quinta-feira, 12 de maio de 2016

SOLENIDADE DE PENTECOSTES - MISSA DA VIGÍLIA - ANO C

14 de maio de 2016

Leituras 
     Gênesis 11,1-9
     Salmo 103/104,1-2.24.35.27-28.29-30
     Romanos 8,22-27
     João 7,37-39 

“SE ALGUÉM TEM SEDE, VENHA A MIM E BEBA”
  
1- PONTO DE PARTIDA

Pentecostes é a festa da plenitude da Páscoa. O espírito profético de Jesus torna-se o grande dom da Igreja, tornando-a comunidade da proclamação e do testemunho para todas as nações.

Bendizemos ao Pai porque o Espírito Santo abriu e revelou a todos os povos, raças e nações o mistério que estava escondido desde sempre e reuniu todos na alegria da libertação. Somos hoje revestidos da força do alto, isto é, deste Espírito para sermos testemunhas alegres e corajosas do Cristo ressuscitado e também para rompermos a falta de comunicação que gera desentendimentos e divisões. Há muitos sinais de Sua ação, renovando a face da terra.

Celebramos a Páscoa de Jesus Cristo presente em pessoas, grupos e comunidades que vivem fielmente uma aliança de amor com Deus e que se entregam à ação vigorosa do seu Espírito.
           
2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

            Primeira leitura – Gênesis 11,1-9. Os homens dispersos por toda a terra depois do dilúvio, procuram a unidade na construção de uma cidade. Querem também edificar uma “torre” que atinja os céus e “tornar-se famosos” (versículos 1-4). Como na história do Éden e de Caim, a intervenção de Deus o pecado fica descoberto o pecado de arrogância do homem (versículos 5-6). A impossibilidade de comunicar provoca a “dispersão” dos homens por toda a terra (versículos 7-8). O nome da cidade de Babel, associada com o hebraico balál, “confundir”, torna-se o símbolo da confusão e da desunião entre os povos (versículo 9).

A proliferação do pecado primordial alcança o ápice na história de Babel, a cidade símbolo da impiedade e da violência dos grandes impérios da Mesopotâmia. O projeto original de Deus Criador era que todos os homens possuíssem a terra, cada um segundo a sua família, nação e língua. Ao invés, o projeto dos construtores dos grandes impérios põe em prática a planificação das línguas e das culturas.

A torre em forma de templo, que recorda os zigurates mesopotâmicos, é símbolo da hybris do homem que quer ser como Deus. Uma empresa titânica que desafia é a raiz das divisões entre os homens e os povos. O que impede a comunicação entre as pessoas e as nações não é a diversidade das línguas e das culturas, mas a prepotência que transforma as diversidades em discriminações e barreiras.

Salmo responsorial – Salmo 103/104,1-2.24.35.27-28.29-30. O início do Salmo está no singular. Não que seja um Salmo individualista. O termo “minha alma” não representa uma pessoa, mas o “eu Israel”, isto é, o “eu povo”.

Este Salmo segue a mesma ordem do universo que Genesis capítulo1. O Espírito de Deus está na origem de todos os seres e da vida. Esse Espírito renova a face da terra, isto é, renova todas as criaturas.

Uma “alegria” esfuziante (versículos 31b-34) canta a grandeza de Deus que reluz na beleza da Criação (versículos 1.24a), autêntico espelho da Sua glória (versículo 31a). Aquele que fez com “sabedoria” todas as coisas (versículo 24) continua a cuidar das Suas criaturas dando com abundância tudo o que serve para alimentar a vida: o alimento no tempo oportuno (versículos 27-28), e o “Espírito” que renova tudo o que o cansaço do caminho desgasta (versículo 30).

O rosto de Deus neste Salmo tem seu eixo central em “amor e compaixão” e fornecem um retrato grandioso de Deus. Ele é mais uma vez o aliado fiel. Mai ainda: mesmo que o povo não lhe seja fiel e peque, ele permanece fiel e perdoa. Compaixão é a mais preciosa qualidade de um pai. É também a maior característica de Deus. é o aliado compassivo que caminha com seu povo dando-lhe o hálito da vida e perdoando, pois foi ele quem nos criou.

De Jesus se diz que “amou até o fim”, isto é, até as ultimas conseqüências (João 13,1), a compaixão é a sua característica principal diante do sofrimento ou clamor das pessoas (Mateus 9,36; 14,14; 15,32; 20,34; Marcos 6,34; 8,2; Lucas 7,13).
           
ENVIAI O VOSSO ESPÍRITO, SENHOR,
E DA TERRA TODA A FACE RENOVAI.

Segunda leitura – Romanos 8,22-27. O Apóstolo Paulo coloca a esperança cristã no horizonte da atuação de Deus que abraça todas as criaturas. Com a imagem do “parto”, inspirada nos textos dos profetas, o Apóstolo aponta para todo o mundo um futuro de redenção (versículo 22). A certeza desta esperança faz o cristão discernir em todo sofrimento, segundo a expressão bíblica (cf. Jeremias 13,21), não a dor da agonia, mas a dor do “parto” de um mundo novo transfigurado pelo Espírito de Deus. Os cristãos, que já receberam o “Espírito de Deus”, em sintonia com a expectativa da Criação, aspiram à ressurreição, que é o cumprimento da sua condição de “filhos” (versículos 23-25). Uma confirmação desta esperança dos cristãos é a presença interior do “Espírito” que ampara e orienta a sua oração segundo o desígnio salvador de Deus (versículos 26-27).

A dupla “carne” e “espírito” é um dado essencial da antropologia bíblica: indica que o homem é, antes de tudo, percebido na sua relação para com Deus. Como ser livre, o homem do poder de ratificar ou não esta relação. Se os cristãos assumem livremente sua dependência e abre-se à iniciativa de Deus, ele é “espírito” e, de certa forma, participa dos bens divinos, especialmente do Espírito de Deus. Ao contrário, se procura realizar-se por seus próprios recursos e recusa ratificar sua ligação com Deus, ele é “carne”, fraqueza e pecado.

Cristo é, na verdade o primeiro homem do qual podemos dizer que viveu profundamente uma vida segundo o espírito. Foi isto que lhe conferiu o direito de difundir o Espírito sobre todos aqueles que aceitam assumir plenamente sua dependência em relação a Deus.

Que sentido têm os sofrimentos que há no mundo? Qual a sua relação com os desígnios do Criador?

À luz da fé e da esperança cristã, fundadas na ressurreição de Jesus Cristo, pode dizer-se que esses sofrimentos, como os do “parto” (cf. versículo 22), antecipam uma nova vida. Os cristãos que vivem uma relação filial com Deus, graças ao dom do Espírito Santo, escutam os “gemidos” das criaturas e orientam-nos para o cumprimento da Sua espera. De fato, também eles sofrem porque sentem as picadas da doença  e da morte que parecem contradizer as suas esperanças (versículos 23-25).

Mas além dos gemidos da Criação, os cristãos escutam também os gemidos do Espírito de Deus (cf. versículo 26) que se tornam oração de intercessão e compromisso na ação.

Evangelho – João 7,37-39. No termo dos sete dias da festa dos Tabernáculos, quando no átrio do Templo, em Jerusalém, se cumprem os ritos para implorar as chuvas, Jesus Se apresenta como fonte que mata a sede a quem crê (versículos 37-38), o qual por sua vez se torna fonte de água viva (cf. João 4,14). A água é o “Espírito” que Jesus comunica depois de Sua morte e ressurreição (versículo 39).

A palavra de Cristo associa três temas: o da sede, o da água e o da Palavra, que constituem uma antiga tríade, isto é, um conjunto de três coisas. O judeu não se surpreende com isso: para ele, a sede (lugar de um acontecimento) da sêde não é o ventre, mas a língua, que é a sede da Palavra. Portanto, sêde de água e sêde de Palavra são frequentemente tomadas uma pela outra, a água designando o dom de Deus na Sua Palavra, e a sêde de água a fé.

Portanto, João vê em Cristo aquele que realiza as promessas de fecundidade escatológicas contidas na celebração das festas judaicas. Mas realiza-as para além das mais otimistas expectativas: não é somente a água de uma felicidade física, mas a água de uma participação, pela fé, da vida divina e do dom do Espírito.

A sede é o símbolo da necessidade humana de viver. Por sua vez, a água que sacia representa a vida. Jesus promete para a mulher Samaritana, à qual pede de beber, uma “água viva que jorra para a vida eterna” (cf. João 4,14). A Sua Palavra é a água viva que sacia o cristão. Mas só por meio do Espírito é que a Palavra de Jesus se torna uma realidade interior que faz viver e se comunica.
Há, pois, para o cristão, uma ligação muito estreita entre o conhecimento de Deus, o conhecimento de Cristo e a acolhida do dom do Espírito. Ao entrar na Igreja pelo Batismo, o cristão é introduzido na grande torrente que jorrou do coração de Deus e que Ele tudo conduz por Jesus Cristo e no Espírito Santo. Eis o que é conhecer. Toda a vida do cristão deve ser polarizada por este conhecimento que o salva e o faz, com Cristo, salvador da humanidade: um conhecimento que não depende do saber humano, mas que a fé em Cristo crucificado e sabedoria de Deus.

A celebração eucarística é o lugar privilegiado do conhecimento de Deus, porque ela introduz aqueles que reúnem na ação de graças (Anáfora) de Cristo, no Seu sacrifício, na Sua obediência ao Pai, em suma, no seu próprio conhecimento do Pai.

Mas para que ela seja o lugar privilegiado, a celebração eucarística deve conferir o seu papel à liturgia da Palavra. A proclamação das Escrituras Sagradas e, ligado a ela, a homilia do presidente, devem permitir a cada um dos participantes assumir, no hoje de sua vida e da vida da sociedade, aquilo que foi uma vez por todas o Sacrifício Redentor de Cristo e Seu conhecimento do Pai.

3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA

O dom do Espírito Santo caracteriza a experiência cristã. Prometido no Antigo Testamento como realidade unida à chegada do Messias, Ele desce sobre Jesus no momento do seu Batismo no Jordão e permanece sobre Ele. Por isso Jesus pode fazer mergulhar os cristãos no Espírito Santo para eliminar o pecado do mundo. Jesus ressuscitado dá aos seus discípulos o Espírito Santo para o perdão dos pecados, efusão profeticamente prefigurada pelo sinal que acompanha a morte de Jesus: do seu Lado aberto pela lança sai “sangue e água”, o Espírito que dá a vida (cf. João 19,34 e João 7,39).

O Espírito, fonte de vida, lança os cristãos para a missão como (permuta) troca de dons. Os que se deixam guiar pelo Espírito, que é um dinamismo de amor, são sinal e instrumento de unidade e de concórdia entre as pessoas. Em vez de confusão de Babel (primeira leitura) vem a comunicação, em vez da dispersão temos o encontro. Esta perspectiva está presente na oração de abertura da celebração litúrgica, onde se pede a Deus “pela ação do seu Espírito, os povos dispersos se reúnam de novo e todas as línguas proclamem numa só fé a glória do seu nome” (Oração do dia).

O Pentecostes, enquanto quinquagésimo dia é o cume e o selo do Tempo Pascal. O dom do Espírito feito por Jesus ressuscitado leva a cumprimento as promessas de Deus, mas é também primícias, penhor e garantia do cumprimento da esperança dos cristãos e do mundo. Também perante o escândalo do mal e do sofrimento absurdo, quantos receberam as primícias do Espírito Santo colocam-se à escuta dos gemidos que preludiam o nascimento do mundo novo (segunda leitura).

O Espírito do Senhor nos liberta de todas as formas de opressões, de pecado, para vivermos fraternalmente como irmãos e irmãs. Como os discípulos, o Espírito Santo nos plenifica da presença de Deus, capacitando-nos para sermos anunciadores da Boa Nova de Jesus. O Espírito age em nós e em toda a criação, que geme em dores de parto (Romanos 8,22), aguardando a manifestação plena da salvação.

4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO

“A Páscoa é já o dom do Espírito Santo. Pentecostes é a manifestação da Páscoa a todos os povos, nações e culturas. Ficaram cheios do Espírito Santo e proclamavam as maravilhas de Deus. A Eucaristia é Pentecostes” (Diretório Homilético, n. 55 e 56).

É fundamental lembrar que em cada celebração eucarística, o Espírito Santo faz acontecer um novo Pentecostes na comunidade reunida, o mesmo espírito transforma o pão e o vinho e une os cristãos num único corpo (epiclese de comunhão).

5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

Como os discípulos, estamos reunidos no Dia do Senhor para celebrarmos o mistério da Eucaristia na comunidade reunida em Nome do Senhor.

Já no início, suplicamos que o Senhor: Fazei que todas as nações dispersas pela terra, na diversidade de suas línguas, se unam no louvor do vosso nome (Oração do Dia).

O Senhor Ressuscitado se coloca em nosso meio e nos convida: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”. Jesus Se apresenta como fonte que mata a sede a quem crê e se declara como a fonte de água viva que mata nossa sede e nos conduz à vida eterna.

É no Espírito Santo que professamos nossa fé no Senhor Jesus. Do Espírito do Senhor recebemos diversos dons, embora sejamos muitos membros, formamos um só corpo, pois todos nós bebemos de um único Espirito (segunda leitura da Missa do Dia). Do Espírito do Senhor recebemos o dom de se comunicar para não cairmos numa situação de Babel.

Renascidos pela água e pelo Espírito, nos tornamos comunidade de fé, presença e prolongamento do Cristo ressuscitado na realidade bem concreta, sobretudo lá onde se faz necessário, pois assim como em Jesus, o Espírito Santo é derramado sobre nós e nos envia para anunciar a Boa Nova aos pobres; para proclamar a liberdade aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor.

Que hoje se cumpra em nós esta palavra da Sagrada Escritura e nos faça discípulos-missionários sem fronteiras.

6- ORIENTAÇÕES GERAIS

1. O Círio Pascal deve estar presente, junto à Mesa da Palavra na celebração de hoje. É importante que o Círio seja aceso no início da celebração, após o canto de abertura, enquanto a assembléia entoa um refrão pascal. Ele é o sinal do Cristo ressuscitado que nos transmite o Seu Espírito, Senhor de nossas vidas. Ver outras opções em Ação Ritual.

2. Dar destaque à água batismal. Onde há pia batismal, ela deve ser o ponto de referência para a realização de ritos como aspersão, renovação de promessas, compromissos. Onde não há pia batismal, preparar alguma vasilha de cerâmica, de preferência junto do Círio Pascal.

3. O Tempo Pascal termina com a oração das vésperas e das completas do dia de hoje. Depois dessas orações, convém guardar o Círio Pascal, com veneração e respeito, no batistério, para nele acender as velas dos batizandos e também pode ser aceso nos funerais. No final da celebração eucarística, tem o rito próprio para apagar o Círio Pascal. Guardar o Círio Pascal, indicando o encerramento do Tempo Pascal.

7- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com o Tempo Pascal e com cada domingo, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não basta só saber que os cantos são da Páscoa, é preciso executá-los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. O canto de abertura deve nos introduzir no mistério celebrado.

1. Canto de abertura.  “O Espírito do Senhor encheu o universo... (Sabedoria 1,7/ O Espírito derramou em nós o amor de Deus (Romanos 5,5; 10,11) “O Espírito do Senhor, o universo todo encheu”, Salmo 68/67, CD Liturgia X, melodia da faixa 18.

O Salmo 68/67 mostra um Deus companheiro que defende a causa do órfão, da viúva e de todos os oprimidos da terra. Celebrando a manifestação do Senhor nas lutas das antigas tribos de Israel e nas procissões do templo, adoremos a Ele presente e atuante na caminhada do nosso povo que luta por moradia, terra e comida. “Se Deus é por nós, quem será contra nós? (Romanos 8,31). É cantado na liturgia cristã como canto de abertura. A ligação da Ascensão com Pentecostes é muito significativa: se Jesus não subir o Espírito não desce. Por isso o Salmo 68/67 é cantado como canto de comunhão na festa da Ascensão do Senhor. O refrão indica poeticamente em que consiste Pentecostes e seu significado para a Igreja: Iluminar o mundo com a Páscoa de Jesus Cristo. Outra opção é o canto “O amor de Deus foi derramado em nossos corações”, CD: Liturgia XVI, melodia da faixa 13.

2. Refrão para o acendimento do Círio Pascal. “Cristo-Luz, ó Luz, ó Luz bendita...”, CD Festas Litúrgicas I, faixa 9; “Salve Luz eterna, és tu Jesus...”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 292.

3. Canto para o momento da aspersão com a água batismal. “Eu vi, eu vi, a água manar...”, CD Tríduo Pascal II, faixa 12; “Banhados em Cristo, somos uma nova criatura...”, Hinário Litúrgico II da CNBB, página 196; “Jesus o seu batismo na Páscoa completou, passou as grandes águas o mar atravessou, abrindo o caminho, teu povo libertou” (bis). Mesma melodia do Salmo 23 “Os filhos dos hebreus, com ramos de palmeira”, cantado no Domingo de Ramos.

4. Hino de louvor. “Glória a Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso e outros compositores.

5. Salmo responsorial 103/104. Deus dá força e vida às criaturas pelo Espírito. “Enviai o vosso Espírito Senhor...” CD Liturgia XVI, melodia da faixa 14.

6. Aclamação ao Evangelho. “Vem, Espírito Santo...”, CD Liturgia XVI, melodia da faixa 15. O canto de aclamação ao evangelho acompanha os versos que estão no Lecionário Dominical, página 521.

7. Apresentação dos dons. O canto de apresentação das oferendas, conforme orientamos em outras ocasiões, não necessita versar sobre pão e vinho. Seu tema é o mistério que se celebra acontecendo na fraternidade da Igreja reunida em oração, no dia de Pentecostes. Levando pão e vinho em procissão, a nossa vida também sobe para o altar. “Suscitai, ó Senhor Deus, suscitai vosso poder”, CD: Liturgia XVI, melodia da faixa 17. “Eis a procissão do rei, nosso Deus,...”, CD: Liturgia X, melodia da faixa 20.

8. Canto de comunhão. “Quem tem sede, venha a mim e beba” (João 7,37). “No deserto da vida quando a sede me vem”, CD: Festas Litúrgicas II, melodia da faixa 9.

O canto de comunhão deve retomar o sentido do Evangelho da Solenidade de Pentecostes onde contemplamos a presença do Espírito Santo que conduz a Igreja para a missão. Esta é a sua função ministerial. A liturgia de cada Domingo, principalmente de hoje oferece para realçar a relação entre “a Mesa da Palavra” e “a Mesa Eucarística”, mediante o simbolismo do pão e do vinho Corpo e Sangue do Senhor. O Canto de Comunhão sugere esta ligação importante”.

8- ESPAÇO CELEBRATIVO

1. Tudo no espaço celebrativo da festa de hoje deve lembrar a Páscoa, os cinqüenta dias em que celebramos a ressurreição do Senhor. Por isso, preparar bem o local onde ficará o Círio Pascal, enfeitar a pia batismal, usar a cor vermelha no Ambão e no Altar, fazer uma ornamentação que destaque o Altar (sem poluir). No livro A Arte Floral a Serviço da Liturgia, de Jeanne Emard, São Paulo, Paulinas, 1999, páginas 49-51, há uma sugestão de arranjo próprio para a festa de hoje.

9. AÇÃO RITUAL

O Espírito Santo é o dom do Ressuscitado – crucificado à sua Igreja. A Solenidade de Pentecostes é a celebração da plenitude da Páscoa. Como dom de Cristo, o Espírito Santo nos leva a participar de sua vida divina e nos qualifica para o culto de Deus e para o serviço aos irmãos.

Ritos Iniciais

1. Solenizar a procissão de entrada: cruz processional, incenso, sete velas ou tochas e o Evangeliário. Não esquecer de valoriza as pessoas que exercem algum ministério ou serviço na comunidade. Elas receberam do Espírito a missão de testemunhar a ressurreição de Jesus Cristo. Todos os ministros que vão exercer algum ministério litúrgico usem as vestes festivas. O presidente da celebração use os paramentos vermelho.

2. Após o canto de abertura, fazer um pequeno lucernário, solenizando o acendimento do Círio Pascal: uma pessoa acende o Círio e diz: “Bendita sejas, Deus da Vida, pela ressurreição de Jesus Cristo e por essa luz radiante!”. Ou outros refrões que revela o sentido pascal: “Salve, luz eterna és tu, Jesus!/ Teu clarão é a fé que nos conduz! (Hinário II, pág. 292). “Cristo-Luz, ó Luz bendita,/ Vinde nos iluminar!/ Luz do mundo, Luz da Vida,/ Ensinai-nos a amar! (CD: Festas Litúrgicas I) e a seguir, incensa o Círio pascal e a comunidade reunida. O acendimento do Círio Pascal pode ser solenizado também antes da procissão de entrada se a comunidade preferir.

3. Se a comunidade tiver dificuldade para fazer este pequeno lucernário, a procissão de entrada pode ter à frente o Círio Pascal aceso. Neste caso, não se usa cruz processional, que permanece em seu lugar de costume.

O sentido litúrgico, após a saudação pode ser feito com palavras semelhantes a estas:

Domingo de Pentecostes. Celebramos a Páscoa do Senhor que atinge sua plenitude no derramamento do Espírito. Pentecostes, como celebração do Dom do Espírito Santo, confirma na vida da Igreja a virtude da vida nova alcançada na Páscoa de Jesus. A morte e ressurreição do Senhor e o derramamento do Espírito Santo são faces de um único mistério que na Eucaristia se fazem sempre presentes e operantes. Pelo Espírito somos levados à vida que nos foi dada na Páscoa do Senhor.

4. Fazer o Ato penitencial da fórmula 2 do Missal Romano na página 392:

De coração contrito e humilde, aproximemo-nos do Deus justo e santo, para que tenha piedade de nós, pecadores.

Tende compaixão de nós, Senhor.
Porque somos pecadores.
Manifestai, Senhor, a vossa misericórdia.
E dai-nos a vossa salvação.

5. Também é oportuno substituir o ato penitencial pela aspersão. Se for realizado o ato penitencial, hoje a aspersão da assembléia pode ser após a Profissão de fé.

6. Solenizar o Hino de louvor (Glória), lembrando que Jesus Cristo, nosso Redentor, foi introduzido na glória dos céus, à direita do Pai no mistério da Ascensão, e nos envia o Espírito Santo.O Hino de Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é, voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho. O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo, exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Enquanto a assembléia entoa o Hino de Louvor, pode-se incensar o Ícone da Face do Ressuscitado. Lembremo-nos: o Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da assembléia.

7. Na Oração do Dia, suplicamos a Deus que atualize em nossos corações o prodígio de Pentecostes. Tanto a primeira leitura como a Oração do Dia proclama a realidade de Pentecostes para o mundo todo

Liturgia da Palavra

1. A proclamação das leituras seja preparada com esmero. Pentecostes, como festa da renovação da Aliança em Cristo, não é outra coisa senão o diálogo da Aliança que faz arder o coração na chama do Espírito.

2. Dar destaque maior à proclamação do Evangelho, que hoje pode ser cantado e o livro, incensado.

3. Onde for possível toda a assembléia acende suas velas no Círio Pascal e nas sete velas ou tochas, permanecendo com elas acesas até o final do Evangelho

4. Em seguida, fazem uma procissão Luminosa conduzindo o Evangeliário da mesa do Altar para a mesa da Palavra, onde permanecem até o final da proclamação do Evangelho. Depois da proclamação, deixa-se, então as tochas ornando a Mesa da Palavra.

5. No momento da Profissão de fé, convidar as pessoas que exercem serviços e ministérios na comunidade para que se aproximem do Círio Pascal ou junto à pia batismal e renovem sua consagração ao serviço do bem comum na comunidade. Onde for possível, os servidores juntam suas mãos no Círio e recitam o Creio. Em seguida fazer a aspersão sobre toda a assembléia com um canto próprio como nos domingos anteriores.

Liturgia Eucarística

1. Na procissão das oferendas, seria bom incluir à frente dos dons, a entrada da Bandeira do Divino, símbolo muito presente em diversas regiões do Brasil. Outra opção seria levar a Bandeira do Divino na procissão de entrada.

2. O rito da incensação, retomado durante a apresentação das oferendas, deve ser feito com calma. Procure-se dar valor na incensação da assembléia Corpo do Senhor, manifestando assim a presença de Deus no meio da comunidade reunida em oração. O canto da procissão das oferendas dura enquanto durar a incensação.

3. Na Oração sobre as Oferendas é o Espírito Santo que nos leva a compreender melhor o Mistério do sacrifício eucarístico.

4. A Oração Eucarística III, com o Prefácio próprio da Solenidade, manifestam mais claramente o mistério da celebração de hoje.
5. Cantar o Prefácio que realça, neste dia, o mistério do Pentecostes (Missal Romano página 319). Nas celebrações da Palavra, fazer o momento do louvor com a louvação indicada no Hinário Litúrgico II, página 159.
6. Motivar as pessoas a partilharem o abraço da paz, pois Deus derramou em nossos corações o seu Espírito que nos enche de alegria, consolação e paz. Mas essa ação ritual não deve ofuscar a “fração do pão”.

7. A comunhão em duas espécies, mandamento do Senhor, é incentivada pelo magistério da Igreja e permitida pelos documentos. Ela coloca em relevo a comunhão no Espírito Santo que nos foi dado em Pentecostes

Ritos Finais

1. Na Oração Depois da Comunhão, peçamos a Deus, que os dons do Espírito Santo cresçam para edificação da Igreja Corpo de Cristo

2. Não esquecer de dar a bênção solene de Pentecostes no final da celebração, conforme o Missal Romano, página 524.

3. As palavras do rito de envio estejam em consonância com o mistério celebrado: “Quem tem sede venha a mim e beba”. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Nesta eucaristia estamos novamente reunidos, como os discípulos estavam. No meio de nós está o Senhor ressuscitado, como narra o Evangelho de hoje. Novamente Ele nos concede o seu Espírito vivificante, para que nos possamos colocar a serviço do perdão e da reconciliação. Cristãos reconciliados para sermos instrumentos de reconciliação no mundo.

Celebremos nossa Páscoa, na pureza e na verdade, aleluia, aleluia.

O objetivo da Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos
           
Pe. Benedito Mazeti

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