quinta-feira, 26 de novembro de 2015

1º DOMINGO DO ADVENTO - ANO C

29 de novembro de 2015

Leituras

         Jeremias 33,14-16
         Salmo 24/25,4-5.8-10.14
         1Tessalonicensses 3,12—4,2
         Lucas 21,25-28.34-36


“LEVANTAI-VOS E ERGUEI A CABEÇA, PORQUE A VOSSA LIBERTAÇÃO ESTÁ PRÓXIMA”


1- PONTO DE PARTIDA

Domingo da vigilância. Com o Primeiro Domingo do Advento, iniciamos não só um novo tempo litúrgico mas também um novo Ano Litúrgico e também nossa caminhada rumo à celebração do Natal de Cristo, Deus que veio e armou sua tenda entre nós. Iniciamos o tempo da espera e esperança.

Começamos, pois, um tempo de vigilante expectativa. Queremos ser vigilantes, porque somos comprometidos e atuantes como discípulos missionários. Temos expectativa, porque queremos que o Natal se realize no íntimo de cada um de nós, no interior das comunidades e daí transcenda para todos os homens e mulheres de boa vontade.

Somos convocados a percorrer com Jesus Cristo um itinerário pascal. Nesse caminho, passamos pela espera ardente do Advento da definitiva vinda do Senhor, pela divinização, encarnação e manifestação do Filho de Deus em nossa humanidade, celebrada no Natal e na Epifania.

Hoje acendemos a 1ª vela da Coroa do Advento. Ela representa a luz que vem nos iluminar para percebermos, em nossa vida, os sinais da manifestação de Deus e também enxergarmos o que nos afasta de seu caminho e, portanto, exige de nós conversão. Ela é a luz do Senhor pela qual queremos nos deixar guiar.

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Primeira leitura – Jeremias 33,14-16. Os capítulos 30 a 33 de Jeremias apresentam certa unidade, ocupando-se da restauração de Israel. Jeremias 30-33 encerra profecias de consolação para levantar o ânimo dos deportados para a Babilônia, arrasados pelo desastre da destruição.

Com efeito, desde o exílio babilônico os judeus não tiveram mais rei até a época dos Macabeus-Asmoneus. O próprio sacerdócio levítico não era o mesmo de antes do desterro em ascendência e importância. Mas as promessas de Deus são imutáveis. Deus fará nascer o Messias da descendência de Davi, um “rebento” que agirá segundo a justiça, fazendo prosperar seu reino, justificando seu nome simbólico: “o Senhor nossa justiça” (versículo 16).

Onde se fala de “renovo” do tronco de Jessé – a casa de Davi. É “justo” porque implantará um reinado de justiça e direito (versículo 15) – donde o poder atribuir-lhe o nome simbólico: Javé nossa justiça (versículo 16). Jeremias descreve este futuro rei como um rei justo (Jeremias 23,5), porque fará prevalecer o direito num país muitas vezes entregue à desonestidade dos pastores (Jeremias 7,3-6; cf. salmo 71/72), e obterá justiça ao povo, da parte das nações (Jeremias 23,6a). A justiça desse rei será tão grande, que se chamará Javé nossa justiça.

A descendência davídica parou de reinar em 586 antes de Cristo, com a destruição de Jerusalém pelos caldeus; o sacerdócio, ao invés, na falta do rei, cresceu em prestígio após o exílio. Na época dos Macabeus e Hasmoneus, realeza e sacerdócio voltam a funcionar temporariamente, até desaparecerem completamente com a destruição de Jerusalém e do Templo, pelo Imperador Tito, no ano 70 depois de Cristo.

A dinastia de Davi salvou-se, sublimou-se na pessoa de seu representante máximo, o Messias, Jesus Cristo, descendente de Davi (Mateus 1,6-16), o qual inaugurou um novo reino de justiça, do qual o Israel da história foi a preparação. Cristo é na verdade Rei, porém em plano superior ao previsto pelo profeta. O sacerdócio levítico do Primeiro Testamento foi substituído e sublimado pelo sacerdócio instituído por Cristo, do qual aquele foi prefiguração (cf. Malaquias 1,11;Hebreus 4,14---7,28.

O povo de Israel vivia tempos difíceis quando Jeremias exerceu seu ministério profético. O Império Babilônico está atacando, invadindo e acabará levando o povo para o exílio. Muitos se desesperam, não encontram saída. Jeremias não nega que não haverá problemas, mas anuncia uma grande luz mais à frente. Os tempos melhores serão obra de Deus: desgraças sabemos construir sozinhos, mas Deus sempre, em todos os tempos, quis salvar, quis ser sinal de esperança e da possibilidade de uma realidade melhor. Não será uma salvação mágica, não virão exércitos celestiais libertar o povo. Mas Deus está atento e alimenta as esperanças de seu povo. Não serão apenas soluções individuais para aqueles que rezam mais e se consideram fiéis ao Senhor. É a história coletiva que está em jogo. O desejo de Deus não é ver alguns serem felizes no meio e às custa da infelicidade do povo. Seria uma felicidade amarga e egoísta. Deus anuncia uma esperança maior, que é para todos.

O profeta então sente Deus dizendo palavras de esperança: “Farei brotar de Davi a semente da justiça (isto é, um governante de fato honesto!) que fará valer o direito e a justiça na terra. A nação judaica sentirá o sabor da salvação e a população viverá confiante. E a cidade de Jerusalém, transformada num amontoado de problemas, receberá até mesmo um outro nome. Seu nome será este: “O Senhor é a nossa justiça”.

Salmo responsorial 24/25,4-5.8-10.14.  O salmo 24/25 é uma súplica individual com temas dos salmos sapienciais (veja o Salmo 1). Mas predomina a súplica. O tema principal é “o caminho do Senhor” que o orante pede para poder conhecer, enquanto confessa com fé a bondade e a retidão de Deus que se concretize na sua vida. De Deus, os pobres podem obter a justiça e a salvação. Domina também o tema do ensino: o “sábio”, acostumado a refletir sobre a sua experiência e a alheia, e mestre por profissão, dirigi-se ao Senhor como a um mestre de uma sabedoria superior: os caminhos do Senhor. O mesmo tema de ensinar os caminhos é resumido em forma clara. Combina de maneira bem clara o tema dos caminhos como tema da verdade e do amor que são os caminhos do Senhor.

O rosto de Deus neste salmo tem muitas palavras que recordam a Aliança: caminho (versículos 8-9), direito (versículo 9), amor e verdade, aliança e preceitos (versículo 11), a aliança (versículo 14). O Deus deste salmo é, mais uma vez, o aliado do pobre explorado e oprimido, o mesmo Deus que, no passado, libertou os hebreus da escravidão do Egito, aliou-se a eles e os conduziu para a terra prometida.

No Novo Testamento Jesus proclamou felizes os mansos (os oprimidos) porque possuirão a terra (Mateus 5,5), perdoou pecados (Lucas 7,36-50; João 8, 1-11) e advertiu os gananciosos que acumulam bens (Lucas 12,15). O trecho da liturgia de hoje, quem ora se dirige ao Senhor como a um mestre, pedindo que ensine, guie por caminhos, veredas, verdade, pois Ele é o Salvador, é a bondade, a retidão. O Messias, Jesus é o Caminho. Ele ensina os caminhos de Deus que são verdade, amor, fidelidade à Aliança. O rosto de Deus que surge neste salmo é de Aliado dos pobres e pecadores.

Sentimos que esta voz de Deus é também dirigida a nós, que vivemos muitas vezes a sensação de abandono e insegurança. Sendo assim, gritamos para Deus, com o Salmo 24: “Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação”.

Cantando o Salmo 24/25, peçamos que o Senhor faça brotar um rebento, hoje, no meio de nós, nas ruas de nossas cidades, em nossas periferias, no campo e em toda parte, o direito e a justiça.

VEM, SENHOR, NOS SALVAR; VEM SEM DEMORA NOS DAR A PAZ!

Segunda leitura – 1Tessalonicenses 3,12--4,2. O texto da segunda leitura abrange dois momentos da Primeira Carta aos Tessalonicenses. No capítulo 3, a conclusão do trecho onde Paulo manifesta o desejo de voltar a Tessalônica e a missão de Timóteo, e no capítulo 4 a introdução sobre a conduta que agrada a Deus.

Paulo fundou a comunidade em Tessalônica no ano 50. Mas, no ano 51, Paulo está afastado desta comunidade. Ele teme pelas conseqüências das falsas pregações e pelas perseguições que sofrem os cristãos. As notícias promissoras trazidas por Timóteo não chegam a tranqüilizar Paulo (1Tessolanicenses 2,17-3,10). Diante da situação, ele ergue então, sua prece até Deus, a fim de pedir a alegria de rever os seus e obter que os Tessalonicenses não parem de progredir na fé. Trata-se de uma oração onde Paulo reconhece que depende de Deus, o Pai, e do Senhor Jesus (1Tessalonicenses 3,11 o crescimento na caridade.

A oração de Paulo desenvolve-se segundo uma estrutura determinada. O versículo 13 faz uma referência à sua esperança. A fé da comunidade é frágil, e o relato de Timóteo a São Paulo provavelmente revelou-lhe as lacunas. Paulo teve que partir, precipitadamente, de Tessalônica, antes de terminar a sua catequese necessária (Atos 17,1-10. Assim, à distância, o fundador da comunidade não tem outro objetivo a não ser as virtudes cristãs que constituem a estrutura íntima dos cristãos. Desse modo, Paulo pede a Deus que aplaine os obstáculos que impediram, até então, a sua volta.

O segundo objetivo da prece de Paulo é o aumento da caridade entre os irmãos, mas também em relação a todas as pessoas. Fazer a caridade somente dentro da comunidade cristã é fácil. Mas a caridade não deve fazer distinção de pessoas, como nos mostra a parábola do bom samaritano (Lucas 10,29-37).

Fé e amor reforçados garantirão aos cristãos de Tessalônica uma “santidade” irrepreensível. Mas Paulo pede, principalmente, que essa santidade se firme, e põe esta firmeza em relação com a esperança na Parusia do Senhor, isto é, na volta do Senhor (cf. 1Timóteo 5,23; 1Coríntios 1,8). A santidade cristã não é um estado estático; cresce sem cessar, animada pela presença de encontrar-se um dia em presença do Pai, com o Senhor glorificado e todos os seus santos.

A santidade fruto desta caridade universal chegará à plenitude quando da vinda do Senhor. O versículo 13 é pesado e pleno, porque Paulo usa expressões consagradas, como: “justificar os corações, sem culpa diante de Deus, quando da vinda do Senhor”. O fruto da caridade fraterna e da ação de Deus será a purificação das pessoas ao comparecerem diante de Deus. Normalmente Paulo usa o termo “santos” para os fiéis, aqui, porém, deve-se entender como sendo os “anjos” e os cristãos transformados em anjos no dia do juízo, como atestam tradições bíblicas e judaicas. “Que o Senhor confirme os vossos corações numa santidade sem defeito aos olhos de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de nosso Senhor Jesus... Fazei progressos ainda maiores!” (1 Tessalonicenses 3,13; 4,1).

Paulo exorta a comunidade a um progresso constante. Que não haja estagnação na comunidade cristã, pois onde ela existe, é sinal de que não há movimento, vida. A obediência cristã, fruto do amor  marcha sempre para uma obediência maior, que não é coação, mas vida segundo a lei interior do Espírito, o amor.

Evangelho – Lucas 21,25-28.34-36. Para Lucas o fim de Jerusalém não é uma introdução do fim do mundo, mas representa o fim do antigo povo de Deus como entidade político-nacional. A passagem deste dia segue imediatamente a descrição do cerco de Jerusalém (versículos 20-14). Tudo se passa como se tratasse de uma catástrofe cósmica, abalando até mesmo os astros e lançando os homens em meio à maior confusão (versículos 25-26). Era um processo clássico dos apocalipses judaicos descrever a ruína de uma cidade como um “Dia do Senhor”, acarretando calamidades de ordem cósmica (Isaias 24,10-23; 13,6-10; Jeremias 4,23-26). A descrição da destruição de Jerusalém com certas imagens de ordem cósmica, Lucas não pretende, pois, necessariamente anunciar o fim do mundo. Apenas, recorre ao gênero literários dos apocalipses, para dizer que a queda de Jerusalém e do Templo será uma etapa decisiva na implantação do Reino de Deus no mundo.

Lucas coloca entre o fim do antigo povo eleito e o fim do mundo “os tempos das nações”. Lucas é o evangelista da evangelização de todos os povos, que nos Atos dos Apóstolos descreve o início da História da Igreja, que ainda continua.

Esta visão transparece nas demais diferenças da leitura de hoje. No versículo 25, Lucas fala “das nações” da terra; da expectativa do que irá acontecer a todo o universo (versículo 26). 

A intervenção de toda a natureza no momento do cerco de Jerusalém é ainda o reflexo de uma concepção bíblica que apresenta o Reino de Deus como uma nova criação agitando os fundamentos da antiga criação (Joel 3,1-5; Ageu 2,6; Isaias 65,17). A queda de Jerusalém é assim, a aurora de uma nova criação.

Após ter realçado a repercussão cósmica da destruição de Jerusalém, Lucas anuncia a vinda do Filho do Homem sobre as nuvens (versículo 27). Trata-se, evidentemente, do misterioso personagem anunciado por Daniel (Daniel 7,13-14) e a quem será confiado o julgamento das nações. Para Lucas, essa manifestação do Filho do Homem-Salvador dos povos coincide com a queda de Jerusalém.

“Vir sobre as nuvens” designa um personagem aureolado da glória divina: os cristãos sem dificuldades, aplicarão, pois, esta expressão a Cristo ressuscitado. Cristo vem sobre as nuvens desde o momento de sua ressurreição, e qualquer acontecimento que serve para estabelecer Sua soberania no mundo – e uma nova “vinda sobre as nuvens” daquele que obteve o domínio inteiro sobre o universo, a ponto de ser, incessantemente, e até o fim dos tempos. Àquele que vem (Apocalipse 1,7; cf. Apocalipse 14,14). Podemos, pois, dizer que o tempo da Igreja, inaugurado por ocasião da ressurreição e, mais concretamente, no dia da queda de Sião, constitui a “vinda do Filho do Homem”.

A vigilância é, justamente, a virtude daquele que muito se preocupa com a extensão da soberania do Filho do Homem, para descobri-la em germe, em cada pessoa e em tudo.

A queda de Jerusalém foi o primeiro marco na vinda do Filho do Senhor sobre as nuvens, porque obrigou a Igreja a abrir-se decididamente às nações e a construir um culto espiritual, livre do particularismo do Templo. Portanto, cada etapa da evangelização do mundo, vinculada, aliás, a cada etapa de humanização da humanidade, é também um marco desta vinda do Filho do Homem. Cada conversão do coração, pela qual a pessoa humana mais se abre à ação do Espírito do Ressuscitado e conta um pouco menos com a “carne”, é nova manifestação desta vinda. Cada assembléia eucarística reunida justamente “até que Ele venha”, e beneficiará desta glória e poder do Filho do Homem dobre as nuvens, é, enfim, o escalão por excelência deste advento.

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

O que Deus está querendo nos dizer hoje, neste primeiro domingo do Advento, em preparação para a celebração da vinda do Senhor Jesus?

Pelo fato de vivermos neste mundo, estamos sujeitos a passar por situações “catastróficas”: acidente, doenças, morte repentina, trágica e prematura, guerras cruéis, terrorismo, surpresas apavorantes com cheiro de “fim do mundo”... O povo de Jerusalém no ano 70 depois de Cristo, viveu esta mesma experiência, quando a cidade foi totalmente invadida e cruelmente arrasada pelas tropas romanas: parecia que todos os astros do céu haviam ficados transtornados, desorientados, caindo sobre a cabeça de todos; assemelhava-se ao fim do mundo. Tal era o pavor e a angústia que tomaram conta da população.

Nesse contexto, isto é, tendo como cenário essa experiência trágica, Lucas escreveu seu Evangelho. Muitos ainda guardavam na memória a lembrança horrível daquela desgraça. Lançando mão das imagens aterrorizantes vividas pela população, o Evangelho passa uma mensagem de esperança para as comunidades cristãs.

O importante é a mensagem, o que realmente está sendo anunciado. A intenção de Jesus não é certamente catastrófica; ao contrário é de esperança. Sua vinda gloriosa (sua presença repentina) não deve produzir espanto, mas alegria, confiança e consolo pela salvação que se aproxima: “Quando essas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. A mensagem é esta: tenham ânimo e resistam diante de tudo o que se opõe ao projeto de Deus, pois o Salvador que vem é infinitamente mais forte do que a morte! Feliz de quem nele confia e abraça o seu projeto de amor, justiça, paz, segurança e vida para todos! Se estivermos colaborando para que a nossa cidade possa se chamar de fato “justiça de Deus”, a vinda do Filho do Homem (Jesus!) será então nossa grande alegria.

“Deus nossa justiça” (o amor e a justiça de Deus tomando conta de tudo): este deve ser o verdadeiro fim diante de nossos olhos.  E “isso não acontecerá sem a nossa participação”. Deus faz Aliança conosco. Somos os seus parceiros. Neste tempo do Advento, da chegada de Deus até nós, vamos colaborar com Ele e realizar a nossa parte da Aliança: justiça social, pão e direitos para todos; transformar os mecanismos falhos, as estruturas injustas da nossa sociedade; endireitar as relações com os nossos semelhantes, empenhar a nossa vida por nos tornarmos mutuamente irmãos de verdade, felizes, consolados, amparados...

Começando hoje o Tempo do Advento e um novo Ano Litúrgico, somos chamados a ficar atentos à nossa vida, para não nos fecharmos em nós mesmos, pondo a perder o que temos de melhor, que é nossa abertura para o infinito. O Advento é, pois, tempo de revisão e de esperança. Revisão não tanto do passado, do que fizemos até aqui, mas das nossas expectativas, dos nossos desejos, do que almejamos encontrar. Aí, sim, rever essas metas e renovar as nossas esperanças.

Podemos ter a certeza de que Deus está a nosso favor quando ficamos atentos e tomamos todos os cuidados para que o objetivo seja alcançado, sem sobressaltos nem dissabores. Como uma mulher grávida cerca de todo carinho a frágil vida que carrega em seu ventre, e sabe que cuidar de si mesma também é fundamental para o bom desfecho daquela pequena vida, assim também nós, nesse Advento, vamos cuidar da vida que Deus nos oferece e encaminhá-la responsavelmente para seu desfecho final: a plenitude.

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

É preciso desejar o Reino de Deus. A oração do Dia do primeiro domingo do Advento suplica a Deus que ele crie no interior de cada cristão o desejo de possuir o Reino, o que corresponde à prece fundamental da Oração Dominical profundamente relacionada com o Advento: “venha o teu Reino”. Por sua vez, a oração depois da comunhão, nos dá a chave da leitura para chegarmos à compreensão de que tal Reinado deve ser percebido à medida que “caminhamos entre as coisas que não passam”, abraçando “as que não passam”. O desejo pelo Governo de Deus, portanto, está intimamente ligado à maneira como vivemos as relações entre nós e com o mundo que nos cerca e no qual estamos inseridos.
           
Advento é tempo de vigília. Quando a liturgia deste tempo fala em vigília, em “ficar atentos”, nos interpela a condicionar o nosso olhar, segundo a maneira de Jesus fitar os acontecimentos da vida. Jesus, em muitas ocasiões, “lê” os sinais dos tempos, e decifra através deles a iminência da apresentação do Reinado de Deus. Não é um ato mágico, mas um trabalho que os textos da Sagrada Escritura chamam, em grego, de hermenêutica, isto é, interpretação. Jesus olha para a vida e a decifra tendo presente em seu julgamento aquilo que o Pai lhe revelara desde sempre e que as Escrituras testemunham. Dito de outras forma, trata-se de uma atitude vigília constante, realizada como verdadeiro relacionamento com Deus, cujo objetivo é captar seu querer benevolente de desdobrando em nós, tornando o mundo melhor, mais humano e por conseguinte mais divino.

Neste sentido, a vigília tem a ver com o desejo e com o olhar, isto é o desejo rege o olhar. As celebrações do Tempo do Advento querem nutrir em nós o desejo por reconhecer a passagem do Senhor por entre o seu povo. E para encontrá-lo, ela dirige nosso olhar para os “hoje” de nossa vida, a fim de que captemos o “Dia que não passa”, como falara outrora Santo Agostinho. E é este o sentido do Ano Litúrgico que neste domingo iniciamos:

“Por ventura são eternos os anos que vivemos, os que viveram os nossos antepassados, os que viverão os nossos descendentes? (...) Com efeito, o que resta desses anos? (...) o que retemos, a nós, que permanecem, não divididos em dias, que vão e que passam” (Santo Agostinho).

5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

Em cada celebração eucarística, se realiza de maneira ritual e sacramentalmente a vinda do Senhor, na comunidade de irmãos e irmãs reunida, na Palavra proclamada e nos sinais eucarísticos do pão e do vinho, até que sua vinda definitiva se realize plenamente. Coragem! A vossa libertação está próxima!

Na celebração eucarística, celebramos este mistério. Por isso dizemos: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição”. “Vinde, Senhor Jesus!”. Em outras palavras: “Apressai a realização do vosso Reino, Senhor!”. O Cristo que vem... Na verdade Ele já veio, mas continua vindo.

Por isso, agradecidos entoamos no prefácio (Advento I) que o Senhor “revestido da nossa fragilidade veio realizar seu eterno plano de amor, e abrir-nos o caminho da salvação”. Vivendo as tensões do mundo ainda não totalmente redimido, Ele nos dá o dom do seu Espírito para manter-nos vigilantes, capazes de levantar nossa cabeça. Somos chamados a transformar um mundo que causa tanta insegurança nas pessoas.

Que nossa participação na Páscoa de Jesus, neste primeiro domingo de preparação para o Natal, ajude-nos a andar por este mundo transitório de tal maneira que, como peregrinos, abracemos o Reino que de fato nunca se acaba, eterno, e pelo qual vale a pena investir tudo que temos. Como rezamos depois da comunhão: “Aproveite-nos, ó Deus, a participação nos vossos mistérios. Fazei que eles nos ajudem a amar desde agora o que é do céu e, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam”.

Que Deus nos ajude na preparação para a vinda do Senhor! Amém!

6- ORIENTAÇÕES GERAIS

1. No ciclo do Natal, fazemos memória da manifestação do Senhor Jesus em sua encarnação e em nossa história atual, enquanto aguardamos a sua nova vinda. O ciclo do Natal engloba o tempo do Advento, as festas do natal e o tempo do Natal.

2. A comunidade reunida é sinal da espera do Advento do Senhor. Dar atenção especial aos ritos iniciais, cuja finalidade é de constituir a assembléia, formando o Corpo vivo do Senhor. Fazer uma acolhida afetuosa às pessoas, reconhecendo em cada uma delas a presença do Senhor que chega entre nós.

3. Como tempo especial de escuta e atenção à Palavra de Deus, dar destaque especial a todo o rito da Palavra. Cuidar de preparar bem a proclamação dos vários textos bíblicos, da homilia, do canto do salmo.

4. Escolher com cuidado os cantos de modo que a assembléia cante o mistério de Cristo, celebrado neste tempo de espera vigilante. As equipes de canto não devem colocar o seu gosto pessoal, é um direito da assembléia cantar o mistério celebrado. O Hinário Litúrgico I, da CNBB, oferece ótimas sugestões, assim como o Ofício Divino das Comunidades, onde encontramos salmo, hinos e refrões. Existe um CD publicado pela Paulus com as músicas do Hinário adequadas para este Ano C: o volume “Liturgia VII”.

5. Os instrumentos musicais (órgãos, violão, teclado e outros) sejam usados com moderação, conveniente ao caráter próprio deste tempo, de modo a não antecipar a plena alegria do Natal do Senhor. O mesmo vale para as ornamentações com flores: discrição, comedimento, expressando o tempo de espera por algo bom que vai chegar.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com cada domingo do Advento, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo do Advento, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. Jamais os cantos devem ser escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um movimento ou de uma pastoral. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.

1. Canto de abertura.  “A Ti, Senhor eu elevo a minha alma. Em ti confio, meu Deus. Que eu não seja envergonhado, e meus inimigos não triunfem sobre mim” (Salmo 24/25,1-3). “O Senhor virá libertar o seu povo e do mundo velho nascerá o novo”, CD: Liturgia VIII, melodia da faixa 12 ou Ofício Divino das Comunidades, página 295.

Ensina a Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a assembléia, “inseri-la no mistério celebrado” (IGMR nº 47). Nesse sentido o Hinário Litúrgico I da CNBB nos oferece uma ótima opção, que muitos estão gravados no CD: Liturgia V e CD: Liturgia VIII.

2- Canto para o acendimento das velas da Coroa do Advento

“Acendamos a lamparina, acendamos a lamparina”, CD: Cristo Clarão do Pai, melodia da faixa 2, Paulus. Pode-se substituir lamparina por vela: “Acendamos a primeira vela”.

3. Ato Penitencial. Ver a fórmula n. 1 do Missal Romano pra o Tempo do Advento. “Senhor que viestes ao mundo para nos salvar”.

4. Salmo responsorial 24/25. Deus bom, fiel, justo e verdadeiro manifesta a Aliança. “Vem, Senhor, nos salvar; vem, sem demora, nos da a paz!, CD: Liturgia IV, melodia da faixa 9.

Para a Liturgia da Palavra ser mais rica e proveitosa, há séculos um salmo tem sido cantado como prolongamento meditativo e orante da Palavra proclamada. Ele reaviva o diálogo da Aliança entre Deus e seu povo, estreita os laços de amor e fidelidade. A tradicional execução do Salmo responsorial é dialogal: o povo responde com um refrão aos versos do Salmo, cantados um ou uma salmista. Deve ser cantado da mesa da Palavra.

5. O canto ritual do Aleluia. “Mostra tua misericórdia e dá a tua salvação” (Salmo 84/85, 8. “Aleluia, aleluia... Vem mostrar-nos, ó Senhor...”, CD: Liturgia VIII, melodia da faixa 9.

Esta forma responsorial só é completa, quando o versículo bíblico é cantado, pois, caso contrário, a resposta não tem seu verdadeiro efeito. Por ser diferente do Salmo Responsorial, o verso é uma citação do Evangelho que se segue.

Esta aclamação é quase sempre “ALELUIA” (menos nas missas da Quaresma por seu um tempo penitencial). É uma aclamação pascal a Cristo que é o Verbo de Deus. É um vibrante viva Deus. Os versos que acompanham o refrão devem ser tirados do Lecionário.

6- Canto para a resposta das preces

R: Vem, vem, Senhor Jesus, vem,/ Vem, bem-amado Senhor! (bis); Hinário Litúrgico I, página 88-89.

7. Apresentação dos dons. Devemos tornar oferenda com as nossas oferendas do pão e do vinho. É importante lembrar às comunidades a Coleta para a Evangelização que nos chama a ser solidários. Esta Campanha é, na Igreja do Brasil, uma resposta firme e significativa de todos aqueles que acreditam e assumem a responsabilidade evangelizadora. “A nossa oferta apresentamos no altar e te pedimos: vem, Senhor, nos libertar”, CD: Liturgia IV, melodia da faixa 4. Outra opção é o canto “Pão e vinho apresentamos com louvor..., do Pe. José Weber.

8. Canto de comunhão. “Ficai atentos e orai a todo momento” (Lucas 21,36). “Vigiai, vigiai, eu vos digo”, CD: Liturgia IV, melodia da faixa 5.

O Primeiro Domingo do Advento nos coloca em estado de vigilância esperançosa. Nesse sentido a Igreja também oferece outras opções de canto de comunhão. “Jerusalém, povo de Deus, Igreja santa, articulado com o Salmo 146/147”, CD: Liturgia IV, melodia da faixa 8. “Não deixe a lamparina apagar...”  Hinário Litúrgico I, página 40; “Os clamores do teu povo...” Hinário Litúrgico I, página 86 ou no Ofício Divino das Comunidades página 294. Estes quatro cantos retomam o Evangelho na comunhão de maneira autentica.

O Missal Romano oferece a seguinte explicação: “...entoa-se o cântico de comunhão, que deve exprimir, através da unidade das vozes, a união espiritual dos comungantes, manifestar a alegria do coração e dar um sentido mais fraterno à procissão daqueles que vão receber o Corpo de Cristo. O cântico inicia-se no momento da comunhão do sacerdote e prolonga-se o tempo que for oportuno, enquanto os fiéis comungam o Corpo de Cristo” (IGMR, 74).  O Missal oferece muita flexibilidade na organização da comunhão, não diz que se deve cansar a assembleia  com muitos cantos. Também não tem sentido depois que os fiéis comungarem, continuar executando o canto até a última estrofe cansando a assembleia. É uma regra de bom senso.

9. Desafio para os instrumentistas. É transformar as ondas sonoras do violão, do teclado e dos outros instrumentos na voz de Deus, isto é, em sintonia com o coração de Deus. Muitas vezes os instrumentistas acham que para agradar a Deus e o povo é preciso barulho e agitação. É preciso uma conscientização maior dos instrumentistas de que Deus não gosta do barulho. Assim fala o Senhor: “Afasta de mim o barulho de teus cantos, eu não posso ouvir o som de tuas harpas” (Amós 5,23). Deus gosta da brisa leve, da serenidade, da mansidão, do silêncio... Veja o exemplo da experiência que o profeta Elias fez de Deus na brisa suave e não na agitação do furacão, nem do terremoto e nem do fogo (1Reis 19,11-13). É preciso muito cuidado com os instrumentos de percussão. As equipes de canto e as bandas barulhentas, não expressam aquilo que Deus é, mas aquilo que os músicos são. “O barulho não faz bem, o bem não faz barulho” (São José Marello). Nossos cantos devem agradar ao Senhor e não descontentá-Lo, “Hoje seja-lhe agradável o meu canto!” (Salmo 102/103,34). O convite aos cantores e instrumentistas é para homenagear o Senhor e cantar de coração de forma suave: “Instalou diante do altar tocadores de harpa, a fim de tornar doce a melodia de seus cânticos” (Eclesiástico 47,9 se for o texto grego é o versículo 11).

            9. Canto de louvor a Deus após a comunhão: Durante o Tempo do Advento omite-se este canto

8- ESPAÇO CELEBRATIVO

1. Durante o tempo do Advento, como já é costume, tem destaque a Coroa do Advento. Evite-se utilizar flores e matérias artificiais e espalhafatosos, muitas vezes típicos da linguagem comercial: pisca-pisca, festões, papai noel, etc. Fiel à sua origem, a Coroa do Advento é confeccionada apenas com galhos verdes em forma circular, símbolo do eterno que mergulha e se deixa entrever no tempo. A nossa exagerada criatividade fez a coroa tomar outras formas e, conseqüentemente, perder seu sentido. As quatro velas acesas uma a cada domingo, de forma crescente, anunciam que a Luz vence as Trevas. Proclamam o porvir da Páscoa do Natal. A Coroa pode ser colocada próximo ao altar ou da mesa da Palavra.

9. AÇÃO RITUAL

Neste tempo em que se celebra a manifestação do Verbo na história humana, é interessante que se dê importância ao Evangeliário e também à imagem ou ícone de Nossa Senhora, Mãe do Senhor e imagem da Igreja fiel á Palavra de Deus.

Ritos Iniciais

1. A celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a assembléia no Mistério celebrado.

2. É importante não exagerar nos elementos dos Ritos Iniciais, para que transpareça seu caráter preparatório, introdutório e de exórdio, conforme indica o IRMR n. 46. Em se tratando, ainda, de um tempo preparatório, em que é própria a reserva simbólica (omitem-se o Glória e o uso de flores é bem moderado), aproveite-se para “despojar” os Ritos Iniciais, deixando-os mais simples. Pode-se escolher como elemento a ser valorizado a “saudação inicial” que progressivamente, forneça à assembleia aquela frutuosa compreensão do que se celebra neste tempo. Para o Primeiro Domingo, poderia ser usada a seguinte fórmula, inspirada na saudação apostólica de Paulo e em sua ação de graças a Deus, 2Coríntios 1,2-3:

“A vós, irmãos e irmãs, que esperais vigilantes a manifestação do Deus da Vida, graça e Paz da parte de Deus, o Pai das misericórdias e Senhor de toda consolação”.

3. Com a intenção de exprimir o sentido da Coroa do Advento e de recuperar o seu sentido original e litúrgico, sugerimos que, a cada Domingo, nos ritos iniciais, depois do sinal da cruz, da saudação do presidente e da recordação da vida, antes de dar o sentido litúrgico, acende-se solenemente cada vela da coroa com a seguinte oração de benção, dentro do rito proposto. Lembre-se que as velas não são símbolo, mas a luz que elas irradiam, sim. Portanto, a cor das velas não interfere no significado da Coroa do Advento, podendo, pois, utilizar quatro velas brancas.

- Acendimento Solene da Coroa do Advento:
Alguém se aproxima da coroa, trazendo uma pequenina chama ou uma vela pequena acesa (evitem-se os fósforos que criam ruído, apagam-se facilmente, enfraquecendo a ação simbólica, do ponto de vista exterior, o que acarreta na assembleia dispersão e impaciência). Depois de acesa a primeira vela, cantar este refrão que está no CD: Cristo Clarão do Pai, melodia da faixa 2, Paulus. Se a equipe de canto não tiver o CD, é só entrar no Google que encontra-se a música e também a partitura.

Acendamos a lamparina, acendamos a lamparina.
Sentinela a vigiar:
logo o Senhor virá, logo o Senhor virá.
Deus-Conosco: luz a brilhar. Deus-Conosco: luz a brilhar!
Sugestão: pode-se substituir lamparina por vela: “Acendamos a primeira vela”.

4. Terminada esta ação ritual, dirige-se para a Mesa do Altar e do Ambão para acender as velas que ladeiam tais peças.

5. Essa ação ritual pode ser usada nos quatro domingos do Advento.

6. Em seguida quem preside, ou um diácono ou um leigo ou leiga dar o sentido litúrgico da celebração:

Domingo da vigilância. Neste Primeiro Domingo do Advento contemplamos sobre a vinda definitiva do Senhor no fim dos tempos. Vem vindo aquele que sempre vem, e a atitude fundamental é vigiar, é renovar nossos corações para não ser pego de surpresa.

7. Ato penitencial. Não se trata de Rito penitencial, mas Ato penitencial. O Ato penitencial é concluído pela absolvição do presidente, absolvição que, contudo, não possui a eficácia do Sacramento da Penitencia. Por confissão geral, se entende não a descrição de pecados, mas da condição pecadora do fiel, no sentido de evidenciar aquela humildade de que fala o Evangelho. Não é para pedir perdão dos pecados, mas para reconhecer-se pecador e dignos da Mesa do Senhor. É para tornar a assembleia atenta ao apelo de Jesus que diz: “Convertei-vos e crede na Boa-Nova” (Marcos 1,15) e para obedecer à ordem de reconciliar os irmãos antes de apresentar a oferenda (Mateus 5,24), que a Igreja celebra a penitência ao iniciar sua celebração. Seria interessante que seja cantado.

8. Neste tempo preparatório, em que a conversão é uma dimensão muito enfatizada, pode-se realizar o Ato Penitencial sob a segunda formula, diálogo com os versículos sálmicos:

Tende compaixão de nós, Senhor.
Todos: Porque somos pecadores.
Manifestai, Senhor, a vossa misericórdia.
Todos: E dai-nos a vossa salvação.

Deus Todo-Poderoso tenha compaixão de nós...

9. A oração do dia começa suplicando a Deus o desejo de possuir o Reino celeste. Só tem sentido ir ao encontro do Senhor que sempre vem, com as nossas boas obras.

10. Na Oração do Dia, suplicamos a Deus “o ardente desejo de possuir o reino celeste, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro de Cristo que vem...”. Mais uma vez, consideramos a oração do dia, na qual se suplica a Deus que os fiéis acorram a Cristo como portadores de boas obras. Segundo essa breve, suave e profunda prece a qual nos introduzimos na oração litúrgica neste Primeiro Domingo do Advento, as boas obras são fruto do ardente desejo de possuir o Reinado de Deus. O que a Igreja tem por intenção com essa oração é alimentar, em nós, a vontade pelo Reino de Deus, que se exprime em obras de justiça.

Rito da Palavra

1. Antes da Primeira Leitura, cante-se o refrão meditativo preparando o coração da assembléia para acolher a Palavra:

DESÇA COMO CHUVA A TUA PALAVRA,
QUE SE ESPALHE COMO ORVALHO,
COMO O CHUVISCO NA RELVA,
COMO A AGRACEIRO NA GRAMA. AMÉM!

2. Destacar a procissão com o Evangeliário do Altar para a Mesa da Palavra.

3. Deixar sempre uns instantes de silêncio após cada leitura e também após a homilia, para um diálogo orante de amor e compromisso da comunidade com o Senhor.

4. Se a celebração for à tardinha ou à noite, durante a aclamação e proclamação do Evangelho, além das duas lanternas que acompanha a procissão do Evangeliário, onde for possível toda a assembléia ou um grupo de pessoas pode ter velas acesas nas mãos, expressando a atitude de vigilância que o Advento nos pede. A leitura do Evangelho pode ser feita num tom solene de grande proclamação. A frase mais importante é: “Levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima.”

5. A resposta das preces poderá ser cantada e expressar desejo e expectativa, retomando o clamor das comunidades do Apocalipse: “Vem, Senhor Jesus!” Por exemplo: “Vem, vem, Senhor Jesus, vem,/ Vem, bem-amado Senhor!” Hinário Litúrgico I, página 88-89. Se a equipe de canto não conhecer a música, pode-se simplesmente responder: Vem, Senhor Jesus.

6. Outra opção, é no momento das preces, cantar ou recitar a Ladainha do Advento, substituindo-se as fórmulas convencionais, de todos os domingos. Esta sugestão vale para todos os domingos do Advento.

Oh, Senhor... Aleluia!
Vem, Messias... Maranatha!
Oh, Justiça... Aleluia!
Mora entre nós... Maranatha!
Misericórdia... Aleluia!
Vive entre nós... Maranatha!
Nossa força... Aleluia!
Dentro de nós... Maranatha!
Liberdade... Aleluia!
Salva teu povo... Maranatha!
Nossa cura... Aleluia!
Tira a dor... Maranatha!
Oh, conforto... Aleluia!
Dá esperança... Maranatha!
Nossa alegria... Aleluia!
Preencha-nos ... Maranatha!
Sabedoria... Aleluia!
Vem, renova-nos... Maranatha!
Nosso desejo... Aleluia!
Nosso anseio... Maranatha!
Oh, prometido... Aleluia!
Nosso Messias... Maranatha!
Oh, Esperado... Aleluia!
Luz das nações... Maranatha!
Luz das trevas... Aleluia!
Ressuscitado... Maranatha!
Senhor da Glória... Aleluia!
Oh, Desejado... Maranatha!
Oh, Amado... Aleluia!
Entre nós... Maranatha!
Dentro de nós... Aleluia!

Rito da Eucaristia

1. A preparação dos dons tem uma finalidade prática, expressa na procissão com que o pão e o vinho são trazidos ao altar. Segundo o costume das refeições judaicas, bendiz-se a Deus pelo alimento básico, o pão, e pela bebida mais significativa, o vinho. Evitar chamar este momento de “ofertório”, pois ele acontece após a narrativa da ceia (consagração).

2. Na Oração sobre o pão e o vinho suplicamos a Deus que receba nossas oferendas escolhidas torne-se premio da redenção eterna. É preciso saber receber para oferecer: transformação dos dons em redenção.

3. Escolher o Prefácio Advento I, que contempla as duas vindas de Cristo. Seguindo esta lógica, cujo embolismo reza: “Revestido da nossa fragilidade, ele veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória, ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes esperamos”. O grifo no texto identifica aqueles elementos em maior consonância com o Mistério celebrado neste Domingo e que pode ser aproveitado na celebração, ao modo de mistagogia. Nas missas do Advento e em todas as outras, desde o primeiro domingo até 16 de dezembro, exceto nas Missas com prefácio próprio.

4. No momento do convite à comunhão, quando se apresenta o Pão consagrado e o cálice com o sangue de Cristo, é muito oportuno o texto bíblico de João 8,12, que é a fórmula “b” do Missal Romano:

“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”.

5. Fazer o sagrado silêncio após a comunhão. Reservar à comunidade celebrante instantes de silêncio.

Ritos finais

1. As palavras do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: “Levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

2. Na página 519, o Missal Romano propõe o formulário da bênção solene do Advento que destaca a vinda e a volta de Cristo, e nos estimula a ficarmos firmes na fé, alegres na esperança e solícitos na caridade.

3. É comum além, de entrar em procissão no início da celebração guiados pela cruz, também retirar-se do espaço sagrado em procissão, igualmente guiados pela cruz.

10. REDESCOBRINDO O MISSAL ROMANO

Até o dia 16, inclusive, não se permitem as Missas para diversas circunstâncias, votivas ou cotidianas pelos defuntos, a não ser que a utilidade pastoral o exija (IGMR nº 333). Mas podem celebrar as Missas das memórias que ocorrem, ou dos Santos inscritos no Martiriológio nos respectivos dias (IGMR, nº 316b).

11- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A expectativa da vinda do Senhor é um motivo para viver na alegria. Alegria, porque ela nos liberta por uma libertação interior. Esta nos faz sair do nosso comodismo e nos põe de prontidão para enfrentarmos corajosamente as grandes lutas por um mundo melhor, porque o Senhor nos encoraja dizendo: “...levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima.” Agindo assim, caminharemos juntos para uma Vida Futura, onde o nosso encontro com Cristo não será de surpresa e de espanto, mas de alegre expectativa de podermos chegar à Casa do Pai e de ouvir dos lábios de Jesus o convite final: “Venham vocês que são abençoados por meu Pai! Venham e recebam o Reino que foi preparado por meu Pai, desde a criação do mundo” (Mateus 25,34).

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
           
Pe. Benedito Mazeti

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