02 de outubro de 2016
Leituras
Habacuc 1,2-3;2,2-4
Salmo 94/95,1-2.6-7.8-9
2Timóteo 1,6-8.13-14
Lucas 17,5-10
“FIZEMOS O QUE DEVÍAMOS FAZER”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo do
grão de mostarda. Neste domingo celebramos a Páscoa de Jesus e de todos os
batizados. Jesus não se apegou à sua condição divina, mas se fez servo, o
último dos servidores, para que a humanidade encontrasse o caminho da
dignidade. O Senhor vem renovar nossa fé, frágil, e nós o bendizemos como Deus
do universo, que realiza todas as coisas em seu amor.
Hoje o Senhor
nos reúne a fim de fortalecer nossa fé frágil e, como o grão de mostarda,
torna-nos capazes de superar os limites e de realizar importantes tarefas a
serviço da vida e da esperança. A presença do Espírito Santo multiplica nossas
forças, renova nossa fé e “nos coloca sempre de novo no caminho da fidelidade
humilde e sincera”.
Celebremos a
memória da Páscoa de Jesus Cristo, que se estende e amadurece nas pessoas que
doam sua vida na obra missionária da Igreja presente no mundo inteiro.
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os
textos
Primeira leitura – Habacuc 1,2-3;2,2-4. O
profeta Habacuc viveu numa época difícil para Judá. A situação internacional
era a seguinte: a Assíria terrível império, fora definitivamente derrotada pela
Babilônia, em 610 antes de Cristo. O terceiro parceiro da contenda, o Egito,
foi arrastado par ao abismo com a Assíria. Mas ainda era o único contrapeso
para a força babilônica, que se anunciava tremenda.
Judá, pequeno
entre as grandes potências, vivia se equilibrando. Aliado ao Egito, passou para
o lado da Babilônia em 610 antes de Cristo. Mas a faraó egípcio, passando por
lá, derrubou o rei pró-babilônico e colocou no trono Joaquim (609-598 antes de
Cristo), que lhe era favorável. O que
não durou, pois em 605 antes de Cristo Judá estava novamente com a Babilônia. A
situação agravou-se, em seguida, até levar o país à destruição total, em 586
antes de Cristo, pelos babilônios.
O rei Joaquim
foi um cruel tirano e à sua sombra cresceram muitas injustiças em Judá. É
contra tal situação que o profeta Habacuc reclama em 1,2-3. Pois parece que o
Senhor não está se importando com toda esta situação.
Assim, a
pequena parte do pequeno de Habacuc (1,1—2,4) tem a forma de um “diálogo” entre
o profeta, que lamenta a situação e questiona, e o Senhor, que lhe responde e
consola.
O profeta
Habacuc reclama com Deus por aquilo que anda mal na sociedade: violência,
iniqüidade, injustiças, opressão... A impunidade dos malvados atrapalha a vida
do povo, a justiça está longe da vida da comunidade. Mas o círculo vicioso da
opressão é anulado pela força daqueles que são fiéis à Palavra e ao projeto do
Reino. Algo impossível aos olhos humanos, mas possível aos olhos de Deus. O
povo costuma dizer: “Deus tarda, mas não falha”. O arrogante e ambicioso não terá
a palavra final. A pessoa boa viverá por sua fidelidade e Deus proferirá a
sentença final.
Em 1,2-3 a
situação é caracterizada pela violência, iniqüidade, angústia, desolação,
opressão, discórdias e brigas. O profeta pede a Deus para salvar a sociedade
judaica dessa situação. Essa primeira parte é pronunciada na primeira pessoa: o
profeta é o único a falar, mas encarna toda a comunidade, como era uso corrente
nesse tipo de prece, isto é, não é uma prece individualista, mas é o eu povo, o
eu Israel que clama. Uma lamentação sobre as desgraças públicas e um pedido de
libertação (versículos 3-4; cf. Salmo 7,15; 27/28,2; Salmo 54/55,10-11;
Jeremias 28,8) com o “até quando” e o “por que” do desespero (versículos 2-3;
cf. Salmo 41/42,10; Salmo 42/43,2; Salmo 12/13,2-3).
O Senhor
responde (1,5-11), promete castigar Judá através dos babilônios, diz o oráculo
profético. Novo susto do profeta: os babilônios são violentos e vão destruir
tudo, não apenas castigar (1,12-17).
O livro de
Habacuc constitui o texto de uma das últimas grandes cerimônias litúrgicas do
antigo templo antes da queda de Jerusalém (586 antes de Cristo).
Habacuc desempenha
no interior do templo o papel de profeta oficial. Os caldeus (hoje Iraque)
ameaçam a cidade, enquanto o rei Joaquim exerce sobre Judá uma tirania
inomonável. Portanto, o povo se reúne no templo e pede ao profeta para formular
ao Senhor sua queixa (Habacuc 1,2-4). Deus responde por um oráculo (Habacuc
1,5-10), excessivamente geral aos olhos do povo, que então encarrega o profeta
de anunciar uma segunda queixa (Habacuc 1,12-17), à qual responde um segundo
oráculo (Habacuc 2,1-4).
A liturgia
prossegue com cinco pedidos de males proféticas (Habacuc 2,6-20), depois com um
canto do Salmo (Habacuc 3) onde o povo exprime sua esperança de uma intervenção
próxima de Deus para libertá-lo do rei tirano.
A liturgia do
Templo atinge seu ponto culminante no segundo oráculo do Senhor (2,1-4). Sem
dúvida o profeta o profeta ficou a noite todas em escuta (versículo 1) na
espera da resposta de Deus.
Salmo responsorial – Salmo 95/94,1-2.6-7.8-9.
Este salmo é uma mistura de dois tipos. Do início até a metade é um hino de
louvor; a segunda metade é uma denúncia profética. Não devemos esquecer que
este salmo é um ato litúrgico. Os versículos 1 a 2, é um convite ao hino, com
referência ao rito litúrgico de entrada: a estes versículos o salmo deve o seu
uso como invitatório, no início do ofício divino. No convite, com novo rito
litúrgico: prostração diante de Deus. Em seguida o salmo fala da eleição
histórica do povo e a Aliança. “Ele é o nosso Deus, e nós somos o seu povo” é a
fórmula densa da Aliança.
O povo já vive
na terra prometida, tem um Templo, parece ter chegado ao lugar do repouso. E,
apesar disso, cada dia deve ouvir i chamado de Deus e cumpri-lo, para conservar
o dom da terra, onde participa no repouso de Deus. Do contrário, sua
infidelidade na terra prometida será como a infidelidade dos pais no deserto.
A Carta aos
Hebreus nos oferece um comentário cristão deste salmo (Hebreus 3,7-4,11). Todo
o tempo do Primeiro Testamento é uma repetição chamada e espera do “hoje” em
que o povo poderá entrar no descanso de Deus. Com Cristo chega este “hoje”, com
sua ressurreição inaugura-se no mundo o repouso de Deus, que descansou quando
terminou seu trabalho criador. Este “hoje” de Cristo se oferece a todos:
deve-se ouvi-lo e entrar depressa em seu descanso. Mas a vida cristã é de novo
um “começo”, que temos de manter até o fim, para entrar no repouso definitivo
de Cristo em Deus.
O rosto de
Deus no salmo 94. A imagem do pastor (7a) é importante para descobrir o rosto
de Deus neste salmo. A grande ação de Deus-pastor foi ter conduzido seu povo
para fora do cativeiro egípcio, levando-o, pelo deserto rumo à liberdade e à
vida na terra da promessa. A grande resposta do povo será deixar-se conduzir
por Deus-pastor, obedecendo a voz dele (7b).
Jesus se
apresentou como pastor (João 10), conhecedor do íntimo de cada pessoa (João
2,25). Por isso Sua voz profética denunciou as injustiças e seus causadores
(Mateus 23). Denunciou a religião formalista, de aparências (Mateus 7,21), e,
num gesto profético, declarou o fim do Templo de Jerusalém e de sua corrupção,
apesar da aparente fachada de lugar sagrado (João 2,13-22). Jesus denunciou as
mesmas coisas do salmista-profeta.
Por isso,
aquele que tem fé não deve fechar seu coração nem seus ouvidos a Deus. Ele, tal
qual pastor, encontra, nos momentos difíceis, um caminho para renovar sua
Aliança. “Não fecheis o coração; ouvi vosso Deus”. Na compreensão hebraica, o
coração é o centro das decisões da pessoa humana.
Cantando, este
salmo na celebração deste domingo, escutemos a voz do Senhor que nos convida
para renovar a Aliança de amor que Ele fez conosco através de Jesus Cristo:
NÃO FECHEIS O
CORAÇÃO; OUVI VOSSO DEUS!
Segunda leitura – 2Timóteo 1,6-8.13-14. Paulo
está na prisão e escreve a Timóteo, seu discípulo e colaborador, animando-o no
seu ministério de coordenador da comunidade. Essa palavra que Paulo dirige a
Timóteo, nós a acolhemos como Palavra de Deus para nós, que também temos a
responsabilidade de animar a fé de nossos irmãos e irmãs.
A segunda
carta de Paulo a Timóteo data dos últimos anos de sua vida de apóstolo e, sem
dúvida, da época de seu cativeiro romano (cf. 2Timóteo 1,12-17; 2,9) que
deveria conduzi-lo ao martírio (por volta do ano 67).
Certamente
Paulo tem mais de 60 anos. Com a idade, passou a gostar de dar conselhos aos
jovens. A velhice fez crescer sua tendência para o discurso de defesa pessoal e
o obrigou a pensar no futuro e na estruturação das comunidades que fundou.
Paulo anima
Timóteo a reavivar o dom de Deus recebido pela imposição de suas mãos (cf.
1Timóteo 4,14). O gesto de imposição das mãos no Primeiro Testamento poderia
ser sinal de bênção, de identificação ou de consagração. No Primeiro Testamento
ora é gesto de bênção (Mateus 19,13-15), ora de cura (Mateus 9,18; Marcos 6,5;
Lucas 4,40), ora usado como um rito para comunicar a plenitude do Espírito
Santo (Atos 8,17-19; 9,17-18), ora como um rito de consagração de um homem a
uma missão particular na Igreja (Atos 6,6; 13,3). Com este gesto da imposição
das mãos de Paulo seguido da do Presbítero, Timóteo foi investido do Espírito
Santo e revestido do sagrado ministério para o governo da Igreja. A ordenação
conferiu a Timóteo não uma graça passageira, mas uma graça permanente que o
consagra à sua missão. É uma presença particular do Espírito Santo (cf.
versículos 7 e 14) que age como um espírito de força, de amor e de sobriedade.
Os dons do Espírito Santo não dispensam a cooperação da pessoa, por isso São
Paulo anima a reavivar o dom de Deus.
Ninguém deve
se envergonhar por causa do Evangelho. O discípulo está a serviço da Boa-Nova
de Cristo e nesse ministério deve ser firme e fiel na fé, para poder
solidificar a fé dos irmãos a ele confiados.
Evangelho – Lucas 17,5-10. O Evangelho deste domingo dá continuidade à
caminhada de Jesus e de seus discípulos a Jerusalém. A viagem reflete o caminho
da comunidade com suas crises e sua busca de soluções aos desafios que emergem
da prática cristã. Jesus subdivide as instruções de Mestre em três situações e
conclui com a parábola do servo e seu senhor.
Os discípulos
enfrentam a crise da fé. Eles que haviam recebido o “poder de pisar em cima de
cobras e escorpiões, sobre as forças do mal e realizar maravilhas” (Lucas
10,17-19), agora, diante dos desafios e exigências para concretizar o projeto
de Jesus, entre crises e fracassos, sentem abaladas sua fé e confiança.
Não se trata
de fé teologal, mas de confiança ilimitada e humilde em Deus que lhes dará
poder para observar os ensinamentos de Jesus, e para realizar as obras daqueles
que são chamados ao apostolado, como são a “conversão” das pessoas e os
milagres. A resposta de Jesus (versículo 6) este sentido, pois a fé não tem
tamanho, visto que é suficiente um pouco de fé para operar grandes coisas. O
grão de mostarda é conhecido pelo seu tamanho diminuto. A fé pode ser do
tamanho desta pequenina semente. Por conseguinte, o mínimo grau de fé é
suficiente para realizar feitos extraordinários como o desarraigamento duma
árvore (amoreira) e seu deslocamento para o mar.
Jesus propõe o
exemplo da semente da mostarda, que de minúscula se transforma numa árvore. Para
ele, o problema da fé não está na quantidade, mas na qualidade. A fé, ainda que
pequenina como a semente de mostarda, tem a força de realizar aquilo que
parecia impossível. Esse impossível aos homens é representado na figura da
amoreira com suas raízes profundas e fortes que se arranca e se transporta para
o mar (Lucas 17,6).
Jesus conclui
os ensinamentos com a narrativa do relacionamento entre o servo e seu senhor. Mesmo
fatigado, o servo deve cumprir sua obrigação: servir seu senhor sem esperar
retribuição especial (Lucas 17,7-9). Com isso Jesus acena aos discípulos a
atitude da confiança no Deus que não tem obrigação de prestar contas a ninguém.
Jamais o discípulo deve agir para esperar recompensas de seus méritos. Seu
dever é empenhar-se totalmente no serviço perseverante do Reino (Lucas 17,10).
Tal modo de agir choca a mentalidade de hoje, segundo a qual a mínima prestação
de serviço exige específica e qualificada gratificação.
A parábola dá
a entender que o patrão é um pequeno proprietário e portanto pobre, que possui
apenas um empregado que deve trabalhar no campo e fazer os serviços de casa
(versículo 8). Contudo ele está a serviço do patrão (versículo 9) e deverá
cumprir bem o seu dever e estar à
inteira disposição de seu senhor e este não lhe deve nenhuma recompensa
especial; o servo fez o que devia fazer e cumpriu o seu dever. “Cingir-se” é um
modo próprio de vestir dos orientais, que, usando longas vestes, costumam
prende-las na cintura com um cinto quando viajavam ou estavam ocupados em
trabalhos que exigiam certa liberdade de movimento. No texto significa que o
servo deve estar pronto para servir.
Qual a
aplicação do versículo 10? É uma reflexão que Lucas faz sobre a fé e as obras.
A pessoa que confia incondicionalmente em Deus fará coisas maravilhosas. Ele
não quer dizer que a fé realmente será capaz de transplantar uma amoreira para
o mar ou que as nossas obras não valem nada, mas que a pessoa fiel pode tudo;
contudo, isso não quer dizer que terá direitos diante de Deus, nem que Deus lhe
ficará devendo obrigações. Se consegue realizar algum bem é pelo poder de Deus.
A recompensa virá na medida em que confiar em Deus e servir os irmãos. Este é o
ideal do seguidor de Cristo.
3- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
O teólogo Karl
Rahner definiu por Graça a auto-comunicação de Deus à criatura finita, isto é,
Deus se comunica de si mesmo para as pessoas, e isso é dom. Deus é o totalmente
Outro que se dá a conhecer tornando-se próximo de nós.
Essa
proximidade com o ser humano fez com que a Encarnação do Verbo renovasse a
humanidade. A misericórdia e perdão são bens que recebemos e que ultrapassam
nosso merecimento (Oração do Dia), por isso não nos faltam motivos para
reconhecer a alteridade do Criador e lhe render louvor.
Mais do que
justo, é necessário levar um louvor ao Pai pois, através do sacrifício que
celebramos, somos santificados (Oração sobre as Oferendas). Esse louvor mostra
nossa resposta à comunicabilidade de Deus, que através da celebração da
Eucaristia nos inebria, transformando-nos no Cristo que recebemos (Oração
depois da Comunhão).
A nossa
“obrigação” de servir, portanto, não advem de um estado de escravidão à
soberania divina. Manifesta-se no exercício da livre acolhida da fé da Igreja
no Batismo, mediante a qual permitimos que Deus aja em nós por seu Filho Jesus.
Somente quem desfruta da verdadeira liberdade é capaz de oferecer seu próprio
corpo (vida!), para que Cristo e seu Espírito continuem evangelizando.
4- A PALAVRA CELEBRADA VIVIDA NO COTIDIANO DA VIDA
Hoje os
discípulos que rezam “aumenta nossa fé” são as comunidades, os agentes de
pastoral com suas crises e sua busca de soluções para tantos problemas da vida,
pouco ou nada diferentes dos tempos do profeta Habacuc, quando a corrupção, a
violência e a impunidade andavam soltas.
Há quem se
questione sobre a eficácia da pregação da Igreja e do serviço abnegado de
tantos servidores. Por que, depois de tantos séculos e de tantas pessoas que
deram a vida no anúncio do Evangelho do Reino, o projeto de Deus ainda não se
reproduz na prática social? Os esquemas viciados de corrupção, a injustiça e
violência parecem aumentar, em vez de diminuir.
No emaranhado
do complexo da história, os seguidores de Jesus são uma pequena semente
fecundada pelo Espírito de Deus. Imaginam fazer as mesmas coisas e ter o poder
do Mestre sobre as forças do mal. Sonham com o ideal de superar os maiores
impasses. Uma realidade constantemente provocada pela tentação do ser presença
ostensiva e do agir espetacular. Gratificante é ser cristão na horta do show.
Difícil é testemunhar a fé na crise, manter a confiança diante de tantos
impasses e alimentar a esperança ante o martírio. Fascinante é aclamar Jesus no
sucesso. Menos confortável é reconhecê-Lo e professá-Lo na dor, na opressão, na
violência e na perseguição. Empolgante é “querer encontrar Jesus”.
Decepcionantes são depois suas exigência no seguimento até a cruz.
A Boa-Nova de
Jesus revela a força da fé ao criar o novo e forjar o impossível pela entrega
total do discípulo a Deus na realização de sua vontade. O novo não brotará do
modo humano de compreender e agir, mas da ação daquele que não abandona seu
povo. Por isso, Paulo convida os servos e reavivarem o dom de Deus que o
Espírito Santo depositou em seus corações para o serviço das comunidades. O
primeiro mandamento na vida da comunidade é o serviço, como forma de dignificar
a pessoa do outro.
A atitude
serviçal aproxima o discípulo e a discípula da atitude do Mestre. “Eu dei o
exemplo para que façais a mesma coisa que eu fiz” (João 13,1ss). O próprio
Jesus conclui que há uma única via para ser autenticamente para ser discípulo:
servindo o próximo, sobretudo os abandonados, os doentes do jeito que Ele fez.
Essa consciência humilde e simples anima relações reconciliadas e fraternas.
Quando alguém adquire a consciência e o significado da dimensão do serviço
gratuito ao próximo, aí descobre o verdadeiro sentido da vida.
A fé não é uma força direcionada aos interesses
e caprichos pessoais, mas voltada às necessidades dos irmãos e irmãs do Reino.
A pessoa de fé sabe que tudo o que tem e faz de bom vem de Deus. Por essa
razão, ela não lança diante de Deus os seus merecimentos, exigências ou
privilégios. Ela se reconhece profundamente serva, já que tudo que realizou
nada mais foi do que sua obrigação.
Só a quem
mergulhar no dinamismo do Reino e empenhar a força de seu amor na construção do
Reino é dada a alegria e a satisfação de exclamar: sou um servo pobre e inútil,
fiz o que devia fazer. O discípulo e a discípula do Senhor, “que veio para
servir e não para ser servido” (Marcos 10,45), não invocará méritos e direitos,
mas celebra a alegria de servir.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Neste domingo,
a comunidade cristã reconhece a fraqueza de sua fé e a força que vem de Deus.
Jesus Ressuscitado nos reúne e acolhe nossas dificuldades na missão e no
desempenho dos serviços comunitários. Na ação litúrgica, o Mestre, sempre
presente, nos transforma em seus discípulos e discípulas, libertando dos
temores da missão, e nos encoraja para que sigamos dedicados ao serviço que,
pelo dom do Espírito Santo, assumimos gratuitamente em benefício da comunidade.
A proclamação
e a acolhida da Palavra na celebração litúrgica fazem “a pequena semente” (a
comunidade, a Igreja) crescer até se transformar numa frondosa árvore e, pela
ação do Espírito Santo, nos leva a redescobrir e recuperar a auto-estima pela
pequena semente. Pela memória da Páscoa de Jesus, que se fez servo de todos por
sua paixão e morte, o Espírito de Deus reaviva em o dom do Pai e fecunda nossa
fé mediante a participação ativa na escuta da Palavra, na oração e na comunhão.
O encontro com
o Senhor fecunda nossa fé e reanima o propósito de fidelidade no serviço
sincero e gratuito à comunidade inserida na sociedade marcada por violência e
opressão. O Senhor renova sua Palavra: “Não tenhais medo. Eis que eu estou
convosco!”.
Mo mês de outubro,
a Igreja procura redescobrir e aprofundar a missão que o Senhor lhe confiou, a
fim de que, saciando a sede dos povos, todos tenham mais vida e esperança. A
missão não é, antes de tudo, obra da Igreja, mas da ação amorosa de Deus. O Pai
é a fonte da missão e atua no mundo através do Filho e do Espírito Santo.
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Falando da
importância da preparação, recordamos que para a participação de toda a
assembléia ser “plena, consciente e ativa” (Sacrosanctum Concilium, n.14) é
conveniente que a preparação desenvolva-se com os seguintes passos: 1º: pedir
as luzes do Espírito Santo; 2º: avaliar a celebração anterior; 3º: aprofundar e
conversar sobre o que se vai celebrar; 4º: ler e aprofundar as leituras
bíblicas e as orações; 5º: exercitar a criatividade; 6º: escolher os cantos
relacionados com o mistério celebrado; 7º: elaborar o roteiro; 8º: distribuir
os vários ministérios e serviços.
2. Os cantos e
músicas devem expressar o sentido de cada domingo. Para isso temos o Hinário
Litúrgico III, da CNBB: “Senhor, em tuas mãos” página 127; “Não fecheis o
coração; ouvi vosso Deus!”, página 180-181; “Aleluias, como astros no mundo”
página 243; “Ó Deus recebe o trigo, moído!” página 426; “Depende de termos fé”,
página 287; “Embora sendo muitos”, 388-394.
4. Cada vez
mais, cai em desuso os chamados “comentários” antes das leituras. Preferem-se
as brevíssimas monições que exortam os fiéis para o acontecimento que se
seguirá. São mais afetivos e introdutórios, do que informativos de qualquer
conteúdo teológico ou catequético. São, inclusive, dispensáveis, sendo
preferível o silêncio ou um refrão meditativo que provoque na assembléia aquela
atitude vigilante para a escuta e conseqüentemente acolhida da Palavra de Deus.
Sugerimos, neste caso, antes de iniciar a Liturgia da Palavra, o refrão “Senhor
que a tua Palavra”.
5. A mesa da
Palavra e a mesa da Eucaristia formam um só ato de culto; portanto, é preciso
manter um equilíbrio de tempo entre as duas. Demasiada atenção dada à procissão
com o Lecionário ou com a Bíblia, homilias prolongadas, introduções antes das
leituras parecendo comentários ou pequenas homilias, tudo isso prejudica o rito
eucarístico, que em conseqüência acaba sendo feito às presas.
6. Fazer uma
prece especial pelas eleições que ocorrerão no próximo domingo.
7. “É muito
recomendável que os fiéis recebam o Corpo do Senhor em hóstias consagradas na
mesma Missa e participem do cálice nos casos previstos, para que, também
através dos sinais, a comunhão se manifeste mais claramente como participação
do Sacrifício celebrado” (IGMR nº 56 h). Um dos mais graves abusos nas
celebrações da eucaristia é a distribuição da comunhão do sacrário como prática
normal. Assim pecamos contra toda a dinâmica da ceia eucarística, que consta da
preparação das oferendas, da ação de graças sobre os dons trazidos, da fração
do pão consagrado e da sua distribuição àqueles que, com a oblação deste pão,
se oferecem a si mesmos com Jesus ao Pai.
8. Dia 04,
lembramos a memória de São Francisco de Assis, amigos dos pobres e doentes. Dia
05, lembramos a memória de São Benedito, o negro.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo Comum, é
preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser
cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado. A função da equipe de canto não é
simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 27º
Domingo do Tempo Comum. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico,
com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que
toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de
uma pastoral ou de um movimento.
A equipe de
canto faz parte da assembléia. Não deve ser um grupo que se coloca à frente da
assembléia, como se estivesse apresentando um show. A ação litúrgica se dirige
ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Portanto, a equipe de canto deve se
colocar entre o presbitério e a assembléia e estar voltada para o altar, para a
presidência e para a Mesa da Palavra. Não devemos esquecer que a “equipe de
canto” faz parte da equipe de liturgia.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse
sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão
gravados nos CDs Liturgia VI e XI.
1. Canto de abertura. (Ester
13,9.10-11) Ninguém pode resistir à
vontade de Deus e estrofes do Salmo
125/124. Quem confia no Senhor a sua vida não será abalada. Música da faixa nº 9,
exceto o refrão, CD Liturgia VII.
2. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD Festas
Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da
CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso e
outros compositores.
O Hino de
Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é,
voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho.
O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de
Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo,
exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o
Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou
nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da
assembléia.
3. Salmo responsorial 95/94. Prostremo-nos
diante do Senhor, que nos criou, pois ele é nosso Deus. “Não fecheis o coração;
ouvi vosso Deus!” Melodia da faixa nº 6- CD Liturgia XII.
O Salmo
responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura.
Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura
para a comunidade celebrante. Primeira leitura, Palavra proposta e salmo
Palavra resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser
Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista.
4. Aclamação ao Evangelho. (Filipenses
2,15-16). “Aleluia... Como astros no mundo, vocês resplandeçam”, melodia da
faixa nº 11, CD Liturgia XII. O canto de
aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical.
5. Apresentação dos dons. A escuta
da Palavra e colocá-la em prática, deve gerar na assembléia a partilha para que
ela possa ser sinal vivo do Senhor. Devemos ser oferenda com nossas oferendas. Quando
temos compaixão dos necessitados, o nosso coração nos chama a partilhar. “Quem
nos separará, quem vai nos separar...” CD: festas litúrgicas II, faixa 21; “As
mesmas mãos que plantaram as sementes aqui estão”, melodia da faixa nº 4, CD Liturgia
VII ou “Ó Deus, recebe o trigo, moído”, melodia da faixa nº 8, CD Liturgia XII.
6. Canto de comunhão. (Lucas 17,5
e estrofes do Salmo 112/111). É feliz toda pessoa que teme o Senhor e ama seus
mandamentos. Somos felizes quando ajudamos os outros. “Depende de termos fé”, melodia
da faixa nº 9, exceto o refrão, CD Liturgia XII. Temos outras opções de cantos
de comunhão. “Nós somos muitos mas formamos um só corpo”, CD Cantos de Abertura
e Comunhão, faixa 6; “Embora sendo muitos” Hinário Litúrgico III da CNBB,
página 388-394.
O canto de
comunhão deve retomar o sentido do Evangelho de cada Domingo. Esta é a sua
função ministerial. Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é
dado na Eucaristia, ou seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o
Cristo se dirige a nós em cada celebração eucarística reforçando estes
conteúdos bíblico-litúrgicos, garantindo ainda mais a unidade entre a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Isto
significa que comungar o corpo e sangue de Cristo é compromisso com o Evangelho
proclamado. Portanto, o mesmo Senhor que nos falou no Evangelho, nós o
comungamos no pão e no vinho. É de se lamentar que muitas vezes são escolhidos
cantos individualistas de acordo com a espiritualidade de certos movimentos,
descaracterizando a missionariedade da liturgia. Toda liturgia é uma celebração
da Igreja e não existem ritos para cada movimento e nem para cada pastoral.
Cantos de adoração ao Santíssimo, cantos de cunho individualista ou cantos
temáticos não expressam a densidade desse
momento. Tipos de cantos que devem ser evitados numa celebração eclesial:
“Eu amo você meu Jesus”; “Ti olhar, ti tocar”; “Fica comigo Jesus”, “Eu quero
subir...”
7. Desafio para os instrumentistas. É
transformar as ondas sonoras do violão, do teclado e dos outros instrumentos na
voz de Deus, isto é, em sintonia com o coração de Deus. Muitas vezes os
instrumentistas acham que para agradar a Deus e o povo é preciso barulho e
agitação. É preciso uma conscientização maior dos instrumentistas de que Deus não
gosta do barulho. Assim fala o Senhor: “Afasta de mim o barulho de teus cantos,
eu não posso ouvir o som de tuas harpas” (Amós 5,23). Deus gosta da brisa leve,
da serenidade, da mansidão, do silêncio... Veja o exemplo da experiência que o
profeta Elias fez de Deus na brisa suave
e não na agitação do furacão, nem do terremoto e nem do fogo (1Reis 19,11-13).
É preciso muito cuidado com os instrumentos de percussão. As equipes de canto e
as bandas barulhentas, não expressam aquilo que Deus é, mas aquilo que os
músicos são. “O barulho não faz bem, o bem não faz barulho” (São José Marello).
8- O ESPAÇO CELEBRATIVO
1. Preparar
bem o espaço celebrativo, de modo que seja acolhedor, aconchegante.
2. “O altar
dentro da Igreja goza da mais alta dignidade, merece toda honra e distinção,
pois nele se realiza o mistério Pascal de Cristo, do qual é o símbolo por
excelência. Pela sua dignidade e valor simbólico, o altar não pode ser um móvel
qualquer ou uma peça sem expressão, mas precisa ser nobre, belo, digno, plasticamente
elegante. Nada se sobrepõe ao altar. Ele pode ser realçado com a toalha, as
velas, a cruz processional, as flores. Todos estes elementos devem enfatizar a
sua nobreza e sobriedade, sem escondê-lo ou dificultar as ações litúrgicas.
3. Os
castiçais com as velas, a cruz processional, as flores sejam preferivelmente
colocados ao lado, deixando a mesa livre para que apareçam os sinais
sacramentais do pão e do vinho. A toalha, caindo somente nas laterais, sem
esconder totalmente a frente do altar, pode ser colocada para a celebração da
Eucaristia, dando ênfase ao banquete que o Senhor nos prepara. “Durante o dia,
o altar pode permanecer desnudo ou com um ‘trilho’ na cor litúrgica do tempo”
(Guia Litúrgico Pastoral, páginas 105-106).
9. AÇÃO RITUAL
A Liturgia
deste 27º Domingo insiste no fato de compreendermos e experimentarmos a vida
cristã como testemunho e fidelidade e lealdade ao Senhor. Nosso louvor e nossa
ação de graças se tornam, então, oportunidade para aprofundar a fé em Jesus,
que dirige nosso caminhar e guia nossas opções.
Ritos Iniciais
1. A
celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto
de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a
assembleia no Mistério celebrado.
2. Na procissão
de entrada, o Evangeliário seja introduzido. Até o momento da aclamação ao
Evangelho, ele permanece no altar.
3. A opção
“C”, da saudação inicial, 2Tessalonicenses 3,5 é uma boa opção para essa
celebração:
O Senhor, que encaminha os nossos corações
para o amor de Deus e a constância de cristo, esteja convosco.
4. Em seguida,
dar o sentido litúrgico da celebração. O Missal deixa claro que o sentido
litúrgico da celebração pode ser feito pelo presidente, pelo diácono um leigo/a
devidamente preparado (Missal Romano página 390).
5. O sentido
litúrgico pode ser proposto, através das seguintes palavras, ou outras
semelhantes:
Domingo do grão de mostarda. Neste
domingo celebramos a Páscoa de Jesus e de todos os batizados. Na celebração de
hoje o Senhor vem renovar nossa fé frágil, e nós o bendizemos como Deus do
universo, que realiza todas as coisas em seu amor.
6. Após a
saudação e o sentido litúrgico, fazer a recordação da vida trazendo os fatos
que são as manifestações da Páscoa do Senhor na vida. Trazer os fatos de
maneira orante e não como noticiário.
7. O Hino de
louvor é um canto dos que foram redimidos e se alegram em Deus porque a sua
Glória no Céu se desdobra em Paz na terra. É uma imagem do Pai que desce em
Jesus para alcançar sua criação e realizar no mundo e na humanidade seus
desígnios de amor. Não é um “agradecimento” por nossas pequenas vitórias
pessoais, mas verdadeiro elogio (eulogeo/oração) ao Pai e ao Cordeiro por seus
planos de amor e não por nossos impulsos, por melhores que possam ser (cf.
Oração depois da comunhão). Por isso não deve ser substituído por outra peça
musical. É um direito da assembleia ter a letra dos cantos na mão e evitar
músicas complicadas.
8. Na oração
do dia suplicamos a Deus nosso Pai que derrame sobre nós a misericórdia divina,
e que perdoe o que nos pesa na consciência.
Liturgia da Palavra
1. Em todo o
rito, a Palavra se conjuga com o silêncio.
Momentos de silêncio após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecem a
atitude de acolhida da Palavra. O silêncio é o momento em que o Espírito Santo
torna fecunda a Palavra no coração da comunidade. Nem tudo cabe em palavras.
2. Cantar com
particular solenidade o Salmo responsorial. Deve ser cantado do Ambão por ser
Palavra de Deus como a primeira leitura, a segunda leitura e o Evangelho.
3. Destacar o
Evangeliário. Depois da procissão de entrada deve permanecer sobre a Mesa do
Altar até a procissão para a Mesa da Palavra como é costume no Rito Romano.
Liturgia Eucarística
1. O pão e
vinho são sinais trazidos do seio do mundo, para que sejam “fecundados” pela
graça de Deus e se tornem morada do Mistério e todos que deles participarem
possam ser beneficiados pela presença de Deus. Assim, pão e vinho consagrados
se tornam imagem do mundo e da humanidade redimida, imagem da própria Igreja –
Corpo de Cristo, como entendia Santo Agostinho.
2. Aqui se
nota a importância de se manter sempre vivo o costume da procissão dos dons
feita por membros da comunidade de fé. Embora já não se traga o pão para a
celebração, das casas, como em outras épocas, é salutar que não se perca o
sentido de apresentar o mundo e a humanidade nos sinais do pão e vinho, frutos
do suor e trabalho humanos a ser submetidos ao trabalho divino (= consagrar/
santificar/ eucaristizar). Cantar a glória do Reino teu por toda a terra.
3. A oração
sobre as oferendas pedimos a Deus que acolha o sacrifício instituído e que
sejamos santificados.
4. Se for
escolhida as Orações Eucarísticas I, II e III sugerimos o Prefácio para os
Domingos do Comum IV que contempla a história da salvação e a felicidade de
poder louvar e agradecer a Deus. “Nascendo na condição humana, renovou
inteiramente a humanidade. Sofrendo a paixão, apagou nossos pecados.
Ressurgindo, glorioso, da morte, trouxe-nos a vida eterna. Subindo, triunfante,
ao céu, abriu-nos as portas da eternidade”. O grifo no texto identifica
aqueles elementos em maior consonância com o Mistério celebrado neste Domingo e
que pode ser aproveitado na própria, ao modo de mistagogia. Usando este
prefácio, o presidente deve escolher a I, II ou a III Oração Eucarística. Nunca
é demais lembrar que a Oração Eucarística II, admite troca de Prefácio. As
demais não podem ter os prefácios substituídos sem grave prejuízo para a
unidade teológica e literária da eucologia.
5. Valorizar o rito da fração do pão, “gesto
realizado por Cristo na última ceia, que no tempo apostólico deu o nome a toda
a ação eucarística, significa que muitos fiéis pela Comunhão no único pão da
vida, que é o Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo, formam um só
corpo (1Coríntios 10,17” (IGMR, nº 83).
6. Distribuir
a comunhão de maneira orante e sob as duas espécies, pois como diz a Instrução
Geral do Missal Romano (IGMR): A comunhão
seja em duas espécies, conforme inspira a oração depois da comunhão. “A
comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas
espécies. Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal dom banquete
eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova
e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete
eucarístico e o banquete escatológico do Reino do Pai” (n. 240).
7. Na oração
após a comunhão, rezamos que inebriados pelo sacramento, sejamos transformados
naquilo que recebemos.
Ritos Finais
1. Os ritos
iniciais remetem aos ritos finais, pois neles somos convocados para estar com o
Senhor e sermos enviados em missão (cf. Marcos 3,14), para sermos sacramento de
unidade e da salvação de todo o ser humano (cf, Lumem Gentium 1).
2. Na bênção
em nome da Santíssima Trindade levem-se em conta as possibilidades que o Missal
Romano oferece (bênçãos solenes, na oração sobre o povo). Ela expressa que a
ação ritual se prolonga na vida cotidiana do povo em todas as suas dimensões,
também políticas e sociais. Ver a bênção final do Tempo Comum do Missal Romano.
3. Destacar,
nos ritos de envio em missão, o compromisso da comunidade de ter gestos
concretos de partilha.
4. As palavras
do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: Que a
vossa fé seja autêntica. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Crises de fé
não significam ateísmo. Normalmente são acompanhadas de crises existenciais. A
liturgia de hoje enfatiza a necessidade de crermos, mesmo quando parece alheio
às nossas dores.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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