08 de dezembro de 2014
Leituras
Gênesis 3,9-15.20
Salmo 97/98,1-4
Efésios 1,3-6.11-12
Lucas 1,26-38
“DORAVANTE TODAS AS GERAÇÕES ME CHAMARÃO
BEM-AVENTURADA”
1- PONTO DE PARTIDA
Estamos em
pleno Tempo do Advento e, em pleno clima de preparação para celebrarmos a vinda
do Salvador, trazemos à nossa mente e ao coração a maravilhosa obra de Deus na
pessoa de Maria: para ser mãe do Salvador, Deus a quis sem pecado. Santo
Agostinho, pastor sensível ao sobrenatural “instinto de fé” dos pobres, chega mesmo
a dizer que “a piedade impõe reconhecer Maria sem pecado” e que, “por honra do
Senhor”, ela “não entra absolutamente em questão quando se fala de pecado”. O
papa Pio IX, no dia 08 de dezembro de 1854, proclamou solenemente Maria
concebida sem a marca do pecado.
No Brasil e em
toda a América latina, a fé na Imaculada Conceição foi sempre cultivada com
grande intensidade pelo nosso povo. Isso reflete nas inúmeras igrejas
construídas em sua memória. A própria padroeira do Brasil traz o título de
“Nossa Senhora da Conceição Aparecida”.
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os
textos
Primeira leitura – Gênesis 3,9-15. Depois do pecado, Deus não acaba o diálogo com o
homem: vai à procura dele, chama-o e fala com ele (versículos 8-9). O “homem”,
envergonhado e amedrontado (versículo 10), procura lanças as culpas sobre a
“mulher” (versículo 12) e esta sobre a “serpente” (versículo 13) que é a única
a ser amaldiçoada por Deus (versículo 14).
Adão e Eva,
antes amigos de Deus, agora se escondem. É o lado psicológico do pecado: o
escrúpulo, o medo, a insegurança, o sentimento de culpa. Para designar o
desequilíbrio emocional, resultante do pecado, o autor sagrado apresenta o
casal com vergonha de comparecer nus diante do Senhor, com quem antes
conversavam tão familiarmente, apesar da nudez. Ao sentimento de pudor une-se
ao de remorso. Romperam-se as relações e Deus, juiz universal, pede contas,
insinuando, porém, desde o início, como Criador e Pai que vai reatá-las, embora
fora do paraíso. Ao pecado segue-se o julgamento divino, salientando-se a
astúcia da Serpente. A proibição e respectiva ameaça foi dada diretamente a
Adão. É a ele que Deus se dirige em primeiro lugar poucas palavras “onde
estás”? Adão tenta justificar-se, culpando, traindo sua esposa e, afinal,
responsabilizando o próprio Deus por lhe ter dado uma companheira tão frágil e
tentadora. Inclusive parece querer diminuir sua culpa, dizendo que aceitaria da
companheira apenas uma fruta. “Eis a soberba! Não aceita o pecado. Em lugar de humilde confissão, a desordem, a
confusão”! (Santo Agostinho), PL 34,449).
O Senhor,
então, se dirige à Mulher que, por sua vez, acusa a Serpente. A desculpa dela é
mais procedente, pois reconhece ter sido ludibriada pelo Maligno. O juiz divino
leva em conta essa diminuição, sem porém isentar a Mulher do pecado. É a
história do homem: peca, não aceita, busca pretextos, culpa os outros, vai à
procura de atenuantes... mas Deus lhe pedirás contas.
A Serpente é
um ser inteligente e maldoso, que encarna o espírito do mal e conhece o
preceito divino, instigando o homem a desobedecer-lhe. E, nessa desobediência,
o livro sagrado vê a causa de todo mal. A cobra é talvez o animal que mais
repugnância e aversão instintiva provoca. Com certeza é um bicho “maldito”; ela
sempre foi num réptil por natureza, mas o autor sagrado, teologizando, vê nessa atitude e no “comer o pó” uma
humilhação, um indício de abatimento e derrota, ao passo que o caminhar ereto é
sinal de realeza; os ofídios, isto é, os animais que se assemelham à
Serpente, não se nutrem de pó, como pensavam os antigos (Isaias 65,23.25; Salmo
71/72,9; Miquéias 7,17). “Comer o pó” simboliza a derrota da Serpente, não como
simples animal, embora divinizado na cultura Cananéia, mas como símbolo do mal,
autor como Adão e Eva, do pecado.
A serpente foi
escolhida pelo autor sagrado para desempenhar o papel de tentador. As razões
são várias. No Oriente Próximo principalmente no culto cananeu, com efeito, a
serpente representa a divindade da
fecundidade, tanto a dos campos quanto a das mulheres. E muitas mulheres,
em Israel como nas nações vizinhas, de boa vontade recorriam ao culto da
serpente pra garantir um casamento
fecundo. Aos olhos de Israel era o símbolo de toda a iniqüidade e a origem
principal da apostasia e superstição. Por isso a serpente pode simbolizar a
narração da queda como quem atua como adversário de Deus. Chama-se “o mais
astuto de todos os animais”, simbolizando a ciência secreta divinizada e da
magia.
A descendência
da Serpente, em sentido coletivo, é o conjunto das forças do mal que, aliadas à
Serpente, lutam contra Deus. Paralelamente à descendência da Mulher, como
coletividade, seriam as forças do bem que promovem o Reino de Deus e lutam
contra seus inimigos, vencendo todos eles (cf. Apocalipse 11,19a;
12,1.3-6a.10ab), primeira leitura proclamada na Solenidade da Assunção de Nossa
Senhora.
A maldição da
Serpente esclarece uma constante do Primeiro Testamento. Quando Deus pune o
homem, a condenação jamais é absoluta: um futuro permanece possível. De certo
modo, esse relato destaca que Deus sempre se põe ao lado do ser humano. No
momento mesmo em que amaldiçoa a Serpente, Deus abre o caminho para a
esperança. Segundo Gênesis 2,8, as maldiçoes jamais têm a última palavra. Elas
podem acumular-se uma após a outra (Gênesis 3,14-20; 4,11-14; 6,5-7.10), mas a
bênção termina sempre por triunfar (Gênesis 8,21) e por orientar o sentido da
história.
Jesus Cristo,
e somente Ele, pode conhecer o bem e o mal e passar da vida à morte, mas à
maneira de um Deus que triunfa sobre a morte por sua vida que ninguém pode
tomar, e que vence o mal por um perdão sem medida.
A todas as
pessoas que conhecem, depois de Adão, a morte e a vida, o bem e o mal, a
Eucaristia oferece o fruto da árvore da vida que Adão não pode comer (versículo
22), a fim de que um pouco de vida divina neles lhes permitem justificar o mal
e vencer a morte.
Salmo responsorial 97/98,1-4. O Salmo
97/98 começa com uma forma clássica, convidando ao louvor e argumentando o
motivo. O Salmo mostra que as vitórias de Deus são ações salvadoras na
história: o braço de Deus se manifesta com poder irresistível. E a vitória,
ganha para salvar um povo escolhido, é revelação para todas as nações; porque é
uma vitória justa, isto é, salvadora do fraco e do oprimido. Esta vitória
histórica não é um fato particular, mas a coerência no amor: o Senhor é fiel a
si mesmo, lembra-se da sua fidelidade. Seu amor por Israel é revelação para
todos os povos.
Este Salmo é
um hino à realeza de Deus (“Aclamai o Senhor, nosso Rei, versículo 6). Podemos
observar que todas as coisas que Deus dá a Israel ou às nações são Suas: é Sua
a salvação e Sua é a justiça (versículo 2), é Seu o amor e Sua é a fidelidade
(versículo 3). Louva-se por uma salvação recebida, não conquistada, não conquistada
ou merecida.
O rosto de
Deus deste Salmo é muito parecido com o dos Salmos 95/96 e 96/97. A expressão
“amor e fidelidade” (versículo 3a) recorda que esse Deus é o parceiro de Israel
na Aliança. Mas é também o aliado de todos os povos e de todo o universo em
vista da justiça e da retidão. É um Deus ligado com a história e comprometido
com a justiça. Seu governo fará surgir o Reino.
No Novo
Testamento, Jesus se apresentou anunciando a proximidade do Reino (Marcos 1,15;
Mateus 4,17). Para Mateus, o Reino vai acontecendo à medida que for implantada
uma nova justiça, superior à dos doutores da Lei e fariseus (Lucas 1,15; 5,20;
6,33). Todos os evangelistas gostam de apresentar Jesus como Messias, o Ungido
do Pai para a implantação do Reino, que faz surgir nova sociedade e nova
história. Justiça e retidão foram Suas características. De acordo com os
evangelistas, o trono do Rei Jesus é a cruz. E na sua ressurreição, Deus
manifestou sua justiça às nações, fazendo maravilhas, de modo que os confins da
terra puderam celebrar a vitória do nosso Deus.
Por isso que
nós, cristãos, hoje, com a vinda da salvação na pessoa de Jesus Cristo ,
cantamos com o Salmo 97/98: “Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele
fez prodígios!”
CANTAI AO
SENHOR DEUS UM CANTO NOVO
PORQUE LE FEZ
PRODÍGIOS!
Segunda leitura – Efésios 1,3-6.11-12. O texto é um longo hino de bênção a Deus Pai
pelo plano de salvação estabelecido pela Sua benevolência, realizado pela
mediação de Cristo e levado a cumprimento em nós pela ação do Espírito. A
“bênção” é a forma característica da oração judaica. O israelita piedoso pensa
em cada momento do dia nas intervenções de Deus a favor de Seu povo, relembra
os benefícios por Ele concedidos e dá-Lhe graças pronunciando “bênçãos”.
Contemplando a
vitória sobre o mal, obtida em Maria, não podemos deixar de unir as nossas
vozes às vozes dos cristãos de Éfeso, que cantavam a sua “bênção” a Deus Pai.
O hino narra
os inúmeros favores concedidos pelo Senhor. Já antes da criação do mundo, Ele
pensou em nós. É este o nosso destino: Deus “nos escolheu em Cristo, antes de
criar o mundo, para que sejamos santos e sem defeito diante d’Ele, no amor”
(versículo 4). O autor exprime assim a dignidade e a profundidade da nossa
relação com Deus Pai. O cristão não teme olhar “face a face” o Senhor, sabe que
pode contemplá-Lo e não morrer. Mediante os adjetivos “santos” e
“irrepreensíveis” (literalmente, “sem mancha”) é o caráter sagrado da vida dos
cristãos e aquilo que agrada a Deus: como Cristo se ofereceu a Si mesmo “sem
mancha” a Deus (Hebreus 9,14), assim também a vida do cristão deve ser um culto
espiritual, sem mancha diante do Pai (Romanos 12). Tudo isso não pode acontecer
senão “em caridade”, porque só quem ama pode tender para a oferta de si mesmo.
Todos, como Maria, são chamados a tornarem-se imaculados. Também, em nós,
portanto, o mal sofrerá uma derrota total.
Evangelho – Lucas 1,26-38. Maria faz
parte da comunidade dos pobres que esperavam a libertação de Deus. Mas jamais
esperava que podia ser ela a mãe do Salvador, pois não tinha ainda se casado.
Por isso ela ficou sem entender... Ficou pensando no coração o sentido daquele
anúncio... ficou confusa...
É preciso
entender o quadro e o contexto histórico dos versículos 26-27. A aparição do
Anjo Gabriel situa a cena da Anunciação e a situa no seu contexto profético e
escatológico. Desde Daniel 8,16; 9,21.24-26, Gabriel era considerado como o
depositário do segredo do computo das “setenta semanas”, fixadas antes do
estabelecimento do Reino definitivo.
O anjo aparece,
inicialmente em Lucas 1,17 no Templo a Zacarias; seis meses depois (180 dias) a
Maria (Lucas 1,26), após nove meses (270 dias) Cristo nasce, e 40 dias mais
tarde é apresentado no Templo de Jerusalém. Ora, esses números perfazem um
total de 490 dias ou “setenta semanas!”. Cada etapa é, aliás, assinalada pela
expressão “completados os dias...” (Lucas 1,23; 2,6; 2,22), que dá aos eventos
a significação de cumprimento profético.
Cristo é,
portanto, o Messias previsto em Daniel 9, ao mesmo tempo Messias humano e
misterioso Filho do homem, de origem quase divina (Daniel 7,13).
A Cena de
desenrola numa pequenina casa da Galiléia, região desprezada (João 1,46; 7,41),
em sensível contraste com a grandiosa cena da anunciação do Batista, no Templo
de Jerusalém (Lucas 1,5-25): já se insinua aqui a oposição entre Maria e
Jerusalém. Define-se desde a saudação do anjo. Este produz, com efeito, a
saudação de Sofonias 3,16 e Zacarias 9,9 que faziam de Jerusalém uma saudação
messiânica, destinada a anunciar-lhe a próxima vinda do Senhor “em seu seio”
(sentido literal da fórmula de Sofonias 3,16). O ano Gabriel transpõe,
portanto, para a Virgem, os privilégios até então atribuídos a Jerusalém.
A expressão
“cheia de graça” na fórmula de Lucas indica que a Virgem era “graciosa” como
Rute de Booz (Rute 2,2; 10,13), Ester perante Assuero (Ester 2,9,15,17; 5,2,8;
7,3; 8,5), como qualquer mulher aos olhos de seu marido (Provérbios 5,19; 7,5;
18,22; Cântico dos Cânticos 8,10). Esse contexto matrimonial é, pois,
profundamente evocativo: há muito Deus procura uma esposa que Lhe seja fiel.
Interpelada por uma expressão freqüente nas relações entre esposos, Maria
compreende que Deus vai realizar, com ela, o mistério dos esponsais prometidos
no Primeiro Testamento. Esse mistério atingirá mesmo um realismo inédito, pois
as duas naturezas – divina e humana – vão unir-se na pessoa de Jesus.
O anjo não
exige que a Virgem imponha a seu Filho o nome de Emanuel, previsto em Isaias
7,14. Nenhuma tradição, entretanto, pensava em “Jesus”, que significa “Javé
nosso salvador”. Este nome evoca dois personagens do Primeiro Testamento:
determinaram importantes ocorrências de salvação na história do povo: Josué,
“salvador” do deserto (Eclesiástico 46,1-2) e Jesus, sacerdote por ocasião de
Babilônia (Zacarias 3,1-10; Ageu 2,1-9). Jesus Cristo realizará uma salvação
bem mais decisiva quando ocupar o primeiro lugar da fileira, através do
sofrimento e da morte, para obter a salvação da humanidade inteira.
A criança que
vai nascer será fruto de uma intervenção especial de Deus; pertencerá àquele
mundo divino e celeste que a nuvem geralmente simboliza (versículo 35).
É importante
refletir que um Messias que não fosse homem não poderia associar a humanidade
na obra da salvação; um Messias que não fosse Filho de Deus não poderia nos
ensinar a única via possível de salvação: a filial adesão ao Pai.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Voltemos ao
Evangelho. O que vemos? Um encontro entre duas mães agraciadas com o dom da
fecundidade e da vida. Um encontro entre duas crianças, o Precursor e o
Salvador, sob o dinamismo do Espírito Santo. O Deus Trindade revelando-se nos
pobres e fazendo deles sua morada permanente: “O Pai havia revelado a Maria o
dom feito a Isabel, a marginalizada porque era estéril [...]; o Espírito Santo
revela a Isabel que Maria, a serva do Pai, se tornou ‘Mãe do Senhor’. Assim a
Trindade entra na casa dos pobres humilhados que esperam a libertação”. E são
os pobres que “proclamam a misericórdia do
Deus que se lembra dos pobres, vem morar com eles porque os ama, trazendo-lhes a plenitude da salvação”.
Isabel chama
Maria de “bendita”. Na Bíblia, as pessoas falam assim quando descobrem a
presença do Deus que salva. Maria é chamada de “bendita” porque é vista como o
lugar privilegiado onde se experimenta Deus. E, Mais, na cena se percebe o
Antigo Testamento (representado por Isabel e João) bendizendo o Novo que
irrompe (simbolizado por Maria e Jesus); o Antigo Testamento reconhecido a nova
humanidade que se está formando no seio de Maria. É a misericórdia de Deus para
com a humanidade agora se revelando em Jesus que vem para salvar.
Interessante que Isabel elogia
Maria e a chama de feliz, porque acreditou que as coisas ditas pelo Senhor iriam
se cumprir. Neste sentido, Maria, feita totalmente serva do Senhor, aparece como perfeito modelo do discípulo. “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a
observam”, dirá Jesus mais tarde.
“Bendito o fruto do teu ventre”,
proclama Isabel. Sim, ali está um corpo que veio para fazer a vontade do Pai:
“Eis que eu venho [...], ó Deus, para fazer a tua vontade”. Isto é, através da
entrega total e permanente de si em favor do resgate da dignidade humana
“ferida”, Cristo vem e sela uma nova história da humanidade. Vontade feita não
mais de sacrifícios de animais para homenagear Deus, como antigamente, mas do
sacrifício do seu próprio corpo para salvar as pessoas. Sendo assim, Jesus
tornou-se exemplo para todos nós. Natal é acolher Jesus e essa acolhida só será
verdadeira se, com ele, dissermos: “Aqui estamos! Em parceria com Deus, unidos
a Jesus e na dinâmica do Espírito Santo, vamos construir um mundo mais humano”.
A Palavra de Deus nos mostra,
portanto, o lugar social onde Deus se encarna a fim de construir uma nova
sociedade: “Ele se encarna nos pobres e nos meio deles, trazendo-lhes plenitude
de vida e salvação. À semelhança de Maria, Zacarias, Isabel e João, os
marginalizados são hoje o lugar privilegiado onde se experimenta Deus. O clima
de alegria que invadiu João Batista no seio de sua mãe se traduz hoje nas
expectativas e esperanças do povo que espera a libertação. Benditos os pobres
que crêem, aguardam e fazem a hora da libertação! Benditos os que descobrem
neles a presença do Deus que salva! Jesus é a oferta que agrada ao Pai e
santifica as pessoas. Seu corpo entregue é salvação, perdão e esperança que já
começa a se concretizar na comunidade dos que fazem a vontade do Pai. A melhor
resposta a ser dada à gratuidade da salvação é a entrega pessoal e comunitária:
‘Estamos aqui para fazer a tua vontade’”.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
Advento tempo de
discernimento
Maria é modelo
da Igreja, a primeira e mais fiel discípula de Jesus, Com ela aprendemos a
seguir Jesus, a escutar e praticar a Palavra, e esperar e vigiar. Que ela seja
a nossa inspiração neste Tempo de Advento para discernirmos os sinais do Reino
já presentes e dedicar-nos para que venha em plenitude.
Maria e a mística do Advento
A memória de
Maria, grávida do Verbo de Deus, nos insere mais profundamente na mística do
Advento. Nesta celebração, que o Espírito de Deus nos dê a graça de abrir-nos
inteiramente à Palavra e que Ele realize em nós o que celebramos para sermos,
como Maria, portadores do Verbo.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Na celebração
de hoje, vivemos este grande mistério: a Igreja está grávida de Cristo. Está
para dar à luz Jesus, no hoje do nosso tempo: Deus vem morar entre os
empobrecidos; encarnar-se neles para salvá-los.
“Para que isso aconteça, basta que
nos coloquemos na atitude de Maria: ‘Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim
segundo tua palavra’. Ou na atitude de Cristo, quando entrou no mundo: ‘Eu vim,
ó Deus, para fazer a tua vontade’ (cf. segunda leitura). ‘Graças a esta vontade
é que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma
vez por todas’, a exemplo de Maria.
Em cada
eucaristia tornamo-nos, em Cristo, corpo dado, dispostos a colocar-nos a
serviço dos necessitados, a exemplo de Maria.
Por Maria, o Senhor nos visita,
trazendo a salvação. Motivo de alegria e de ação de graças! Cabe a nós visitar
os necessitados, levando em nós o Cristo, para que também eles exultem de
alegria no Senhor. Felizes de nós se acreditarmos!”.
Celebrando a eucaristia, entramos em
comunhão com o Pobre mais pobre de todos os pobres: O Verbo eterno do Pai, que,
nascido da Virgem Maria, viveu em tudo a condição humana (menos o pecado!),
morreu e ressuscitou pela salvação de todos e agora, na condição humilde de pão
e vinho, torna-se corpo entregue e sangue derramado. Comungando deste corpo
entregue e deste sangue derramado, assimilamos o Pobre que Cristo é, para que
com ele também nós sejamos servos uns dos outros na construção de uma sociedade
nova, em que reine a justiça, a comunhão e a paz. É isso que Deus quer de nós,
ao celebrarmos o Natal do Senhor.
Assim, depois da comunhão o
sacerdote reza em nome de todos: “Ó Deus todo-poderoso, tendo nós recebido hoje
o penhor da eterna redenção [o Corpo de Cristo entregue por nós] fazei que, ao
aproximar-se a festa da salvação, nos preparemos com maior empenho para
celebrar dignamente o mistério do
vosso Filho, que vive e reina para sempre. Amém!”.
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Valorize-se,
hoje especialmente, a acolhida de todos que vêm para a celebração, com a mesma
alegria que Isabel (grávida de João Batista) acolheu a Virgem Maria (grávida de
Jesus Salvador).
2. Valorizar a
participação das mães gestantes nos vários momentos da celebração.
3. Hoje é uma
ótima oportunidade para convidar as pessoas a participarem da novena em
preparação para o Natal.
4. Dia 10, Dia
Mundial dos Direitos Humanos, Dia Internacional dos Povos Indígenas, que tanto
lutam por dignidade, demarcação de suas terras e preservação de sua cultura.
5. No dia 12
de dezembro, celebramos a Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira
principal da América Latina. “No acontecimento em Guadalupe, [Maria] presidiu,
junto com o humilde João Diego, o Pentecostes que nos abriu aos dons do
Espírito. A partir desse momento, são incontáveis as comunidades que
encontraram nela a inspiração mais próxima para aprenderem como ser discípulos
e missionários de Jesus” (Documento de Aparecida, 269).
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos “cantar a liturgia” e não
cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com “atitude espiritual” e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são da Solenidade da
Imaculada Conceição, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser
cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado. Jamais os cantos devem ser escolhidos para satisfazer o
ego de um grupo ou de um movimento ou de uma pastoral. Não devemos esquecer que
toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de
uma pastoral ou de um movimento.
1. Canto de abertura. Júbilo em
Deus, que orna sua noiva (Isaias 61,20).
“De alegria vibrei no Senhor”, CD:
Festas Litúrgicas III, melodia da faixa 1; “Tu és a glória de Jerusalém”, CD:
Festas Litúrgicas I, melodia da faixa 1;
“Ave Maria cheia de graça mãe do Senhor... com as estrofes: “Louva
Jerusalém, louva o Senhor teu Deus... do Salmo 147, CD: Liturgia IV, melodia da
faixa 8 (Advento).
2. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas...” Vejam o CD: Tríduo
Pascal I e II; CD: Partes Fixas da Missa e também no CD: Festas Litúrgicas I.
3. Salmo responsorial 97/98. Deus
fez maravilhas. “Cantai ao Senhor
Deus um canto novo, porque ele fez
prodígios”, CD: Festas Litúrgicas
III, melodia da faixa 14.
Para a
Liturgia da Palavra ser mais rica e proveitosa, há séculos um salmo tem sido
cantado como prolongamento meditativo e orante da Palavra proclamada. Ele
reaviva o diálogo da Aliança entre Deus e seu povo, estreita os laços de amor e
fidelidade. A tradicional execução do Salmo responsorial é dialogal: o povo
responde com um refrão aos versos do Salmo, cantados um ou uma salmista. Deve
ser cantado da mesa da Palavra.
4. Aclamação ao Evangelho. Oh
Ave-Maria (Lucas 1,28). “Aleluia, Deus te salve, ó Maria!”, CD: Festas Litúrgicas
III, melodia da faixa 15. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos
que estão no Lecionário Dominical.
A aclamação ao
Evangelho é um grito do povo reunido, expressando seu consentimento, aplauso e
voto. É um louvor vibrante ao Cristo, que nos vem relatar Deus e seu Reino no
meio das pessoas. Ele é cantado enquanto todos se preparam para ouvir o
Evangelho (todos se levantam, quem está presidindo vai até ao Ambão).
5. Apresentação dos dons. O canto de apresentação das oferendas,
conforme orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho.
Seu tema é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja
reunida em oração, na Solenidade da Assunção de Maria. “Salve, Maria, tu és a
estrela virginal de Nazaré”, CD: Festas Litúrgicas III, melodia da faixa 16; “Ela
era pobre e silenciosa e até sofrida”, Hinário Litúrgico I da CNBB, página 67.
6. Canto de comunhão. “Alegra-te,
cheia de graça, o Senhor está contigo” (Luvas 1,28). “Ave Maria, cheia de graça,
mãe do Senhor”, CD: Festas Litúrgicas III, melodia da faixa 17; “Povo de Deus,
foi assim”, CD: Festas Liturgia III, melodia da faixa 7.
O fato de a
Antífona da Comunhão, em geral, retomar um texto do Evangelho do dia revela a
profunda unidade entre a Liturgia da Palavra e a Liturgia, Eucarística e
evidencia que a participação na Ceia do Senhor, mediante a Comunhão, implica um
compromisso de realizar, no dia-a-dia da vida, aquela mesma entrega do Corpo e
do Sangue de Cristo, oferecidos uma vez por todas (Hebreus 7,27).
7. Canto de louvor a Deus após a
comunhão: “O Senhor fez por mim maravilhas, santo, santo, santo é seu
nome”, CD: Liturgia VIII, melodia da faixa 6 (Advento); “O Senhor fez em mim
maravilhas...”, CD: Liturgia IV, melodia da faixa 12 (Advento); “A minha alma
engrandece o Senhor..., CD: Liturgia VIII, melodia da faixa 11.
8- ESPAÇO CELEBRATIVO
1.
Pode-se colocar uma imagem da Imaculada Conceição, em lugar adequado e
preparado com antecedência no presbitério ou próximo dele. O lugar da imagem de
Nossa Senhora seja ornado com flores e velas. Dê-se destaque à imagem, sem,
contudo, deixar que esse destaque roube a centralidade do Altar e dos demais
elementos do espaço celebrativo.
9. AÇÃO RITUAL
A celebração
deste quarto Domingo do Advento põe em evidência a figura de Maria como símbolo
que acontece cada vez que fazemos assembléia em torno da Palavra e do Pão e
Vinho Consagrados: o Verbo se faz carne e habita entre nós. No seio da Igreja é
gerado o Cristo, como verdadeiro dom de Deus para que todos tenham vida e a
tenham em abundância (João 10,10).
Ritos Iniciais
1. A
celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto
de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a
assembléia no Mistério celebrado. A procissão de entrada pode ser acompanhada
com a entrada do Evangeliário, que deve ser colocado na mesa do Altar, até a
hora da aclamação ao Evangelho, durante a qual é levado, solenemente, até a
mesa da Palavra.
2. Fazer a
procissão de entrada com pessoas que tenham os nomes com que costumamos invocar
Maria. Pode-se trazer a imagem ou ícone da Imaculada Conceição, que não será incensada (caso se utilize
incenso) nos ritos iniciais, mas sim
na Apresentação das Oferendas como é costume do Rito Romano. Neste caso,
prepare-se um lugar de destaque para a imagem, mas relacionada com Cristo.
3. Para
saudação presidencial poderá ser inspirada em Gálatas 4,4:
O Deus que, na plenitude dos tempos, enviou
o seu Filho nascido de uma mulher, pela ação do Espírito Santo, esteja
convosco.
Após a
saudação do presidente, um ministro anuncia o mistério celebrado:
Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Maria
sempre viveu o projeto de Deus, por isso ela é a cheia de graça diante do
Senhor. Através do seu “sim”, Deus entrou na nossa história fará fazer dela uma
história de salvação.
4. Por ser uma
solenidade importante para a Igreja, cantar com entusiasmo e convicção o Hino
de Louvor.
5. Por ser uma
Solenidade, cantar com muita exultação o Hino de Louvor (glória). Deve ser
cantado por toda a assembléia e não apenas pela equipe de canto.
6. Na oração
do dia contemplamos o Filho de Deus habitando em Maria e ao mesmo tempo
suplicamos que sejamos purificados de toda culpa pela intercessão da Virgem.
Rito da Palavra
1. A
proclamação da leitura tenha por parte dos leitores, a consciência de que a
comunidade é como Maria que acolheu o Verbo no seu seio. A proclamação das
leituras se envolve da mística encarnatória, onde o Verbo de Deus se faz carne
na vida da comunidade. Esta, para ser assunta aos céus como a Mãe do Senhor
deve, assumir a Palavra que lhe é dada pela voz e expressão dos leitores e
leitoras.
2. As preces,
seguindo a estrutura clássica da oração bíblico-cristã, não excluam a
recordação dos feitos de Deus antes de emitir qualquer súplica.
Rito da Eucaristia
1. Uma peça
adequada para a procissão dos dons nessa celebração é “Ela era pobre e
silenciosa e até sofrida”, Hinário Litúrgico I da CNBB, página 67, cuja letra
descreve a postura santíssima da Virgem na relação com o Mistério Pascal: de
inteira disponibilidade e louvor a Deus, que nela e por ela fez grandes coisas
ao dar-nos seu Filho. Note-se, ainda, como termina o hino com a última estrofe:
“Cantemos, hoje, com Maria, a esperança”. Aqui aparece o real sentido da
memória mariana que é de enxergar, realizada nela, a nossa esperança para o
mundo e a humanidade inteira.
2. Na
incensação das oferendas, não se esquecer de incensar a imagem de Maria. A
ordem da incensação ficaria assim: o padre incensa as oferendas, o Altar, a
cruz e a imagem de Maria (no caso de festas mariana). O ministro do incenso
(turiferário) incensa o padre, outros padres se houver, e o povo. Seria bom ser
um pouco mais generoso na incensação do povo... O canto de apresentação dos
dons deve prosseguir enquanto durar a incensação.
3. Na oração
sobre as oferendas suplicamos a Deus que o sacrifício da salvação que
oferecemos na liturgia, nos livre de todo pecado.
4. O prefácio
é próprio e destaca Maria como “Aurora e esplendor da Igreja triunfante”. Onde
não houver Missa, e sim celebração da Palavra, fazer a louvação entoando o
“Bendito” em forma de repetição, conforme sugestão:
É BOM CANTAR UM BENDITO
UM CANTO NOVO, UM LOUVOR!
Ao Deus do
céu, Pai bondoso,
por Cristo,
nosso Senhor!
Ao Deus que
acolhe Maria
pra ser mãe do
Salvador”
Ao Deus que
enche de graça,
Maria, Mãe do
Senhor!
Maria, mãe dos
fiéis,
aos pés da
cruz se encontrou!
Maria, mãe e
modelo,
com Cristo a
morte esmagou!
Com a Virgem
mãe na sua glória,
a Igreja canta
o louvor!
Ritos Finais
1. Na oração
depois da comunhão suplicamos a Deus que a Eucaristia que recebemos cure em nós
as feridas do pecado original.
2. Sugerimos,
antes da bênção final, uma saudação à Virgem Maria com o canto “A aurora
precede o nascer do sol”, CD: Festas Litúrgicas I, melodia da faixa 8. Após o
canto:
a) Todos se
voltam para o ícone;
b) Em seguida
depõe-se incenso e canta-se a saudação;
c) Faz-se a
seguinte oração?
O Senhor
esteja convosco.
Ele está no meio de nós!
Deus nosso
Pai, sois bendito
Em vossos
santos e santas.
Para
manifestar o vosso grande amor por nós,
Enviaste-nos
vosso Verbo, Jesus Cristo,
Que se dignou
habitar o seio da Virgem de Nazaré.
Vosso Filho ao
fazer a Páscoa da sua morte e ressurreição,
Deu-nos como
símbolo de nosso destino
Sua Mãe Maria.
Permiti a
vossa Igreja,
Ao celebrar a
memória festiva de sua Páscoa,
Esperar com
alegria a plenitude que Ela
Já experimenta
por vossa graça,
Sendo no mundo
humilde servidora.
Por Cristo,
Senhor nosso, Amém.
3. Outra opção
seria o Angelus.
Abençoe-vos Deus todo Poderoso...
4. Ou a
fórmula de bênção solene das festas de Nossa Senhora (Missal Romano, página
527, nº 15).
5. As palavras
do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: Tenham fé
na promessa do Senhor como Maria. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.
6. É comum
além, de entrar em procissão no início da celebração guiados pela cruz, também
retirar-se do espaço sagrado em procissão, igualmente guiados pela cruz.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Celebremos a
Páscoa semanal do Senhor na Páscoa de Maria valorizando os que assumem a sua
missão em nossa diocese e no mundo inteiro de levar as pessoas a serem
discípulos missionários de Jesus Cristo, como fez Maria
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas as outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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