quinta-feira, 23 de junho de 2016

SOLENIDADE DA NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA - MISSA DO DIA

24 de junho de 2016

Leituras

               Isaias 49,1-6
               Salmo 138/139,1-3.13-15
               Atos 13,22-26
               Lucas 1,57-66.80


“DE FATO, A MÃO DO SENHOR ESTAVA COM ELE”


1- PONTO DE PARTIDA

Celebramos hoje, solenemente, o nascimento de João Batista. João é muito lembrado pela tradição popular brasileira. O “São João” remete à festa, dança, comida, música, fogueira... enfim alegria contagiante.

Vejam como João Batista é importante para os cristãos. O próprio Jesus proclamou que, “entre os nascidos de mulher, não há um maior do que João; mas o menor no Reino de Deus é maior do que ele” (Lucas 7,28). Ele é tão importante, a ponto de ser o único santo (com exceção de Maria) que tem seu nascimento celebrado pela Igreja.

Assim como celebramos o nascimento de Jesus, no dia 25 de dezembro, hoje, dia 24 de junho, celebramos o natal de João Batista. Congregados pela Palavra de Deus, aqui estamos, nesta Solenidade, para contemplar e celebrar, acima de tudo, o Mistério d’Aquele que se fez menor no Reino de Deus, e por isso é o maior: Jesus Cristo.

Ouvimos a Palavra de Deus, alusiva ao evento de hoje, que traz uma mensagem de alegria e esperança para todos nós. Ela, através de João Batista, nos conduz para dentro da verdadeira Luz de todos os povos, o Salvador, Jesus, do qual nem merecemos desamarrar as sandálias.

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos bíblicos

Primeira leitura – Isaias 49,1-6. A primeira leitura de hoje pertence à segunda parte do livro de Isaias, isto é, o Segundo Isaias (40 a 55). Foi escrito durante o exílio babilônico de 586-538 antes de Cristo e contém quatro poemas que se destacam. São os cantos do Servo de Javé.

Os poemas (Isaias 42,1-4; 49,4-9 e 52,13-53,12) são endereçados a nações distantes também não identificadas. Os judeus viram no Servo o próprio povo, sofredor e portador de salvação ao mundo inteiro. Já os cristãos, desde o século I, aplicaram estes textos a Jesus Cristo que, como ninguém, realizou o que anunciavam.
O texto da liturgia de hoje, que forma o segundo cântico do Servo, destaca especialmente a missão do Servo de Deus. A sua vocação lembra o profeta Jeremias. “Desde o seio materno, o Senhor me chamou, desde o ventre de minha mãe, já sabia meu nome” (Isaias 49,1; cf. Jeremias 1,5).

No versículo 1, o Servo apresenta as suas credenciais: frente à importância da missão, ele se justifica perante seus ouvintes, as “ilhas” e as “nações distantes”. Em seguida, ele descreve como será a sua missão (versículo 2): agirá através da palavra. Palavra que é adequada e eficiente, conforme explica o poema através de duas imagens barrocas: palavra afiada como espada e ponteaguda como flecha. Além disso, o Servo conta com a proteção divina: Deus esconde-o na aljava, como o arqueiro a flecha.

A Palavra de Deus torna a língua do Servo como uma “espada afiada” (Isaias 49,2) para que possa “construir e plantar” (Jeremias 1,10), anunciando a libertação. A palavra, que não volta sem cumprir com sucesso sua missão (Isaias 55,11), ilumina e sustenta a caminhada.

O Servo ensina a colocar a vida nas mãos de Deus, a confiar unicamente Nele para obter êxito na missão. Deus defende seus escolhidos, os auxiliando em todos os momentos. O Senhor forma as pessoas desde o ventre materno, a fim de que possam ser “luz para as nações” (49,6). O Servo, mediante palavras e testemunho de vida, devolve a esperança aos cativos, aos oprimidos, dizendo: “Vinde para a luz!” (49,9).

A Igreja primitiva encontrará os traços de Cristo no retrato deste profeta (comparar o versículo 3 e Mateus 3,17; o versículo 6b e Lucas 2,32). Contudo, nem por isso estará terminada, com ele, a função profética realizada em Cristo.

Por seu lado, a Igreja é profética, no sentido de que ela situa os acontecimentos do mundo atual na perspectiva do Reino que se aproxima. Defende a sua liberdade de crítica em relação a todo sistema social, revolucionário ou conservador, e aplica-lhe seu critério de apreciação para descobrir nele a capacidade de preparar a unidade fundamental da humanidade em Jesus Cristo.

Lugar da proclamação profética da Palavra, a Eucaristia é, na Igreja, a instituição que, por excelência, deveria reunir aqueles mesmos que atacam da maneira mais enérgica certas outras instituições eclesiais, e convencer a cada um de sua missão profética no mundo.

Salmo responsorial –  Salmo 138/139,1-3.13-15. É um Salmo sapiencial. A existência humana, a minha, fica iluminada pela luz de Deus. Esta existência se realiza numa série de popularidades e contingências: andar-deitar, tempo-espaço, sentar-se-levantar-se, pensamento-palavra. E tudo isso é abarcado pela sabedoria única e total de Deus.

O saber de Deus se estende para trás, para antes do nascimento, antes do primeiro dia da vida; e até a profundidade dos ossos a até a profundidade da alma. Porque ele é o grande tecelão de nossos tecidos orgânicos, o grande operário no mistério da maternidade. No seio materno reflete-se a fecundidade da terra-mãe.

O rosto de Deus neste salmo são de muitos aspectos, e salientamos apenas alguns. O tema de Javé aliado e defensor do justo está muito presente. Um tema muito forte é o conhecimento de Deus. Ele conhece até as profundidades do nosso ser e do nosso agir, desconhecidas para nós. Nos conhece plenamente: por dentro, por fora, nossas ações e desejos mais íntimos, pensamentos e palavras. Deus está, portanto, no mais profundo do nosso ser, da nossa história pessoal. Não adiante fugir de Deus, porque estaríamos fugindo de nós mesmos e de nossa identidade mais escondida.

O Jesus no Evangelho de João tem esse conhecimento profundo das pessoas (João 1,47-50; 2,23-25). Suas primeiras palavras são estas: “O que vocês estão procurando?” (João 1,38). Ele sabe o que procuramos no mais fundo do nosso ser; e provoca-nos a tomar consciência disso, a fim de que sejamos felizes. A samaritana é exemplo disso (João 4,5-30) Jesus lhe revelou que ela estava à procura de uma água que mata a sede para sempre. Ela procurava sem ter consciência. Depois de encontrá-la, tornou-se missionária.

Cantando este salmo na celebração da Solenidade de São João, agradeçamos ao Senhor pela sua presença constante no mais profundo da nossa existência humana.

EU VOS LOUVO E VOS DOU GRAÇAS, Ó SENHOR,
PORQUE DE MODO ADMIRÁVEL ME FORMASTES!

Segunda leitura – Atos 13,22-26. Essa leitura foi extraida da pregação de Paulo diante dos judeus na sinagoga de Antioquia na Psídia (Atos 13,16-41).

A primeira parte do discurso é um resumo da história da salvação, centrada na pessoa de Davi e na sua Aliança com Deus (versículos 17-23). O essencial da proclamaçao de Paulo, na sinagoga, encontra-se no versículo 23: Deus nos “suscitou” (no duplo sentido de “fazer aparecer” e “ressuscitar”; cf. Atos 3,20-26; 26, 6-8) um membro da descendência de Davi como Messias. Paulo, portanto, traz presente a espera messiânica e apresenta a ressurreição como meio utilizado por Deus para realizá-la; nos meios judaicos, a fé na ressurreição permanecia vinculada à esperança messiânica.

Nesse contexto geral, João Batista é apresentado por Paulo como o Precuros do Messias, encarregado de preparar sua vinda pela proclamação de um batismo de arrependimento (versículo 24). Essa referência a João Batista testemunha o interesse de Lucas em iluminar a figura do Precursor numa dependência radical em relação ao Salvador (versículo 25; cf. João 1,20).

Esse Jesus, Salvador segundo a promessa, é o Jesus que realizou a História da Salvação na pessoa de cada um de nós com o Batismo que cada um recebeu e com a celebração eucarística que torna sacramentalmente presente “o sangue derramado por vós e por todos para a remissão dos pecados”. A “palavra”, também ela de “salvação” (versículo 26), diz respeito também a cada cristão que participa da Missa, porque “na liturgia... Deus fala ao seu povo; Cristo continua a anunciar o Evangelho” (SC 33), anuncia-o com a sua Palavra e com a sua presença salvífica.

Evangelho – Lucas 1,57-66.80. Depois do conjunto dos dois nascimentos, o de João Batista e o de Jesus (cf. Lucas 1,5-56), o evangelista passa para o conjunto dos dois nascimentos, a começar pelo do Precursor. Tudo isto acontece num clima de serenidade, entre louvores a Deus e os parabéns dos vizinhos (versículos 57-58). Dá um rápido aceno à circuncisão de João, segue-se a discussão a respeito do nome que vão lhe dar (versículos 59-64) e a pergunta a respeito da missão que Deus lhe reservará (versículos 65-66). A liturgia, depois, passa para o versículo conclusivo, recordando o nascimento do menino e a sua vida solitária no deserto (versículo 80).

Lucas nos dois primeiros capítulos, nos conta a infância de João Batista, profeta do Altíssimo e a de Jesus, Filho do Altíssimo. Constitui uma parte muito original com um vocabulário e estilo relembrando os do Primeiro Testamento.

O nascimento de João Batista (versículos 67-58). Lucas menciona rapidamente o nascimento de João Batista (apenas 2 versículos) para concentrar toda a atenção sobre a sua circuncisão (8 versículos). No caso de Jesus é o contrário: assistimos a um deslocamento do interesse de Lucas. Enquanto a circuncisão de Jesus é apenas notificada (1 versículo só), o relato de seu nascimento é bem mais desenvolvido (7 versículos) do que o de João. Isto se deve ao fato de que para Lucas era muito mais importante explicar por que o Salvador nasceu em Belém, na Judéia, enquanto o lugar de nascimento de João (em Ain Kãrim, mais ou menos a 8 km de Jerusalém) não interessa. Por outro lado, a circuncisão do Precursor é muito importante porque, naquela oportunidade, conforme o costume judaico, receberá o seu nome: “João”.

A circuncisão de João Batista (versículos 59-66). O oitavo dia depois do nascimento era a data legal da circuncisão (Gênesis 17,12; Levítico 12,3). O rito foi estabelecido a partir de Abraão quando Deus fez Aliança com ele, tornando-se pai de uma multidão de povos (Gênesis 17,5-10). Desde então todos os homens que vieram depois foram circuncidados para manifestar em sua carne a Aliança perpétua de Deus com seu povo. Até hoje, judeus e muçulmanos obedecem a este mandamento fundamental; o seu não cumprimento exclui a pessoa do plano salvífico de Deus (Atos 15,1) e constitui um pecado irremissível (Jubileus 15,33-34). O preceito atinge “tanto o nascido em casa como o comprado de estrangeiros (Gênesis 17,12-13).

Primitivamente, no Primeiro Testamento, o nome era dado no dia do nascimento (Gênesis 21,3-4). Mais tarde, sob a influência do helenismo e do judaísmo mais recente, passou a ser dado no dia da circuncisão: é o caso aqui. Geralmente, costumava dar ao menino o nome de seu avô. (para evitar o problema do mesmo nome (homonímia) entre pai e filho). Por causa da idade avançada de Zacarias, os parentes queriam dar à criança o nome de seu pai; a diferença de idade era tão grande que não teria confusão. Zacarias Júnior, diríamos hoje. Mas a mãe propões outro nome, João, o que causou estranheza  a algumas pessoas.

No Primeiro Testamento, o nome da criança podia ser dado indeferentemente pelo pai (Gênesis 16,15; 17,19; Êxodo 2,22) ou pela mãe (Gênesis 29,32-35; 30,6.24 Juízes 13,24; 1Samuel 1,20; 4,21; 2Samuel 12,24). Entretanto, quando havia conflito entre os esposos, a opinião do pai prevalecia (Gênesis 35,18). João recebe o nome de seu pai (Lucas 1,13.63) e Jesus de sua mãe (Lucas 1,31), por causa da sua concepção virginal. Obedecendo à ordem do anjo, Zacarias, e Maria manifestam a sua fé.

Porém, Isabel não estava sabendo que um mensageiro de Deus tinha indicado o nome de João. E como ninguém de sua parentela tinha este nome, percebemos melhor que teve uma intuição divina. O nome próprio do Batista (“João”, isto é, “Deus é favorável) sintetiza e ao mesmo tempo cumpre o plano misericordioso do Deus de Israel que se lembrou de sua Aliança com Abraão, cujo sinal visível é justamente a circuncisão. Assim o nome da pessoa revela ao mesmo tempo o sentido de sua missão.

A Palavra do Senhor liberta, abre a boca, solta a língua para que as pessoas possam louvar e profetizar. Zacarias bendiz o Deus misericordioso e compassivo, que se preocupa com a vida do povo. O Espírito de Deus ilumina, ajuda a descobrir os sinais de salvação nos acontecimentos da vida. Deus renova as promessas, a Aliança feita a Abraão. Agora ele faz nascer um menino, que será chamado profeta do Altíssimo, pois andará à frente do Senhor para preparar o caminho e anunciar a salvação ao povo (cf. Lucas 1,68-79).
Juventude de João Batista (versículo 80. Inspira-se na infância de Samuel (1Samuel 2,21.26) e um pouco também em Sansão (Juízes 13,24-25). É uma espécie de refrão que encontramos igualmente em Lucas 2,40.52 para descrever a vida oculta de Jesus em Nazaré. Resume num versículo só toda a vida juventude de João: isto significa que não sabemos nada dela! A única informação que possuímos é que o Batista “habitava nos desertos”. Este traço já prefigura a atividade posterior de João (Lucas 3,2.4; 7,24). O deserto, lugar de treinamento dos profetas, será também o quadro do retiro de Jesus Cristo, preparatório à sua vida pública (Lucas 4,1-13).

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

Deus tem seus caminhos, Deus tem seus planos para a salvação da humanidade em Jesus Cristo. Depois que Jesus morreu e ressuscitou, a comunidade cristã primitiva logo percebeu: a mão misteriosa de Deus estava ali, na pessoa de João Batista, desde sua concepção e de seu nascimento até sua pregação de um batismo de conversão para a colher a grande novidade do Reino que em Jesus estava para irromper. Foi Deus que enviou João para “dar testemunho da luz e preparar para o Senhor um novo povo disposto a recebê-lo” (cf. João 1,6-7; Lucas 1,1-7).

Ainda no seio materno, “saltou de alegria” (Lucas 1,44) pela sua proximidade com Jesus, no seio de Maria. Depois, o nascimento de João foi causa de alegria “entre vizinhos e parentes” (Lucas 1,58); também o nascimento de Jesus foi anunciado aos pastores como “uma grande alegria para todo o povo” (Lucas 2,10), alegria que abrangeu os anjos do céu que cantavam “Glória a Deus” e “paz aos homens” (cf. Lucas 2,14) sobre o berço do recém-nascido, proclamado “Salvador” (Lucas 2,11). A alegria da Redenção chegou a cada um de nós no sacramento do Batismo e torna-se mais viva nos momentos de recolhimento.

Celebrando hoje o nascimento de João Batista, contemplamos, ao mesmo tempo, a figura do Salvador do mundo presente entre os seres humanos. Contemplamos a figura do Filho de Deus que, descendo do céu, mergulhou (foi batizado) no oceano de nossa existência humana para fazer de cada um de nós, n’Ele, também filhos e filhas do Altíssimo Senhor do céu e da terra. Contemplamos e celebramos o divino Cordeiro que, por sua morte e ressurreição, tirou o pecado do mundo e nos garantiu a salvação e a paz.

Como João Batista, também nós, agora na qualidade de cristãos renascidos nas águas do Batismo, somos destinados a uma missão, a saber, a missão de anunciar o Salvador, que fez de nossos corpos sua morada. Como fazemos isso? Por nossas palavras e ações, por nossa postura ética cristã em um mundo que, muitas vezes, aberta ou disfarçadamente, opõe resistência à Palavra libertadora de Deus.

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇAO

O mutismo de Zacarias

Para Santo Agostinho, o fato de Zacarias ficar mudo, ao duvidar do anúncio do nascimento de seu filho, é muito significativo. Aliás, fica mudo desde o anúncio até o nascimento de João. O mutismo de Zacarias é símbolo da profecia antiga que se encontrava de certo modo velada ou adormecida até o momento da pregação de Cristo. Com a chegada de Cristo, a quem a profecia antiga se referia, lançava-se nova luz e dava sentido e vitalidade à história da salvação. Segundo Santo Agostinho, bispo de Hipona, a recuperação da voz de Zacarias, no momento em que seu filho recebe o nome por ele designado (Johanan) significa “JHWH é graça, é bondade”, isto é, João significa “Deus se mostrou misericordioso”, tem o mesmo sentido do véu que se rasga no Templo de Jerusalém quando acontece a morte de Cristo na cruz. A língua destravada de Zacarias rompe o mutismo da profecia, tal como o véu do Templo que impedia o acesso ao Santo dos santos.


O Messias inaugura novos tempos

Alonso Schökel comenta: “o véu do Templo separava o arcano onde estava presente a glória de Deus; era acessível só ao sumo sacerdote, uma vez por ano, entre as nuvens de incenso, no dia da expiação. Esse sinal da velha economia se rasga, deixa de funcionar, porque doravante o acesso a Deus está presente, sempre a todos, por meio de Jesus. A chegada do Messias inaugura tempos novos. Mais uma vez vemos a grandiosidade do Precursor e ao mesmo tempo sua inferioridade porque ele anuncia alguém maior. João é a “voz que clama no deserto”, mas anuncia aquele que é, desde o princípio, a Palavra eterna pela qual tudo foi criado (cf. Colossesnses 1,16).

5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

No início da Missa de hoje, ao Deus que suscitou São João Batista “a fim de preparar par ao Senhor um povo perfeito” fizemos este pedido: “concedei à vossa Igreja as alegrias espirituais e dirigi nossos passos no caminho da salvação e da paz”.

Logo mais, em torno do Altar, proclamando as maravilhas operadas em João Batista, vamos também nós, com Zacarias, soltar nossa voz e começar a louvar o Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso. Vamos fazê-lo unidos aos anjos, a São João Batista e a todos os santos, cantando aquele hino que eles cantaram sem cessar no céu, diante do trono e do Cordeiro: Santo, santo, santo...

Em comunhão com toda a Igreja do céu e da terra, nesse mesmo clima de ação de graças, fazermos memória da Páscoa do Senhor e nossa páscoa, pela qual oferecemos ao Pai o corpo entregue e o sangue derramado de Jesus. O Pai nos entrega em alimento o Pão do céu, a fim de sermos também nós Corpo de Cristo bem unido a serviço da salvação e da paz.

Restaurados à mesa do Cordeiro divino, nós pedimos a Deus que, a Igreja, ao festejar o nascimento de São João Batista, de fato “reconheça no Cristo, por ele anunciado, Aquele que nos faz renascer”.

Partimos para a missão, junto com São João Batista! Abençoados por Deus, partimos dispostos a colaborar com São João Batista para que a nossa sociedade seja de fato uma sociedade justa e fraterna para que todos vivam em paz.

Que assim seja. Amém!

6. ORIENTAÇÕES GERAIS

1. É uma das celebrações que exige uma preparação especial por parte da equipe de liturgia do presidente da celebração e possibilita a valorização de elementos da piedade popular, mas com muito cuidado para não cair no folclore, no sentimentalismo e no individualismo religioso.

2. A cor litúrgica a ser usada é o branco ou o dourado.

3. Não chegue na última hora para a celebração da Missa. Chegue com certa antecedência, porque é bom que você domine o tempo, em vista do que é prioritário no seu ministério. Assim poderá ter alguns minutos de silêncio para encontrar calma, para interromper seu trabalho às vezes frenético, para tornar-se bem consciente do que está se preparando para celebrar: o mistério da fé, da esperança e do amor.

4. É bom lembrar que no dia 25 é o Dia do Migrante. Dia 26 é o Dia Internacional de Combate às Drogas e da Criação da ONU. Dia 28, é memória de Santo Irineu, bispo de Lyon e mártir.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são da Solenidade do Nascimento de São João Batista, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado.

A equipe de canto faz parte da assembléia. Não deve ser um grupo que se coloca à frente da assembléia, como se estivesse apresentando um show. A ação litúrgica se dirige ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Portanto, a equipe de canto deve se colocar entre o presbitério e a assembléia e estar voltada para o altar, para a presidência e para a Mesa da Palavra.

1. Canto de abertura. Enviado por Deus para testemunhar a Luz e preparar o caminhoi do Senhor (João 1,6-7; Lucas 1,17. “Antes que formasse dentro do seio de tua mãe”, CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa 10. Seu texto explica a missão dos profetas de ontem e de hoje.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47).

2. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso e outros compositores.

O Hino de Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia. 

3. Salmo responsorial 138/139. Pertencer a Deus desde o seio da mãe. “Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor,/ porque de modo admirável me formastes! CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa 11.

O Salmo responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura. Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura para a comunidade celebrante. Primeira leitura, Palavra proposta e salmo Palavra resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista.

4. Aclamação ao Evangelho. O Precursor do Senhor (Lucas 1,76). “Aleluia... Serás chamado, ó menino, o profeta do Altíssimo”, CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa 12. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical, missa da vigília, página 1020.

5. Apresentação dos dons. A nossa dimensão profética se concretiza na partilha dos bens em favor do culto e da missão da Igreja. Devemos ser oferenda com nossas oferendas. “Bendito seja Deus Pai, do universo criador”, CD: Liturgia VII, melodia faixa 12.

6. Canto de comunhão. O amor do íntimo de Deus, a visita da luz do alto (Lucas 1,78). “Houve um homem enviado por Deus para ser testemunha da luz”, CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa 13; “Jesus passa e o Batista o aponta: “Eis aí o Cordeiro de Deus!”, CD: Liturgia VI, melodia igual à faixa; “Um dia, lá na Judéia, um homem chamado Clamava no deserto”, CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa 14. 

O canto de comunhão deve retomar o sentido do Evangelho do dia. As músicas do CD: Festas Litúrgicas II da Coleção: Cantos do Hinário Litúrgico da CNBB nos ajudam a viver melhor o mistério celebrado. Para comunhão, sugerimos o canto que está no CD melodia da faixa 13, que une a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Esta é a sua função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a “unidade entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Temos mais dois cantos muito oportunos para esta Solenidade é: Jesus passa e o Batista o aponta: “Eis o Cordeiro de Deus!”. As estrofes são do canto de Zacarias, “Bendito o Deus de Israel, que a seu povo visitou”, Lucas 1,67-79; “Um dia, lá na Judéia, um homem chamado Clamava no deserto”. Estes três cantos nos ajudam a entender as missão de João Batista e a nossa de apontar Jesus o Cordeiro de Deus.

8- ESPAÇO CELEBRATIVO

1. A Igreja deve ser ornamentada com simplicidade, recordando o estilo profético e austero de João. Preparar o espaço celebrativo de forma festiva para lembrar a alegria do nascimento de João Batista usando o branco ou o dourado.

2. Para ajudar na reflexão e na oração da assembléia, colocar, junto da Mesa da Palavra uma imagem de João Batista. Pode também ser um quadro ou ícone.

9. AÇÃO RITUAL

Se a celebração for a noite, onde for possível, pode ser iniciada ao redor de uma fogueira. Enquanto as pessoas vão chegando canta-se: “Louvarei a Deus, seu nome bendizendo! Louvarei a Deus, à vida nos conduz”. (Orações e cantos de Taizé, n. 71).

Ritos Iniciais

1. Quando o momento de iniciar a celebração, você que preside faz o ingresso. Entre na paz, na alegria interior, na serenidade, disposto, sem pressa, sabendo que você, com esse ingresso, deve mostrar o Cristo que está chegando. Você há de ser um “sinal” da vinda do Kyrios (Senhor) em nosso meio. Sim, Cristo continua invisível, mas é Ele quem realmente é o celebrante. E a liturgia acontece na comunhão entre a Igreja na terra e a assembléia das criaturas celestes e dos santos ao redor Dele, o Cordeiro que está diante do trono (cf. Apocalipse 5,6-14; 7,9-17).

2. Como na celebração da Vigília, não deve faltar na Missa do Dia também o incenso. Lembrando que Zacarias recebeu o anúncio do anjo Gabriel que ia ser pai enquanto oferecia o incenso na liturgia.

3. A saudação inicial do presidente deve começar trazendo esperança. Seria oportuno a saudação da página 390, d) do Missal Romano:

O Deus da esperança, que nos cumula de toda a alegria e paz em nossa fé, pela ação do Espírito Santo, esteja sempre convosco.

4. O sentido litúrgico pode ser proposto, através das seguintes palavras, ou outras semelhantes:

Celebramos hoje, solenemente, o nascimento de João Batista. O nascimento de João é um sinal da vontade salvífica de Deus que vai se cumprindo na vida do povo, em meio aos acontecimentos simples e quotidiano.

5. Antes da Recordação do Batismo, será bem-vinda a Recordação da Vida de São João Batista. Importante neste momento não antecipar o Evangelho a ser proclamado que narra seu nascimento, mas, brevemente falar de seu significado para a tradição cristã.

6. João Batista lembra o batismo de Jesus no rio Jordão. Assim, pois, seria bem expressivo no ato penitencial aspergir a assembléia com água, como memória do nosso Batismo. Proceda-se a bênção da água e aspersão da assembléia.

7. O Hino de louvor “Glória a Deus nas alturas” é antiqüíssimo e venerável, com ele a Igreja, congrega no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus e ao Cordeiro. Não é permitido substituir o texto desse hino por outro (cf. IGMR n. 53). O CD: Festas Litúrgicas I propõe, na faixa 2, uma melodia para esse hino que pode ser cantado de forma bem festivo, solista e assembléia. Cantar com alegria e convicção nesta Solenidade.

8. Na Oração do Dia, contemplamos João Batista que prepara para Deus um povo perfeito e suplicamos que dirija nossos passos no caminho da salvação e da  paz.

Rito da Palavra

1. As leituras sugeridas pelo Lecionário, para esse dia, foram escolhidas levando-se em consideração a característica da Missa da Vigília desta Solenidade, portanto devem ser bem preparadas e lidas compassadamente pelos leitores.

2. Dar destaque maior à proclamação do Evangelho, que hoje pode ser cantado e o livro, incensado como favorece o próprio Evangelho que narra Zacarias na sua função sacerdotal oferecendo o incenso na presença do Senhor.

3. Ao final da Liturgia da Palavra, quem preside pode fazer uma oração sobre o povo, impondo as mãos sobre a assembléia, conforme o Missal Romano propõe e orienta. Sugerimos a fórmula 25, página 534
           
4. As preces, como sugere o Missal Romano, são feitas do Ambão e recordem a vocação do povo de Deus para o anúncio do Reino e para o testemunho da presença do Cordeiro de Deus no mundo. Atenção à estrutura das preces sobre a qual falamos no roteiro do domingo anterior, evitando-se formas indiretas: “para que...”, “pela nossa...”, “a fim de que...”. recordem o aspecto memorial e a suplica seja feita com base no que foi recordado. São formas de se valorizar a Palavra na celebração.

Rito da Eucarística

1. Na Oração sobre as Oferendas contemplamos João que anunciou a vinda do Salvador e o mostrou presente entre os homens.

2. O Prefácio é o da Natividade de São João Batista e a Oração Eucarística III que ressalta quatro vezes a palavra sacrifício, isto é, fazer algo sagrado. Ela evidencia que a nossa vida deve ser um sacrifício do nascer ao por do sol. O prefácio evidencia  que João é o maior entre os nascidos de mulher.

3. O rito da Fração do Pão, durante o Cordeiro de Deus, deve ser evidente para a assembléia. Assim como o profeta João apontou o Cordeiro de Deus, também nós devemos segui-Lo em seu gesto de doação e entrega pela vida do mundo.

Ritos Finais
           
1. Na Oração após a comunhão, suplicamos a Deus que nos conceda reconhecer em Cristo, anunciado por João, Aquele que nos faz renascer.

2. Preparar um testemunho sobre a profecia em nosso tempo. Quem hoje, na vida da comunidade ou da sociedade exerce o papel de profeta, denunciando as maldades e injustiças do mundo e anunciando a chegada do Reino e a presença de Deus no meio da vida e das situações? Preparar algo que seja interessante e curto e que a comunidade não se canse com esse testemunho. Seria bom que esse testemunho fosse feito nos ritos finais, como estímulo para a missão.

3. Antes da bênção, um grupo de crianças leva flores para serem depositadas aos pés da imagem de João Batista, amigo de Jesus.

4. Para a bênção final, sugere-se a do Tempo Comum I do Missal Romano, página 525.

5. As palavras do rito de envio estejam em consonância com o mistério celebrado: Proclamem a todos as maravilhas realizadas pelo Senhor. Sejam profetas e testemunhas de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante celebrar a Natividade de São João Batista. Ao celebrar a Igreja estende as suas raízes no seu solo, historicamente remoto, mas presente no espírito e no coração de cada pessoa humana. João Batista precede e proclama, para ser depois o corpo vivo do Cordeiro, precedido e proclamado.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
           
Pe. Benedito Mazeti 

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