e a multiplicar a presença de Deus entre os seres humanos. Assim, enquanto permanecemos unidos a Cristo, continuamos a receber a seiva do amor e, ao receber essa fonte de vida, podemos frutificá-la, isto é, pelo fruto de nossos bons atos, levá-la às outras pessoas.

            Para que as pessoas melhor compreendessem quem Ele era, Cristo recorria a figuras do cotidiano, por isso atribui-se diferentes imagens: caminho, luz, videira. No Evangelho deste domingo, Ele retoma a imagem da videira: “Eu sou a videira, vocês os ramos”. Utilizando-se dessa comparação, Ele apresenta um forte desafio: “Fiquem unidos a mim e eu ficarei unido a vocês”. Tal desafio é proposto, hoje, a cada um de nós. Queremos, efetivamente, ser ramos unidos à videira? Que temos a fazer para não sermos cortados como ramos imprestáveis? A resposta, apresentada por São João nos capítulos 13 a 14, vem-nos do próprio Cristo: fazer o que Ele fez. Isso significa cumprir seus mandamentos, o maior dos quais explicita: “amai-vos uns aos outros”. A essência do Evangelho de hoje nos remete, portanto, à questão de como estamos amando nosso próximo no cotidiano de nossas vidas. O apóstolo João adverte-nos: “Não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade!”. Mas cuidado! Não façamos confusão entre amar com ações e ativismo. Ações, aqui, adquirem o significado de construir o Reino de Deus, que se realiza pelo fazer e também pelo contemplar, duas dimensões complementares.

            Como ramos produtores de bons frutos, possamos ajudar que a Igreja de Cristo realize, hoje, o que realizava nos primeiros tempos: “Consolidava-se e progredia no temor do Senhor e crescia em número com a ajuda do Espírito Santo”.

5- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

Toda metáfora guarda os seus limites, também a metáfora Fo Evangelho não detalha toda a nossa relação com Deus. É preciso pensar que, ao nos ligarmos com Cristo, estaremos também ligados aos demais ramos dessa videira., isto é, os irmãos e irmãs. Entretanto, nem sempre as relações na comunidade são lineares e fluem como deveriam. Os ramos, em contínuo cuidado (recebendo a seiva e as podas...), ainda que ligados a Cristo, estão em processo de crescimento, amadurecimento e produção de folhas e frutos. Entrar na comunhão com a videira significa admitir o ritmo alheio, reconhecer falhas (pessoais, dois irmãos e do grupo) e desejar permanecer unidos nesse corpo que, mesmo com fragilidades e contradições, continua ligado ao Senhor. Entrar na comunhão dos ramos significa também desejar incluir os que estão de fora e entender que são diferentes os níveis de participação. Muitas vezes temos dificuldade de acolher o “diferente”.

Alguns são muito de dentro, pois no seu processo amadurecem assim. Outros, não tão de dentro, amadureceram de outra forma que não aquela costumeira. A Videira que é Cristo tem para esses ramos outros alcances que nem conseguimos ver... Nem todo mundo precisa ser de dentro da Igreja (pastorais, coordenação e grupos). A extensão da Videira exige que tenhamos irmãos e irmãs nos hospitais, nas escolas, na política, na cultura, nas ONGS e no mundo do trabalho. Lá também se alastram e frutificam os ramos da única Videira que é Cristo. Importa que sempre encontrem, na comunidade, um porto onde ancorar, um “lugar” para nutrir sua fé e sua missão.

6- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

            A comunidade cristã é o lugar privilegiado para o encontro com Cristo, “a verdadeira videira”, da qual somos os “ramos”. É no âmbito da comunidade que celebramos e experimentamos – no batismo, na eucaristia, na reconciliação – a vida nova que brota de Cristo. A comunidade cristã é o corpo de Cristo e um membro amputado do corpo é um membro condenado à morte... Por vezes, a comunidade crista, com as suas misérias, fragilidades e incompreensões, decepciona-nos e magoa-nos; sentimos que a comunidade segue por caminhos nos quais não nos revemos... Surge, então, a tentação de nos afastar, de vivermos a nossa relação com Cristo à margem da comunidade cristã. Contudo, não é possível continuar unido a Cristo e receber a vida de Cristo, em ruptura com os nossos irmãos e irmãs na fé.

            A cada domingo, nos reunimos em assembléia pra celebrar, com alegria, a Páscoa do Senhor, e com maior júbilo o fazemos neste solene Tempo Pascal.
            Hoje, conforme expressa o oração do dia, queremos pedir a Deus, Pai de bondade, que nos conceda a sua herança eterna e nos conduza à verdadeira liberdade. Ao orar sobre as oferendas, o padre, em nome da assembléia, completa esse pedido e solicita que o Pai conceda “que sejamos fiéis por toda a vida”. Na oração após a comunhão, completamos nossos pedidos, requerendo que Deus permaneça entre nós e que, por sua bondade, possamos passar “da antiga à nova vida”, à vida de plenitude que Cristo nos garantiu ao destruir a morte por seu sacrifício na Cruz.

            Neste domingo, portanto, nossas orações seguem uma linha de súplica, de petição. Pedimos a liberdade, a herança, ser fiéis, passar para a nova vida com a intenção de sermos um ramo que permanece unido à videira e, assim, de muito fruto.

            Possamos, nesta celebração do mistério pascal, renovar nossa ligação com Cristo e a seus mandamentos e expressar, por nossas preces, “sim, eu quero ser ramo que permanece unido e purificado pelo Pai, dar muitos frutos”.

7. ORIENTAÇÕES GERAIS

1. Dar destaque durante o Tempo Pascal para a água batismal. Onde há pia batismal, ela deve ser o ponto de referência para a realização de ritos como aspersão, renovação de promessas, compromissos. Onde não há pia batismal, preparar alguma vasilha de cerâmica, de preferência junto do Círio Pascal.

2. O Tempo Pascal é, muito indicado, liturgicamente, para as celebrações da Crisma e da primeira eucaristia, numa continuidade com a noite batismal da Páscoa.

3. A equipe de celebração, além de zelar pelo clima favorável à participação da assembléia, cuide para que cada ministério seja bem executado e tenha a devida preparação. Deve também acolher com carinho as pessoas que chegam para participar da celebração.

4. No mural da entrada, colocar um cartaz com uma árvore com os ramos bem destacados.

8- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo Pascal, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. A função da equipe de canto não é simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 5º Domingo da Páscoa. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico, com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembleia, “inseri-la no mistério celebrado” (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico II da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão gravados no CD: Liturgia X, Tempo Pascal Ano B. Encontramos também no Ofício Divino das Comunidades ótimas opções.

1. Canto de abertura. Deus me livra da armadilha (Salmo 24/25,15-16) / “Derramarei sobre vós uma água pura”(Ezequiel 36,23-26) ou “Cristo ressuscitou verdadeiramente” (Apocalipse 1,6). “O Senhor ressurgiu, aleluia, aleluia”, CD: Liturgia X, melodia da faixa 1.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico II da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão gravados no CD: Liturgia X.

2. Refrão para o acendimento do Círio Pascal. “Cristo-Luz, ó Luz, ó Luz bendita...”, CD: Festas Litúrgicas I, melodia da faixa 9; “Salve Luz eterna, és tu Jesus...”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 292.

3. Canto para acompanhar a aspersão com a água. “Eu vi foi água”, CD: Tríduo Pascal II, melodia da faixa 12 ou Hinário Litúrgico II da CNBB, página 225; “Banhados em Cristo”, CD: Tríduo Pascal II, melodia da faixa 11 ou Hinário Litúrgico II da CNBB, página 196. Outra opção é o refrão: “Jesus o seu batismo na Páscoa completou, passou as grandes águas o mar atravessou, abrindo o caminho, teu povo libertou”. (bis). Mesma música do domingo de Ramos “os filhos dos hebreus”.

4. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas I, Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria e outros compositores.

O Hino de Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia.

5. Salmo responsorial 21/22. Conversão universal. “Senhor, sois meu louvor em meio à grande assembléia!”, CD: Liturgia X melodia igual a faixa 8.

6. Aclamação ao Evangelho. A comunhão com Cristo e seus frutos, (João 15,4.5b). “Aleluia... Ficai em mim, e eu em vós hei de ficar, diz o Senhor”, CD: Liturgia X, melodia igual a faixa 3. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical ou a versão do CD.

7. Apresentação dos dons. O canto de apresentação das oferendas, conforme orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração, no Tempo Pascal. “Cristo ressuscitou, o sertão se abriu em flor”, CD: Liturgia X, melodia da faixa 12.

8. Canto de comunhão. Permanecer em Cristo (João 15,1-5). “Eu sou a videira, meu Pai é o agricultor”, CD: Liturgia X, melodia da faixa 13. Este canto é o mais apropriado para a celebração deste Domingo.

O canto de comunhão deve retomar o sentido do Evangelho do 5º Domingo da Páscoa onde contemplamos o Cristo-Videira e nós os ramos. Esta é a sua função ministerial. A liturgia de cada Domingo, principalmente de hoje oferece para realçar o relação entre “a Mesa da Palavra” e “a Mesa Eucarística”, mediante o simbolismo do vinho. O Canto de Comunhão sugere esta ligação. A linguagem dos símbolos poderá visualizar que a “Videira verdadeira” produziu, como primeiro de seus frutos, o “vinho da salvação”, isto é, o sangue derramado na Cruz. Os nosso frutos deverão ser da mesma natureza.

9- ESPAÇO CELEBRATIVO

1. O espaço celebrativo deve remeter à alegria do Tempo Pascal: as flores, o Círio Pascal e a fonte batismal devidamente ornamentados. Onde for possível, as alfaias brancas com elementos dourados remeterão à vitória. É importante que o espaço celebrativo da Vigília Pascal continue o mesmo para todo o Tempo Pascal. A Tradição Romana usa a cor branca neste tempo. Talvez, de acordo com a nossa cultura, podemos caprichar, usando o dourado ou várias cores fortes. O Tempo Pascal não é nada mais, nada menos do que a própria celebração da Páscoa prolongada durante sete semanas de júbilo e de alegria. É o tempo da alegria, que culmina na festa de Pentecostes. Tudo isso deve ficar evidente no espaço da celebração.

2. O Círio Pascal deve estar sempre presente, junto à Mesa da Palavra em todas as celebrações do Tempo Pascal. É importante que o Círio seja aceso no início da celebração, após o canto de abertura, enquanto a assembléia entoa um refrão pascal. Ele é o sinal do Cristo ressuscitado, Senhor de nossas vidas.

3. Sugerimos colocar, próximo ao Círio Pascal, as faixas jogadas ao chão e o véu dobrado como os discípulos encontraram ao entrar no sepulcro mantendo a ligação com a Vigília Pascal-Domingo de Páscoa.

            4. Colocar na frente do Ambão um tronco com ramos, e se possível com flores ou frutos e ao lado um galho bem seco sem vida. Isso ajudará a visualizar o mistério da comunhão com Cristo proclamado no Evangelho. O galho seco nos ajudará a ver a situação de quando não estamos ligados com Cristo-Videira.

10. AÇÃO RITUAL

Celebramos a salvação que Deus nos oferece na comunhão com Cristo que se realiza na comunhão dos irmãos e irmãs. Deus nos constitui a todos sinais de sua presença quando nos uniu a Jesus pelo Batismo. Em cada Missa fortalecemos essa comunhão. Também sobre nós se oferece aquela Palavra que Jesus diz hoje “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós” (João 15,4a).

Ritos Iniciais

1. Na procissão de entrada entrar com as pessoas que foram batizadas ou pessoas que receberam um dos sacramentos na Vigília Pascal, ou crianças com vestes brancas. Além da cruz processional, podem ser levados símbolos da caminhada pastoral da comunidade.

2. Dar particular destaque à acolhida do Círio Pascal. Por exemplo, após o canto de abertura, fazer um pequeno lucernário, solenizando o acendimento do Círio Pascal: uma pessoa acende o Círio e diz: “Bendita sejas, Deus da Vida, pela ressurreição de Jesus Cristo e por essa luz radiante!”. Ou outros refrões que revela o sentido pascal: “Salve, luz eterna és tu, Jesus!/ Teu clarão é a fé que nos conduz! (Hinário II, pág. 292). “Cristo-Luz, ó Luz bendita,/ Vinde nos iluminar!/ Luz do mundo, Luz da Vida,/ Ensinai-nos a amar! A seguir, incensa o Círio pascal e a comunidade reunida.

3. Se a comunidade tiver dificuldade para fazer este pequeno lucernário, a procissão de entrada pode ter à frente o Círio Pascal aceso. Neste caso, não se us a cruz processional, que permanece em seu lugar de costume.

4. Logo após o beijo do Altar e terminado o canto de abertura, sugerimos que a saudação do presidente seja a fórmula “c” do Missal Romano inspirada em 2Tessalonicensses 3,5:

“O Senhor, que encaminha os nossos corações para o amor de Deus e a constância de Cristo, esteja convosco”.

5. Após a saudação inicial o presidente, o diácono ou outra pessoa introduz a assembléia no mistério celebrado.

Domingo da videira e os ramos. Celebramos a Páscoa de Jesus Cristo que se revela como videira e se manifesta em todas as pessoas e grupos um amor concreto, para além dos preconceitos e discriminações. Já vivenciamos a primeira metade do Tempo Pascal e dele colhemos os frutos da ressurreição.

6. Substituir o ato penitencial pelo rito de aspersão com a água (se possível perfumada) que foi abençoada na Vigília Pascal. Ajudar a comunidade a aprofundar sua consagração batismal. Não havendo água abençoada na Vigília Pascal, o ministro reza o oração de bênção conforme o Tempo Pascal que está no Missal Romano página 1002. No ato da aspersão, a assembléia canta: “Banhados em Cristo, somos u’a nova criatura./ As coisas antigas já se passaram,/ Somos nascidos de novo./ Aleluia, aleluia, aleluia! Outra opção é o canto “Eu vi foi água”. Outro refrão oportuno para a aspesão:  “Jesus o seu batismo na Páscoa completou, passou as grandes águas o mar atravessou, abrindo o caminho, teu povo libertou. (bis). Mesma música do domingo de Ramos “os filhos dos hebreus”. Ver em Música Ritual.

7. Cantar com vibração o Hino de louvor. Durante a Quaresma ele foi silenciado, agora deve ser cantado com exultação porque é o Hino Pascal.
8. A nossa adoção filial se dá no Batismo. Na Oração do Dia com a confiança de filhos e filhas, peçamos ao Pai, a verdadeira liberdade e a herança eterna. Esta oração é inspirada em João 8,31s: a liberdade dos filhos de Deus, filhos adotivos, por certo, mas verdadeiramente “gente da casa” para Deus, e herdeiros de sua graça e vida.

Rito da Palavra

1. Os ramos da Videira são nutridos pela seiva do Espírito. Tal Seiva chega a eles pela Palavra e pela Eucaristia. Cuide-se para que a proclamação dos textos bíblicos alimente a fé da comunidade e para que o rito eucarístico permita, também pelo cuidado e esforço da comunidade, fazer chegar mais abundantemente a Seiva do Espirito os ramos (os fiéis).
             
            2. Hábitos, como comentários e anúncio do nome dos leitores são cada vez mais dispensáveis, quando compreendemos que é o próprio Cristo que proclama a primeira leitura, o salmo, a segunda leitura e o Evangelho (Isaias 61,1-2; cf. Lucas 4,18-19.21). É Cristo que fala pela boca dos leitores que estão a serviço da comunidade. O que precisa mesmo é uma boa proclamação e não acessórios que nada acrescentam na nossa relação com Deus.

3. Após as leituras, o salmo e a homilia, prever momentos de silêncio, para fortalecer a atitude de acolhida da Palavra em nossa vida e em nossa ação.

4. Na profissão de fé, convidar os que receberam os sacramentos na Vigília Pascal para se aproximarem do Círio Pascal com velas acesas simbolizando a ligação deles com Cristo-Videira.

Rito da Eucaristia

1. Seria muito oportuno que o presidente da celebração fizesse a oração de apresentação dos dons em voz alta após o canto das oferendas. “Bendito sejais, Senhor Deus do universo pelo pão que recebemos da vossa bondade...”.

2. Na Oração sobre as Oferendas, somos chamados a participar da Única e Suprema divindade do nosso Deus. Assim conhecemos a verdade de Deus e lhe ser fiel.

3. Seria oportuno escolher o Prefácio da Páscoa IV no qual contemplamos Cristo como plenitude da vida: “Dele recebemos a vida que possui em plenitude”. Onde for possível, cantar o Prefácio e, nas celebrações da Palavra, cantar a louvação pascal com a melodia da louvação do Natal Hinário I da CNBB, pag. 74, e a letra do Hinário Litúrgico II da CNBB, pag. 156.
               
4. Motivar o abraço da paz como a paz do Ressuscitado. Não se trata de um momento de confraternização, nem momento para cantar. O rito mais importante é o que vem a seguir, ou seja, a fração do pão, que deve ser uma ação visível acompanhada pela assembléia com o canto do Cordeiro.

            5. Dar realce ao gesto da “fração do pão”. Cristo nosso Páscoa, é o Cordeiro-Videira imolado, Pão Vivo e verdadeiro. Um (uma) solista canta: “Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo. A assembléia responde: Tende piedade nós...  Deve ser executado assim, para não perder o caráter de ladainha.
     
6. De acordo com as orientações em vigor, a comunhão pode ser sob as duas espécies para toda a comunidade. “A comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas espécies. Sob essa forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico no Reino do Pai” (IGMR, nº 240).

Ritos Finais

1. Na Oração depois da Comunhão, peçamos que Deus permaneça junto de nós para que passemos da antiga à nova vida.

2. Antes da bênção final, seria oportuno contar com testemunho de algum irmão, que não participa de grupo, apenas das celebrações, mas está dando frutos na sociedade, nos ambientes onde vive.

            3. Dar a bênção solene da Páscoa, conforme o Missal Romano, página 523, não deixando que as celebrações desse período percam seu caráter festivo e especial do Ano Litúrgico.

            4. As palavras do envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: “Eu sou a videira e vós os ramos”. Ide em paz, e o Senhor vos acompanhe, aleluia, aleluia!

Todos: Graças a Deus, aleluia, aleluia!

10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Não depende de nós a existência da videira que é Jesus e dos ramos que somos nós. O Pai nos criou no Filho Jesus Cristo, como imagens e semelhanças de Jesus. Mas depende totalmente de nós sermos ramos vivos ou mortos, darmos frutos ou apenas vegetarmos. O Evangelho nos garante: “Se vocês derem muitos frutos, meu Pai será glorificado. Se vocês derem muitos frutos serão, então meus discípulos” (João 15,8). Glorificando o Pai e sendo discípulos e discípulas de Jesus, estaremos para sempre no Reino de Deus. A nossa vida terá sido útil e será eternamente vida feliz.

            Celebremos nossa Páscoa, na pureza e na verdade, aleluia, aleluia.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
           

Pe. Benedito Mazeti


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