sexta-feira, 11 de novembro de 2016

33º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C

13 de novembro de 2016

Leituras

         Malaquias 3,19-20a
         Salmo 97/98,5-9
         2Tessalonicenses 3,7-12
         Lucas 21,5-19 

“É PERMANECENDO FIRMES QUE IREIS GANHAR A VIDA”


1- PONTO DE PARTIDA

Domingo Da perseverança. O final do Ano Litúrgico se aproxima e a liturgia deste domingo se apresenta com forte apelo à vigilância. Na expectativa do novo céu e da nova terra, quer sacudir em nós a poeira da acomodação e do desânimo. Vivemos num momento de muitas contradições.

Hoje o Senhor nos convida à perseverança, mantendo-nos vigilantes, convictos e ativos, enquanto, vivendo numa sociedade violenta e contraditória, marcada por desigualdade, guerras, terrorismo, exclusão, aguardamos a vinda do novo céu e da nova terra, cuja promessa Ele renova para nós.

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

Primeira leitura – Malaquias 3,19-20a. O livro do profeta Malaquias reflete a situação do povo hebreu depois do exílio da Babilônia. A comunidade judaica reconstruiu o Templo de Jerusalém e a cidade, mas o sonho de uma nação livre não estava se realizando. Havia problemas na vida política, na vida religiosa e social. Os pobres, porém, guardavam a esperança de uma intervenção de Deus. É para reforçar esta esperança que o profeta escreve.

Com a destruição de 586 antes de Cristo, pelo exército do império Babilônico, Jerusalém e Judá ficaram em ruínas: no mês de agosto daquele ano, o comandante da guarda do rei Nabucodonosor entrou em Jerusalém incendiando tudo, derrubando o Templo e as muralhas. Para completar, os judeus de maior destaque foram executados e outros deportados para Babilônia.

O exílio durou 48 anos, porém em 538 antes de Cristo veio a anistia quando Ciro, o imperador persa, assumiu o controle da situação no Oriente. E os judeus voltaram para a sua terra: num espaço de 20 anos, vários grupos tentaram reconstruir a nação. Nação que agora contava com pouco mais de 50 mil habitantes, confinados em Jerusalém e arredores: um território de apenas 1.100 km².
Foi uma verdadeira aventura. Mas o Templo foi reconstruído sob o comando de Zorobabel, à custa de imensos sacrifícios de toda a comunidade judaica.

A vida religiosa andava mal. Os sacerdotes não observavam a devida pureza ritual e as instituições sagradas do povo (sábado, dízimos etc.) não eram respeitadas. A justiça social, então, era coisa rara: na situação de penúria da maioria pobre, alguns ricos nadavam em riqueza e exploração.

O profeta descreve este dia com imagens curiosas: o mal (os soberbos e os ímpios) será queimado como palha na fornalha acesa, e a destruição dos maus será como a de árvores arrancadas, às quais não se deixa raiz nem ramo (versículo 9) Porém, para os justos, (os que temem o nome de Deus) brilhará a justiça como o sol, trazendo a salvação (versículo 20).

Podemos observar a imagem do “sol da justiça”: o sol sempre foi um dos principais deuses para os povos do antigo Oriente. E a imagem de Deus sob a forma de um sol com asas e irradiante era muito comum entre os persas, donos do Oriente na época. É dele que vem o calor, a luz, a lei, a vida, a salvação. O profeta usa o mesmo simbolismo, identificando, porém, o sol com o único Deus: Javé

Salmo responsorial – Salmo 97/98,5-9. O Salmo 97/98 canta a alegria da vinda do Senhor como juiz da terra inteira, que julgará os povos com justiça. É um hino ao Senhor Rei. A natureza é convidada ao louvor. O Salmo culmina na vinda do Senhor para estabelecer seu reino na terra: um reino de justiça e retidão. Exultem na presença do Senhor, pois ele vem, vem julgar a terra inteira. Só pode exultar quem viveu conforme a justiça de Deus. Para estes sua vinda será motivo de júbilo, para os outros, de terror e de aniquilamento total. É o salmo da realeza do Senhor.

A palavra de Malaquias nos faz crer que haverá um julgamento de Deus na história. Nesse julgamento, os que praticam a iniqüidade vão se dar mal. A alegria estará para os que vivem na justiça. Cantando o Salmo 97/98, nós nos alegramos com a notícia deste justo julgamento, pedimos que o Senhor nos livre da iniqüidade e nos dê a graça de ver brilhar o sol da justiça.

O rosto de Deus deste Salmo é muito parecido com o dos Salmos 95/96 e 96/97. A expressão “amor e fidelidade” (versículo 3a) recorda que esse Deus é o parceiro de Israel na Aliança. Mas é também o aliado de todos os povos e de todo o universo em vista da justiça e da retidão. É um Deus ligado com a história e comprometido com a justiça. Seu governo fará surgir o Reino.

No Novo Testamento, Jesus se apresentou anunciando a proximidade do Reino (Marcos 1,15; Mateus 4,17). Para Mateus, o Reino vai acontecendo à medida que for implantada uma nova justiça, superior à dos doutores da Lei e fariseus (Lucas 1,15; 5,20; 6,33). Todos os evangelistas gostam de apresentar Jesus como Messias, o Ungido do Pai para a implantação do Reino, que faz surgir nova sociedade e nova história. Justiça e retidão foram Suas características. De acordo com os evangelistas, o trono do Rei Jesus é a Cruz. E na sua ressurreição, Deus manifestou sua justiça às nações, fazendo maravilhas, de modo que os confins da terra puderam celebrar a vitória do nosso Deus. 
Segunda leitura – 2Tessalonicenses 3,7-12. Na comunidade de Tessalonica, havia pessoas que diziam: “Se o fim do mundo está perto, para que trabalhar”? E, com esse pretexto da vinda do Senhor, viviam às custas dos outros, alienados da realidade... Paulo, valendo-se da sua própria condição de apóstolo trabalhador, escreve aos irmãos da comunidade convidando-os a corrigirem esta conduta, que agravava ainda mais a situação da pobre comunidade de Tessalonica, pois essas pessoas se tornavam um peso para a comunidade.

Paulo não esperava tal tipo de problema em Tessalonica onde ele mesmo demonstrou como devia ser a vida cotidiana do cristão: trabalho, oração e convivência fraterna. Além do próprio exemplo, Paulo parece insistir sobre a nova dimensão dada pelo Cristianismo ao trabalho. Para os gregos o trabalho de servo era reservado aos escravos e indigno de um homem livre, pois feria sua dignidade humana. Na perspectiva apostólica/cristã o trabalho passa a ser um modo da pessoa humana se tornar co-criador do universo e se sustentar honestamente a si e aos seus com o suor do seu rosto e não com o suor do rosto dos outros. O trabalho torna-se fonte de misericórdia e caridade. Imitando a Paulo (1Coríntios 4,16) os fiéis imitarão a Cristo (1Tessalonisences 1,6; Filipenses 2,5) que o próprio Paulo imita (1Coríntios 11,1), assim ele deu o exemplo se sustentando com o trabalho de suas mãos, não fugiu das condições do homem comum nem quis ser peso para a comunidade pobre de Tessalonica (1 Tessalonicenses 2,9). Ele tinha o direito de ser sustentado pela comunidade (1Coríntios 9,13), o próprio Cristo garantia a eles esse direito (Lucas 10,7).

Como bom judeu, Paulo reage contra esta mentalidade: não somente quer não ser pesado, mas procura modificar o comportamento grego em relação ao trabalho.

A Igreja no Ritual de Bênçãos, página 220, no Rito da Bênção de um local de trabalho, quem preside acolhe os presentes com a seguinte monição: “Cristo Jesus revelou a grande dignidade do trabalho quando ele, a Palavra do Pai encarnada, se dignou ser chamado filho do operário, e quis humildemente exercer com as próprias mãos as tarefas do operário, fazendo assim desaparecer a maldição do pecado e transformando o trabalho numa fonte de bênçãos. Com efeito, o homem, exercendo fielmente o trabalho e assumindo com este a ordem temporal, e oferecendo-o humildemente a Deus, purifica-se a si mesmo, desenvolve pela inteligência e pela atividade a obra da criação, pratica a caridade, tem condições de ajudar os mais pobres e, unido com Cristo Redentor, aperfeiçoa-se em seu amor...” Podemos notar que na perspectiva bíblica e na tradição da Igreja, o trabalho é uma fonte de bênçãos, realização pessoal e sobrevivência.

Os que valorizavam a vida sem fazer nada em prejuízo do trabalho voltavam ao paganismo e agravavam a situação da pobre comunidade de Tessalonica, pois uma falsa expectativa de Cristo – se o Senhor vai voltar breve, por que se fadigar? – tornavam-se peso para os outros. Queriam se alimentar sem trabalhar.

O Cristianismo chega até as coisas simples de cada dia como o trabalho e a alimentação. O mau exemplo de um pequeno grupo poderia desestabilizar a comunidade pela irritação que provocava o grupinho que levava vida boa. Nada faziam, mas perturbavam a todos, justamente porque teriam que ocupar o tempo todo com fofocas. Podiam até parecer mais piedosos que os outros, pois, esperavam a vinda do Senhor (Parusia), e falsamente posicionados esqueciam que o trabalho é fonte de responsabilidade e humildade e que quem abusa da caridade para se manter, ofende a justiça. O amor ao próximo caminha passo a passo com a justiça. Cada um tem o direito de comer, fundado no dever de trabalhar com o suor de seu rosto. Se eles se furtam ao trabalho devem lembrar que também não têm direito ao alimento: “Comerás o pão com o suor de teu rosto” (Gênesis 3,19).

Evangelho – Lucas 21,5-19. Constatamos neste trecho algo que não é comum e uma tensão. Surgirão muitos falsos cristos com a pretensão de serem o verdadeiro Cristo (versículo 8), e muitos cristãos autênticos serão perseguidos e rejeitados pelas autoridades religiosas, civis e militares (versículo 12) e até pelos parentes e amigos (versículo 16). Lucas adverte, por um lado, contra aqueles que dizem que são de Cristo e que o fim está próximo (versículo 8) e, por outro, anima os cristãos a se manterem firmes até o fim, até alcançarem a salvação (versículo 12).

No Evangelho de Lucas, é possível distinguir de maneira clara quanto à Parusia e à expectativa do fim dos tempos e da plena realização do Reino de Deus, duas correntes: uma, acentuando que vem com toda certeza; outra, acentuando que não vem ainda. Na primeira corrente, que corresponde mais à expectativa das primeiras gerações de cristãos, Lucas adota discursos de Jesus e das fontes literárias por eles usadas em que não só se fala da certeza da Parusia, mas às vezes também da iminência do fim (por exemplo, Lucas 18,8; 10,9-11; 12,38,40.41-48; 12,54—13,9; 21,32). Na segunda corrente, provocada pelo adiamento (protelação) da Parusia, pode-se constatar que Lucas por vezes retoca o texto transmitido, para adaptá-lo ao adiamento.

É digno que Lucas tenha mantido as duas correntes. Provavelmente de caráter teológico e pastoral. Tais correntes foram provocadas pelo adiamento da Parusia, que podia desembocar em dois falsos extremos. O primeiro seria uma renovação radical de expectativas apocalípticas, com o aparecimento de falsos messias que pregam o breve fim do mundo. As pressões de uma esperança desiludida os forçavam a um redobrado fanatismo. Essa corrente é combatida por Lucas nos textos em que acentua o adiamento da Parusia (cf. Atos 1,6-8; Lucas 17,20-21.22-24; 19,11-27; 21,7.8.21-24). O outro falso extremismo, a que poderia conduzir a protelação indefinida da Parusia, seria a clara negação desta esperança. Isso causaria a perda da fé e o relaxamento moral. A tentação pelo desânimo poderia agravar-se pela perseguição intensa. Os perseguidos poderiam esperar que o Senhor interviesse para vingá-los, e a demora seria uma tentação para que abandonassem a fé. Lucas adverte a esse respeito em textos como 18,1-8; 21,9.36.

Jesus, em estilo apocalíptico, adverte que os conflitos e as perseguições que os cristãos sofrerão são sinais da inauguração do Reino. Acena para o fim do sistema opressor e para o surgimento de uma nova história. É a revolução provocada pela chegada dos tempos messiânicos.

“Não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído”. Mesmo as pedras mais belas, harmoniosas e fascinantes do Templo não resistirão. A destruição constituirá um tempo de lamentos, dor e sofrimento. As estruturas materiais, por mais sólidas que sejam, são breves.

A linguagem apocalíptica, com base nos fatos acontecidos, os apresenta como algo por acontecer, com o objetivo de animar a resistência dos que serão perseguidos, diante dos conflitos. Além da destruição do Templo, antecipa-se o que aconteceu aos discípulos e às primeiras comunidades. Disso nasce uma convicção: a comunidade cristã, que privilegiou os pobres e oprimidos, sobrevive ao caos que se abateu sobre Jerusalém com a destruição do Templo. Mais cedo ou mais tarde, como o Templo, todos os sistemas iníquos, baseados na força e na intimidação, acabarão destruindo-se mutuamente.

Jesus não fala diretamente aos discípulos, mas às pessoas em geral. A partir do caos que se instalará em Jerusalém, o Mestre deseja suscitar a confiança nos discípulos (Lucas 21,5-6). Ele chama a atenção para não se deixarem enganar pelos impostores: “Cuidado para não enganarem vocês, porque muitos virão em meu nome, dizendo: sou eu!”. É preciso discernir com sabedoria os fatos confusos que estão por acontecer (Lucas 21,8-11). O Mestre avisa aos discípulos que eles haverão de conhecer todos os tipos de perigos e toda sorte de perseguições (Lucas 21,11-12), movidas pelo império ou pela sinagoga, ou ainda motivadas por invejas, calúnias e difamações familiares. Mas isto deve constituir ocasião para fortalecer a fé na sua palavra (Lucas 21,13).

O evangelista Lucas contempla os fatos do ponto de vista das vítimas da perseguição e garante que o Senhor vai assistir suas testemunhas para que resistam e confundam seus opressores nos momentos da dura provação. O Espírito do Senhor vai lhes dar a eloqüência e a sabedoria necessárias para enfrentarem as acusações e os maus-tratos (Lucas 21,14-15). O difícil é ter de aceitar que, entre aqueles que irão maltratar aos seguidores de Jesus, estarão pessoas familiares... Isto torna ainda mais penoso o momento da tortura (Lucas 21,16).

A narrativa evangélica deste domingo conclui com uma convicção: “Não perderão um só fio de cabelo. É permanecendo firmes que vocês irão ganhar a vida!” (Lucas 21,18-19). O Senhor está com aqueles que testemunharem em seu nome e que não depositarem sua confiança nas estruturas materiais e transitórias. É um alerta à perseverança e ao seguimento firme na esperança. A antecipação de todos estes problemas não impede aos seguidores de Jesus revelar as razões de sua esperança. Apesar do ambiente de caos, o Reino está na perseverança e no testemunho do nome do Senhor até o fim dos tempos (Lucas 21,19).

Na fé, todos sabem que Deus tem um grande amor para com seus filhos e os protege. Mas a experiência do cotidiano parece desmentir essa verdade. Em meio a tantos conflitos, a tanta violência e corrupção, a tentação é pensar que Deus tolera os corruptos e os violentos, deixando no sofrimento seu povo, as pessoas mais simples e boas. Por isso, é “inútil servir ao Senhor”. O profeta Malaquias pede um pouco de paciência. Aguardem... um dia tudo vai mudar. Nesse dia abrasador como a fornalha, os soberbos e os ímpios serão queimados, destruídos. Para os justos despontará o sol da justiça, trazendo a salvação (primeira leitura). A alegria estará reservada àqueles que vivem na justiça (Salmo 98[97]).

Enquanto aguardavam o advento de novos tempos, Paulo aconselha os irmãos a perseverarem nas atividades cotidianas, no trabalho profissional ou em suas casas. Como as coisas não mudavam e o prometido novo céu não chegava, muitos se jogavam na ociosidade. Outros, sob o pretexto da iminente vinda do Senhor, viviam à custa do trabalho dos irmãos. “Muito ocupados em fazer nada”. O Apóstolo os exorta a corrigirem essa postura e a se dedicarem ao serviço dos mais pobres da comunidade (segunda leitura).
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

Em cada ano, ao se concluir o ciclo litúrgico, a Igreja nos propõe a celebração sobre as últimas realidades da história. A linguagem simbólica, com uma série de imagens apocalípticas, evoca o caos do fim dos tempos e reflete o atual momento de nossa história cheio de contradições. Com estes fatos apocalípticos, Jesus não deseja assustar. Ele quer que os discípulos se mantenham firmes na esperança, perseverantes no testemunho e confiantes na sabedoria de sua palavra salvadora. Ao longo dos tempos e em face de toda espécie de provações, eles deverão oferecer uma inteligente e esperançosa resistência. Esperança e resistência que podem ser comprovadas, hoje, em grupos e organizações do povo que, apesar das adversidades, oferecem criativamente à sociedade novas alternativas de vida.

Olhando para o atual momento da humanidade, dá a impressão de que este “fim dos tempos” esteja muito próximo de acontecer. Os conflitos entre nações se multiplicam. O domínio dos poderosos sobre os pobres se acentua, empurrando grandes massas humanas à miséria. A violência urbana e o menosprezo da vida parecem incontroláveis. Diante de tudo isto, a gente se pergunta: não será o fim? Jesus nada responde. Limita-se a recomendar a prudência, vigilância e firme perseverança na prática do bem. Santo Agostinho afirmava que o dia do fim dos tempos permanece oculto em vista de nossa fidelidade.

A tentação de querer saber sobre o fim dos tempos e a instauração definitiva do Reino de Deus faz com que as pessoas corram atrás dos messianismos que prometem a inauguração de um “novo e maravilhoso mundo”. Repetidas vezes, em nossos dias, é anunciado o fim do mundo. Houve até quem determinasse a data e a hora. E nada aconteceu! Ocorre que quem determina a data e a hora do fim não são os acontecimentos humanos, mas é Deus, como Senhor da história. Será ele quem proferirá a última palavra, e não o caos das realidades históricas e materiais. Jesus alerta para que as pessoas não se deixem iludir por vãs promessas e reafirmem que um mundo melhor depende muito de nossa colaboração.

Diante do côas da história e da realidade humana, há quem descarte qualquer possibilidade de mudança. A toda hora se queixam, dizendo: “O mundo não tem mais jeito”, “Não adianta mais lutar”. Esse modo derrotista de pensar não faz parte da comunidade de fé que, cotidianamente, nutre sua esperança de que “um outro mundo é possível”.

Notemos que a preocupação é sempre com o amanhã. Quando acontecerá o fim do mundo? Quando virá uma nova sociedade? O Evangelho não responde com datas, mas alerta para a vigilância. Diante disso, o único tempo certo é o da conversão perseverante. Mergulhados nas realidades contraditórias que compõem a história e em face das provocações e da demora da instalação definitiva do Reino, o Senhor nos convida à atitude da paciência ativa, da firmeza e da confiança na sua fiel atuação. Paciência não é sinônimo de resignação ou de acomodação. É antes sinal de indignação contra tudo o que submete a vida aos determinismos humanos. É expressão de quem resiste na expectativa do novo céu e da nova terra que Deus vai criar. É a atitude de quem sempre encontra uma alternativa positiva, a favor da qual investe suas energias.

Em meio ao caos social provocado pelos interesses dos poderosos e do clima de sofrimento, Jesus diz aos que perseverarem na fé e no testemunho que não lhes faltarão a sabedoria nem a força do Espírito Santo prometido aos seus discípulos aos seus discípulos (João 14,14-24; 16,12-15).

Dessa forma, a existência do cristão encontra seu ponto de equilíbrio no efetivo compromisso cotidiano, sério e sereno, evitando os extremos do fanatismo e da acomodação de quem cruza os braços com a desculpa de que tudo é passageiro e predeterminado. Mantém-se vigilante e perseverante quem fundamenta sua esperança no Deus fiel, que convida à comunhão com Jesus Cristo, nosso Senhor.

Há quem se pergunte: “Em que consiste mesmo a vida eterna na consumação dos tempos?”. Santo Tomás de Aquino entende que “a vida eterna une-se a Deus. Pois Deus mesmo é o prêmio e a consumação de todos nossos esforços: ‘Eu sou teu protetor e tua imensa recompensa’ (Gênesis 15,1).” Ela comporta o máximo louvor (Isaias 51,3) e também a perfeita satisfação do desejo, porque lá cada bem-aventurado terá muito além do desejado e do esperado. A razão está em que, nesta vida, ninguém pode contentar perfeitamente seu desejo, e criatura alguma sacia o anseio do homem. Só Deus o sacia e o excede infinitamente. Por isso, o ser humano não descansa senão em Deus. Já que, na pátria, os santos possuirão a Deus perfeitamente, é evidente que seu desejo será saciado e ainda a glória o excederá. Consiste ainda (a vida eterna) na suave companhia de todos os santos; sociedade agradável a mais não poder, porque cada um terá, em companhia de todos os bem-aventurados, todos os bens. “O que terá por resultado que crescerá alegria e o gáudio de um, na medida do gáudio de todos” (Segunda leitura do ofício das leituras, sábado da 33ª semana do Tempo Comum).

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

A recompensa de uma eternidade feliz

A Liturgia deste domingo ensina que o dia do juízo de Deus não se sujeita às previsões humanas. O Dia-que-vem procede do Senhor e virá a seu tempo. E este dia será oportunidade para o testemunho da fé, pois tudo aquilo que se opõe ao Reinado de Deus será desmascarado e denunciado, exigindo que uma posição seja adotada e uma postura seja assumida por parte da humanidade. A recompensa para os que optaram pela justiça (Deus!) será o convívio com Ele (cf. Oração sobre as oferendas).

As orações no rito romano são inspiradas nas Sagradas Escrituras e trazem expressões oriundas de suas páginas. Quando se fala, então, em recompensa, embora nosso ouvido capte apenas o significado de pagamento pelo que se produziu, é preciso estar atentos, pois o termo refere-se mais a relação que há entre a humanidade e Deus. Quer dizer, se há uma recompensa é porque há uma relação de contrato, de aliança. A conseqüência do cumprimento do acordo (aliança) é receber a recompensa. Mas, ao aplicar esta noção a Deus, a lógica não será retributiva, mas distributiva: Deus dá mais do que seria justo pagar. Ele dá de si mesmo. E aqui se abre a dimensão da liberdade divina que supera qualquer mérito que exija pagamento, ou seja, motivo de justificação. O pagamento de Deus aos Justos é o seu Reinado.

Chegar ao fim

O ano litúrgico vai chegando a seu termo e a noção de juízo de Deus se torna muito evidente nos textos bíblicos e eucológicos (orações). Neles, somos exortados a buscar a recompensa no sentido de participar do Reinado de Deus, tendo nosso labor sendo provado no mundo e aprovado no céu. Cada celebração Eucarística antecipa e realiza no “hoje” de nossa vida essa fé: nossa existência, com tudo que ela contém, passa pelo crivo do evangelho de Jesus, de modo a ser provado e aprovado (ou não) pelo Senhor. Quanto mais nossa experiência de fé for próxima e semelhante daquela inaugurada por Jesus, mais provados e aprovados seremos, mais a aliança cumpriremos e mais ao Reino tenderemos. O oposto também é verdade.

5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

Jesus Cristo como Senhor da história, que por sua ressurreição venceu as forças da morte, imprime em nós, seus seguidores, ânimo novo para que perseveremos vigilantes, firmes e ativos, apressando, sem violência e com ações concretas, a chegada do novo céu e da nova terra. A morte já foi vencida e carregamos em nós a semente da vida em plenitude. Assim, na celebração eucarística nos é dado saborear antecipadamente a consumação escatológica para a qual a humanidade e a criação inteira estão a caminho (Romanos 8,19s). Para poder caminhar na direção certa, a humanidade necessita orientar-se para a meta final. Esta, na realidade, é o próprio Cristo Senhor, vencedor do pecado e da morte, que se torna presente para nós, de maneira especial, na celebração eucarística. Desse modo, embora sejamos ainda “estrangeiros e peregrinos” neste mundo (1Pedro 2,11), pela fé participamos já da plenitude da vida ressuscitada (cf. Bento XVI, Sacramentum Caritatis, n. 30).

Renovando a promessa do novo céu e da nova terra, Cristo nos torna co-responsáveis por esse novo dia: “É pela perseverança que mantereis vossas vidas”.

Glorifiquemos a Deus Pai, pela força do Espírito que sustenta a vigilância e resistência perseverante de tantas pessoas e comunidades perseguidas e ameaçadas de morte. Louvemos a Deus Pai que pela luz do Espírito ilumina e ampara a caminhada de milhões de imigrantes despojados de seu meio ambiente nativo, pela ação do Espírito, mantém acesa a chama de que “um outro mundo é possível”. Demos graças a Deus Pai pelo dom do Espírito que não deixa esmorecer a indignação de todos quantos doam o melhor de si na promoção da dignidade da pessoa, na renovação da comunidade eclesial e na construção da sociedade justa e fraterna.

6. ORIENTAÇÕES GERAIS

1. A mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia formam um só ato de culto; portanto, é preciso manter um equilíbrio de tempo entre as duas. Demasiada atenção dada à procissão com o Lecionário ou com a Bíblia, homilias prolongadas, introduções antes das leituras parecendo comentários ou pequenas homilias, tudo isso prejudica o rito eucarístico, que em conseqüência acaba sendo feito às presas.

2. No dia 18, é a Dedicação das Basílicas de São Pedro e São Paulo em Roma. Dia 22 celebramos a memória de Santa Cecília, padroeira dos músicos.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. A função da equipe de canto não é simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 33º Domingo do Tempo Comum. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico, com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Nunca é demais lembrar que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão gravados nos CDs Liturgia VI e XI, XII, CD: Cantos de Abertura e Comunhão e CD: Cantos de Abertura e Comunhão, As mais Belas Parábolas.

1. Canto de abertura. Deus pensa em paz, não em aflição (Jeremias 29,11.12.14), as estrofes estão articuladas com o Salmo 143/144. “De paz são meus pensamentos”, CD: Liturgia VII, música da faixa 15.

Jesus fala da realidade escatológica do Reino de Deus. É preciso distinguir os que proclamam o verdadeiro Reino de Justiça e os que anunciam falsidade e enganação por meio de falsos profetas. Assim conseguiremos servir ao Senhor e ao Reino com sinceridade. Dentro dessa reflexão, a Igreja oferece outro excelente canto de abertura “Jesus Cristo, esperança para o mundo” pela súplica que traz o refrão: “Venha teu Reino, Senhor! A festa da vida recria!”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, música da faixa 5 ou Ofício Divino das Comunidades, página 276.

2. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria e Reginaldo Veloso e outros compositores.

O Hino de Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia. 

3. Salmo responsorial 97/98. O Senhor vem julgar a terra inteira. “O Senhor vem julgar a terra inteira; com justiça julgará”, CD: Liturgia XII, música da faixa 16.

O Salmo responsorial é um dos cantos mais importantes da Liturgia da Palavra. É o único canto da Missa que nunca deve ser substituído por outro canto. Ele faz parte do Lecionário e foi escolhido em relação com as leituras especialmente com a primeira.  Seria empobrecer a Liturgia da Palavra substituir o Salmo por qualquer canto religioso, já que é um texto bíblico pelo qual Deus fala a seu povo e tem íntima relação com a leitura bíblica. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista. Seria antipedagógico transformar a Missa numa espécie de festival de canções religiosas que nada têm a ver com a ação litúrgica.

4. Aclamação ao Evangelho. “Vigiai e estai preparados” (Mateus 24,42a.44). “Aleluia... é preciso vigiar”, CD: Liturgia XI, música da faixa 7.

5. Apresentação dos dons. A escuta da Palavra e colocá-la em prática, deve gerar na assembléia a partilha para que ela possa ser sinal vivo do Senhor. Devemos ser oferenda com nossas oferendas. A prática da justiça e a vigilância sinceras nos levam a partilhar.  “Bendito sejais, Senhor, pelos dons que apresentamos”, CD: Liturgia XII, música da faixa 15.

6. Canto de comunhão. “Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida”, (Lucas 21,18-19). É muito importante observar que as estrofes estão articuladas com o Salmo 143/144. O salmista bendiz a Deus que é nosso refúgio e libertador. “Um cabelo se quer da cabeça”, CD: Liturgia XII, música da faixa 11 exceto o refrão.

Deus vem para nos governar e trazer a justiça aos povos. O CD: Cantos de abertura e comunhão traz uma excelente sugestão para acompanhar o rito de comunhão: o Salmo 98(97). O refrão entoa a visão dos povos acerca das ações de Deus que “lhe deram vitória de vez” / “sua justiça aos povos mostrou” / “vem para nos governar”. Estes elementos realçam a ligação entre a Mesa da Palavra e da Eucaristia, caracterizadas como um único ato de culto. Sugerimos também outros dois excelentes cantos que nos ajudam a retomar o Evangelho. “Ninguém consegue destruir a nossa alegria”, Hinário III da CNBB, página 358. Nada neste mundo nos separa do amor de Deus, Romanos 8: “Quem nos separará”, CD: Festas Litúrgicas II, música da faixa 19. Hinário Litúrgico da CNBB, página 368;

8- O ESPAÇO CELEBRATIVO

1. É preciso ter consciência que o primeiro espaço a ser cuidado e ser valorizado são as pessoas, o espaço por excelência. Na Igreja primitiva os cristãos ainda não tinham locais para as suas celebrações, mas mesmo assim celebravam nas casas. Os santos padres faziam questão de lembrar aos cristãos que o templo não são as paredes e os muros, mas as pessoas que se reúnem e forma a assembleia celebrante. Nos primeiros séculos do Cristianismo, as casas onde os cristãos se reuniam se chamavam “domus eclesiae”, isto é, a casa da Igreja.

2. Por isso, o espaço de nossas igrejas devem ser belo, sem ser luxuoso; deve ser simples, sem ser desleixado; deve ser aconchegante para que todos se sintam participantes do banquete. Portanto, o lugar da celebração deve ser preparado para as núpcias do Cordeiro.

3. O Evangelho de hoje é uma alerta de que o espaço celebrativo não dever ser luxuoso a ponto de ocultar o essencial que é o Altar e o Ambão. Muitas vezes se exagera tantos nos enfeites que essas duas peças principais ficam escondidas.

9. AÇÃO RITUAL

A Liturgia celebrada nos põe nos trilhos da palavra de Deus e nos faz participantes de sua vontade. O que vem como fruto? O Reinado de Deus sobre nós, cuja oração dominical (O Pai Nosso) suplica. Assim, Deus exerce em cada Eucaristia seu juízo sobre nossa existência cristã, de modo que caminhemos para conformar nossa vida a vida de quem foi o seu melhor e maior operário: o próprio Filho, nosso irmão e Senhor.

Uma acolhida pessoal e muito carinhosa a todos que se aproximam, manifesta, desde o início da celebração, a bondade gratuita de Deus.

Ritos Iniciais

1. Como canto de abertura sugerimos “Jesus Cristo, esperança para o mundo” pela súplica que traz o refrão: “Venha teu Reino, Senhor! A festa da dia recria!”, Ofício Divino das Comunidades, página 276. Ver outras sugestões em Música Ritual.

2. Sugerimos na saudação inicial, a fórmula “d”, do Missal Romano que são as palavras conforme a Romanos 15,13:

O Deus da esperança, que nos cumula de toda alegria e paz em nossa fé, pela ação do Espírito Santo, esteja convosco.

3. Em seguida, dar o sentido litúrgico da celebração. O Missal deixa claro que o sentido litúrgico da celebração pode ser feito pelo presidente, pelo diácono um leigo/a devidamente preparado (Missal Romano página 390). O sentido litúrgico pode ser proposto, através das seguintes palavras, ou outras semelhantes:

Domingo da perseverança. Recebemos do Senhor uma palavra de esperança em tempo de perseguição. Essa confiança no Senhor, que gera a paz, faz-nos perseverantes em nossa opção pelo Reino.

4. Neste domingo, sugerimos que se use a fórmula 1 (Confesso a Deus). Pode-se fazer destaque do gesto de “bater no peito” – o mesmo usado pelo publicano no Evangelho.

Concluir com o Kyrie eleison (Senhor tende piedade de nós).

5. Cada Domingo do Tempo Comum é Páscoa semanal. Cantar de maneira festiva o Hino de louvor (glória).

6. Na Oração do Dia deste Domingo destaca que ao servir o Criador de todo bem teremos plena felicidade. A oração usa uma expressão muito forte e tocante ao coração da humanidade: “felicidade completa”. O desejo de felicidade, qual meta para onde tende a vida humana, é a busca de todo homem e mulher que vem a este mundo.
Rito da Palavra

2. Após a homilia, deixar um tempo de silêncio conforme prevê a Introdução ao Elenco das Leituras da Missa (OLM 28). Este silêncio pode transformar-se em oração contemplativa fruto das inspirações surgidas na Liturgia da Palavra, favorecendo a comunidade a assumi-la em sua vida, interiorizando o sentido pascal dos textos. Vez por outra, uma ação ritual que inclua um canto é oportuna.

3. Para esta celebração, por exemplo, pode-se fazer entrar o ícone do Pantocrator ou outra face de Cristo (desde que seja uma peça litúrgica e não uma imagem religiosa apenas, conforme diferenciamos em edição precedente do Caderno de Homilias e Sugestões).

4. Enquanto isso pode-se cantar “Em tudo, sempre a paz e alegria”, fazendo eco ao conselho evangélico da perseverança e do testemunho da fé que se exprime na confiança da salvação que vem de Deus.

Rito da Eucaristia

1. A preparação dos dons tem uma finalidade prática, expressa na procissão com que o pão e o vinho são trazidos ao altar. Segundo o costume das refeições judaicas, bendiz-se a Deus pelo alimento básico, o pão, e pela bebida mais significativa, o vinho. Evitar chamar este momento de “ofertório”, pois ele acontece após a narrativa da ceia (consagração).

2. Na Oração sobre o pão e o vinho destaca a graça de servir a Deus fielmente e conseguir a feliz eternidade.

3. Recorde-se que em caso de prefácio móvel, somente as orações eucarísticas I, II e III devem ser escolhidas Nesse caso sugerimos o Prefácio para os Domingos do Tempo Comum VI que contempla a perspectiva da glória final a que somos chamados. “Em vós vivemos, nos movemos e somos. E, ainda peregrinos neste mundo, não só recebemos, todos os dias, as provas do vosso amor de Pai, mas também possuímos, já agora, a garantia da vida futura. Possuindo as primícias do Espírito, por quem ressuscitastes Jesus dentre os mortos, esperamos gozar, um dia, a plenitude da Páscoa eterna”. O grifo no texto identifica aqueles elementos em maior consonância com o Mistério celebrado neste Domingo e que pode ser aproveitado na própria, ao modo de mistagogia. Nunca é demais lembrar que a Oração Eucarística II, admite troca de Prefácio. As demais não podem ter os prefácios substituídos sem grave prejuízo para a unidade teológica e literária da eucologia.

Ritos Finais

1. Os ritos iniciais remetem aos ritos finais, pois neles somos convocados para estar com o Senhor e sermos enviados em missão (cf. Marcos 3,14), para sermos sacramento de unidade e da salvação de todo o ser humano (cf. Lumem Gentium 1).

2. Na oração pós-comunhão suplicamos a Deus que a celebração do memorial de Cristo nos faça crescer em caridade.

3. A chamada “Bênção de Aarão” é um bom texto eucológico para despedir a assembléia, resgatando o sentido de aguardar o Dia em que o Senhor fará o sol brilhar sobre os justos, numa alusão simbólica a si mesmo revelando-se aos povos do universo:

Deus vos abençoe e vos guarde.
Amém.
Vos mostre a sua face e se compadeça de vós.
Amém.
Volva para vós o seu rosto e vos dê a paz.
Amém.
Abençoe-vos Deus todo-poderoso,
Pai e Filho e Espírito Santo.
Amém.

4. As palavras do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!”. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

O último apelo de Jesus é: “pela paciência salvareis vossas vidas” (Lucas 21,19). Enquanto somos peregrinos, com o rosto voltado para o futuro, donde nos vem o Libertador, não podemos saltar fora da história e desviar os ataques. Daí ser importante a paciência. O que é paciência? É a força de resistência, a sabedoria do sofrimento. Resistir é a capacidade de sobreviver na fidelidade a Deus, fidelidade que importa sofrimento. Mas não é um sofrimento absurdo; está carregado de sentido, porque é um sofrimento por Deus e em fidelidade à vida.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
           
Pe. Benedito Mazeti

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