quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

3º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C

download24 de janeiro de 2016

Neemias 8,2-4a.5-6.8-10.

Salmo 18/19,8-10.15.
1Coríntios 12,12-30.
Lucas 1,1-4; 4,14-21.

“O ESPÍRITO DO SENHOR ESTÁ SOBRE MIM”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo da manifestação de Jesus na Sinagoga de Nazaré. Domingo passado celebramos a manifestação de Jesus em Caná da Galiléia, no contexto de um casamento e aí Jesus realiza o seu primeiro sinal. Neste terceiro Domingo do Tempo Comum, Jesus continua a se manifestar. Hoje ele se manifesta numa liturgia da sinagoga de Nazaré, onde Ele participa, exercendo o ministério de leitor. Motivado pela Palavra da Escritura, Ele dá início à sua missão e faz a apresentação-síntese de seu programa de vida e ação: o anúncio da boa nova aos pobres, aos que se abrem ao dom de Deus. A terra inteira é convidada a entoar um canto novo de alegria pela Sua manifestação em nossa terra.
Iniciamos hoje a proclamação do Evangelho de Lucas. Jesus encontra-se na sinagoga de Nazaré, sua terra natal, para início de seu ministério e revelação. Ele apresenta-se na sinagoga de Nazaré sem títulos nem poderes. Defini-se por aquilo que faz.
Somos convidados a proclamar, na força do Espírito Santo a Boa-Nova em palavras e ações, criando condições para que toda pessoa humana se torne “teófilo”: “amigo de Deus” ou “aquele/a que ama a Deus” e para que o Dia da Graça”, tempo de partilha e liberdade, seja hoje.
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Primeira leitura – Neemias 8,2-4a.5-6.8-10. Em Neemias 8,1 descreve a grande concentração popular junto à “porta da Água”, a nordeste de Ofel, onde Esdras reunira o povo (Esdras 10,9), lugar chamado também “praça do templo”. É a primeira vez que o nome de Esdras comparece no livro de Neemias e com os títulos de “escriba” e “sacerdote” (cf. Esdras 7,5-12). Como escriba tinha o dever de ler, interpretar e transmitir autenticamente a Lei. Esdras, ainda com cerca de trinta anos, altamente conceituado pelo conhecimento da Lei de Deus (Esdras 7,6), foi convocado por Neemias para esta assembléia, como assessor no plano moral e religioso. Esdras teria voltado da Babilônia, para onde voltou depois de cumprida a missão. No ato da leitura solene da Lei, o jovem escriba mostrou-se pessoa madura e bom perito.
A festa dos Tabernáculos, durante a qual se realizava esta assembléia, era a mais popular das festas judaicas, especialmente por ser a festa das colheitas e ocasião de grandes alegrias (versículo 10).
O esforço de purificação consiste em transformar as reuniões desta festa em uma assembléia da renovação da Aliança, já prescrita pelo Deuteronômio 21,9-13. Constituído, daí por diante, pela proclamação da Lei e pelas aclamações Amém do povo (versículo 6), o ritual desta assembléia aplica, ao pé da letra, as prescrições de Deuteronômio 27,15-26. Lugar essencial ocupa a Palavra de Deus nesta assembléia. É a Palavra que convoca o povo, e sete dias seguidos é lida, traduzida e comentada. Os organizadores da assembléia preocupam-se, aliás, em fazer com que os fiéis compreendam (versículo 8) e correspondam (versículo 6). A Palavra é assim constitutiva da assembléia, como o será ainda no Cristianismo (1Coríntios 12,27-28). Ela reuniu a primeira assembléia no deserto (Êxodo 19,24) e não cessa de reunir os fiéis, até o momento em que se fará carne para reunir todas as pessoas (João 1,1-14).
Nos versículos 3-6 depara-se uma cena deslumbrante: Esdras está sobre um púlpito ou estrado, lendo o Livro da Lei de Moisés, o dia todo, para uma grande assembléia que está em contato com a porta da Água. Trata-se da Lei prescrita pelo Senhor. Era o ano 444 ou 443 antes de Cristo. Acompanhavam o ato treze testemunhas qualificadas, nomeadas nos versículos 4.7, sacerdotes ou escribas, os quais garantiam com sua presença a veracidade da leitura de Esdras. Quando Esdras abriu o livro para ler, toda a multidão se põe de pé em sinal de respeito (versículo 5; cf. Josué 3,20 e nossa liturgia do Evangelho), escutando com grande atenção de pé.
A cerimônia abriu-se com oração de louvor a Deus. Durante a louvação, o povo, em sinal de consentimento (“Amém”!) e solidariedade, de oração e de juramento, ergueu as mãos (cf. Êxodo 17,11), inclinando-se e prostrando-se até ao solo para adorar ao Senhor (cf. 2Crônicas 7,3; 20,18; Jó 1,20; Mateus 26,39), indício de profunda humildade e submissão, já que diante de Deus o ser humano não passa de grão de areia na balança (Isaias 40,15; Sabedoria 11,12), uma folha ou ramo seco (Jó 13,25). O uso de orar prostrados ainda subsiste no Oriente, particularmente entre os muçulmanos.
As festas do Senhor convidavam à alegria, recordando os seus benefícios, a sua amizade. O pranto, sinal de arrependimento e de emenda, não devia causar impedimento à vibração dos festejos.
Desta euforia deveriam participar também os pobres e servos (versículos 9-10; cf. Deuteronômio 16,11-14; Ester 9,19-22). O dia de festa é a força do povo, porque lhe traz à memória que não está sozinho, que existe um Deus todo-poderoso e protetor. Qualquer desânimo ou desconfiança futura será uma incoerência, em contraste com o significado da festa. Um povo, com tal certeza em seu coração, encontrou o segredo de vencer as piores batalhas.
Salmo responsorial 18b/19,8-10.15 . O salmo 18/19 também canta o valor vital da Lei, agradecimento ao Senhor por nos ter revelado a sua Palavra. Sendo a Lei revelação da vontade divina, ela não oprime a pessoa humana, e o salmista pode experimentá-la como “descanso, luz, alegria”.
O trecho do Salmo que cantamos nesta celebração é estilo sapiencial dando vários nomes à Palavra: lei, testemunho, preceitos, mandamento, julgamentos, decisões. São seis palavras acompanhadas de por um adjetivo: perfeita, firme, retos, transparente, puro, verdadeiras, para expressar o mesmo conteúdo: A Palavra de Deus é melhor que o ouro mais puro! É mais doce que o mel.
O rosto de Deus nos versículos de hoje é muito forte: o Deus da Aliança, que entrega a Lei a Seu povo. O Novo Testamento viu em Jesus o cumprimento perfeito da nova Aliança, aquele que faz ver de forma perfeita o Pai (João 1,18; 14,9). Sua lei é o amor (João 13,34). Jesus louva o Pai por ter revelado Seu projeto aos pequeninos (Mateus 11,25) e mandou aprender com os lírios do campo e as aves do céu o amor que o Pai tem por nós (Mateus 6,25-30).
Cantando este Salmo na celebração de hoje, agradeçamos ao Senhor porque manifestou o seu amor por nós através de sua Palavra Viva que é Jesus Cristo.
VOSSA LEI É PERFEITA, Ó SENHOR,
VOSSAS PALAVRAS SÃO ESPÍRITO E VIDA!
Segunda leitura – 1Coríntios 12,12-30. A comunidade cristã de Corinto foi fundada por Paulo, durante a sua permanência na cidade entre os anos 50 e 52. Formada pela população mais pobre, a comunidade estava reproduzindo o mesmo esquema vivido na cidade toda. Havia brigas e divisões. Por isso, no ano 56, Paulo, escreve, chamando a atenção para a importância da unidade do Corpo do Senhor. Nada mais óbvio e natural que comparar a um corpo um grupo de pessoas reunidas com um fim determinado.
Enfrentando o problema das divisões na comunidade de Corinto, o Apóstolo usa a imagem do corpo. O que se usava para explicar a ordem do Estado, ele usa para a ordem da graça, porém dá a essa idéia uma nova inspiração, a fé cristã no Cristo ressuscitado num corpo vivificado pelo Espírito ao qual os cristãos se unem em seus próprios corpos pelo Batismo e a Eucaristia. Desse modo os cristãos se tornam membros de Cristo e unidos ao seu corpo pessoal constituem com este um corpo.
A primeira parte versículos 12-13, como o corpo humano une a pluralidade de seus membros, assim Cristo, princípio unificador de sua Igreja, constitui todos os cristãos na unidade de seu corpo. Paulo apresenta o corpo não como soma dos membros, mas seu princípio unificador, tendo-se de considerar corpo como significando “pessoas”, o que coincide com o pensamento semita.
Paulo a fim de orientar os fiéis dá a eles orientação para perceberem a necessidade e a perfeição da unidade na variedade e da variedade na unidade. A partir deste momento as diferenças de raça, sexo e cor não terão mais importância. Pelo Espírito recebido no Batismo e na Eucaristia os cristãos formam uma unidade superior e nova. Uma linguagem nova não explicaria esta vinculação real e misteriosa dos cristãos entre si e com Cristo. Paulo serve-se então da imagem do corpo, que exprime a realidade da comunidade, que não é uma corporação, mas um organismo vivo.
A segunda parte versículos 14-26 a realidade religiosa aparece só como pano de fundo. O Apóstolo mostra que ninguém é inútil na comunidade, só porque não é possuidor de carismas extraordinários. Assim não se pode dizer: porque não tenho esta ou aquela qualidade, sou de segunda categoria e não pertenço ao Corpo de Cristo; ou: não preciso de você porque você não tem mais carismas. São duas perspectivas falsas da realidade do Corpo de Cristo. Se alguém se sente em segundo plano por não possuir determinado carisma, é porque lhe falta visão de conjunto. E quem despreza alguém na comunidade por não possuir determinado carisma, também não tem visão de conjunto. Cada um no seu lugar e com suas qualidades é necessário e insubstituível, e na colaboração com os outros alcança a sua importância e sentido. Se todos quiserem fazer a mesma coisa, jamais serão um corpo.
Terceira parte versículos 27-30 Paulo anuncia a identificação tão esperada: “vós sois o corpo de Cristo”. Deus, que convocou a comunidade e a estabeleceu como um corpo, dá a cada um sua missão nesse corpo. Haverá assim uma variedade de missões, sem soberba ou inveja, mas numa atitude de serviço fundamentada no amor. O texto passa da comunidade de Corinto para a Igreja universal, diz respeito a toda a Igreja: os apóstolos, portadores de um carisma e missão irrepetíveis; os profetas, que sob a força do Espírito Santo eram pregadores e evangelizadores itinerantes; finalmente os mestres, verdadeiros “catequistas” que sob delegação da comunidade aprofundam a mensagem recebida na pregação. Todos os três carismas a serviço da Palavra, seguem-se os carismas de serviço à comunidade.
O texto conclui-se mostrando que a diversidade dos carismas realiza a unidade, que não é uniformidade, do Corpo de Cristo. Todos esses dons, porém, devem ser informados pela Caridade (capítulo 13, que segue: Hino à Caridade) para serem verdadeiras missões eclesiais.
Evangelho – Lucas 1,1-4; 4,14-21. A presença de um prólogo, no início da obra de Lucas (Evangelho e livro dos Atos 1,1-2), já bastaria para mostrar que o seu autor tanto como o público ao qual se destina a obra, pertencem ao mundo cultural helenístico, isto é, a fusão da cultura oriental com a cultura ocidental. Os escritores antigos – geógrafos, médicos, historiadores – tinham o costume de indicar, num prefácio, as finalidades que almejavam e como pretendiam se situar com relação aos seus antecessores. Lucas conformou-se aos usos de sua época.
Enquanto Mateus apresenta Cristo sob os traços de um rabino itinerante (Mateus 4,12-17), Lucas, mais liturgista, inicia e termina seu Evangelho, relatando fatos que se passavam no Templo de Jerusalém (Lucas 1,5-23; 24,50-53), faz o ministério de Cristo iniciar-se na liturgia da sinagoga no sábado.
A liturgia da sinagoga centrava-se em duas leituras. A primeira, tirada da Lei (Pentateuco), era lida e comentada por um doutor da Lei. A segunda, de origem mais remota, devia ser extraída dos profetas, e qualquer pessoa podia fazer esta leitura com seu comentário, desde que tivesse pelo menos trinta anos de idade. Jesus com a idade de trinta anos reivindica então seu direito de ler e comentar a segunda leitura. Seu primeiro discurso em público foi, portanto, uma homilia litúrgica.
A liturgia da Palavra daquele sábado na sinagoga não é mais uma simples lição de catecismo, nem a afirmação da esperança escatológica, pregada pelos profetas. Torna-se agora, essencialmente, a proclamação do cumprimento do projeto do Pai no cotidiano da vida e da assembléia.
Os apóstolos, freqüentemente empregarão este procedimento homilético de Jesus (cf. Atos 13,14-42; 16,13-17; 17,1-3; 18,4). A nossa liturgia da Palavra é filha da Sinagoga, mas a ultrapassa na “celebração do cotidiano”. Poderíamos, todavia, indagar se as homilias pronunciadas nas assembléias são fiéis à homilia de Jesus.
Jesus quis, pois, insistir exclusivamente na graça de Deus. Suas palavras sobre a graça provocam, aliás, a admiração da assembléia (versículo 22). Foi, com certeza, para reforçar a idéia de que sua missão é toda de graça, e não de condenação, que Cristo acrescentou, na citação de Isaias 61,1-2. Portanto, Jesus insiste na graça de Deus e omite a condenação das nações. Suas palavras sobre a “graça” criam admiração na assembléia.
Portanto, Cristo define imediatamente sua missão como uma proclamação do amor e da graça de Deus para com toda a humanidade.
Dizer que a Palavra de Deus hoje se realiza – o que é o papel da homilia – não significa somente que uma antiga profecia se cumpre ou que um texto inspirado toma tamanho de repente. Não é, antes de tudo, a Palavra dos profetas ou dos teólogos que se cumpre. É nesta Palavra de Deus, mais profunda, que se manifesta o projeto de Deus de cristificar a humanidade, a própria vida e a condição das pessoas. Dizer que a Palavra de Deus se realizou equivale a dizer que a humanidade encontrou Deus em Jesus Cristo. Trata-se realmente de revelar, na homilia como fez o Evangelho em relação a Cristo-evento.
Portanto, é sempre no “hoje” das pessoas que a homilia atinge o “hoje” de Deus, e merece ser, assim, ministério da Palavra divina. O “hoje” proferido por Jesus é a grande surpresa. A obra libertadora do Messias está acontecendo. Em Jesus cessou a surpresa. O futuro torna-se presente. A promessa é uma realidade.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
A leitura de Neemias manifesta-nos a relação entre a Palavra de Deus e a comunidade. O gesto de Neemias nos diz que o povo de Deus, para se reconstruir após o exílio, procura sua mais profunda identidade e unidade na Palavra de Deus. A Igreja, hoje, também encontra sua identidade na Palavra de Cristo. Sem a Palavra de Cristo ela não é nada.
Depois de superar a prova das tentações no deserto, Jesus, guiado pelo Espírito, vai para a Galiléia, primeiro campo da sua missão. No culto semanal, lugar da oração e do ensino, sua voz começa a ressoar: “Hoje, cumpriu-se esta passagem das escrituras que acabastes de ouvir”.
Qualquer adulto presente na assembléia podia tomar a palavra, ler e comentar o texto bíblico. Cada pormenor sobre o que aconteceu naquele sábado é muito importante. Jesus, antes de tudo, abre o livro que lhe é entregue. Sem ele, os oráculos dos profetas, os livros do Primeiro Testamento não tinham como ser explicados. Após a leitura, enrola o livro, entrega-o ao assistente e senta-se. Os olhares de todos se voltam para ele. No tempo de Jesus, quem se sentava para falar aos outros era considerado um mestre. Lucas faz questão de mostrar isso: Jesus como mestre. E mais, é para ele e não para qualquer outro que os olhos devem estar voltados.
Todos os livros do Primeiro Testamento têm como objetivo nos conduzir até Jesus. Ao atingirem esse objetivo, podem ser enrolados. Em nossas celebrações continuamos lendo os livros do Primeiro Testamento, porque são indispensáveis como preparação para a escuta do Evangelho de Jesus Cristo.
Quem fazia a segunda leitura na sinagoga podia escolher o texto de sua preferência. Jesus escolhe o texto do profeta Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres […]” (Lc 4,17-19). Mas quem, no texto de Isaías, é o homem enviado para levar a Boa-Nova aos pobres? Certamente, um profeta, mais ou menos 400 antes de Cristo, enviado por Deus para consolar os israelitas que tinham voltado do exílio da Babilônia. Eram tempos muito difíceis; depois do exílio, os ricos exploravam os pobres, os patrões não pagavam os salários… Diante dessa situação, o profeta sente-se convocado por Deus, para denunciar as injustiças.
Após ter lido o trecho, Jesus tece seu comentário: “Hoje, cumpriu-se este oráculo que acabastes de ouvir”.
Jesus faz a auto-apresentação, proclama o seu ministério público e torna conhecido seu programa de vida e missão. Realiza a leitura seguida da homilia. A homilia é uma leitura teológica, dando um sentido ao texto proclamado e interpretando os sinais dos tempos. Jesus não lê apenas um texto, mas lhe dá pleno sentido. Identifica-se com o “Ungido” de que fala o profeta Isaías, o Messias no qual a profecia se cumpre.
A proposta da sinagoga de Nazaré envolve também os seguidores de Jesus. Pela comunhão e pela fé, continuamos a atitude das pessoas presentes na sinagoga naquele sábado memorável. Temos os olhos fixos nele. O programa de Jesus se faz o nosso programa de vida e missão. Nós somos a comunidade da sinagoga de Nazaré, onde o Senhor atualiza a promessa e realiza a salvação. A missão libertadora de Cristo se atualiza em nós, atinge-nos aqui e agora. Somos seus beneficiários.
Em meio aos caminhos da história, a Igreja, em sua liturgia, sempre retorna a esse discurso programático de Jesus e o contempla, vendo nele a inspiração para sua missão. No tempo de Jesus, a realidade não era muito diferente, porém em proporções menores.
A pergunta que fazemos a Jesus, hoje, é esta: o que podemos fazer pelos pobres, abandonados, coxos e aleijados? Há um caminho e há uma resposta? A luz e a resposta estão no retomar o programa de Jesus, anunciado na sinagoga. Jesus, na força do Espírito Santo, nos reveste do seu poder de Ressuscitado para anunciar a Boa-Nova aos pobres: recuperando neles a dignidade, ressuscitando neles a organização e a partilha, dando voz e vez a todos os setores da sociedade. Em que sentido? Vejamos a seqüência:
• Proclamando a libertação aos cativos: significa libertar as pessoas de todos os preconceitos, das estruturas injustas, do analfabetismo, dos salários insuficientes e promover a ampla participação de todos nas decisões e na construção da sociedade solidária;
• Recuperando a vista aos cegos: quer dizer mostrar a verdade, ensinando a ler e a escrever, a entender as leis, a exigir a aplicação delas, indicando caminhos da superação da miséria, dando sentido à vida na luz do Ressuscitado;
• Proclamando o Ano da Graça do Senhor: simboliza anunciar que a vitória do Ressuscitado realiza as promessas do ano sabático, ou seja, terras distribuídas, dívidas perdoadas, presos soltos e liberdade para todos.
Tudo isso os cristãos e suas comunidades podem realizar, porque são ungidos no mesmo Espírito com o qual Jesus foi ungido. Todos somos ungidos e enviados para continuar e realizar a missão da libertação anunciada por Jesus na sinagoga de Nazaré. Para isso, fazem-se necessários o espírito comunitário, a organização social e a partilha de bens.
Importa nos darmos conta de que, reunidos como comunidade para ouvir a Palavra e dar graças e bendizer o Senhor, recebemos mais uma vez o Espírito que ungiu Jesus e o consagrou como Messias dos pobres, abandonados, estropiados, cegos, coxos e violentados pelo sistema econômico. No Ressuscitado somos agentes e promotores da libertação e do anúncio da Boa-Nova.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
Celebrar a Eucaristia é assumir sempre o compromisso de uma vida missionária, de partilha e de verdadeira comunhão. E no conjunto dos ritos celebrativos da Eucaristia, deve-se enfatizar a Liturgia da Palavra. Nessa, presente também, o valor celebrativo da homilia, como podemos antever na 1ª leitura de hoje (cf. Ne 8,8). Também em seu testemunho, já no século II, Justino fala da objetividade litúrgica da homilia quando diz: “Depois, quando o leitor acabou, o que preside exorta e incita com palavras à imitação destas coisas excelsas” (Apol. N. 67). Assim, a Palavra, proclamada e explicada, torna-se celebração e, ma sua sacramentalidade, gera sempre mais o espírito comunitário, de partilha e de comunhão.
A unidade na liturgia leva à unidade salvífica
A exemplo dos membros do corpo humano, na sua harmonia física e biológica, os mistérios de nossa Igreja, como dons do Espírito de Deus, devem também atingir o objetivo de nossas celebrações que é a formação de um só corpo eclesial, tendo Cristo como a cabeça vital. Na diversidade, pois, dos ministérios, deve-se procurar sempre a unidade e a harmonia do acontecimento celebrativo e salvífico, este apontando sempre para o mistério pascal.
É oportuno afirmar, porém, que a desejável unidade celebrativa não se obtém com mistura de funções, mas com a fiel observância das ações litúrgicas próprias de cada um, como pedem os documentos da Igreja (SC; IGMR). Numa linha de compreensão do mistério litúrgico, pode-se dizer que todos os ministros, como também a assembléia litúrgica, na plena consciência de suas funções, são capazes de fazer da celebração uma verdadeira mistagogia eucarística. Contudo, enquanto esse ideal celebrativo não é alcançado pelas celebrações em si mesmas, faz-se necessário desenvolver, na pastoral litúrgica, uma catequese mistagógica que o favoreça.
Como a mais viva epifania da Igreja, a Eucaristia deve reunir a humanidade num só canto ao Senhor, canto novo de esplendor e de beleza, como nos pede a antífona inicial. Também precisamos, devido à graça que nos é dada, gloriar-nos nos dons de Deus, vivendo a nossa vida segundo o amor de Cristo, para que o nosso existir humano sempre frutifique em boas obras.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
É uma alegria muito grande e uma festa única saber que somos a assembléia escolhida e amada para o cumprimento, hoje, das promessas do Senhor. Aqui, para nós, nesta liturgia, realiza-se a salvação prometida.
Temos consciência de que, por isso, somos portadores da mesma libertação. Temos que continuar a ação de Cristo, anunciando Boa-Notícia do Reino e concretizando a libertação de Deus.
É uma benção nos reunirmos com a comunidade para ouvir a Palavra que atualiza a salvação e cantar as maravilhas que o Senhor realiza hoje em nossas vidas.
Na oração sobre as oferendas, pedimos que o Senhor atualize a salvação.
A Palavra de Deus nos convocou e nos fez experimentar a intimidade do Senhor, derramando sobre nós o seu Espírito e nos ungindo para assumirmos a missão de Jesus: anunciar o Evangelho aos pobres e libertar as pessoas de toda escravidão.
6- ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Cada pessoa que chega deve sentir-se de fato na Casa aconchegante de Deus. Por isso, é de suma importância que todos sejam bem acolhidos, num espaço também acolhedor. Não de Maneira formal, artificial, como acontece muitas vezes em ambientes de prestação de serviços públicos. Mas de maneira profundamente humana, carinhosa, afetuosa, divinamente humana. Acolher na celebração é uma forma de oração!
2. “O culto eucarístico, a oração individual ou comunitária diante do sacrário (tabernáculo), a bênção do Santíssimo Sacramento, procissões, como a de Corpus Christi, são desdobramentos da celebração do mistério da Eucaristia, que não devem ofuscar a natureza da Eucaristia como celebração da memória do sacrifício de Jesus Cristo em forma de ceia. Por isso, tais devoções não devem ser inseridas na missa” (Guia Litúrgico Pastoral, Edições CNBB, página 24).
7- MÚSICA RITUAL
O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo do Tempo Comum, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do 3º Domingo do Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. Jamais os cantos devem ser escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um movimento ou de uma pastoral. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.
Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão gravados nos CDs Liturgia VI, XI e CD Cantos de Abertura e Comunhão.
1. Canto de abertura. “Cantai ao Senhor um canto novo” (Salmo 95/96,1.6). Sem dúvida, um canto de abertura condizente com o mistério celebrado e poderá cooperar para que a assembléia seja nele inserido é: “Canto novo ao Senhor que é Deus…” CD: Liturgia VI, melodia da faixa 1. A Igreja também oferece outras duas opções:
Por sermos uma Igreja missionária e profética, a Igreja oferece outras duas opções: “Ó Pai somos nós o povo eleito, que Cristo veio reunir”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão melodia da faixa 1. “Vamos, irmãos, louvar o Senhor…” Hinário Litúrgico III, página 321. Como canto de abertura não podemos deixar de entoar um desses três cantos que nos introduzem no mistério a ser celebrado.
2. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas…” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas, Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria e outros compositores.
O Hino de Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. Portanto, não é um hino trinitário. O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia.
3. Salmo responsorial 18/19. O valor vital da Lei de Deus. “Vossa lei é perfeita, ó Senhor,/ vossas palavras são espírito e vida!”; CD: Liturgia XI, melodia da faixa 5.
O Salmo responsorial é um dos cantos mais importantes da liturgia da Palavra. É um tipo de leitura da Bíblia. Por isso, é melhor que não seja cantado por todos, mas cantado por uma só pessoa: o salmista. A comunidade toda deverá ouvir atentamente e responder com o refrão. Sendo um canto bíblico, não deverá ser substituído por outro canto. O salmo nos permite dar uma resposta (por isso responsorial) à proposta que Deus nos faz na primeira leitura. Por isso ele é compromisso de vida. Ou como diz o profeta Isaias 55,10-11: “A chuva cai e a terra responde com frutos”. Deus fala e a comunidade responde na fé, na esperança e no amor. Além da resposta, o Salmo atualiza a primeira leitura para a comunidade celebrante.
4. O canto ritual do Aleluia. Cristo enviado para levar a boa-nova aos pobres (Lucas 4,18-19). “Aleluia…Foi o Senhor quem me mandou boas notícias anunciar”, CD: Liturgia XI, melodia da faixa 2. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.
Mais que qualquer outra aclamação (Amém ou Hosana), o Aleluia é expressão de pura alegria de êxtase. É o júbilo, a que Santo Agostinho se referia como “a voz da pura alegria, sem palavra”. Este júbilo nos ensina que não podemos racionalizar muito o mistério da Palavra. A Palavra deve tocar não nosso intelecto, mas o coração.
5. Apresentação dos dons. Como Igreja peregrina e missionária, devemos ter sensibilidade para com a missão, partilhando o que temos, sendo generosos para com os pobres. “De mãos estendidas” CD: Liturgia VI, melodia da faixa 4.
6. Canto de comunhão. Deus nos ilumina Salmo (33/34,6) / Eu sou a luz do mundo (João 8,12) ou “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos a recuperação da vista” (Lucas 4,18b). Sem dúvida, o canto de comunhão mais adequado pra esse dia é: “O Espírito está sobre mim, o Espírito a mim consagrou”, articulado com o Canto de Zacarias, (Lucas 1,67-79), CD: Liturgia XI, melodia da faixa 3, exceto o refrão.
A Igreja também oferece outras opções como: “O Espírito do Senhor me ungiu, me consagrou”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 263; “O Espírito do Senhor repousa sobre mim”, Hinário Litúrgico II, página 264. Estes três cantos retomam o Evangelho na comunhão de maneira autentica. Veja orientação abaixo.
O canto de comunhão deve retomar o sentido do Evangelho da Festa do Batismo do Senhor. Esta é a sua função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Isto significa que comungar o corpo e sangue de Cristo é compromisso com o Evangelho proclamado. Portanto, o mesmo Senhor que nos falou no Evangelho, nós o comungamos no pão e no vinho. É de se lamentar que muitas vezes são escolhidos cantos individualistas de acordo com a espiritualidade de certos movimentos, descaracterizando a missionariedade da liturgia. Toda liturgia é uma celebração da Igreja e não existem ritos para cada movimento e nem para cada pastoral. Cantos de adoração ao Santíssimo, cantos de cunho individualista ou cantos temáticos não expressam a densidade desse momento.
7. Desafio para os instrumentistas. É transformar as ondas sonoras do violão, do teclado e dos outros instrumentos na voz de Deus, isto é, em sintonia com o coração de Deus. Muitas vezes os instrumentistas acham que para agradar a Deus e o povo é preciso barulho e agitação. É preciso uma conscientização maior dos instrumentistas de que Deus não gosta do barulho. Assim fala o Senhor: “Afasta de mim o barulho de teus cantos, eu não posso ouvir o som de tuas harpas” (Amós 5,23). Deus gosta da brisa leve, da serenidade, da mansidão, do silêncio… Veja o exemplo da experiência que o profeta Elias fez de Deus na brisa suave e não na agitação do furacão, nem do terremoto e nem do fogo (1Reis 19,11-13). É preciso muito cuidado com os instrumentos de percussão. As equipes de canto e as bandas barulhentas, não expressam aquilo que Deus é, mas aquilo que os músicos são. “O barulho não faz bem, o bem não faz barulho” (São José Marello).
8- ESPAÇO CELEBRATIVO
1. O Ambão, ou mesa da Palavra, é o lugar próprio no presbitério onde a Palavra se faz pão, que alimenta a fé e a vida cristã dos fiéis. Hoje a primeira leitura nos faz ver a importância do Ambão no Rito da Palavra. Desde Neemias (cf. 8,1-12), podemos perceber o poder da Palavra de Deus na vida da comunidade, o povo que se congrega para escutar com atenção a proclamação da Palavra pelo escriba Esdras. Ele leu o livro da Lei em um estrado de madeira especialmente preparado. Quando Esdras abriu o livro, todo o povo pôs-se de pé.
2. Neste gesto podemos ver muitas semelhanças com a prática atual da Liturgia da Palavra:
– nos gestos pôr-se de pé para a leitura do Evangelho;
– nas aclamações “Amém, Amém” atualmente “Graças a Deus”;
– na escuta atenta da Palavra e sua explicação na homilia;
– e no banquete, após a proclamação e inspirado na Palavra que equivale, hoje,
ao banquete eucarístico.
3. Como podemos perceber, preparou-se um estrado pra a proclamação da Lei (cf. Neemias 8,4) para assegurar que todos pudessem ouvir e ver Esdras. Este espaço especial para a proclamação da Palavra se conhece hoje como Ambão. É um lugar simbólico, dedicado exclusivamente para a Palavra de Deus – de tal maneira que é chamado também mesa da Palavra. A dignidade da Palavra de Deus exige que exista na igreja um lugar que favoreça o anúncio desta Palavra e para o qual, durante o Rito da Palavra, se volta espontaneamente a atenção dos fiéis (cf. IGMR, n. 272). Lugar também onde se canta o Salmo responsorial por ser Palavra de Deus.
4. Na celebração de hoje, mais do que nunca, destacar bem o Ambão. Colocar em frente do Ambão um arranjo de flores desde que não tire a sua visibilidade e junto uma vela grande acesa com uma chama bem expressiva.
9. AÇÃO RITUAL
Antes da celebração, a comunidade pode cantar um refrão meditativo. Fazer com grande esmero, os ritos iniciais, vivenciando o seu sentido de reunir a comunidade de irmãos, formando o corpo vivo do Senhor.
Ritos Iniciais
1. Quem preside poderá inspirar-se no versículo 9 da primeira leitura para fazer a saudação inicial e no versículo 10, nos ritos finais.
Irmãos e irmãs, o Domingo é um dia consagrado ao Senhor, que sua graça e sua paz estejam convosco.
2. Após a saudação presidencial o diácono, ou um ministro, devidamente preparado, propõe o sentido litúrgico nos seguintes termos:
Domingo da manifestação de Jesus na sinagoga de Nazaré. Celebramos a Páscoa de Jesus Cristo, presente em todas as pessoas e comunidades ungidas no batismo pelo Espírito Santo, para anunciar o Evangelho aos pobres, cuidar dos coxos e oprimidos, ensinar as pessoas a viverem com a dignidade e liberdade.
3. Em seguida quem preside fazer uma recordação da vida, trazendo presente os acontecimentos significativos da comunidade, da sociedade e do mundo, mas de forma orante e não como noticiário.
4. Para o Ato penitencial seria muito oportuno a fórmula n. 1 do Missal Romano, página 393, que destaca Cristo como caminho que nos leva ao Pai, a verdade que ilumina os povos e a vida que renova o mundo.
5. O Hino de Louvor (Glória) é, sem dúvida, um dos momentos altos da celebração. Deve ser cantado solenemente por toda a assembléia. Deve-se estar atento na escolha dos cantos para o momento do glória. Ideal seria cantar o texto mesmo, tal como nos foi transmitido desde a antiguidade, que se encontra no Missal Romano, ou, pelo menos, o mesmo texto em linguagem mais adaptada para o nosso meio e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria e outros compositores (como já existe!). Evitem-se, portanto, os “glórinhas” trinitários! O hino de louvor (glória) não de caráter Trinitário e sim Cristológico, isto é, os louvores se concentram na pessoa do Filho Unigênito.
6. Na oração do dia, suplicamos a Deus que nos dirija conforme Seu amor e nos faça frutificar em boas obras.
Rito da Palavra
1. Antes de ler, é preciso primeiro mergulhar na Palavra, rezar a Palavra como fez Jesus na sinagoga de Nazaré. Pois “na liturgia da Palavra, Cristo está realmente presente e atuante no Espírito Santo. Daí decorre a exigência para os leitores, ainda mais para quem proclama o Evangelho, de ter uma atitude espiritual de quem está sendo porta-voz de Deus que fala ao seu povo”.
2. A função do salmista é de suma importância. Sua função ministerial corresponde à função dos leitores e leitoras, pois o salmo é também Palavra de Deus posta em nossa boca para respondermos à sua revelação. Por isso, o salmo deve ser cantado do Ambão.
Rito da Eucaristia
1. Na oração sobre o pão e o vinho suplicamos a Deus que acolha as oferendas que servem para a nossa santificação.
2. Quanto ao prefácio: quem preside procure proclamá-lo com ênfase, mas ao mesmo tempo calmamente, de forma serena e orante. Frase por frase. Cada frase é importante, anunciadora do mistério que hoje celebramos. Basta prestar bem atenção nelas! A boa proclamação do Prefácio, como abertura solene da grande oração eucarística (bem proclamada também), tem um profundo sentido evangelizador, pois, por seu conteúdo e, sobre tudo, por ser oração, toca fundo no coração da assembléia.
3. Sugerimos o Prefácio Comum, VI página 461 do Missal Romano que destaca Cristo, Palavra de Deus, que nos reúne. Seguindo esta lógica, cujo embolismo reza: “Ele é a vossa palavra viva, pela qual tudo criastes. Ele é o nosso Salvador e Redentor, verdadeiro homem, concebido do Espírito Santo e nascido da Virgem Maria”. O grifo no texto identifica aqueles elementos em maior consonância com o Mistério celebrado neste Domingo e que pode ser aproveitado na celebração, ao modo de mistagogia. Usando este prefácio, o presidente deve escolher a I, II ou a III Oração Eucarística. A II admite troca de prefácio. As demais não admitem um prefácio diferente. As demais não podem ter os prefácios substituídos sem grave prejuízo para a unidade teológica e literária da eucologia.
3. Na Oração Eucarística, compete a quem preside, pelo seu tom de voz, pela atitude orante, pelos gestos, pelo semblante e pela autenticidade, elevar ao Pai o louvor e a oferenda pascal de todo o povo sacerdotal, por Cristo, no Espírito Santo.
4. Distribuir o corpo de Cristo de forma consciente e orante, como um gesto de profundo serviço, expressando nele o próprio Cristo que se dá como servo de todos. Isso vale tanto para quem preside como para seus ajudantes.
5. A comunhão seja com o Corpo e o Sangue do Senhor, como instituído por Cristo, para sua memória. A comunhão em duas espécies, além de um direito de todo o povo de Deus, é sinal eficaz de nossa íntima união como Senhor e, por isso, com Sua Igreja, estreitando os laços da Aliança de amor entre Deus e nós, pois dessa forma, a comunhão se dá “mais perfeitamente”. É oportuno que a comunhão seja feita sob as duas espécies para toda a assembléia, conforme IGMR, n.240.
Ritos Finais
1. Na oração após a comunhão nos mostra que pela celebração da Eucaristia Deus nos deu nova vida, por isso devemos gloriarmos de seus dons.
2. As palavras do rito de envio podem estar em consonância como mistério celebrado inspiradas no versículo 10 da primeira leitura: Ide para vossas casas, não fiqueis tristes e sejam solidários com os pobres e proclamem o ano graça do Senhor. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.
10- REDESCOBRINDO O MISSAL ROMANO
1. Além dos tempos que têm característica própria, restam no ciclo anual de trinta e quatro semanas nas quais não se celebra nenhum aspecto especial do mistério do Cristo como nos tempos fortes; comemora-se nelas o próprio mistério de Cristo em sua plenitude, principalmente aos domingos. Este período é chamado Tempo Comum (IGMR, n. 43). No Tempo Comum contemplamos Jesus Cristo missionário e a Igreja também em missão.
11- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Evangelho de hoje nos mostra. Claramente, como Jesus entendia sua missão: anunciar grandes novidades aos pobres, a liberdade aos que se encontram aprisionados, a vista aos que não enxergam, libertar os que estão oprimidos e proclamar o ano da salvação do Senhor. Jesus se revela como quem realiza o compromisso de Deus com os oprimidos.
O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço fraterno a todos
Pe. Benedito Mazeti

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