26 de abril de 2015
Leituras
Atos 4,8-12. Jesus tornou-se a pedra
angular.
Salmo 117/118,1.8-9.21-23.26.28-29. Dai
graças ao Senhor, porque ele é bom.
1João 3,1-2. Desde já somos filhos de
Deus.
João 10,11-18. Eu sou o bom pastor.
“O BOM PASTOR DÁ A VIDA PELAS OVELHAS”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo do Bom
Pastor. O quarto domingo da Páscoa é denominado o domingo do Bom Pastor. É
também Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Refletimos sobre aquele que
oferece livremente a sua vida para a redenção da humanidade. Jesus ressuscitado
como Bom Pastor, revela ternura e cuidado para com seu povo, em especial com os
pobres e sofredores.
O povo reunido
pela escuta da voz do Bom pastor precisa manter-se unido e ser conduzido por
dedicados líderes. Por isso, nesse “Domingo do Bom Pastor” realizamos a Jornada
Mundial de Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas. A nossa oração
dirigi-se aos já assumiram a sua missão e pelo surgimento de muitas vocações.
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Primeira leitura – Atos 4,8-12. Pedro e
João, presos pelo Sinédrio, cuja autoridade não desconhecem, o qual lhes pede
justificativas de sua pregação cristã. A cura do enfermo, junto à porta “Formosa”,
incomodou as autoridades religiosas judaicas. Crescia maravilhosamente o número
de adeptos do Cristianismo que punha em perigo a religião judaica. Diante da
situação intimaram os apóstolos e os proibiram de anunciar o Evangelho. Pedro e
João responderam com delicadeza e franqueza que não era possível calar, mas era
necessário obedecer a Deus, do que aos homens (Atos 4,19s; 2,29). Pedro, não
como simples homem, porém cheio do Espírito Santo, respondeu de maneira
respeitosa e corajosa com uma admirável profissão de fé em Jesus Cristo: “Nós
pregamos a todos em nome de Jesus Cristo de Nazaré, a quem vós crucificastes.
Ele ressuscitou dos mortos e curou o enfermo como bem sabeis. Apesar de
rejeitado, não há outro nome pelo qual possamos ser salvos” (versículos 11-12).
Lucas, autor
dos do livro dos Atos dos Apóstolos, evangelista do Espírito Santo, anota a
presença da terceira pessoa divina nos Apóstolos, o que vinha realizar a
promessa de Jesus para depois de sua morte (Lucas 12,11s; 21,13ss; Mateus
10,12; João 14,26; 16,7-15; Atos 1,5.8; 2,4.38). ao longo dos Atos dos
Apóstolos, é o Espírito Santo quem dirige a vida da Igreja que não se explica
por palavras e de maneira eficaz.
A crucificação
e a ressurreição são dois fatos-chave na história da salvação e da fé cristã:
aquela é a prova mais clara da realidade da morte de Jesus, - esta explica seu
poder. O mistério da vida da Igreja entra em ação. As palavras de Pedro são de
grande alcance, nas quais já não se faz necessário mencionar a Lei como fator
de salvação. Até mesmo não se pode confiar nela em termos de justificação.
Pedro não perde a oportunidade de anunciar a salvação. Não poupa o Sinédrio:
“Vós o crucificastes”!
O Apóstolo
Pedro busca de novo no Primeiro Testamento uma citação, aplicando-a a Cristo?
“A pedra que vós os construtores, desprezastes e que se tornou a pedra angular”
(Salmo 118/117,22; cf. 1Pedro 2,4.7; romanos 9,33). Também Jesus já o fizera,
adaptando a sai a referida passagem: apesar de rejeitado pelos judeus, Ele é a
pedra angular da nova casa de Israel (Atos 4,11; cf. Lucas 20,17; Marcos 12,10;
Mateus 21,42). Jesus desprezado pelos homens foi glorificado por Deus. Tanto os
primeiros cristãos quanto o judaísmo posterior admitiram o caráter messiânico
do Salmo 117. a citação deste salmo caracteriza sem nenhuma dúvida a cegueira e
a tragédia do Povo eleito por Deus.
O “nome de
Jesus”. A citação de Joel 3,5, retomada no último versículo desse discurso de
Pedro. “Aqueles que invocam o nome do Senhor” (Atos 9,14.21; 22,16; 1Coríntios
1,2; 2Timóteo 2,22). Pedro introduz esta citação em seu discurso diante do
Sinédrio o tema do “nome de Jesus” pelo qual se faziam curas (versículo 10) e
se realiza a salvação (versículo 12).
Esta devoção
dos primeiros cristãos ao nome de Jesus é facilmente explicada. Comprovado que
dispunham dos mesmos privilégios que Cristo durante sua vida terrestre: mesma
possibilidade de fazer milagres, mesma ousadia diante dos tribunais, mesma
participação na salvação oferecida pelo Pai, aos poucos tomaram consciência de
que o acontecimento marcante da vinda dos últimos tempos não era o “retorno” de
Cristo, mas sua própria vida terrestre, coroada por sua ressurreição. Portanto,
a vida presente beneficia do caráter messiânico da vida de Cristo, e agir em “nome
de Jesus” testemunha essa continuidade. Jesus não está mais aqui de maneira
visível, mas pode-se fazer tudo “em seu nome”. Acreditar nele é crer que se
prolonga sua vitória salvadora sobre o pecado e a morte (cf. Atos 3,6.12.16;
4,7.10.30), ser curado ou batizado nele é colocar-se sob a dependência da
salvação sempre oferecida (cf. Atos 2,38; Lucas 8,48; 22,16).
Mas Jesus de
Nazaré recebeu igualmente o nome de Senhor que está “acima de todo nome”
(Filipenses 2,9-11; Efésios 1,20-21; Apocalipse 19,11-12; Hebreus 1,3-5) e que
poderia fazer pensar num Salvador exclusivamente divino. Esta interpretação
seria certamente errada, pois o verdadeiro mediador é um Homem-Deus: não um
intermediário entre Deus e a criatura, mas perfeitamente Deus e, ao mesmo
tempo, este Homem de nome Jesus de Nazaré.
Fazer-se
batizar em nome de Jesus e pregar o nome de Cristo asseguram o exercício dessa
mediação de Homem-Deus em nossa Igreja e em nosso mundo. Acreditar nesse nome e
invocá-lo é ter a certeza de que a vida de cada um é possuída por este
mediador, especialmente na Eucaristia que a renova e a aprofunda.
Salmo responsorial - Salmo 117/118,1.8-9.21-23.26.28-2. É uma
oração coletiva de ação de graças. Este salmo encerra o Hallel (cf. Salmo
113-117). Um invitatório (vv. 1-4) precede o hino de ação de graças posto nos
lábios da comunidade personificada, vv. 19s-25s, recitadas por diversos grupos
quando a procissão entrava no Templo de Jerusalém. A Igreja da graças ao Senhor
que ressuscita Jesus e nos faça participar da sua Páscoa.
A “pedra angular” (ou “pedra
cumeeira”; cf. Jeremias 51,26), que se pode tornar “pedra de tropeço”, é tema
messiânico (Isaias 8,14; 28,16; Zacarias 3,9; 4,7; 8,6) e designará o Cristo
(Mateus 21,42p; Atos 4,11; Romanos 9,33; 1Pedro 2,4s; cf. Efésios 2,20;
1Coríntios 3,11). Na tradição cristã, este versículo é aplicado ao dia da
ressurreição de Cristo e utilizado na liturgia pascal.
O rosto de Deus no Salmo
117/118. A primeira coisa que chama a atenção é a freqüência com que aparecem o
nome “Javé” (Senhor) e a expressão “em nome de Javé”. Sabemos que o nome de
Deus no Primeiro Testamento é Javé, e esse nome está ,ligado à libertação do
Egito. O nome dele recorda libertação, Aliança e posse da terra. Entende-se,
portanto, por que o Salmo afirma que o amor dele é para sempre. Amor e
fidelidade são as duas características fundamentais de Javé na Aliança com
Israel. Aqui está o rosto de Deus: misericórdia.
Um Deus que ouve, alivia, anda junto do povo. A recordação da “direita” faz
pensar na primeira “maravilha” de Deus, a libertação do Egito.
Jesus é a expressão máxima do
amor de Deus. Com Jesus aprendemos que Deus é amor (1João 4,8), e Jesus foi
capaz de mostrar esse amor para todos, dando a vida como conseqüência disso
(João 13,1). A liturgia cristã leu este Salmo à luz da morte e ressurreição de
Jesus. A Carta aos Efésios (1,3-14) nos ajuda a cantar a Deus, por causa de
Jesus, um louvor universal.
Segunda leitura – 1João 3,1-2. Estes
versículos inauguram a segunda parte da carta de João, que, até aqui, falou
sobretudo de comunhão e de conhecimento de Deus. Esta idéia é aqui retomada sob
o ângulo da filiação.
Após
ter dado testemunho sobre o Verbo Encarnado (João 1,1-4) João passa a intimar o
cristão para que ande no caminho da luz (1João 1,5-2,28), rompendo com o pecado,
observando os mandamentos, precavendo-se do mundo e desconfiando dos
anticristos. Numa segunda etapa, convida o cristão como filho de Deus (1João
2,29-4,6), observando os mesmos comentários de antes, os do caminho da luz. O
presente texto analisa o princípio de viver como filhos de Deus. A idéia de
justiça (1João 2,29) liga com o texto anterior. Os que praticam a justiça
poderão ir tranqüilos e confiantes ao Juízo, já que Deus é justo e os justos
nasceram de Deus para uma nova vida, são de fato filhos de Deus a partir do
batismo (João 3,3-8), mediante o qual o homem se torna participante da natureza
divina (2Pedro 1,4). A filiação divina – realidade sobrenatural – comprova a
união com Deus e seu amor pra conosco.
Em
João 3,3-8 ele insiste na necessidade de um novo nascimento pelo batismo. Assim gerados, os cristãos podem, pois, ser
chamados com razão de filhos de Deus (versículo 1). Mas esta expressão poderia
gerar equívoco, pois numerosas religiões contemporâneas reivindicavam este
título para seus membros: os judeus utilizavam este título em seu proveito
(Deuteronômio 14,1) e as religiões pagãs conferiam de maneira solene para os
seus iniciados. Tratava-se, aí, só de metáforas. Assim, João insiste no fato de
que o cristão é verdadeiramente filho de Deus porque participa realmente da
vida divina quando afirma: “e nós o somos” (1João 3,1). A realidade da nossa
filiação divina é certa, mas ainda está para vir. Eis porque o mundo não pode
revelá-la. E como poderia, uma vez que se recusa a reconhecer a Deus (versículo
1b)?
A
filiação divina é uma realidade em devir, isto é, somente será plenamente
conhecida na eternidade. Desconhecida do mundo, às vezes passa despercebida
para o próprio cristão, porque sua vida é freqüentemente banal e difícil. Que o
cristão saiba, então, que sua filiação, ainda não claramente manifestada, se
realizará plenamente na vida eterna. Enquanto as religiões e as técnicas de
adivinhação pretendem dar ao homem uma igualdade com Deus por processos
orgulhosos, João ensina a seus aos cristãos de todos os tempos que o caminho
que conduz à divinização (cf. Gênesis 5,4) passa pela purificação (versículo
3), pois somente os corações puros verão a Deus (Mateus 5,8) Hebreus 12,14.
Passa também pela conversão, pelo perdão dos pecados e pelo arrependimento
(Lucas 24,47; Atos 3,19).
O
cristão é filho de Deus não só por uma ficção jurídica, mas também no plano
entitativo. A filiação adotiva humana só comunica externamente um direito entre
o adotante e o adotado – ao passo que a divina consiste na participação da
nova, da nova natureza, semelhante à de Deus, mediante um novo nascimento.
Diante do mistério da filiação divina, João vibra de emoção e exclama
maravilhado: “Vejam como é grande o amor que o Pai nos deu: Somos chamados
filhos de Deus. E nós o somos” (1João 3,1). Deus, em seu amor, não só nos deu
seu Filho. Também nos adotou como filhos e filhas, comunicando-nos sua própria
natureza (1João 1,13; 2,29; João 3,16).
Se
tal é a dignidade do cristão, é óbvio que o mundo não o conheça, já que não
aceitou o Cristo Senhor. Mundo assume
aqui um termo desagradável: os inimigos de Deus (1João 2,15ss). Como a nossa
dignidade sobrenatural é participação que não se explica por palavras da vida
de Deus, os que não conhecem a Deus não poderão também conhecer os seus filhos.
O amor divino
– ágape – é uma realidade espiritual que foge aos sentidos. Embora seja
espiritual, é percebido em seus efeitos e é objeto de fé. “Ver” e “crer”
freqüentemente vêm unidos (Mateus 21,32); Marcos 15,32; João 6,30; 20,8-29). O
amor dá ao cristão possibilidade de estar em comunhão com Deus e conhecê-Lo.
Em
1João 3,2 o apóstolo João volta a interpelar com carinho, isto é, com um
diminutivo afetuoso (filhinhos) os fiéis que reflitam sobre a filiação divina,
agora e no futuro, por isso que sua dignidade é desconhecida do mundo e, em
parte, também dos próprios fiéis, uma vez que ainda não produziu todos os seus
efeitos. Nessa vida os mistérios divinos só entendemos de maneira enigmática,
indireta e imperfeita, como por um espelho que mal reflete a imagem (cf.
1Coríntios 13,12). Somente na eternidade aparecerá em plenitude o que serão os
filhos de Deus, quando Ele se revelará tal como é. É verdade que o somos desde
agora, pois a vida eterna já está em nós (1João 3,9; 4,13; João 3,16; 6,53). Se
somos filhos de Deus, devemos viver como tais.
Evangelho – João 10,11-18. Jesus
conhece as ovelhas e as ovelhas O conhecem. Na linha do simbolismo, que marca o
Quarto Evangelho todo, devemos entender este “conhecer” não no sentido natural,
mas dentro do código da linguagem de São João. Neste código encontram-se o
sentido bíblico existencial de conhecer (experimentar, ter intimidade,
familiaridade, amizade, relação matrimonial etc.).
Jesus
dá a vida pelas ovelhas. Esta realidade é a conseqüência do conhecer afetivo,
no sentido bíblico. Mas tem também um sentido de revelação: o dom de Jesus é a
revelação do Pai. De modo que “dar a vida” não apenas anuncia a hora da morte
de Jesus; significa também a totalidade da vida de Jesus como o dom do Pai,
Palavra e revelação do mesmo.
Ao
oferecer a sua vida pelo rebanho, o Bom Pastor realiza várias profecias
messiânicas: Ezequiel 34, Zacarias 11,16 e Jeremias 23,1 já opunham, com
efeito, o pastor que arrisca sua vida por suas ovelhas aos profissionais que
vivem da carne de seu rebanho e negam prestar-lhe os cuidados mais primários.
Cristo não se contenta em proporcionar cuidados exteriores ao rebanho: dá a sua
própria vida. a expressão “dar sua vida” talvez faz referência indireta a
Isaias 53,10 (ele oferece sua vida em expiação); assim, o tema do Bom Pastor
ficaria claro pelo do Servo Sofredor.
O
tema do conhecimento mútuo já se encontra no Primeiro Testamento, onde explica
a preocupação de Deus em cuidar, ele mesmo, das suas ovelhas (Ezequiel 34,15).
Este “conhecimento” não é somente nem principalmente uma atitude intelectual,
mas a expressão de uma comunidade de vida baseada tanto no amor quanto na
inteligência. Trata-se, pois, de um conhecimento existencial de Deus que
permite atingi-lo, não como uma abstração, mas como um ser vivo e pessoal
encontrado na comunhão com a pessoa de Jesus. O judeu conhecia Deus na medida em que constatava suas maravilhas e
suas intervenções no mundo. O cristão conhece-O nesta intervenção por
excelência que é Cristo.
Por
isso, Cristo é Pastor porque conhece bem suas ovelhas, isto é, porque vive em
perfeita convivência com elas. Mas ele só é Bom Pastor no momento em que este
conhecimento mútuo, estabelecido entre Ele e seu rebanho, permite-Lhe revelar o
conhecimento que une ao Pai.
Outro
critério importante do Bom pastor é a sua preocupação com a unidade e o
agrupamento (versículo 16). João pensa, aqui, sem dúvida, no cumprimento da
profecia de Jeremias 23,3 anunciando que as ovelhas “de todos os países” serão
“reagrupadas”.
Vai em busca
de outras ovelhas que não são desse curral. Quem são as “outras ovelhas” do
versículo 16? O evangelista João escreve seu Evangelho com as divisões internas
do fim do primeiro século. Na verdade podemos pensar nas outras comunidades cristãs
que não eram de João. Mas parece mais certo e em João 11,52 nos convida neste
sentido a pensar que se trata de cristãos que não vieram do tradicional
“rebanho de Deus”, Israel, mas do paganismo (cf. João 7,35; 11,52; 12,19.20ss).
Na situação dramática da separação do Judaísmo e Cristianismo, no fim do
primeiro século, interpretada por João e sua comunidade como a rejeição do
Messias (rei, pastor) pelo próprio povo eleito (cf. João 19,15), surge agora a
figura do Pastor escatológico que não é limitado a Israel, mas que é pastor de
todos, reunindo em um rebanho todas as ovelhas, também as que não são de
Israel.
A idéia de um
pastor que parte em busca de suas ovelhas é comum no Primeiro Testamento (cf.
Ezequiel 34), onde ele caracteriza de modo particular as relações entre Deus e
seu povo: jamais é a ovelha que parte á procura do seu pastor, mas é o pastor
que vai á procura de suas ovelhas. Isto mostra que Jesus é o Bom Pastor porque
foi enviado por Deus à procura das ovelhas.
Jesus não é
vitima de uma tramitação. A doação até o fim é o que Ele quer mesmo (cf.
13,1s), com o executor da vontade do Pai. De modo que o termo “dar a sua vida”,
nos versículos anteriores, não apenas assimila o pastor sacrificando-se pelo
rebanho, mas indica Jesus Cristo transmitindo aos seus o dom da vida eterna:
“vida em abundância” (João 10,16).
4- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Se,
no contexto bíblico, presenciamos uma sociedade eminentemente agrária, hoje
temos uma sociedade essencialmente urbana. A parábola oferece alguma resposta
às interrogações e à mentalidade contemporânea? É conveniente comparar a pessoa
como uma ovelha? A ovelha vive no rebanho, é frágil? Sua fragilidade e a
dificuldade de defender-se aparecem, principalmente, quando é atacada. Nessa
situação ele fica muda, não berra, não chama a atenção de que está sendo
violentada, perseguida e morta.
A
parábola oferece algumas dificuldades, mas retrata bem nosso contexto social e
eclesial. Somos parte de um Estado. Ele é administrado por pessoas a quem foi
dada toda autoridade para tal através do voto.
Os fatos mostram que entre as autoridades constituídas existem muitos e
bons administradores, ou bons pastores na linguagem bíblica; existem, porém,
muitos que estão no cargo unicamente preocupados com o seu salário – são, em
linguagem bíblica, os mercenários.
No
contexto eclesial, somos membros vivos da Igreja conduzidos pelo papa, pelos
bispos, párocos e líderes. Muitos fiéis sentem-se felizes por estarem bem
conduzidos e outros, preocupados e decepcionados, ou até escandalizados, com
seus pastores.
Em
sentido restrito, somente Cristo é o Bom Pastor. Todos os outros ministérios de
condução do Povo de Deus emanam de Cristo. Os pastores humanos podem
decepcionar-nos. Pode faltar cuidado, vigilância ou mesmo haver fuga do
compromisso. Por mais nobre que seja a motivação humana, sempre pode aparecer
ainda algum interesse pessoal de aprovação, sucesso, reconhecimento. De Jesus,
o Bom Pastor não podemos dizer o mesmo. O apóstolo Pedro relembra aos chefes do
povo e anciãos que Jesus Cristo foi por eles crucificado e rejeitado. Esse
Pastor, além de cuidar dos seus, entrega a sua vida livremente. Essa é a maior
prova do pastoreio de Jesus.
Jesus se
revela neste Evangelho como o Bom Pastor, diferente do mercenário, que foge
diante do perigo que ameaça o rebanho. Jesus é o Bom Pastor que conhece as
ovelhas e dá a vida por elas. Trata-se de uma relação de intimidade entre e os
cristãos, a mesma intimidade que existe entre Ele e o Pai.
A boa notícia
deste Evangelho é saber que a entrega de Jesus por nós é totalmente livre
porque se apóia na sua comunhão com o Pai. Jesus não é vitima das autoridades
deste mundo; sua morte é uma opção de amor.
Nesta
celebração, contemplando o Cristo Ressuscitado, renovamos o nosso desejo de
participar da sua Páscoa, de cultivar em nós esta atitude fundamental de
liberdade, sem nos sentirmos vítimas de ninguém, nem do destino, nem de nós
mesmos. Que o Senhor nos dê a graça de vivermos relações novas e um espírito de
filhos e filhas em relação a tudo o que nos humilha e oprime.
3- A PALAVRA SE FAZ
CELEBRAÇÃO
De Pastor a Cordeiro,
por Amor
A prova de que
Jesus conhece o Pai e ele é pelo Pai conhecido se encontra, segundo Gregório
Magno, no fato de Ele entregar sua vida por amor. Dito de outra forma, é porque
Jesus ama o Pai e se vê por Ele amado que se dá aos seus irmãos, sem fazer
conta da própria vida. O ensinamento destes versículos é de uma profundidade
incrível: o verdadeiro conhecimento de Deus passa – necessária e exclusivamente
– pela experiência do amor aos irmãos, como expressão do amor a Deus e de Deus.
O Pastor
torna-se Cordeiro, portanto, à medida que o Amor do Pai cresce, sua relação com
Ele se aprofunda.
Sacrifício:
partícipes da vida de Deus no Amor
Há quem
pergunte porque Deus “abandonou” Jesus, seu Filho na cruz. Não se deram conta
que Ele – O Senhor – deu-lhe tudo que tinha em Amor e que Jesus compreendendo
sua vida como “benção”, não poderia guardá-la para si, senão imolá-la para
outros, para que os que viessem em seu rastro pudessem também fazer a mesma
experiência do Amor do Pai. Ele deu às ovelhas que o Pai lhe confiou o que mais
precioso tinha: o amor com o qual foi amado. Não se trata só de altruísmo, mas
de sacrifício em sentido pleno: possibilitar que seus irmãos e irmãs
participassem do “sacro”, à medida que vivessem o seu Amor – que se explicita
na solidariedade total. O cordeiro, então, agiu como Pastor e nos guiou,
mediante a entrega de si mesmo, ao Reino do Pai. E assim continua Gregório:
“Quais são, afinal, as pastagens dessas ovelhas, senão as profundas alegrias de
um paraíso sempre verdejante? Sim, o alimento dos eleitos é o rosto de Deus,
sempre presente. Ao contemplá-lo sem cessar, a alma sacia-se eternamente com o
alimento da vida.”
A celebração e a experiência das “verdes pastagens”
O frescor do
Jardim da Ressurreição ao qual Jesus nos conduziu é sentido no interior da
celebração de seu Mistério Pascal. A comunidade de seus discípulos e discípulas
que está no rastro do mesmo amor que moveu sua vida, se entrega à experiência
da fraternidade e comunhão. Ocupa o mesmo espaço, ouve a mesma Palavra, dirige
(unidos) as mesmas súplicas uns pelos outros e pela humanidade inteira,
partilha de um só pão e cálice e é toda encaminhada para a mesma missão: oferecer
ao mundo a face amorosa do Pai. Tornar degradado este espaço de bênção,
tornando-o cabide para os próprios caprichos e gostos, pode ser o começo do
arruinar-se de uma caminhada no Amor do Pai e – contrariando o Evangelho –
significa arrebatar as ovelhas das mãos de Jesus, dando-lhes um destino que não
é a comunhão em Deus.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
“Conduze-nos à comunhão das
alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a
fortaleza do Pastor”. Assim rezamos na oração do dia (coleta), expressando
nossa fragilidade e apresentando nosso pedido. Constantemente, precisamos ser
fortalecidos para vivermos bem, termos qualidade de vida. a súplica comum da
comunidade reforça nosso apelo de auxílio.
O
Bom Pastor, no alto da cruz, ofereceu a sua vida. Essa é a grande diferença em
relação aos outros pastores. Por isso recorremos ao Pai, pedindo na oração
depois da comunhão: “Velai com solicitude, ó Bom Pastor, sobre o vosso rebanho,
e concedei que vivam nos prados eternos as ovelhas que remistes pelo sangue do
vosso Filho”.
Em
cada celebração eucarística, Cristo, o Bom Pastor, dá-se a si mesmo como
alimento, comida e bebida, tanto na Palavra quanto pela Eucaristia.
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Os
cinqüenta dias que vão desde o Domingo de Páscoa na Ressurreição do Senhor até
o Domingo de Pentecostes devem ser celebrados com verdadeira alegria como se
fosse um grande domingo. Esses cinqüenta dias é como se fosse um só dia de
festa, “símbolo da felicidade eterna” (Santo Atanásio). Os domingos pascais se
caracterizam pela ausência de elementos
penitenciais e pela acentuação de elementos festivos. A alegria deve ser a
característica do Tempo Pascal. A alegria deve estar presente nas pessoas da
comunidade e também no espaço litúrgico, na cor branca (ou amarela), nas
flores, no canto alegre do “Aleluia”, na alegria de sermos aspergidos pela água
batismal, no gesto da acolhida e da paz. O Tempo Pascal constitui-se em “um
grande domingo”. Vivenciamos dias de Páscoa e não após a Páscoa.
2. Dar
destaque durante o Tempo Pascal para a água
batismal. Onde há pia batismal, ela deve ser o ponto de referência para a
realização de ritos como aspersão, renovação de promessas, compromissos. Onde
não há pia batismal, preparar alguma vasilha de cerâmica, de preferência junto
do Círio Pascal.
3. O Tempo
Pascal é, muito indicado, liturgicamente, para as celebrações da Crisma e da
primeira eucaristia, numa continuidade com a noite batismal da Páscoa.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos “cantar a liturgia” e não
cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e,
condizentes com “cada Domingo do Tempo Pascal”, ajudam a comunidade a penetrar
no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são da
Páscoa, “é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos
deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado”. Jamais os cantos devem ser escolhidos para satisfazer o
ego de um grupo ou de um movimento ou de uma pastoral. Não devemos esquecer que
toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de
uma pastoral ou de um movimento.
1. Canto de abertura. “A criação
é obra do amor de Deus (Salmo 32/33,5-6). Neste Quarto Domingo da Páscoa um
canto muito oportuno é o: “O Senhor ressurgiu, aleluia, aleluia”, CD: Liturgia
X, melodia da faixa 1. Neste canto quem preside pode dar destaque para a
segunda estrofe, “no Espírito Santo unida esteja, a família de Deus que é a
Igreja” que manifesta a missão dos pastores que é de manter a Igreja família de
Deus sempre unida à luz do Espírito Santo.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse
sentido o Hinário Litúrgico II da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão
gravados no CD: Liturgia XVI.
2. Refrão para o acendimento do Círio
Pascal. “Cristo-Luz, ó Luz, ó Luz bendita...”, CD: Festas Litúrgicas I, melodia da faixa 9; “Salve Luz eterna, és
tu Jesus...”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 292.
3. Canto para o momento da aspersão com
a água batismal. “Eu vi, eu vi, a água manar...”, CD: Tríduo Pascal II,
faixa 12; “Banhados em Cristo, somos uma nova criatura...”, CD: Tríduo Pascal
II, melodia da faixa 11, ou Hinário Litúrgico II da CNBB, página 196.
4. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo
Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas I, Partes fixas do Ordinário da
Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por
Irmã Miria e outros compositores.
O Hino de
Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é,
voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho.
O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de
Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo,
exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o
Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou
nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da
assembléia.
5. Salmo responsorial 117/118. A
pedra rejeitada tornou-se a pedra angular.
“A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se agora a pedra angular”, CD:
Liturgia X melodia igual a faixa 2.
6. Aclamação ao Evangelho. “Eu
conheço as minhas ovelhas”, (João 10,14). “Aleluia... Eu sou o bom pastor, diz
o Senhor”, CD: Liturgia X, melodia igual a faixa 3. O canto de aclamação ao
evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical ou a versão do
CD.
7. Refrão após a homilia. Após a
homilia e uns momentos de silêncio, entoar o refrão do Salmo 22 na versão de
Frei Fabreti: “Pelos prados e campinas verdejantes eu vou”, CD: Liturgia XVI,
melodia da faixa 9.
8. Apresentação dos dons. O
canto de apresentação das oferendas, conforme orientamos em outras ocasiões,
não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério que se celebra
acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração, no Tempo Pascal. “Sou
bom pastor, ovelhas guardarei”, CD: Liturgia X, melodia da faixa 10.
9. Canto de comunhão. “Pelos
bons caminhos me conduz” (Salmo 22/23,3b). Ressuscitou o bom Pastor... O canto
mais adequado para hoje é a versão do Salmo 22, musicado em ritmo de baião pelo
Pe. Jocy Rodrigues: “O Senhor é meu pastor, nada me pode faltar”, CD: Liturgia
X, melodia da faixa 11.
O canto de
comunhão deve retomar o sentido do Evangelho do 4º Domingo da Páscoa onde
contemplamos o Cristo Bom Pastor. Esta é a sua função ministerial. Na
realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na Eucaristia, ou
seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se dirige a nós em
cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos bíblico-litúrgicos,
garantindo ainda mais a unidade entre a
mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia.
Isto significa que comungar o corpo e sangue de Cristo é compromisso com o
Evangelho proclamado. Portanto, o mesmo Senhor que nos falou no Evangelho, nós
o comungamos no pão e no vinho.
8- ESPAÇO CELEBRATIVO
1. O espaço
celebrativo deve remeter à alegria do Tempo Pascal: as flores, o Círio Pascal e
a fonte batismal devidamente ornamentados. Onde for possível, as alfaias
brancas com elementos dourados remeterão à vitória. É importante que o espaço
celebrativo da Vigília Pascal continue o mesmo para todo o Tempo Pascal. A
Tradição Romana usa a cor branca neste tempo. Talvez, de acordo com a nossa
cultura, podemos caprichar, usando o dourado ou várias cores fortes. O Tempo
Pascal não é nada mais, nada menos do que a própria celebração da Páscoa
prolongada durante sete semanas de júbilo e de alegria. É o tempo da alegria,
que culmina na festa de Pentecostes. Tudo isso deve ficar evidente no espaço da
celebração.
2. O Círio
Pascal deve estar sempre presente, junto à Mesa da Palavra em todas as
celebrações do Tempo Pascal. É importante que o Círio seja aceso no início da
celebração, após o canto de abertura, enquanto a assembléia entoa um refrão
pascal. Ele é o sinal do Cristo ressuscitado, Senhor de nossas vidas.
3. Um ícone do
Bom Pastor no espaço celebrativo auxiliará a comunidade a contemplar sua
presença em seu meio.
9. AÇÃO RITUAL
Valorizar os
ritos iniciais, pois a reunião da comunidade é lugar da manifestação do
Ressuscitado. O uso do incenso na celebração acentuará o aspecto solene e
festivo do Tempo Pascal.
Acolher, com
afeto e alegria, os irmãos e irmãs que chegam para tomar parte na celebração
pascal – para o encontro com o Senhor ressuscitado. Acolher cada pessoa pelo
nome como faz o Bom Pastor.
Ritos Iniciais
1. Na
procissão de entrada entrar com as pessoas que foram batizadas ou pessoas que
receberam um dos sacramentos na Vigília Pascal, ou crianças com vestes brancas,
trazendo flores. Além da cruz processional e das velas, podem ser levados
símbolos da caminhada pastoral da comunidade como: cajado, bolsa de pastor,
sandálias, instrumentos de trabalho das diversas pastorais. Quem preside pode
entrar com um cajado simbolizando que está à frente do rebanho para conduzi-lo,
mas diferente do báculo episcopal.
2. Dar
particular destaque à acolhida do Círio Pascal. Por exemplo, após o canto de
abertura, fazer um pequeno lucernário, solenizando o acendimento do Círio
Pascal: uma pessoa acende o Círio e diz: “Bendita
sejas, Deus da Vida, pela ressurreição de Jesus Cristo e por essa luz
radiante!”. Ou outros refrões que revela o sentido pascal: “Salve, luz eterna és tu, Jesus!/ Teu clarão
é a fé que nos conduz! (Hinário II, pág. 292). “Cristo-Luz, ó Luz bendita,/ Vinde nos iluminar!/ Luz do mundo, Luz da
Vida,/ Ensinai-nos a amar! A
seguir, incensa o Círio pascal e a comunidade reunida.
3. Se a
comunidade tiver dificuldade para fazer este pequeno lucernário, a procissão de
entrada pode ter à frente o Círio Pascal aceso. Neste caso, não se us a cruz
processional, que permanece em seu lugar de costume.
4. Na
acolhida, pode-se retomar o costume das Igrejas Orientais de saudarem-se com as
seguintes palavras:
“O Senhor ressuscitou, verdadeiramente
ressuscitou!”, ou “Irmãos e irmãs, Jesus ressuscitou e está vivo em nosso meio,
sua graça e sua paz esteja convosco.
5. Nas
palavras de boas vindas, o presidente da assembléia procure não fazer deste
domingo unicamente um “domingo das vocações”. É Cristo morto e ressuscitado que
é festejado e cantado em todos os domingos da Páscoa. Hoje, ele nos é
apresentado com traços de Pastor, que nos precede e nos guia para as fontes de
vida. O Ressuscitado é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Após a
saudação presidencial dar o sentido litúrgico:
Domingo do Bom Pastor. O Bom Pastor deu a
vida pelas ovelhas. A Cruz é expressão máxima de seu amor. Ao mesmo amor se
atribui a vitória da ressurreição. Esse é o caminho do cristão: seguindo seu
Bom Pastor, no caminho do amor extremado, encontraremos a vida plena.
6. Substituir
o ato penitencial pelo rito de aspersão com a água (se possível perfumada) que
foi abençoada na Vigília Pascal. Ajudar a comunidade a aprofundar sua
consagração batismal. Não havendo água abençoada na Vigília Pascal, o ministro
reza o oração de bênção conforme o Tempo Pascal que está no Missal Romano
página 1002. No ato da aspersão, a assembléia canta: “Banhados em Cristo, somos u’a nova criatura./ As coisas antigas já se
passaram,/ Somos nascidos de novo./ Aleluia, aleluia, aleluia! Outra opção é o
canto “Eu vi foi água”. Ver em Música Ritual.
7. Cantar com
vibração o Hino de louvor. Durante a Quaresma ele foi silenciado, agora deve
ser cantado com exultação porque é o Hino Pascal do Glória.
8. Na Oração
do Dia suplicamos ao Pai, que o rebanho, na sua fraqueza, alcance a fonte da
força de seu Pastor.
Rito da Palavra
1. A afirmação
de Jesus, “Minhas ovelhas conhecem a minha voz”, é a motivação que nos levará a
preparar a proclamação das leituras com maior empenho, deixando que a presença
e virtude de Cristo se manifestem através dos leitores e do salmista.
2. Nas preces,
seria muito conveniente recordar os governantes, os líderes das Igrejas cristãs
e das demais religiões e todos os que exercem alguma forma de pastoreio.
Suplique-se também pelas vocações ministeriais, religiosas e matrimoniais, nas
quais o pastoreio de Jesus se realiza e se prolonga na vida da Igreja. As
preces devem ser pronunciadas do Ambão, pois é Palavra de Deus ressoada em
forma de súplica ou louvor, incluindo pedidos para que se fortaleça a fé pascal
dos que crêem em Cristo Ressuscitado. A resposta poderia ser “Escutai vossos
filhos, Senhor”.
3. A Profissão
de Fé é o lugar ideal de manifestar a adesão e o reconhecimento pessoal da
manifestação do Ressuscitado. Convidar os que receberam os sacramentos na Vigília
Pascal para se aproximarem do Círio Pascal com velas acesas.
Rito da Eucaristia
1. A mesa
farta, preparada pelo Bom Pastor, contará com pão no lugar de hóstias onde for
possível e vinho para todos. Os fiéis, onde for possível, poderiam comungar no
próprio Altar.
3. Na Oração
sobre as Oferendas, peçamos que Deus nos conceda que o Mistério Pascal, seja
fonte de renovação e eterna alegria.
4. Seria
oportuno o Prefácio da Páscoa II em que contemplamos Cristo que nos conduz à
verdadeira vida. Onde for possível, cantar o Prefácio e, nas celebrações da
Palavra, cantar a Louvação Pascal do Hinário II da CNBB, página 156.
5. A Oração
Eucarística com prefácio próprio. Não é demais recordar que somente a oração
1,2, e 3 admitem outro prefácio. As demais não poderão ser rezadas nesse tempo.
6. Motivar o
abraço da paz como a paz do Ressuscitado. Não se trata de um momento de
confraternização, nem momento para cantar. O rito mais importante é o que vem a
seguir, ou seja, a fração do pão, que deve ser uma ação visível acompanhada
pela assembléia com o canto do Cordeiro.
7. O pão e o
vinho são sinais da paixão, morte e da ressurreição de Jesus. Seguindo a
Antífona da comunhão, o andar em procissão, estender a mão e receber a
comunhão, fazer a intinção no vinho é prolongar, através dos sinais, a fé no
Ressuscitado. “A comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando
sob as duas espécies. Sob essa forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do
banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de
realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação
entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico no Reino do Pai” (IGMR,
nº 240).
Ritos Finais
1. Na Oração
depois da Comunhão, suplicamos ao Supremo Pastor que olhe com solicitude sobre
o rebanho para que viva nos prados eternos.
2. Após a
oração depois da comunhão, no momento delicado aos avisos, cabe à comunidade
ser instruída e motivada para o exercício da vida cristã, celebrada na divina
liturgia, como engajamento cotidiano. Lembre-se de que, neste Domingo, é comum
as comunidades rezarem pelas vocações.
3.
Dar a bênção solene da Páscoa, conforme o Missal Romano, página 523, não
deixando que as celebrações desse período percam seu caráter festivo e especial
do Ano Litúrgico.
4.
As palavras do envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: “...”.
Ide em paz, e o Senhor vos acompanhe, aleluia, aleluia!
Todos: Graças a Deus, aleluia, aleluia!
5. Destacar a
imagem de São José Operário, lembrando o Dia Mundial do Trabalho e mais ainda o
Dia do Trabalhador. Após a bênção fazer uma oração diante da imagem de São
José.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este
domingo é muito propício para rezarmos pelos que nos conduzem e orientam. Eles
estão à frente da comunidade com a missão de conduzi-la, a exemplo e ao modo do
Bom Pastor. Precisam, constantemente, ser fortalecidos para que sejam capazes
de doar a vida. Somente faz isso quem tem profundas convicções, conhece o Bom
Pastor, tem intimidade com Ele e ama a missão que recebeu do Senhor.
Incluímos
em nossa celebração o Dia Mundial do Trabalho, a ser comemorado no dia 1º de
maio. Trabalhar é participar da obra da criação. É administrar o mundo para a
dignidade e o bem comum de todos. No dia Mundial do Trabalho, lembremos as
injustiças, as explorações, o subemprego, o desemprego a que são submetidas
milhares de pessoas.
Celebremos
nossa Páscoa, na pureza e na verdade, aleluia, aleluia.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades a celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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