13 de novembro de
2016
Leituras
Malaquias 3,19-20a
Salmo 97/98,5-9
2Tessalonicenses 3,7-12
Lucas 21,5-19
“É PERMANECENDO FIRMES QUE IREIS GANHAR
A VIDA”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo Da
perseverança. O final do Ano Litúrgico se aproxima e a liturgia deste domingo
se apresenta com forte apelo à vigilância. Na expectativa do novo céu e da nova
terra, quer sacudir em nós a poeira da acomodação e do desânimo. Vivemos num
momento de muitas contradições.
Hoje o Senhor
nos convida à perseverança, mantendo-nos vigilantes, convictos e ativos,
enquanto, vivendo numa sociedade violenta e contraditória, marcada por
desigualdade, guerras, terrorismo, exclusão, aguardamos a vinda do novo céu e
da nova terra, cuja promessa Ele renova para nós.
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os
textos
Primeira leitura – Malaquias 3,19-20a. O
livro do profeta Malaquias reflete a situação do povo hebreu depois do exílio
da Babilônia. A comunidade judaica reconstruiu o Templo de Jerusalém e a
cidade, mas o sonho de uma nação livre não estava se realizando. Havia
problemas na vida política, na vida religiosa e social. Os pobres, porém,
guardavam a esperança de uma intervenção de Deus. É para reforçar esta
esperança que o profeta escreve.
Com a
destruição de 586 antes de Cristo, pelo exército do império Babilônico,
Jerusalém e Judá ficaram em ruínas: no mês de agosto daquele ano, o comandante
da guarda do rei Nabucodonosor entrou em Jerusalém incendiando tudo, derrubando
o Templo e as muralhas. Para completar, os judeus de maior destaque foram
executados e outros deportados para Babilônia.
O exílio durou
48 anos, porém em 538 antes de Cristo veio a anistia quando Ciro, o imperador
persa, assumiu o controle da situação no Oriente. E os judeus voltaram para a
sua terra: num espaço de 20 anos, vários grupos tentaram reconstruir a nação.
Nação que agora contava com pouco mais de 50 mil habitantes, confinados em
Jerusalém e arredores: um território de apenas 1.100 km².
Foi uma
verdadeira aventura. Mas o Templo foi reconstruído sob o comando de Zorobabel,
à custa de imensos sacrifícios de toda a comunidade judaica.
A vida
religiosa andava mal. Os sacerdotes não observavam a devida pureza ritual e as
instituições sagradas do povo (sábado, dízimos etc.) não eram respeitadas. A
justiça social, então, era coisa rara: na situação de penúria da maioria pobre,
alguns ricos nadavam em riqueza e exploração.
O profeta
descreve este dia com imagens curiosas: o mal (os soberbos e os ímpios) será
queimado como palha na fornalha acesa, e a destruição dos maus será como a de
árvores arrancadas, às quais não se deixa raiz nem ramo (versículo 9) Porém,
para os justos, (os que temem o nome de Deus) brilhará a justiça como o sol,
trazendo a salvação (versículo 20).
Podemos
observar a imagem do “sol da justiça”: o sol sempre foi um dos principais
deuses para os povos do antigo Oriente. E a imagem de Deus sob a forma de um
sol com asas e irradiante era muito comum entre os persas, donos do Oriente na
época. É dele que vem o calor, a luz, a lei, a vida, a salvação. O profeta usa
o mesmo simbolismo, identificando, porém, o sol com o único Deus: Javé
Salmo responsorial – Salmo 97/98,5-9. O
Salmo 97/98 canta a alegria da vinda do Senhor como juiz da terra inteira, que
julgará os povos com justiça. É um hino ao Senhor Rei. A natureza é convidada
ao louvor. O Salmo culmina na vinda do Senhor para estabelecer seu reino na
terra: um reino de justiça e retidão. Exultem na presença do Senhor, pois ele
vem, vem julgar a terra inteira. Só pode exultar quem viveu conforme a justiça
de Deus. Para estes sua vinda será motivo de júbilo, para os outros, de terror
e de aniquilamento total. É o salmo da realeza do Senhor.
A palavra de
Malaquias nos faz crer que haverá um julgamento de Deus na história. Nesse
julgamento, os que praticam a iniqüidade vão se dar mal. A alegria estará para
os que vivem na justiça. Cantando o Salmo 97/98, nós nos alegramos com a
notícia deste justo julgamento, pedimos que o Senhor nos livre da iniqüidade e
nos dê a graça de ver brilhar o sol da justiça.
O rosto de
Deus deste Salmo é muito parecido com o dos Salmos 95/96 e 96/97. A expressão
“amor e fidelidade” (versículo 3a) recorda que esse Deus é o parceiro de Israel
na Aliança. Mas é também o aliado de todos os povos e de todo o universo em
vista da justiça e da retidão. É um Deus ligado com a história e comprometido
com a justiça. Seu governo fará surgir o Reino.
No Novo
Testamento, Jesus se apresentou anunciando a proximidade do Reino (Marcos 1,15;
Mateus 4,17). Para Mateus, o Reino vai acontecendo à medida que for implantada
uma nova justiça, superior à dos doutores da Lei e fariseus (Lucas 1,15; 5,20;
6,33). Todos os evangelistas gostam de apresentar Jesus como Messias, o Ungido
do Pai para a implantação do Reino, que faz surgir nova sociedade e nova
história. Justiça e retidão foram Suas características. De acordo com os
evangelistas, o trono do Rei Jesus é a Cruz. E na sua ressurreição, Deus
manifestou sua justiça às nações, fazendo maravilhas, de modo que os confins da
terra puderam celebrar a vitória do nosso Deus.
Segunda leitura – 2Tessalonicenses 3,7-12. Na
comunidade de Tessalonica, havia pessoas que diziam: “Se o fim do mundo está
perto, para que trabalhar”? E, com esse pretexto da vinda do Senhor, viviam às
custas dos outros, alienados da realidade... Paulo, valendo-se da sua própria
condição de apóstolo trabalhador, escreve aos irmãos da comunidade
convidando-os a corrigirem esta conduta, que agravava ainda mais a situação da
pobre comunidade de Tessalonica, pois essas pessoas se tornavam um peso para a
comunidade.
Paulo
não esperava tal tipo de problema em Tessalonica onde ele mesmo demonstrou como
devia ser a vida cotidiana do cristão: trabalho, oração e convivência fraterna.
Além do próprio exemplo, Paulo parece insistir sobre a nova dimensão dada pelo
Cristianismo ao trabalho. Para os gregos o trabalho de servo era reservado aos
escravos e indigno de um homem livre, pois feria sua dignidade humana. Na
perspectiva apostólica/cristã o trabalho passa a ser um modo da pessoa humana
se tornar co-criador do universo e se sustentar honestamente a si e aos seus
com o suor do seu rosto e não com o suor do rosto dos outros. O trabalho
torna-se fonte de misericórdia e caridade. Imitando a Paulo (1Coríntios 4,16)
os fiéis imitarão a Cristo (1Tessalonisences 1,6; Filipenses 2,5) que o próprio
Paulo imita (1Coríntios 11,1), assim ele deu o exemplo se sustentando com o
trabalho de suas mãos, não fugiu das condições do homem comum nem quis ser peso
para a comunidade pobre de Tessalonica (1 Tessalonicenses 2,9). Ele tinha o
direito de ser sustentado pela comunidade (1Coríntios 9,13), o próprio Cristo
garantia a eles esse direito (Lucas 10,7).
Como
bom judeu, Paulo reage contra esta mentalidade: não somente quer não ser
pesado, mas procura modificar o comportamento grego em relação ao trabalho.
A
Igreja no Ritual de Bênçãos, página 220, no Rito da Bênção de um local de
trabalho, quem preside acolhe os presentes com a seguinte monição: “Cristo
Jesus revelou a grande dignidade do trabalho quando ele, a Palavra do Pai
encarnada, se dignou ser chamado filho do operário, e quis humildemente exercer
com as próprias mãos as tarefas do operário, fazendo assim desaparecer a
maldição do pecado e transformando o trabalho numa fonte de bênçãos. Com
efeito, o homem, exercendo fielmente o trabalho e assumindo com este a ordem
temporal, e oferecendo-o humildemente a Deus, purifica-se a si mesmo,
desenvolve pela inteligência e pela atividade a obra da criação, pratica a
caridade, tem condições de ajudar os mais pobres e, unido com Cristo Redentor,
aperfeiçoa-se em seu amor...” Podemos notar que na perspectiva bíblica e na
tradição da Igreja, o trabalho é uma fonte de bênçãos, realização pessoal e
sobrevivência.
Os
que valorizavam a vida sem fazer nada em prejuízo do trabalho voltavam ao
paganismo e agravavam a situação da pobre comunidade de Tessalonica, pois uma
falsa expectativa de Cristo – se o Senhor vai voltar breve, por que se fadigar?
– tornavam-se peso para os outros. Queriam se alimentar sem trabalhar.
O
Cristianismo chega até as coisas simples de cada dia como o trabalho e a
alimentação. O mau exemplo de um pequeno grupo poderia desestabilizar a
comunidade pela irritação que provocava o grupinho que levava vida boa. Nada
faziam, mas perturbavam a todos, justamente porque teriam que ocupar o tempo
todo com fofocas. Podiam até parecer mais piedosos que os outros, pois,
esperavam a vinda do Senhor (Parusia), e falsamente posicionados esqueciam que
o trabalho é fonte de responsabilidade e humildade e que quem abusa da caridade
para se manter, ofende a justiça. O amor ao próximo caminha passo a passo com a
justiça. Cada um tem o direito de comer, fundado no dever de trabalhar com o
suor de seu rosto. Se eles se furtam ao trabalho devem lembrar que também não
têm direito ao alimento: “Comerás o pão com o suor de teu rosto” (Gênesis
3,19).
Evangelho – Lucas 21,5-19. Constatamos neste
trecho algo que não é comum e uma tensão. Surgirão muitos falsos cristos com a
pretensão de serem o verdadeiro Cristo (versículo 8), e muitos cristãos
autênticos serão perseguidos e rejeitados pelas autoridades religiosas, civis e
militares (versículo 12) e até pelos parentes e amigos (versículo 16). Lucas
adverte, por um lado, contra aqueles que dizem que são de Cristo e que o fim
está próximo (versículo 8) e, por outro, anima os cristãos a se manterem firmes
até o fim, até alcançarem a salvação (versículo 12).
No Evangelho
de Lucas, é possível distinguir de maneira clara quanto à Parusia e à
expectativa do fim dos tempos e da plena realização do Reino de Deus, duas
correntes: uma, acentuando que vem com toda certeza; outra, acentuando que não
vem ainda. Na primeira corrente, que corresponde mais à expectativa das
primeiras gerações de cristãos, Lucas adota discursos de Jesus e das fontes
literárias por eles usadas em que não só se fala da certeza da Parusia, mas às
vezes também da iminência do fim (por exemplo, Lucas 18,8; 10,9-11;
12,38,40.41-48; 12,54—13,9; 21,32). Na segunda corrente, provocada pelo
adiamento (protelação) da Parusia, pode-se constatar que Lucas por vezes retoca
o texto transmitido, para adaptá-lo ao adiamento.
É digno que
Lucas tenha mantido as duas correntes. Provavelmente de caráter teológico e
pastoral. Tais correntes foram provocadas pelo adiamento da Parusia, que podia
desembocar em dois falsos extremos. O primeiro seria uma renovação radical de
expectativas apocalípticas, com o aparecimento de falsos messias que pregam o
breve fim do mundo. As pressões de uma esperança desiludida os forçavam a um
redobrado fanatismo. Essa corrente é combatida por Lucas nos textos em que
acentua o adiamento da Parusia (cf. Atos 1,6-8; Lucas 17,20-21.22-24; 19,11-27;
21,7.8.21-24). O outro falso extremismo, a que poderia conduzir a protelação
indefinida da Parusia, seria a clara negação desta esperança. Isso causaria a
perda da fé e o relaxamento moral. A tentação pelo desânimo poderia agravar-se
pela perseguição intensa. Os perseguidos poderiam esperar que o Senhor
interviesse para vingá-los, e a demora seria uma tentação para que abandonassem
a fé. Lucas adverte a esse respeito em textos como 18,1-8; 21,9.36.
Jesus, em
estilo apocalíptico, adverte que os conflitos e as perseguições que os cristãos
sofrerão são sinais da inauguração do Reino. Acena para o fim do sistema opressor
e para o surgimento de uma nova história. É a revolução provocada pela chegada
dos tempos messiânicos.
“Não ficará
pedra sobre pedra: tudo será destruído”. Mesmo as pedras mais belas,
harmoniosas e fascinantes do Templo não resistirão. A destruição constituirá um
tempo de lamentos, dor e sofrimento. As estruturas materiais, por mais sólidas
que sejam, são breves.
A linguagem
apocalíptica, com base nos fatos acontecidos, os apresenta como algo por
acontecer, com o objetivo de animar a resistência dos que serão perseguidos,
diante dos conflitos. Além da destruição do Templo, antecipa-se o que aconteceu
aos discípulos e às primeiras comunidades. Disso nasce uma convicção: a
comunidade cristã, que privilegiou os pobres e oprimidos, sobrevive ao caos que
se abateu sobre Jerusalém com a destruição do Templo. Mais cedo ou mais tarde,
como o Templo, todos os sistemas iníquos, baseados na força e na intimidação,
acabarão destruindo-se mutuamente.
Jesus não fala
diretamente aos discípulos, mas às pessoas em geral. A partir do caos
que se instalará em Jerusalém, o Mestre deseja suscitar a confiança nos
discípulos (Lucas 21,5-6). Ele chama a atenção para não se deixarem enganar
pelos impostores: “Cuidado para não enganarem vocês, porque muitos virão em meu
nome, dizendo: sou eu!”. É preciso discernir com sabedoria os fatos confusos
que estão por acontecer (Lucas 21,8-11). O Mestre avisa aos discípulos que eles
haverão de conhecer todos os tipos de perigos e toda sorte de perseguições
(Lucas 21,11-12), movidas pelo império ou pela sinagoga, ou ainda motivadas por
invejas, calúnias e difamações familiares. Mas isto deve constituir ocasião
para fortalecer a fé na sua palavra (Lucas 21,13).
O evangelista
Lucas contempla os fatos do ponto de vista das vítimas da perseguição e garante
que o Senhor vai assistir suas testemunhas para que resistam e confundam seus
opressores nos momentos da dura provação. O Espírito do Senhor vai lhes dar a
eloqüência e a sabedoria necessárias para enfrentarem as acusações e os
maus-tratos (Lucas 21,14-15). O difícil é ter de aceitar que, entre aqueles que
irão maltratar aos seguidores de Jesus, estarão pessoas familiares... Isto
torna ainda mais penoso o momento da tortura (Lucas 21,16).
A narrativa
evangélica deste domingo conclui com uma convicção: “Não perderão um só fio de
cabelo. É permanecendo firmes que vocês irão ganhar a vida!” (Lucas 21,18-19).
O Senhor está com aqueles que testemunharem em seu nome e que não depositarem
sua confiança nas estruturas materiais e transitórias. É um alerta à
perseverança e ao seguimento firme na esperança. A antecipação de todos estes
problemas não impede aos seguidores de Jesus revelar as razões de sua
esperança. Apesar do ambiente de caos, o Reino está na perseverança e no
testemunho do nome do Senhor até o fim dos tempos (Lucas 21,19).
Na fé, todos
sabem que Deus tem um grande amor para com seus filhos e os protege. Mas a
experiência do cotidiano parece desmentir essa verdade. Em meio a tantos
conflitos, a tanta violência e corrupção, a tentação é pensar que Deus tolera
os corruptos e os violentos, deixando no sofrimento seu povo, as pessoas mais
simples e boas. Por isso, é “inútil servir ao Senhor”. O profeta Malaquias pede
um pouco de paciência. Aguardem... um dia tudo vai mudar. Nesse dia abrasador como
a fornalha, os soberbos e os ímpios serão queimados, destruídos. Para os justos
despontará o sol da justiça, trazendo a salvação (primeira leitura). A alegria
estará reservada àqueles que vivem na justiça (Salmo 98[97]).
Enquanto
aguardavam o advento de novos tempos, Paulo aconselha os irmãos a perseverarem
nas atividades cotidianas, no trabalho profissional ou em suas casas. Como as
coisas não mudavam e o prometido novo céu não chegava, muitos se jogavam na
ociosidade. Outros, sob o pretexto da iminente vinda do Senhor, viviam à custa
do trabalho dos irmãos. “Muito ocupados em fazer nada”. O Apóstolo os exorta a
corrigirem essa postura e a se dedicarem ao serviço dos mais pobres da
comunidade (segunda leitura).
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Em cada ano,
ao se concluir o ciclo litúrgico, a Igreja nos propõe a celebração sobre as
últimas realidades da história. A linguagem simbólica, com uma série de imagens
apocalípticas, evoca o caos do fim dos tempos e reflete o atual momento de
nossa história cheio de contradições. Com estes fatos apocalípticos, Jesus não
deseja assustar. Ele quer que os discípulos se mantenham firmes na esperança,
perseverantes no testemunho e confiantes na sabedoria de sua palavra salvadora.
Ao longo dos tempos e em face de toda espécie de provações, eles deverão
oferecer uma inteligente e esperançosa resistência. Esperança e resistência que
podem ser comprovadas, hoje, em grupos e organizações do povo que, apesar das
adversidades, oferecem criativamente à sociedade novas alternativas de vida.
Olhando para o
atual momento da humanidade, dá a impressão de que este “fim dos tempos” esteja
muito próximo de acontecer. Os conflitos entre nações se multiplicam. O domínio
dos poderosos sobre os pobres se acentua, empurrando grandes massas humanas à
miséria. A violência urbana e o menosprezo da vida parecem incontroláveis.
Diante de tudo isto, a gente se pergunta: não será o fim? Jesus nada responde.
Limita-se a recomendar a prudência, vigilância e firme perseverança na prática
do bem. Santo Agostinho afirmava que o dia do fim dos tempos permanece oculto
em vista de nossa fidelidade.
A tentação de
querer saber sobre o fim dos tempos e a instauração definitiva do Reino de Deus
faz com que as pessoas corram atrás dos messianismos que prometem a inauguração
de um “novo e maravilhoso mundo”. Repetidas vezes, em nossos dias, é anunciado
o fim do mundo. Houve até quem determinasse a data e a hora. E nada aconteceu!
Ocorre que quem determina a data e a hora do fim não são os acontecimentos
humanos, mas é Deus, como Senhor da história. Será ele quem proferirá a última
palavra, e não o caos das realidades históricas e materiais. Jesus alerta para
que as pessoas não se deixem iludir por vãs promessas e reafirmem que um mundo
melhor depende muito de nossa colaboração.
Diante do côas
da história e da realidade humana, há quem descarte qualquer possibilidade de
mudança. A toda hora se queixam, dizendo: “O mundo não tem mais jeito”, “Não
adianta mais lutar”. Esse modo derrotista de pensar não faz parte da comunidade
de fé que, cotidianamente, nutre sua esperança de que “um outro mundo é
possível”.
Notemos que a
preocupação é sempre com o amanhã. Quando acontecerá o fim do mundo? Quando
virá uma nova sociedade? O Evangelho não responde com datas, mas alerta para a
vigilância. Diante disso, o único tempo certo é o da conversão perseverante.
Mergulhados nas realidades contraditórias que compõem a história e em face das
provocações e da demora da instalação definitiva do Reino, o Senhor nos convida
à atitude da paciência ativa, da firmeza e da confiança na sua fiel atuação.
Paciência não é sinônimo de resignação ou de acomodação. É antes sinal de
indignação contra tudo o que submete a vida aos determinismos humanos. É
expressão de quem resiste na expectativa do novo céu e da nova terra que Deus
vai criar. É a atitude de quem sempre encontra uma alternativa positiva, a
favor da qual investe suas energias.
Em meio ao
caos social provocado pelos interesses dos poderosos e do clima de sofrimento,
Jesus diz aos que perseverarem na fé e no testemunho que não lhes faltarão a
sabedoria nem a força do Espírito Santo prometido aos seus discípulos aos seus
discípulos (João 14,14-24; 16,12-15).
Dessa forma, a
existência do cristão encontra seu ponto de equilíbrio no efetivo compromisso
cotidiano, sério e sereno, evitando os extremos do fanatismo e da acomodação de
quem cruza os braços com a desculpa de que tudo é passageiro e predeterminado.
Mantém-se vigilante e perseverante quem fundamenta sua esperança no Deus fiel,
que convida à comunhão com Jesus Cristo, nosso Senhor.
Há quem se
pergunte: “Em que consiste mesmo a vida eterna na consumação dos tempos?”.
Santo Tomás de Aquino entende que “a vida eterna une-se a Deus. Pois Deus mesmo
é o prêmio e a consumação de todos nossos esforços: ‘Eu sou teu protetor e tua
imensa recompensa’ (Gênesis 15,1).” Ela comporta o máximo louvor (Isaias 51,3)
e também a perfeita satisfação do desejo, porque lá cada bem-aventurado terá
muito além do desejado e do esperado. A razão está em que, nesta vida, ninguém
pode contentar perfeitamente seu desejo, e criatura alguma sacia o anseio do
homem. Só Deus o sacia e o excede infinitamente. Por isso, o ser humano não
descansa senão em Deus. Já
que, na pátria, os santos possuirão a Deus perfeitamente, é evidente que seu
desejo será saciado e ainda a glória o excederá. Consiste ainda (a vida eterna)
na suave companhia de todos os santos; sociedade agradável a mais não poder,
porque cada um terá, em companhia de todos os bem-aventurados, todos os bens.
“O que terá por resultado que crescerá alegria e o gáudio de um, na medida do
gáudio de todos” (Segunda leitura do ofício das leituras, sábado da 33ª semana
do Tempo Comum).
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
A recompensa de uma eternidade feliz
A Liturgia
deste domingo ensina que o dia do juízo de Deus não se sujeita às previsões
humanas. O Dia-que-vem procede do Senhor e virá a seu tempo. E este dia será
oportunidade para o testemunho da fé, pois tudo aquilo que se opõe ao Reinado
de Deus será desmascarado e denunciado, exigindo que uma posição seja adotada e
uma postura seja assumida por parte da humanidade. A recompensa para os que
optaram pela justiça (Deus!) será o convívio com Ele (cf. Oração sobre as
oferendas).
As orações no
rito romano são inspiradas nas Sagradas Escrituras e trazem expressões oriundas
de suas páginas. Quando se fala, então, em recompensa, embora nosso ouvido
capte apenas o significado de pagamento pelo que se produziu, é preciso estar
atentos, pois o termo refere-se mais a relação que há entre a humanidade e
Deus. Quer dizer, se há uma recompensa é porque há uma relação de contrato, de
aliança. A conseqüência do cumprimento do acordo (aliança) é receber a
recompensa. Mas, ao aplicar esta noção a Deus, a lógica não será retributiva,
mas distributiva: Deus dá mais do que seria justo pagar. Ele dá de si mesmo. E
aqui se abre a dimensão da liberdade divina que supera qualquer mérito que
exija pagamento, ou seja, motivo de justificação. O pagamento de Deus aos
Justos é o seu Reinado.
Chegar ao fim
O ano
litúrgico vai chegando a seu termo e a noção de juízo de Deus se torna muito
evidente nos textos bíblicos e eucológicos (orações). Neles, somos exortados a
buscar a recompensa no sentido de participar do Reinado de Deus, tendo nosso
labor sendo provado no mundo e aprovado no céu. Cada celebração Eucarística
antecipa e realiza no “hoje” de nossa vida essa fé: nossa existência, com tudo
que ela contém, passa pelo crivo do evangelho de Jesus, de modo a ser provado e
aprovado (ou não) pelo Senhor. Quanto mais nossa experiência de fé for próxima
e semelhante daquela inaugurada por Jesus, mais provados e aprovados seremos,
mais a aliança cumpriremos e mais ao Reino tenderemos. O oposto também é
verdade.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Jesus Cristo
como Senhor da história, que por sua ressurreição venceu as forças da morte,
imprime em nós, seus seguidores, ânimo novo para que perseveremos vigilantes,
firmes e ativos, apressando, sem violência e com ações concretas, a chegada do
novo céu e da nova terra. A morte já foi vencida e carregamos em nós a semente
da vida em plenitude.
Assim , na celebração eucarística nos é dado saborear
antecipadamente a consumação escatológica para a qual a humanidade e a criação
inteira estão a caminho (Romanos 8,19s). Para poder caminhar na direção certa,
a humanidade necessita orientar-se para a meta final. Esta, na realidade, é o
próprio Cristo Senhor, vencedor do pecado e da morte, que se torna presente
para nós, de maneira especial, na celebração eucarística. Desse modo, embora
sejamos ainda “estrangeiros e peregrinos” neste mundo (1Pedro 2,11), pela fé
participamos já da plenitude da vida ressuscitada (cf. Bento XVI, Sacramentum Caritatis, n. 30).
Renovando a
promessa do novo céu e da nova terra, Cristo nos torna co-responsáveis por esse
novo dia: “É pela perseverança que mantereis vossas vidas”.
Glorifiquemos
a Deus Pai, pela força do Espírito que sustenta a vigilância e resistência
perseverante de tantas pessoas e comunidades perseguidas e ameaçadas de morte.
Louvemos a Deus Pai que pela luz do Espírito ilumina e ampara a caminhada de
milhões de imigrantes despojados de seu meio ambiente nativo, pela ação do
Espírito, mantém acesa a chama de que “um outro mundo é possível”. Demos graças
a Deus Pai pelo dom do Espírito que não deixa esmorecer a indignação de todos
quantos doam o melhor de si na promoção da dignidade da pessoa, na renovação da
comunidade eclesial e na construção da sociedade justa e fraterna.
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. A mesa da
Palavra e a mesa da Eucaristia formam um só ato de culto; portanto, é preciso
manter um equilíbrio de tempo entre as duas. Demasiada atenção dada à procissão
com o Lecionário ou com a Bíblia, homilias prolongadas, introduções antes das
leituras parecendo comentários ou pequenas homilias, tudo isso prejudica o rito
eucarístico, que em conseqüência acaba sendo feito às presas.
2. No dia 18,
é a Dedicação das Basílicas de São Pedro e São Paulo em Roma. Dia 22 celebramos
a memória de Santa Cecília, padroeira dos músicos.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo Comum, é
preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser
cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado. A função da equipe de canto não é
simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 33º
Domingo do Tempo Comum. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico,
com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Nunca é demais lembrar que toda liturgia é uma celebração da Igreja
corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse
sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão
gravados nos CDs Liturgia VI e XI, XII, CD: Cantos de Abertura e Comunhão e CD:
Cantos de Abertura e Comunhão, As mais Belas Parábolas.
1. Canto de abertura. Deus pensa
em paz, não em aflição (Jeremias 29,11.12.14), as estrofes estão articuladas
com o Salmo 143/144. “De paz são meus pensamentos”, CD: Liturgia VII, música da
faixa 15.
Jesus fala da
realidade escatológica do Reino de Deus. É preciso distinguir os que proclamam
o verdadeiro Reino de Justiça e os que anunciam falsidade e enganação por meio
de falsos profetas. Assim conseguiremos servir ao Senhor e ao Reino com
sinceridade. Dentro dessa reflexão, a Igreja oferece outro excelente canto de
abertura “Jesus Cristo, esperança para o mundo” pela súplica que traz o refrão:
“Venha teu Reino, Senhor! A festa da vida recria!”, CD: Cantos de Abertura e
Comunhão, música da faixa 5 ou Ofício Divino das Comunidades, página 276.
2. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD
Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico
III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria e Reginaldo
Veloso e outros compositores.
O Hino de
Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é,
voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho.
O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de
Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo,
exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o
Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou
nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da
assembléia.
3. Salmo responsorial 97/98. O
Senhor vem julgar a terra inteira. “O Senhor vem julgar a terra inteira; com
justiça julgará”, CD: Liturgia XII, música da faixa 16.
O Salmo
responsorial é um dos cantos mais importantes da Liturgia da Palavra. É o único
canto da Missa que nunca deve ser substituído por outro canto. Ele faz parte do
Lecionário e foi escolhido em relação com as leituras especialmente com a
primeira. Seria empobrecer a
Liturgia da Palavra substituir o Salmo por qualquer canto religioso, já que é
um texto bíblico pelo qual Deus fala a seu povo e tem íntima relação com a
leitura bíblica. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser
Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista. Seria antipedagógico
transformar a Missa numa espécie de festival de canções religiosas que nada têm
a ver com a ação litúrgica.
4. Aclamação ao Evangelho. “Vigiai
e estai preparados” (Mateus 24,42a.44). “Aleluia... é preciso vigiar”, CD:
Liturgia XI, música da faixa 7.
5. Apresentação dos dons. A escuta
da Palavra e colocá-la em prática, deve gerar na assembléia a partilha para que
ela possa ser sinal vivo do Senhor. Devemos ser oferenda com nossas oferendas. A
prática da justiça e a vigilância sinceras nos levam a partilhar. “Bendito sejais, Senhor, pelos dons que
apresentamos”, CD: Liturgia XII, música da faixa 15.
6. Canto de comunhão. “Mas vós
não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. É permanecendo firmes que
ireis ganhar a vida”, (Lucas 21,18-19). É muito importante observar que as
estrofes estão articuladas com o Salmo 143/144. O salmista bendiz a Deus que é
nosso refúgio e libertador. “Um cabelo se quer da cabeça”, CD: Liturgia XII, música
da faixa 11 exceto o refrão.
Deus vem para
nos governar e trazer a justiça aos povos. O CD: Cantos de abertura e comunhão
traz uma excelente sugestão para acompanhar o rito de comunhão: o Salmo 98(97).
O refrão entoa a visão dos povos acerca das ações de Deus que “lhe deram
vitória de vez” / “sua justiça aos povos mostrou” / “vem para nos governar”.
Estes elementos realçam a ligação entre a Mesa da Palavra e da Eucaristia,
caracterizadas como um único ato de culto. Sugerimos também outros dois
excelentes cantos que nos ajudam a retomar o Evangelho. “Ninguém consegue
destruir a nossa alegria”, Hinário III da CNBB, página 358. Nada neste mundo
nos separa do amor de Deus, Romanos 8: “Quem nos separará”, CD: Festas
Litúrgicas II, música da faixa 19. Hinário Litúrgico da CNBB, página 368;
8- O ESPAÇO CELEBRATIVO
1. É preciso
ter consciência que o primeiro espaço a ser cuidado e ser valorizado são as
pessoas, o espaço por excelência. Na Igreja primitiva os cristãos ainda não
tinham locais para as suas celebrações, mas mesmo assim celebravam nas casas.
Os santos padres faziam questão de lembrar aos cristãos que o templo não são as
paredes e os muros, mas as pessoas que se reúnem e forma a assembleia
celebrante. Nos primeiros séculos do Cristianismo, as casas onde os cristãos se
reuniam se chamavam “domus eclesiae”, isto é, a casa da Igreja.
2. Por isso, o
espaço de nossas igrejas devem ser belo, sem ser luxuoso; deve ser simples, sem
ser desleixado; deve ser aconchegante para que todos se sintam participantes do
banquete. Portanto, o lugar da celebração deve ser preparado para as núpcias do
Cordeiro.
3. O Evangelho
de hoje é uma alerta de que o espaço celebrativo não dever ser luxuoso a ponto
de ocultar o essencial que é o Altar e o Ambão. Muitas vezes se exagera tantos
nos enfeites que essas duas peças principais ficam escondidas.
9. AÇÃO RITUAL
A Liturgia
celebrada nos põe nos trilhos da palavra de Deus e nos faz participantes de sua
vontade. O que vem como fruto? O Reinado de Deus sobre nós, cuja oração
dominical (O Pai Nosso) suplica. Assim, Deus exerce em cada Eucaristia seu
juízo sobre nossa existência cristã, de modo que caminhemos para conformar
nossa vida a vida de quem foi o seu melhor e maior operário: o próprio Filho,
nosso irmão e Senhor.
Uma acolhida
pessoal e muito carinhosa a todos que se aproximam, manifesta, desde o início
da celebração, a bondade gratuita de Deus.
Ritos Iniciais
1. Como canto
de abertura sugerimos “Jesus Cristo, esperança para o mundo” pela súplica que
traz o refrão: “Venha teu Reino, Senhor! A festa da dia recria!”, Ofício Divino
das Comunidades, página 276. Ver outras sugestões em Música Ritual.
2. Sugerimos na saudação inicial, a
fórmula “d”, do Missal Romano que são as palavras conforme a Romanos 15,13:
O Deus da esperança, que nos cumula de toda alegria e paz
em nossa fé, pela ação do Espírito Santo, esteja convosco.
3. Em seguida,
dar o sentido litúrgico da celebração. O Missal deixa claro que o sentido
litúrgico da celebração pode ser feito pelo presidente, pelo diácono um leigo/a
devidamente preparado (Missal Romano página 390). O sentido litúrgico pode ser
proposto, através das seguintes palavras, ou outras semelhantes:
Domingo da perseverança. Recebemos do
Senhor uma palavra de esperança em tempo de perseguição. Essa confiança no
Senhor, que gera a paz, faz-nos perseverantes em nossa opção pelo Reino.
4. Neste
domingo, sugerimos que se use a fórmula 1 (Confesso a Deus). Pode-se fazer
destaque do gesto de “bater no peito” – o mesmo usado pelo publicano no
Evangelho.
Concluir com o
Kyrie eleison (Senhor tende piedade de nós).
5. Cada
Domingo do Tempo Comum é Páscoa semanal. Cantar de maneira festiva o Hino de louvor
(glória).
6. Na Oração
do Dia deste Domingo destaca que ao servir o Criador de todo bem teremos plena
felicidade. A oração usa uma expressão muito forte e tocante ao coração da
humanidade: “felicidade completa”. O desejo de felicidade, qual meta para onde
tende a vida humana, é a busca de todo homem e mulher que vem a este mundo.
Rito da Palavra
2. Após a
homilia, deixar um tempo de silêncio conforme prevê a Introdução ao Elenco das
Leituras da Missa (OLM 28). Este silêncio pode transformar-se em oração
contemplativa fruto das inspirações surgidas na Liturgia da Palavra,
favorecendo a comunidade a assumi-la em sua vida, interiorizando o sentido
pascal dos textos. Vez por outra, uma ação ritual que inclua um canto é
oportuna.
3. Para esta
celebração, por exemplo, pode-se fazer entrar o ícone do Pantocrator ou outra
face de Cristo (desde que seja uma peça litúrgica e não uma imagem religiosa
apenas, conforme diferenciamos em edição precedente do Caderno de Homilias e
Sugestões).
4. Enquanto
isso pode-se cantar “Em tudo, sempre a paz e alegria”, fazendo eco ao conselho
evangélico da perseverança e do testemunho da fé que se exprime na confiança da
salvação que vem de Deus.
Rito da Eucaristia
1. A
preparação dos dons tem uma finalidade prática, expressa na procissão com que o
pão e o vinho são trazidos ao altar. Segundo o costume das refeições judaicas,
bendiz-se a Deus pelo alimento básico, o pão, e pela bebida mais significativa,
o vinho. Evitar chamar este momento de “ofertório”, pois ele acontece após a
narrativa da ceia (consagração).
2. Na Oração
sobre o pão e o vinho destaca a graça de servir a Deus fielmente e conseguir a
feliz eternidade.
3. Recorde-se
que em caso de prefácio móvel, somente as orações eucarísticas I, II e III
devem ser escolhidas Nesse caso sugerimos o Prefácio para os Domingos do Tempo Comum
VI que contempla a perspectiva da glória final a que somos chamados. “Em vós
vivemos, nos movemos e somos. E, ainda peregrinos neste mundo, não só
recebemos, todos os dias, as provas do vosso amor de Pai, mas também possuímos,
já agora, a garantia da vida futura. Possuindo as primícias do Espírito,
por quem ressuscitastes Jesus dentre os mortos, esperamos gozar, um dia, a
plenitude da Páscoa eterna”. O grifo no texto identifica aqueles elementos
em maior consonância com o Mistério celebrado neste Domingo e que pode ser
aproveitado na própria, ao modo de mistagogia. Nunca é demais lembrar que a
Oração Eucarística II, admite troca de Prefácio. As demais não podem ter os
prefácios substituídos sem grave prejuízo para a unidade teológica e literária
da eucologia.
Ritos Finais
1. Os ritos
iniciais remetem aos ritos finais, pois neles somos convocados para estar com o
Senhor e sermos enviados em missão (cf. Marcos 3,14), para sermos sacramento de
unidade e da salvação de todo o ser humano (cf. Lumem Gentium 1).
2. Na oração
pós-comunhão suplicamos a Deus que a celebração do memorial de Cristo nos faça
crescer em caridade.
3. A chamada
“Bênção de Aarão” é um bom texto eucológico para despedir a assembléia,
resgatando o sentido de aguardar o Dia em que o Senhor fará o sol brilhar sobre
os justos, numa alusão simbólica a si mesmo revelando-se aos povos do universo:
Deus vos
abençoe e vos guarde.
Amém.
Vos mostre a
sua face e se compadeça de vós.
Amém.
Volva para vós
o seu rosto e vos dê a paz.
Amém.
Abençoe-vos
Deus todo-poderoso,
Pai e Filho e
Espírito Santo.
Amém.
4. As palavras
do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: “É
permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!”. Ide em paz e que o Senhor vos
acompanhe.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O último
apelo de Jesus é: “pela paciência salvareis vossas vidas” (Lucas 21,19).
Enquanto somos peregrinos, com o rosto voltado para o futuro, donde nos vem o
Libertador, não podemos saltar fora da história e desviar os ataques. Daí ser
importante a paciência. O que é paciência? É a força de resistência, a
sabedoria do sofrimento. Resistir é a capacidade de sobreviver na fidelidade a
Deus, fidelidade que importa sofrimento. Mas não é um sofrimento absurdo; está
carregado de sentido, porque é um sofrimento por Deus e em fidelidade à vida.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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