Domingo depois da
Epifania
11 de janeiro de 2015
Leituras
Isaias 42,1-4.6-7
Salmo 28/29,1a.2.3ac-4.3b.9b-10
Atos dos Apóstolos 10,34-38
Marcos 1,7-11
“ESTE É O MEU FILHO AMADO, EM TI PONHO
MEU BENQUERER”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo do
Batismo do Senhor. Domingo. Dia do Senhor, a comunidade reúne-se para celebrar,
louvar a Deus. A celebração de hoje nos conduz ao Batismo de Jesus, o filho
bem-amado do Pai. Concluindo as celebrações da manifestação do Senhor do Ciclo
do Natal, celebramos hoje a festa do Batismo do Senhor. A festa do Batismo do
Senhor faz parte do conjunto das comemorações da manifestação do Senhor do
Ciclo de Natal. Está presente de certa forma na solenidade da Epifania, em que
se comemora a manifestação do Senhor aos pagãos e seu batismo no Jordão. A vida
de Deus que nasce no Natal, vai se manifestando. Desenvolve-se pela ação do
Espírito Santo. Portanto, com a festa de hoje, encerra-se o Ciclo do Natal,
tempo em que recordamos a vinda de Deus até nós.
O Batismo de
Jesus nos remete a considerar nosso próprio batismo, seu significado, os
compromissos que dele decorrem.
O Espírito
Santo desce sobre Jesus que ouve a voz do Pai: “Tu és o meu Filho amado, em ti
ponho o meu benquerer”. Com certeza, o Espírito também paira sobre nós e o amor
paternal do Pai lança sobre nós seu imenso bem-querer.
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os
textos
Primeira leitura – Isaias 60,1-6. O Servo
do Senhor é uma figura muito importante. É um dos trechos chamados de Cantos do Servo do Senhor.
A leitura
começa com uma apresentação do Servo: “Eis o meu servo – eu o recebo; eis o meu
eleito – nele se compraz minha alma; pus meu espírito sobre ele...” Nesta
apresentação fala-se da vocação do Servo,
do conteúdo de sua missão e do modo de executá-la. Em primeiro lugar fala-se
dele como Servo eleito de Deus, o encarregado de seu Senhor e seu instrumento.
O servo goza de especial proteção de Deus, com quem ele está em estreita união.
É Deus que o chama, que o segura pela mão, que o forma (versículo 6) e lhe dá o
seu apoio, sua afeição e seu Espírito (versículo 1). O Espírito de Deus repousa
sobre ele como um dom duradouro que o vai ajudar na execução da missão.
O conteúdo da
missão do Servo é de grande importância. Ele será intermediário da nova Aliança
entre Deus e o povo de Deus, luz das nações (versículo 6). Aplicado a Ciro rei
da Pérsia significa que ele, pela libertação dos cativos, inaugura aquela nova
ordem de salvação que o profeta anuncia também em outros lugares como “o
caminho da justiça”, que Deus vai implantar na história dos povos (cf. Isaias
40,14) ou como aliança que Deus oferece a seu povo (cf. Isaias 54,10; 55,3).
Ele é luz das nações porque o decreto de alforria não se limita aos exilados de
Israel, mas beneficia os cativos de todas as nações que eram vítimas do Império
da Babilônia.
Nesta passagem
de Isaias 42,1-7 não se enumeram, porém, várias verdades que o Servo vaio
ensinar, mas diversas ações que ele vai executar: “Levar às nações a justiça”
(versículo1), “estabelecer a justiça sobre a terra” (versículo 4) fundamenta-se
em “não esmagar a cana quebrada” (versículo 3), “abrir os olhos dos cegos”,
“tirar do cárcere os cativos” (versículo 7); “ser aliança de Deus com o povo”
(versículo 6). Trata-se, pois, muito mais de uma salvação e libertação de
desgraças corporais e espirituais que o Servo realiza, do que uma religião ou
de uma doutrina que ele prega. A diferença é importante. “Pregar a verdadeira
religião” e “estabelecer o direito e a justiça” não são a mesma coisa. Basta
ver a história do Cristianismo e da Igreja podemos ver que durante muitos
séculos pregou-se a verdadeira religião sem tocar no direito e na justiça e sem se incomodar com a ausência dos
mesmos. Isto não quer dizer que adiantaria muito substituir a pregação da
verdadeira religião pela pregação do direito e da justiça. Aliás, parece que a
tarefa do Servo não é tanto de pregação, mas muito mais de interpretação, de
reconhecer na política internacional de Ciro um modo de agir que corresponde ao
“caminho da justiça” (Isaias 40,14) e ao plano de libertação e salvação de
Deus.
O Servo
trabalhará em silêncio, não nas ruas e praças públicas (cf. Jeremias 36) e sem
movimentar as massas (cf. Ezequiel 33,30-33). Ele não vai “arrebentar” ninguém,
multiplicando as ameaças e profecias de desgraças naturais, sociais ou
políticas que desanimam qualquer um, mas vê a sua missão justamente em fazer o
contrário. Para que a salvação que ele traz realmente atinja a todos, o Servo
se compadecerá dos fracos, tratando-os com ternura (versículos 2-3). Esta
atitude não é sinal de fraqueza, mas revela o amor a compaixão e compreensão de
Deus
Ficou claro
que o papel do Servo-Israel é o de ser luz das nações e o de fazer brilhar essa
luz até as extremidades da terra (versículo 4), manifestando a salvação de Deus
e levando a lei e a instrução às nações.
Assim, a
vocação missionária de cada cristão está igualmente ligada a uma “vida oculta”,
discreta, e dispersada com as do povo em exílio ou de Cristo em Nazaré. Uma presença como “sal da
terra e luz do mundo” (Mateus 5,13). O cristão tem que ter uma presença
discreta como o sal na comida. Sentimos o sal na comida, mas, não o vemos.
Salmo responsorial 28/29,1a.2.3ac-4.3b.9b-10.
O Salmo 28/29 é um hino de louvor. O chamado salmo dos “sete trovões” é
dominado pela voz de Deus. Esta voz de Deus hoje mão ressoa ameaçadora sobre as
águas, mas faz-se ouvir para revelar a complacência do Pai para com o Filho,
descido por nosso amor às águas do Jordão. Reunidos no seu Templo respondemos
em coro: “Glória!”.
Todo o povo de
Deus é convidado a aclamar o Senhor Deus, que manifesta a sua glória numa
tempestade. Na tempestade a pessoa humana experimentou a presença do Deus
forte: sua voz é trovão, quase corpóreo e ativo. Ao mesmo tempo, a pessoa sente
a transcendência de Deus, que está sobre a tempestade, dominador e calmo. Para
o uso litúrgico, o autor estiliza a tempestade em sete trovões que se sucedem
de modo irregular.
O contexto do
salmo é de culto a Deus. O primeiro trovão é a voz de Deus, vindo da região
celeste, atravessando a região das águas.
O rosto de
Deus neste salmo é muito interessante. É o aliado que abençoa o seu povo com a
paz (versículo 11). Seu nome glorioso é Javé, o Deus do êxodo e da libertação.
O povo, seu aliado, O reconhece como Senhor da natureza e do Templo, proclama
Sua glória, ao passo que a natureza simplesmente se assusta e treme. É o Senhor
da tempestade, mais forte do que tordos os elementos fortes da natureza. Aqui
está o seu rosto: Deus forte.
O povo
reconhece Deus como o Senhor da natureza, mais forte do que todos os elementos
da natureza. Deus é o aliado que abençoa o seu povo com a paz. Sete vezes se
repete a expressão “voz de Deus”: Jesus Cristo é a voz de Deus, o Verbo que se
fez gente.
Recordemos a
voz de Cristo que impõe silêncio ao mar tempestuoso (Marcos 4,39); e a voz
poderosa de Cristo na cruz, descrita como teofania por Mateus 27,50. E também a
voz do Espírito no dia de Pentecostes. Estas vozes nos convidam a aclamar a
glória e o poder do Senhor; mas também nos ensinam a ouvir na tempestade um eco
e ressonância do poder do Senhor.
Cantando este
Salmo, demos graças ao Pai que nos consagrou e nos fez participar da missão de
Jesus, seu Servo que é Luz para iluminar das nações.
NAS ÁGUAS DO
JORDÃO MERGULHADO,
CRISTO RECEBEU
O ESPÍRITO SANTO.
Segunda leitura – Efésios 3,2-3.5-6. O
trecho da pregação feita por Pedro, em Cesaréia, diante do centurião romano
Cornélio e sua família, para atraí-los à conversão e ao batismo, quando Pedro
sanciona a admissão dos “pagãos” ao Evangelho sem obrigá-los aos costumes
judaicos principalmente a circuncisão. Ele começa afirmando que Deus não faz
diferença de pessoas; não distingue nem privilegia um povo ou raça, mas aceita
a todos e a cada um que o reconhece como Senhor e pratica a justiça. Segundo o costume do povo judeu, era proibido
ir à casa de alguém que não era judeu.
A primeira
parte da pregação contém a Atividade de Jesus na Galiléia. Na segunda parte
narram-se Viagens de Jesus fora da Galiléia e rumo à Judéia e a Jerusalém. E a
terceira parte abrange a Atividade, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus em
Jerusalém.
Na introdução
há três indicações geográficas: Judéia, Galiléia e Nazaré. A questão
importante, isto é, o cerne da questão encontra-se no nome de Jesus de Nazaré.
Jesus é aqui identificado como pessoa histórica e não através de um título
cristológico.
Todo este
trecho está moldado e enquadrado entre os versículos 36 e 42s. No versículo 36
Jesus é apresentado como o Cristo, isto é, Messias e Ungido do povo de Deus
(Israel) e como o Senhor de todos (os povos). No versículo 43 afirma-se que em
Jesus se realizaram as profecias de todos os profetas de Israel e que Ele foi
estabelecido Juiz dos vivos e dos mortos, isto é, de todos.
Mas quando a
pregação apresenta a descrição da Paixão e da Ressurreição de Cristo
(versículos 39-40), Lucas retoma uma espécie de “resumo” da Paixão que devia
circular nas comunidades primitivas (cf. Marcos 8,31; 9,31; 10,33).
Uma das notas
mais importantes destes resumos sobre a Paixão e Ressurreição é citação do terceiro dia tão freqüente na catequese
primitiva e ainda inscrita em nossa Profissão de Fé, o Creio. De fato trata-se
de uma referência a Oséias 1,2 (onde a palavra “levantar” é em grego, a mesma
que indica a ressurreição). O Talmud interpretava esta profecia de Oséias da
ressurreição final dos corpos: os três dias deviam indicar o espaço de tempo
necessário para ressuscitar todos os mortos de Israel e permitir que chegassem
a Jerusalém. A ressurreição de Cristo é, portanto, a primeira entre tantas
outras (cf. Mateus 27,52-53); ela já é a grande ressurreição dos corpos. Lucas
quer dizer que a ressurreição dos corpos, tal como fora prevista pelos
profetas, começou deste a ressurreição de Cristo.
Os grandes
eixos da pregação de Pedro: fé na ressurreição de Cristo e na nossa própria
ressurreição, conversão e testemunho especificam perfeitamente as
características catecumenais. O batismo é o sacramento de fé, não que ele a
conceda automaticamente, mas porque habilita cada discípulo e discípula, triunfando
o mal, a fazer de sua vida uma vida de ressuscitado que o prepara para outro
batismo: o da morte pelo qual nos vem o acesso à vida eterna em Jesus Cristo.
Evangelho – Marcos 1,7-11. A narração
de hoje é constituída de duas unidades menores: uma sentença do Batista,
expressando uma relação como Cristo que vem depois dele, e a narração do
batismo de Jesus, ou melhor, da Epifania de Deus para Jesus na hora de seu
batismo por João.
Na sentença do
Batista (versículos 7-8) delineia-se uma relativa oposição. João prepara o
caminho para um “mais forte”, tão forte que ele nem mesmo é digno de lhe
prestar um serviço de discípulo (desamarrar suas sandálias). A diferença entre
João e o que vem depois dele é mencionada no versículo 8): João batiza com
água, mas o que vem depois dele batiza com o Espírito Santo. João realiza a
preparação humana, a conversão, enquanto Jesus realiza a parte divina, a efusão
escatológica do Espírito (cf. Joel 3,1-5).
“Naqueles
dias”(em que João proclamava a sua mensagem de conversão), “aconteceu”
(versículo 9): Jesus veio de Nazaré da Galiléia e foi batizado por João no rio
Jordão. Mas “logo”, saindo da água, Ele (Jesus, e nenhum outro) viu os céus se
rasgarem (versículo 10a). Conforme Marcos (não conforme Mateus e Lucas) essa
visão é exclusiva de Jesus: só Ele sabe onde está o Reino: em si mesmo. Reino
que irrompe através dos céus rasgados (cf. Isaias 63,19). Desce a bath
qol, a voz de Deus personificada em forma de uma pomba, e lhe revela, de
modo estritamente particular (em Mateus se dirige a todos os presentes): “tu és
o meu Filho predileto, em quem coloco o meu agrado”. Este texto, inspira em
Isaias 41,1; 44,2; Salmo 2,7, significa a eleição
de Jesus. O filho predileto não é o queridinho na linguagem sentimental. É
o eleito do beneplácito de Deus, responsável pela missão que este lhe confia e
herdeiro de Sua glória. Assim como Javé escolheu Israel por filho, assim seu
beneplácito determina agora esta escolha de modo mais preciso: Jesus é, em
Israel, o Eleito por excelência, em quem as promessas se encontram cumpridas e
com quem Deus estará para sempre.
O Batista
anuncia o “mais forte” que ele (versículo 9). O espírito escatológico vem, de
fato, sobre Jesus, que é investido com Ele e por Ele levado ao deserto
(versículo 12-13), exatamente como Davi foi escolhido por Deus mediante o
derramamento de unguento por Samuel (cf. batismo) e imediatamente “possuído”
pelo Espírito (1Samuel 16,13). Jesus é agora “ungido” (Khistos) como Davi,
ungido pelo Espírito (cf. Isaias 6,1). Ele é o Ungido escatológico.
Como todo o
Evangelho de Marcos, a narração de hoje é uma “epifania velada”. O ser filho
eleito de Deus está envolto no véu do “segredo messiânico”. Por isso,
inicialmente a voz se dirige só a Jesus. Na Transfiguração a voz é dirigida
também aos discípulos: “Este é meu filho muito amado, escutai-o” (Marcos 9,7).
O centurião romano, prefigurando a Igreja liberta das categorias judaicas, pode
proclamar: “Verdadeiramente, este homem era filho de Deus” (Marcos 15,39). O
pleno significado da filiação divina de Jesus e a missão com a qual Ele é
investido na hora do batismo, só aparece na hora da Cruz.
Na primeira parte do Evangelho de hoje, Ele
foi anunciado como “aquele que batiza com o Espírito Santo”. Isto implica que
outros participam do mesmo mistério que se revela Nele na hora do batismo. Os
que recebem o batismo cristão participam de Sua missão de Filho de Deus. Nós também devemos passar pelo “segredo
messiânico”, isto é, a revelação do insondável plano de Deus na realização de
nossa missão histórica.
O batismo de
Jesus tem um nítido significado pascal. Este rito de passagem lembra a entrada
na Terra Prometida por Josué (= Jesus) e a travessia do Mar Vermelho pelos
Hebreus, duas figuras tradicionais do batismo nos Padres da Igreja.
O batismo de
Jesus é também manifestação (= Epifania) pública do Messias realizando as
antigas promessas feitas principalmente pelo profeta Isaias. A liturgia
Oriental destaca melhor a riqueza dogmática da festa da Epifania ao celebrar ao
mesmo tempo os “três milagres”:
- da estrela
dirigindo os magos ao presépio (Mateus 2,1-12);
- do batismo
de Jesus (Mateus 3,13-17; Marcos 1,7-8; Lucas 3,15-18);
- da água
transformada em vinho (Lucas 4,16-30).
A Epifania é a
manifestação da glória do Senhor: “A Palavra se fez carne e habitou entre nós;
e nós vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e
de verdade” (João 1,14).
O Espírito,
que desce sobre Jesus e faz Dele a presença permanente de Deus na terra,
constitui a origem divina de sua missão e pessoa. Por isso Jesus vive na
esfera do Espírito e pertence ao que é do alto.
A
interpretação do simbolismo da pomba não é única. Em primeiro lugar, “como
pomba” era fórmula comum para conotar o carinho
pelo ninho: o Espírito encontra seu ninho, seu lugar natural e querido em
Jesus; a pomba representa, portanto, o “amor” do Pai, que estabelece em Jesus
sua habitação permanente. A descida do Espírito em forma de pomba seria
referencia ao princípio da criação, pois no princípio dos tempos “o Espírito de
Deus pairava sobre as águas” (Gênesis 1,2). Agora em Jesus a Criação se torna
completa.
A unção
messiânica de Jesus pelo Espírito de Deus recorda as unções de juízes, reis e
profetas da Primeira Aliança, mas as supera. A unção, como requer a natureza do
acontecimento, é acompanhada por testemunhas qualificadas, como João Batista, e
por todos os presentes que ouviram a voz vinda do céu.
E é precisamente
neste momento de humilhação que se reabrem os céus fechados pelo pecado da
humanidade, um pecado que tem a sua origem na rejeição em escutar a Palavra e,
portanto, em obedecer a ela. Agora, de novo, o Pai faz ouvir a Sua voz, porque
existe Alguém pronto a Sua vontade. Ele reconhece solenemente em Jesus o Filho
amado, o verdadeiro Israel, o servo no qual encontra a Sua alegria.
3- LUGAR NA LITURGIA
No contexto
das leituras de hoje, o lugar de Marcos 1,7-11 é claro. As duas primeiras
leituras oferecem, por assim dizer, as coordenadas para o Evangelho: o conceito
de Servo/Filho de Deus conforme o Primeiro Testamento (Isaias 42, cântico do
Servo) e o anúncio apostólico da investidura de Jesus como Filho de Deus e
Messias a partir do batismo por João, como no início da nova e definitiva fase
da economia da salvação (Atos 10).
Mas de vemos observar
também o contexto litúrgico mais amplo: a festa do batismo de Jesus é uma
continuação da Festa da Epifania, isto é, retoma a manifestação do Senhor
também no Seu batismo. Por isso insistimos, no comentário acima, no caráter de
Epifania que reveste a narração do batismo. É uma manifestação da invasão do
Reino de Deus em Jesus, porém, descrita de modo característico de Marcos, isto
é, como manifestação velada, porque só à
luz da Cruz seu pleno sentido fica visível.
4- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
Sabemos que o Evangelho foi escrito em
língua grega. A palavra “batizar”, em grego, significa “mergulhar na água e
empapar” (como a chuva empapa a terra). “Batismo” quer dizer “mergulho”. “O
ponto alto do batismo (mergulho) de Jesus está no fato de o Espírito Santo
descer sobre ele em forma visível, e na voz que em do céu”. É a voz do Pai que
o proclama seu Filho amado, no qual se encontra sua complacência.
Sabemos que o
Batismo de João era insuficiente. Despertava o anseio de vida e levava a dar
adesão ao Messias que chegaria, mas tal adesão ficava ainda nos limites dos
propósitos humanos. Somente o Espírito, ao consagrar e comunicar a vida nova,
dará firmeza a essa adesão, envolvendo toda a vida do batizado.
O mergulho
nas águas junto com aquele povo constitui um verdadeiro sinal que celebra
(torna célebre) este grande mistério da comunhão Trinitária. Ao mesmo tempo,
celebra o início de um mergulho totalmente
novo, a saber: radical e solidariamente mergulhado
(pela sua prática de vida) na crua realidade humana (até no abismo da morte!),
ressuscitado, ele arrasta consigo os humanos para o mais profundo mergulho, o que é no Espírito de Deus e,
assim, na vida de Deus. Tornamo-nos então filhos de Deus no Filho, mistério
este que celebramos (vivenciamo-nos no presente) pela profissão de fé cristã e
pelo mergulho nas águas do batismo cristão.
O Espírito que
consagra é o que liberta do pecado do mundo, o que tira o homem da escravidão e
das trevas comunicando-lhe a vida divina, que é amor leal, capacidade de amar.
Com a doação do Espírito se completa a obra da criação. Enquanto o homem não
tiver recebido o Espírito, sua criação não estará ainda terminada, será somente
“carne”.
O Espírito
reside em Jesus; sua comunicação ao homem cria semelhança e comunhão com Jesus.
Assim, o Espírito dá ao homem e à mulher sua nova realidade: ser capaz de amar
como o Deus Pai ama Jesus. O desenvolvimento e a prática desse dom será o
conteúdo do novo mandamento do amor.
Próprio do
Espírito é dar a vida de forma definitiva, a qual está relacionada com o
conhecimento pessoal do Pai e de Jesus Messias. A razão é que o conhecimento de
Deus como Pai não é meramente intelectual; ninguém pode conhecê-lo a não ser
que seja filho, vale dizer, ninguém pode conhecê-lo se não tem o seu Espírito.
O Espírito proporciona sintonia com o doador do dom. O tema da vida que o
Espírito comunica se formulará em termos de “novo nascimento” ou “nascer do
alto”. Novo nascimento que capacita para entrar no Reino de Deus, a etapa
definitiva da criação, começada na comunidade cristã.
O batismo é o
ponto inicial de todo itinerário da vida cristã. Morrendo com Cristo para nossa
condição de pecadores, recebemos o Espírito da vida nova e assumimos o projeto
e a missão de Cristo em solidariedade com os pecadores.A fórmula trinitária do
batismo cristão indica que somos filhos e filhas amados, escolhidos e
preferidos para viver a vida na comunidade eclesial e no mundo.
O batismo
recebido na infância por desejo dos pais é, antes de tudo, um dom, uma eleição
de Deus, uma vocação para a fé. O diálogo de Deus conosco não começa
impondo-nos obrigações e tarefas, mas oferecendo-nos a graça e a salvação por
Jesus Cristo. Começa relacionamento conosco dando-nos seu Espírito e
chamando-nos de filhos amados. O Espírito recebido eleva a vida dada por nossos
pais, para sermos filhos de Deus.
As leituras
convidam-nos a refletir também sobre o nosso próprio batismo e fazem parte
daquela palavra dura de aceitar que Jesus disse uma vez aos discípulos:
“Quereis ir embora também vós?” (João 6,67). Como se pode pensar que Cristo
tenha escolhido um caminho tão pouco honrado: colocar-se na fileira dos
pecadores?
O episódio do
Batismo fornece-nos uma nova chave para compreendermos o segredo de Jesus que
“passou fazendo o bem e curando a todos” (Atos 10,38; segunda leitura). Em
Cristo a Humanidade inteira desceu às águas para realizar o verdadeiro êxodo da
morte para a vida: n’Ele, todos nós fomos chamados a renovar, cada dia, a opção
do nosso Batismo, para nos conformarmos
cada vez mais com a sua imagem.
“A festa do Batismo do Senhor revela,
ao mesmo tempo, que é Jesus e o que ele faz, quem são os seus seguidores e o
que são chamados a realizar na sociedade. Não basta termos recebido o batismo.
Não são suficientes belas celebrações. O que se requer é um compromisso com a
justiça que cria novas relações na comunidade e fora dela”, como Jesus fez. Ser
batizado é viver “mergulhado” no projeto de Jesus, a fim de que, num mundo de
jogo de poder e corrupção, haja mais justiça em favor dos pobres e excluídos.
Que Deus nos ajude a perseverar, com Jesus, nessa missão em nossas comunidades.
Por isso, é pedido como conclusão dos
ritos iniciais da celebração de hoje: “Ó Deus eterno e todo-poderoso, que,
sendo Cristo batizado no Jordão, e pairando sobre ele o Espírito Santo, o
declarastes solenemente vosso Filho, concedei aos vossos filhos adotivos,
renascidos da água e do Espírito Santo, perseverar constantemente em vosso
amor”.
5- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
Todos
nós somos batizados, mas todos nós muito pouco, ou quase nada nos recordamos
disso. Em geral porque fomos batizados quando ainda bebês. Foi o maior presente
que nossos pais nos deram: a vida plena em Jesus. Que tal se
recordássemos agora o nosso batismo? Na bênção da água do batismo, uma das mais
belas orações da Igreja, o padre pode, como gesto de invocação do Espírito
Santo, mergulhar o Círio Pascal na fonte ou pia batismal. Tal gesto relembra a
descida de Jesus ao mais profundo da existência humana, aquilo que nos iguala a
todos: nosso nascimento e nossa morte. Nosso nascimento porque fomos gerados na
água e nossa morte porque emergidos não sobrevivemos, e isso evoca a morte.
Terminadas as palavras de invocação do Espírito Santo, o padre retira o Círio
como quem retira alguém das águas, recordando-nos ritualmente que Deus nos
tirou da morte na ressurreição de Jesus, da qual participamos ao ser batizados.
Não por acaso, insistimos que aos domingos se faça no lugar do Ato
penitencial a recordação do Batismo. Para que recordando do feliz dia da nossa
participação na morte e ressurreição de Jesus Cristo, reavivemos em nós a
filiação divina que se manifesta na prática da justiça e na solidariedade com
todos, de forma universal e aberta a todos, como Jesus. Em cada recordação do
Batismo, ressoa sobre nós a voz do Pai que proclamou em Jesus e no nosso
Batismo: “Tu és meu Filho, eu hoje te gerei”.
6- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Deus mergulha totalmente a vida do ser humano para que este possa mergulhar na vida de Deus e, assim,
ajuda a construir uma sociedade alternativa em que, no Espírito de Deus, reinem
a justiça, o direito, a reconciliação, a fraternidade, a paz, o amor, a vida.
Eis o mistério que celebramos neste dia do Batismo do Senhor.
Daqui a pouco estaremos em torno da
mesa do Senhor para celebrar a memória do seu batismo maior, isto é, do seu mergulho nossa morte, para que, com ele
ressuscitado, sejamos mergulhados na Vida divina e eterna. Louvamos e
bendizemos Deus pelo batismo de seu Filho e pelo nosso batismo, pela Páscoa de
seu Filho e nossa Páscoa, pelo dom do Espírito de Deus e pelo espírito de
solidariedade de tantas pessoas e grupos que, ultrapassando seus próprios
limites, continuam hoje a missão de Jesus entre os pobres e excluídos de nossa
sociedade.
Depois vamos comungar: aceitamos que
o Senhor mergulhe em nós com seu
corpo entregue e seu sangue derramado para que, assimilando este mistério, mergulhemos no seu Espírito e, assim, possamos
também, unidos um só corpo, ajudar a
construir sociedade nova, fraterna e solidária, sonhada por Deus e por todos.
Participar da ceia do Senhor com este espírito, em comunidade eis um excelente
“espaço” de escuta. Por isso, após a comunhão o sacerdote ora em nome de todos:
“Nutridos pelo vosso sacramento, dai-nos, ó Pai, a graça de ouvir fielmente o
vosso Filho amado, para que, chamamos filhos de Deus, nós o sejamos de fato”.
Que “a celebração eucarística –
serviço por excelência de Jesus em vista do mundo novo – nos ajude a sermos
filhos amados do Pai, responsáveis pela continuidade do seu projeto de
liberdade e vida para todos.”
7- ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Conforme o
lugar e as circunstâncias, neste dia é recomendável, após a homilia, fazer a
renovação das promessas batismais ao redor da pia batismal e do Círio Pascal. A
renovação pode ser feita em forma de perguntas e respostas acompanhada de
gestos, como tocar a água, elevar velas acesas, erguer as mãos.
2. Os cantos
desta celebração devem manifestar o mistério que estamos celebrando: é preciso
cantar “o Natal” e não “cantar no Natal”. O Hinário Litúrgico I da CNBB –
publicado em CD pela Paulus, no volume “Liturgia V”, – traz excelente
repertório musical para celebra o mistério da Encarnação do Verbo na nossa
história. Para que haja uma caminhada litúrgica comum, é importante que os
cantos da celebração sejam escolhidos pela equipe de liturgia e pela equipe de
canto.
3. Ao anunciar
os cantos, cuidado com alguns possíveis “cacoetes”. Por exemplo, “vamos acolher
o celebrante com o canto tal”, ou “vamos cantar o número tal”. Primeiro: a finalidade do canto inicial
não é acolher o celebrante, mas fazer com que a comunidade, cantando, já faça a
experiência de ser acolhida por Deus em sua casa. Segundo: celebrante é toda a assembléia, e a pessoa que normalmente
costumamos chamar de “celebrante” é o presidente
da assembléia celebrante. Terceiro:
nunca se canta o “número” e sim o canto, que tem letra e música próprias para o
momento celebrativo.
8-
MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo do Tempo do
Natal, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não
basta só saber que os cantos são da Festa do Batismo do Senhor, é preciso executá-los com atitude
espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade
tenha o direito de cantar o mistério celebrado. Jamais os cantos devem
ser escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um movimento ou de uma
pastoral. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo
de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.
1. Canto de abertura. “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o
meu agrado” (Mateus 3,16-17). Sem dúvida, o canto de abertura mais adequado
para esse dia é o Salmo 71: “Eis que veio o Senhor dos senhores”, CD: Liturgia
V, melodia da faixa 12. Vejam outras possibilidades:
“Quem não renascer da água...”, Hinário Litúrgico I, Suplemento página 34; ao
ainda o Salmo 22, “O Senhor é meu Pastor” na versão que está no Hinário
Litúrgico II página 23, e gravado no CD: Liturgia X Tempo Pascal Ano B. Como
canto de abertura, não podemos deixar de entoar um desses cantos que nos
introduzem no mistério a ser celebrado.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse
sentido o Hinário Litúrgico I da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão
gravados no CD: Liturgia V.
2. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas...” Vejam o CD: Tríduo
Pascal I e II e também no CD: Festas Litúrgicas, Partes fixas do Ordinário da
Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por
Irmã Miria e outros compositores.
O Hino de
Louvor (Glória) é, sem dúvida, um dos momentos altos da celebração. Deve ser
cantado solenemente por toda a assembléia. Deve-se estar atento na escolha dos
cantos para o momento do glória. Ideal seria cantar o texto mesmo, tal como nos
foi transmitido desde a antiguidade, que se encontra no Missal Romano, ou, pelo
menos, o mesmo texto em linguagem mais adaptada para o nosso meio e também a
versão da CNBB musicado por Irmã Miria e outros compositores (como já existe!).
Evitem-se, portanto, os “glórinhas” trinitários! O hino de louvor (glória) não
de caráter Trinitário e sim Cristológico.
Pode ser acompanhado de uma
coreografia feita por um grupo de crianças e ao som de sinos, onde houver.
3. Salmo responsorial 28/29. O
Louvor a Deus por seus filhos. “Nas águas do Jordão mergulhado, Cristo recebeu
o Espírito Santo”, CD: Liturgia V, melodia da faixa 16.
O Salmo
responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura.
Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura
para a comunidade celebrante. Primeira leitura, Palavra proposta e o salmo
Palavra resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser
Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista.
4. Aclamação ao Evangelho. “E
logo, ao sair da água, viu o céu se abrindo e o Espírito, como pomba, descer
sobre ele”. (Marcos 1,10). “Aleluia...Pois abriram-se os céus e a voz do Pai se
ouviu”, CD: Liturgia V, faixa 14. O canto de aclamação ao evangelho acompanha
os versos que estão no Lecionário Dominical, página 735.
A aclamação ao
Evangelho é um grito do povo reunido, expressando seu consentimento, aplauso e
voto. É um louvor vibrante ao Cristo, que nos vem relatar Deus e seu Reino no
meio das pessoas. Ele é cantado enquanto todos se preparam para ouvir o
Evangelho (todos se levantam, quem está presidindo vai até ao Ambão).
5. Apresentação dos dons. O canto de apresentação das oferendas,
conforme orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho.
Seu tema é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja
reunida em oração. Sem
dúvida o Salmo 95 canto é o mais apropriado para esta festa. “Cantai ao Senhor
um canto novo,...” CD: Liturgia V, faixa 17.
6. Canto de comunhão. “Este é o filho de Deus” (João 1,32-34). Sem dúvida, o canto de comunhão a mais
adequado pra esse dia é Isaias 11: “O Espírito de Deus sobre ele pousará, de
saber de entendimento este espírito será...” com este refrão: “Nas águas do Rio Jordão João batizou Jesus,
a voz do Pai se ouviu, então o Espírito o consagrou”, CD: Liturgia V, melodia
da faixa 5. Outra possibilidade é o Salmo 42: “A minha alma tem sede de Deus”,
Hinário Litúrgico II, página 40; “Desperta tu que dormes” Hinário Litúrgico I,
Suplemento página 2. Estes três cantos
retomam o Evangelho na comunhão de maneira autentica. Veja orientação abaixo.
O fato de a
Antífona da Comunhão, em geral, retomar um texto do Evangelho do dia revela a
profunda unidade entre a Liturgia da Palavra e a Liturgia, Eucarística e
evidencia que a participação na Ceia do Senhor, mediante a Comunhão, implica um
compromisso de realizar, no dia-a-dia da vida, aquela mesma entrega do Corpo e
do Sangue de Cristo, oferecidos uma vez por todas (Hebreus 7,27).
9- ESPAÇO CELEBRATIVO
1. O espaço da
celebração deve recordar para nós a Jerusalém celeste. Portanto, o lugar da
celebração deve ser preparado para as núpcias do Cordeiro. Deve ser belo, sem
ser luxuoso; deve ser simples, sem ser desleixado; deve ser aconchegante para
que todos se sintam participantes do banquete. A mesa da Eucaristia é o lugar
de convergência de toda a ação litúrgica. Assim o altar não pode ser
“escondido” por imensas toalhas, arranjos de flores e outros objetos. O altar é
Cristo. É ele o ator principal da liturgia. “As flores, por exemplo, não são
mais importantes que o altar, o Ambão e outros lugares simbólicos. Nem a toalha
é mais importante que o altar. Os excessos desvalorizam os sinais principais. A
sobriedade da decoração favorece a concentração no mistério celebrado” (Guia
Litúrgico Pastoral, página 110).
2. Preparar o
espaço celebrativo, destacando além das mesas da Ceia e da Palavra, a fonte
batismal com o Círio Pascal. Continuando em clima natalino, a cor é o branco.
3. No espaço
celebrativo, colocar em destaque um arranjo que contenha alguns símbolos do
batismo: água, óleo, vela, veste branca.
10. AÇÃO RITUAL
A festa do
Batismo do Senhor nos recorda a íntima ligação entre cruz e descida às águas,
onde se dá o pleno reconhecimento da filiação divina do Homem de Nazaré e Nele
todos os seres humanos.
Um pouco antes
da celebração, a comunidade pode cantar um refrão meditativo.
Ritos Iniciais
1. Saudar e
valorizar os padrinhos e madrinhas de Batismo.
2. A saudação de
quem preside deve, de preferência, seguir a fórmula “f”, de 1Pedro 1,1-2 por
ser de caráter batismal.
Irmãos eleitos
segundo a presciência de Deus Pai, pela santificação do Espírito para obedecer
a Jesus Cristo e participar da bênção da aspersão do seu sangue, graça e paz
vos sejam concedidas abundantemente.
3. Após a saudação
presidencial o diácono, ou um ministro, devidamente preparado, propõe o sentido
litúrgico nos seguintes termos:
Domingo do
Batismo do Senhor. Celebramos o batismo de Jesus como expressão da sua
solidariedade para com toda a humanidade. Ele é o Servo do Senhor, que carrega
sobre si o pecado da humanidade, e justifica a todos. Sobre Ele repousa o
Espírito de Deus e o benquerer do Pai. A liturgia nos faz olhar assim, para o
nosso próprio batismo e para a filiação divina que alcançamos em Jesus Cristo.
4. O Hino de
Louvor (Glória) é, sem dúvida, um dos momentos altos dessa celebração do
encerramento do Ciclo do Natal. Deve ser cantado solenemente por toda a
assembléia e não somente pela equipe de canto. Nunca escolher músicas complicadas
dificultando a participação da assembléia.
5. Na oração
do dia suplicamos a Deus que conceda a todos nós seus filhos adotivos,
renascidos da água e do Espírito Santo, ser perseverantes no Seu amor.
Rito
da Palavra
1. Dar destaque
especial à Liturgia da Palavra, proclamando bem as leituras, especialmente o Evangelho.
O Evangeliário pode ser acompanhado de tochas e incenso. E a proclamação deve
ser feita de tal maneira que a comunidade viva e experiência da Encarnação de
Jesus o Verbo (Palavra) que se fez carne e habitou entre nós. Palavra que é o
próprio Cristo, recebendo acolhida na assembléia reunida, seu Corpo. Nunca é
demais insistir: proclamem-se bem as leituras até mesmo fazendo um breve
silêncio entre cada uma delas. Por exemplo, após o salmo responsorial, não iniciar logo a segunda leitura. Dar
uma pequena pausa para assimilar-se a riqueza do salmo.
2.
Após a homilia fazer a Renovação das Promessas Batismais.
Algumas pessoas se
aproximam com jarras ou cântaros de barro com água. Colocam-se ao redor da Pia
Batismal ou do recipiente, previamente preparado.
(Até chegarem na Pia,
canta-se este refrão:
Refrão: “NAS ÁGUAS DO
JORDÃO MERGULHADOS,
SOMOS BATIZADOS NO ESPÍRITO SANTO!”
(CD Liturgia V, faixa 16)
O presidente se dirige até a Pia e
reza:
Senhor Deus,
Hoje a Igreja, unida ao seu celeste
esposo.
Cristo, banhando-se no Jordão,
Mergulha em tua Vida divina
Neste dia, as águas exultam de alegria
por terem recebido, no meio do Jordão,
a bênção santificadora.
O Sol da justiça se banhou no rio,
o fogo mergulhou nas águas
e foi manifestada a todos os seres
humanos
a salvação de Deus.
(estende as mãos sobre a água)
Que esta água, ó Pai recorde para nós o
batismo do Senhor e seu mergulho em nossa humanidade. E teu povo passe da morte
para a vida, e acolha a graça do teu Espírito que manifesta a tua misericórdia,
por Cristo, nosso Senhor!
Refrão: “NAS ÁGUAS DO
JORDÃO MERGULHADOS,
SOMOS BATIZADOS NO ESPÍRITO SANTO!”.
Em seguida, fazer a renovação das
promessas batismais. Durante a profissão de fé e a renovação das promessas, a
assembléia pode segurar velas acesas nas mãos.
(Missal
Romano, página 289)
O
presidente asperge a assembléia com a água benta. Enquanto isso, pode cantar:
Banhados
em Cristo, somos uma nova criatura.
As
coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo.
Aleluia,
aleluia, aleluia (bis)
(CD Tríduo Pascal II, melodia da faixa
11)
Rito
da Eucaristia
1. Na Oração Eucarística,
“compete a quem preside, pelo seu tom de voz, pela atitude orante, pelos
gestos, pelo semblante e pela autenticidade, elevar ao Pai o louvor e a
oferenda pascal de todo o povo sacerdotal, por Cristo, no Espírito”.
2. Na
celebração da Palavra, onde não houver Missa, após o rito da Palavra, cantar a
Louvação do Natal sugerida no Hinário Litúrgico I, CNBB, página 75.
3. Valorizar o
rito da fração do Pão, devidamente acompanhado pela assembléia com o canto
profundamente contemplativo e orante do Cordeiro
de Deus.
4. Distribuir
o Corpo de Cristo de forma consciente e orante, como um gesto de profundo
serviço, expressando nele o próprio Cristo que se dá como servo de todos. Isso
vale tanto para quem preside como para os ministros extraordinários.
Ritos Finais
1. As palavras do
rito de envio podem estar em consonância como mistério celebrado: A alegria do
Senhor seja a vossa força. Jesus Cristo manifestado nas águas do Jordão
manifeste em nossa vida o seu amor. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.
2. É comum
além, de entrar em procissão no início da celebração guiados pela cruz, também
retirar-se do espaço sagrado em procissão, igualmente guiados pela cruz.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ser batizado
é, portanto, bem mais do que nos submeter a uma liturgia formal, a um rito de
passagem ou receber uma herança de pai para filho e, muito menos ainda, nos
livrarmos do caldeirão do diabo ou do limbo, por uma força mágica que descesse
do outro mundo na hora do batismo.
Só assim
podemos esperar ouvir também de Deus as palavras: “Tu és o meu filho querido,
em ti está toda a minha alegria!”
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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