15 de fevereiro de 2015
Leituras
Levítico 13,1-2.44-46
Salmo 31/32,1-2.5.11
1Coríntios 10,31-11,1
Marcos 1,40-45
“SE QUERES, TENS O PODER DE CURAR-ME”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo do
leproso curado. Neste 6º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho narra a cura de um
leproso que se aproxima de Jesus confiando imensamente em seu poder.
Jesus,
considerando a vida humana mais importante que o conceito formulado pela
sociedade da época, acolhe o homem, livra-o da lepra e possibilita sua inclusão
social. Testemunhemos a compaixão do Senhor que se manifesta na cura de um
leproso e na sua reintegração na comunidade.
Celebremos a
Páscoa de Jesus Cristo que se manifesta na vida das pessoas e dos grupos que
testemunham a compaixão de Deus com os doentes e sofredores.
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os
textos
Primeira leitura – Levítico 13,1-2.44-46. Os
capítulos 11 a 15 do Livro do Levítico contêm as chamadas “leis de pureza”.
Trata-se de uma legislação complexa e minuciosa, destinada a estabelecer em que
casos se registravam situações de impureza, tornando as pessoas inadequadas
para participar do culto.
No interior
desta secção, os capítulos 13 e 14 são dedicados à lepra. A leitura de hoje
traz os dois primeiros versículos do capítulo 13, que atribuem ao sacerdote a
tarefa de julgar se existe ou não um estado de impureza (era uma função
religiosa, não medicinal, porque de fato não se prescreviam medicamentos); e os
versículos 44-46 do mesmo capítulo com a descrição do comportamento imposto ao
leproso.
Os leprosos
eram excluídos. As leis de Israel referentes à lepra são severas. Mesmo sem que
se saiba a natureza da doença, quem demonstra seus sintomas deve ser afastado
da sociedade, do Templo, da sinagoga e seus objetos destruídos. Estas medidas
parecem inspiradas pela higiene, mas não deixam de sugerir a presença de uma
força maligna nos infelizes. Trata-se de um verdadeiro tabu e discriminação
social (cf. Deuteronômio 24,8-9; Números 12,10-15).
O Livro do
Levítico descreve vários tipos de doença da pele que nós temos dificuldade em
classificar. As doenças pelas quais era decretado o estado de impureza eram as contagiosas,
que tinham a ver com bolor, com a deterioração dos tecidos e nas quais se via o
efeito terrível, incontrolável e devastador da morte e da corrupção. Isso era
sinal inequívoco de que a doença tinha a ver com o pecado.
A lepra
(provavelmente não se pode identificar em sentido estrito co o “bacilo de
Hansen”) constituía a infecção mais grave, da qual era preciso proteger a
comunidade. Eis o porque da existência
de um estatuto especial para o leproso. Este devia viver separado de
todos, devia ser bem reconhecido para que ninguém se aproximasse dele por
engano e, em todo o caso, era obrigado a avisar quem encontrava, denunciando o
seu estado e gritar: “Impuro! Impuro!” (versículo 45). Que a lepra era
considerada uma investida dos poderes da morte na vida humana deduz-se dos
sinais de luto que deve manifestar, a saber, “as vestes rasgadas” (versículo
45). É fácil de imaginar o sofrimento psicológico, o sentido pesadíssimo de “culpa,
a percepção de ser rejeitado também pela parte de Deus – para alem das dores
físicas – que uma legislação deste tipo provocava nos doentes”. Tendo isto em
conta, poderemos compreender melhor o Evangelho de hoje.
A ação
salvadora de Deus atinge a todos, mas de preferência os mais necessitados e excluídos,
a quem pertencem também os leprosos. A cura dos leprosos faz parte da esperança
messiânica do judaísmo do tempo antes e durante a vida de Jesus (cf. Mateus
11,5; Lucas 7,22).
Salmo responsorial – Salmo 31/32,1-2.5.11.
É um Salmo de ação de graças individual. Uma pessoa, cercada de gente, conta
feliz o que aconteceu, ou seja, expressa a alegria de ter sido perdoada por
Deus. E quer que essa felicidade contagie os ouvintes.
O leproso
estava assim porque, pensava-se, que tinha pecado e portanto Deus o tinha
rejeitado. Mas o Salmo abre um caminho de esperança para quem pecou: é um hino
de ação de graças elevado por um pecador que reconheceu a sua culpa, a
confessou diante de Deus e foi perdoado e cumulado de graças.
De fato, a
introdução (versículos 1b-2) começa falando da felicidade. Quem é feliz? A
pessoa que foi perdoada, no caso, o próprio salmista, Deus perdoou a ofensa, o
pecado e o delito.
É preciso
descobrir o rosto de Deus neste salmo. Há dois modos de se ver Deus. antes do
perdão, a pessoa via Deus como opressor que não dá sossego; é a caricatura de
Deus. Nós o vemos assim quando não cremos que possa nos perdoar. Depois do
perdão, a pessoa vê Deus como refúgio e libertação, aquele que devolve a
felicidade. É novamente o aliado que liberta. Com isso a pessoa reencontra sua
estrutura e a consciência se renova. O caminho do reencontro com Deus mediante
o perdão liberta e faz viver feliz.
No Novo
Testamento Jesus assume esse rosto de Deus que liberta quem se aproxima Dele. É
o caso da pecadora perdoada (Lucas 7,36-50) e do cobrador de impostos que volta
para casa justificado (Lucas 18,9-14). O Jesus de Lucas mostra que Deus perdoa
(veja todo o capítulo 15 de Lucas). Mas, diante de Jesus, há também os que são
como cavalos e jumentos estúpidos, e por isso o pecado deles permanece (João
9,41).
Sendo ação de
graças, é bom rezar este Salmo quando nos sentimos perdoados por Deus ou quando
precisamos do seu perdão; quando sentimos falta da sua misericórdia, ou nos
encontramos desestruturados por causa de nossos limites, falhas e pecados.
Cantando este
Salmo na celebração de hoje, peçamos a Deus que nos purifique de todos os males
e nos dê o espírito de solidariedade para os que sofrem de toda espécie de
enfermidade.
SOIS, SENHOR,
PARA MIM, ALEGRIA E REFÚGIO.
Segunda leitura – 1Coríntios 10,3-11,1. Para
o cristão, tudo está fundamentalmente relacionado a Deus; logo, o batizado deve
glorificar a Deus em tudo. Onde estiver, faça o que fizer – coma ou beba,
exerça atividades humanas, faça uso correto das coisas que o Criador lhe
confiou – o cristão encontrará Deus em tudo isso e terá motivo para render-lhe
homenagem e gratidão. Inclusive sentirá a maior felicidade ao descobrir que,
assim, está se realizando da maneira mais sublime, isto é, glorificando a Deus.
Do ponto de
vistas pessoal, portanto, o cristão sabe que toda a sua vida, cada ação sua
está no interior do relacionamento totalizante com Deus, ao qual é chamado a
dar cada vez mais “gloria”, isto é, “peso” no interior da própria vida. É isto
que acontece exatamente numa relação de amor, onde tudo, de uma forma ou de
outra, tem que ver espontaneamente com a pessoa que se ama.
Do ponto de
vista mais exterior, diríamos social, o cristão é convidado por Paulo a não dar
motivo de escândalo a ninguém, nem dentro nem fora da comunidade eclesial, nem
a quem tem uma sensibilidade mais próxima (os Judeus), nem aos que estão mais
distante (os Gregos). O discípulo de Cristo é chamado a viver conscientemente a
sua relação com Deus, pondo de lado a intolerância ou a pretensão de
uniformizar a todos (mesmo na comunidade) com o seu ponto de vista,
manifestando respeito e acolhimento ao próximo, com as suas convicções,
inclusive com as suas fraquezas.
Nisso, o único
ponto de referência é Cristo, que nós podemos reconhecer através de todos os
que assumiram “sentir” como Ele, como Paulo que se propõe aos Coríntios como
modelo a imitar (cf. 11,1).
Evangelho – Marcos 1,40-45. A cura do leproso é tão importante que é narrada
também por Mateus e Lucas. Os três evangelistas parece estar de acordo em fazer
da cura um dos primeiros milagres do Senhor, impregnando-a assim de uma espécie
de manifestação do poder que possuía o rabino itinerante sobre o mal. Concordam
também ao colocar este milagre na Galiléia. Marcos encara este milagre como um
dos primeiros do jovem rabino.
Inicialmente,
Jesus é tomado de compaixão pelo sofrimento que encontra na sua frente. Mas
esta “emoção” e esta “compaixão” são importantes, pois é através de tais
sentimentos humanos que Cristo evapora o amor poderoso e benéfico de Deus.
Humanamente, Jesus quer a cura dos enfermos que encontra, e neste desejo
transparece seu carisma de taumaturgo. Cristo tem, pois, consciência de que o
amor de seus irmãos é o canal do amor de Deus pelas pessoas.
Para Jesus,
como a vida e a dignidade do ser humano tinham sempre prioridade, Ele olhou o
leproso com afeto e misericórdia, estendeu-lhe a mão e tocou nele sem nenhum
pré-conceito. Levando em conta o que já vimos sobre como era considerado o
leproso naquela época, imaginemos o espanto que Jesus causou ao tocar naquele
homem. O texto nos diz que “no mesmo instante a lepra o deixou” (versículo 42),
o poder curador de Deus passa através de um simples contato humano, ou seja, é
o contato humano de um Homem-Deus. Bastou um gesto corajoso do Filho de Deus
para restituir a vida a um homem desesperado. Jesus sabe que isto servirá de
testemunho (cf. versículo 44) e o leproso curado não pode calar o amor que lhe
restituiu a vida (cf. versículo 45).
A verdade é
que Jesus viu no homem, o ser humano, antes de ver a lepra. Ele não pensou no
que poderiam achar daquela situação. Preocupou-se com o outro, com sua condição
de sofrimento, não só físico, mas principalmente emocional e moral, pelo
abandono e exclusão como os quais viviam os leprosos.
Por isso, após
tê-lo curado, mandou-o mostrar-se ao sacerdote, remetendo-o novamente ao
convívio social, resgatou-lhe tanto o direito como membro da sociedade na qual
vivia quanto sua dignidade humana.
Olhemos,
também, para esse homem que, sofrendo com a doença, não desanimou, não ficou
inerte nem conformado com a situação; ao contrário, enxergou em Jesus a vida,
confiou totalmente Nele, buscou-o, foi ao Seu encontro, prostrou-se de joelhos
diante do Mestre e fez sua profissão de fé: “Se queres tem o poder de
curar-me”.
Jesus exige do
doente curado que guarde silêncio (versículo 43). Insiste, sobretudo, para que
não se dispense dos exames legais (Levítico 13-14). Enfim, foge o quanto pode do
entusiasmo das multidões que poderiam interpretar mal os seus milagres
(versículo 45). Podemos observar, igualmente, que Cristo não apela para a fé do
leproso, como faz em seguida, de modo geral. O objetivo é descobrir o poder
divino que em Jesus habita, e procura as melhores condições para exercê-lo.
A mentalidade
religiosa dos contemporâneos de Cristo totalizava alma e corpo numa unidade
mais profunda do que a mentalidade grega. Conseqüentemente, qualquer
enfermidade física devia ser reflexo de uma enfermidade moral, isto é, fruto do
pecado (cf. João)
As curas das
enfermidades ensinam a todos nós mais sobre a pessoa de Jesus do que sobre a
própria doença, pois essas são apenas o momento significativo de uma cura que
abrange a criação inteira na vida e na pessoa de Jesus Cristo.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Atualmente, a
lepra tem tratamento adequado e não constitui mais um motivo de exclusão
social. No entanto, outras “lepras” geram preconceitos e causam sofrimentos a
muitas pessoas. Há muitas formas de exclusão social no mundo de hoje. As
próprias condições desumanas em que vivem alguns fazem que sejam excluídos e
percam o acesso a condições dignas de saúde, moradia, educação e trabalho.
Portanto, também hoje, existem os abandonados e destinados a “morar fora do
acampamento”.
Como Jesus,
vamos estender a mão a quem pede auxílio para vencer as dificuldades, tomar a
postura de não ter medo de estar ao lado dos que são vistos como excluídos, nem
de causar espanto nas atitudes que priorizam a vida.
O homem que
sofria de lepra alcançou a cura ao buscar Jesus e ao experimentar, em seu
encontro com Ele, amor e misericórdia. É preciso acolher a todos e integrá-los
em nossas comunidades e pastorais, possibilitando o encontro deles com Jesus,
sem preconceitos nem exclusões.
“O ser humano,
criado à imagem e semelhança de Deus, também possui altíssima dignidade que não
podemos pisotear e que somos convocados a respeitar e promover” (Documento de
Aparecida, 464).
Devido aos
atuais recursos, a medicina conta com tratamentos que promovem a qualidade de
vida e aliviam o sofrimento, mesmo em doenças para as quais ainda não se
descobriu a cura completa. Nem todos, no entanto, têm acesso ao adequado
atendimento de saúde. Essa exclusão fere a dignidade da vida humana, além de
ser injusta e preconceituosa. O poder econômico determina os que ficam “fora do
acampamento” e, em determinadas situações, é utilizado para manipular a vida em
vez de defendê-la. São milhões os que morrem longe dos muros dos hospitais.
Hoje, mais do
que nunca, a Igreja de Deus precisa de cristãos como Jesus, com olhos
misericordiosos e braços prontos a abrir-se para acolher, de cristãos capazes
de narrar aos irmãos a misericórdia de Deus.
A celebração
pode ser um momento forte de encontro com o Cristo, na sua Palavra e na
partilha do pão; um momento de restabelecer o equilíbrio físico e espiritual,
de renovar o compromisso de anunciar o seu nome por um estilo de vida baseado
no amor, na doação. É importante que o presidente da celebração tenha
consciência do seu papel e possam de fato prestar um serviço aos que vêm para
buscar alimento e consolo.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
Renovados pela
Eucaristia celebrada, em que as ações benéficas de Deus em favor do mundo são
proclamadas e acolhidas, não resta outra atitude para a sua Igreja, senão a de
ser imitadora daquele que realiza em nosso meio sua presença: “Sede meus
imitadores, como também eu sou de Cristo”. Saímos da celebração comissionados
por Deus para espalhar no mundo sua fama, mediante posturas e ações que salvem
a vida dos irmãos e irmãs, por amor ao mundo. Um amor que tem sua origem em
Deus. Amor do qual somos testemunhas, do qual fazemos experiência, pois nos
deixamos organizar (purificar) por Ele. Assim rezamos na Oração Eucarística
VI-D: “Dai-nos olhos para ver os sofrimentos e necessidades de nossos irmãos
[...] fazei que a exemplo de Cristo e seguindo o seu mandamento nos empenhemos
lealmente no serviço a eles”.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Na Liturgia,
lugar privilegiado do encontro com Jesus Cristo, que todos sejam acolhidos e se
possa sentir, na celebração, vivo o espírito de comunhão fraterna para possamos
testemunhar a caridade.
Devemos
refletir nossa vida na Liturgia, assim como viver a Liturgia em nossas vidas;
por isso, na oração do dia pedimos ao Senhor: “Ó Deus, que prometestes
permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de
tal modo que possais habitar em nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo...”
Na Liturgia da
Palavra, em nosso diálogo com Deus, possamos ter os mesmos sentimentos do
salmista, livres dos preconceitos com os irmãos e corajosos nas atitudes em
defesa da vida, dizendo com sinceridade: “Regozijai-vos, ó justos, em Deus, e
no Senhor exultai de alegria! Corações retos, cantai jubilosos!”.
Quando
comungamos o Cristo Eucarístico, Jesus está inteiro e, assim, comungamos também
sua Palavra; por isso, comprometem-nos, como Ele, em estender a mão e tocar os
que estão excluídos e sofrem com alguma forma de abandono.
Ao sairmos da
celebração, levamos conosco a experiência do encontro com Jesus, sua presença
em nós, e, desta Liturgia, o forte convite do Apóstolo Paulo: “Sede meus
imitadores, como também eu o sou de Cristo” (1Coríntios 11,1).
O mal que nos
afeta não é menos grave do que a lepra. Basta pensar no ódio que muitas vezes
habita nosso coração. Como nossas preces são fracas pra nos livrar de Deus! O
ódio e seus companheiros – a violência e o rancor – nos afastam das pessoas. Se
o Cristo estender a mão e tocar nosso coração, deixemos brotar de nossa boca a
Boa-Nova. Deus completa a obra da salvação.
6- ORIENTAÇÕES GERAIS
1. O que
caracteriza e soleniza o Domingo é a reunião da comunidade, convocada pelo
Senhor, para escutar a sua Palavra, render graças e partilhar o pão da vida, a
eucaristia. Esse é o espírito que deve perpassar e alimentar todas as nossas
celebrações.
3. Antes da
celebração, evitar a correria e agitação da equipe litúrgica e a equipe de
canto, com afinação de instrumentos e testes de microfone. Tudo isso deve ser
feito antes. A equipe de canto não deve ficar fazendo apresentação de cantos
para entretenimento da assembléia. É importante criar um clima de silêncio.
4. É sumamente
aconselhável que os ministros rezem antes os textos bíblico-litúrgicos que
serão proclamados na celebração, fazendo com eles um encontro com o Senhor.
5. O canto de
abertura não é para acolher o presidente da celebração nem os ministros. Ele
tem a finalidade de congregar a assembléia para participar da ação litúrgica.
Nunca dizer vamos acolher o presidente da celebração e seus ministros com o
canto de abertura.
6. O momento
ideal para os pedidos e intenções não é o início da celebração, mas no momento
próprio, que é o momento da oração da assembléia dos fiéis. Intenções de ação
de graças seria interessante lembrar antes da oração eucarística. Os falecidos
podem ser lembrados também na oração eucarística, durante a intercessão pelos
falecidos, também chamado de “memento dos mortos”.
7-
MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo do Tempo
Comum, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não
basta só saber que os cantos são do 6º Domingo do Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude
espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade
tenha o direito de cantar o mistério celebrado. Jamais os cantos devem
ser escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um movimento ou de uma
pastoral. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja
corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.
A equipe de
canto faz parte da assembléia. Não deve ser um grupo que se coloca à frente da
assembléia, como se estivesse apresentando um show. A ação litúrgica se dirige
ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Portanto, a equipe de canto deve se
colocar entre o presbitério e a assembléia e estar voltada para o altar, para a
presidência e para a Mesa da Palavra.
1. Canto de abertura. Deus, nosso rochedo e fortaleza (Salmo 30/31,3-4).
Para o canto de abertura, sugerimos o Salmo 30/31,3-4: “Sê a rocha que me
abriga” CD Liturgia VI, melodia da faixa 8. Cantar a antífona de entrada,
recuperada pelo Hinário Litúrgico III da CNBB, é uma boa opção. Cantar essa
antífona de entrada tirada do Salmo 30/31, recuperada pelo Hinário Litúrgico
III da CNBB, é uma boa opção para iniciar a celebração dominical. A antífona
está articulada com o Salmo 30/31.
Como canto de
abertura da celebração, sugere-se o canto proposto pelas Antífonas do Missal
Romano e ricamente musicadas pelo Hinário Litúrgico III da CNBB. Isso não
significa rigidez. Mas a equipe de liturgia, a equipe de celebração, a equipe
de canto juntamente com o padre têm a liberdade de variar sua escolha, desde
que isso manifeste o Mistério celebrado e seja fiel aos princípios que regem a
escolha de uma música adequada para a celebração. Uma sugestão, para entender
bem o que significa isto, seria “De todos os cantos viemos para louvar o
Senhor, Pai de eterna bondade”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão –
CNBB/Paulus), melodia da faixa 2 é uma boa opção para iniciar a celebração.
Sobretudo no refrão quando contemplamos um Deus de eterna bondade, Deus vivo,
libertador. Nas estrofes levamos em conta que nosso Deus é Libertador. Ele
merece o louvor das pessoas que vem de todos os cantos da terra: pais e mães;
lavradores e operários percebemos uma boa sintonia com o mistério celebrado.
A escolha dos
cantos para as celebrações seja feita com critérios válidos. Não se devem
escolher os cantos para uma celebração porque “são bonitos animados e
agradáveis”, ou porque “são fáceis”, mas porque são litúrgicos. Que o texto
seja de inspiração bíblica, que cumpram a sua função ministerial e que se
relacionam com a festa ou o tempo. Que a música seja a expressão da oração e da
fé desta comunidade; que combinem com a letra e com a função litúrgica de cada
canto.
O canto de
abertura não é para acolher o presidente da celebração nem os ministros. Ele
tem a finalidade de congregar a assembléia para participar da ação litúrgica.
Nunca dizer vamos acolher o presidente da celebração e seus ministros com o
canto de abertura.
2. Ato penitencial. Sugerimos o
formulário 3 do Missal Romano com o texto do n. 4 das invocações para o Tempo
Comum. Ou substituir pela aspersão com água.
3. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo
Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas, Partes fixas do Ordinário da
Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por
Irmã Miria e outros compositores.
O Hino de
Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é,
voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho.
O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de
Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo,
exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o
Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou
nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da
assembléia.
4. Refrão meditativo: Em vez de
comentário cantar este refrão meditativo para afinar o coração na escuta da
Palavra: “Guarda a Palavra, guarda no coração”, CD: Deus é bom, (Paulus).
5. Salmo responsorial 31/32. A
alegria de ser perdoado e readmitido. “Sois, Senhor, para mim, alegria e
refúgio!”, CD: Liturgia IX, mesma melodia da faixa 3.
A função do
salmista é de suma importância. Sua função ministerial corresponde à função dos
leitores e leitoras, pois o salmo é também Palavra de Deus posta em nossa boca
para respondermos à sua revelação. Por isso, o salmo dever ser proclamado do
Ambão e, se possível, cantado.
6. Aclamação ao Evangelho. “Os
sãos não têm necessidade de médico e sim os doentes; não vim chamar os justos,
mas sim os pecadores, ao arrependimento” (Lucas 5,31-32) “Aleluia... Os sãos
não precisam de médico, mas sim, quem padece na dor” CD: Liturgia VI, melodia
da faixa 13. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no
Lecionário Dominical.
A aclamação ao
Evangelho é um grito do povo reunido, expressando seu consentimento, aplauso e
voto. É um louvor vibrante ao Cristo, que nos vem relatar Deus e seu Reino no
meio das pessoas. Ele é cantado enquanto todos se preparam para ouvir o
Evangelho (todos se levantam, quem está presidindo vai até ao Ambão).
Preserve-se a
aclamação ao Evangelho cantando o texto proposto pelo Lecionário Dominical. Ele
ajudará a manifestar o sentido litúrgico da celebração, conforme orientações da
Igreja na sua caminhada litúrgica.
7. Apresentação dos dons. O canto de apresentação das oferendas,
conforme orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho.
Seu tema é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja
reunida em oração. Neste
domingo seria oportuno cantar o canto “Oração da Família” do padre Zezinho.
Outra opção seria o Salmo 115, “A vós, Senhor apresentamos estes dons: o pão e
o vinho, aleluia!”, CD Liturgia VI, melodia da faixa 9; “De mãos estendidas”,
CD Liturgia VI, melodia da faixa 4.
8. O canto do Santo. Um lembrete
importante: para o canto do Santo, se for o caso, sempre anunciá-lo antes do
diálogo inicial da Oração Eucarística. Nunca quando o presidente da celebração
termina o Prefácio convidando a cantar. Se o (a) comentarista comunica neste
momento o número do canto no livro, quebra todo o ritmo e a beleza da ligação
imediata do Prefácio como o canto do Santo.
9. Canto de comunhão. “Se queres, tens o poder de curar-me. ”Jesus,
cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse: Eu quero: fica curado!”
(Marcos 1,40b-41). “Senhor, se tu queres, tu podes me curar!”, articulado com o
Salmo 33/34, CD: Liturgia VI, mesma melodia da faixa 7. Sem dúvida, este é o
canto de comunhão mais adequado pra esse domingo.
A mesma
orientação dada para o canto de abertura vale para o canto de comunhão. Mas na
mesma liberdade e bom senso, sugerimos um canto bem conhecido com várias palavras
de Jesus tiradas dos quatro evangelhos. Jesus veio pra quer todos tenham vida
em abundância (João 10,10). “Eu vim para que todos tenham vida, que todos
tenham vida plenamente”, CD: Tríduo Pascal I, melodia da faixa 19 e Hinário
Litúrgico II da CNBB, página 226.
O fato de a
Antífona da Comunhão, em geral, retomar um texto do Evangelho do dia revela a
profunda unidade entre a Liturgia da Palavra e a Liturgia, Eucarística e
evidencia que a participação na Ceia do Senhor, mediante a Comunhão, implica um
compromisso de realizar, no dia-a-dia da vida, aquela mesma entrega do Corpo e
do Sangue de Cristo, oferecidos uma vez por todas (Hebreus 7,27).
8- ESPAÇO CELEBRATIVO
1. “A
decoração da Igreja deve manifestar o caráter festivo da celebração. As flores,
as velas e as luzes devem colaborar para que as celebrações sejam de fato
memória da Páscoa de Jesus”.
2. “Os
detalhes merecem cuidado especial, pois nunca devem sobrepor ao essencial. As
flores, por exemplo, não são mais importantes que o Altar, o Ambão e outros
lugares simbólicos. Os excessos
desvalorizam os sinais principais. A sobriedade da decoração, favorece a
concentração no mistério” (Guia Litúrgico Pastoral, pág. 110).
9. AÇÃO RITUAL
O culto
cristão supõe dois lados, como uma moeda: celebração e vida que devem se
alternar e se corresponder de tal forma que o equilíbrio não impeça o giro,
pensando sobre um lado, fazendo aparecer apenas o outro.
Ritos Iniciais
1. É
importante que não se diga nenhuma palavra antes da saudação: nem “Bom dia ou
“Boa noite”, nem comentários ou introduções! Bom dia e boa noite não é saudação
litúrgica. Primeiro devemos saudar a Trindade.
4. Compete ao
presidente da celebração (bispo, presbítero, diácono ou leigo/a presidindo a
celebração da Palavra) pronunciar as palavras do sinal do cruz e não a equipe
de canto como muitas vezes acontece.
5. Neste
domingo também é muito oportuno que a saudação seja cheia de esperança. Para
isso sugerimos Romanos 15,13:
“O Deus da esperança, que nos cumula de toda
a alegria e paz em nossa fé, pela ação do Espírito Santo esteja convosco”.
6. Após a
saudação inicial, conforme propõe o Missal Romano, dar o sentido litúrgico da
celebração, isto é, o mistério celebrado. Pode ser feito por quem preside, ou o
diácono ou um leigo ou leiga preparado, dar o sentido da celebração com estas
palavras ou outras semelhantes:
Domingo do leproso curado. Testemunhamos a
compaixão do Senhor que se manifesta na cura de um leproso e na sua
reintegração na comunidade e na sociedade. Celebramos a Páscoa de Jesus Cristo
que se manifesta na vida das pessoas e dos grupos que testemunham a compaixão
de Deus com os doentes e sofredores.
7. Em seguida
todos são convidados a recordar os acontecimentos da semana, sobretudo aqueles
que revelam a vida e a libertação que Jesus nos trouxe. Colocar os
acontecimentos de forma orante e não como noticiário.
3. Neste dia, é
oportuno substituir o Ato Penitencial pela bênção da água e aspersão em
recordação do Batismo. Nesse caso, utilize-se a oração de bênção n. 1 que reza:
“Deus eterno e todo-poderoso, quisestes que pela água, fonte de vida e
princípio de purificação...” Assim, os ritos iniciais já começam a sintonizar a
assembléia celebrante com o que será anunciado na Liturgia da Palavra, ao mesmo
tempo em que se mostra uma antecipação ritual do que será proclamado. Cante-se
uma antífona ou outro canto adequado: por exemplo, o Salmo 50/51.
4. De optar
pelo Ato penitencial, sugerimos o formulário 3 do Missal Romano com o texto do
n. 4 das invocações para o Tempo Comum.
5. Cada
Domingo é Páscoa semanal, cantar com exultação o Hino de louvor (glória).
6. Na Oração
do Dia suplicamos a Deus que tenhamos um coração reto e sincero que possa ser
morada de Deus.
Rito da Palavra
1. Mantendo o
costume de abrir o rito da Palavra de Deus com um refrão meditativo, sugerimos
para este dia “guarda a Palavra”, cuja conclusão se harmoniza com a súplica da
oração do dia: “[...] se guardares a Palavra, ela te guardará”. A partitura
pode ser encontrada no site WWW.paulus.com.br,
CD: Deus é Bom.
2. Após a
homilia, o presidente da celebração pode proceder com uma Oração sobre o povo.
Sugerimos a opção 2, do Missal Romano, p. 531: “Concedei, ó Deus, aos vossos
filhos e filhas, vossa assistência e vossa graça: dai-lhes saúde de alma e
corpo, fazei que se amem como irmãos e estejam sempre a vosso serviço. Por
Cristo, nosso Senhor ”
Rito
da Eucaristia
1. Na Oração
sobre as oferendas pedimos a Deus que o a Eucaristia nos purifique e nos
renove.
2. Muito
apropriada para a celebração deste Domingo é a Oração Eucarística para as
diversas circunstâncias – VI-D. Nela encontramos esta belíssima amamnese: “ele
sempre se mostrou cheio misericórdia pelos pequenos e pobres, pelos doentes e
pecadores, colocando-se ao lado dos perseguidos e marginalizados”. Também a
seguinte intercessão pela Igreja, a fim de que imite o Cristo, conforme São
Paulo sugere na II Leitura: “Dai-nos olhos para ver as necessidades e
sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs; inspirai-nos ações para confortar os
desanimados e oprimidos; fazei que, a exemplo de Cristo, e seguindo o seu
mandamento, nos empenhemos lealmente no serviço a eles”. Além disso, manifesta
mais claramente a ligação entre a Mesa da Palavra e da Eucaristia. Além disso,
deixará claro que a Palavra proclamada se “encarna” no rito eucarístico, isto
é, a união das duas mesas.
3. Caso
escolher outra Oração Eucarística, neste caso, pode-se utilizar a I e a III, a
II admite troca de prefácio, escolher o Prefácio dos Domingos do Tempo Comum IV
“contempla a renovação das pessoas em Cristo”.
4. Solenizar
sempre a Oração Eucarística, a parte mais importante da celebração eucarística.
Quem preside deve ter uma atitude orante e expressiva de identificação como
mistério. A oração presidencial deve brotar do coração. Não pode ser uma
simples leitura do Missal. Lembrar que a Oração Eucarística não é um discurso.
Todo o nosso ser é convidado a subir com Cristo em direção ao Pai.
5. Propiciar
maior participação da assembléia na Oração Eucarística, através de uma boa e
solene proclamação das aclamações cantadas. Alguém pode fazer o solo, conforme
as melodias propostas no final do Missal Romano, e a assembléia repete.
6. Neste
Domingo é muito oportuno apresentar o pão e o vinho para o convite à comunhão
utilizando o Salmo 33/34,9. Ao apresentar o pão e o vinho, o presidente da
celebração diz: “Provai e vede, como o
Senhor é bom, Feliz de quem nele encontra seu refúgio. Eis o Cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo.”
7. Da mesma
forma, valorize-se, na medida do possível, a comunhão do cálice, sob a espécie
de vinho, para todos os fiéis, pois assim se “ressalta mais perfeitamente o
sinal do banquete eucarístico, e expressa-se com mais clareza a vontade segundo
a qual a nova e eterna Aliança, foi selada no sangue do Senhor, e, ainda, a
relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico no Reino do Pai
(cf. Mateus 27-29)” (Guia Litúrgico Pastoral, p. 30). “A comunhão realiza mais
plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas espécies. Sob esta forma
se manifesta mais perfeitamente o sinal dom banquete eucarístico e se exprime
de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no
Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete
escatológico do Reino do Pai” (IGMR n. 240). Assim estamos sendo coerentes e
sensíveis com aquilo que o Senhor disse no momento da narrativa da Ceia: Ele
não disse somente “tomai, todos e comei”, mas também “tomai todos e bebei...”.
Ritos finais
1. Na Oração depois
da comunhão, rezamos que sempre devemos desejar o alimento que traz a
verdadeira vida.
2. Na
despedida, quem preside despede o povo dizendo “Glorificai a Deus com as vossas
vidas. Ide em paz e o Senhor vos acompanhe!”
3. É comum
além, de entrar em procissão no início da celebração guiados pela cruz, também
retirar-se do espaço sagrado em procissão, igualmente guiados pela cruz.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A promoção de
uma sociedade mais justa e de uma cultura de paz tem suas bases em valores como
igualdade, solidariedade e fraternidade, pois todos temos direitos e deveres
iguais enquanto seres humanos e cidadãos. Todos temos direito à vida e a ser
respeitados em nossa dignidade humana.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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