07 de agosto de 2016
Leituras
Sabedoria 18,6-9
Salmo 32/33,1.12.18-19.20.22
Hebreus 11,1-2.8-12
Lucas 12,32-48
“QUE OS VOSSOS RINS ESTEJAM CINGIDOS E
AS LAMPADAS ACESAS”
1- PONTO DE PARTIDA
Domingo do
verdadeiro tesouro e da espera vigilante. Neste Domingo, Jesus continua a
instruir seus discípulos e fala sobre o verdadeiro tesouro e completa o
ensinamento sobre como proceder diante dos bens deste mundo. Esse tesouro os
ladrões não roubam e nem a traça corrói. É preciso direcionar o nosso coração
para o essencial – o Reino de Deus e sua justiça –, pois onde está o nosso
tesouro aí estará também o nosso coração. Para conseguir essa atitude, é
preciso constante vigilância: rins cingidos e lâmpadas acesas. O uso correto
dos bens ajuda a estarmos prontos para o encontro com o Senhor.
Celebramos a
Páscoa de Jesus Cristo que se manifesta em todas as pessoas e grupos que
colocam suas esperanças e atenção no Reino – vivem continuamente alertas, em
alegre esperança, preparando-se para a vinda do Senhor e, com certeza agindo
concretamente na construção de novo céu e nova terra, lugar da habitação da
justiça e da fraternidade.
Vamos ao
encontro do Senhor com nossas lâmpadas acesas, abrigando em nossos corações a
firme esperança de que o Senhor defende a nossa causa e não despreza o clamor
dos que invocam o seu nome.
2- REFLEXÃO BÍBLICA,
EXEGÉTICA E LITÚRGICA
Contemplando os
textos
Primeira leitura – Sabedoria 18,6-9. A
primeira leitura é tirada do livro da Sabedoria. Os versículos lidos hoje fazem
parte de um conjunto maior (cf.11,2—19,22), em que o autor descreve a
providencia de Deus no Êxodo. O autor do livro da Sabedoria faz um comentário
das sete pragas, confrontando Israel com o Egito (ver capítulos 11—12 e 16—19:
o comentário contido nestes capítulos é interrompido na seção 13—15; nestes
últimos o autor fala da idolatria).
A morte dos
primogênitos dos egípcios é considerada por toda a tradição hebraica como o
mais duro castigo que Deus lhes infligiu e a prova decisiva em favor da
libertação dos israelitas. Na passagem tirada para a liturgia de hoje, ele
mostra como os filhos dos egípcios morrem no mar, porque seus pais tinham tido
o projeto de jogar os filhos dos hebreus no rio Nilo (Sabedoria 18,5).
No trecho 18,5—19,21, de onde é extraída a
palavra lida hoje, fala-se da morte dos primogênitos (décima praga). Os
versículos 6-9, do capítulo 18, são recordações da libertação do Egito. O autor
começa evocando a “noite” célebre e a promessa feita aos pais. Aquela noite
tornou-se célebre. É “a noite” decisiva, em que acontecem os fatos mais
importantes para toda a história do povo hebreu... Por isso o autor começa de
rapidamente com ênfase, sem antes falar dela: “Esta noite...” Supõe-se por
demais conhecida de todos. Nela aconteceram de excepcional importância para a
história do povo: a punição dos opressores egípcios e a libertação do povo
escolhido, mediante a “ceia ritual do cordeiro pascal”. Por isso é que “esta
noite” tinha sido antecipadamente conhecida e anunciada. “Nossos pais”, do
versículo 6, pode referir-se aos patriarcas: no caso trata-se do anúncio feito
por Deus a Abraão (Genesis 15,13) e a Jacó (Gênesis 46,3s) de quem seus
descendentes desceriam do Egito, mas que lá não permaneceriam para sempre. Ou,
então, a expressão pode referir-se a Moisés e aos demais anciãos a quem Deus
tinha antecipadamente anunciado o que aconteceria naquela noite.
O sacrifício
da ceia pascal teve a força de unir profundamente os filhos de Israel,
solidificando os destinos de todo o povo, a ponto de assumirem juntos os bens
prometidos por Deus, como também os riscos do caminho. É uma constatação
bastante comum que, quando um grupo, por ocasião de perigos muito grandes, se
reúne para um ato religioso, esse ato produz uma grande solidariedade entre os
membros do grupo. É isto que o autor quer expressar no versículo 9. Nesta
celebração tão importante e decisiva, o autor imagina os hebreus já cantando os
hinos que mais tarde começaram a fazer parte do ritual da ceia pascal. São os
hinos do Hallel, os Salmos 112/113-117/118. é o canto de ação de graças por
todas as maravilhas que Deus operou em favor de seu povo.
Esta ceia
pascal era um verdadeiro sacrifício, apesar de não existir ainda o sacerdócio
levítico. Os chefes de família desempenhavam então a função sacerdotal para sua
pequena comunidade familiar.
Celebrar a
Páscoa é, de certo modo, interpretar a história e saber que Deus não se cessa
de escolher seu povo entre os justos e de castigar os ímpios. Pode-se supor o
quanto esta lição ressoava nos coração dos judeus, novamente exilados no meio
dos egípcios! Cristo morrerá no decorrer de uma destas Páscoas, para toda a
humanidade, a fim de eliminar esta dívida racista e fazer compreender que
egípcios e judeus se encontram juntos, no caminho da eleição e da salvação.
Salmo responsorial – Salmo 32/33,1.12.18-20.22
: O Salmo 32/33 é um hino de louvor ao Senhor com momentos de reflexão
sapiencial. Esse tipo de salmo é marcado pelo louvor a Deus, salientando um ou
mais aspectos de sua presença e ação no mundo.
Inicia com um
convite ao louvor. O desígnio de Deus frente aos desígnios humanos: é um
desígnio de salvação, que se realiza na eleição de um povo e não tem fim. O
hino conclui acrescentando o tema da confiança e uma breve súplica final.
O rosto de
Deus neste salmo. Há duas características fortes de Deus: Ele é o Criador e o
Senhor da história. Deseja que o mundo inteiro o tema e experimente o seu amor.
Ele tem um plano para toda a humanidade, e quer que esse plano se concretize.
Nesse sentido, ao dizer “feliz a nação cujo Deus é o Senhor, o povo que Ele
escolheu como herança”, o salmo não está reduzindo tudo a Israel, mas abrindo
essa possibilidade a cada povo ou nação, em sintonia com alguns profetas depois
do exílio na Babilônia.
O Novo
Testamento vê Jesus como a Palavra criadora do Pai (João 1,1-18 e como Rei
universal. A paixão segundo João O apresenta
como Rei do mundo inteiro, um rei que dá a vida para que a humanidade
possa viver plenamente. A própria ação de Jesus não se limita ao povo judeu,
mas abriu para outras raças e culturas, a ponto de Jesus encontrar mais fé fora
do que dentro de Israel (Mateus 8,5-10.13; Lucas 7,9).
O livro da
Sabedoria nos ensina que a pessoa que crê deve sempre estar aberta ao que é
humano e às idéias novas que são descobertas. Entretanto deve também, ao mesmo
tempo, ser fiel à experiência do passado. Neste salmo, agradeçamos ao Senhor o
seu amor que se revela a nós na criação do mundo, na história e em nossa vida
de hoje.
FELIZ O POVO
QUE O SENHOR ESCOLHEU POR SUA HERANÇA!
Segunda leitura – Hebreus 11,1-2.8-12. A
segunda leitura é da carta aos Hebreus. O capítulo 11 é um longo texto sobre a
fé. Contém uma definição da fé e uma série de personagens exemplares. Os
modelos de fé do Primeiro Testamento atingem o auge no exemplo de Jesus Cristo.
A descrição da
fé (cf. versículo 1) não apresenta todo o seu objeto material, mas o fim a que
se deve chegar. As realidades da fé são tão certas e firmes, que nossos modelos
do passado nelas acreditaram e as cultivaram com coragem e testemunho (cf.
versículo 2).
Nos versículos
1-2 se diz que a fé é garantia e convicção das realidades que se esperam; tudo
que se espera, em si, não tem ainda consistência, mas pela fé, porém, temos
certeza dela com se já existisse; ademais, a fé aliada à caridade constitui-se
em elemento substancial da vida eterna.
A fé é
“hypóstasis” (= substância = conotando firmeza, estabilidade, duração,
verdade), base e fundamento real do que se espera e não se vê o que produz em
nosso ânimo segurança, confiança e garantia sobre aquilo que há de vir – uma
convicção, uma garantia mental. Os Santos Padres e muitos exegetas definem: a
fé dá subsistência aos bens celestes em nossa vida, assegurando-lhes a
existência e, já agora, a presença. Para Santo Tomás de Aquino a fé é o
primeiro princípio e início da graça e da vida eterna (II-II, q. 4, a. 1c).
O versículo 2
explica bem dizendo que as realidades da fé são tão certas e firmes que nossos
modelos do passado nelas acreditaram e as cultivaram com esmero, dando ilustre
testemunho e, com isso, ficando célebres e valiosos para a nossa edificação.
A fé leva a
compreender que Deus por sua Palavra criou o mundo, tornando visível o que era
invisível (versículo 3). Em seguida, celebra-se a fé em Abel, Enoc e Noé,
patriarcas pré-diluvianos (versículos 4-7), como virtude indispensável para
agradar a Deus. Os versículos 8-19 dissertam sobre a fé de Abraão.
O grande
modelo de fé é Abraão, isto é, pai dos crentes, são dedicados a ele doze
versículos. Insigne na fé – ele e Sara –, foi chamado por Deus, obedeceu
prontamente, saindo de sua terra para receber uma herança prometida. Deixou o
certo pelo incerto, graças à sua obediência e sua fé gradual em na Palavra de
Deus – fé que chegou a ser modelo. Cheio de fé aceitou morar em terra
estrangeira, o país prometido. A fé de Abraão prende-se também a fé de sua
esposa Sara, que teve dificuldade em crer, dadas a sua esterilidade e velhice
que a impediam de conceber (cf. Romanos 4,19; 9,9; 1Pedro 3,6) e a sua dúvida
quando lhe fora anunciado um filho (Gênesis 18,9-15). Contudo, pela fé ela
superou a desconfiança inicial.
Abrão é o pai
espiritual de todos nós (Romanos 4,16). Os versículos refletem sobre a fé dos
patriarcas: embora Deus provasse a sua fé, protelando a realização das
promessas, eles não desesperam, nem esmorecem em sua fé. Morrendo se ver o
Prometido, contudo viram e saudaram de longe, na fé, no júbilo (João 8,55).
Nos versículos
17 a 18, Abraão chegou ao máximo de sua fé, de sua confiança, de sua obediência
à Palavra de Deus. Recebera a promessa de um filho (Gênesis 21,12; Romanos
9,7). E, não obstante a velhice, o filho veio, para a felicidade de seus pais
já idosos. Eis que Abraão passou por nova provação, a maior! Deus lhe exige a
imolação de Isaac, seu filho único e muito amado (Gênesis 22,2). Como foi
dramática a sua obediência a Deus neste evento (Gênesis 22,3-19)! Um herói da
fé e da obediência (Romanos 4,20-22). Abraão ofereceu a Deus em seu coração o
filho predileto (Gênesis 22). A descendência de Isaac será considerada como
sendo a de Abraão.
Evangelho – Lucas 12,32-48. Mais um
terço do Evangelho de Lucas é consagrado aos ensinamentos do Cristo aos seus
discípulos (9,51—18,14: é a chamada “relação de Lucas sobre a subida de Jesus
para Jerusalém”). “Quando se completaram os dias em que Jesus seria levado para
o céu, tomou a firme decisão de partir para Jerusalém” (Lucas 9,51). Os setenta
e dois discípulos são enviados, dois a dois, à sua frente (9,52 e 10,1). A
exemplo do Mestre que “não tem lugar para deitar e descansar” (9,58), os
discípulos devem renunciar a tudo: à família (9,59-62; 11,27-28), ao dinheiro
(12,13-21) e até mesmo a toda espécie de preocupação relativa à roupa e à
comida (10,41; 12,22-31). Nisto consiste a autentica pobreza: viver o hoje de
Deus, anunciar o Reino de Deus que está próximo (10,9). Sem perder tempo.
Evitando palavras e preocupações inúteis. A missão é urgente e exige total
dedicação.
Os versículos
32-34, do Evangelho proclamado hoje, completam o ensinamento sobre o
procedimento do cristão diante dos bens deste mundo.
A comunidade
experimenta uma insegurança diante das falsas ilusões de riqueza e bem-estar. É
neste contexto que Lucas recorda a palavra de Jesus: “Não tenhais medo, pequeno
rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino” (32).
A palavra de
Jesus ajuda o grupo dos discípulos a se assumirem como herdeiros do Reino e a
adotarem um estilo novo de viver as relações econômicas e sociais, livre de
apegos e interesses puramente individuais. A preocupação primordial deve ser a
vinda do Reinado de Deus.
Jesus fala
também da necessidade de vender os bens e dar esmolas, ou seja, nos separarmos
daquilo de que dependemos é a melhor maneira de aprender a liberdade do Reino.
A atitude para com os bens terrenos não é uma questão insignificante, é ponto
de referência do que é realmente importante na vida. O tesouro diz respeito aos
interesses profundos que orientam nossas buscas e atividades. O tema da esmola
é muito caro a Lucas (cf. Lucas 6,30; 11,41; 16,9; 18,22; 19,8; 21,1-4; Atos
9,36; 10,2.4.31; 11,29; 24,17). Não se trata aqui da pobreza espiritual, mas
realmente da pobreza econômica: “Vendam todos os bens, e dêem o dinheiro aos
pobres” (versículo 33). Portanto, trata-se da partilha, não pensar somente em
acumular e esquecer das pessoas (cf. Lucas 12,13-21). Quando pensamos somente
em acumular, achamos que estamos sozinhos no mundo e não precisamos de Deus e
das pessoas.
O tema do
tesouro (hoje nós falaríamos de “capitalização”) é bem conhecido na literatura
sapiencial. Tobias 4,7-9 tem muitas afinidades com o discurso de Lucas: “Dá
esmola segundo tuas posses e não afastes o teu olhar de nenhum pobre, e assim
não se afastará de ti o olhar de Deus... Pois, assim agindo, acumularás um bom
tesouro para o dia da necessidade”. O mesmo livro de Tobias diz que a sincera
esmola vale mais que a oração e o jejum: “mais vale possuir pouco com justiça
do que muito com injustiça” (Tobias 12,8). A esmola (partilha) libra da morte,
purifica de todo pecado (12,9).
Lucas
acrescenta parábolas de Jesus sobre a vinda do Filho do Homem. Através das
parábolas (do servo e do patrão, dono da casa e ladrão, do administrador),
Jesus exorta á vigilância. Estar sempre pronto para a volta do Mestre é
fundamental para a prova da fé. É preciso estar preparado, pois o tempo da
volta será uma surpresa.
O versículo
37b se destaca agora com maior nitidez: Explicita a felicidade dos servidores
que serão servidos pelo próprio patrão, grato por tanta delicadeza. Esta frase
expõe o contrário do que acontece na vida diária. Imaginemos só o patrão
colocando, um avental para preparar a comida e servir a sua empregada doméstica
ou os seus empregados! “Quem é o maior: aquele que se assenta para comer, ou
aquele que serve? Não é aquele que está à mesa? Eu estou aqui como aquele que
serve” (Lucas 22,27). Mais uma vez temos uma alusão ao banquete da Nova Aliança
presidido por Cristo na Última Páscoa. Em João 13,1s esta palavra torna-se ação
pelo exemplo do lava-pés.
As comparações
que Jesus faz nas parábolas enfatizam a necessidade de estarmos preparados a
todo e qualquer momento: a volta de um senhor depois das núpcias, quando a
vinda é certa, mas o momento da chegada não; a vinda de um ladrão, quando nem
mesmo a vinda é certa. O “dia da volta do Senhor” não está marcada, nem para
hoje, nem para amanhã e nem para o ano 2012 como estão afirmando por, como
também não aconteceu no ano 2000!: “daquele dia e da hora, ninguém sabe, nem os
anjos dos céus, nem o Filho, mas só o Pai” (Mateus 24,26). Cuidado com os
falsos profetas do tipo borboleta azul, cuidado com os pregadores do fim do
mundo! Cuidado com uma certa mulher de Minas Gerais que está anunciado o fim do
mundo para 2012...
O traje do
trabalho (rins cingidos) lembra os preparativos para o êxodo hebreu (cf.
12,11). O povo devia estar preparado para sair, às pressas, logo que viesse a
convocação do Senhor. A noite, numa hora tardia e imprevista, voltou para casa.
Não é só o guarda-noturno que fica vigiando: todos os servidores estão
acordados, esperando a chegada do mestre. Estão com as roupas bem amarradas na
cintura para abrir o portão com maior rapidez. É também a maneira de vestir-se
dos judeus quando celebram a Páscoa (Êxodo 12,11) onde esperam a vinda do
Messias. Têm lâmpadas acesas para clarear o trajeto do patrão.
A intervenção
de Pedro (cf. versículo 41) faz com que o Senhor aplique aos que estão à frente
da comunidade (cf. versículos 42-48 – os líderes cristãos) os príncipes
enunciados. Os líderes da Igreja serão provados e julgados conforme a
fidelidade e a lealdade à missão que lhes foi confiada.
Embora sejam apropriadas
aos dirigentes, as parábolas têm uma aplicação ampla para todos os que
receberam dos espirituais e temporais.
3- DA PALAVRA CELEBRADA AO COTIDIANO DA VIDA
A Palavra de
Deus hoje faz lembrar a oração de Santa Tereza D’Ávila: “Não te perturbe, nada
te espante, tudo passa, só deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem tem a
Deus, nada lhe falta. Só Deus basta”. O caminho é conduzido pelo próprio Deus.
Mas quer de nós uma resposta pronta e cheia de confiança e fé.
Ele tem um
plano para nós: a edificação do seu Reino. Mas a nossa realidade muitas vezes é
contrastante com esse Reino. Devemos concentrar nossas energias no projeto de
Deus. Somos convidados mais uma vez a rever as nossas opções e a tendência de
acreditar em nossas forças.
Um coração
centrado nas riquezas e no orgulho está longe do projeto de Deus. Tudo isso nos
coloca no perigo ameaçador de não acolher o Mestre Jesus, sua palavra e, ainda,
no riso de não ter aquela liberdade radical do coração e de todas as energias –
condição para a plena aceitação do Reino de Deus. Por isso, Jesus pede aos que
querem acolher o Reino e segui-lo mais de perto que dêem em esmola os seus bens
e se tornem pobres, despojados.
A entrega é
uma resposta livre, realizada na fé, como fizeram os nossos pais e mães no
passado, como fez Jesus Cristo, o Filho de Deus.
A proposta de
Jesus Cristo é radical. Podemos fazer a mesma pergunta que Pedro fez ao Mestre:
“Senhor, tu contas esta parábola para nós ou para todos?” (v. 41). Certamente
que é para todos, mas hoje os pastores, dirigentes, líderes, responsáveis pelo
povo têm uma responsabilidade maior: “A quem muito foi dado, muito será pedido;
a quem muito foi confiado, muito mais será exigido” (v. 48).
Como já
dissemos, hoje é um tempo favorável para revermos a opção pelos pobres. Uma vez
feita, não significa que está tudo pronto e acabado. O convite à vigilância
pede que tenhamos rins cingidos e lâmpadas acesas no caminho de construção do
Reino, onde a opção preferencial pelos pobres e miseráveis seja concretizada.
4- A PALAVRA SE FAZ CELEBRAÇÃO
A fidelidade é
conseqüência da fé (em latim, têm a mesma raiz: Fidelis/fides). O seguimento de Cristo consiste em vigiar e
atentar a favor dos sinais do Reinado de Deus no mundo. Esta é a base teológica
para todo e qualquer ministério que se queira cristão.
O modo que
assumimos para servir não é um modelo de escravidão. Em Cristo, tomamos parte
da filiação divina e somos capazes de alcançar a herança prometida a nós
(Coleta), da mesma forma que foi prometida e realizada a Abraão. Essa herança
não é conseguida, entretanto, nem pela nossa atividade como missionários, nem a
podemos receber na passividade de quem se acomoda. Ela é alcançada no sentido
de experimentada no cumprimento do mandato do Senhor de administrar os bens que
não são nossos, mas fruto da generosidade divina.
A sacramentalidade de quem serve
Não somos
proprietários do mundo, das pessoas e da história, mas administradores,
ecônomos. Somos sinais daquele que, além de Senhor do mundo é também seu
cuidador (nas liturgias orientais Deus é denominado de Divino Filantropo).
A riqueza do
rito da apresentação das oferendas é grande, quando nós, que somos Igreja,
apresentamos a Deus os dons que são frutos de sua generosidade para conosco, de
modo que Ele (Deus) transforma tais dons em símbolos-sacramentais de sua
presença no mundo (cf. Oração sobre as oferendas).
Aliás, toda a
celebração concorre exatamente para esta apoteose (do gr. Apotheosis), isto é,
a nossa subida à condição de Deus, por participação em seu ofício de cuidar do
mundo criado, Ele que é o seu “arquiteto e construtor” (cf. II leitura).
E nós fazemos
liturgia exatamente por isso, de modo que aquilo que recebemos no sacramento se
torne verdade em nós (cf. Oração depois da comunhão). Nós nos tornamos divinos
à medida que nos tornamos idênticos a Cristo, que tão bem cuidou do mundo pois
a ele “muito foi dado” (cf. Evangelho).
5- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA
Na mesa da
Palavra recebemos de Jesus a promessa do Reino. A experiência de Jesus Cristo,
a dos seus seguidores e a nossa hoje provam que a construção do Reino de Deus
não se dá sem tensões e desafios.
Na celebração
eucarística, expressamos o desejo coletivo e pessoal pela vinda do Reino.
Pedimos numa só voz: “Venha a nós o vosso Reino”. E aclamamos suplicantes:
“Vinde , Senhor Jesus”. A encíclica Ecclesia de Eucharistia diz: “A aclamação
do povo depois da consagração termina com as palavras ‘Vinde, Senhor Jesus’,
justamente exprimindo a tensão escatológica que caracteriza a celebração
eucarística (cf. 1Coríntios 11,26). A Eucaristia é tensão para a meta, antegozo
da alegria plena prometida por Cristo (cf. João 15,11); de certa forma, é
antecipação do Paraíso, ‘penhor da futura glória’. A Eucaristia é celebrada na
ardente expectativa de Alguém, ou seja, ‘enquanto esperamos a vinda gloriosa de
Jesus Cristo nosso Salvador’. Quem se alimenta de Cristo nosso Salvador’. Quem
se alimenta de Cristo na Eucaristia não precisa esperar o Além para receber a
vida eterna: já a possui na terra, como primícias da plenitude futura, que
envolverá o homem na sua totalidade. De fato, na Eucaristia recebemos a
garantia também da ressurreição do corpo no fim do mundo: ‘Quem come a minha
carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu ressuscitá-lo-ei no último
dia’ (João 6,54) [...]” (nº 18).
“Conseqüência
significativa da tensão escatológica presente na Eucaristia é o estímulo que dá
à nossa caminhada na história, lançando uma semente de ativa esperança na
dedicação diária de cada um aos seus próprios deveres” [...].
Anunciar a
morte do Senhor ‘até que ele venha’ (1Coríntios 11,26) inclui, para os que
participam na Eucaristia, o compromisso de transformarem a vida, de tal forma
que esta se torne, de certo modo, toda ‘Eucarística’. São precisamente este fruto
de transfiguração da existência e o empenho de transformar o mundo segundo o
Evangelho que fazem brilhar a tensão escatológica da celebração eucarística e
de toda a vida cristã: “Vinde, Senhor Jesus!” (Apocalipse 2,20)” (nº 20).
Jesus confia a
nós a missão de fazer acontecer o Reino no mundo. O mundo não é propriedade
nossa, pois rezamos “vosso é o reino, o poder e a glória para sempre”.
A nossa ação é
um serviço ao Senhor do universo, que “nos adota como filhos e filhas, para
alcançarmos um dia a herança prometida por ele” (oração do dia).
Somos
responsáveis pela herança de Deus – o povo que ele escolheu –, colaborando com
ele na missão de libertar da morte a vida constantemente ameaçada (salmo de
resposta), como fez Jesus, seu Filho e nosso Senhor.
6. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. No mês
vocacional, é importante recordar a ministerialidade da Igreja, seus diversos
serviços e, sobretudo os ministérios litúrgicos: “Por ser a comunidade reunida
no Espírito Santo, sujeito da celebração, todos os seus membros têm o direito e
o dever de participar da ação litúrgica, externa e internamente, de maneira
ativa, consciente, plena e frutuosa” (Sacrosanctum Concilium, n. 14), para
assim levar a obra salvífica do seu Senhor a efeito em si, na Igreja e no
mundo. “Os ministros ordenados e leigos têm uma função especial de serviço na
assembléia litúrgica, e toda ela, como comunidade eclesial de discípulos, está
como missionária a serviço do mundo” (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora
da Igreja no Brasil 2008-2010, n. 68).
2. O mês de
agosto, conforme costume da Igreja no Brasil, é dedicado à oração, reflexão e
ação nas comunidades sobre o tema das vocações. Para isso, lembra-se:
1ª semana:
vocação para o ministério ordenado: diáconos, padres e bispos;
2ª semana:
vocação para a vida em família (atenção especial aos pais);
3ª semana:
vocação para a vida consagrada: religiosos(as) e consagrados(as)
Seculares;
4ª semana:
vocação para ministérios e serviços na comunidade.
3. Preparar
bem a celebração. A preparação feita por uma equipe que tenha formação
litúrgica adequada pode assegurar uma celebração mais autêntica do mistério
pascal do Senhor, assim como a ligação como os acontecimentos da vida,
inseridos neste mesmo mistério de Cristo (cf. Doc. da CNBB 43, n. 211). Garantir
que o povo de Deus exerça o direito e o dever de participar segundo a
diversidade de ministérios, funções e ofícios de cada pessoa (Doc. da CNBB 43,
n. 212; Sacrosanctum Concilium, n.14). Preparar a celebração e utilizar de uma
metodologia – um caminho.
4. O método da
leitura orante auxilia muito na preparação da celebração. Seria bom que os
membros da equipe e toda a assembléia criassem o hábito de praticar a leitura
orante diariamente.
5. Cada vez
mais, cai em desuso os chamados “comentários” antes das leituras. Preferem-se
as brevíssimas monições que exortam os fiéis para o acontecimento que se
seguirá. São mais afetivos e introdutórios, do que informativos de qualquer
conteúdo teológico ou catequético. São, inclusive, dispensáveis, sendo preferível
o silêncio ou um refrão meditativo que provoque na assembléia aquela atitude
vigilante para a escuta e conseqüentemente acolhida da Palavra de Deus.
Sugerimos, neste caso, antes de iniciar a Liturgia da Palavra, o refrão “Senhor
que a tua Palavra”.
6. A leitura
contínua do Evangelho, harmonizada com a primeira leitura, tirado do Primeiro
Testamento, dá a tônica da celebração e apresenta um itinerário de seguimento.
Aí temos a espiritualidade a ser vivida durante a semana e a vida toda.
7- MÚSICA RITUAL
O canto é
parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora para
animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na liturgia. Os cantos e músicas,
executados com atitude espiritual e,
condizentes com cada domingo do Tempo
Comum, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado. Portanto, não
basta só saber que os cantos são do 19º Domingo do Tempo Comum, é preciso executá-los com atitude
espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade
tenha o direito de cantar o mistério celebrado. Jamais os cantos devem
ser escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um movimento ou de uma
pastoral. Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja
corpo de Cristo e não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento. Como a
equipe de canto da sua paróquia executa os cantos durante o Tempo Comum? É com
atitude espiritual?
A função da
equipe de canto não é simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da
liturgia deste 19º Domingo do Tempo Comum, “cantar a liturgia”, e não “na
liturgia”. Os cantos devem estar em sintonia com o ano litúrgico, com a Palavra
proclamada e com o sacramento celebrado. Não devemos esquecer que a “equipe de
canto” faz parte da equipe de liturgia.
Ensina a
Instrução Geral do Missal Romano que o canto de abertura tem por objetivo, além
de unir a assembléia, inseri-la no mistério celebrado (IGMR nº 47). Nesse
sentido o Hinário Litúrgico III da CNBB nos oferece uma ótima opção, que estão
gravados nos CDs Liturgia VI e XI.
1. Canto de abertura. Que Deus
não esqueça para sempre o necessitado (Salmo 74/73,20.19.22.23). “Senhor, tua
aliança leva em conta e não largues o teu povo!”, CD: Liturgia VI, melodia da
faixa 24, exceto o refrão E ainda: “Olhai, Senhor, a vossa Aliança!”, Hinário
Litúrgico da CNBB, página 385,392.
A filosofia
deste mundo nos chama a não acumular bens. O cristão deve trazer a marca da
partilha e também estar sempre de prontidão para a chegada do Senhor a qualquer
momento. Somos cidadãos do Reino. Nesse sentido a Igreja também oferece outras
opções como canto de abertura: “Jesus Cristo, esperança do mundo”, CD: Cantos
de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 5; “Ó Pai, somos nós o povo eleito”,
CD: Cantos de Abertura e Comunhão, melodia da faixa 1.
2. Hino de louvor. “Glória a
Deus nas alturas.” Vejam o CD Tríduo Pascal I e II e também no CD
Festas Litúrgicas I; Partes fixas do Ordinário da Missa do Hinário Litúrgico
III da CNBB e também a versão da CNBB musicado por Irmã Miria Reginaldo Veloso
e outros compositores.
O Hino de
Louvor, na versão original e mais antiga, é um hino cristológico, isto é,
voltado para Cristo, que exprime o significado do amor do Pai agindo no Filho.
O louvor, o bendito, a glória e a adoração ao Pai (primeira parte do Hino de
Louvor) se desdobram no trabalho do Filho Único: tirar o pecado do mundo,
exprimindo e imprimindo na história humana a compaixão do Pai. Lembremo-nos: o
Hino de Louvor não se confunde com a “doxologia menor” (Glória ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo). O Hino de Louvor encontra-se no Missal Romano em prosa ou
nas publicações da CNBB versificado numa versão que facilita o canto da
assembléia.
3. Salmo responsorial 89/90. Somos
herança de Deus e a Ele nós pertencemos.
“Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança”, CD: Liturgia XI, melodia
igual à faixa 21.
O Salmo
responsorial é uma resposta que damos àquilo que ouvimos na primeira leitura.
Isto mostra que o salmo é compromisso de vida e ele também atualiza e leitura
para a comunidade celebrante. Primeira leitura, Palavra proposta e salmo
Palavra resposta. Por isso deve ser cantado da Mesa da Palavra (Ambão) por ser
Palavra de Deus. Valorizar bem o ministério do salmista.
4. Aclamação ao Evangelho. O
Filho do Homem virá (Mt 24,42a.43). “É preciso vigiar e ficar de prontidão”, melodia
da faixa 7, CD: Liturgia XI, melodia da faixa 7.
5. Refrão após a homilia. “Onde
estiver teu tesouro irmão. Lá estará inteiro o teu coração”, Ofício Divino das
Comunidades, página 467.
6. Apresentação dos dons. A escuta
da Palavra e colocá-la em prática, deve gerar na assembléia a partilha para que
ela possa ser sinal vivo do Senhor. Devemos ser oferenda com nossas oferendas. Levando
em consideração a semana da família podemos cantar: “A mesa santa que
preparamos”, CD: Liturgia VI, melodia da faixa 23; ou “Alegre em prece, teu
povo agradece”, CD Liturgia XI, melodia da faixa 22.
7. Canto de comunhão. Deus sacia
Jerusalém com o trigo fino (Salmo 147,12.14). (João 6,51) O pão que Jesus dá é
sua carne para a vida do mundo. “Sempre prontos estejam vocês, vigilantes,
vigias atentos” melodia da faixa nº 23, exceto o refrão, CD Liturgia XI. E
ainda: “Povo de Deus, louva o Senhor!”.
8- O ESPAÇO CELEBRATIVO
Preparar bem o
espaço celebrativo, de modo que seja acolhedor, aconchegante e sóbrio como nos
orienta o Evangelho de hoje.
Nas
celebrações que acontecem à noite, podem-se dispor, junto à Mesa da Palavra,
algumas lamparinas, como um pequeno arranjo de flores.
9. AÇÃO RITUAL
O amor de Deus e a constância de
Cristo se fazem verdade na vida dos fiéis à medida que realizam no mundo aquele
trabalho divino de administrá-lo, de modo que cada criatura deixe brilhar em si
mesma o fulgor de seu criador. Identificados com Cristo, tornamo-nos, de fato,
sacramento de seu Corpo, Igreja que serve e trabalha em favor da vida do mundo.
Ritos Iniciais
1. A
assembléia dominical dos cristãos é a reunião dos que foram ressuscitados por
Cristo. É lugar onde a vida nova se exprime e nos encanta para que continuemos
tal culto em espírito e verdade na vida cotidiana.
2. Neste
Domingo é muito oportuno a saudação da letra “d”, Romanos 15,13:
O Deus da esperança, que nos cumula de toda
a alegria e paz em nossa fé, pela ação do Espírito Santo, esteja convosco.
3. O Missal Romano
deixa claro que o sentido litúrgico da celebração pode ser feito pelo
presidente, pelo diácono ou outro ministro devidamente preparado (Missal Romano
página 390).
4. Após o
sinal da cruz e a saudação presidencial, o presidente, um diácono ou outro
ministro conduz a assembléia ao sentido litúrgico. Recordar também nossos pais:
sua vida e missão, conquistas e desafios. Pode ser feito segundo as seguintes
palavras:
Domingo do verdadeiro tesouro e da espera
vigilante. Irmãos e irmãs, atentos à Palavra do Senhor, somos convidados a nos
colocar em vigilância, a fim de que nossa vida esteja sempre em estado de
espera, para a concretização do Reino que se anuncia. Participemos do banquete
que o Senhor nos prepara, como sinal da comunhão plena que um dia gozaremos, na
alegria de filhos e filhas.
5. Cada
Domingo do Tempo Comum é Páscoa semanal. Cantar de maneira festiva o Hino de
louvor (glória).
6. Na Oração
do Dia supliquemos a Deus que nos de um coração de filhos. “Deus, a quem
ousamos chamar de Pai”: invocação filiar da fidelidade de Deus à sua promessa.
Liturgia da Palavra
1. Como refrão
para abrir a Liturgia da Palavra de maneira orante, sugerimos o canto “Luz do
Universo” que fala em ver confirmada, na assembléia, a graça. Continuamos com a
lógica batismal apresentada anteriormente, que se vê desenvolvida plenamente na
súplica da oração depois da comunhão: “o sacramento que acabamos de receber nos
traga a salvação e nos confirme da vossa verdade”.
2. Em todo o
rito, a Palavra se conjuga com o silêncio.
Momentos de silêncio após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecem a
atitude de acolhida da Palavra. O silêncio é o momento em que o Espírito Santo
torna fecunda a Palavra no coração da comunidade. Nem tudo cabe em palavras.
3. Antes da
Profissão de Fé, trazer uma vela grande. O presidente da celebração ou um pai acende-a,
dizendo: Bendito sejas, Senhor, vigia do
teu povo! Acende em nós teu clarão para acolhermos com alegria a salvação. Vigiemos e acolhemos o santo Evangelho na
nossa vida. (A partir desta luz, vão-se acendendo as velas da assembléia).
Seria muito interessante as esposas, entregarem as velas aos pais. Na ausente
de esposas os filhos ou alguém da família pode entregar a vela.
Liturgia Eucarística
1. Valorizar
nesse dia a procissão das oferendas levadas pelos próprios fiéis, pois “embora
os fiéis já não tragam de casa, como outrora, o pão e o vinho destinados à
liturgia, o rito de levá-los ao altar conserva a mesma força e significado
espiritual” (IGMR, nº 73).
2. Neste
domingo por ser Dia dos Pais, uma família pode levar o pão e o vinho até o
Altar.
3. Na Oração
sobre o pão e o vinho suplicamos a Deus que acolha com misericórdia os dons da
Igreja e que sejam transformados por Ele em sacramento de salvação.
4. Proclamar o
Prefácio dos Domingos do Tempo Comum VI página 433 do Missal Romano. Reflete
nossa condição de peregrinos neste mundo e Cristo como penhor da Páscoa eterna.
Seguindo esta lógica, cujo embolismo reza: “Em vós vivemos, nos movemos e
somos. E, ainda peregrinos neste mundo, não só recebemos, todos os dias, as
provas do vosso amor de Pai, mas também possuímos, já agora, a garantia da vida
futura”. O grifo no texto identifica aqueles elementos em maior consonância
com o Mistério celebrado neste Domingo e que pode ser aproveitado na
celebração, ao modo de mistagogia. Recorde-se que para prefácios móveis,
usam-se apenas as Orações Eucarísticas I, II e III. As demais não podem ter os
prefácios substituídos sem grave prejuízo para a unidade teológica e literária
da eucologia.
5. Valorize a
Oração do Pai-Nosso, como oração dos filhos e filhas que esperam a concretização
do Reino neste mundo.
6. Valorizar o
rito da fração do pão, “gesto realizado por Cristo na última ceia, que no tempo
apostólico deu o nome a toda a ação eucarística, significa que muitos fiéis
pela Comunhão no único pão da vida, que é o Cristo, morto e ressuscitado pela
salvação do mundo, formam um só corpo (1Coríntios 10,17” (IGMR, nº 83).
Ritos Finais
1. Na Oração
depois da comunhão suplicamos que a Deus que a Eucaristia que acabamos de
receber nos traga a salvação e nos confirme na verdade.
2. É
importante valorizar os formulários propostos no Missal Romano, para os
diversos momentos da celebração, escolhendo-os de acordo com o Mistério
celebrado de cada Domingo. Assim, recomendamos a bênção final IV do Tempo Comum
que reflete a riqueza da fé, da esperança e da caridade que nos conduz à vida
eterna.
3. As palavras
do rito de envio podem estar em consonância com o mistério celebrado: Não
tenhais medo, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino. Vigiai sempre. Ide
em paz e que o Senhor vos acompanhe.
10- CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atitudes do
cristão, indicadas por Jesus no Evangelho deste Domingo, são realmente o
alicerce da vida cristã: ter um tesouro que influencia a vida toda: o Reino;
viver continuamente alerta, em alegre esperança e preparado para a vinda do
Senhor; agir concretamente na construção do “novo céu e da nova terra onde mora
justiça e fraternidade”.
“Deus, vinde
em nosso auxílio.
Senhor,
socorrei-nos e salvai-nos”.
O objetivo da
Igreja e da nossa equipe diocesana de liturgia é ajudar os padres e as
comunidades de nossa diocese e todas aquelas outras comunidades fora de nossa
diocese que acessar nosso site celebrar melhor o mistério pascal de Cristo.
Um abraço
fraterno a todos
Pe. Benedito
Mazeti
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