14 de outubro de 2018
Leituras
Sabedoria 7,7-11. Preferi a sabedoria
aos cetros e tronos.
Salmo 89/90,12-17. Tornai fecundo, ó
Senhor, nosso trabalho.
Hebreus 4,12-13. A Palavra de Deus é
viva e eficaz.
Marcos 10,17-27. Para Deus tudo é
possível.
“COMO É DIFÍCIL PARA OS RICOS ENTRAR NO
REINO DE DEUS”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo do despojamento.
Neste domingo, recordando o episódio do jovem rico, recebemos de Jesus um apelo
para deixar tudo e seguir seus passos. Ele nos convida a viver evangelicamente
com os bens da terra. Na Eucaristia, Jesus nos alimenta e restabelece a nossa
esperança, principalmente diante das inquietações e angústias da vida.
Celebramos a
Páscoa de Jesus Cristo que se manifesta na vida e na luta dos pobres por
justiça social e por melhores dias em suas vidas.
Cumprir os
mandamentos não é suficiente para ganhar a vida eterna. É preciso abandonar
tudo, como fizeram os discípulos e muitos missionários que, a exemplo de São
Francisco Xavier, Bem-Aventurada Madre Teresa de Calcutá e tantos outros,
partiram para anunciar o Evangelho em terras distantes, deixando para trás
familiares, amigos e os próprios bens. Eles renunciaram a tudo, cruzaram
fronteiras, navegaram mares, percorreram estradas, atravessaram desertos,
penetraram matas, armaram tendas nas cidades e ao longo dos caminhos, movidos
por uma grande paixão: “Sereis minhas testemunhas até os confins do mundo”
(Atos 1,8).
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os
textos
Primeira leitura – Sabedoria 7,7-11. Ao
lembrar de que o jovem rei Salomão pedira a Deus a sabedoria (que era, na
época, a habilidade política), o autor pensa nas resoluções que o rei tomou na
presença de Deus sem deixar, por vezes, de contrariar a história (1Reis 3,6-12;
5,9-14).
O Livro da
Sabedoria, escrito um século antes de Cristo, é resultado da sabedoria do povo
de Israel. Reflete a síntese das experiências vitais que as pessoas realizam.
Salomão foi considerado modelo da pessoa sábia. O texto da liturgia de hoje
revela o discernimento e a súplica de Salomão a Deus pedindo sabedoria para
governar o povo que lhe fora confiado. O rei Salomão constata que a busca do
poder e da riqueza, mais do que segurança e realização, criam subjugação. Comparadas à verdadeira sabedoria, o poder,
as riquezas e as honrarias são como um punhado de areia.
O autor não se
limita, como seus predecessores em sabedoria, somente no horizonte familiar.
Para ele, o ideal não é mais o pai de família transmitindo sua experiência da
vida a seus filhos, mas o rei proporcionando o bem de seu povo, aceitando a
intervenção da sabedoria divina em sua vida. Aos olhos do autor, a sabedoria
garante a felicidade de todos.
Por isso, o
autor da leitura pensa que a conquista do mundo visível e seu conhecimento só
podem realizar-se perfeitamente com a ajuda da sabedoria de Deus. A seus olhos,
com efeito, a sabedoria de Deus revela ao homem seu lugar no universo e o
introduz nas atitudes queridas de abertura e de disponibilidade para levar ao
bom termo seu projeto de conquista do mundo. Assim, a verdade da relação da
pessoa humana com Deus é essencial para a verdade da relação da pessoa humana
como universo.
A “sabedoria”
pode ser a ciência especulativa, a “prudência”, a inteligência bem aplicada, a
ciência prática, que ensina a todos o caminho para alcançar a legitima
sabedoria. No versículo 8 indica o hino de louvor à sabedoria, conferindo mais
originalidade e inspiração poética à prece elevada por Salomão, em Gabaon
(1Reis 3,9-14), com um lirismo especial. Foi preferida a sabedoria do que a
beleza, tão instável e vã. As conseqüências e os frutos da sabedoria são duradouros,
um tesouro inesgotável.
Em Gabon, Deus
ofereceu em sonho a Salomão tudo o que desejasse. Ele não pediu nem vida longa
nem riquezas, apenas um coração sábio para governar seu povo (cf. 1Reis 3,9).
Para a pessoa humana consciente, ouro e prata são valores; saúde e beleza,
ainda mais. Mas acima de tudo está a sabedoria.
Com efeito, a
sabedoria é mais luminosa do que o sol, comparada com a luz, é mais clara
(7,29). Deus fez a luz (Gênesis 1,3) e Deus é luz (1João 1,5; João 8,12). São
João (João 1,9) diz que a sabedoria, feita homem em Jesus Cristo, é a
verdadeira luz que ilumina todas as pessoas. Nesta passagem de hoje o sábio nos
fornece um critério excelente para julgar se, de fato, possuímos o espírito de
sabedoria e de Deus, que nos habilita a constatar se amamos, se desejamos a
Deus, que nos habilita a constatar se amamos, se desejamos a Deus mais do que
as outras coisas, se depositamos nele nossas esperanças e grandeza.
Salmo responsorial 89/90,12-17. O Salmo
89/90 é uma meditação com sabor sapiencial. O Salmo mistura os tipos sapiencial
(1b-12 e súplica. Por causa da série de pedidos (12-17), nós o consideramos
súplica coletiva O povo está passando por sérias dificuldades, e por isso clama
a Deus. O Salmo começa com uma súplica a Deus, ensinando a contar os anos.
Aceitar essa limitação com coração resignado já é uma sabedoria que pedimos a
Deus e que, de certo modo, vence a tristeza. Mas não basta. A manhã é a hora
propícia em que Deus ouve, em seu templo. Ele pode preencher a vida breve de
alegria e de júbilo, compensando assim os anos maus e tristes.
O que se pede
a Deus? Basicamente quatro coisas. A primeira é um coração sensato (versículo
12). Em outras palavras, aceitar que a vida humana é frágil e passageira,
temendo a Deus, que possui a eternidade. Fazendo isso, as pessoas adquirem
sabedoria, ou seja, o sentido da vida. Depois volta-se para Deus, pedindo
compaixão (versículo 13). Todas as coisas saíram de Deus. Será que não terá
compaixão daquilo que gerou e pôs no mundo? Em terceiro lugar, pede-se poder
usufruir a vida para compensar as perdas (versículo 14-16). Finalmente, pede-se
que o trabalho realizado pelo povo seja fecundo: “Que a bondade do Senhor venha sobre nós e confirme a obra de nossas
mãos” (versículo 17).
A vida humana
é capaz de outra plenitude: contemplar a revelação de Deus no tempo. O tempo
permanece grávido da ação de Deus, e quem o contempla enche de mistério. Cheios
dessa plenitude divina, nossos trabalhos e nossos dias parecem superar o tempo,
e nós saímos da meditação com esperança.
O rosto de
Deus de Deus no Salmo. Deus é apresentado sob vários ângulos. É o eterno que,
quando invocado, tem compaixão dos seus servos (versículo 13); aquele que, pela
manhã, sacia o povo com amor, fazendo-o viver alegremente o dia inteiro
(versículo 14) ele quer que o ser humano desfrute do trabalho das próprias
mãos; é aquele que dá às pessoas um coração sensato, para descobrir a sabedoria
da vida...
Jesus mostrou
que Deus não quer a morte, mas a vida. Foi refúgio de todos os que clamaram a
Ele; teve compaixão de todos; denunciou as explorações, sobretudo as que são
feitas em nome da fé e da religião (Marcos 12; Mateus 23). Mostrou que Deus é
Pai e tem cuidado e carinho para com todas as coisas criadas, sobretudo o ser
humano (Mateus 6,25-34; 10,29-31).
Cantando este
salmo na celebração de hoje, peçamos a Deus a graça de saber contar bem os
nossos dias, com sabedoria e discernimento.
R: SACIAI-NOS,
Ó SENHOR, COM VOSSO AMOR,
E EXULTAREMOS DE ALEGRIA!
Segunda leitura – Hebreus 4,12-13. O
texto da leitura de hoje está como que deslocado dentro do capitulo 4, pois é
colocado pelo autor como prova de que Cristo é superior a Moisés. No fundo os
versículos lidos hoje pertencem a uma seção maior da Carta aos Hebreus
(3,7-4,14). Todo o capítulo 3 e a maior parte do capítulo 4 abordam o tema da
fidelidade: primeiro a fidelidade do Filho Jesus, comparado com Moisés (3,1-6);
em seguida, e fidelidade exigida dos israelitas na caminhada pelo deserto
(3,7-9; depois da fidelidade exigida dos cristãos 4,1-11) e, de maneira
implícita, a fidelidade de Deus á sua Palavra na Escritura.
Na seção, o
autor começa lembrando Moisés e Josué e chega a Jesus, sinal de vitória e
salvação.
Trata-se da
Palavra de Deus, não tanto enquanto Logos, mas como revelação que manifesta sua
vontade, promessas e castigos. Essa Palavra, transmitida pelos Profetas e por
Cristo, é viva e operante nos cristãos (cf. Hebreus 12,13, é a Palavra que não
volta a sem ter produzido seu efeito (Isaias 55,11). Essa Palavra não é
imponente como a humana, é como um ser vivo. O próprio Deus atua nela e por ela
enquanto cria e ordena o universo (cf. Gênesis 1,3; Isaias 40,26). Em resumo, é
viva porque eficaz.
A Palavra
penetra no oculto da pessoa humana, isto é, no seu íntimo, como uma espada.
Para exprimir essa realidade, o autor usa os termos alma e espírito,
significando princípio da vida físico-psíquica e espiritual respectivamente. Em
outras palavras ele questiona o coração, o profundo da pessoa humana, pois o
conhece, e manifesta o Deus interlocutor pessoal da pessoa. Para a Palavra de
Deus não existe segredo no nosso íntimo.
Essas frases
da carta aos Hebreus não é, estranho, mas comum no Primeiro Testamento, onde
Isaias 49,2 e Sabedoria 18,14 comparam a Palavra de Deus a uma espada que
corta, e Sabedoria 7,22 a apresenta como onisciente. No Novo Testamento,
Gálatas 3,8.22 fala da Escritura como se fosse uma pessoa que atua, como um ser
vivente (cf. Pedro 1,23;) Efésios 6,17 compara a Palavra de Deus á “espada do
Espírito” e Apocalipse 1,16 fala da “espada
de duplo talho” que sai da boca do Filho do Homem
Essa Palavra
então, julga a pessoa humana (cf. João 12,48; Apocalipse 19,13) nos seus
maiores segredos, assume uma função judicial. Seremos julgados num confronto
direto com a Palavra de Deus. Nossa trajetória depende da nossa atitude de
docilidade ou não a essa Palavra.
O versículo
13, fala que a Palavra de Deus esmiuçaria a pessoa humana que compareceria para
o julgamento, como que nu diante de Deus. Em suma, ninguém pode escapar da
sentença de Deus.
A pessoa
humana na sua liberdade pode desprezar ou aceitar essa Palavra, mas, quando ele
menos esperar, essa Palavra transcurada e desprezada chamará a pessoa humana a
prestar contas.
Evangelho – Marcos 10,17-30. Jesus está
a caminho. O homem – somente Mateus o chama de “jovem”! – ajoelhando-se diante
de Jesus, O saúda como “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (versículo
17). O homem coloca a questão da salvação, a única questão importante na vida: Jesus
replica: “Por que me chamas bom? Só Deus é bom”. Mas a coloca mal, dirigindo-se
a um “bom mestre”, a um rabino entre outros. Ele busca apenas uma opinião de
escola, entre outras... e como haverá outras opiniões diferentes, ele se
reserva de antemão o direito de escolher entre elas ou mesmo de não escolher.
Jesus recusa imediatamente esta maneira de proceder, lembrando ao homem que
apenas Deus é bom (versículo 28). Com isso, deixa entender que sua resposta não
será uma opinião de escola rabínica, mas uma ordem divina que obriga a agir ao
invés de perder-se nas discussões sem fim.
Jesus lembra
ao homem o essencial da Lei (versículo 19). Mas o homem levanta uma outra
questão, não para obedecer melhor, mas para prolongar a discussão e, assim,
retardar o prazo da obediência (mesma atitude em Lucas 10,29).
A decepção do
homem rico exprime-se na resposta: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a
minha juventude!” e retirou-se desiludido. A resposta traz presente a lembrança
de Paulo: “quanto à lei fui fariseu... vivia irrepreensivelmente” (Filipenses
3,5-6).
Jesus parece
ter apreciado a franqueza ingênua do homem. Ele mostra-se um idealista
verdadeiro, que não está satisfeito com o caminho muito batido da costumeira
observância piedosa das leis judaicas: “não matei, não roubei, não... etc.
Jesus simpatizou com ele e lhe respondeu com a mesma franqueza, sem rodeios.
“Só te falta uma coisa: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um
tesouro no céu. Depois vem e segue-me”.
Com isso Jesus não quis dizer que, para herdar a vida eterna, faltava
somente um ato a mais a fazer, que estaria na mesma linha das demais
observâncias. Era dever tradicional dos ricos dar esmolas de suas posses e
socorrer os pobres em suas necessidades. Jesus propõe mais. À ordem para dispor
de tudo que ele tem e para doá-lo aos pobres, Ele acrescenta: “depois vem e
segue-me”. É este “seguir” que conduz à vida eterna. A renúncia das
riquezas e o socorro aos pobres são condições antes de mais nada indispensáveis
para poder seguir Jesus.
Jesus lhe
revela que não é suficiente não ter feito o mal ou prejudicado alguém. É
preciso ir além. Jesus lhe diz que a verdadeira e a segurança definitiva só são
encontradas em Deus. Ele esperava uma palavra que tranqüilizasse sua
consciência, permitindo-lhe entrar no seguimento de Jesus, isto é, ser cristão
mesmo convivendo com as riquezas de maneira egoísta.
Em clima
confidencial, Jesus revela aos discípulos o perigo das riquezas e o mistério do
Reino. Ele garante que as riquezas são um risco, quando acumuladas de forma
injusta, impedindo que as pessoas se abrem à nova justiça, ao serviço da nova
sociedade e ao Reino de Deus.
O homem rico
que chamou Jesus de Divino Mestre encontra aqui a resposta para a sua pergunta.
Está aqui a novidade que o homem procurava. A aceitação desta novidade, porém,
desestruturaria a sua vida. Ele não dá conta do recado. Seguir Jesus, no
entanto, implica abandonar ambas as seguranças, tanto as espirituais (segurança
da lei judaica) como as materiais. Em outras palavras, a novidade que Jesus
propõe supõe um homem novo.
Os primeiros
cristãos, principalmente em Jerusalém, muitas vezes confundiram o Reino de Deus
com a classe social dos pobres, enquanto que a congregação operada por Cristo
não leva em conta nenhuma filiação social, cultural ou nacional.
Na realidade,
a verdadeira pobreza do rico não significa que “não deve possuir nada”, mas em
comprometer-se com os pobres a exemplo do próprio Jesus e, especialmente, com aqueles
que não conseguem organizar-se,
defender-se e libertar-se. Semelhante compromisso é eminentemente exigido
daqueles, entre os cristãos, que abandonam livremente os bens materiais e fazem
votos de pobreza...
Hoje em dia,
engajar-se mo caminho da pobreza evangélica supõe que se analise muito bem de
maneira sociológica as causas da miséria, que se lance mão dos meios que
permitirão efetivamente melhorar a vida de cada um. Somente nestas condições, a
pobreza terá chance de ser evangélica! Hoje em dia temos em nossa diocese, em
todo o Brasil e no mundo a CÁRITAS, que
conscientiza as pessoas a se organizarem e para se libertarem.....
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Jesus continua
revelando aos seus discípulos, de ontem e da atualidade, a conduta sábia de
quem deseja seguir seus passos. No domingo de hoje sugere o total desapego dos
bens terrenos em vista da liberdade completa para entrar no seu seguimento. A
proposta de Jesus representa um alerta para o nosso tempo em que tudo é
condicionado pelo econômico. Os projetos e anseios pessoais e comunitários têm
espaço caso se adaptem ao esquema do mercado globalizado.
Neste mundo há
pessoas que têm tudo, nada lhes falta, a exemplo do homem rico do Evangelho;
mas são carentes de realidades essenciais. O que importa é satisfazer o desejo
de possuir, de usufruir, de gozar. O que importa é o “ter” e não o “ser”.
Incentiva nas pessoas o desejo de possuir, de acumular. Mas, de possuir, de
acumular dinheiro, riquezas materiais, ter lucro, ganhar dinheiro mesmo na base
da exploração, da mentira, gozar a vida a qualquer custo. Enxurradas de
propagandas comerciais inundam a cidade, o rádio, a televisão, principalmente
na época do Natal e Páscoa. É preciso comprar presente. É preciso comprar
brinquedo para as crianças. Quanto mais caro, melhor. É preciso comprar,
gastar. E quem não tem dinheiro, nem mesmo pra comprar leite para as crianças,
como faz?! Sente-se envergonhado(a), culpado(a)... O que os filhos vão pensar?
Então, compra presentes a prestação, fazendo dívidas que não pode pagar e nome
vai para o SPC. A propaganda brinca com os sentimentos dos pais, com os
sentimentos dos filhos... Os ricos compram tudo adiantado antes dos preços
subirem: presentes, uísque, vinhos estrangeiros, peru, castanha... E seu
coração continua vazio, solitário e infeliz, pois continua carente de verdadeira comunicação de verdadeiros
valores.
Não possuem
“uma coisa” decisiva: pensar de maneira nova a própria vida. O homem rico, que
angustiado interpelou a Jesus, manifestou boa capacidade de pensar, porém em
uma única direção: acumular, defender e consolidar suas propriedades, suas
riquezas. Por fixar-se em perpetuar e qualificar sua atual situação, não foi
capaz de raciocinar de outra maneira, de articular e planejar um modo original
de imprimir nova direção em sua vida.
Para abrir
novos horizontes na vida, faz-se necessária aquela sabedoria que o rei Salomão
suplica ao Senhor, conferindo-lhe total primazia sobre as demais realidades,
como o poder, as riquezas e as honras.
Precisamos
entender que a sabedoria não é algo mais, um elemento “decorativo”, que se
acrescenta na vida na qual o “ter e o possuir” ocupam o primado; nem é objeto
de luxo, que se pode outorgar como um suplemento de prestígio a algumas
pessoas.
Somente a Palavra
de Deus, viva e eficaz, é portadora
da sabedoria necessária para viver, ante a qual tudo se torna relativo. O ouro
não passa de “um punhado de areia” e a “prata vale o mesmo que um punhado de
barro”. Importa deixar-se questionar por esta Palavra viva e eficaz. A salvação
reside precisamente em não se defender, mas aceitar ser ferido, dilacerado,
esvaziado em nossas auto-suficiências, pela espada cortante de dois gumes. Mais
do que esquivar-se, é necessário ter coragem de despojar-se (desnudar-se) diante
dessa Palavra. Permitir que ela sonde (julgue) os desejos e intenções do
coração, pois só nos sentiremos seguros quando estivermos por completo diante
dos olhos do Senhor.
Em cada
celebração o Senhor vem nos analisar com o ultra som, a tomografia ou a ressonância
magnética de sua Palavra. Como aceitamos que elas nos analisam por dentro, e
revelam que tipo de doença temos, também devemos permitir que a Palavra de Deus
analise a nossa vida. e coloque tudo às claras.
Nosso Senhor
não ensina o desprezo aos bens e às riquezas terrenas. Simplesmente adverte
para o perigo de deixar-se dominar por eles, isto é, não devemos deixar os bens
materiais tomar posse da nossa vida. As riquezas tornam um mal quando
aprisionam o coração, impedindo a prática da solidariedade, e quando aprisionam
o cérebro, não permitindo que se articule uma forma nova e criativa de viver.
Os bens se transformam em perigo quando passam a ser um obstáculo, um peso,
negando às pessoas a liberdade indispensável para seguir um caminho diferente. Na
perspectiva das riquezas acumuladas, enquadram-se os detentores do poder das
ciências, os manipuladores do pensamento e das consciências. Para esses também
vale o mandamento de Jesus: “È mais fácil passar um camelo pelo buraco de uma
agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus”. Agulha aqui não significa
agulha de costura, mas a fenda (agulha) aberta na rocha onde mal cabia uma
pessoa para passar.
Jesus não
excluiu o homem rico e angustiado. Teve um olhar de compaixão por ele. Deixou
que tomasse uma posição. A missão não exclui ninguém. Como também não força
ninguém. Jesus salva não graças à sua Onipotência, mas sim graças à sua
compaixão, ao seu sofrimento, ao seu abandono e à morte na cruz.
A celebração
litúrgica é momento de escuta e de aprofundar nossa relação com Jesus e, Nele,
com o Pai. Ao esforço da comunidade de se colocar sob o apelo da Palavra de
Deus, há o misterioso trabalho do Espírito de Deus, que realiza a transformação
dos nossos corações.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
A liturgia de
hoje nos propõe um canto de comunhão que se harmoniza perfeitamente com o
Evangelho: “os ricos empobrecem, passam fome, mas os que buscam ao Senhor, não
faltam nada”. Trata-se do salmo 33/34,11 que provavelmente é o canto de
comunhão mais antigo da Igreja. Outro versículo do mesmo salmo, incorporado ao
rito e apresentação do pão e do vinho, deixa entrever o apreço da Igreja por
esse salmo como canto de comunhão: “provai e vede como o Senhor é bom; feliz de
quem nele encontra seu refúgio”.
A antífona de
comunhão por sua vez, oferece uma clara ligação entre o Evangelho que ouvimos e
meditamos e o rito eucarístico. Aquela pessoa rica que procurou Jesus, mas não
o seguiu porque não queria abrir mão de suas riquezas, “foi embora cheio de
tristeza”. Sua riqueza se transformou em sua prisão.
Diante do amor
que Jesus lhe devotou e que podia lhe nutrir o coração, ele optou pelas grades
de suas fortunas, que continuava deixando-lhe faminto e triste... “os ricos
empobrecem e passam fome”.
Pelo rito
somos levados a fazer o caminho contrário daquela pessoa rica e infeliz.
Dispomo-nos a deixar para trás nossas casas e compromissos – quantos são os que
não abrem mão das missas aos domingos, nem mesmo com a chegada de visitas! –
para fazer, na assembléia reunida, na mesa da Palavra da Eucaristia, um
encontro profundo com Jesus Cristo.
Ele mesmo nos
alimenta e consola, dando-nos a coragem de aprofundarmos nossa adesão ao
Evangelho e ao Reino. Fazemos isto porque sabemos do imenso amor com que o
Senhor nos olha. Convidando-nos sempre a algo mais: a solidariedade com os mais
necessitados, a doação de tudo o que somos e temos como aprofundamento da
vivência do mandamento de Deus.
O caminho em
procissão até a comunhão revela: algo fica para trás, algo nos espera em nossa
frente. O que deixamos é infinitamente menor do que a segurança que encontramos
em Deus. Sem medo vamos ao encontro do Mestre: “provai e vede como o Senhor é
bom, feliz de quem nele encontra seu refúgio”.
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
A liturgia é o
grande encontro do Pai com seus filhos e filhas. Como o salmista, hoje nós, em
meio às angústias deste mundo, nos dirigimos a Deus e suplicamos: “Dai ao nosso
coração sabedoria”; “Tende piedade e compaixão de vossos servos”; “Saciai-nos
com vosso amor” (Salmo Responsorial).
Pela
participação na celebração eucarística, memorial da Páscoa, o Senhor nos
acolhe, transfigura, salva e nos envia a comunicar a todos as razões de nossa
fé e de nossa esperança.
Celebrar a
eucaristia pressupõe uma atitude de querer partilhar solidariamente tempo,
esforço, bens, conhecimentos para fazer avançar o projeto do Reino de Deus. A
partilha solidária nos conduz a celebrar autenticamente a eucaristia, e esta,
bem celebrada e vivida, nos impulsiona à compaixão e à solidariedade.
6- ORIENTAÇÕES GERAIS
1. A narrativa
da instituição da eucaristia não é uma imitação da última ceia; por isso não se parte o pão neste momento como
algumas vezes acontece. A liturgia eucarística, como se disse, é fazer o
que Jesus fez: tomou o pão e o vinho, deus graças, partiu o pão e o deu (comer
e beber). O partir o pão, como Jesus fez, corresponde à fração do pão em vista
da comunhão. Por isso, a Redemptionis Sacramentum, número 55, considera um
abuso partir o pão durante o relato da instituição.
2. Dia 15, celebramos
a memória de Santa Tereza de Ávila e é Dia do Professor; dia 16, celebramos a
memória de Santa Edviges, que viveu os
três estados femininos da virgem, da esposa e da viúva. Celebramos também a
memória de Santa Margarida Maria Alacoque. É Dia Mundial da Alimentação,
fazer uma coleta de alimentos para os necessitados; dia 17, fazemos memória de
um grande santo da Igreja: Santo Inácio de Antioquia.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério
celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo Comum, é
preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser
cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério
celebrado. A função da equipe de canto não é
simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia deste 28º
Domingo do Tempo Comum. Os cantos devem estar em sintonia com o Ano Litúrgico,
com a Palavra proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que
toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e não de um grupo, de
uma pastoral ou de um movimento. Jamais os cantos devem ser escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um
movimento ou de uma pastoral.
“Não tem
sentido, por exemplo, escolher os cantos de uma celebração em função de alguns
que se apegam a um repertório tradicionalista, ou ainda de outros que cantam
somente as músicas próprias de seu grupo
ou movimento, nem de outros que querem cantar exclusivamente cantos ligados
à realidade sócio-política, ou cantos concentrados em certos temas, se isto vai
provocar rejeição da parte da assembléia” (A música Litúrgica no Brasil,
estudos da CNBB, página 78).
2. Canto de abertura. Deus
perdoa nossas faltas (Salmo 129/130,2). “Exulte de alegria quem busca a Deus”, articulado
com o mesmo Salmo 129/130, CD:
Liturgia VII, melodia da faixa 14. Outra opção é o canto
Como canto de
abertura da celebração, sugere-se o canto proposto pelas Antífonas do Missal
Romano e ricamente musicadas pelo Hinário Litúrgico III da CNBB. Isso não
significa rigidez. Mas a equipe de liturgia, a equipe de celebração, a equipe
de canto juntamente com o padre têm a liberdade de variar sua escolha, desde
que isso manifeste o Mistério celebrado e seja fiel aos princípios que regem a
escolha de uma música adequada para a celebração. Uma sugestão, para entender
bem o que significa isto, seria o canto: O canto de abertura desse domingo
poderá ser: “Aqui chegando, Senhor” gravado no CD: da CF 2004 e também no CD:
Cantos de Abertura ABC, melodia da faixa 3. O canto já apresenta o Mistério
celebrado e proclamado no Evangelho: diante de Deus não valem nossas riquezas,
só o nosso despojamento e a confiança em sua graça.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse
sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão
gravados no CD Liturgia VI, VII e CD: Cantos de Abertura e Comunhão ABC.
3. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas...” Vejam o CD Tríduo
Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas e também a versão da CNBB
musicado por Irmã Miria e outros compositores.
O Hino de
Louvor é chamado de “doxologia maior” em contraposição com a “doxologia menor” que
é o “Glória ao Pai...”. Trata-se de um hino antiqüíssimo, iniciando com o
louvor dos anjos na noite do Natal do Senhor (Lucas 2,14), desenvolveu-se
antigamente no Oriente, como homenagem a Jesus Cristo. Não constitui uma
aclamação à Santíssima Trindade, mas um hino Cristológico, isto é, os louvores
se concentram no Filho Jesus. É um hino pelo qual, a Igreja reunida no Espírito
Santo entoa louvores ao Pai e dirige súplicas ao Filho, Cordeiro e Mediador.
4. Salmo responsorial. Desejo de
alcançar a sabedoria do coração. “Saciai-nos,
ó Senhor, com vosso amor, e exultaremos de alegria!”, CD: Liturgia IX, melodia
da faixa 12.
O Salmo
responsorial, ao mesmo tempo resposta da Igreja e proclamação da Palavra, tomou
importância na reforma litúrgica. Trata-se do texto colocado após a primeira
leitura bíblica e retirado da própria Sagrada Escritura, isto é, um Salmo.
Para que
cumpra sua função litúrgica, não pode ser reduzido a uma simples leitura. É
parte constitutiva da liturgia da Palavra e tem exigências musicais, litúrgicas
e pastorais.
5. O canto ritual do Aleluia. “Para
que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de
sabedoria e de revelação [...] Que ilumine os olhos dos vossos corações...
(Efésios 1,17-18). “Que o Pai do Senhor Jesus Cristo nos dê do saber o espírito”,
CD: Liturgia VI, melodia e estrofes iguais à faixa 20.
Aleluia é uma
palavra hebraica “Hallelu-Jah” (“Louvai ao Senhor!”), que tem sua origem na
liturgia judaica, ocupa lugar de destaque na tradição cristã. Mais do que
ornamentar a procissão do Evangeliário, sempre foi a expressão de acolhimento
solene de Cristo, que vem a nós por sua Palavra viva, sendo assim manifestação
da fé presença atuante do Senhor.
Por ser
diferente do Salmo Responsorial, o verso é uma citação do Evangelho que se
segue.
Mais do que
qualquer outra aclamação (Amém ou Hosana), o Aleluia é expressão de pura
alegria de êxtase. É o júbilo, a que Santo Agostinho se referia como “a voz de
pura alegria, sem palavra”. Este júbilo nos ensina que não podemos racionalizar
muito o mistério da Palavra. A Palavra deve tocar não nosso intelecto, mas o
coração.
7. Apresentação dos dons. Momento
de partilha para com as necessidades do culto e da Igreja. A verdadeira
sabedoria nos leva a partilhar e não acumular. Devemos ser oferendas com as
nossas oferendas para socorrer os necessitados. “Bendito seja Deus Pai, do
universo criador”, CD: Liturgia VII, melodia da faixa 12.
8. Canto de comunhão. “Só uma
coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres e terás um tesouro
no céu. Depois, vem e segue-me!” (Marcos
10,21). “Uma coisa te falta, irmão: vai vende as riquezas que tens”, articulado
com o Salmo 112/113, CD: Liturgia IX, mesma melodia da faixa 13, exceto o
refrão.
O que
orientamos a respeito do canto de abertura, vale também para o canto de
comunhão, não se trata de rigidez. Sugerimos outro canto de comunhão para se
retomar o Evangelho: Salmo 34/33, “Quem é rico empobrece e tem fome...” Ofício
Divino das Comunidades, página 58-59; “Ai de vós, ó ricos, ai de vós...”,
Hinário Litúrgico III, página 325; Estes três cantos são os mais apropriados
para retomar o Evangelho neste domingo. Veja orientação abaixo.
O canto de
comunhão deve retomar o sentido do Evangelho do dia. Esta é a sua função ministerial.
Na realidade, aquilo que se proclama no Evangelho nos é dado na Eucaristia, ou
seja: é o Evangelho que nos dá o “tom” com o qual o Cristo se dirige a nós em
cada celebração eucarística reforçando estes conteúdos bíblico-litúrgicos,
garantindo ainda mais a unidade entre a
mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. Isto significa que comungar o corpo
e sangue de Cristo é compromisso com o Evangelho proclamado. Portanto, o mesmo
Senhor que nos falou no Evangelho, nós o comungamos no pão e no vinho. É de se
lamentar que muitas vezes são escolhidos cantos individualistas de acordo com a
espiritualidade de certos movimentos, descaracterizando a missionariedade da
liturgia. Toda liturgia é uma celebração da Igreja e não existem ritos para
cada movimento e nem para cada pastoral.
8- ESPAÇO CELEBRATIVO
1. Neste
domingo, o ambão seja enfeitado com flores e com dez velas em seu entorno indicando que os mandamentos encontram no
Cristo-Palavra a plenitude que lhe falta.
9- REDESCOBRINDO O MISSAL ROMANO
Antes do
Concílio Vaticano II, usava-se uma patena pequena somente para colocar a hóstia
para o padre. As partículas eram colocadas separadas. Dava-se a impressão de
que o padre era um príncipe. A reforma do Concílio pede somente uma patena
maior para colocar a hóstia grande e as partículas juntas. “Para consagrar as
hóstias, é conveniente usar uma única patena de maior dimensão, onde se coloca
tanto o pão para o sacerdote como para os ministros e os fiéis” (Introdução
Geral ao Missal Romano, nº 293).
10. AÇÃO RITUAL
2. Evitar
correria, agitação antes da celebração. O clima orante no início da celebração
favorece que as pessoas clamem por uma palavra de sabedoria.
1. Neste
domingo em que Deus nos torna participantes da sua sabedoria, a equipe de
liturgia, ao preparar a celebração da comunidade, fará uma acolhida carinhosa a
todas as pessoas: quantos “homens e mulheres ricos”, ou melhor, pessoas
angustiadas vêm para a celebração da comunidade em busca de uma palavra
iluminadora para determinada situação difícil que estão vivendo. A acolhida
fraterna constituirá um encontro com o Senhor. Não deixar também de acolher os
fracos, sem vez, marginalizados.
Ritos Iniciais
1. A
celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 27.47). O canto
de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a
assembléia no Mistério celebrado. Além do canto indicado, sugerimos para o
canto de abertura “Aqui chegando, Senhor” gravado no CD: da CF 2004 e também no
CD: Cantos de Abertura e Comunhão. O canto já apresenta o Mistério celebrado e
proclamado no Evangelho: diante de Deus não valem nossas riquezas, só o nosso
despojamento e a confiança em sua graça.
2. Logo após o
beijo do Altar e terminado o canto de abertura, sugerimos que a saudação do
presidente seja a fórmula “f” inspirada na Primeira Carta de Pedro 1,1-2:
“Irmãos eleitos segundo a presciência de
Deus Pai, pela santificação do Espírito para obedecer a Jesus Cristo e
participar da bênção da aspersão do seu sangue, graça e paz vos sejam concedidos
abundantemente.”.
3. O sentido
litúrgico, proposto por quem preside ou pelo animador da celebração, após a
saudação, respeitará a lógica ritual que manifesta, pela precedente saudação,
que Deus toma a iniciativa, reúne e constitui o seu povo. Tal sentido da
celebração pode ser proposto com palavras semelhantes às que seguem:
Domingo do desprendimento. O encontro com
Jesus nos coloca diante da escolha radical pelo Evangelho, como nosso absoluto.
O apego às riquezas nos torna incapazes de discernir e fazer e escolha pelo
caminho de Jesus. A nós, que fomos escolhidos pelo imenso amor de Deus, cabe a
sabedoria e o despojamento de seguir os passos de Jesus, que se esvaziou para
nos conquistar.
4. Seria muito conveniente um ato penitencial, conforme algum
dos formulários propostos pelo Missal Romano. Vale a pena uma leitura atenta
dessas propostas que exaltam a misericórdia de Deus acima dos nossos pecados. A
fórmula 5, para o Tempo Comum, página 394 do Missal Romano, lembra o
despojamento de Cristo que nos salva.
5. Cada
Domingo do Tempo Comum é Páscoa semanal. Cantar de maneira festiva o Hino de
louvor (glória).
6. Na Oração
do Dia deste domingo nos convida a “estarmos sempre atentos ao bem que devemos
fazer”. De fato, além do bem praticado em conseqüência à obediência e da
prática dos mandamentos (cf. Marcos 10,19-20) é preciso partilhar.
Rito da Palavra
1. Dar
especial atenção a toda a Liturgia da Palavra como sinal da Aliança entre Deus
e a humanidade.
2. Após a
homilia e o silencio que a segue, a equipe de canto entoa um refrão meditativo
de Taizé, como refrão pós-homilético: “Coração confiante, fonte de riqueza.
Jesus dá-nos coração de pobre”, gravado no CD: “Coração Confiante”, da Editora
Paulinas. Outra opção após a homilia é o canto: “Ai de vós, ó ricos”, Hinário
Litúrgico III, página 325.
3. Nas preces,
baseadas na Palavra de Deus e feitas do Ambão, recorde-se os pobres que só têm
a Deus para se apoiar. Que seu exemplo nos evangelize, conforme se deixavam
fazer os santos que tinham os pobres por modelo.
Rito da Eucaristia
1. A
preparação dos dons tem uma finalidade prática, expressa na procissão com que o
pão e o vinho são trazidos ao altar. Segundo o costume das refeições judaicas,
bendiz-se a Deus pelo alimento básico, o pão, e pela bebida mais significativa,
o vinho. Evitar chamar este momento de “ofertório”, pois ele acontece após a
narrativa da ceia (consagração).
2. Na Oração
sobre o pão e o vinho suplicamos a Deus que acolha nossas ofertas e preces,
para que alcancemos a glória eterna.
3. É muito
oportuno para esta celebração a Oração Eucarística VI-B. Nela, a Igreja dá
graças ao Pai porque, em Cristo, Ele vem habitar no meio de nós, para nos guiar
pelos caminhos que conduzem à felicidade.
4. Se for
escolhida outra oração eucarística sugerimos o Prefácio dos Domingos do Tempo
Comum I que expressa de maneira clara o despojamento de Cristo por nós, página 428
do Missal Romano. Seguindo esta lógica, cujo embolismo reza: “Por ele, vós
nos chamastes das trevas à vossa luz incomparável, fazendo-nos passar do pecado
e da morte à glória de sermos o vosso povo, sacerdócio régio e nação santa,
para anunciar, por todo o mundo, as vossas maravilhas”. Outra opção é o
Prefácio dos Domingos do Tempo Comum VI que expressa Cristo, penhor da Páscoa eterna.
O grifo no texto identifica aqueles elementos em maior consonância com o
Mistério celebrado neste Domingo e que pode ser aproveitado na celebração, ao
modo de mistagogia. Usando estes prefácios, o presidente deve escolher a I, II
ou a III Oração Eucarística. A II admite troca de prefácio. As demais não
admitem um prefácio diferente. As demais não podem ter os prefácios
substituídos sem grave prejuízo para a unidade teológica e literária da
eucologia. Para este Domingo sugerimos a Oração Eucarística II.
5. Dar maior
atenção a toda a liturgia eucarística como ação de graças – dom gratuito que
Jesus Cristo faz de sua vida ao Pai pela libertação da Humanidade: cantar o
prefácio (ou a louvação da celebração da Palavra), o santo as aclamações e o
Amém final da Oração Eucarística. Evitem-se cantos e gestos devocionais e
individualistas (“Bendito, louvado seja”, “Deus está aqui”, “Eu te adoro,
hóstia divina” etc.).
6. No momento
do convite à comunhão, quando se apresenta o Pão consagrado e o cálice com o sangue
de Cristo, é muito oportuno o texto bíblico de João 8,12, que é a fórmula “b”
do Missal Romano:
“Eu sou a luz do mundo; quem me
segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”.
Ritos Finais
1. Na oração
pós-comunhão pedimos a Deus que a comunhão eucarística como corpo e sangue de
Cristo nos torne participantes de sua divindade.
2. Dia 16, é
Dia Mundial da Alimentação, a comunidade poderia assumir um compromisso
concreto, colaborando para a erradicação da fome. Poderia fazer uma coleta de
alimentos para uma ou mais famílias necessitadas.
3. Nos ritos
finais, muito adequada a oração sobre o povo n. 2 do Missal Romano, página 531 que
reza:
“Concedei, ó Deus, aos vossos filhos e
filhas, vossa assistência e vossa graça: saúde de alma e corpo, fazei que se
amem como irmãos e estejam sempre a vosso serviço. Por Cristo, nosso Senhor.
Amém
4. Na bênção e
envio missionário somos todos enviados em missão para revelar a sabedoria de
Deus e a Palavra que aponta para um novo sentido da vida, nas inquietudes de
nosso tempo.
5. As palavras
do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: Vai,
tenha compaixão dos necessitados, e leve a sabedoria de Deus a todos. Ide em
paz e que o Senhor vos acompanhe.
12- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pedagogia de
Jesus, descrita no Evangelho de Marcos hoje, mostra a grande dificuldade do ser
humano em libertar-se das riquezas, o que tanto lhe consome e pesa. A questão
de fundo da narrativa evangélica não é apontar o que é melhor: ser pobre ou
rico, como em primeiro momento se pode pensar. Mas é levar a reflexão de como
se posicionar diante das riquezas no mundo. Para assim, compreender pelo
seguimento de Jesus, podemos contemplar qual é a verdadeira herança a nós
reservada.
Celebremos a
Páscoa semanal do Senhor valorizando os que assumem a sua missão em nossa
diocese e no mundo inteiro, a missão de levar para as pessoas os verdadeiros
valores do Reino de Deus libertando-as das falsas seguranças.
O objetivo da
Igreja é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas
outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor
o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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