04 de junho de 2015
Leituras
Êxodo 24,3-8
Salmo
115/116,12-13.15-18
Hebreus 9,11-15
Marcos 14,12-16.22-26
“TOMAI, ISTO É O MEU CORPO... ISTO É O
MEU SANGUE, O SANGUE DA ALIANÇA”
1- PONTO DE PARTIDA
Hoje a Igreja celebra a
Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, popularmente chamada de Corpus Christi.
Celebrada na Quinta-Feira após a festa da Santíssima Trindade, é uma profissão
de fé na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. Na Quinta-Feira Santa,
iniciando o Tríduo Pascal, celebramos a instituição da Eucaristia. A solenidade
do Corpo e Sangue de Cristo, celebrada na Quinta-Feira após a Solenidade da
Santíssima Trindade, durante o Tempo Comum, é como um eco dessa celebração do
Tríduo Pascal. Foi no século XIII, numa época de controvérsias sobre a presença
de Cristo nas espécies consagradas, que a Igreja introduziu esta solenidade,
ajudando-nos assim a fazer da Eucaristia “o memorial de sua Morte e
Ressurreição: o sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade,
banquete pascal, em que
Cristo nos é comunicado em alimento, o espírito é repleto de
graça e nos é dado o penhor da futura glória” (SC 47).
Diz o Papa em Ecclesia de
Eucharistia que “Do mistério pascal nasce a Igreja”. Por isso mesmo, a
Eucaristia, que é o sacramento por excelência do mistério pascal, está colocada
no centro da vida eclesial (n. 3).
No início (Missal Romano de
1570), era denominada festa “do Santíssimo Corpo de Cristo”. O Vaticano II
conservou a solenidade, complementando-a. O Missal de 1970 a denomina “Solenidade
do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo”, significando assim a realidade
integral do sacramento da Eucaristia.
Embora sendo uma duplicação da
Quinta-Feira Santa, dia da instituição da Eucaristia, a solenidade do Corpo e
Sangue de Cristo é um eco da última ceia do Senhor com os seus discípulos.
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os
textos
Primeira leitura – Êxodo 24,3-8. A
aceitação por Moisés e pelo povo da Lei do Sinai acontece mediante um rito: a
aspersão com o sangue dos animais sacrificados sobre “doze pedras”, que
simbolizam as doze tribos de Israel (versículos 4,6).
Lendo-se com
atenção esta passagem, pode-se então perceber logo que ela se compõe de duas
camadas. A primeira Êxodo 24,3.4a.7 que tem como tema a Lei e a “Aliança”, e a
segunda Êxodo 24,4ab-6.8 que descreve uma cena sacrifical e também emprega o
termo “Aliança”.
Moisés surge
de modo inesperado, pois no versículo 3 se diz que “Moisés veio”, sem poder
descobrir de onde ele veio e se apresenta ao povo com a finalidade de
apresentar “todas as palavras do Senhor...” e acolhe dele sua resposta e seu
juramento. Isto, aliás, é repetido no versículo 7.
Tudo isto
manifesta que a Lei, já a tempo codificada, necessitava de uma dignidade
religiosa como o direito de Deus. A Lei precisava ser revalorizada. Ela foi
esquecida e deixada de lado no tempo dos teólogos deuteronômistas. E a melhor
maneira de revalorizar a Lei de Deus para os teólogos deuterônomistas era
ligá-la com o Sinai, pois ele era chão sagrado como lugar da revelação de Deus.
No Sinai, Deus
se manifestou para concluir a Aliança com seu povo; Deus oferece Aliança, o
povo de dispõe para observar suas instituições. Antes da leitura do documento
da Aliança, Moisés asperge o altar e, depois da leitura, o povo com o sangue da
Aliança. Esta Aliança significa comunhão com Deus (representado pelo altar),
mas também dos israelitas entre eles. Cristo aplicou ao sacrifício de sua vida
a figura do “sangue da Aliança”: é a nova Aliança (Mateus 26,28; Lucas 22,20;
24,3) cf. Josué 24, 16-24; Êxodo 34,27-28; Salmo 49/50,5; Hebreus 9,18-20.
O rito com o
sangue tem dois significados: que o compromisso é um assunto tão sério que
coloca em jogo, se transgredido, a vida; ou então, mais provavelmente, que a
relação agora sancionada com a aceitação da Lei, une Deus e o povo com um
vínculo forte e duradouro, que pode ser comparado a um vínculo de sangue. Mais
do que uma simples conformidade a uma Lei, é a colocação em comum de duas
vidas. Ora, a vida está no sangue (Levítico 17,14), e o rito que melhor
expressa esta partilha de vida é a partilha
do sangue (versículo 8). Moisés une a vida de Deus (cf. Êxodo 20,24) e a
vida do povo espalhando o sangue das vítimas sobre o altar (que representa
Deus) e sobre o povo representado pelas doze pedras (cf. Gênesis 15,7-18). Os
contraentes da Aliança são unidos para a vida, por uma mesma vida.
Salmo 115/116,12-13.15-18. O Salmo
116/115 é um canto Eucarístico, ou de ação de graças. A ação de graças incluiu
vários ritos: invocação do Senhor para o louvor, cumprimento dos votos,
testemunho público diante da assembléia; e um rito com um “cálice de salvação”,
talvez para beber. Nos versículos de 15 a 16, aparece o tema da libertação: a
libertação pode ser imagem, pois está unida com a salvação no perigo de morte.
Mostra de
maneira clara no Salmo um agradecimento de alguém que recebeu de Deus uma
grande graça, a graça da vida, a libertação de alguma doença (versículo 8). Por
isso o salmista, com muita confiança, faz um gesto público de louvor, “erguendo
o cálice da salvação”. Essa pessoa que partilhar com o povo a ação de Deus na
sua vida.
Nossa liturgia
eucarística retomou dois versículos deste Salmo: ma missa oferecemos ao Pai o
sacrifício do seu Filho: é a nossa suprema ação de graças, que Ele aceita; é o
cumprimento dos nossos votos na presença de toda a assembléia eucarística.
Depois participamos deste “cálice da salvação”, invocando o nome do Senhor.
O rosto de
Deus neste Salmo é de um Deus que inclina o ouvido, salva e liberta. É o mesmo
esquema do êxodo: o povo clama, Deus escuta e liberta. E o Deus deste Salmo é o
mesmo do êxodo e da Aliança.
Uma frase
importante do Salmo é: “É sentida por demais pelo Senhor a morte de seus
santos, seus amigos”. Custa para Deus aceitar que a vida de seus fiéis
desapareça prematuramente. Deus sofre quando um de seus servos morre de uma
enfermidade fatal, isto é, sente muito quando a doença acaba com a vida de um
servo seu. Porque Ele é o Deus da vida.
Foi por isso
que Jesus curou todos os doentes que encontrou em suas viagens missionárias,
vencendo até a própria morte. E por causa disso muitos aprenderam a amar Deus
Pai em Deus Filho.
Com o
salmista, vamos erguer o cálice da libertação, porque, mesmo vivendo no meio
dos conflitos e sofrimentos, experimentamos a alegria da sua presença amorosa
no meio de nós:
ELEVO O CALICE
DA MINHA SALVAÇÃO,
INVOCANDO O
NOME SANTO DO SENHOR.
Segunda leitura - Hebreus 9,11-15. Cristo
nos purificou com seu sangue. Hebreus considera o sacerdócio e o culto do
Primeiro Testamento como figuras da plenitude divina, que se manifesta em
Cristo (Hebreus 9,9). Impelido pelo Espírito Santo, Jesus entrou no Santuário
livremente, mediante o sacrifício de seu próprio sangue (Hebreus 9,14), pelo
qual nós também somos purificados. Temos agora uma nova Aliança, em que Ele é o
único sacerdote e sacrifício (Hebreus 9,11-12 cf. Levítico 16; Hebreus 7,26-27;
4,14; Mateus 26,28 – 9,13 cf. Números 19,2-10.17-20 – 9,14-15 cf. Romanos 1,4;
8,11; 1Pedro 1,18-19; Hebreus 10,10; 8,6).
Aliança. O
vinho da taça que Deus não retirou do Filho, e também o pão partido e
distribuído, se transformou em sinal sagrado daquele que se doaria por seus
irmãos até o fim. É a nova Aliança, Deus novamente unido com seu povo, não mais
por laços feudais, mas pela própria vida do Filho, dada em corpo (= presença
atuante) e sangue (= morte violenta).
A Carta aos
Hebreus medita constantemente esta realidade. Vê Jesus como o verdadeiro sumo
sacerdote, pontífice mediador entre Deus e os homens, que não recorre a
subterfúgios, sangue de animais que nada têm a ver com o assunto, mas usa seu
próprio sangue, para, num gesto, não mágico, mas do mais autentico amor,
reconciliar o homem com Deus, ou seja, assumindo a rejeição, até a morte
violenta, e perdoando, em nome de seu Pai, toda a incredulidade e ódio que
podem ter movido os filhos de Adão, Ele se torna expiação em pessoa, o mediador
da nova Aliança (Hebreus 9,15).
Por isso a Sua
vida oferecida, simbolizada pelo sangue, “purifica-nos” e torna-nos capazes
também a nós de “servir”, ou seja, de obedecer ao “Deus vivo” (versículo 14).
Muito mais que os antigos ritos que também tinham o poder de purificar e
santificar (versículo 13), Jesus realiza em cada um de nós uma redenção e uma
“santificação” reais. Estas acontecem hoje conosco mediante a escuta e o
acolhimento da Palavra de Deus, pertencendo à comunidade, com a prática da
caridade, mas sobretudo graças à união com Cristo, realizada na Eucaristia.
Evangelho - Marcos 14,12-16.22-26. Como
vemos, no Evangelho de hoje, ao entardecer do primeiro dia dos ázimos, quando
se sacrificava o cordeiro pascal, Jesus celebra com os discípulos a Ceia da
páscoa, que se converte na primeira Eucaristia e Páscoa cristã. Cristo, ao
instituir a Eucaristia no contexto da ceia pascal hebraica, que comemorava a
libertação da escravidão do Egito, dá-lhe o caráter de nova Páscoa e sacrifício
da nova Aliança para o perdão dos pecados. O Evangelho fala do primeiro dia,
dia de preparação, dia em que se imolava o cordeiro e se eliminava das casas
todo fermento, como o primeiro dia da festa de Páscoa que durava oito dias. Os
discípulos se dirigem a Jesus como chefe de família, do grupo que vai celebrar
a refeição pascal, para receberem orientação sobre a ceia. Os peregrinos deviam
encontrar uma sala no interior da cidade.
Tudo indica
que a última refeição de Jesus recebeu as características de ceia pascal. Foi
uma refeição de peregrinos, celebrada no ambiente de uma festa que atualizava a
libertação e a aliança mosaica e reanimava a esperança messiânica. Portanto, a
Eucaristia cristã é a nova Páscoa.
Um fato
curioso e que chama a nossa atenção no Evangelho de hoje, Marcos
14,12-16.22-26, é o fato de um homem estar carregando um jarro de água em
direção aos discípulos de Jesus. “Sigam-no e digam ao dono da casa em que ele
entrar: ‘O Mestre manda dizer: onde está a sala em que vou comer a Páscoa com
meus discípulos?’ Trata-se sem dúvida de um sinal muito significativo, pois
competia às mulheres o serviço de buscar água.
Ao derramar
seu sangue na Cruz, Jesus completa a Aliança selada no Sinai com o sangue de
animais. Implicitamente proclama o cumprimento da nova Aliança predita pelos
profetas e prega o valor universal do seu sacrifício pela multidão, a
humanidade toda. A expressão “sangue da aliança” é a mesma de Êxodo 24,8. Jesus
diz que vai provar de novo o fruto da videira, no Reino de Deus, festa
messiânica predita por Isaias 25,6.
Não podemos
separar a Eucaristia da Páscoa judaica, porque esta constitui teológica e
historicamente seu contexto. A Ceia Pascal de Jesus é a celebração antecipada
da entrega total de sua vida na Cruz. A entrega do corpo e o derramamento de
seu sangue selam a nova Aliança. Com ela o Senhor nos dá uma nova vida e nos
compromete a sermos fiéis à sua proposta de amor e entrega ao Reino de Deus.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
A Eucaristia
celebra a Aliança eterna e definitiva de Deus conosco, selada pelo sacrifício
único de Jesus Cristo. Seu gesto de amor e entrega basta para sempre e
permanece atual em todo o tempo e no decorrer da história da salvação da
humanidade.
No pão e no
vinho da última refeição de Jesus, faz-se presente antecipada e simbolicamente
o dom da vida entregue até a morte sangrenta na Cruz. “A entrega de Jesus, sua
morte-ressurreição que aconteceram uma única vez (Hebreus 10,10-18), tornam-se
presentes para nós pela ação litúrgica, ou seja, toda vez que fazemos memória
destes fatos e de nossa salvação, anunciamos a morte do Senhor, até que ele
venha (1Coríntios 11,26). Não se trata de uma repetição, mas de uma
atualização”. O sacrifício é um só, o do Calvário.
Somos
redimidos por um amor sacrificado, um amor que doou corpo e sangue, isto é,
doou a vida. Não é sangue por si mesmo que salva. O que salva são o amor e a
fidelidade que levaram Jesus a enfrentar a morte cruel e sangrenta. Depois da
sua morte, não há outro sacrifício de sangue na nova Aliança, pois não é sangue
em si que importa, mas a entrega, o amor de quem o derramou, e este é válido
para sempre. Unindo-nos ao amor de Jesus, entreguemos também nosso corpo e
sangue, toda a nossa vida a serviço dos irmãos e irmãs. Assim seremos “uma
oferenda perfeita” com Cristo.
Se desejarmos
participar da mesa eucarística de Jesus agora e no banquete celeste, é preciso
participar plenamente de seu caminho de serviço sofredor.
“Se queres
honrar o Corpo de Cristo, não o desprezes quando está nu. Não o honres assim,
na Igreja, com tecidos de seda, enquanto o deixas fora, sofrendo frio e carente
de roupa. Com efeito, o mesmo que disse: ‘Isto é o meu corpo’ e que o realizou
ao anunciar, também disse: ‘Viste-me com fome e não me deste comida [...]’.
Começa por alimentar os famintos e, com o que te sobra, ornamentarás o altar”
(Catequese de São João Crisóstomo). Precisamos entender que a presença de
Cristo no pobre, no abandonado, no doente, no faminto, não é menos real que na
Palavra e na Eucaristia (cf. Mateus 25,31-46).
O mundo vê em
nós cristãos, pessoas e comunidades pascais e eucarísticas, capazes de dar a
vida, de partilhar, de criar comunhão, de ser agradecidas, de ser presença e
testemunhas do Cristo crucificado-ressuscitado?
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
Eucaristia fonte de
vida
As primeiras
gerações dos cristãos viam na Eucaristia a própria fonte de vida, a razão de
sua existência. Em um texto belíssimo que lemos no tempo quaresmal, no Ofício
de Leituras, São João Crisóstomo diz:
Moisés, erguendo as mãos ao céu,
fazia cair o maná, o
pão dos anjos; o nosso Moisés
ergue as mãos ao céu e
nos dá alimento eterno (...)
Aquele feriu a rocha e fez brotar
torrentes de água; este toca na
mesa, a mesa espiritual,
e faz jorrar as fontes do
Espírito. Por isso a mesa está
colocada no meio, como uma fonte,
para que de todos os
lados acorram os rebanhos à
fonte, e bebam das águas da
salvação.
Nessa mesma
linha caminham duas orações da solenidade de hoje: “Concedei, ó Deus, à vossa
Igreja os dons da unidade e da paz simbolizados pelo pão e vinho que oferecemos
na Sagrada Eucaristia” e “Dai-nos, Senhor Jesus, possuir o gozo eterno da vossa
divindade, que já começamos a saborear na terra, pela comunhão do vosso Corpo e
Sangue. Aquilo que se vive hoje brota do memorial da paixão do Senhor. A
Eucaristia não é um amuleto supersticioso, mas é o próprio sustento no caminho
histórico dos discípulos e discípulas do Senhor. Necessariamente, a vida eterna
se desdobra em unidade e paz. É exatamente isso que a celebração Eucarística
produz: comunhão com Deus sacramentalizada na comunhão com os irmãos. Este é o
destino do corpo e Sangue do Senhor, gerar em nós sua Palavra: o “pão que eu
darei é a minha carne para a vida do
mundo”.
Não se pode
esquecer que, com o “Pão do Céu” vem o “Verbo da Vida”, com a finalidade de
garantir vivos os que dele comem. Atanázio de Alexandria dizia: “Depois de se
pronunciarem as grandes orações e as santas invocações, o Verbo desce ao pão e
ao cálice e converte-os no Corpo e Sangue do Verbo.” A oração à qual Santo
Atanásio se refere é a grande bênção da Igreja, a oração eucarística,
pronunciada sobre os dons e sobre a comunidade dos comungantes. Nesta oração
vemos claramente, quando a acompanhamos com piedade e inteligência, que a
eucaristia tem como fim, objetivo último, a transformação dos que comungam no
próprio Cristo. Nenhuma concepção devocional, ainda que carregada de boas
intenções e sentimentos religiosos positivos, alcançará a profundidade do
mistério que ali se realiza: a real possibilidade de nos tornarmos um com o
Cristo, associando-nos ao seu mistério pascal: vida, missão, paixão-morte,
ressurreição e segunda vinda.
A Igreja vive
da Eucaristia. O Concílio Vaticano II afirmou que a Eucaristia é a “fonte e o
centro de toda a vida cristã” (Sacrosanctum Concilium, 10). Por esta razão,
desde Pentecostes, quando a Igreja, povo da nova Aliança, iniciou sua
peregrinação para a pátria celeste, esse sacramento divino foi ritmando seus
dias, enchendo-os de consoladora esperança. A Eucaristia contém o tesouro
espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa e o pão vivo que
dá a homens e mulheres a vida mediante sua carne vivificada e vivificadora pelo
Espírito Santo (cf. Ecclesia de Eucharistia, 1).
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Hoje, com o
“coração ao alto”, damos graças ao Pai pelo Cristo que faz de sua vida dom
total, Corpo entregue e Sangue derramado, como alimento e bebida.
E a melhor
maneira de dar graças é participar desse pão e desse vinho que Cristo nos
oferta, fazendo nossa a “ação de graças” que Cristo oferece ao Pai. Com Ele
dedicamos nossa vida e, ao sermos alimentados Dele, nos comprometemos com seu
projeto.
E, assim,
acolhemos na fé a salvação que esse mistério eucarístico realiza em nós,
saboreando desde já, pela comunhão de seu Corpo e Sangue, o banquete eterno.
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. A
solenidade do Corpo e Sangue do Senhor é o único dia em que se permite fazer
exposição e bênção do Santíssimo Sacramento imediatamente após a celebração da
eucaristia. Faria bem uma leitura do Missal Romano com atenção às orações,
prefácios e rubricas.
2. Prepare-se,
além das hóstias que serão distribuídas ao povo, uma hóstia grande para a
exposição.
3. Esta
solenidade, em si mesma, já possui “traços ostensivos” suficientes. Seria bom
cuidar de não recuperar nenhum sentido triunfalista ou apologético, já
superados pela reforma da Liturgia. Sobriedade e brevidade são as características
fundamentais do Rito Romano.
4. Valorizar
nos vários momentos da celebração, a participação das crianças, jovens e
adultos que celebraram sua Primeira Eucaristia neste ano, ou mais recentemente.
5. Onde houver
procissão eucarística pelas ruas, jamais e nunca fazê-la antes da Missa e sim
depois. O culto eucarístico brota da celebração do “Mistério Pascal”.
Consagra-se uma hóstia grande para a procissão.
6. O Ritual
Romano – A Sagrada Comunhão e o Culto Eucarístico fora da Missa dos números 101 a 108, nos dá a seguinte
orientação: “ O povo cristão dá um testemunho público de fé e piedade para com
o Santíssimo Sacramento nas procissões em que a Eucaristia é levada pelas ruas
em rito solene com canto. (...) Entre as procissões eucarísticas adquire
importância e significado especiais na vida pastoral da paróquia ou da cidade a
que costuma ser realizada cada ano na solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo
ou outro dia mais apropriado perto desta solenidade. Convém, pois, que, onde as
circunstâncias dos tempos atuais o permitirem e onde puder ser realmente um
sinal de fé e adoração da comunidade, esta procissão seja mantida, segundo a
determinação do direito. (...) Convém que a procissão com o Santíssimo
Sacramento se realize após a Missa na qual se consagrará a hóstia a ser levada
na procissão.” Não se trata de uma questão de proibição, mas de uma teologia
interna que deve ser respeitada.
7. Primeiro
que neste dia não se trata de um culto eucarístico fora da Missa. Segundo
porque a adoração do Santíssimo na Quinta-Feira Santa, a exposição e procissão
com o Santíssimo neste dia e em outros dias na comunidade, dependem da
Celebração Eucarística. Portanto, devemos valorizar primeiro a Ceia do Senhor e
depois valorizarmos também os momentos de adoração do Santíssimo Sacramento.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são da Solenidade do
Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, é
preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser
cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado. O canto de abertura
deve nos introduzir no mistério celebrado.
A equipe de
canto faz parte da assembléia. Não deve ser um grupo que se coloca à frente da
assembléia, como se estivesse apresentando um show. A ação litúrgica se dirige
ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Portanto, a equipe de canto deve se
colocar entre o presbitério e a assembléia e estar voltada para o altar, para a
presidência e para a Mesa da Palavra.
1. Canto de abertura. Deus
alimenta seu povo (Salmo 81/80,17). “Todos,
convidados, cheguem ao banquete do Senhor...”, CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa 1. Temos outras opções
muito condizentes com esta Solenidade: “Eis meu povo o banquete”, CD: Cantos de
Abertura a Comunhão, melodia da faixa 18 ou Hinário Litúrgico III da CNBB, p.
312.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse
sentido os Hinários Litúrgicos da CNBB nos oferecem uma ótima opção, que estão
gravados no CD: Festas Litúrgicas II.
2. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD
Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico
III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso
e outros compositores.
O Hino de
louvor “Glória a Deus nas alturas” é antiqüíssimo e venerável, com ele a
Igreja, congrega no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus e ao Cordeiro.
Não é permitido substituir o texto desse hino por outro (cf. IGMR n. 53). O CD:
Festas Litúrgicas I propõe, na faixa 2, uma melodia para esse hino que pode ser
cantado de forma bem festivo, solista e assembléia. Vejam também os outros CDs.
3. Salmo responsorial 115/116. O
cálice da salvação. “Elevo o cálice da minha salvação, invocando o nome santo
do Senhor.”, CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa 2.
O Salmo
responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura.
Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura
para a comunidade celebrante. Primeira leitura, Palavra proposta e salmo
Palavra resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser
Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista.
4. Seqüencia. “Lauda Sion
Salvatorem”. “Terra, exulte de alegria,
louva teu pastor e guia”, CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa 5. A
seqüência é facultativa; mas, seria bom cantá-la.
5. Aclamação ao Evangelho. “Eu
sou o pão da vida (João 6,51). “Aleluia... Eu sou o pão vivo descido do céu...,
CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa 6. O canto de aclamação ao evangelho
acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.
6. Refrão após a homilia. Um
refrão muito oportuno após a homilia acompanhada do silêncio seria “Nós somos
muitos mas formamos um só corpo”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da
faixa 6, que está no Hinário Litúrgico da CNBB, pág. 300.
7. Apresentação dos dons. A fé
na Eucaristia deve manifestar-se na partilha para com os necessitados e também
para com as necessidades da Igreja. Devemos ser oferenda com nossas oferendas.
“Tanta gente vai andando à procura de uma luz...”, CD: Festas Litúrgicas II,
faixa 7.
8. O canto do Santo. Um lembrete
importante: para o canto do Santo, se for o caso, sempre anunciá-lo antes do
diálogo inicial da Oração Eucarística. Nunca quando o presidente da celebração
termina o Prefácio convidando a cantar. Se o (a) comentarista comunica neste
momento o número do canto no livro, quebra todo o ritmo e a beleza da ligação
imediata do Prefácio como o canto do Santo.
9. Canto de comunhão. Quem come minha carne... (João 6,56). “Eu sou
o pão que vem do céu”, CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa 8. Sem dúvida
outro canto muito oportuno para hoje é: “Nós somos muitos mas formamos um só
corpo”, CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 6
O canto de
comunhão deve retomar o sentido do Evangelho da Solenidade de hoje. Esta é a
sua função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é
dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o
Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos
bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade
entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Isto significa que comungar
o corpo e sangue de Cristo é compromisso com o Evangelho proclamado. Portanto,
o mesmo Senhor que nos falou no Evangelho, nós o comungamos no pão e no vinho. Por essa união indissociável das três mesas
(da Palavra, da Eucaristia, do povo), o canto que entoamos, durante a procissão
da Comunhão, deveria trazer presente o que escutamos nas leituras de hoje.
Nossas vozes refletindo a mensagem do Evangelho durante o canto de comunhão,
devem expressar que aceitamos o Cristo inteiro, pois Ele é o mesmo na
Eucaristia e na Palavra.
É de se lamentar que muitas vezes nesta
Solenidade são escolhidos cantos individualistas de acordo com a espiritualidade
de certos movimentos, descaracterizando a missionariedade da liturgia. Toda
liturgia é uma celebração da Igreja e não existem ritos para cada movimento e
nem para cada pastoral. Cantos de adoração ao Santíssimo, cantos de cunho
individualista ou cantos temáticos não expressam a densidade desse momento.
8- O ESPAÇO CELEBRATIVO
1. Seria muito
interessante que se preparasse o arranjo floral para a mesa da Palavra
utilizando um grande pão partido. Não um pão desenhado ou de isopor, mas pão
verdadeiro. Não se trata de uma alegoria, pois não são elementos artificiais
querendo indicar uma realidade verdadeira. Mas trata-se de explicitar
“plasticamente”, exteriorizar através de sinais sensíveis verdadeiros, a
verdade profunda da Palavra compartilhada com o Senhor, além de estarmos
relacionando diretamente a mesa da Palavra com a Mesa da Eucaristia. O que,
absolutamente, não cabe, é ornar a mesa da Eucaristia com pães e usar hóstias
para a Comunhão, que em nada se parece com alimento (cf. IGMR, nn. 282-283). A
introdução do Missal recomenda que a “hóstia” se pareça com alimento.
2. O espaço da
celebração deve recordar para nós a Jerusalém. Portanto, o lugar da celebração
deve ser preparado para as núpcias do Cordeiro. Deve ser belo, sem ser luxuoso;
deve ser simples, sem ser desleixado; deve ser aconchegante para que todos se
sintam participantes do banquete. A mesa da Eucaristia é o lugar de
convergência de toda a ação litúrgica. Assim o altar não pode ser “escondido”
por imensas toalhas, arranjos de flores e outros objetos. O altar é Cristo. É
ele o ator principal da liturgia. “As flores, por exemplo, não são mais
importantes que o altar, o ambão e outros lugares simbólicos. Nem a toalha é
mais importante que o altar. Os excessos desvalorizam os sinais principais. A
sobriedade da decoração favorece a concentração no mistério celebrado” (Guia
Litúrgico Pastoral, página 110).
9. AÇÃO RITUAL
Celebramos o
mistério eucarístico, caminho mais profundo da comunhão com o Senhor e sua
Páscoa. Na Eucaristia acolhemos o dom da vida divina e nos associamos a Jesus e
à sua morte e ressurreição. Celebrar a eucaristia, hoje, comporta um
compromisso: buscar alcançar a sua profundidade e o seu sentido teológico e a
sua espiritualidade eclesial, deixando de lado motivações religiosas egoístas e
manipuladoras que adulteram o seu verdadeiro sentido.
Ritos Iniciais
1. Valorizar
os ritos iniciais, que constituem a assembléia como Corpo Vivo do Senhor. A
presença real do Senhor ressuscitado, se manifesta também nos sinais sensíveis
da comunidade reunida em nome do Senhor que “ora e canta”, pelo tom de vós,
pelo conjunto de gestos, símbolos e atitude orante e consciente da assembléia,
dos acólitos, dos leitores, salmista e outros ministérios e, principalmente de
quem preside.
2. Como
saudação presidencial sugerimos a de 2Tessalonicenses 3,5 (opção c):
O Senhor, que encaminha os nossos corações
para o amor de Deus e a constância de Cristo, esteja convosco.
3. Após a
saudação presidencial, as comunidades que já deixaram de fazer comentário antes
do canto de abertura, porque entenderam o rito da Igreja e a primazia da
saudação (Palavra de Deus que nos convoca), em seguida podem propor o sentido
litúrgico que pode ser feito por quem preside, por um diácono ou um leigo(a)
preparado.
Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de
Cristo. Estamos reunidos em Nome do Senhor para celebrar o Mistério Pascal. Na
Eucaristia Cristo se doa como alimento e como bebida para fortalecer nossa
caminhada cristã na fraternidade e no amor para que possamos testemunhar o
Reino de Deus. A morte e ressurreição do Senhor é o grande mistério de nossa
vida.
4. Para o Ato
penitencial sugerimos a fórmula 1 do Missal Romano, página 393, que contempla a
Verdade de Deus que ilumina os povos e a Vida que renova o mundo. Outra opção é
cantar o ato penitencial que está no CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa
16: “Senhor, tende piedade dos corações arrependidos”.
5. Valorizar o hino de louvor
“Glória a Deus”, cantando a letra original, como forma e esforço de adoração a
Deus através de um hino venerável e qualificado para o uso da liturgia.
6. Na Oração
do Dia, suplicamos ao Senhor Jesus Cristo que possamos colher continuamente os
frutos da redenção. A Eucaristia é o memorial da morte e ressurreição do Cristo,
mas não um mausoléu. Deus alimenta seu povo.
Rito da Palavra
1. A
compreensão atual da Eucaristia recuperou o valor da mesa da Palavra,
intimamente ligada ao Altar. A Palavra é também pão que nutre e fortifica a
comunidade de fé. Esta, por sua vez, merece receber de bons leitores e
salmistas, homiliastas e proponentes de preces (precistas), uma Palavra bem
proclamada, meditada e rezada.
2. Dar
destaque especial à Liturgia da Palavra, proclamando bem as leituras,
especialmente o Evangelho. O Evangeliário pode ser acompanhado de tochas e
incenso. E a proclamação deve ser feita de tal maneira que a comunidade viva e
experiência da Encarnação de Jesus o Verbo (Palavra) que se fez carne e habitou
entre nós. Palavra que é o próprio Cristo, recebendo acolhida na assembléia
reunida, seu Corpo. Cristo, Pão da Vida, se faz presente e nos alimenta com a
Palavra.
3. A Palavra é
realçada também por momentos de silêncio,
por exemplo. Após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo a atitude de
acolhida à Palavra de Deus. No silêncio, o Espírito torna fecunda a Palavra no
coração da comunidade e de cada pessoa. Nunca
é demais insistir: proclamem-se bem as leituras até mesmo fazendo um breve
silêncio entre cada uma delas. Por exemplo, após o salmo responsorial, não iniciar logo a segunda leitura. Dar
uma pequena pausa para assimilar-se a riqueza do salmo.
Rito da Eucaristia
1. Realizar a
procissão das oferendas vinda da assembléia. Com o pão e o vinho, dons da
Eucaristia, trazer outros dons, sinais que tornam presente os inúmeros gestos
de amor, de caridade e de solidariedade da comunidade cristã. Neste momento
caberia bem a coleta de alimentos não-perecíveis e sua distribuição aos
necessitados.
2. Na Oração
sobre as Oferendas pão e vinho são símbolos de unidade e paz. Merece atenção a
esta oração que é inspirada na Didaqué e em 1Coríntios 10,17, utilizando o
simbolismo do trigo e da uva reunidos até formarem pão e vinho, para simbolizar
a unidade da Igreja em Cristo. Pois a festa de Corpus Christi é também a festa
do seu Corpo Místico, a Igreja, que Ele nutre e leva à unidade da mútua doação.
3. Mais
importante que a bênção do Santíssimo é a Oração Eucarística. Esta sim é a
bênção das bênçãos. Por isso, todos se esmerem em prepará-la bem: aclamações do
povo, Santo, aclamação memorial, amém final cantados ajudam na participação. O
presidente cuide de, na pessoa do Cristo, falar ao Pai, a quem neste momento se
adora “Por Cristo, com Cristo e em Cristo, na unidade do Espírito Santo”. Não é
uma oração dirigida à assembléia. Por isso, não tem sentido olhar para o povo
como se estivesse falando com ele, mas para Deus, a quem se dirige esta prece.
Jesus é o modelo de louvor ao Pai. Quem preside deve se inspirar na sua maneira
de rezar: Mt 14,19; Jo 11,41; 17,1.
4. Temos dois
prefácios para a Solenidade de hoje. No prefácio I da Santíssima Eucaristia, contemplamos
a Eucaristia como alimento e bebida, no prefácio II, contemplamos a Eucaristia
na dimensão da comunhão, fé e caridade.
5. Quanto ao
prefácio: quem preside procure proclamá-lo com ênfase, mas ao mesmo tempo
calmamente, de forma serena e orante. Frase por frase. Cada frase é importante,
anunciadora do mistério que hoje celebramos. Basta prestar bem atenção nelas! A
boa proclamação do Prefácio, como abertura solene da grande oração eucarística
(bem proclamada também), tem um profundo sentido evangelizador, pois, por seu
conteúdo e, sobre tudo, por ser oração, toca fundo no coração da assembléia.
6. Na Oração
Eucarística, “compete a quem preside, pelo seu tom de voz, pela atitude orante,
pelos gestos, pelo semblante e pela autenticidade, elevar ao Pai o louvor e a
oferenda pascal de todo o povo sacerdotal, por Cristo, no Espírito”.
7. Cantar com
vibração o “Amém” conclusivo da Oração Eucarística. Por Cristo, com Cristo, em
Cristo...
8. Um lembrete
quanto à comunhão na missa: “A verdade do sinal exige que o pão eucarístico
seja reconhecido com alimento, e que, portanto, sempre que possível, o pão,
embora ázimo seja preparado de tal forma que possa ser repartido entre todos.
Não sendo possível repartir entre todos, em razão do sinal que se expressa,
convém que alguma parte do pão eucarístico obtido pela fração seja distribuída
ao menos a algum fiel no momento da comunhão [...]. Valem todos os esforços
para garantir aos comungantes o santo alimento oferecido na mesma celebração,
deixando a reserva eucarística para a finalidade a que se destina, a saber, a
comunhão aos enfermos e ao culto eucarístico” (IGMR, nn. 282-283).
9. Na
celebração eucarística, cuide-se especialmente do rito da fração do pão. Que ele seja sempre uma “ação ritual visível,
acompanhada meditativamente pela assembléia com o canto do Cordeiro. Este canto
pertence à assembléia e por isso não seja entoado nem recitado por quem
preside... (cf. Guia Litúrgico Pastoral, páginas 28-29). Se houver o abraço da
paz, quem preside espere todo o povo se acalmar para, só então, proceder ao
rito, de maneira “visível”, sem pressa, de forma que todos possam de fato
acompanhá-lo de maneira contemplativa através do olhar e do canto do Cordeiro.
É o Corpo do Senhor que se parte e se reparte para nós!... Seria bom que o rito
expressasse bem este mistério. Muitas vezes a movimentação exagerada e o
barulho no abraço da paz ofusca este gesto tão significativo que é a “fração do
pão”. Executar o canto como Ladainha: solista e assembléia.
10. A comunhão
expressa mais nitidamente o mistério da Eucaristia quando distribuída em duas
espécies, como ordenou Jesus na última ceia, “tomai comei, tomai bebei”. Vale
todo esforço e tentativa no sentido de se recuperar a comunhão no Corpo e
Sangue do Senhor para todos, conforme autoriza e incentiva a Igreja. “A
comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas
espécies. Sob essa forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete
eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova
e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete
eucarístico e o banquete escatológico no Reino do Pai” (IGMR, nº 240).
11. Após a
comunhão, deixe ainda algum espaço de silêncio. Silêncio para você que preside
e para a assembléia. Silêncio orante, contemplativo e de adoração. Silencio
para todos se conscientizarem de que são o verdadeiro corpo do Senhor. Talvez a
assembléia ainda não esteja habituada com este espaço de silêncio. Motive-a com
breves e piedosas palavras para este momento silencioso, de profunda
contemplação da maravilha que Deus fez por nós nesta celebração.
12. Na Oração
após a comunhão meditamos na alegria eterna que já começamos a saborear na
Eucaristia; é um memorial vivo, no qual assimilamos o Senhor, mediante a
refeição da comunhão cristã, saboreando um antegosto da glória futura. O
“Sacrum Convivium”, de São Tomás de Aquino.
13. Em seguida
realiza-se a procissão eucarística, com a hóstia consagrada na mesma
celebração. Seguem os ritos processionais com o Santíssimo Sacramento.
Omitem-se os Ritos Finais
1. Os cantos
durante a procissão deverão contribuir para que todos manifestem sua fé em
Cristo, atentos somente ao Senhor. Durante a procissão, devemos cantar cantos
que utilizamos durante a comunhão nas celebrações ou cantos de caminhada.
Devemos evitar cantos intimistas, individualistas tais como: “Eu amo você meu
Jesus”; “Eu quero”; “Eu sinto”; “Pão e vinho são pra ti, Senhor”; “E quando eu
levantar este pão... e este cálice; “Como Zaqueu, eu quero subir...; “Ti olhar,
ti tocar, e ver meu Deus como és lindo”, etc. Optar por cantos que expressam a
comunhão do Senhor com a Igreja.
2. Os cantos
para a procissão. “No deserto da vida, quando a sede me vem, CD: Festas
Litúrgicas II, melodia da faixa 9; “O povo de Deus, no deserto andava”; “Glória
Jesus na hóstia santa”; “Povo que és peregrino, buscas a libertação”; “O pão da
vida, a comunhão, nos une a Cristo e aos irmãos...” “Quando te domina o
cansaço...” (A força da Eucaristia) de Irmã Míria. Ao fim da procissão antes da
bênção cantar “Tão sublime sacramento”.
3. Como em
toda a missa, toda expressão de adoração ao Santíssimo é singela e digna, sem
exageros (as rubricas ensinam).
4. Após o
canto se dará a bênção com o Santíssimo Sacramento na Igreja ou outro lugar
mais apropriado; em seguida, se repõe o Santíssimo Sacramento.
5. Após a
celebração e a procissão, seria significativo fazer uma confraternização com
comes e bebes expressando o nosso desejo de concretizar na vida do dia a dia a
partilha como Jesus nos ensina.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Eucaristia
então é realmente centro e fundamento da nossa vida cristã. Não como uma
realidade celestial que nada tem a ver com a vida diária. Eucaristia está
sempre no meio da nossa vida. Aí celebramos toda a nossa existência de que
Jesus quis participar quando veio entre nós.
Celebremos o Mistério Pascal do
Senhor, valorizando os gestos de partilha possibilitando a todos o direito de
lutar pela vida e ter o direito de “sentar para comer”.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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