sexta-feira, 14 de outubro de 2016

29º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C

Faça-me justiça contra o meu adversário
16 de outubro de 2016

Leituras

         Êxodo 17,8-13
         Salmo 120/121,1-8
         2Timóteo 3,14-4,2
         Lucas 18,1-8


“FAÇA-ME JUSTIÇA CONTRA O MEU ADVERSÁRIO”


1- PONTO DE PARTIDA

Domingo da viúva persistente. Continuamos com Jesus, nosso caminho rumo a Jerusalém. Lucas insiste muito no caminho: caminho para uma meta, caminho novo, caminho diferente. Vamos, há vários domingos, abrindo este caminho com Jesus. Este caminho tem seus riscos e perigos para a vida de quem o trilha com convicção.

Como cidadãos, vivendo numa sociedade desigual da qual impera a impunidade dos corruptos, somos convocados à adesão profunda e pessoal com Jesus Cristo, cultivada pela oração persistente. Uma sociedade nova pressupõe esforço constante de muitas pessoas para eliminar tudo o que ameaça o projeto de Deus. O Senhor fará justiça se as pessoas ardentemente as desejarem, suplicando com insistência e sem desânimos: “Venha a nós o vosso Reino de justiça e de paz”.

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

Primeira leitura – Êxodo 17,8-13. Quando o povo de Deus caminhava para a terra prometida, no meio do deserto, a tribo dos amalecitas atacou os hebreus. O povo acreditava que cada luta era uma obediência a Deus e que Ele mesmo vinha dirigir o combate. Por isso Moisés mandou seu companheiro Josué chefiar a luta, enquanto ele, junto com Aarão e Hur, permaneciam em oração.

O livro do Êxodo nos traz a batalha de Rafidim, em que os Israelitas saem para combater os amalecitas que os vieram atacar. Os amalecitas são descendentes de Amalec, neto de Esaú (cf. Gênesis 36,12-16), povo nômade que roubava outros povos no deserto.

Os amalecitas, que Moisés combate aqui, é um povo muito antigo, que Davi também enfrentará. Foram os adversários dos hebreus e sobretudo de Judá durante vários séculos (Números 13-14; Salmo 83/84,8).

Partindo de uma visão de conjunto, podemos perceber inicialmente que as pessoas são muito mais ativas e desempenham uma missão diferente, porém elas estão profundamente interligadas. O êxito de um depende da ação do outro. Em vista do objetivo comum, do bem comum, se monta uma ação conjunta e bem planejada com os meios e recursos que se tem à disposição. Com outras palavras isto quer dizer: O povo de Israel se encontrava diante de um perigo de vida ou de morte, em virtude da ameaça dos amalecitas provocando-o para uma batalha. Moisés, o líder principal, incumbe Josué da tarefa de escolher homens e prepará-los para combater na linha de frente. Neste meio tempo Moisés com Aarão e Hur, sobem para ao ponto mais alto de uma colina. Josué com sua gente na vanguarda sabiam que sua ação tinha a cobertura da sua liderança principal, isto é, de Moisés e seus companheiros na retaguarda. E, alem disso, podemos supor que o sucesso desta “ação conjunta” dependia da base comum a todos eles: Que não eram eles os combatentes principais, mas seu Deus era o guerreiro principal; eles eram o meio, os colaboradores, nas mãos de Deus. Isto parece se manifestar na atitude que Moisés assume, permanecendo de mãos levantadas. Pois enquanto Moisés conservava sua mão levantada venciam os israelitas, mas quando a deixava cair os amalecitas tornavam-se mais fortes.

Moisés levou junto para o alto da colina a “vara do Senhor”. Esta não deve ser vista como uma “varinha mágica”, mas como aquele grande sinal da presença ativa e eficaz de Deus junto ao seu povo. Esta vara do Senhor bem como a atitude de Moisés com a mão levantada, portanto, eram a grande motivação, a força motora, aquela inspiração, de que Deus combatia com o povo de Israel e que unido a Ele e colaborando com Ele, os israelitas podiam estar certos do sucesso.

E para que este êxito fosse decisivo era necessário que Aarão e Hur, como companheiros de Moisés, desempenhassem a sua missão, de ajudar o grande líder, fazendo-o sentar sobre uma pedra e segurando-lhe suas mãos erguidas. Por isso, impulsionados pela fé no seu Deus e cada um desempenhando sua missão específica e conjugada com as demais obtiveram, por causa da sua perseverança, a vitória desejada exterminando os amalecitas.

Esta catequese, portanto, tem como finalidade demonstrar que, quando cada um assume a sua missão recebida de Deus, em conjunto com os demais e com os recursos e meios de que dispomos, o êxito de nossa ação missionária não vai faltar.

Salmo responsorial – Salmo 120/121,1-8. O fato contado na leitura que ouvimos ficou para nós como um exemplo do poder da oração fervorosa, que deve sempre estar presente na luta da vida. A mensagem da primeira leitura torna-se oração neste cântico das subidas: Javé, “guarda de Israel” (versículos 3-5), vigia sobre o Seu povo e “defende-o de todo o mal” (versículos 6-8). A comunidade inteira e cada fiel encontra encontram nesta atitude de abandono confiante a certeza de um “auxílio” contínuo (cf. versículos 1-2).

O Salmo 120/121 é um cântico de peregrinação (subida para Jerusalém). Conforme o tema, é um cântico de confiança. No Primeiro Testamento os montes levantam a terra até o céu, são moradia preferida de Deus: o peregrino contempla um panorama de montes e colinas.

Deus é o guardião de todo Israel e também de guardião de cada pessoa, e sempre vigia. A sombra é a presença protetora de Deus, sobretudo no Templo de Jerusalém.

O rosto de Deus no salmo 120/121. Descobrimos neste salmo várias características do rosto de Deus. Em primeiro lugar, é chamado de “socorro” (versículo 1b.2a). Em todo o Primeiro Testamento, o único socorro de Israel se chama Javé. Os profetas criticam as autoridades políticas quando elas vão pedir socorro ao Egito ou à Assíria. Em segundo lugar, Javé criou o céu e a terra, é o aliado de tudo e de todos para a vida. É por isso que a vida dessa pessoa está salvo (versículo 7b). Além disso, a imagem do pastor que não dorme é muito importante. E o tema “Javé-Pastor” faz pensar no êxodo e na aliança.

De alguma forma, todos esses aspectos do rosto de Deus refletem-se no rosto de Jesus. Com suas palavras e ações, fazia nascer confiança nas pessoas. Chamam a atenção seus milagres em favor dos pobres, doentes e excluídos. Jesus foi “socorro” para quantos confiarem nele. É interessante, também, aprofundar o tema “Jesus-Pastor” (João 10), para senti-Lo constantemente vigilante em favor da vida para todos.

O povo libertado, a caminhada da Terra Prometida, reconhece que o socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra. Através do Salmo 120/121, expressemos nossa confiança no Senhor que nos dá coragem para lutar.

Segunda leitura – 2Timóteo 3,14-4,2. Paulo está preso e próximo da morte. Escreve a seu discípulo Timóteo confirmando-o no ministério de animar a fé da comunidade em Jesus Cristo. Que esta Palavra confirme também a nós no serviço que temos dentro da comunidade.

Este texto é muito importante porque coloca no mesmo plano a Tradição Apostólica e a Sagrada Escritura como também por afirmar a inspiração da Bíblia (versículo 14) – “Tu porém”. Este porem é uma referência aos homens maus e impostores do versículo 13. São os falsos doutores que não permanecem firmes naquilo que aprenderam.  Timóteo entretanto deve permanecer firme como guardião do depósito revelado (Efésios 1,14), que ele aprendeu e aceitou como certo.

No versículo 15, Paulo relembra que desde a infância Timóteo conhece as Sagradas Letras. Quais teriam sedo os mestres de Timóteo? Primeiramente sua avó Lóide e sua mãe Eunice (cf. 2Timóteo 1,5), provavelmente também os cristãos de Listra (cf. Atos 16,1) e de modo especial Paulo. De fato, o judeu era instruído na Lei desde os cinco anos de idade. Sagradas Letras é uma expressão que só aparece aqui em todo o Novo Testamento. Essa expressão se refere ao Primeiro Testamento, no qual Timóteo foi instruído desde a infância. Nessa época ainda não existia nenhum escrito do Novo Testamento! Neste verso Paulo afirma a inspiração do Primeiro Testamento e sua importância para encaminhar as pessoas para a salvação em Cristo.

“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil...” Esta é a leitura mais provável. “Toda Escritura” significa toda passagem da Escritura. Na segunda parte do versículo 16, Paulo enumera as diversas utilidades da Escritura: instruir, refutar, corrigir e educar na justiça, para que o homem de Deus, provavelmente, os pastores consagrados como Timóteo, sejam inteiramente aptos no desempenho do seu ministério.

Os versículos de 1 a 2 do capítulo 4 é uma exortação solene à proclamação da Palavra de Deus. A importância da exortação do versículo 2, que provavelmente quer resumir toda a orientação dada por Paulo, é sublinhada pela solene introdução do versículo 1: “Eu te conjuro” (cf. 1Timóteo 5,21) e para isto toma “dois” testemunhos como prescrevia a Lei (Deuteronômio 17,6; Mateus 18,16). Os “dois” testemunhos tomados são o Pai e o Filho. Refere às prerrogativas do Filho como juiz escatológico que há de julgar os vivos e os mortos (fórmula do símbolo de fé, tirada do querigma primitivo – cf. Atos 10,42). Refere também ao estabelecimento do seu Reino dom poder e glória no momento da Parusia. Antes da Parusia é preciso que o Evangelho seja pregado a “todas as nações” (Mateus 28,20).

Evangelho – Lucas 18,1-8. Estamos no fim da “relação de Lucas sobre a viagem” de Jesus a Jerusalém (9,51—18,14). O início do capítulo 18 é consagrado ao desenvolvimento de duas parábolas a Lucas: o juiz iníquo e a viúva importuna (versículos 2-8a), o fariseu e o publicano (versículos 9-14).

A introdução “disse ainda uma parábola para mostrar a necessidade de orar sempre, sem jamais esmorecer” (Lucas 18,1) servia para as duas parábolas. Encontramos aqui um pensamento e um vocabulário tipicamente paulinos:

- orar sem cessar (1Tessalonicenses 5,17; 2Tessalonicenses 1,11; Filipenses 1,4; Romanos 1,10; 12,12; Colossenses 1,3 e Filemon 4);

- nunca desanimar-se (Romanos 12,12; 2Tessalonicenses 3,13; 2Coríntios 4,1.16; Gálatas 6,9; Efésios 3,13).

Na caminhada de Jesus a Jerusalém, a parábola da viúva e do juiz iníquo introduz um novo elemento: a oração. O protagonista é o juiz que não temem a Deus (Lucas 18,2) e não se importa com as pessoas. A personagem oposta é a viúva (18,3), objeto de atenção especial por sua condição desprotegida e fraca na sociedade (cf. Êxodo 22,21-23). Como tal ficava exposta aos abusos legais e judiciais pelo fato de não poder pagar nem subornar.

A viúva é o tipo mesmo do pobre. E a Sagrada Escritura sempre defendeu o direito da viúva porque, sendo mulher e sozinha com os filhos para criar, ela “se encontra duplamente oprimida e excluída” (Puebla 1135, nº 331). Vejamos, por exemplo, as seguintes exortações: “Socorrei o oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a viúva” (Isaias 1,17). “Defendei o oprimido e o órfão, fazei justiça ao humilde e ao pobre, livrai o oprimido e o necessitado, tirai-o das garras dos ímpios” (Salmo 82/83,3-4). A viúva é objeto de uma proteção especial da Lei (Êxodo 22,20-23; Deuteronômio 14,28-29; 24,17-22) e de Deus (Deuteronômio 10,17s) que escuta a sua lamentação (Eclesiástico 35,14s), a defende e a vinga (Salmo 94/95,6-10).

Acontece que o juiz não cumpre o que lhe é exigido pela Lei. Talvez tenha medo de sofrer as pressões de uma pessoa muito influente ou tenha recebido alguma propina para calar a verdade e pronunciar e pronunciar um falso julgamento. É por isso que Lucas diz do juiz que “não temia a Deus e não tinha consideração para com os homens” (versículo 2) Não se trata aqui de um juiz ateu mas de um juiz iníquo que não aplica a Lei apesar dos mandamentos persistentes e muito claros provindos de Deus.

A exigência que a viúva faz ao juiz é expressa no pedido: “Faça-me justiça contra meu adversário” (18,3). Tratava-se, possivelmente, de uma questão de herança ou de pagamento de alguma dívida. Pequenos casos que o juiz, com boa vontade, podia resolver. Ele protelava a sentença favorável à viúva, talvez por comodismo ou pela importância social do devedor, com quem o magistrado não queria se dispor. A justiça, nos homens da lei, desde longa data está comprometida. O profeta Amós já gritara contra esta situação (cf. Amós 8,4-8). Oséias havia denunciado a falsificação e a exploração dos pobres (Oséias 11,1-11; 12,10-12). Miquéias acusou os homens da lei e as autoridades por atuarem e decidirem sempre em favor de seus interesses (3,1-11). Agindo assim, eles se perpetuam no poder e conseguem sustentar sua influência entre as pessoas (cf. Lucas 16,1-13). Os pobres, representados aqui pela viúva, por não possuírem dinheiro, normalmente, não têm poder de barganha, de influência e, menos ainda, de decisão. Na perspectiva do juiz iníquo, os tribunais de justiça acabam se transformando em cenários férteis de injustiça e em lugares onde quem tem privilégios recebe mais e quem tem pouco é espoliado até de seus direitos.

A viúva tinha tudo para desistir, mas insistiu e persistiu para que seu processo fosse julgado. Ela não possuía dinheiro para comprar nem para comprometer a justiça. O homem da lei, porém, viu-se obrigado a pronunciar a sentença para não continuar sendo molestado pela persistência da mulher (Lucas 18,5). A parábola conclui revelando a eficácia da oração: se o juiz iníquo se deixou dobrar aos pedidos insistentes da viúva, o que dizer de Deus, o justo juiz, quando a ouvir as súplicas de seus filhos. A história já havia dado provas disso. No deserto, o Senhor atende ininterrupta intercessão de Moisés em favor do povo. O inimigo bate em retirada e é destruído por Israel (primeira leitura).

Assim compreendida, a parábola do juiz iníquo e da viúva persistente, lembra a necessidade de rezar sem esmorecer, ainda que o Senhor demore e pareça surdo a todos os nossos apelos. O argumento de Jesus é simples (versículos 6-8a): se um juiz iníquo  acaba dando ganho de causa à viúva, quanto mais Deus, que é justo, não fará justiça aos seus eleitos, atualmente à disposição de seus adversários?

A parábola significa que Deus fará justiça prontamente (versículo 8a), mas depois de ter “estabelecido um longo prazo” (versículo 7). Mesmo assim, o cristão deve incluir em sua oração a aceitação do prazo que Deus concedeu. O cristão rezará “sem esmorecer”.

A oração de súplica não consiste em esperar de Deus que ele próprio cumpra aquilo que não conseguimos realizar: dá-nos o pão, dá-nos a paz, dá-nos as curas das doenças. Deus não é um tapa-buraco. Na realidade, esta oração é antes de tudo um protesto: é intolerável que a guerra constantemente impeça a paz, que a fortuna de poucos esmague a massa dos pobres... em seguida, faz que comunguemos com o Deus da paciência e, nesta comunhão, os gritos de protesto progressivamente sejam substituídos pelos nossos atos.

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

A parábola da viúva e do juiz corrupto é muito atual. A viúva persistente é símbolo das pessoas desprotegidas. Teoricamente, elas são protegidas pelas leis, mas, na prática, enfrentam toda espécie de dissabores. Realidade muito conhecida por nós. Dificilmente o pequeno e o fraco (as viúvas de hoje) têm vez na sociedade. Quem não possui cartão de crédito nem dispõe de boas relações conhece a triste das intermináveis filas e o cansaço de horas de espera. Quando chega a hora de ser atendido, as fichas se esgotam ou descobre que o formulário foi preenchido de forma errada... E ouve, então um lacônico: “Volte outro dia!”. Aos pobres não resta outra alternativa senão serem persistentes. A perseverança é uma das únicas portas que resta para que os pequenos da sociedade sejam ouvidos e atendidos.

A perseverança da viúva se transforma em paradigma para o seguidor de Jesus. Diante da injustiça dos homens, cabe aos pobres a perseverança e diante de Deus, a confiança. Em meio às dificuldades, a tentação talvez seja a de lançar mão dos mesmos métodos dos ricos e dos poderosos. A justiça definitiva cabe a Deus. “A oração do humilde penetra as nuvens e, enquanto não chegar até lá, ele não se consola. Não se retira dali enquanto o Altíssimo não puser nele os olhos, fizer justiça aos justos, restabelecer a eqüidade (Elesiástico 35,17ss).

Jesus aplica a parábola à perseverança na oração feita com fé. A viúva insiste e o juiz acabou resolvendo o problema dela, levado não consciência de fazer o que era necessário e justo nem para cumprir seu dever, mas tão somente para se ver livre da importunação. Se abandonarmos a oração porque temos pressa na solução, podemos perder tudo. Podemos ver o exemplo de Santa Mônica, que rezou durante 30 anos pela conversão de seu filho Santo Agostinho. A parábola deseja dar força às pessoas e às comunidades que rezam, rezam e não alcançam de imediato o que pedem. Jesus revela a necessidade de rezar sempre, sem jamais desanimar. O fato de não ser atendido questiona a intensidade da fé e o conteúdo da oração. O que pedimos a Deus, mesmo? Será que o que suplicamos corresponde aos seus desígnios e ao nosso bem espiritual? Na prática, porém, a vinda do Reino e sua implantação demoram. Deus tarde em fazer justiça aos seus eleitos. O clamor pela justiça é peculiar de quem se vê envolvido em situações de opressão, humilhação e descaso. Nessas horas, o silêncio de Deus incomoda e irrita. O meio que as pessoas têm para ser ouvidas é insistir e resistir na fé.

Em nossas comunidades, no que diz respeito à oração, pode acontecer o seguinte: existem pessoas que desconheça o valor e a força da oração; existem pessoas que rezam apenas pela tradição de rezar, repetindo as orações mecanicamente, sem empenhar nelas a vida, existem pessoas que na caminhada diária, usam a oração apenas como uma fórmula “mágica” para resolver os problemas, sem fazer esforço, isto é, sem “conversão”.

Rezar com fé e aceitar o desafio de se colocar a caminho, de lutar, de insistir, de não desanimar, de não voltar atrás. Muitas lutas da vida deram em nada, porque faltou fé. Faltaram confiança e oração que alimentassem essas lutas. Mas muitas vitórias foram alcançadas pela determinação de quem não desistiu e seguiu labutando.

O juiz corrupto fez justiça para ser livre das amolações da viúva. Deus faz justiça porque sua bondade é imensa em favor dos humildes e confiantes que se entregam à sua benévola providencia. O Senhor vem em socorro de quem está a caminho, alimentando suas forças e coroando de êxito seus esforços na implantação do Reino de justiça e de paz.

Não existe nenhuma fórmula mágica, mais eficaz que outra, capaz de forçar a vontade de Deus e fazer justiça. O jeito de Deus ser é bondade e liberalidade. Quem vive realmente com Deus e em Deus, sabe rezar. O homem mau dá de má vontade. Deus, que é amor, cumula seu povo, seus eleitos, de graças e de bênçãos. Deus não está ausente e surdo às nossas súplicas. Se, às vezes, temos a impressão de que não nos ouve, é porque está nos “fazendo esperar”, para agir no tempo oportuno de seus desígnios e para nos incentivar à perseverança na oração.

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

“Deus pousa o olhar sobre os que o temem”

Deus não somente olha por nós, mas, sobretudo olha para nós. Aqui podemos perceber o sentido da oração, no qual o trecho do Evangelho deste domingo insiste: a persistência na relação com o Senhor. Por razões religiosas, o Cristianismo dos primórdios evitava esculpir imagens de divindade (ainda que haja alguns indícios de estátuas a partir do século II, são mais raras), vindo a produzir pinturas chamadas ícones para mediar a relação de Aliança com o seu Senhor. São João Damasceno dá o sentido deste costume: “Não represento a divindade invisível, mas a carne de Deus que foi vista (...) represento o que de Deus foi visto” (cf. GHARIB, A George. Os ícones de Cristo. História e Culto. São Paulo, Paulus: 1997, p. 13).

Nos ícones, se há um elemento que tem centralidade e chama nossa atenção é exatamente o olhar da figura representada. Por tradição, os olhos são proporcionalmente grandes em relação aos traços normais de uma pessoa. O que se quer reproduzir é o efeito do “encontro” entre o fiel e o Mistério que o ícone comunica. O olhar cativa o coração, sede da sabedoria e do discernimento, e, sustentado por este, o fiel poderá seguir permanentemente a serviço de seu Senhor (cf. Oração do Dia). Deus nos tem seus olhos, como diz a Antífona de entrada. Ele nos sustenta na fidelidade à Aliança.

A oração como encontro

A Liturgia é verdadeira oração e modelo de toda vida espiritual porque não é coreografia religiosa ou discurso sobre o Mistério, mas diálogo com Ele. A insistência de que fala o Evangelho, mediante a parábola, pode ser contemplada na oração da Igreja que dirige a vida dos fiéis. O costume de rezar “as horas”, que bem poucos cristãos estão habituados, realiza a persistência de que fala o Evangelho.

Mas o objetivo deste encontro com o Senhor é a permanência n’Ele e não um momento de oração em si mesmo. Queremos nos mover em Deus, estar sob o seu olhar, o que significa construir um mundo mais próximo daquele querido por Deus. Por isso a pergunta: haverá ainda fé sobre a terra?

5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

Entrar em relação amorosa, filial e gratuita com Deus pela oração permanente é condição é condição para cultivar o ser discípulo e discípula de Jesus e garantir a eficácia de nosso empenho às causas do Reino de Deus.

A celebração litúrgica reaviva em nós, que clamamos pela realização do Reino, a memória dos feitos maravilhosos de Deus em favor dos seus eleitos. Na recordação da paixão, morte e ressurreição de Jesus, o Espírito nos dá a certeza de que Deus fará justiça aos que clamam por dignidade de vida.

Participando da oração de louvor e de súplica da Igreja, manifestamos a confiança de que nossa vida pertence ao Senhor e realimentamos as forças para seguir com fé na caminhada missionária de Jesus. Assim, como a viúva, insistimos no clamor em favor da implantação do Reino de justiça e de paz, e perseveramos, como Paulo, no anúncio da Boa-Nova. A oração perseverante fecunda o agir na promoção da dignidade das pessoas, na renovação das comunidades eclesiais e na construção da sociedade solidária, a partir do espírito evangélico.

Ao tomarmos parte na celebração litúrgica, o Espírito Santo torna-nos participes do diálogo filial de Cristo com o Pai. A oração coloca-nos diante de Deus como filhos e nos faz irmãos. O estar diante de Deus e nos sentirmos amados por Ele nos dá forças para relativizar o poder das artimanhas dos projetos humanos que menosprezam a vida.

Uma das exigências para celebrar e Eucaristia em nosso atual contexto decorre do próprio batismo: assumir o itinerário constante de conversão lutando contra os ídolos modernos do neoliberalismo e da economia de mercado, enquanto buscamos o Deus vivo e verdadeiro. Não é possível ser cristão alheio à situação de injustiça, corrupção e exclusão em que vivemos. Não é possível ser cristão compactuando com os sistemas de morte perpetuados pela impunidade dos corruptos.

A Eucaristia não existe para que cada fiel se console individualmente com Jesus. A Eucaristia é mistério a ser anunciado. “Não podemos reservar para nós o amor que celebramos neste sacramento: por sua natureza, pede para ser comunicado a todos. Vejamos as palavras da narrativa da ceia pronunciadas pelo próprio Senhor: “Isto é o meu corpo, que será entregue por vós”. O sangue da nova e eterna Aliança, que será derramado por vós e por todos para a remissão dos pecados”. Aquilo de que o mundo tem necessidade é do amor de Deus, é de encontrar Cristo e acreditar n’Ele. Por isso, a Eucaristia é fonte e ápice não só da vida da Igreja, mas também da sua missão” (Bento XVI, Sacramentum Caritatis, n. 84).

6. ORIENTAÇÕES GERAIS

1. Falando da importância da preparação, recordamos que para a participação de toda a assembléia ser “plena, consciente e ativa” (Sacrosanctum Concilium, n.14) é conveniente que a preparação desenvolva-se com os seguintes passos: 1º: pedir as luzes do Espírito Santo; 2º: avaliar a celebração anterior; 3º: aprofundar e conversar sobre o que se vai celebrar; 4º: ler e aprofundar as leituras bíblicas e as orações; 5º: exercitar a criatividade; 6º: escolher os cantos relacionados com o mistério celebrado; 7º: elaborar o roteiro; 8º: distribuir os vários ministérios e serviços.

2. Uma acolhida pessoal e muito carinhosa a todos que se aproximam, manifesta, desde o início da celebração, a bondade gratuita de Deus.

3. O ensaio de cantos com a assembléia, seguido de um momento de silêncio e oração pessoal, ajuda a criar um clima alegre e orante para a celebração.

4. A cor litúrgica é o verde.

5. Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada domingo. Para isso temos o Hinário Litúrgico II e III, da CNBB: “Exulte de alegria quem busca a Deus” página 128; “Povo de Deus, abre o coração!”, página 318; “Do Senhor é que me vem o meu socorro”, página 183; “Aleluias, a Palavra de Deus é viva e eficaz” página 244; “Nosso Pai de seus filhos se lembra“ página 288; “O ricos, chorai!”, página 363; “Vela o Senhor sobre aqueles que o temem”, página 389, 394; “Bom é louvar o Senhor nosso Deus”, página 334. Os cantos do Hinário estão gravados pela Paulus.

6. A intenção dos hinários da CNBB “não é impedir, mas sim, orientar a criatividade musical na Igreja no Brasil e possibilitar a criação de um repertório litúrgico nas comunidades, onde a maioria das assembléias não é capaz de assimilar a produção contínua de músicas novas, nem sempre feitas de acordo com o caráter todo especial da Celebração Litúrgicas do Mistério Pascal”. E também evitar a mentalidade de super mercado, isto é, de cantar todo tipo de música que produzem pode pegar e cantar na celebração.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. A função da equipe de canto não é simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 29º Domingo do Tempo Comum. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico, com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Nunca é demais lembrar que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão gravados nos CDs Liturgia VI, VII, XII e Cantos de Abertura e Comunhão.

1. Canto de abertura. “Guardai-me como a pupila dos olhos; a sombra de tuas asas abriga-me” (Salmo 16/17,6.8), articulado com as estrofes do Salmo 129/130. “Exulte de alegria quem busca a Deus”, CD: Liturgia VII, melodia da faixa 14. “Povo de Deus abre o coração” Hinário Litúrgico da CNBB, página 318.

2. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria e Reginaldo Veloso e outros compositores.

O Hino de Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia. 

3. Salmo responsorial 120/121. Nosso auxílio vem do Senhor. “Do Senhor é que me vem o meu socorro, do Senhor que fez o céu e fez a terra”, CD: Liturgia XII, melodia da faixa 12.

O Salmo responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura. Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura para a comunidade celebrante. Primeira leitura, Palavra proposta e salmo Palavra resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista.

4. Aclamação ao Evangelho. “A Palavra de Deus é viva, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes; penetra até dividir alma e espírito, juntas e medulas. Ela julga as disposições e as intenções do coração”. “Aleluia... a Palavra de Deus é viva”, CD: Liturgia XII, melodia da faixa 13. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.

5. Apresentação dos dons. A escuta da Palavra e colocá-la em prática, deve gerar na assembléia a partilha para que ela possa ser sinal vivo do Senhor. Devemos ser oferenda com nossas oferendas. A oração sincera e confiante em Deus nos leva a partilhar. “Bendito seja Deus Pai, do universo criador“, CD: Liturgia VII, melodia da faixa 12.

6. Canto de comunhão. “E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar”? (Lucas 18,7). As estrofes estão articuladas com o Salmo 102/103. “Nosso Pai de seus filhos se lembra”, CD: Liturgia XII, melodia da faixa 11, exceto o refrão.

8- O ESPAÇO CELEBRATIVO

1. O espaço da celebração deve recordar para nós a Jerusalém celeste. Portanto, o lugar da celebração deve ser preparado para as núpcias do Cordeiro. Deve ser belo, sem ser luxuoso; deve ser simples, sem ser desleixado; deve ser aconchegante para que todos se sintam participantes do banquete. A mesa da Eucaristia é o lugar de convergência de toda a ação litúrgica. Assim o altar não pode ser “escondido” por imensas toalhas, arranjos de flores e outros objetos. O altar é Cristo. É ele o ator principal da liturgia. “As flores, por exemplo, não são mais importantes que o altar, o Ambão e outros lugares simbólicos. Nem a toalha é mais importante que o altar. Os excessos desvalorizam os sinais principais. A sobriedade da decoração favorece a concentração no mistério celebrado” (Guia Litúrgico Pastoral, página 110).

9. AÇÃO RITUAL
Como partícipes da Páscoa de seu Filho, conforme canta a Antífona de Comunhão: “Ele pousa o olhar sobre os que o temem (...) para da morte retirar as suas vidas”. Por isso, a oração litúrgica é encontro com o Senhor, cujo objetivo é fazer-nos viver à sua sombra.

Ritos Iniciais

1. A celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a assembléia no Mistério celebrado.

2. Neste domingo podemos perceber uma sintonia entre a Antífona de Entrada e a de Comunhão que exprimem a vida de oração como permanência sob o olhar de Deus. Por isso sugerimos que o canto de abertura “Exulte de alegria” do CD: Liturgia VII, modificando, entretanto, o refrão para a seguinte versão da Antífona de Entrada:

A vós, buscamos, Senhor,
Porque atendeis e ouvis o clamor
E ouvis o clamor:
Guardai-nos à luz do vosso olhar!

3. Logo após o beijo do Altar e terminado o canto de abertura, como saudação inicial propomos a fórmula “C” (1Pedro 1,1-2), que propõe a constância de Cristo como meta da ação do Espírito, seria muito oportuna neste Domingo.

“Irmãs eleitos segundo a presciência de Deus Pai, pela santificação do Espírito para obedecer a Jesus Cristo e participar da bênção da aspersão do seu sangue, graça e paz vos sejam concedidas abundantemente” (1Pedro 1,1-2)

4. Em seguida, dar o sentido litúrgico da celebração. O Missal deixa claro que o sentido litúrgico da celebração pode ser feito pelo presidente, pelo diácono um leigo/a devidamente preparado (Missal Romano página 390).

5. O sentido litúrgico pode ser proposto, através das seguintes palavras, ou outras semelhantes:

Domingo da viúva persistente. O Senhor nos conta a parábola da viúva persistente e nos convida a uma atitude de oração permanente. Ele inclina o seu ouvido para nós, guardando-nos como a pupila dos olhos e fará justiça aos que, por causa das injustiças, forem perseguidos.

6. Após a saudação inicial, apresentar o sentido da celebração, abrindo para a recordação da vida, com acontecimentos que marcaram a semana que passou: fatos tristes e alegres da comunidade, do país e do mundo que são as manifestações da Páscoa do Senhor na vida. Trazer os fatos de maneira orante e não como noticiário.

7. Seria muito conveniente um ato penitencial, conforme algum dos formulários propostos pelo Missal Romano. Vale a pena uma leitura atenta dessas propostas que exaltam a misericórdia de Deus acima dos nossos pecados. A melhor opção para o Ato penitencial seria a fórmula 5 para o Tempo Comum, página 394 do Missal Romano:

Senhor, que sois a plenitude da verdade e da graça, tende piedade de nós.

8. Cada Domingo durante o Tempo Comum Páscoa semanal. Cantar de maneira festiva o Hino de louvor (glória).

9. Na Oração do Dia deste domingo suplicamos que nos dê a graça de estar sempre ao dispor de Deus e de servi-lo de todo coração.

Liturgia da Palavra

1. A Palavra de Jesus é a força que nos provoca a sermos seus seguidores e seguidoras, gente de fé que tem o coração agradecido. Por isso, os leitores e leitoras sejam bem preparados para proclamarem a Palavra de Deus no meio da assembleia celebrante.

2. Na abertura da Liturgia da Palavra, cante-se um refrão. Esse canto ajuda as pessoas a prepararem seus corações para a escuta da Palavra. Sugerimos o refrão: “A vossa Palavra Senhor, é sinal de interessa por nós” ou outro refrão conhecido.

3. O uso do Evangeliário nas celebrações litúrgicas dominicais está se tornando cada vez mais comum. Recuperar este bom costume pode ajudar nossas assembleias a descobrirem cada vez mais no rosto de Cristo o olhar de Deus, que vela por nós. E em seu Evangelho a voz de Deus que nos fala respondendo às questões mais importantes e profundas de nossa vida.

4. A resposta à oração da Assembleia pode ser: “Escutai-nos, Senhor da glória” e acompanhada do gesto de súplica, com mãos erguidas (à semelhança do gesto de Moisés na primeira leitura).

Liturgia Eucarística

1. Na Oração sobre o pão e o vinho somos chamados a servir a Deus com liberdade, ser renovados pelos mistérios que celebramos em Sua honra. Não devemos esquecer que toda Liturgia é em honra do Senhor.

2. A celebração eucarística, da qual participamos, é a ação de graças que a Igreja eleva a Deus por todo o bem que ele nos fez. A Oração eucarística é a prece que reúne nosso agradecimento a Deus pela salvação que ele nos comunicou em Jesus. Sugerimos que se reze a Oração Eucarística V (do Congresso de Manaus). Ela dá o tom agradecido dos corações brasileiros, cheios de fé e gratidão.

3. Recorde-se que em caso de prefácio móvel, somente as orações eucarísticas I, II e III devem ser escolhidas Nesse caso sugerimos o Prefácio para os Domingos do Tempo Comum VI que contempla as provas do amor paterno de Deus e o penhor da vida futura. “Em vós vivemos, nos movemos e somos. E, ainda peregrinos neste mundo, não só recebemos, todos os dias, as provas do vosso amor de Pai, mas também possuímos, já agora, a garantia da vida futura. Possuindo as primícias do Espírito, por quem ressuscitastes Jesus dentre os mortos, esperamos gozar, um dia, a plenitude da Páscoa eterna.

4. O canto de comunhão deste domingo pode ser aquele do Missal Romano (cf. Antífona) cuja versão a seguir se encaixa na melodia do canto “Foram dez os curados” do CD Liturgia XII (Paulus):


“Nosso Deus olha aqueles que o temem
E aguardam confiantes no amor.
Da morte liberta suas vidas
Alimento lhes dá o Senhor!

5. Distribuir a comunhão de maneira orante e sob as duas espécies, pois como diz a Instrução Geral do Missal Romano (IGMR n. 240). “A comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas espécies. Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal dom banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico do Reino do Pai”.

Ritos Finais

1. Na oração pós-comunhão pedimos a Deus que nos ajude a colher os frutos da nossa participação na Eucaristia e auxiliados pelos bens terrenos, conhecer os bens eternos.

2. Na bênção em nome da Santíssima Trindade levem-se em conta as possibilidades que o Missal Romano oferece (bênçãos solenes, na oração sobre o povo). Ela expressa que a ação ritual se prolonga na vida cotidiana do povo em todas as suas dimensões, também políticas e sociais. Ver a Oração sobre o Povo n. 13 que expressa a súplica a Deus para conseguir o que pede:

Estendei, Senhor, sobre os vossos fiéis a vossa mão protetora, para que vos busquem de todo coração e mereçam conseguir o que vos pedem. Por Cristo...

3. As palavras do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: Orai sempre sem jamais desistir. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Continuamos com Jesus, nosso caminho para Jerusalém. Lucas insiste muito no caminho: caminho para uma meta, caminho novo, caminho diferente. Vamos, há vários domingos, abrindo este caminho com Jesus. Este caminho tem seus riscos e perigos para a vida de quem o trilha.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
           

Pe. Benedito Mazeti

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...