20 de dezembro de 2015
Leituras
Miquéias 5,1-4
Salmo 79/80,2-3.15-16.18-19
Hebreus 10,5-10
Lucas 1,39-4
“BENDITA ÉS TU ENTRE AS MULHERES E BENDITO
O FRUTO DO TEU VENTRE!”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo de
Maria grávida. Estamos pertinho do Natal! Neste Quarto Domingo do Advento
contemplamos Maria grávida pronta para dar à luz. Lembrando a espera de Maria,
preparemo-nos para a novidade de Deus que chega para nós neste Natal. Também
destaca os patriarcas do Antigo Testamento. No Quarto Domingo do Advento, é
forte o anúncio da chegada de Deus entre nós, Deus-Conosco, Emanuel, concebido
em Maria por obra do Espírito Santo.
Com Maria, a
“mãe do meu Senhor”, como ouvimos da boca de Isabel! Com Maria, escutamos a
Palavra de Deus. Como Maria, celebramos a Eucaristia: memória da Páscoa de
Jesus que deu sentido pleno ao Natal. Se não fosse a Páscoa, o Natal não seria
o que é: tão importante para nós. Nem mesmo Maria seria o que é: tão importante
para a humanidade como mãe do Salvador e nossa mãe.
A antífona de
entrada: “Céus, deixai cair o orvalho, nuvens chovei o justo; abra-se a terra e
brote o Salvador” (Isaias 45,8). Acendendo hoje a quarta vela na Coroa do
Advento, exultemos de alegria como João Batista no ventre de Isabel.
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Primeira leitura – Miquéias 5,1-4. Miquéias
exerceu seu ministério apenas alguns anos após Isaias. Miquéias é, portanto, o
filho espiritual de Isaias. Ao contrário do aristocrata Isaias, Miquéias é
filho de camponês e, Jerusalém não tem a importância que Isaias lhe atribui.
Isaias é seu herdeiro espiritual ao anunciar um julgamento destruidor.
O texto de
Miquéias é uma bela profecia messiânica que indica de maneira bem direta o
lugar de origem do Messias, sua atuação junto ao povo e o estabelecimento da
paz.
O profeta Miquéias,
como seu livro mesmo indica (1,1), atuou no fim do século VIII antes de Cristo:
no tempo dos reis Joatan (742-735), Acaz (735-715) e Ezequias (715-687). Esse
anúncio, feito por Miquéias foi no ano 701, por ocasião do cerco de Jerusalém
por Senaquerib, rei da Assíria.
O profeta
joga, neste pequeno anúncio, com muitos contrastes para salientar a figura do
Messias esperado que vai agir com o poder do Senhor. De início contrapõe o
orgulho da cidade guerreira, Jerusalém (Miquéias 4,14) com suas tropas e muros,
à pequena e desprotegida Belém (Miquéias 5,1) que não passa de uma vilazinha
quase sem nome. Na realidade em (4,14), Miquéias ridiculariza a fortaleza de
Sião-Jerusalém no momento em que é cercada por Assur, e no versículo 1 enaltece
a frágil Belém de Éfrata, onde nascerá o Messias.
O Messias não
confiará no poder das armas, nem na glória e esplendor de uma dinastia, pois
sairá de uma das mais humildes famílias de Judá. Sua origem, contudo, tem uma
história muito longa: provém da descendência de Davi.
A missão do
recém-nascido é de reunir o “resto” dos filhos de Israel que estavam dispersos
(versículo 2). O texto diz: “o resto de seus irmãos voltará”. O verbo “voltar”
em hebraico pode significar: retornar e também converter-se. Por isso o profeta
pode estar referindo-se aos habitantes do reino do norte que tinham sido
levados ao exílio pelos assírios, ou pode referir-se à conversão dos que se
tinham afastado de Deus pela infidelidade à Aliança. De modo geral pode-se
dizer que Miquéias anuncia a unidade do futuro Israel como obra do Messias.
Apascentará o
povo assim reunido com firmeza, energia e dedicação que receberá do Deus
Altíssimo. Mais que um rei guerreiro que vence e esmaga, Miquéias anuncia um
Messias Pastor, revestido, sim, da força do Senhor, mas totalmente voltado para
o bem de seu rebanho.
Ele fará seu
povo viver em paz, tranquilamente e com toda a segurança. A paz e tudo o que
dela decorre como: segurança, bem-estar, harmonia, felicidade, abundância de
bens, são sempre vistos como dons vindos do Messias. A paz “shalon”, recapitula
em si toda a obra da restauração do Messias.
“E assim será
a paz”. É como uma conclusão entusiasmada de tudo o que foi dito até aqui. No
texto hebraico, esta última frase soa assim: “E ele será a paz”. Contém um
sentido ainda mais profundo. Ele mesmo será o grande dom de Deus que reassume e
engloba tudo o que foi prometido.
Salmo responsorial 79/80,2-3.15-16.18-19. O
salmo 79/80 é uma súplica coletiva. Deus é pastor sobretudo no deserto. Os
querubins são os animais que têm asas que sustentam o trono de Deus; o
resplendor indica a aparição ou teofania. Deus deve atuar, pois trata-se da
“tua vinha, que a tua mão direita plantou, que tu tornaste vigorosa.
“Iluminai a
vossa face sobre nós, convertei-nos para que sejamos salvos!” O povo clama a
Deus, chamando-o de Pastor de Israel, pedindo que cuide de seu rebanho, que é o
Reino do Norte. Este salmo surge na época da destruição das tribos do Reino do
Norte conhecidas como Israel ou casa de José. Devido aos acontecimentos, Deus
“parece estar dormindo” e o povo pede que Ele acorde.
O rosto de
Deus no Salmo 79/80. O salmo apresenta várias imagens: Deus-Pastor,
povo-rebanho e vinha. Pede que o Senhor visite a vinha, mas reconhece que não
foi Deus que abandonou a vinha, mas o rebanho que se afastou do Pastor. A
imagem do pastor é sugestiva. Pastor é quem tira dos currais e conduz para as
pastagens. Foi o que Deus fez no passado, quando libertou seu povo do curral do
Faraó.
As imagens de
Deus pastor (versículos 2-3) e agricultor (versículos 9-16) são tiradas da
terra. Com isso descobrimos que o Deus deste salmo está comprometido com a
defesa e a posse da terra. É o Deus aliado, representado na Arca da Aliança,
sobre o qual estão os querubins (versículo 2b), que tem as mãos e os pés
ocupados na defesa de uma terra para o seu povo.
A imagem da
videira é assumida por Cristo no Novo Testamento, como concentração do Povo de
Deus (João 15,5), e depois ela passa para a sua Igreja. Como Cristo, também a
Igreja é pisada e entregue às contendas e gozações dos inimigos. Com Cristo a
Igreja invoca a ajuda de Deus, e em Cristo ela contempla o rosto de Deus que
brilha em poder e clemência.
Cantando este
salmo na celebração deste domingo, peçamos ao Senhor que Ele nos visite, que
não nos abandone, porque somos a sua vinha preciosa e precisamos de seu cuidado
e carinho para produzirmos ótimas uvas. Por isso com o Salmo 79/80, pedimos que
sejamos iluminados e convertidos pelo Senhor:
R: FAZEI,
SENHOR, BRILHAR A VOSSA FACE,
CONVERTEI-VOS PARA QUE SEJAMOS SALVOS
Segunda leitura – Hebreus 10,5-10. O trecho da leitura de hoje conclui a seção
relativa ao sacerdócio/sacrifício de Cristo, iniciada no capítulo 7. Os
sacrifícios da antiga Aliança eram úteis, porque repetidos com freqüência, não
passando de mera sombra das realidades da Nova Aliança. O nosso texto de hoje,
Hebreus 10,5-10, propõe a abolição dos antigos sacrifícios, como algo querido
por Deus desde a eternidade, referindo de maneira indireta ao Salmo 39/40,7-9.
No instante em
que veio amo mundo para iniciar a obra da redenção (Hebreus 1,6), Cristo
pronunciou palavras do salmo 39, parafraseando-as, alterando-as, elevando-lhes
o sentido original do Primeiro Testamento; o salmista agradece a Deus por tê-lo
salvo de uma situação perigosa. Conta a descoberta feita por um antigo enfermo
de que Deus não espera dele sacrifícios para agradecer-lhe sua cura. Ciente de
que seu agradecimento não consiste em sacrifícios mas na obediência em fazer a
vontade de Deus: “Não quisestes sacrifício nem oferenda, mas me abristes aos
ouvidos, não exigistes holocausto nem vítima de expiação. Então eu disse: ‘Eis
que venho; no rolo do livro está escrito de mim: fazer vossa vontade, meu Deus,
é o que me agrada’” ( Salmo 39,7.9
O salmista não
quer dizer que Deus rejeita todo e qualquer sacrifício, se for bem intencionado
e oferecido com disposições internas de adoração e obediência ao Senhor. Em
Hebreus, porém o Messias rejeita os sacrifícios legais do Primeiro Testamento
para que a humanidade aceite somente o seu sacrifício: sacrifício perfeito,
oblação de sua vida com sentimentos de amor, adoração e obediência. Por
“sacrifício” (thysía) entende-se a vítima em derramamento de sangue; “oblação”
(prosphorá) conota oferta incruenta, isto é, que não houve derramamento de
sangue.
Colocando este
Salmo nos lábios de Cristo, o autor da carta permite definir a natureza do
sacrifício da cruz: ela não reside inicialmente na imolação de uma vítima,
embora fosse de valor, mas na comunhão com o Pai testemunhada por Cristo
(versículos 7 e 9).
Resta indicar,
entretanto, qual era a vontade de Deus
sobre Cristo e que espécie de obediência Ele manifestou de volta. A vontade do
Pai nunca foi a morte trágico do Filho. Tal atitude pertencia a um Deus
sanguinário, mal pacificado pelo sangue de um ser amado! Deus se serviu dessa
maldade humana e libertou a humanidade. Na verdade, o projeto de Deus foi o de
fazer com que seu Filho compartilhasse da condição humana com suficiente amor,
para que essa condição fosse transfigurada. Ora, a condição humana supõe a
morte: o Pai não exclui a morte da vida de seu Filho, a fim de que a fidelidade
dele à sua condição de homem não tivesse outro limite do que sua fidelidade ao
amor do Pai.
Para definir
uma boa intenção desta vontade do Pai sobre seu Filho Jesus, o autor da carta
aos Hebreus acrescentou algumas variações do salmo 39 (formou um corpo: como
está no versículo 5) e a coloca nos lábios de Cristo no próprio momento de sua
Encarnação (versículo 5, entrando no mundo). Assim transporta nas relações das
Três Pessoas da Santíssima Trindade e pré-existentes à Encarnação a intenção
sacrifical de Cristo, o que ressalta a vontade de Deus e a fonte profunda da
obediência do Filho, permitindo afirmar que a vida humana inteira de Cristo tem
um alcance sacrifical que a cruz apenas selou, isto é, conclui. Em Jesus, a
associação rito-e-vida nunca cessou de existir e de produzir frutos.
A Nova Aliança
se caracteriza pelo fato de que Jesus cumpriu com perfeição a vontade do Pai, a
qual visa à santificação de todas as pessoas, vale dizer, a entrada no
santuário e a aquisição dos bens salvíficos.
Evangelho – Lucas 3,10-18. O Evangelho
nos fala de Maria, grávida, indo com pressa visitar (mulher de Zacarias),
grávida também; grávida do futuro profeta João Batista, preparador do povo para
acolher a vinda do Salvador. O Evangelho fala de Izabel cheia do Espírito
Santo, com a criança pulando de alegria no seu ventre. Assim que viu Maria, ela
exclamou num grito: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu
ventre. Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar?”. Estas
palavras resumem a felicidade imensa de um povo pobre e “machucado” pela
corrupção e pela violência das autoridades romanas e religiosas; um povo pobre
que, de repente, vê com os próprios olhos e sente em si mesmo a presença de um
futuro promissor de plena paz.
Nada mais
simples e corriqueiro do que a viagem de uma moça à casa de uma parente para
ajudá-la nos afazeres domésticos durante os últimos meses da gravidez. Lucas
percebeu com uma clareza incomparável que as maravilhas de Deus se realizam
neste nível de vida, isto é, nessa ajuda simples e corriqueira. Maria, ao ouvir
que a parente dela, apesar da idade avançada, estava grávida, foi ao encontro
dela. Uma viagem de mais ou menos 150 km, isto é, de três ou quatro dias.
A idéia que se
traz presente nesta narrativa é a da transferência da Arca da Aliança para
Jerusalém (2 Samuel 6,2-11). Tanto num como no outro relato a viagem se realiza
no país de Judá, em direção a Jerusalém (versículo 39; cf. 2Samuel 6,2),
provoca as mesmas manifestações de
alegria (versículos 42.44 e 2 Samuel 6,2),
e até as “danças” sagradas (versículo 44) em que a criança “salta” no
seio da mãe: cf. 2 Samuel 6,12). A casa
de Zacarias (versículo 40) torna-se réplica da casa de Obed-Edom (2 Samuel
6,10) e Maria é a fonte de bênção como outrora o era a Arca (2 Samuel 6,9).
Finalmente, Maria, como a Arca, permanece três meses na casa dos que a hospedam
(versículo 56; cf. 2 Samuel 6,11).
O anjo aparece,
inicialmente em Lucas 1,17 no Templo a Zacarias; seis meses depois (180 dias) a
Maria (Lucas 1,26), após nove meses (270 dias) Cristo nasce, e 40 dias mais
tarde é apresentado no Templo de Jerusalém. Ora, esses números perfazem um
total de 490 dias ou setenta semanas!
Cada etapa é, aliás, assinalada pela expressão “completados os dias...” (Lucas
1,23; 2,6; 2,22), que dá aos eventos a significação de cumprimento profético.
Por trás deste
simbolismo, esconde-se a idéia diretriz de São Lucas: os fatos que envolvem o
nascimento de Jesus realizam, ao mesmo tempo, a profecia de Malaquias 3 e as da
setenta semanas de Daniel. Sob os traços de Gabriel, Deus já enviou seu anjo a
Zacarias (Malaquias 3,1; cf. Lucas 1,5-25); resta agora, ao próprio Deus, fazer
sua aparição no Templo (Malaquias 3,2). A partida de Maria conduz seu filho até
Judá; a segunda etapa será a subida, propriamente dita, a Jerusalém em Lucas
2,22-38, que termina com a apresentação oficial da criança no Templo onde
estava presente o idoso Simeão e a viúva e profetiza Ana.
Maria é a
verdadeira morada de Deus entre as pessoas. Lucas o demonstrou, comparando-a à
Arca ou a Sião. Deus, pois, não mais habita num templo de pedras, mas em
pessoas vivas. Seguindo Maria, cada cristão é, no mundo, sinal da presença de
Deus. São as suas atitudes na vida e seus engajamentos – não mais as pedras
sagradas – edificam a habitação divina na terra. Por mais profana que seja a
vida de um cristão é agora mais imbuída de presença do que um templo consagrado
ou uma Arca de Aliança. A Eucaristia dá a nossas vidas tal densidade.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Voltemos ao Evangelho. O que
vemos? Um encontro entre duas mães agraciadas com o dom da fecundidade e da
vida. Um encontro entre duas crianças, o Precursor e o Salvador, sob o
dinamismo do Espírito Santo. O Deus Trindade revelando-se nos pobres e fazendo
deles sua morada permanente: “O Pai havia revelado a Maria o dom feito a
Isabel, a marginalizada porque era estéril [...]; o Espírito Santo revela a
Isabel que Maria, a serva do Pai, se tornou ‘Mãe do Senhor’. Assim a Trindade
entra na casa dos pobres humilhados que esperam a libertação”. E são os pobres
que “proclamam a misericórdia do Deus
que se lembra dos pobres, vem morar com eles porque os ama, trazendo-lhes a plenitude
da salvação”.
Isabel chama Maria de “bendita”.
Na Bíblia, as pessoas falam assim quando descobrem a presença do Deus que
salva. Maria é chamada de “bendita” porque é vista como o lugar privilegiado onde
se experimenta Deus. E, Mais, na cena se percebe o Antigo Testamento
(representado por Isabel e João) bendizendo o Novo que irrompe (simbolizado por
Maria e Jesus); o Antigo Testamento reconhecido a nova humanidade que se está
formando no seio de Maria. É a misericórdia de Deus para com a humanidade agora
se revelando em Jesus que vem para salvar.
Interessante que Isabel elogia
Maria e a chama de feliz, porque acreditou que as coisas ditas pelo Senhor
iriam se cumprir. Neste sentido, Maria, feita totalmente serva do Senhor, aparece como perfeito modelo do discípulo. “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a
observam”, dirá Jesus mais tarde.
“Bendito o fruto do teu ventre”,
proclama Isabel. Sim, ali está um corpo que veio para fazer a vontade do Pai:
“Eis que eu venho [...], ó Deus, para fazer a tua vontade”. Isto é, através da
entrega total e permanente de si em favor do resgate da dignidade humana
“ferida”, Cristo vem e sela uma nova história da humanidade. Vontade feita não
mais de sacrifícios de animais para homenagear Deus, como antigamente, mas do
sacrifício do seu próprio corpo para salvar as pessoas. Sendo assim, Jesus
tornou-se exemplo para todos nós. Natal é acolher Jesus e essa acolhida só será
verdadeira se, com ele, dissermos: “Aqui estamos! Em parceria com Deus, unidos
a Jesus e na dinâmica do Espírito Santo, vamos construir um mundo mais humano”.
A Palavra de Deus nos mostra,
portanto, o lugar social onde Deus se encarna a fim de construir uma nova
sociedade: “Ele se encarna nos pobres e nos meio deles, trazendo-lhes plenitude
de vida e salvação. À semelhança de Maria, Zacarias, Isabel e João, os
marginalizados são hoje o lugar privilegiado onde se experimenta Deus. O clima
de alegria que invadiu João Batista no seio de sua mãe se traduz hoje nas
expectativas e esperanças do povo que espera a libertação. Benditos os pobres
que crêem, aguardam e fazem a hora da libertação! Benditos os que descobrem
neles a presença do Deus que salva! Jesus é a oferta que agrada ao Pai e
santifica as pessoas. Seu corpo entregue é salvação, perdão e esperança que já
começa a se concretizar na comunidade dos que fazem a vontade do Pai. A melhor
resposta a ser dada à gratuidade da salvação é a entrega pessoal e comunitária:
‘Estamos aqui para fazer a tua vontade’”.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
A Igreja é a Casa da
Palavra
“Cumpra-se em
mim tua Palavra”. A Palavra da Salvação se faz gente no ventre da Mãe Maria. A
fé cristã entende que, em Jesus, Deus realiza aquilo que desde a criação
guardou para Israel e foi revelando pelo trabalho dos reis, pela voz dos
profetas e pela lira dos cantores. No boca de Maria, imagem do povo de Israel
em aliança com seu Senhor, ícone da fidelidade ao pacto que seus antepassados
aceitaram de Deus, ressoa o sim às suas promessas. Não por outro motivo, ela é
chamada Arca da Aliança, uma referência clara à “shechinah” (divina presença)
que peregrina em meio ao povo, guardada em seu interior. É imagem da Igreja,
ainda por ser claramente “Casa da Palavra”, pois em seu seio está o Verbo feito
carne. Conseqüentemente se torna “Bet-Lehem”, Casa do Pão, pois o Verbo feito
carne deu a si mesmo como alimento, para que vivamos a vida que o anima.
Ao celebrar
Palavra, proclamando as narrativas e cantando os hinos das Escrituras, a
comunidade cristã ocupa o seu lugar e se reconhece não somente grávida do
Verbo, mas, sobretudo, lugar onde Ele se torna história, na concretude da vida
no mundo.
O Espírito santifica
O mesmo
Espírito nos santifica na caminhada. A Liturgia celebrada é interpretação
cultual e existencial das Escrituras. Nesse
sentido, aquilo que é “dito” nos textos é “visto e vivido” nos ritos.
Podemos notar esse “procedimento” na oração sobre as oferendas, que reza:
“(...) o mesmo Espírito que trouxe a vida ao seio de Maria, santifique estas
colocadas sobre o vosso altar” e poderíamos completar com a epiclese sobre os
comungantes: “afim de que participando co Corpo e Sangue de Cristo sejamos
reunidos pelo (mesmo) Espírito Santo num só corpo”. Quando nos reunimos,
portanto, no amor de Cristo, faz-se a passagem do “antigo” para o “novo”, não
só dos “Testamentos”, passagem essa em que reconhecemos o Novo realizando o
Antigo se florescendo no Novo, mas, sobretudo, da velha criatura que rejuvenesce
e volta à condição de parceira fiel de Deus.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Neste quarto
domingo de Advento, vivemos este grande mistério: a Igreja está grávida de
Cristo. Está para dar à luz Jesus, no hoje do nosso tempo: Deus vem morar entre
os empobrecidos; encarnar-se neles para salvá-los.
Para que isso aconteça, basta que nos
coloquemos na atitude de Maria: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim
segundo tua palavra”. Ou na atitude de Cristo, quando entrou no mundo: ‘Eu vim,
ó Deus, para fazer a tua vontade’ (cf. segunda leitura). ‘Graças a esta vontade
é que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma
vez por todas’, a exemplo de Maria.
Em cada
eucaristia tornamo-nos, em Cristo, corpo dado, dispostos a colocar-nos a
serviço dos necessitados, a exemplo de Maria.
Por Maria, o Senhor nos visita,
trazendo a salvação. Motivo de alegria e de ação de graças! Cabe a nós visitar
os necessitados, levando em nós o Cristo, para que também eles exultem de
alegria no Senhor. Felizes de nós se acreditarmos!”.
É precisamente celebrando a
eucaristia que sentimos que a salvação nasce dos pobres aos quais Maria tão bem
representa. Por isso, na oração eucarística, louvamos, bendizemos e
glorificamos a Deus pelo mistério da Virgem Maria, Mãe de Deus. Como o
sacerdote proclama no Prefácio: “[Se] do antigo adversário nos veio a desgraça,
[...] do
seio virginal da Filha de Sião germinou aquele que nos alimenta com o pão do
céu e garante para todo gênero humano a salvação e a paz”. Sim, bendito seja
Deus, pois “em Maria é-nos dado de novo a graça que por Eva tínhamos perdido.
Em Maria, mãe de todos os seres humanos, a maternidade, livre do pecado e da
morte, se abre para uma nova vida”. Realmente, “se grande era a nossa culpa,
bem maior agora se apresenta a divina misericórdia em Jesus Cristo, nosso
Salvador” (Prefácio do Advento IIA).
Celebrando a eucaristia, entramos em
comunhão com o Pobre mais pobre de todos os pobres: O Verbo eterno do Pai, que,
nascido da Virgem Maria, viveu em tudo a condição humana (menos o pecado!),
morreu e ressuscitou pela salvação de todos e agora, na condição humilde de pão
e vinho, torna-se corpo entregue e sangue derramado. Comungando deste corpo
entregue e deste sangue derramado, assimilamos o Pobre que Cristo é, para que
com ele também nós sejamos servos uns dos outros na construção de uma sociedade
nova, em que reine a justiça, a comunhão e a paz. É isso que Deus quer de nós,
ao celebrarmos o Natal do Senhor.
Assim, depois da comunhão o
sacerdote reza em nome de todos: “Ó Deus todo-poderoso, tendo nós recebido hoje
o penhor da eterna redenção [o Corpo de Cristo entregue por nós] fazei que, ao
aproximar-se a festa da salvação, nos preparemos com maior empenho para
celebrar dignamente o mistério do
vosso Filho, que vive e reina para sempre. Amém!”.
6- ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Neste
domingo valorize-se, especialmente, a acolhida de todos que vêm para a
celebração, com a mesma alegria que Isabel (grávida de João Batista) acolheu a
Virgem Maria (grávida de Jesus Salvador).
2. Valorizar a
participação das mães gestantes nos vários momentos da celebração.
3. Continue-se
destacando a coroa de Advento e faça-se um rito de acendimento da quarta vela,
com um canto, ou um refrão meditativo, ou uma oração apropriada. Veja
orientação em Música Ritual.
7-
MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo do Advento,
ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só
saber que os cantos são do Tempo do Advento, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve
ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado. Jamais os cantos devem ser escolhidos para satisfazer o
ego de um grupo ou de um movimento ou de uma pastoral. Não devemos esquecer que
toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de
uma pastoral ou de um movimento.
1. Canto de abertura. Como o orvalho do céu, brota da terra o
Salvador (Isaias 45,8). “Como o sol nasce da aurora,” CD: Liturgia VIII, melodia
da faixa 13.
A Igreja
também oferece outras opções. “No céu se formam as nuvens”, Hinário Litúrgico I
página 82; “Ouve-se na terra um grito” CD: Liturgia IV, melodia da faixa 1.
Ensina a Instrução
Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além de unir a
assembléia, “inseri-la no mistério celebrado” (IGMR nº 47). Nesse sentido o
Hinário Litúrgico I da CNBB nos oferece uma ótima opção, que muitos estão
gravados no CD: Liturgia V e CD: Liturgia VIII.
2- Canto para o acendimento das velas da
Coroa do Advento
3º Domingo
“Acendamos a quarta
vela, acendamos a quarta vela”, CD: Cristo Clarão do Pai, melodia da faixa 2,
Paulus.
3. Ato Penitencial. Ver a
fórmula 1, para o Tempo do Advento página 395 do Missal Romano para o Tempo do
Advento. “Senhor, que vistes ao mundo
para nos salvar, tende piedade de nós”.
4. Salmo responsorial 79/80. O
Pastor de Israel está voltado para o seu
povo. “Fazei, Senhor, brilhar a
vossa face,/ convertei-nos para que sejamos salvos”, CD: Liturgia VIII, música
igual a faixa 2. Pode ser também o refrão do Lecionário.
Para a
Liturgia da Palavra ser mais rica e proveitosa, há séculos um salmo tem sido
cantado como prolongamento meditativo e orante da Palavra proclamada. Ele
reaviva o diálogo da Aliança entre Deus e seu povo, estreita os laços de amor e
fidelidade. A tradicional execução do Salmo responsorial é dialogal: o povo
responde com um refrão aos versos do Salmo, cantados um ou uma salmista. Deve
ser cantado da mesa da Palavra.
Para que
cumpra sua função litúrgica, não pode ser reduzido a uma simples leitura. É
parte constitutiva da liturgia da Palavra e tem exigências musicais, litúrgicas
e pastorais.
5. O canto ritual do Aleluia. “Eis
aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lucas 1,38).
“Aleluia... Eis a serva do Senhor!”, CD: Liturgia VIII, melodia da faixa 9. O
canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário
Dominical.
Aleluia é uma
palavra hebraica “Hallelu-Jah” (“Louvai ao Senhor!”), que tem sua origem na
liturgia judaica, ocupa lugar de destaque na tradição cristã. Mais do que
ornamentar a procissão do Evangeliário, sempre foi a expressão de acolhimento
solene de Cristo, que vem a nós por sua Palavra viva, sendo assim manifestação
da fé presença atuante do Senhor.
6- Canto para a resposta das preces
R: Vem, vem,
Senhor Jesus, vem,/ Vem, bem-amado Senhor! (bis); Hinário Litúrgico I, página
88-89.
7. Apresentação dos dons. Quando acolhemos o Verbo de Deus, como Maria,
o nosso coração nos chama a partilhar. O canto de apresentação das oferendas,
conforme orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho.
Seu tema é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja
reunida em oração neste Quarto Domingo do Advento. “Muito suspira por ti teu
povo fiel” CD: Liturgia VIII, melodia da faixa 10. Outra ótima opção é o canto:
“As nossas mãos se abrem, mesmo na luta e na dor”, CD: Liturgia VIII, melodia
da faixa 10.
8. Canto de comunhão. A Virgem
conceberá o “Deus-conosco” (Isaias 7,14).
“O Senhor fez por mim maravilhas, Santo é seu nome, santo é seu nome!” CD:
Liturgia VIII, melodia da faixa 14; “A minha alma engrandece o Senhor”, CD:
Liturgia VIII, faixa 11; “O Senhor fez por mim maravilhas, santo, santo, santo
é teu nome.” CD: Liturgia VIII, faixa 6; “O Senhor fez em mim maravilhas Santo
é seu nome” CD: Liturgia IV, faixa 12; “Salve, Maria, tu és a estrela virginal
de Nazaré, CD: Festas Litúrgicas III, faixa 16. Estes cinco cantos retomam o Evangelho na
comunhão de maneira autentica.
9. Canto de louvor a Deus após a
comunhão: Durante o Tempo do Advento omite-se este canto
8- ESPAÇO CELEBRATIVO
1. Contemplando
o lugar em que celebramos, a partir da espiritualidade que nasce dos textos
bíblicos e eucológicos deste Quarto Domingo, não podemos deixar de reconhecer
nele a esterilização da Arca da Aliança. É lugar de cumprimento daquilo que se
anuncia na Liturgia da Palavra e que nos nutre, ao comungarmos do Pão e Vinho
Eucaristizados.
2. Nesse
domingo, a imagem de Nossa Senhora grávida pode estar no átrio (entrada) do
lugar da celebração ou no presbitério próximo à Mesa da Palavra. Velas podem
estar acesas ao seu redor. O aroma do incenso queimando aos pés aos pés da
imagem, que pode ser um ícone, recorda o sacrifício de louvor daqueles e
daquelas que se dedicam a fazer a vontade do Senhor (cf. Hebreus 10,5-10/ II
leitura), como Maria de Nazaré.
9. AÇÃO RITUAL
A celebração
deste quarto Domingo do Advento põe em evidência a figura de Maria como símbolo
que acontece cada vez que fazemos assembléia em torno da Palavra e do Pão e
Vinho Consagrados: o Verbo se faz carne e habita entre nós. No seio da Igreja é
gerado o Cristo, como verdadeiro dom de Deus para que todos tenham vida e a
tenham em abundância (João 10,10).
Ritos Iniciais
1. A
celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto
de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a
assembléia no Mistério celebrado. A procissão de entrada pode ser acompanhada
com a entrada do Evangeliário, que deve ser colocado na mesa do Altar, até a
hora da aclamação ao Evangelho, durante a qual é levado, solenemente, até a
mesa da Palavra.
2. Para
saudação presidencial poderá ser inspirada em Gálatas 4,4:
O Deus que, na plenitude dos tempos, enviou
o seu Filho nascido de uma mulher, pela ação do Espírito Santo, esteja
convosco.
3. Em seguida,
seria muito conveniente recordar os acontecimentos que sinalizam a presença e a
atuação de Deus na vida da comunidade.
4. Após o
sinal da cruz, da saudação presidencial, e da recordação da vida, antes de dar
o sentido litúrgico, inicie-se o rito de acendimento da quarta vela da Coroa do
Advento. É válido recordar que a coroa deve ser feita de forma circular, com
ramagens verdes naturais. Evite-se o uso de objetos natalinos, pois dão a
impressão de que a coroa é uma guirlanda, o que tira todo o seu simbolismo. As
velas não precisam ser coloridas, visto que o símbolo, mesmo, é a luz que delas
irradiam. Acende-se solenemente a coroa.
5. As três
primeiras velas devem estar acesas antes dos Ritos Iniciais. Uma mulher grávida
se aproxima da coroa, trazendo uma pequenina chama ou uma vela pequena acesa
(evitem-se os fósforos que criam ruído, apagam-se facilmente, enfraquecendo a
ação simbólica, do ponto de vista exterior, o que acarreta na assembléia
dispersão e impaciência). Onde não for possível uma mulher grávida, chamar uma
mulher idosa, lembrando a anciã Isabel. Depois de acesa a terceira vela, com as
mãos erguidas para o alto diz:
4. Alguém se
aproxima da coroa, trazendo uma pequenina chama ou uma vela pequena acesa
(evitem-se os fósforos que criam ruído, apagam-se facilmente, enfraquecendo a
ação simbólica, do ponto de vista exterior, o que acarreta na assembleia
dispersão e impaciência).
Depois de
acesa a segunda vela, cantar este refrão que está no CD: Cristo Clarão do Pai,
melodia da faixa 2, Paulus. Se a equipe de canto não tiver o CD, é só entrar no
Google que encontra-se a música e
também a partitura.
Acendamos a quarta vela, acendamos a quarta vela.
Sentinela a vigiar:
logo o Senhor virá, logo o Senhor virá.
Deus-Conosco: luz a brilhar. Deus-Conosco: luz a brilhar!
6. Terminado o
acendimento da Coroa, o presidente da celebração, ou diácono ou mesmo o
animador leigo, dá o sentido da celebração:
Domingo de Maria grávida. Lembrando a espera
de Maria, preparemo-nos para a novidade de Deus que chega para nós neste Natal.
Deus está presente em nossa história. Precisamos deixar a esterilidade do nosso
olhar para ver a salvação que está bem perto e nos visita. Ele guia os nossos
caminhos e nos conduz à Paz, atendendo a nossa súplica e afastando de nós a
sensação de abandono que muitas vezes nos assalta. Deus está conosco de modo
sutil e discreto, conduzindo nossos passos, a fim de que alcancemos vida plena.
7. O Ato
penitencial, formulário 1, para o tempo do Advento página 395 do Missal Romano,
seria muito conveniente para marcar a presença e atuação de Deus na história do
povo:
Senhor, que vistes ao mundo para nos salvar,
tende piedade de nós.
8. Na Oração
do Dia, suplicamos a Deus que derrame em nossos corações a Sua graça para que o
mistério da Encarnação, desde a Anunciação até a Ressurreição, possamos chegar
à gloria eterna.
Rito da Palavra
1. A CNBB
orienta a não ter mais comentários antes das leituras. Devemos dar preferência
a um refrão meditativo. Para este Quarto Domingo é muito oportuno este refrão bem
conhecido de todos: “Envia tua Palavra,
Palavra de Salvação, Que vem trazer esperança, aos pobres libertação”, (Ofício
divino das Comunidades página 296).
2. Neste domingo,
contemplando Maria a mulher do silêncio e da contemplação, deixar sempre uns
instantes de silêncio após cada leitura e também após a homilia, para um diálogo
orante de amor e compromisso da comunidade com o Senhor. No silêncio, o
Espírito torna fecunda a Palavra no coração da comunidade e de cada pessoa.
3. Após a
proclamação do Evangelho, pode-se fazer a benção da árvore de Natal,
iniciando-se com este texto de Isaías:
“Para ti virá o esplendor do Líbano,
pinheiros, olmeiros e ciprestes virão enfeitar minha morada” (Is 60,13).
Oração: “Bendito sejais, Senhor nosso Pai, que nos concedestes recordar com fé
os mistérios do nascimento de vosso Filho no meio dos pobres! Concedei a todos
nós, reunidos ao redor desta árvore, que sejamos enriquecidos com os exemplos
de vida de Jesus Cristo, que vive e reina para sempre. Amém!”.
4. A resposta
das preces poderá ser cantada e expressar desejo e expectativa, retomando o
clamor das comunidades do Apocalipse: “Vem, Senhor Jesus!” Por exemplo: “Vem,
vem, Senhor Jesus, vem,/ Vem, bem-amado Senhor!” Hinário Litúrgico I, página
88-89. Se a equipe de canto não conhecer a música, pode-se simplesmente
responder: Vem, Senhor Jesus.
5. Outra opção, é no
momento das preces, como nos domingos anteriores, cantar a Ladainha do Advento,
substituindo-se as fórmulas convencionais, de todos os domingos.
Rito
da Eucaristia
1. Na Oração
sobre as oferendas suplicamos a Deus que os dons do pão e do vinho, não
restringe os cristão só no espaço sagrado, mas deve nos orientar na vida, para
que, em nós, se realizem-se as maravilhas de Deus no cotidiano da vida.
2. Neste
domingo o prefácio mais indicado é o Advento II que realça a alegria da
proximidade do Senhor e poderá ser cantado. Também indicamos o Prefácio IIA que
realça o papel importante de Maria na história da salvação. Neste caso, para
não romper a “unidade literária e teológica” da Oração Eucarística, convém
lembrar que as orações eucarísticas I, II e III, admitem troca de prefácio.
3. Deste
domingo em diante começa o Advento natalícia, isto é a preparação direta para o
Natal. Por este motivo, escolher o Prefácio IIa que contempla Maria, a nova
Eva, cujo embolismo reza: “Em Maria, é-nos dada de novo a graça que por Eva
tínhamos perdido. Em Maria, mãe de todos os seres humanos, a maternidade, livre
do pecado e da morte, se abre para uma nova vida. Se grande era a nossa culpa,
bem maior se apresenta a divina misericórdia em Jesus Cristo, nosso Salvador”.
Outra opção e o Prefácio II do Advento, que contempla as duas esperas de
Cristo. Seguindo esta lógica, cujo embolismo reza: “Predito por todos os
profetas, esperado com amor de mãe pela Virgem Maria, Jesus foi anunciado e
mostrado presente no mundo por São João Batista. O próprio Senhor nos dá a
alegria de entrarmos agora no mistério do seu Natal, para que sua chegada nos
encontre vigilantes na oração e celebrando os seus louvores”. O grifo no
texto identifica aqueles elementos em maior consonância com o Mistério
celebrado neste Domingo e que pode ser aproveitado na celebração, ao modo de
mistagogia. Nas missas do Advento e em todas as outras, desde o primeiro
domingo até 17 a 24 de dezembro, exceto nas Missas com prefácio próprio.
4. A comunhão, de
preferência, seja no Corpo e Sangue do Senhor (IGMR, nº 240). Nossa alegria e
esperança é comer e beber em uma única mesa, na qual todos nos irmanamos em
Cristo, nosso alimento.
5. O Canto do
Magnificat poderá ser entoado por toda a assembléia durante a comunhão, ligando
a meda da Palavra com a mesa da Eucaristia. Ver acima em Música Ritual.
6. Fazer o
sagrado silêncio após a comunhão. Reservar à comunidade celebrante instantes de
silêncio.
Ritos finais
1. Na oração
após a comunhão imploramos a Deus que a Eucaristia, penhor da eterna redenção,
nos prepare para celebrar o mistério do Natal com muito empenho.
2. Dar uma
bênção especial para as mães gestantes presentes na celebração, e a todo o povo
a bênção própria do Advento na página 519 do Missal Romano.
Sugestão de
oração sobre as mães gestantes:
Presidente: Ó Deus, ternura de paz, nós
vos contemplamos na gravidez de Maria e na gravidez destas nossas irmãs. Dai
saúde a estas crianças que estão para nascer e tranqüilidade às suas mães. Elas
nos ajudam a esperar, com toda a criação que geme e sofre em dores de parto, a
libertação e a adoção de filhos e filhas de Deus. Bendito sejais pela alegria
da vinda de Jesus Cristo, nosso Salvador.
Todos: Amém.
Presidente: O Deus, defensor da vida,
confirme estas mulheres na fé e na missão de acalentar a vida que está para
nascer.
Todos: Amém.
Que elas
acompanhem sempre estas novas vidas com o seu amor maternal.
Todos: Amém.
3. As palavras
do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: “Porque
será cumprido o que o Senhor nos prometeu”. Ide em paz e o Senhor vos
acompanhe.
4. O Tempo do
Advento é muito oportuno para aprofundar e exercitar a piedade mariana,
dando-lhes os contornos da espiritualidade do Advento que é da memória e
expectativa a respeito da manifestação do Verbo de Deus no seio do mundo.
5. Assim, após
a bênção final, é oportuno saudar a Virgem Maria com as palavras do Anjo, o que
sugerimos se faça cantando, conforme o texto que está no Hinário Litúrgico I da
CNBB, página 9:
“EU TE SAUDO,
CHEIA DE GRAÇA”, (Bis)
SAUDOU O ANJO
A VIRGEM SANTA. (Bis)
“CUMPRA-SE EM
MIM TUA PALAVRA, (Bis)
POIS DO SENHOR
SOU A ESVRAVA”. (Bis)
6. Ou a forma
tradicional conhecida do Ângelus. Outra opção é a Salve Rainha ou uma Ave Maria.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estamos para
festejar o Natal. O mais importante não será o corre-corre das festas e dos
comes e bebes. Mais urgente do que tudo será que o grupo cristão e todos os
homens e mulheres de boa vontade sintam necessidade de adaptar seus projetos
pessoais aos projetos de Deus que exalta a pequena Belém e faz pouco caso da
alternativa Jerusalém. Mais importante do que enaltecer nossos quereres e a
frágil luminosidade de nossa inteligência é contemplar Maria da fé que acredita
que o Altíssimo pode realizar maravilhas na terra de sua virgindade para
anunciar a Isabel, ao Batista e aos homens e mulheres de todas as idades que
Deus mora em sua vida.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades
de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que
acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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